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2013 Marketing InternacIonal Prof.ª Juliana Regiani Olbrzymek Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Juliana Regiani Olbrzymek Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.848 O43m Olbrzymek, Juliana Regiani Marketing internacional / Juliana Regiani Olbrzymek. Indaial : Uniasselvi, 2013. 231 p. : il ISBN 978-85-7830- 683-0 1. Marketing internacional I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III apresentação Com o processo crescente de globalização, tona-se imprescindível estudar os impactos que ela pode trazer nas empresas internacionais e na vida dos consumidores em geral. O mundo, hoje, é plano, ou seja, as fronteiras geopolíticas existem, mas as pessoas e as empresas estão conectadas umas às outras em tempo real. Esse novo formato de mundo envolve questões muito amplas acerca da comercialização de produtos, serviços e ideias ao redor do globo. O primeiro grande impacto nas transações internacionais é a diversidade cultural. O profissional de Comércio Exterior e Marketing Internacional deve estar focado neste aspecto, entendendo como lidar e aprendendo a respeitar os diferentes aspectos sociais, culturais e comportamentais de cada mercado. Caro(a) acadêmico(a)! A disciplina de Marketing Internacional é fundamental para quem tem interesse em aprimorar os conhecimentos sobre a internacionalização das empresas, estudar novos mercados, caracterizando- os e ter capacidade de criar estratégias bem elaboradas para penetração em mercados exteriores, bem como para a tomada de decisões sobre o marketing mix internacional, envolvendo: preço, produto, praça, distribuição e promoção ou comunicação. Para melhor entendimento da disciplina, este Caderno de Estudos é dividido em três partes, conforme vêm descritas a seguir. Na Unidade 1 estudaremos os impactos da globalização no mundo e no comércio internacional. O papel do Marketing Internacional atual, o complexo ambiente do marketing internacional. Ou seja, tudo o que envolve as operações internacionais, como: economia, política, aspectos legais, concorrência, dentre outros. Estudaremos também como é realizada a pesquisa em mercados internacionais, os modos de entrada das empresas e produtos no exterior, além das tendências no consumo mundial. Já na Unidade 2 analisaremos o composto de marketing, envolvendo os 4 Ps do marketing mix, ou seja, decisões sobre produto, preço, distribuição e comunicação para mercados internacionais. A Unidade 3 deste Caderno de Estudos apresenta os principais procedimentos para a realização de um plano de marketing internacional. Nesta unidade é apontada a importância de se realizar o planejamento nas atividades internacionais, bem como estratégias de grandes empresas no que se refere à segmentação de mercado, escolha do melhor método de penetração e estudo de viabilidade de produtos e serviços nos diversos mercados. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! Bem-vindo(a) a esse mundo diferente do comércio exterior, lembrando que quem faz a sua aprendizagem é você mesmo, com o auxílio deste material, das leituras complementares e das bibliografias indicadas no decorrer das unidades. Bons estudos! Profa. Juliana Regiani Olbrzymek NOTA V Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 – O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL ....................... 1 TÓPICO 1 – DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL ................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 A GLOBALIZAÇÃO E A ALDEIA GLOBAL .................................................................................. 3 3 DESENVOLVIMENTO DE CENÁRIOS INTERNACIONAIS ................................................... 8 3.1 PAÍSES DE BAIXA RENDA ........................................................................................................... 9 3.2 PAÍSES DE RENDA MÉDIO-BAIXA ............................................................................................ 9 3.3 PAÍSES DE RENDA MÉDIA ALTA ............................................................................................... 10 3.4 PAÍSES DE ALTA RENDA ............................................................................................................. 10 3.5 PAÍSES INVIÁVEIS ......................................................................................................................... 10 4 O MARKETING INTERNACIONAL ................................................................................................ 11 4.1 TAREFAS DO MARKETING INTERNACIONAL ...................................................................... 11 5 AS ORIENTAÇÕES DAS ADMINISTRAÇÕES ............................................................................ 12 6 ESTÁGIOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS ................................................ 13 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 14 RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 16 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 – PESQUISA DE MERCADO ............................................................................................ 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 AMPLITUDE E ESCOPO DA PESQUISA DE MARKETING INTERNACIONAL ................. 19 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................22 3 O PROCESSO DE PESQUISA ........................................................................................................... 25 4 PESQUISA PRIMÁRIA ...................................................................................................................... 25 5 PESQUISA SECUNDÁRIA................................................................................................................. 26 6 PESQUISA MULTICULTURAL ......................................................................................................... 28 7 PESQUISA NA INTERNET ................................................................................................................ 28 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 29 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33 TÓPICO 3 – AMBIENTES DO MARKETING INTERNACIONAL ............................................... 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 AMBIENTES DO MARKETING INTERNACIONAL ................................................................... 35 2.1 ASPECTOS DO AMBIENTE ECONÔMICO ............................................................................... 36 2.2 ASPECTOS DO AMBIENTE SOCIAL E CULTURAL ................................................................ 38 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 42 2.3 ASPECTOS DO AMBIENTE POLÍTICO E LEGAL .................................................................... 44 2.4 AMBIENTE TECNOLÓGICO ........................................................................................................ 46 2.5 CONCORRÊNCIA .......................................................................................................................... 46 2.6 MOEDA ............................................................................................................................................. 47 3 ESTRATÉGIAS DE SEGMENTAÇÃO DE MERCADO: DETERMINAÇÃO DE ALVOS ..... 47 4 CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DE ALVOS .................................................................. 48 sumárIo VIII 4.1 A POPULAÇÃO MUNDIAL.......................................................................................................... 49 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 53 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55 TÓPICO 4 – VENDAS INTERNACIONAIS DIRETAS E INDIRETAS........................................ 57 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57 2 DECISÃO SOBRE O INGRESSO NO MERCADO INTERNACIONAL .................................. 57 3 O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO ............................................................................ 59 4 MODOS DE ENTRADA NO MERCADO INTERNACIONAL .................................................. 60 4.1 EXPORTAÇÃO INDIRETA ............................................................................................................ 61 4.2 EXPORTAÇÃO DIRETA ................................................................................................................. 62 4.3 CONSÓRCIOS DE EXPORTAÇÃO............................................................................................... 62 4.4 JOINT-VENTURES ........................................................................................................................... 64 4.5 FRANQUIAS OU FRANCHISING ................................................................................................ 66 4.6 INVESTIMENTO DIRETO ............................................................................................................. 67 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70 RESUMO DO TÓPICO 4 ...................................................................................................................... 