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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE PSICOLOGIA Larissa Botelho Alonso Serrano – RA: 6546109 Miriã Palmeira de Souza – RA: 2436792 Roberta Loraine Sequetin – RA: 5391466 Thais Sabrina Pissinati Pagliarin – RA: 6050168 Vilma Harumi Osiro Maezono – RA: 1607093 Walquiria Cruz – RA: 5853394 INTERVENÇÕES PSICANALÍTICAS DA FICÇÃO A REALIDADE: GAROTA EXEMPLAR SERÁ UM CONTO DE FADAS? OLHAR E ESCUTA PSICANALÍTICO PROFª. RENATA WINNING São Paulo 2021 1 SUMÁRIO: 1. Introdução .................................................................................................................... 02 2. Sinopse ........................................................................................................................ 03 3. Perversão e Psicanálise ................................................................................................ 06 4. Narcisismo e Psicanálise .............................................................................................. 10 5. Análise do filme com base na Psicanálise .................................................................... 11 6. Garota exemplar será um conto de fadas ..................................................................... 14 7. Referências Bibliográficas ............................................................................................. 18 2 1. INTRODUÇÃO Os meios de comunicação proporcionam entretenimento através de filmes, séries, programas de fácil acesso em canais de TV, digitais, aplicativos, provocando formações de opiniões. No entanto, é muito importante que essas formações de opiniões estejam pautadas em teorias empíricas e cientificamente comprovadas, complementando o conhecimento e aprendizagem. Conforme apresentado por Antônio Cândido (2004), “(...) Ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia (...), ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade inclusive porque atua em grande parte do inconsciente e do subconsciente”. (Cândido 2004). “Diferente de quaisquer ciências exatas e técnicas a literatura percorre um caminho que “nos permite” viver um mundo onde regras inflexíveis da vida real podem ser quebradas, onde nos libertamos do cárcere do tempo e do espaço, onde podemos cometer excessos sem castigo e desfrutar de uma soberania sem limites” (Llosa, 2009). “A psicanálise sente-se à vontade nas narrativas, afinal trocando em miúdos, uma vida é uma história, e o que contamos dela é sempre algum tipo de ficção; sempre será uma trama da qual parcialmente escrevemos o roteiro.” (Corso & Corso). Freud (amante das letras e das artes) trouxe o desenvolvimento e aplicação de suas teorias, após uma intensa análise em obras literárias. (Moura p.32). Tanto a literatura e a Psicanálise se estabeleceram a partir da palavra mytheio (palavra grega) que significa contar, narrar e conversar. Ações que passam pela leitura, escuta e observação sujeitas a novos sentidos, múltiplas interpretações e algumas divergências. (Moura p.32). Deste modo, pretendemos nesse trabalho, trazer ao leitor uma reflexão sobre o tema que abordaremos representada na ficção do filme “Garota Exemplar”, explorando a hipótese diagnóstica de perversão e narcisismo, representado por um viés investigativo, interpretativo e analítico da literatura psicanalítica e a trama representada pela personagem Amy Dunne (interpretada pela atriz Rosamund Pike). 3 2. SINOPSE: Garota Exemplar, ou Gone Girl, é um filme norte-americano de suspense psicológico e drama policial que foi lançado em 2014. A adaptação do romance homônimo de Gillian Flynn, que também foi responsável pelo roteiro, foi dirigida por David Fincher. Amy e Nick Dunne são um casal aparentemente feliz e apaixonado. Contudo, na data em que celebrariam o quinto aniversário de casamento, a esposa desaparece misteriosamente. Durante as buscas, o marido passa a ser encarado como um possível suspeito. No dia do seu aniversário de casamento, Nick regressa a casa e encontra tudo revirado, sem sinais da esposa, Amy. Ele começa a suspeitar de um sequestro e chama a polícia, que passa a investigar o caso. Em poucas horas são organizados grupos de voluntários para procurá-la e o marido precisa dar uma coletiva de imprensa. O comportamento do protagonista, desde o começo, não corresponde às expectativas daqueles que o observam com atenção. Assim, ele vai ganhando a antipatia dos jornais, dos comentadores televisivos e do próprio público que acompanhava o caso. Acusado de sorrir demais e se aproximar das voluntárias, Nick desperta suspeitas que acabam se confirmando um pouco adiante. Quando se encontram em segredo, descobrimos que o professor universitário mantinha um relacionamento extraconjugal com uma jovem aluna há mais de um ano. O distanciamento entre Nick e Amy vai se tornando cada vez mais evidente: