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mais absurdas que elas possam parecer; caso contrário, é melhor o leitor fechar o livro e abrir uma revista, ou um jornal. Mesmo que a obra não apresente uma correspondência de verdade com o mundo real, espera-se que ela tenha uma verossimilhança interna, de acordo com a proposta do escritor. Leia o depoimento da escritora Lygia Bojunga Nunes a respeito dessa liberdade de invenção do escritor: “A liberdade de fazer uma cena, um parágrafo, um capítulo do jeito que a minha imaginação pedia e não do jeito que esperavam de mim. Era só eu cismar que botava o Maracanã cheinho dentro de uma cena. (...) E era só querer, que eu fazia cena atrás de cena só com um gato- pingado. Ou sem nenhum. Eu podia fazer um capítulo de três linhas. Ou de três páginas. Ou de trinta. Nossa! Querendo, eu botava um barco dentro do livro. Eu botava bicho. E ainda por cima fazia ele falar. E fazia o barco chorar, tá bem? Puxa, eu podia tudo". NUNES, 1988, p. 54 5 - PERSONAGENS Personagens são seres inventados, fictícios, semelhante a seres humanos, ou a animais, ou mesmo a seres inanimados (que adquirem vida na narrativa). São classificados em dois grupos, conforme suas características básicas: Por um lado, há os personagens quadrados, bidimensionais, dotados de altura e de largura, mas não de profundidade; geralmente apresentam um só defeito ou qualidade. Em sua forma mais reduzida, são meros tipos ou caricaturas. São também chamados planos, chatos, rasos, superficiais ou simples. Por outro lado, há os personagens redondos ou tridimensionais: esses são dotados de profundidade, séries complexas de qualidades e defeitos (caracteres). Designam-se também como profundos ou complexos. 6 - APRESENTAÇÃO DOS DISCURSOS DOS PERSONAGENS 45