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"APS2. Numa execução de título executivo extrajudicial, o juiz de direito da 2ª Vara Cível determinou a penhora de 30% dos vencimentos do executado, sob o argumento de que tal penhora preserva o suficiente para a manutenção do executado e de sua família. Considerando que o crédito não tem natureza alimentar e que a penhora não incidiu sobre o excedente a 50 salários-mínimos mensais, analise a decisão judicial à luz do art. 833 do CPC e da ponderação entre os interesses envolvidos, especialmente o direito do exequente à satisfação do crédito e a proteção da dignidade do executado e de sua família." a) Explanação sobre o direito do exequente à satisfação do crédito em contraposição à proteção da dignidade do executado e sua família; Resposta: A execução vem para garantir a satisfação dos direitos do exequente. Por outro lado temos o devedor que, como já é sabido, a execução não recai somente sob a pessoa devedora, mas também sob seus bens. Mas para que seja garantido os direitos de ambos os lados, nosso CPC traz princípios onde resguarda também alguns limites para a penhora de bens, pois não se pode executar bens que comprometam a sua sobrevivência e o sustento de sua família. b) Fundamentos legais de cada concepção acima; Resposta: Princípio da dignidade da pessoa humana: Garantia dada pela nossa Constituição Federal, onde diz que todos têm direito ao mínimo para sua subsistência. Princípio da menor onerosidade: Este garante que a execução não pode se estender além do necessário para cumprir a obrigação, pois ela não pode ir ao enriquecimento sem causa para o credor, e nem para o empobrecimento do devedor. Então a execução deve cumular de forma mais benéfica ao devedor, ou seja, o Juiz deverá sempre optar pela forma de adimplemento da obrigação menos gravosa para o devedor. c) Entendimento doutrinário sobre os valores jurídicos acima (pelo menos 1 doutrinador conhecido para cada instituto); Resposta: Segundo Luiz Fux sobre o princípio da menor onerosidade: “O processo existe para substituir a vingança privada. Quem não acredita na Justiça, a faz com as próprias mãos. O que a reforma do CPC permitiu, ao resumir a fase da execução da sentença, é que a razoável duração do processo se torne realidade para que a parte seja colocada na mesma situação que estava antes de sofrer a lesão e, assim, restabelecer seu direito” d) Dois acórdãos sobre os princípios acima - um de cada vertente (de qq Tribunal do país - inclusive Tribunais superiores) - copiar apenas a ementa do acórdão no trabalho e esclarecer do que se trata de forma resumida. Resposta: Acórdão (ementa): “DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO. TÍTULO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. NATUREZA DA VERBA CONSTRITA. SÚMULA N. 7/STJ. APLICAÇÕES FINANCEIRAS (CDB). LIMITE DE IMPENHORABILIDADE DO VALOR CORRESPONDENTE A 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA” Esclarecimentos: O STJ entendeu que o princípio da menor onerosidade não é absoluto, pois deve também ser interpretado de acordo com o princípio da efetividade da execução para que garanta também o interesse do credor. Acórdão (ementa): “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. ORDEM DE PREFERÊNCIA. INOBSERVÂNCIA. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE. REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE.” Esclarecimentos: O STJ entendeu que apesar de o princípio da menor onerosidade não ser absoluto, para afastá-lo deve-se comprovar de forma concludente esta necessidade. e) Posição pessoal sobre a decisão do juiz em tela, fundamentando sua posição (se desejar, à luz dos argumentos do acórdão a favor de sua tese): Na minha visão, concordo que o princípio da menor onerosidade não deve ser absoluto. Mas para a continuidade da execução com o afastamento desse princípio, deve-se comprar sua utilidade, como por exemplo uma fraude, ou a execução seja de natureza alimentar, para que assim haja um equilíbrio entre ambas as partes. Diga-se de passagem, é como diz Aristoteles: “Devemos tratar igualmente os desiguais, e desigualmente os desiguais de acordo com sua desigualdade”. Para mim, essa frase já diz tudo que eu poderia tentar descrever sobre este princípio da execução.