ele não sabe nada sobre os gostos, as ocupações ou as companhias da esposa. Por isso, não consegue responder às perguntas que a detetive vai colocando durante o interrogatório. Para avançar com a investigação, eles precisam seguir as pistas deixadas pela mulher que sumiu. "caça ao tesouro" era uma tradição de aniversário: Amy deixava cartas com rimas e enigmas para o marido desvendar, que o guiavam até ao seu presente. No entanto, a brincadeira foi perdendo a graça porque Nick não conseguia mais decifrar os versos. Unindo as peças, a polícia encontra um diário onde ela narrava os conflitos da relação, confessando que se sentia isolada e temia o marido violento. É aí que surge uma vizinha, muito próxima da vítima, que confirma a história. 4 Um plano de vingança doentio - Os detetives voltam ao local e encontram vestígios de sangue que alguém tentou limpar. Enquanto isso, Nick desvenda a pista final e vai, sozinho, até o galpão que fica em casa da irmã. O local, cheio de produtos de luxo comprados em seu nome, contém uma carta que insinua que seu último presente é ser preso. É nesse momento que o enredo nos surpreende pela primeira vez: escutamos o monólogo de Amy, contando como planejou tudo para incriminar o marido, enquanto foge de carro. De repente, os papéis se invertem e a protagonista passa de vítima a vilã da história. Mesmo assim, Amy explica a sua versão dos factos, convicta de estar fazendo justiça pelas próprias mãos. Depois da mudança para a cidade-natal de Nick, ela se sentia cada vez mais distanciada dele, enquanto bancava a vida dos dois. Eu estou tão mais feliz agora que estou morta. Tecnicamente, desaparecida... Quando descobriu a traição, ela começou a plantar provas falsas para a vingança: escreveu um diário cheio de mentiras, fez amizade com a vizinha e até limpou o próprio sangue do chão. E se a conduta dela já parece perigosa aí, Amy assusta o espectador cada vez mais. Assombrada pela figura de "Incrível Amy", a protagonista da saga literária escrita pelos pais que sempre a superava em tudo, a mulher depositou naquele romance todas as esperanças para o futuro. Talvez por isso, a rejeição tenha despertado um transtorno pré-existente (algumas interpretações apontam que ela é psicopata). No seu monólogo, conta que simulou ser outra pessoa, fazendo de tudo para agradá-lo. Mesmo sorrindo, evitando brigas e fingindo partilhar os seus gostos, Amy tentava controlar o marido: "Forjei o homem dos meus sonhos”. Depois de ser assaltada e ficar sem dinheiro, a vilã não pode continuar viajando e pede ajuda a Desi, o namorado da adolescência que continua apaixonado. Ele acredita que Amy está se escondendo do marido violento e aceita abrigá-la em uma casa isolada. Ao investigar o passado da mulher, Nick percebe que existe um padrão: anos antes,após um rompimento, ela fez uma queixa falsa sobre um antigo companheiro e arruinou a sua vida. 5 Manipulação da mídia e "final feliz" - Para se defender do possível julgamento de homicídio e até da pena capital, Nick viaja para se encontrar com Tanner Bolt, um advogado famoso. O profissional explica que o primeiro passo é mudar a perspectiva pública sobre ele: se até ali estava sendo odiado, era necessário despertar o carinho das pessoas que o viam. Decide, então, dar uma grande entrevista na TV, para a qual se prepara e treina durante dias. Com o intuito de manipular Amy, sabendo que ela assistiria, ele admite a traição, afirma ser um mau marido e faz até uma declaração de amor. Logo nos momentos seguintes, Nick começa a ser publicamente adorado. A esposa, convencida de que as palavras eram verdadeiras, resolve voltar para ele e traça outro plano sanguinário. Após forjar provas, mais uma vez, a protagonista mata Desi e parte com o seu carro. Quando regressa a casa, rodeada de repórteres, Amy está coberta de sangue, abraça o marido e "desmaia" em seus braços. Através de um discurso brutal e confuso, conta para a polícia que foi sequestrada pelo ex-namorado e precisou matá-lo para fugir. Em pouco tempo, os dois viram celebridades: ela se torna uma espécie de heroína e Nick é visto como seu fiel companheiro. Com a investigação arquivada, ele permanece do seu lado para evitar os ataques daqueles que iriam condená-lo por abandonar uma mulher naquele momento de suposta fragilidade. É aí que ela revela que está grávida de um filho seu, através de uma inseminação artificial, e que vão formar uma família. Nas cenas finais, o marido segura a mão da esposa durante uma participação na TV e, num clima de felicidade, fala que o relacionamento está mais forte do que nunca: eles comunicam, são sinceros e parceiros. Logo em seguida, o casal anuncia a gravidez, o que causa uma comoção ainda maior. Deste modo, percebemos que Nick pretende manter o casamento e as aparências, apesar de tudo que aconteceu. 