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75 UNIDADE 2 – ESTRATÉGIAS DE MARKETING MIX: OS 4 Ps .................................................. 77 TÓPICO 1 – PRODUTO ......................................................................................................................... 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 A QUALIDADE ..................................................................................................................................... 79 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 81 3 O PRODUTO ......................................................................................................................................... 82 3.1 ESTRATÉGIAS DE PRODUTOS PARA MERCADOS INTERNACIONAIS ........................... 85 3.1.1 Padronização x adaptação .................................................................................................... 85 3.2 OS PRODUTOS E A CULTURA .................................................................................................... 86 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 90 3.3 ESTRATÉGIAS DE PRODUTO E COMUNICAÇÃO NOS MERCADOS INTERNACIONAIS ......................................................................................................................... 91 3.3.1 Estratégia de extensão (extensão de comunicação e extensão de produto) ................... 91 3.3.2 Estratégia de extensão do produto e adaptação da comunicação ................................... 92 3.3.3 Estratégia de adaptação do produto .................................................................................... 92 3.3.4 Estratégia de dupla adaptação .............................................................................................. 92 3.3.5 Estratégia de invenção do produto ...................................................................................... 93 3.4 AS INOVAÇÕES .............................................................................................................................. 93 3.5 COMPONENTES DE PRODUTO PARA ADAPTAÇÃO .......................................................... 95 3.5.1 Embalagens .............................................................................................................................. 96 3.5.2 Rotulagem ................................................................................................................................ 97 3.5.3 Marcas ...................................................................................................................................... 97 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................100 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................102 TÓPICO 2 – PREÇO ............................................................................................................................1031 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 OBJETIVOS DA FORMAÇÃO DE PREÇOS ................................................................................103 3 FATORES QUE INFLUENCIAM A FIXAÇÃO DE PREÇOS INTERNACIONAIS ...............108 3.1 NATUREZA DO PRODUTO OU DA INDÚSTRIA..................................................................108 3.2 LOCALIZAÇÃO DOS MEIOS DE PRODUÇÃO ......................................................................108 3.3 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ..................................................................................................108 IX 3.4 CUSTOS DE EXPORTAÇÃO .......................................................................................................108 3.5 IMPOSTOS, TARIFAS E CUSTOS ADMINISTRATIVOS ........................................................109 3.6 INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO ..........................................................................................................110 3.7 O MERCADO EXTERIOR ............................................................................................................110 3.8 FLUTUAÇÕES NA TAXA DE CÂMBIO ....................................................................................111 3.9 VALORES VARIÁVEIS DE MOEDAS ........................................................................................111 3.10 CONDIÇÕES DE PAGAMENTOS ...........................................................................................112 4 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA ....................................................................................................113 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................115 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................117 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................118 TÓPICO 3 – DISTRIBUIÇÃO ...........................................................................................................119 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119 2 ESTRUTURAS DE CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ......................................................................119 3 ACESSO AO MERCADO EXTERIOR ............................................................................................121 3.1 ACESSO DIRETO ...........................................................................................................................121 3.2 ACESSO INDIRETO ......................................................................................................................122 3.3 ACESSO COOPERATIVO.............................................................................................................122 4 GESTÃO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO .............................................................................123 5 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO ......................................................................................................126 6 TENDÊNCIAS PARA PROCESSOS DE DISTRIBUIÇÃO MUNDIAIS .................................128 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................130 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................133 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................134 TÓPICO 4 – PROMOÇÃO – COMUNICAÇÃO .............................................................................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135 2 COMO ACONTECE A COMUNICAÇÃO? ...................................................................................135 3 A CIM – COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING ...................................................137 4 DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS DE COMUNICAÇÃO .................................................138 5 PLANEJAMENTO DE UMA CAMPANHA DE COMUNICAÇÃO OU PROMOÇÃO .......139 6 A COMUNICAÇÃO EM MERCADOS INTERNACIONAIS ....................................................140 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................142 7 OUTRAS FORMAS DE PROMOÇÃO INTERNACIONAL ....................................................145 7.1 FEIRAS INTERNACIONAIS ........................................................................................................145 7.2 MISSÕES INTERNACIONAIS E RODADAS DE NEGÓCIOS ...............................................147 7.3 A INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO ....................................................148 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................149 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................154 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................155 UNIDADE 3 – ESTRATÉGIA EM MARKETING INTERNACIONAL ........................................157 TÓPICO 1 – ESTRATÉGIAS PARA EMPRESAS INTERNACIONAIS ....................................159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 2 A ESTRATÉGIA EMPRESARIAL ....................................................................................................159 2.1 FONTES E OBSTÁCULOS À CONCORRÊNCIA GLOBAL ...................................................162 2.2 FONTES DA VANTAGEM COMPETITIVA GLOBAL.............................................................163 2.3 VANTAGEM COMPETITIVA SUSTENTÁVEL ........................................................................166 3 ANÁLISE SWOT .................................................................................................................................168 4 O PLANEJAMENTO ..........................................................................................................................170 X 5 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................................................172 5.1 A DECLARAÇÃO DA MISSÃO ..................................................................................................172 5.2 A DECLARAÇÃO DA VISÃO .....................................................................................................173 5.3 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E AS PESSOAS ...........................................................173 6 O PLANEJAMENTO NO MARKETING INTERNACIONAL ...................................................174 6.1 ORGANIZAÇÕES CENTRALIZADAS X DESCENTRALIZADAS ......................................175 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................176 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................180 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181 TÓPICO 2 – O PROCESSO DE PLANEJAMENTO ......................................................................183 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................183 2 O PROCESSO DEPLANEJAMENTO E SUAS FASES ...............................................................183 2.1 FASE 1 – DIAGNÓSTICO SITUACIONAL ...............................................................................184 2.2 FASE 2 – DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS ........................................................................189 2.3 FASE 3 – INVESTIGAÇÃO DE MERCADOS EXTERIORES...................................................190 2.4 FASE 4 - AVALIAÇÃO DE OPORTUNIDADES .......................................................................191 2.4.1 O risco global .........................................................................................................................192 2.5 FASE 5 – O PLANO ESTRATÉGICO INTERNACIONAL .......................................................194 2.6 FASE 6 – ESTRATÉGIAS DE ENTRADA ...................................................................................196 2.7 FASE 7 – ADAPTAÇÃO DO MIX AO MERCADO-ALVO ......................................................196 2.8 FASE 8 – IMPLEMENTAÇÃO, AVALIAÇÃO E CONTROLE ................................................200 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................201 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................202 TÓPICO 3 – ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE EM UM SETOR .........................................203 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................203 2 ENTENDENDO A CONCORRÊNCIA DO SETOR ....................................................................203 3 O MODELO DIAMANTE DE PORTER.........................................................................................204 3.1 CONDIÇÃO DOS FATORES ........................................................................................................204 3.2 CONDIÇÕES DA DEMANDA ....................................................................................................206 3.3 INDÚSTRIAS CORRELACIONADAS E DE APOIO ...............................................................206 3.4 ESTRATÉGIA, ESTRUTURA E RIVALIDADE DAS EMPRESAS ..........................................207 3.5 O ACASO ........................................................................................................................................207 3.6 O GOVERNO ..................................................................................................................................208 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................209 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................211 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................212 TÓPICO 4 – GESTÃO INTERCULTURAL .....................................................................................213 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................213 2 A GESTÃO INTERCULTURAL .......................................................................................................213 3 A INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA NOS PROCESSOS DE GESTÃO...........................214 4 PERFIL DO LÍDER MULTICULTURAL ........................................................................................217 5 O TRADER ...........................................................................................................................................218 6 NOVAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS INTERNACIONAIS ...................................219 7 A NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL ..........................................................................................221 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................223 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................225 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................226 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................227 1 A partir desta unidade você será capaz de: • entender o desenvolvimento de cenários internacionais; • perceber o que é Marketing Internacional e os aspectos que envolvem o seu estudo; • contextualizar as diferentes estratégias de segmentação e definir os nichos de mercado; • entender a importância da pesquisa de mercado internacional, bem como onde e quando ela deve ser aplicada; • conhecer as diferentes formas de internacionalização das empresas, considerando as vendas diretas e indiretas, a partir das várias modalidades de entrada no mercado internacional. UNIDADE 1 O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos conteúdos explorados. TÓPICO 1 – DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL TÓPICO 2 – PESQUISA DE MERCADO TÓPICO 3 – AMBIENTES DO MARKETING INTERNACIONAL TÓPICO 4 – VENDAS INTERNACIONAIS DIRETAS E INDIRETAS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 1 INTRODUÇÃO Quando falamos de Marketing Internacional, podemos resumir sua atividade em controlar o desempenho de atividades empresariais designadas para planejar, definir preços, promover e dirigir o fluxo de produtos e serviços de uma companhia para clientes ou usuários em mais de um país, visando ao lucro. (CATEORA, 2009). Na verdade, as ferramentas e os conceitos do Marketing Internacional são basicamente os mesmos do marketing doméstico, mas a forma como são aplicados é que os diferencia. Os ambientes internacionais são mais complexos e instáveis que os domésticos, apresentando uma série de aspectos incontroláveis, tais como: a competição, os governos, os sistemas legais de diversos países, que precisam ser levados em conta, quando existe a atuação de um gestor ou de uma empresa nesses ambientes. Quando uma empresa decide entrar no mercado internacional, ela deve observar e ponderar muitos aspectos. A transformação interna, por exemplo, é uma das mudanças que os gestores devem ter em mente, pois a comercialização no exterior, não representa apenas o aproveitamento de uma oportunidade pontual. Ela deverá fundamentalmente fazer parte de uma estratégia global, pois é efêmera, sobretudo no que diz respeito ao seu crescimento de forma sustentável. (PALACIOS, 2004). 2 A GLOBALIZAÇÃO E A ALDEIA GLOBAL Antes de começarmos nossos estudos sobre o marketing internacional e a globalização, é muito importante termos em mente algumas definições: UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 4 NOTA Mercado; é um grupo de compradores potenciais que necessitam e desejam um particular produto e que está habilitado a comprar. O mercado pode ser local (uma cidade, um bairro), regional (uma região), internacional (um ou mais países) ou global (todos, ou quase todos os países do globo). (COBRA, 1995). Nicho de mercado; é um pequeno e definido grupo de consumidores que possuem certas características que fazem dele um mercado alvo para um determinado produto ou serviço (COBRA, 1995). “Marketing doméstico ou marketing, simplesmente; diz respeito à realização das atividades de marketing de um país”. (PIPKIN, 2002, p. 19). Marketing internacional ou global: trata-se da aplicação dos conceitos fundamentais, ferramentas e práticasde marketing em uma base mundial e focalizando os recursos e objetivos organizacionais para viabilizar as oportunidades de mercado domésticas e internacionais. (KEEGAN, 1995). Você deve ter percebido que de uns anos para cá, muitas coisas mudaram no nosso cotidiano e no mundo. Essas mudanças ocorreram tanto no estilo de vida das pessoas, nas famílias, na sociedade, na economia e nos governos, quanto ao uso da tecnologia e na rapidez com que a informação é difundida pelo mundo. Essas mudanças ocorreram por conta de um fenômeno chamado globalização. A globalização, caro(a) acadêmico(a), é um fenômeno que afeta direta ou indiretamente a todos os países do globo. Podemos classificar a globalização, de maneira simples, como um processo de integração mundial. De maneira simples, podemos conceituar globalização como: a diminuição das barreiras geográficas e econômicas, onde cada empresa pode ou poderá desenvolver qualquer negócio em qualquer país, usufruindo de mercados fornecedores produtores, comercializadores e respectivos consumidores e clientes, respeitando as características que formam a base cultural de cada nação, como a cultura, a língua, os costumes e as tradições. (KUAZAQUI, 2007, p. 130). Para entendermos melhor como o processo de globalização aconteceu no mundo, é necessário resgatarmos um pouco da história. O resgate da história de como surgiram ou acontecem as