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INTRODUÇÂO Uma das maiores conquistas culturais de um povo em seu processo de humanização é o envelhecimento de sua população, refletindo uma melhoria das condições de vida. Os censos nacionais e internacionais noticiam o rápido aumento de idosos na população mundial. No Brasil, vê-se um relevante aumento na expectativa de vida e consequentemente um crescimento da população idosa. Isto é resultado de vários elementos como, os múltiplos avanços tecnológicos e científicos, a admissão de um estilo de vida mais saudável, programas e atitudes de prevenção em relação às doenças e outros fatores associados (Herédia, Cortelletti & Casara, 2004). A Nova pesquisa do IBGE constatou que os Idosos, pessoas com mais de 60 anos, somam 23,5 milhões dos brasileiros, mais que o dobro do registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas. Na comparação entre 2009 e 2011, o grupo aumentou 7,6%, ou seja, mais 1,8 milhão de pessoas. Há dois anos, eram 21,7 milhões de pessoas. Apesar desses números, ainda existem muitos mitos e preconceitos em relação à velhice e este fenômeno acontece quando ser idoso é considerado prejudicial, de menor utilidade ou associado a incapacidade funcional. O preconceito envolve, geralmente, a crença de que o envelhecer torna o individuo inativo, fraco e inútil. Herédia, Cortelletti & Casara (2004) salienta que “os diversos posicionamentos frente à velhice e ao envelhecimento encontram-se ligados a valores que predominam em determinado contexto e em cada momento histórico” (p.88). Entretanto, precisa-se salientar que o envelhecimento é um processo natural, faz parte de um ciclo da vida em que, apesar de haver um enfraquecimento natural das capacidades mentais e físicas, pode também existir bem estar e qualidade de vida. É importante ressaltar que os mitos, preconceitos e estereótipos, muitas vezes, estão ligados à falta de conhecimento do processo de envelhecimento e, geralmente, influenciam a forma como as pessoas interagem com o idoso. Essa visão minimizada e estereotipada da velhice exerce influencia também na enfermagem, e podem determinar atitudes positivas ou negativas frente aos idosos (Berger, 1995). O enfermeiro que não percebe as necessidades de cada idoso e não o reconhece como ser único tem dificuldade de estabelecer com ele uma relação de ajuda e cuidados. Compreender o envelhecimento como um processo dinâmico, conduz necessariamente a uma mudança de atitude em relação ao idoso e permite ao enfermeiro assumir um papel inovador e relevante na prestação de cuidados. Potter (2009) destaca que o cuidar envolve uma atitude do enfermeiro conectado por duas formações: a pessoal e a profissional. As possíveis repercussões destes valores, com reflexos na prática dos enfermeiros, podem ser percebidas no cotidiano, no relacionamento entre clientes-profissionais de enfermagem. Este relacionamento transcorre na subjetividade do profissional que assiste, intervindo no cuidar - no agir humano. Faz-se necessário que todos os enfermeiros obtenham conhecimentos concernentes às necessidades especificas da pessoa idosa. Consideram-se importantes que todos os cursos de Enfermagem abordem a temática do envelhecimento e cuidados de enfermagem global dirigida ao idoso (Tinôco & Rosa, 2015). O Conselho de Bioética da Presidência Norte Americana declarou (2005 apud Taylor, Lillis, LeMone & Lynn, 2014, p.459) A forma como cuidamos dos idosos serão uma prova de que a vida moderna não apenas deixou as coisas melhores para nós, mas ainda que nos tornou seres humanos melhores, com mais vontade de aceitar as obrigações de cuidar e com mais capacidade de enfrentar os encargos dos cuidados. De forma simples, será que uma sociedade que valoriza autoconfiança, a liberdade pessoal e a realização profissional consegue reconciliar-se com as realidades de dependência, menor autonomia e responsabilidade pelos outros? Sequeira (2012) ressalta que quando se pensa a prática da enfermagem surge o questionamento acerca de como a enfermagem está desenvolvendo seu processo de trabalho. Quais os desafios que se apresentam? Assim, motivaram a escolha desta temática a preocupação e a necessidade de investir em pesquisa numa área emergente. Referências BERGER, Louise – Cuidados de enfermagem em gerontologia. In BERGER, Louise; MAILLOUX-POIRIER, Danielle-Pessoas idosas: uma abordagem global. Lisboa: Lusodidacta, 1995. ISBN 972-95399-8-7. p. 11-19 HEREDIA, V. B. M., CORTELLETTI, I. A.; CASARA, M. B.(2004). Institucionalização do Idoso: identidade e realidade. In I. A. Cortelletti, M. B. Casara & V. B. M. Herédia (Orgs.). Idoso asilado: um estudo gerontológico (pp. 13-60), Porto Alegre: EDIPUCRS. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 novembro de 2015. POTTER, Patricia Ann. Fundamentos de enfermagem / Patricia A. Potter, Anne Griffin Perry; [ tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento... et al.].- Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. TINÔCO, A. L. A., ROSA, C. O. B. (2015). Saúde do Idoso: Epidemiologia, aspectos nutricionais e processos de envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio. TAYLOR, C. R. LILLIS, C. LEMONE, P. LYNN, P. (2014). Fundamentos de Enfermagem: A Arte e a Ciência do Cuidado de Enfermagem. 7 edição. São Paulo: Artmed