6 3. PERVERSÃO E PSICANÁLISE Freud ao falar de perversão está tratando sobre um paradigma para caracterizar a sexualidade infantil, e um modo de encarar o complexo de édipo e a castração. (...) perversão, segundo Freud, é de certa forma natural ao homem. Clinicamente é uma estrutura psíquica: ninguém nasce perverso, torna-se um herdar, de uma história singular e coletiva em que se misturam educação, identificações inconscientes, traumas diversos. Tudo depende em seguida do que cada sujeito faz da perversão que carrega em si: rebelião, superação, sublimação – ou, ao contrário, crime, autodestruição e outros. (Roudinesco 1998 - p.84) Para a psicanálise o sujeito não nasce nem se desenvolve, ele se constitui. Ele tem base familiar e social que o circunscreve na linguagem, e segundo Elia (2010, pg. 22), “a fala é a única que permite, por seu modo encadeado, diacrônico, como discurso desdobrado no tempo em uma sequência de palavras, que o plano do significante seja destacável da significação”. Freud explica que para a espécie humana se manter viva, um adulto próximo se faz necessário, visto que se nasce no desamparo fundamental. Nessa mesma lógica, Lacan lança a noção de “Outro”, que é o esqueleto material e simbólico da ordem cultural e social. Portanto, o sujeito se constitui após o momento em que o Outro materno introduz seus significantes. (Scarabelli, p.4) Freud foi construindo o conceito de perversão como uma estrutura psíquica que tem como marco três obras: Em “Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade” (1905) Freud desenvolveu o conceito de perverso polimorfo, onde todos possuem uma disposição sexual variada, que se dá na fase da escolha objetal. Ele também diferencia os conceitos de objeto sexual e alvo sexual, onde o primeiro é a pessoa a quem se tem desejo, e o segundo é a ação da pulsão. Ele dita a perversão como “negativo da neurose”, ou até mesmo como uma falha do recalque. Já no segundo momento, em Uma criança é espancada (1919), Freud associa o tema com a teoria do complexo de édipo no tocante à identidade e a fabricação de fantasias, e fala sobre a distinção entre a estrutura perversa e a perversão infantil em seus traços primários. Por fim, no terceiro momento, em O Fetichismo (1927), ele fala sobre a noção de clivagem do ego e a recusa da castração. (Scarabelli, p.7) “Da leitura dos Três ensaios podemos concluir que, em 1905, Freud identificava a perversão com a monotonia da satisfação de um desejo, na via do gozo fálico, mas se utilizando 7 exclusivamente de um único objeto de satisfação. No lugar, então, da liberdade do sujeito de se exercer sexualmente em toda a sua plenitude, o sujeito perverso se limita ao gozo de uma maneira só. (...) na época, construção da primeira teoria das pulsões, cada indivíduo na espécie estaria barrado justamente porque a sexualidade estaria a serviço da procriação, ou seja, da conservação da espécie. É justamente o afinamento da discussão teórica em torno da castração que veio a exigir um tempo de compreender, de maneira que somente vinte e dois anos depois Freud pôde concluir que a perversão é a crença no falo da mãe, o desmentido da castração, a recusa de reconhecer que falta alguma coisa ao Outro, por mais que no fundo o sujeito saiba perfeitamente que falta alguma coisa ao Outro (é somente o sujeito psicótico que não o reconhece, repudiando essa falta). (Albert, p.7) Freud (1905) menciona o fetichismo, considerado como uma pulsão sexual patológica, onde há uma substituição do objeto sexual considerado normal por alguma parte do corpo (pé, cabelo) ou seres inanimados, que ainda mantém ligação com o objeto sexual, renunciando o alvo sexual normal ou perverso. Também nomeou como uma conexão simbólica de pensamentos inconscientes ligados às experiências sexuais da infância. Sua relação com o normal se baseia na supervalorização psicológica do objeto sexual, onde a pessoa em questão seja inatingível ou há algum impedimento da satisfação do desejo. Para Freud, a perversão pode considerada uma aberração patológica, quando “[...] o anseio pelo fetiche se fixa, indo além da condição mencionada, e se coloca no lugar do alvo sexual normal, e ainda, quando o fetiche se desprende de determinada pessoa e se torna o único objeto sexual[...]” (Freud, 1905, pg. 93) Freud considerou a vida psíquica de qualquer indivíduo governada por duas forças opostas, referindo-as como sexo e agressão. (moura, p.84) A primeira força pulsional visa estabelecer uniões, já a segunda é o de destruir conexões e, no caso desse instinto destrutivo, supomos ser objetivo o de levar o que está vivo a um estado inorgânico da matéria, por isso o chamado de instinto de morte. (Moura, p.84) O desequilíbrio ocorre pela ambiguidade entre as figuras maternas e paternas, suas rivalidades fraternas e os ciúmes transferencial dos irmãos perseguidores, onde voltamos a cenas primárias aos desejos de