coisas, caro(a) acadêmico(a), é algo muito importante a ser levado em conta pelo executivo ou gestor de Marketing Internacional. Para vários aspectos da disciplina, você verificará o quão importante se faz esse resgate, pois, às vezes, é a única forma que temos de entender os fenômenos presentes. TÓPICO 1 | DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 5 O autor Marcos Cobra (1995, p. 22) acredita que “o processo de globalização de mercados gera uma ‘mundialização’ da cultura e as linguagens são adaptadas para interligar os países”. Pode-se afirmar que tudo iniciou com as navegações, que promoveram o início da unificação planetária, estreitando o mundo na busca de produtos para o mercado europeu, sobretudo, as especiarias da Índia e da China e depois agregando uma série de outros produtos. Após a conquista de Ceuta, os portugueses realizaram uma série de ousados movimentos de conexões que se estenderam pela costa africana, estimulados por D. Henrique, o Navegador. Em 1488, Portugal cruzou o Cabo das Tormentas e abriu-se a imensidão do Índico, com suas riquezas materiais e espirituais. FONTE: Disponível em: <tcc.bu.ufsc.br/Adm295416>. Acesso em: 18 out. 2012. Em 1519, navegando sob a bandeira espanhola, o português Fernão de Magalhães, iniciou a primeira viagem de circunavegação. Em 1543, os portugueses chegaram ao Japão. Com armas de fogo que levaram, eles definiram em 1590, a unificação política do país pelas mãos de Nobugano Oda. Foi uma estratégia do mercantilismo português e implicou a mudança da capital de Kioto, para Osaka, cidade com maior tino comercial. Desde então, interesses econômicos, poderes políticos, conquistas técnico- científicas, vitórias e derrotas, avanços e recuos vêm construindo a via de expansão humana que, modernamente, começou nos mares da Terra e deve avançar pelo oceano cósmico. Em 1941, com o anúncio da eventual participação dos Estados Unidos na Segunda Grande Guerra e em 1945, após a guerra mundial o efeito baby boomer (elevado número de crianças nascidas) provocou na América uma explosão de consumo e causou um redirecionamento de produtos e da própria concepção e aplicação do marketing. A década final do século vinte provocou mudanças dramáticas, criando oportunidades sem precedentes e incentivando o mercado global. A globalização de fato, ocorre no mundo desde a década de 1960. No Brasil, ela foi mais acentuada e sentida, a partir de 1990, com a abertura econômica brasileira. A globalização provocou muitos efeitos positivos, mas também, contribuiu para alguns fatores negativos, que veremos mais adiante. O termo ‘globalização’ tornou-se palavra mágica com poder de autoexplicar os mais variados temas da atualidade, as moratórias, as perdas de emprego, para não falar de outros assuntos pontuais. Essa palavra tem adquirido conotação negativa como se fosse responsável pela ‘desnacionalização’ das empresas brasileiras, o que confunde ainda mais o seu significado. (LUDOVICO, 2009, p. 4). UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 6 NOTA O que foi a abertura econômica brasileira? A abertura econômica brasileira foi um fenômeno que se deu a partir da industrialização do país. Aconteceu, a partir do momento em que houve a diminuição gradual da importação de manufaturados e a sua substituição por produtos nacionais. O esquema a seguir, na visão de Ludovico (2009, p. 6), demonstra claramente quais foram os passos pelos quais o país passou para tornar-se industrializado: • De 1930 a 1970, no ambiente de proteção ao mercado interno, dá-se a implantação da indústria brasileira. • Nos anos 1970, se dá a ampliação do parque industrial, fortalecida pelas exportações, época chamada de “o milagre brasileiro” ou “os anos dourados”. • No início dos anos 1980, o modelo de substituição das importações sofre o primeiro abalo em razão da crise do petróleo. Como única alternativa de curto prazo, o governo inicia um programa de incentivos às exportações de produtos semielaborados e manufaturados. • Na década de 1990, a partir do governo Collor, inicia-se o processo de redução das alíquotas de importação. Considerando os acontecimentos mencionados por Ludovico (2009), podemos concluir que a nova ordem mundial foi criada a partir dos seguintes aspectos: • A queda das barreiras alfandegárias. • A formação de blocos econômicos. • Aumento da velocidade da informação. • Os avanços tecnológicos. • O aumento de fluxo do dinheiro estrangeiro. • Meios de transportes mais rápidos e eficazes. “Outro fator que é largamente influenciado por um processo de globalização cultural irreversível é o comportamento do consumidor. Há uma ‘planetarização’ dos costumes, da música, das artes, da mídia como o cinema e a televisão, além da mídia impressa”. (COBRA, 1995, p. 22). Sem sair de sua casa, hoje você pode realizar várias operações pela internet, seja operando o Internet Banking para transações financeiras, comprando ou até mesmo vendendo algum produto pela rede, obtendo informações em portais eletrônicos globais, atualizando-se das notícias mundiais em portais como Globo News, CNN e BBC News e lendo o jornal New York Times da sua casa. É a esse novo comportamento do consumidor, que as empresas estão tendo que se adequar para fazer valer “a máxima” “pensar global, mesmo atuando localmente”. TÓPICO 1 | DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 7 O mundo está rodeado de novas possibilidades, além da facilidade de opções, pela total diversidade de marcas e produtos e da acessibilidade a diversos mercados. Os produtos não têm mais nacionalidade definida. Um eletrodoméstico, por exemplo, pode ter marca norte-americana e conter peças fabricadas na China, ter sido projetado no Japão, montado no Brasil e ser vendido no mundo inteiro. Um dos pontos importantes da globalização são os novos instrumentos de comunicação e transmissão de dados e informação, que se tornaram menos onerosos do que os modelos convencionais de comunicação entre empresas, ligando-as simultaneamente por todo o globo. Hoje, as pessoas podem trabalhar de suas casas, ligadas com o resto do mundo pela rede. Além disso, ainda a rede de transportes está mais desenvolvida, fazendo com que a logística das operações se torne mais fácil e rápida. Uma evidência disto pode ser constatada ao observar os diversos países que vêm abandonando, progressivamente, as barreiras tarifárias que protegem a sua produção da concorrência estrangeira e permitindo o fluxo internacional de bens, serviços, pessoas e capitais. Quanto mais isso acontece, maior é a integração, interdependênciaefetiva se chegar a um limite. Isso gerará efeitos do tipo dominó, positivos e negativos. Muitas empresas globais encontram-se ligadas ou organizadas em redes confiáveis. Trata-se de poderosas redes de tecnologias, processos, capacidades, competências técnicas e marcas comerciais, que asseguram que o mesmo produto ou serviço seja fornecido nas mesmas condições em qualquer ponto do globo. Pode-se citar como exemplo, a rede de lanchonetes McDonalds. Seus produtos e serviços tornam-se relativamente previsíveis, calculáveis e passíveis de padronização. Uma das principais consequências do advento da globalização é a maior aproximação entre diferentes povos ou sociedades humanas, entre diferentes culturas e sistemas de valores. O aumento da mobilidade é outro fator que permite que as pessoas altamente qualificadas viagem ao redor do mundo com objetivos pessoais ou profissionais, envolvendo-se em trabalhos e projetos diversos. As sociedades se unem ou utilizam mão de obra e conhecimento de outros povos para suas necessidades. Como exemplo, temos os indianos que trabalham em desenvolvimento de software para os Estados Unidos. Os dados de Palacios (2004, p. 25) comprovam que “um técnico programador na Índia cobra US$ 0,25, em média, por hora de trabalho, enquanto na Califórnia, esse valor é de US$ 17,25.” UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 8 Em se tratando das organizações, aquelas que estão em processo de globalização, precisam saber como responder às necessidades das comunidades nas quais operam. O sucesso virá da habilidade de cumprir os padrões mundiais e de se associar às redes mundiais. Algumas empresas continuarão ocupando nichos locais, servindo necessidades locais. Mas, cada vez mais, novas empresas em setores emergentes “nascem globais”, competindo em um cenário mundial, mesmo quando se trata de um negócio local. Caro(a) acadêmico(a)! Não são apenas as empresas grandes que sentem o impacto da globalização. As pequenas, de certa forma, também o sentem através das exigências de seus clientes. Mesmo em se tratando de um negócio menor, com menor circulação de mercadorias e também de capital, os clientes querem qualidade equivalente à qualidade dos produtos mundiais. Procuram por serviços adicionais, como pós-venda, instalação e entrega rápida e gratuita. Além de exigirem parcerias mais próximas, contando com um número sempre menor de fornecedores. Kanter (1996, p. 24) admite que “se torna essencial ajudar essas empresas a se prepararem para o mundo, inovar, educar e colaborar, para que elas possam se juntar à classe mundial através de suas exportações diretas ou participação em redes internacionais”. Quanto mais avança o processo de globalização, maiores são suas repercussões e muitas serão suas consequências. Isso é, sem dúvida, desencadeado, entre outras coisas, por importantes transformações nos sistemas de produção, emprego e distribuição de renda existentes na atualidade, em que se torna cada vez mais constante a reorganização em escala mundial das estruturas produtivas e de comercialização. Essa reorganização, aliada ao aumento significativo dos fluxos financeiros e de capitais, produz uma surpreendente revolução e interdependência entre empresas, pessoas, bancos, governos, instituições e organismos internacionais, atingindo desde lugarejos em localidades remotas, até os grandes centros econômicos, financeiros e políticos. 