justiça e aos castigos merecidos. Surge o trinômio de mãe e pai: a mãe boa é aquela que provê e se permite imperfeita servindo de “ego auxiliar” da criança; a mãe suficiente boa auxiliando proativamente a construção da identidade, personalidade e autonomia da criança, estimulando-a independência; e a mãe má é a onipotente cujo filho é seu objeto erótico e vice-versa. O pai real é aquele que copula com a mãe; o pai imaginário será o 8 responsável, pelas frustrações, os fracassos, infortúnios e punições do sujeito ao longo da vida, herdado como um Deus e; o pai simbólico, morto na medida em que quando a mãe ausenta-se ele é lembrado enquanto nome, o nome do Pai, cuja presença se estabelece. (Moura, p.99) Freud afirmou que “a neurose é o negativo da perversão” e somente será encarada como patologia quando se caracterizar por fixação em uma das fases infantis da sexualidade que estão potencialmente presentesem todos seres humanos. Em sua teoria do Complexo de Édipo, Freud identificou o núcleo da perversão por sua não resolução positiva, a recusa pela castração, e se essa recusa se cristaliza irá criar dimensão patológica e dificultar o recalque e investimentos incestuosos. (Moura p.99) E a partir do Feitichismo (1927) Freud definiu a recusa da castração enquanto mecanismo essencial da perversão no qual o fetiche funciona como substituto do pênis da mãe, ou seja, funcionar como um mecanismo de recusa de castração que ameaçaria a onipotência do sujeito. Roger Dorey (2003) propôs que a perversão estaria relacionada com uma modalidade de caráter traumático, cuja relação do perverso com o outro é sedutora e esse se coloca na posição de detenção do saber quanto ao desejo do outro. Essa relação de dominação se dá, no registro erótico, sendo sua arma a sedução, reproduzindo de modo invertido nessa relação de dominação o tipo de relação infantil mais precoce que estabeleceu com a mãe. (Moura p.100) A estrutura perversa caracteriza-se por uma organização psicossexual especifica, no sentido de que as vias de realização do desejo que ela induz levam sempre à mesma ordem: a relação ambígua da qual o perverso jamais consegue desprender-se, relativa ao enigma infantil colocado pela diferença dos sexos. Obscuramente atormentado pela ausência do pênis da mãe – e por extensão nas mulheres - o perverso faz-se de bom grado o artesão de seu próprio tormento, lutando contra o horror da castração. Eis aí uma busca incessante em relação à qual só parece existir uma saída: mobilizar seu desejo em complexas estratégias de gozo relativos a diversos objetos sexuais. (DOR, 1991 p. 86). A estrutura de personalidade perversa se define por comportamentos pautados por excessiva manifestação de egocentrismo, incapacidade para o amor não narcísico, falta de remorso, vergonha ou culpa, tendência para a mentira, vida sexual impessoal, boa capacidade retórica, inclinação para a auto vitimização e boa capacidade cognitiva, sem o comprometimento para a percepção da realidade e tendência para manipular e controlar as pessoas ao seu redor (De Almeida). 9 Segundo Da Silva (2015), a perversão se caracteriza por uma fixação quanto ao desvio quanto ao objeto do desejo e pela exclusividade de sua prática. E essa sexualidade estaria definida e cristalizada por um prejuízo na estruturação do Complexo de Édipo na infância. Segundo Freud, a criança, em seu desenvolvimento psicossocial, é regida pelo princípio do prazer, buscando o prazer e evitando tudo o que causa aborrecimento, frustração ou infelicidade. Com o passar do tempo, a criança substitui o princípio do prazer pelo princípio da realidade. Porém, o sujeito da estrutura perversa mantém excluído do Complexo de Édipo e da alteridade, passando a satisfazer sua libido sexual consigo mesmo, sob caráter narcísico. Tal estruturação se dá por uma fixação numa pulsão parcial que escapou ao recalque, tornando-a uma fixação exclusiva. A recusa em aceitação a falta fálica da mãe, ocasiona a recusa da percepção da castração que retorna à ideia da mulher com o pênis, origem da fantasia fálica da mulher (De Almeida). Desta forma, no aparelho psíquico do perverso, o ID (reservatório da vida psíquica, onde estão as pulsões de vida e pulsões de morte e é regido pelo princípio do prazer) predomina em sua vida, em detrimento das estruturas do Ego (mediador dos impulsos do ID e do Superego) e do próprio Superego (que se estrutura a partir do Complexo de Édipo e é a internalização das proibições, dos limites e da autoridade). Assim a única coisa que importa é o prazer próprio, mesmo que seja prejudicando o próximo (Da Silva, 2015). Contardo Calligaris (1986) em “Perversão: um laço social?” articula sobre o fantasma e o objeto na perversão, sabendo que “a colocação em jogo do objeto no fantasma é uma regra absolutamente universal” (p.11). O autor afirma que a especificidade da perversão está na montagem do fantasma, que é a demanda do outro. Na neurose o sujeito se defende do fantasma, e não quer saber que aquele objeto que o fundamenta, é ele mesmo. Calligaris traz que o neurótico é o sujeito barrado, qual responde se autorizando pelo pai, pelo saber do pai suposto, e este gozo é o gozo fálico. O perverso encontrou uma maneira de reunir, no fantasma, as duas coisas: a posição fálica de sujeito e a posição objetal, “fazendo do objeto um falo imaginário, ou melhor, antes um instrumento que um objeto” (CALLIGARIS , 1986, p.12), e para isso acontecer ele precisa usurpar o lugar do pai, ou seja se apropriar do saber do pai. Na posição de falo, o perverso é, ao mesmo tempo, o objeto que se tornou instrumento e o sujeito do saber sobre o bom uso desse instrumento. 10 4. NARCISISMO E PSICANÁLISE “Freud contribuiu para o estudo da maternidade e da paternidade através de seu trabalho sobre Narcisismo, atribuindo ao amor e às atitudes afetuosas dos pais em relação aos filhos uma característica narcisista. Segundo ele, o narcisismo primário dos pais, já abandonado, é revivido e reproduzido em seu amor ao filho. A atitude emocional dos pais será dominada pela supervalorização, revelando o caráter narcísico desse afeto, sendo ao filho atribuído todas as perfeições. A criança concretizará, assim, os sonhos que os pais não realizaram e terá os privilégios que eles não tiveram. A mãe só terá capacidade de acolhimento e de responder aos gestos do bebê que confirmem a representação anterior do eu antecipado, o que não se aproxima disso será desvalorizado, podendo gerar dificuldades para o sujeito se relacionar com suas próprias percepções corporais. (Ferrari, 2006) Aos poucos a mãe deverá fazer outros investimentos libidinais, para que assim, o bebê saia de papel de gozo único e se torne um sujeito desejante. A função paterna também tem sua importância, assim como a antecipação do eu, no manejo da exclusão e inclusão psíquica da mãe em relação ao bebê.” (Ferrari, 2006) “O transtorno de personalidade narcisista trata-se de uma condição mental em que as pessoas têm um senso inflado de sua própria importância, uma profunda necessidade de atenção e admiração excessivas, relacionamentos conturbados e falta de empatia pelos outros. Isso ocorre pois há uma perturbação da personalidade caracterizada por um investimento exagerado na imagem da própria pessoa à custa do self. (Ferrari, 2006) Os narcisistas, como são chamados, sentem maior preocupação com o modo que se apresentam do que com o que sentem, negando qualquer sentimento que pode contradizer a imagem que querem passar. (Ferrari, 2006) É importante ressaltar que muitos traços deste distúrbio surgem durante os estágios normais de desenvolvimento do indivíduo. (Ferrari, 2006) Os pacientes com este transtorno sentem a necessidade de serem admirados constantemente e por isso sua autoimagem depende das considerações de terceiros, sendo, portanto, geralmente muito frágil. (Ferrari, 2006) 11 São sensíveis e podem responder com raiva ou desprezo quando estão em posição de ‘’humilhação e derrota’’, desta forma, evitam qualquer situação em que podem falhar. (Ferrari, 2006) 5. ANÁLISE DO FILME COM BASE NA PSICANÁLISE Nossa percepção da trama envolvendo a protagonista Amy, em todos os elementos e aspectos citados, existe uma baixa tolerância para frustrações e a utilização da vingança como forma de revidar as dores causadas por quem a feriu, como o marido ( Nick Dunne) que com uma arquitetura de planos ardilosamente elaborado, tentou incriminá-lo como provável autor de seu suposto assassinato. Ao se deparar com seu plano de certa forma ameaçado, precisou retomar o passado buscando auxílio em um namorado, que era obcecado por ela e que faria tudo para tê-la novamente, envolvendo-o como culpado numa trama de suposto estupro, cujo foi elaborado e praticado por ela mesma, culminadocom o assassinato friamente do próprio acusado, quando este passou a lhe atrapalhar os planos. Amy se utiliza da dissimulação para manipular as pessoas a sua volta e de uma extrema inteligência e frieza na elaboração de seus planos de vingança. Os pais de Amy eram escritores de livros infantis, inspirados em sua vida perfeita, tornando sucesso tudo o que na realidade eram defeitos e falhas. Cresceu em uma cidade grande, onde era conhecida por todos, como a filha que todos gostariam de ter. Garota exemplar do Pai, recusa do processo de castração e um complexo de competição com a mãe, pelo amor do Pai. Podemos observar o complexo de Electra, conceito desenvolvido por Jung, no desenvolvimento psicossexual influenciando o desenvolvimento da vida sexual e como a menina se relaciona com o sexo oposto. Ocorre nas meninas dos 03 aos 06 anos, onde desenvolvem uma grande afeição pelo Pai e um sentimento de rancor com a mãe, chegando a competir pela atenção do pai. Normalmente