3 DESENVOLVIMENTO DE CENÁRIOS INTERNACIONAIS Para tomar a decisão de quais mercados explorar, é necessário, caro(a) acadêmico(a), que tenhamos conhecimento das características e do potencial de cada um, pois os países possuem diferentes estágios de desenvolvimento. TÓPICO 1 | DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 9 Um bom índice para medir o potencial do mercado é a medida de seu PNB per capita. Os autores Keegan e Green (1995) dividem os países conforme seu PNB per capita em cinco categorias, que são: países de baixa renda, países de renda média baixa, países de renda média alta, países de renda alta e países inviáveis. A seguir, veremos as principais características de cada uma das categorias. NOTA Esta renda representa a diferença entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção que, sendo o país considerado, se encontram em atividade em outros países. Assim, caso um país possua empresas atuando em outros países, mas proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida enviada ao exterior negativa. 3.1 PAÍSES DE BAIXA RENDA Os países de baixa renda ou pré-industriais têm PNB per capita inferior a 500 dólares, em geral constituem mercados limitados a qualquer produto e não apresentam ameaça competitiva. Segundo os autores Keegan e Green (1995, p. 37), esses países apresentam as seguintes características: a) Industrialização limitada e alta porcentagem da população voltada para a agricultura de subsistência. b) Altas taxas de natalidade. c) Baixas taxas de alfabetização. d) Forte dependência em relação à ajuda estrangeira. e) Instabilidade política e intranquilidade. f) Concentração na África, ao sul do Saara. 3.2 PAÍSES DE RENDA MÉDIO-BAIXA Esses países são conhecidos como países menos desenvolvidos. São os que têm PNB per capita entre 500 e 2.500 dólares. Uma das suas principais características é que se encontra em estágios iniciais de industrialização e suas fábricas suprem um mercado doméstico em crescimento, com artigos como vestuário, pneus, material de construção e alimentos industrializados. FONTE: Disponível em: <www.qir.com.br/wp-content/uploads/KEEGAN-Warren-J.pdf>. Acesso em: 18 out. 2012. UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 10 Segundo os autores Keegan e Green (1995), os mercados desses países estão em expansão e constituem uma ameaça competitiva crescente, à medida que mobilizam sua força de trabalho, relativamente barata, para atender aos mercados alvos, no resto do mundo. Como exemplo, podemos citar a Indonésia no Sudeste Asiático. 3.3 PAÍSES DE RENDA MÉDIA ALTA Keegan e Green (1995) afirmam que esses países são conhecidos como países emergentes, por estarem em desenvolvimento ou em fase de industrialização. Estes possuem PNB per capita entre 2.500 e 14.000 dólares. A porcentagem de pessoas empregadas na agricultura é consideravelmente menor, pois elas seguem para as grandes cidades em busca de emprego, caracterizando assim um processo crescente de industrialização. Os países neste estágio de desenvolvimento são considerados fortes concorrentes, pois apresentam crescimento rápido devido ao montante de exportações. A China, o Brasil e a Malásia se encaixam nesta categoria. 3.4 PAÍSES DE ALTA RENDA Quanto aos países de alta renda, segundo ainda os autores supracitados, podemos dizer que são os considerados como desenvolvidos e industrializados. Possuem PNB per capita superior a 14.000 dólares. Com exceção das nações ricas por conta da alta produção de petróleo, os países desta categoria, atingiram esse nível de desenvolvimento por conta de um crescimento econômico sustentado. Como exemplo destes países, podemos citar os Estados Unidos, a Suécia, o Japão e outras sociedades de alta renda. 3.5 PAÍSES INVIÁVEIS Esses países são considerados países com problemas econômicos, políticos e sociais tão graves, que inviabilizam as tentativas de investimentos, por falta de atrativos. E vivem, muitas vezes, em situação calamitosa, como Moçambique e a Etiópia. Outro aspecto são as guerras civis, que inibem as empresas de investirem por questão de segurança. É importante ressaltar, caro(a) acadêmico(a), que essa classificação pode mudar com o passar dos anos, por causa do aumento ou da diminuição do PNB per capita das nações. As informações do PNB per capita podem ser obtidas através do Banco Mundial ou órgãos governamentais como o Ministério das RelaçõesExteriores no Brasil. TÓPICO 1 | DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 11 4 O MARKETING INTERNACIONAL A disciplina de marketing é universal, mas algumas de suas práticas podem variar de país para país. Os países são diferentes em diversos aspectos e o que funciona bem para um determinado país, pode não funcionar para outro (KEEGAN, 2003). É importante sabermos que não necessariamente devemos entrar em todos os países para efetuar o Marketing Internacional. O Marketing Internacional estará sendo feito de forma correta, se em pelo menos em um dos países dos quais decidimos explorar, os negócios tenham sucesso. Mais do que isso, devemos “ampliar os horizontes dos negócios de modo a abranger o mundo, na tentativa de identificar oportunidades e riscos”. (KEEGAN, 2005, p. 17). Quando nos referimos ao Marketing Internacional, tratamos de atividades de marketing idealizadas para um ambiente que não seja o doméstico, um ambiente nacional pouco familiar. Estas atividades internacionais de uma organização podem acontecer em um ou mais países, tendo orientação multinacional ou global. Cada caso ilustra um estágio diferenciado no processo de evolução do empreendimento doméstico para o global. 4.1 TAREFAS DO MARKETING INTERNACIONAL O profissional de Marketing Internacional, muitas vezes, lida com ambientes de incertezas e variáveis incontroláveis, como já dissemos anteriormente. Cada mercado externo em que a organização possa atuar pode apresentar problemas diferentes. Quanto maior o número de mercados externos, maior a variedade de fatores estrangeiros a empresa pode enfrentar. E tem mais, caro(a) acadêmico(a)! As soluções são na maioria das vezes, diferentes para cada caso. Segundo Cateora (2009), uma decisão política que envolva a política externa do país de origem, pode ter efeito direto no sucesso do Marketing Internacional de uma empresa. Por outro lado, ocorrem efeitos positivos quando mudanças na política externa oferecem tratamento privilegiado a determinados países. Uma empresa que opere em vários países no exterior pode encontrar extremos opostos em termos de estabilidade política, estrutura de classes e clima econômico, forças competitivas (empresas existentes e novos entrantes) e aspectos tecnológicos, que são elementos críticos na decisão dos negócios. Chegamos à conclusão que um profissional que atua no comércio internacional deve analisar todos esses aspectos e, principalmente administrar as possíveis adversidades do ambiente. O mais importante, é que no meio de UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 12 tantas adversidades, o profissional vislumbre novas possibilidades, ou seja, oportunidades de inserção de um novo produto ou serviço onde haja demandas latentes. É preciso cautela, política, diplomacia e, principalmente pesquisa e conhecimento sobre cada mercado de atuação, visto que a realidade e as características de um país são únicas, se comparadas com as de outros. 5 AS ORIENTAÇÕES DAS ADMINISTRAÇÕES A forma como as empresas vão entrar em mercados internacionais, depende muito de sua forma de administrar, da análise das oportunidades que surgem e de sua maneira de ver o mundo. A seguir, vamos falar um pouco dessas orientações, mas é importante ter em mente, que essas orientações podem mudar, não são estáticas. No decorrer do tempo, as empresas vão adquirindo maturidade para fazer suas próprias escolhas. As orientações são resumidas a seguir, baseadas nos pensamentos e conceitos de Perlmutter (1969), atualizados e adaptados à realidade mundial por Keegan (2005): • Orientação etnocêntrica: os administradores com orientação etnocêntrica só veem semelhanças nos mercados e supõem que os produtos e práticas bem- sucedidos no país de origem, em razão da sua comprovada superioridade, também o serão em qualquer lugar do mundo. Essas empresas, geralmente, ignoram as oportunidades do mercado externo, focando-se somente no mercado doméstico. FONTE: Adaptado de: <www.marketingdeprimeira.com.br/...Mercados.../apostilaesucrimi_rb...>. Acesso em: 18 out. 2012. Elas consideram que para vender ao exterior seus produtos não precisam de qualquer adaptação, pois julgam que o produto já é bom na sua essência. As operações no exterior para essas empresas estão em segundo plano. • Orientação policêntrica: essa orientação é oposta a etnocêntrica, pois parte do pressuposto que a administração tem uma singularidade em cada país que atua. Essa empresa, geralmente, tem uma subsidiária no exterior, sendo que cada subsidiária desenvolve seu negócio próprio, buscando a excelência. Esse tipo de estrutura caracteriza-se como empresa multinacional. TÓPICO 1 | DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 13 • Orientação regiocêntrica: nesta orientação, a administração das empresas, vê as regiões como únicas e procura desenvolver uma estratégia regional integrada, ou seja, as suas ações são concentradas em um grupo de países que apresentam características e comportamentos semelhantes. • Orientação geocêntrica: essa orientação representa uma síntese do etnocentrismo e policentrismo e sua característica marcante é ver semelhanças e diferenças entre países e mercados, procurando criar estratégias globais capazes de atender às necessidades locais. 6 ESTÁGIOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS Durante o seu processo de evolução, as empresas podem passar por diferentes estágios quanto à sua relação com o mercado externo. Segundo informações do SEBRAE (2005), a empresa apresenta quatro estágios importantes neste processo. • Empresa doméstica: estágio primário onde as empresas orientam-se pelo mercado interno, construindo suas estratégias de acordo com os fornecedores e concorrentes existentes neste mercado. Limitam sua área de ação às fronteiras de seu país. Neste momento, elas ainda não estão sensibilizadas pelas oportunidades que o mercado externo pode lhes oferecer. • Empresa internacional: neste estágio, apesar de orientadas para o mercado doméstico, ao construírem estratégias que reflitam os objetivos e sua missão, as empresas decidem perseguir oportunidades internacionais. Raramente empresas que se encontram neste estágio têm experiência internacional e buscam diversificar seus mercados, portanto continuam a agir segundo as percepções que têm do mercado doméstico. • Empresa multinacional: como multinacionais, as empresas têm consciência de que as diferenças entre os diversos mercados exigem que o composto de marketing seja adaptado de forma a garantir o sucesso do processo de internacionalização. Neste momento, tendo decidido responder às diferenças entre os mercados, a empresa evolui para o terceiro estágio, estabelecendo uma estratégia multidoméstica que atenda à dinâmica dos mesmos. Esta orientação torna-se sua principal característica: para ter sucesso no mercado internacional é necessário adaptar-se às particularidades de cada mercado, pois cada país é único. Sua máxima é a adaptação. UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 14 • Empresa global: quarto e último estágio, a globalização da empresa também implica aa extensão e adaptação de programas e produtos (elementos característicos dos estágios anteriores). Entretanto, ela tem como principal objetivo atingir vários mercados com o mesmo produto básico, utilizando o mesmo apelo e a mesma mensagem. Ou seja, ela busca um mesmo nicho de mercado em diversos países, deixando de ter uma estratégia policêntrica para ter uma estratégia geocêntrica. Desta forma, ela é a combinação da extensão, com a adaptação e a criação. Fica claro, portanto, que quando se deixa de falar em multinacionais para falar em transnacionais não é uma simples mudança de terminologia. Os dois termos representam estágios completamente diferentes quanto à relação da empresa com o ambiente externo. FONTE: SEBRAE MG – Marketing Internacional (2005) FONTE: Disponível em: <www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/DowContador?...unid...>. Acesso em: 18out. 2012. O texto a seguir apresenta um cenário de país de baixa renda e as oportunidades que os empreendedores deste país sabem aproveitar. O texto, embora simples, retrata a diversidade dos ambientes estudados nesta unidaade, quando falamos de Marketing Internacional e dos diferentes cenários que o compõem. TELEFONES CELULARES, DESENVOLVIMENTO E A REDUÇÃO DO ABISMO DIGITAL Espremido entre barracas de peixe seco e pilhas de produtos de plástico, vê-se um engradado vermelho cheio de garrafas de Coca-Cola. O distribuidor local para o mercado de Soweto, localizado em uma decadente esquina da capital da Zâmbia, Lusaka, vende todo o seu estoque em poucos dias. Uma carga completa custa 10m Kwacha (cerca de 2.000 dólares). Essa quantia pode ser difícil de conseguir em dinheiro, leva séculos para ser contada e – por representar dez vezes o salário médio anual – é uma tentação para os ladrões. Por isso a Coca-Cola agora pede que seus 300 distribuidores na Zâmbia não paguem em dinheiro, mas que enviem mensagens de texto por meio de seus telefones celulares. O processo leva cerca de 30 segundos e gera um recibo. Longe dali, computadores registram o movimento do dinheiro e do estoque. A Coca-Cola não está sozinha. Perto daquele mercado, uma pequena lavanderia que oferece lavagem a seco permite que seus clientes paguem pelos serviços usando seus celulares. O mesmo acontece nos postos de gasolina de Zâmbia e em dezenas de restaurantes e estabelecimentos maiores. LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 1 | DESAFIOS DO MARKETING INTERNACIONAL 15 Este é um exemplo das muitas formas inovadoras como os telefones celulares estão sendo utilizados nas regiões mais pobres do mundo. São muitos os relatos de como os telefones celulares estão impulsionando a atividade econômica: eles permitem que pescadores ou fazendeiros verifiquem os preços em diferentes mercados antes de venderem sua produção, ajudam as pessoas a procurarem emprego e evitam viagens desnecessárias. Os telefones celulares reduzem os custos de transação, ampliam as redes comerciais e substituem o caro transporte físico. Eles são especialmente valiosos quando outros meios de comunicação (tais como estradas, telefones fixos ou públicos) são poucos ou nem mesmo existem. Isso pode ser algo difícil para as pessoas dos países ricos entenderem, pois as maneiras como os telefones celulares são usados nos países pobres são muito diferentes. Uma das particularidades é que os aparelhos são bastante compartilhados. Uma pessoa em uma aldeia adquire um telefone celular, talvez utilizando um empréstimo de microcrédito. Outras pessoas, então, alugam aquele celular, pagando por minuto; a pequena margem de lucro permite que seu proprietário pague o empréstimo e faça disso seu meio de subsistência. Quando o telefone toca, o proprietário leva até a casa da pessoa que está sendo chamada, a qual recebe então o chamado. Outros empreendedores podem se estabelecer como “intérpretes de mensagens de texto”, enviando e recebendo mensagens de texto (que costumam ser mais baratas que as ligações de voz) para seus clientes que são analfabetos, portanto, embora o número de telefones celulares por grupos de 100 habitantes seja baixo pelos padrões dos países ricos, mesmo assim eles fazem uma grande diferença. FONTE: The Economist “Econimics Focus, Calling across the Divide”, (2005, p. 74). 16 Neste tópico, você viu que: • As ferramentas e os conceitos do Marketing Internacional são basicamente os mesmos que no marketing doméstico, mas a forma como são aplicados é que os diferencia. • Os ambientes internacionais são mais complexos e instáveis que os domésticos, e apresentam uma série de aspectos incontroláveis como a competição, os governos, os sistemas legais de diversos países. Esses aspectos devem ser levados em conta, quando existe a atuação de uma empresa no exterior. • A globalização é um fenômeno que afeta direta ou indiretamente a todos os países do globo e pode ser classificada como um processo de integração mundial. Ela ocorre no mundo desde a década de 1960. No Brasil, ela foi mais acentuada e sentida, a partir de 1990, com a abertura econômica brasileira. • A globalização é agente influenciador de comportamentos positivos e negativos. Causa modificações no comportamento do consumidor, na comunicação, na transmissão de dados entre as pessoas e as organizações, nos modos de produção. • Um bom índice para medir o potencial do mercado é a medida de seu PNB per capita. Os países se dividem em cinco categorias conforme seu PNB per capita: países de baixa renda, países de renda média baixa, países de renda média alta, países de renda alta e países inviáveis. • Uma empresa que opere em vários países no exterior pode encontrar extremos opostos em termos de estabilidade política, estrutura de classes e clima econômico, forças competitivas (empresas existentes e novos entrantes) e aspectos tecnológicos, que são elementos críticos na decisão dos negócios. Um profissional que atua no comércio internacional deve analisar todos esses aspectos, administrando as possíveis adversidades do ambiente e vislumbrando novas possibilidades. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Você sabe diferenciar o período anterior à globalização e o posterior? 