acontece pelo Pai ser o primeiro contato da figura masculina, assim como o complexo de Édipo desenvolvido por Freud, onde o menino desenvolve o esse sentimento pela Mãe. 12 Geralmente o complexo de Electra passa sem grandes complicações à medida que a criança vai se desenvolvendo, observando a relação dos Pais além dos limites que o pai deve estabelecer na relação pai x filha, para não tornar um complexo mal resolvido como acredito ser o caso da Amy em garota exemplar. Jovem, bonita, inteligente e manipuladora, Amy é egocêntrica, com necessidades que precisam ser correspondidas a sua maneira, com um traço de personalidade completamente narcisista. É extremamente perfeita, conhecida e quando muda de cidade, perde o reconhecimento social que tinha, enfrentando uma crise e desenvolvendo diversos transtornos de personalidade até então controlados. Quando percebe que seu romantismo, sensualidade e que deixou de ser a garota exemplar do marido, reverteu para uma mulher fria, para que ele voltasse a enxergá-la como antes, mas ao descobrir a traição e que ele deixou de amá-la, desperta na garota exemplar uma mulher fria, cruel e calculista, onde prefere ser amada pelo abandono e abismo da negligência afetiva que o marido dos seus sonhos, a tirou sem se dar conta. O medo, sensação de abandono, desvalorização, frustração e a desconstrução do homem ideal, desperta uma pessoa completamente instável e impulsiva, adotando comportamentos estranhos e como punição, planeja uma fuga com o intuito que o marido seja culpado pelo assassinato dela, como uma vingança pela rejeição sofrida, despertando alguns transtornos pré-existentes. Se existe um forte senso de crueldade em Amy ao taxar as pessoas de idiotas, existe também muita coragem de admitir o que pensamos e sentimos e não assumimos. O que muitos consideram conhecimento pedante e desnecessário, para alguns é simplesmente o alimento da alma. Amy planejou tudo para incriminar o marido fazendo justiça pelas próprias mãos. Irresponsável, infiel e desligado, com a ajuda da irmã em uma investigação paralela para provar sua inocência, admite a traição, se declara e manipula Amy para provar a sua inocência. A manipulação inversa deu certo e ela passa a idealizar a volta e como poderia tirar a culpa do marido, tramando uma nova situação envolvendo um ex-namorado apaixonado por ela desde a infância, cometendo um crime perverso, o culpando e inocentando o marido. 13 Planejou a própria morte, meticulosamente manipulado, feito da melhor forma considerada por ela, mantendo sempre a pose de exemplar para a sociedade, passando despercebida de qualquer transtorno ou psicopatia, independente da realidade dos fatos que nunca foram descobertos. De acordo com a linha psicanalítica, podemos observar em Garota exemplar como os níveis da mente consciente, pré-consciente e inconsciente, trabalham: ID: Parte mais básica da personalidade é a satisfação instantânea para nossos desejos e necessidades, não aceitando ser frustrado. Fica localizado no nível inconsciente do cérebro, portanto não existe certo ou errado, é o ambiente dos impulsos sexuais, satisfação das necessidades básicas e as consequências não importam. EGO: O ego lida com a realidade e tenta satisfazer os desejos do ID de uma forma aceitável pelo mundo, tomando a decisão final. Reconhece que as pessoas têm desejos e necessidades e que o egoísmo nem sempre é bom a longo prazo. É o elemento principal entre o ID e o Superego, possui elementos do inconsciente, mas é guiado pela realidade, mediando as exigências do ID, limitações do Superego e a sociedade. SUPEREGO: É baseado na moral e julgamento sobre o certo e errado. Mesmo que o ego e superego possam chegar a mesma decisão, a razão do superego é baseada em valores morais e o ego no que os outros vão pensar ou nas consequências que possam acarretar. É a censura, culpa, medo, moral, ética e noção do certo e errado, desenvolvido na infância a partir dos ensinamentos passados pelos Pais, Escola e Sociedade. ID, EGO E SUPEREGO trabalham juntos na criação do comportamento: ID => Cria a demanda (vontades, desejos e instintos); EGO => Acrescenta as necessidades da realidade (interação com a realidade mantendo a sanidade); SUPEREGO => Acrescenta a moral a ação tomada (alerta do que é moralmente aceito) ID, EGO e SUPEREGO, Formam a psique humana, mantendo a vida em sociedade sem nos comportar como um animal irracional e sem pensar demais sobre tudo. É dessa forma que percebemos a presença dessas instâncias psíquicas no dia a dia, como vozes quase sempre discordantes, aconselhando as tomadas de decisão. 