2 Faça uma análise crítica sobre a família, a sociedade e as empresas. Quais são os pontos positivos e os negativos da globalização que impactaram diretamente nessas instituições? 3 Agora que você já sabe os principais conceitos a respeito do marketing, você saberia distinguir a diferença entre marketing doméstico e Marketing Internacional? 4 Como se classificam os países com relação ao seu PNB per capita? Explique as diferenças entre eles. 5 Que aspectos um profissional de marketing internacional deve considerar para uma atuação de sucesso em mercados tão diversos? AUTOATIVIDADE 18 19 TÓPICO 2 PESQUISA DE MERCADO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para desenvolvermos estratégias bem-sucedidas no campo do Marketing Internacional e para tomarmos as melhores decisões, é necessário que tenhamos informações a respeito do mercado que pretendemos explorar. A necessidade de informações vai desde a obtenção de dados gerais e necessários para o melhor aproveitamento das oportunidades de mercado, até as informações mais específicas, para decidirmos qual a melhor estratégia a adotar em termos de produto, preço, distribuição e promoção. 2 AMPLITUDE E ESCOPO DA PESQUISA DE MARKETING INTERNACIONAL A pesquisa de marketing é tradicionalmente definida como a coleta sistemática, o registro e a análise de dados para fornecer informações úteis na tomada de decisões de marketing. (CATEORA, 2009). As empresas, geralmente, encomendam estudos formais de marketing sobre problemas e oportunidades específicos, solicitando a empresas especializadas uma pesquisa de mercado ou um teste de preferência de um produto, uma previsão de vendas por região, ou uma avaliação de propaganda. (KOTLER; ARMSTRONG, 2000). UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 20 NOTA Pesquisa de marketing corresponde à elaboração, à coleta, à análise e à edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada por uma empresa. As empresas podem realizar pesquisas de marketing por si próprias ou contratar consultorias especializadas. Uma vez que a pequena e a média empresa dificilmente contam com profissionais especializados em pesquisa de marketing em mercados externos, contratar uma consultoria pode ser o melhor caminho. FONTE: Kotler (2000, p. 125). Marcos Cobra (1995) define o pesquisador de marketing como um caçador, dizendo que descobrir oportunidades de mercado para um novo produto ou serviço, exige, além da astúcia de um caçador, a sistemática de um pesquisador. Na visão do autor, para ser um bom pesquisador de oportunidades, o mercadólogo deve agir com a perspicácia de um empreendedor. E isso exige uma postura pró-ativae ausência de espírito demasiadamente crítico, pois o excesso de visão crítica pode eliminar, por antecipação, uma real oportunidade para um novo produto ou serviço. Se o empreendedor não for um pouco visionário, ele verá o nicho, mas não o enxergará como oportunidade. Cobra (1995) ainda argumenta que uma boa ideia pode morrer pela falta de visão integrada do mercado. E sugere um roteiro para que o profissional de marketing, tanto doméstico quanto internacional, erre menos, tanto no Brasil, como no mundo: 1) Nunca se entusiasme muito por um projeto sem antes consultar o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) ou um órgão similar no exterior para verificar se já não existe patente requerida para o novo produto ou serviço. 2) Desconfie da sua intuição para estimar mercado para o novo produto, invista um pouco do seu tempo e recurso para sondar e pesquisar o mercado local e/ou internacional. 3) Cuidado com a megalomania (ideia de grandeza) que seu projeto pode trazer-lhe; invista de acordo com os seus recursos próprios ou de parceiros sem extravasar as suas possibilidades. 4) Um produto bom, bonito e barato pode fracassar se o seu nome não for atraente e adequado ao país ou a região à qual ele se destina, portanto evite nomes pouco sugestivos ou de gosto subjetivo e duvidoso (como sorvete sem nome). Procure entre outros aspectos como facilidade de se pronunciar localmente ou internacionalmente, mesmo que o produto com um nome pouco sugestivo esteja “emplacando”. Por outro lado, crie embalagens práticas que representem elegância e bom gosto. TÓPICO 2 | PESQUISA DE MERCADO 21 5) Ofereça serviços inusitados para encantar os clientes de forma memorável. 6) Coloque o produto a venda através de canais de distribuição adequados e inovadores e se possível com uma equipe competente de vendas. 7) Não economize investimento em propaganda, mas procure garantir-se que a propaganda é persuasiva e criativa. 8) Não economize em Merchandising, Promoção de Vendas, Relações Publicas e Assessoria de Imprensa para o novo produto. 9) Coloque o produto sob a ótica do controle de resultados, ou seja, invista em auditoria do esforço de marketing, para não desperdiçar recursos. 10) Trabalhe sempre voltado para o mercado de olho na concorrência, no cliente distribuidor e no consumidor final, mesmo que o seu produto seja de uso industrial. FONTE: Cobra. Ensaios de Marketing Global (1995, p. 87-89) Uma empresa pode obter pesquisas de marketing de várias maneiras, sendo que as grandes empresas possuem departamentos e profissionais específicos para isso. A Procter & Gamble aloca pesquisadores de marketing de cada divisão operacional de produtos afim de que realizem pesquisas para marcas existentes. Existem dois grupos de pesquisa separados na P&G: um encarregado da pesquisa de propaganda de toda a empresa e outro encarregado do teste de mercado. Os dois grupos contam em sua equipe com gerentes de pesquisa de marketing, especialistas de apoio (elaboradores de pesquisas, estatísticos, cientistas comportamentais) e representantes de campo da empresa, que conduzem e supervisionam as entrevistas. Anualmente, a P&G entra em contato, por telefone ou pessoalmente, com mais de um milhão de pessoas devido a seus projetos de pesquisa. (KOTLER 2000, p. 125). Caro(a) acadêmico(a)! Note que a pesquisa em âmbito internacional tem algumas peculiaridades que devem ser levadas em conta, no momento de sua realização. Primeiramente, é importante lembrar que as informações devem ser comunicadas através de fronteiras culturais. Ou seja, muitas vezes, é necessário um esforço muito grande e concentrado na interpretação dessas informações, o que não é tarefa fácil. Uma questão muito importante diz respeito ao controle destas pesquisas. Na empresa multinacional, por exemplo, a responsabilidade pela pesquisa é delegada à subsidiária operacional, enquanto que na empresa global, esta procura reter as informações e controlá-las pela matriz. Outro ponto a ser levado em consideração, é que os ambientes em que as ferramentas de pesquisa são aplicadas, geralmente são diferentes em mercados externos. UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 22 Segundo Cateora (2009), a pesquisa no mercado internacional tem um escopo mais amplo que no nacional, que é justificado pelos níveis mais altos de incerteza. Alguns fatores apontados pelo autor são considerados de extrema importância para quem utiliza a pesquisa como auxílio na decisão de entrar em um mercado internacional novo. Dentre esses fatores, os principais são: a economia, o clima político, sociológico e cultural, a visão geral das condições de mercado, o resumo do ambiente tecnológico e a situação competitiva do mercado de interesse. Cateora (2009, p. 196) aponta um esquema a ser utilizado para o processo de pesquisa, que deve seguir os seguintes passos: a) Definir o problema da pesquisa estabelecendo seus objetivos. b) Determinar as fontes de informação para atender aos objetivos da pesquisa. c) Reunir dados relevantes das fontes primárias, secundárias, ou ambas. d) Considerar os custos e benefícios do esforço de pesquisa. e) Analisar, interpretar e resumir os resultados. f) Comunicar de modo eficaz os resultados aos tomadores de decisão. A seguir, você pode verificar de que modo a pesquisa realizada de maneira séria pode contribuir para o direcionamento dos negócios em qualquer época. O texto que leremos a seguir, refere-se a Whirlpool, que no Brasil é parceira desde 1958 do Grupo Brasmotor, detentor das marcas Brastemp, Consul e Semer. Segundo informações da Revista Exame, em novembro de 1997, o controle acionário do grupo Brasmotor mudou de mãos. Passou para a americana Whirlpool - líder mundial na produção de eletrodomésticos, e antiga parceira do Brasmotor. A Whirlpool comprou de um dos grandes sócios do grupo, o Bradesco, 33% das ações votantes por 217 milhões de dólares e, com isso, adquiriu o domínio das decisões na empresa. Essa venda resultou em mudanças significativas para todas as empresas do Grupo Brasmotor. LEITURA COMPLEMENTAR 1 A PESQUISA DIRECIONAL A WHIRLPOOL PARA O MERCADO GLOBAL A Whirlpool Corporation, com sede em Michigan, é a maior empresa americana de eletrodomésticos, com vendas anuais da linha branca no valor de sete bilhões de dólares e uma participação de 34% no mercado de eletrodomésticos. Seu sucesso se deve em parte, ao fato de oferecer produtos de três faixas de preços: aparelhos de cozinha top de linha; os de preço médio (Whirlpool e Sears Kenmmore); e os de mais baixo preço entre todos (Roper e State). Operando com um mercado maduro, de crescimento