14 Através da compreensão das instâncias, podemos entender de onde vem o sentimento de culpa e autocensura, e porque muitas decisões são difíceis de tomar e nos permitem sentir plenamente satisfeitos. A vida em sociedade exige a sublimação de nossas pulsões e muitas vezes causando essas frustrações, indecisões e mal-estar, desenvolvendo muitas psicopatologias. Quando a confiança é quebrada, as pessoas reagem de maneiras diferentes, algumas se deprimem e recuam e outras se tonam zangadas e vingativas. O cinismo é a melhor forma de reagir as aparências impostas pela sociedade. Na nossa opinião, podemos considerá-la: Transtorno de personalidade => Ameaça e manipula, engravidando, fingindo uma relação boa o forçando-o ficar com ela. Narcisista => Querer ser sempre o centro das atenções e a frustração, gera impulsividade e sede de vingança. Psicopata => Motivada pela vingança pela infidelidade, mata uma pessoa cruelmente, não se preocupa em machucar e não possui sentimentos. É ousada e assume risco sem medo das consequências e podem parecer pessoas normais por um certo tempo. 6. GAROTA EXEMPLAR SERÁ UM CONTO DE FADAS?! Iniciamos aqui uma intrigante reflexão, buscando relacionar a trama do filme “Garota exemplar” fazendo uma analogia aos clássicos efeitos dos contos de fadas, principalmente na relação da respectiva importância da constituição subjetiva sob a ótica da psicanálise. ... Não é surpreendente descobrir que a psicanálise confirma nosso reconhecimento do lugar importante que os contos de fadas populares alcançaram na vida mental dos nossos filhos. Em algumas pessoas, a rememoração de seus contos de fadas favoritos ocupa o lugar das lembranças de sua própria infância: elas transformaram esses contos em lembranças encobridoras.” (Freud. S. 1913) Sem dúvida, a psicanálise ocupou e ocupa até hoje um papel fundamental neste novo olhar lançado para a criança; inicialmente a criança é tida como um ser sem importância, imaturo e assexuado que perpassa pela não admissão do seu desejo; e foi somente a partir de Freud que esta concepção se atualiza, compreendendo a criança como um ser de natureza infantil, cuja sexualidade não mais poderia ser confundida com a sexualidade adulta (COSTA, 2007).15 Esse foi um momento teórico muito importante no desenvolvimento da teoria psicanalítica, no qual o relevante não são mais os fatos da infância, mas a realidade psíquica, constituída pelos desejos inconscientes e pelas fantasias a ela vinculadas, tendo como pano de fundo a sexualidade infantil (COSTA, 2007, p. 14). Freud, que primeiramente não se interessava em estudar as crianças, nas suas observações sobre as neuroses, acaba por encontrar um infantil que se mantinha no adulto. E é deste infantil da realidade psíquica e não da realidade factual que se ocupa a lógica do inconsciente. Em sua teoria, Freud apresenta ao mundo sua posição revolucionária em que a criança é dotada de características sexuais, que seu é um corpo pulsional, um corpo de desejo, e em muito se assemelha ao adulto em suas angústias e fantasias. (Costa, 2007). A castração é o processo de simbolização do ser humano. Boukobza (2006) citando Françoise Dolto, entende que não há apenas uma castração, mas várias, que ao longo da vida são representadas pela castração do cordão umbilical (nascimento), castração oral (desmame), a castração primária (assunção pela criança de seu sexo), e a castração edípica (interdito do incesto). Quando finda a castração edípica, se constrói o narcisismo secundário da criança. As castrações modelam a imagem do corpo e dão acesso à simbolização. Foi a partir de Lacan que o termo sujeito ganha espaço, tratar da questão do que é o sujeito implica tratar do processo da sua constituição. Em geral, as diversas abordagens da psicologia definem personalidade como um resultado interativo de fatores genéticos, ambientais e comportamentais do indivíduo. A psicanálise se opõe radicalmente a essas concepções, pois o campo psíquico não é um efeito interativo e secundário de ordens positivas. A noção central do campo psíquico é justamente a de sujeito. O sujeito, portanto, se constitui, não “nasce” e não se “desenvolve”, e sim, se constitui do campo da linguagem (ELIA, 2004). Enquanto não encontra seu próprio sentido, ao humano recém-nascido resta corresponder ao sentido que lhe dão, processo que Lacan denomina alienação. É preciso alienar-se no desejo e nas palavras de um outro da espécie para poder ter existência simbólica, e é no contato com o outro que o organismo vai sendo aos poucos simbolizados (BERNARDINO, 2006). Lacan ampliou a importância do sentido dado desde a família ao complexo de castração, colocado no centro do vir a ser do ser humano como um limite universal, que podemos dizer da relação do bebê e da mãe, do homem e a natureza, da cultura e do animal humano. Dessa forma, o acesso à linguagem se dá na forma de perda, de amputação e de alienação no Outro genérico. (MELLO NETO, 1994). Dolto (2005) diz que a psicanálise nos mostra importância da transmissão dos 16 valores da família como potencialidades estruturais, exercendo um lugar fundamental nessa constituição. (Araújo, 2011). Podemos assim compreender a “magia” das palavras. “É que as palavras são o mediador mais importante da influência que um homem pretende exercer sobre o outro; as palavras são um bom meio de provocar modificações anímicas naquele a quem são dirigidas, e por isso já não soa enigmático afirmar que a magia das palavras pode eliminar os sintomas patológicos, sobretudo aqueles que se baseiam justamente nos estados psíquicos.” Freud, S. [1905] 1996. Por meio dos contos de fadas, a criança pode compreender mais sobre seus problemas íntimos do que qualquer outra história, ela necessita de ajuda para encontrar sentido no turbilhão de sentimentos que vivencia, precisa de ideias de como irá colocar ordem na sua subjetividade, e com base nisso ter ordem na sua vida. Necessita de uma educação moral que, de modo sutil e implicitamente, a conduza as vantagens do comportamento moral, não por meio de conceitos abstratos, mas de uma maneira que lhe pareça tangível e, portanto, significativa, a criança encontra esse tipo de significado nos contos de fadas. Tradicionalmente, os Contos de Fadas foram transmitidos para as crianças de forma oral, foram contadas e recontadas inúmeras vezes, e exigiam da criança todo um complexo de organização que a levava a imaginar cada cena de forma única e subjetiva. A linguagem contemporânea conta com diversos recursos, e a imagem representa o “carro-chefe” na vida infantil. (...) A ficção acaba representando uma saída para que certas verdades se imponham, sem contar ainda com o espaço dos pais junto à seus filhos (Araújo, 2007). Os elementos assustadores presentes nos contos de fadas ensinam os pequenos a enfrentar o medo. Crianças procuram e desejam o medo; elas exigem que os adultos repitam várias vezes os trechos mais amedrontadores dos contos de fadas; o medo é uma das sementes privilegiadas da fantasia e da invenção, é um sentimento vital que nos protege dos riscos da morte. Em função dele, incitamos também o sentido de curiosidade e coragem, possibilitando a expansão das pulsões de vida. O medo, o prazer do mistério e o desafio respondem o máximo de suas fantasias de onipotência (CORSO, 2006). Bettelheim (2007) diz que a criança precisa entender o que está se passando dentro de seu eu consciente, para que possa também, enfrentar o que se passa em seu inconsciente; a criança pode atingir esse entendimento, e, com ele, a capacidade de enfrentamento, não pela compreensão racional da natureza e do conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando- -se com ele graças à fabricação de devaneios, ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos externos dentro dos contos de fadas apropriados 17 em resposta a pressões inconscientes. Ao fazer isso, a criança adapta o seu conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, e isso a ajuda lidar consigo mesma. O inconsciente é um determinante poderoso do comportamento humano, e se ele é recalcado e nega-se a entrada de seu conteúdo à consciência, eventualmente a mente consciente será dominada por derivativos desses elementos inconscientes, caso contrário, está se verá forçada a manter um controle de tal forma rígido e compulsivo sobre eles que sua personalidade poderá vir a ser gravemente danificada. Mas, quando o material inconsciente tem permissão de aflorar à consciência e ser trabalhado na imaginação, seus danos potenciais ficam reduzidos (BETTELHEIM, 2007). Apropriando-se de todo contexto e teoria pelo viés psicanalítico apresentados nesse trabalho, podemos sugerir que a personagem Amy da ficção Garota Exemplar, poderia ter se apropriado da fantasia de ser uma criança perfeita que todos os pais gostariam de ter, desenvolveu sua constituição como criança e reverberando em sua vida adulta. De forma que suas fantasias, provenientes de sua imaginação e reforçadas pelos seus pais em tenra idade, afloraram em seu inconsciente como forma de verdade absoluta, não sendo devidamente trabalhadas e educadas para uma compreensão da realidade com a ficção, proporcionando em sua concepção de reconhecimento como mulher, essa garota exemplar, com um potencial narcisista, determinado pela perfeição, causando prejuízo em sua personalidade e caráter. Para se manter nessa realidade de perfeição, responsável por moldar a todos como ela acreditava ser o correto, passou a não ter limites em suas concepções e consequentemente em suas interpretações e atitudes, vinculadas a uma perversidade sem controle e de poder. 18 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ▪ Scarabelli, Ana Caroline Oliveira. A ESTRUTURA PERVERSA A PARTIR DOS PRESSUPOSTOS PSICANALÍTICOS. TCC 2020; ▪ Dias, Andressa da Silva. ESTRUTURA PERVERSA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PERVERSÃO FEMININA, UNIJUI, IJUÍ 2018; ▪ Moura, Valter Barros. 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