lento, a Whirlpool tem posto em prática, planos agressivos de expansão no exterior. Na América Latina desde 1957, é hoje líder de mercado na região. Com a aquisição dos negócios europeus da Phillips Electronic TÓPICO 2 | PESQUISA DE MERCADO 23 pelo preço de um bilhão de dólares, ela passou para o terceiro lugar na Europa. Agora a Whirlpool está voltando-se para o Japão e para as nações emergentes da Ásia, em um esforço para atingir mais crescimento. Na Europa, a presença de mais de uma centena de concorrentes, torna a indústria de eletrodomésticos altamente fragmentados – e competitiva. Lá, a sueca AB Electrolux e a alemã Bosch-Siemens Hausgerate GmbH ocupam respectivamente o primeiro e o segundo lugar. A Whirlpool pretende atingir margens de lucro operacional de 10%, contra os 5,6% atualmente, encontrados na Europa e, para atingir essa meta, modernizou sua organização na Europa. Quatro escritórios regionais substituíram organizações de venda em 17 países. Hank Bowman, presidente da Whirlpool Europe BV, reduziu o número de depósitos de 30 para 16, esperando chegar a 5 ou 6. Uma estratégia global de terceirização ajudou a reduzir em 40% o número de fornecedores, e a Whirlpool está investindo centenas de milhões de dólares no desenvolvimento de novos produtos, como uma nova secadora,que opera com mais eficiência e mais qualidade, apesar de ter menos peças. Bowan estava convencido de que a segmentação do mercado global era o segredo do sucesso na Europa. A Whirlpool se apoia fortemente em pesquisas de marketing, e ouvir consumidores é importante em qualquer lugar. Bowman afirmou: “A pesquisa nos revela as tendências, preferências e inclinações dos consumidores, país a país” Ele acreditava que os construtores europeus se enquadram em categorias distintas de “segmentos-Euro” (por exemplo, os “tradicionalistas” e os “aspirantes”), permitindo a Whirlpool repetir a sua abordagem de três faixas de preços que vem funcionando tão bem. Assim, a marca Baukneckt se colocará na mais alta posição do mercado, com a Whirlpool na do meio, e a Ignis na mais baixa. Na medida do possível, as marcas serão comercializadas em toda a Europa. Em 1990, a Whilrpool se tornou a primeira fabricante de eletrodomésticos a lançar uma campanha publicitária pan-europeia. A abordagem global de Bowman não ignorava preferências regionais. Por exemplo, os dados da pesquisa mostraram que menos de um terço dos domicílios europeus tinha forno de micro-ondas e, também, que mais europeus poderiam comprar fornos de micro-ondas que funcionassem mais como fornos convencionais. Os resultados se basearam, em parte, em dados coletados no Laboratório de Possibilidade de Uso da empresa, na Itália, onde os consumidores são pagos para experimentar vários eletrodomésticos. Em resposta, a Whilrpool introduziu o forno micro-ondas VIP Crisp, com um dispositivo tostador que doura a carne por cima, e outro, removível, que cozinha o alimento, frigindo-o por baixo. Hoje, o VIP é o forno que mais vende na Europa, e a empresa reforça as vendas com publicidade de mais de 100 milhões de dólares por ano. UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 24 Depois de construir uma base sólida na Europa, o foco de David Whitwan, presidente da Whirlpool, foi a Ásia: “Nosso sucesso como empresa global se ancora em nossa capacidade de colocar a Whirlpool na Ásia”. Para atingir esse sucesso, a Whirlpool investiu em cinco fábricas na Ásia e estabeleceu sua sede asiática em Tóquio, um escritório regional em Hong Kong, e um centro de projetos em Cingapura. Essas medidas encontraram a aprovação de muitos especialistas e, segundo Jerry Herman, analista da Kemper Securities: “A Whirlpool tem ótimas notas em estratégia global. Estão muitíssimo à frente do restante da indústria”. Mesmo assim, a empresa enfrenta muitos desafios na região. Um deles é a feroz concorrência das empresas japonesas, como a Matsushita, a Sharp e a Toshiba, que, como seria de esperar, marcam forte presença ali. Nos Estados Unidos as empresas japonesas não são fator importante quando se trata de eletrodomésticos. Além disso, quatro empresas americanas – A Whirlpool, a GE, a Frigidaire e a Maytag – controlam 93% do mercado norte americano, enquanto na Ásia se dá o inverso, com as empresas locais dominando 98% do mercado. A Whirlpool esperava que sua abordagem global funcionasse tão bem na Ásia quanto na Europa. Sua marca está sendo usada em toda a região, com a devida atenção às preferências locais. Assim, geladeiras vermelhas e máquinas de lavar verdes, com abertura em cima, já estão disponíveis em vários países asiáticos. A China simboliza a oportunidade de mercado na região, pois apenas 10% dos lares chineses têm geladeiras atualmente. Whitwam concluiu: “Há cinco anos, éramos essencialmente uma empresa nacional, mas hoje, mais ou menos 40% de nossa receita vêm do exterior e, no final desta década, dessa fonte é que virá a maior parte dela”. FONTE: Keegan (2000, p. 196-197). FONTE: Disponível em: <www.whirlpool.com>. Acesso em: 24 set. 2012. TÓPICO 2 | PESQUISA DE MERCADO 25 3 O PROCESSO DE PESQUISA Antes de qualquer coisa, é necessário que se verifique se vale a pena fazer uma pesquisa, considerando todo o esforço que isto envolve. O programa de pesquisa deve seguir os seguintes passos: a) Definir o problema da pesquisa e estabelecer os seus objetivos. b) Determinar as fontes de informação para atender aos objetivos da pesquisa. c) Considerar os custos e benefícios do esforço de pesquisa. d) Reunir dados relevantes de fontes primárias, secundárias ou ambas. e) Analisar, interpretar e resumir os resultados. f) Comunicar de modo eficaz os resultados aos tomadores de decisão. Os passos de um programa de pesquisa são semelhantes em vários países, mas podem ocorrer problemas devido às diferenças no desenvolvimento econômico e cultural de cada um deles, conforme veremos a seguir, juntamente com os conceitos de pesquisa primária e secundária. 4 PESQUISA PRIMÁRIA Uma das modalidades mais completas e eficazes de pesquisa é a pesquisa primária, que se caracteriza pelos dados coletados in loco em prol de uma precisão mais apurada de informações para a tomada de decisão. Segundo Cateora (2009, p. 201), na maioria das coletas de dados primários, “o pesquisador entrevista pessoas para descobrir o que pensam sobre algum tópico, ou como elas poderiam se comportar em determinadas condições”. O profissional interessado em conhecer características ou obter conhecimento sobre determinado mercado pode aplicar dois tipos de pesquisas: a qualitativa e a quantitativa. Na pesquisa quantitativa, grande número de pessoas responde de forma verbal ou escrita a uma serie de perguntas estruturadas, usando um formato de resposta específico e passível de tabulação, como o sim/não ou a classificação em níveis como: 1 – muito bom; 2 – bom; 3 – regular; 4 – péssimo. Neste caso, o pesquisador obtém resultados mais precisos através de estatísticas, percentuais e médias. UNIDADE 1 | O MARKETING INTERNACIONAL E O AMBIENTE GLOBAL 26 Já a pesquisa qualitativa é realizada através de perguntas abertas e com possibilidade de profundidade nas respostas, geralmente são utilizadas para descobrir sentimentos e pensamentos das pessoas a respeito de certo produto ou situação. A observação direta dos consumidores e a coleta de dados sobre suas impressões sobre determinadas situações, pode ser a chave do sucesso para início de uma operação internacional. Mas note que na modalidade qualitativa, também podem existir problemas na coleta de dados. Conforme Cateora (2009), esses problemas podem aparecer na falta de capacidade das pessoas de comunicarem suas opiniões, na disposição do público selecionado para responder, nas amostragens de pesquisa de campo, que podem por vezes, serem equivocadas e não mostrarem um resultado real e na linguagem e compreensão, que pode ocorrer pela má tradução das palavras ou expressões, devido às diferenças no idioma. 5 PESQUISA SECUNDÁRIA Caro(a) acadêmico(a)! Ao iniciarmos nosso aprendizado sobre pesquisa secundária, é importante lembrar que não há pesquisa mais eficiente e eficaz que a pesquisa primária. Quando não temos a possibilidade de nos deslocar para determinado país ou mercado alvo, optamos então por realizar uma pesquisa secundária. As pesquisas secundárias, geralmente, são realizadas através de bancos de dados que contêm informações relevantes às características do país-alvo. Essas informações são obtidas através de estatísticas abrangentes como o censo populacional. Outras fontes de dados secundários são as associações empresariais, as associações comerciais, os grupos de gestão, as câmaras de comércio, as entidades governamentais especializadas, as empresas de pesquisa, as universidades, feiras internacionais, eventos específicos. Além de sites governamentais, comparados aos do MRE (Ministério das Relações Exteriores) e do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) do Brasil, por exemplo. Note, caro(a) acadêmico(a), que infelizmente não é todo país que tem fontes de dados confiáveis e atualizadas, o que representa um enorme problema para quem optar pela pesquisa secundária na obtenção de informações sobre determinado mercado. As estatísticas