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As sete ferramentas básicas da qualidade SST Dondoni, Danielle Calazans As sete ferramentas básicas da qualidade / Danielle Calazans Dondoni Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 12 3 As sete ferramentas básicas da qualidade Apresentação Nesta unidade, serão apresentadas as principais ferramentas da qualidade, tais como estratificação, folhas de verificação e histograma, em que serão detalhadas suas características, aplicações e exemplos. As ferramentas, denominadas como as “sete básicas”, foram enfatizadas pela primeira vez por Kaoru Ishikawa, um japonês reconhecido mundialmente como um dos principais gurus da qualidade. Nesse aspecto, abordaremos, por meio de diferentes ferramentas da qualidade, como se aperfeiçoar e melhorar os ambientes das empresas. Ferramentas Vamos conhecer algumas das principais ferramentas da qualidade? Acompanhe. Estratificação A estratificação é uma ferramenta que auxilia no encontro de padrões que contribuem na compreensão das causas e variações de um processo. Preferencialmente, deve ser feita em reuniões com todas as pessoas que possam colaborar com a análise.Seu objetivo principal é responder à pergunta “Como ocorre o problema?” e agrupar os dados obtidos em subgrupos heterogêneos entre si, porém, homogêneos internamente, facilitando o entendimento e a resolução do problema. Vejamos, a seguir, os seguintes tipos de estratificação (CAMPOS, 2004). 4 1. Tempo: os resultados relacionados com o problema são diferentes de manhã, à tarde ou à noite? 2. Local: os resultados são diferentes em partes distintas de uma peça (topo, corpo, base)? 3. Indivíduos: os resultados são diferentes dependendo do operador ou da turma? 4. Sintoma: os resultados diferem em função dos distintos defeitos que podem ocorrer? 5. Tipo: os resultados são diversificados dependendo do fornecedor da matéria- prima? Folhas de verificação As folhas de verificação são utilizadas para que a coleta de dados ocorra de forma simplificada e organizada, sem necessidade de rearranjar os dados posteriormente. Em geral, consistem em um formulário ou planilha, em que os itens a serem verificados já foram identificados. Corresponde ao ponto inicial de todos os processos que precisam ser avaliados em relação a fatos e dados. Podemos dizer que há diferentes tipos de folhas de verificação, sendo simples ou de frequência, visto que a primeira consiste na verificação de cumprimento de um determinado item (um check-list), e a segundo avalia o número de ocorrências de um determinado item em um certo período de tempo. 5 É essencial que a elaboração da folha de verificação esteja adequada, com itens de fácil compreensão e direcionada para uma mesma observação, independentemente da pessoa que estiver realizando a coleta de dados. Atenção Histograma O histograma, também conhecido como polígono de frequência, é um gráfico de barras que descreve a frequência de um fenômeno por um período determinado; a evolução do fenômeno ao longo de um período e a forma de distribuição dos dados. É útil para representar de forma clara e precisa um elevado conjunto de dados, como, por exemplo, o número de itens não conformes produzidos em um mês ou a quantidade de vezes que um determinadofenômeno (causas) foi identificado como gerador de um produto fora das especificações. A elaboração do histograma é simples. No eixo horizontal, registram-se os fenômenos (ou os intervalos que as representam), e, no eixo vertical, a frequência de ocorrência de cada característica (ou de cada intervalo). Como exemplo, temos: uma determinada indústria identificou que no último semestre ocorreram 160 falhas na produção. Por análise dos dados, identificaram sete causas e a frequência de ocorrência de cada uma. A construção do histograma a seguir mostra que a causa 4 foi observada em 50 situações. Histograma da distribuição de frequência das causas geradoras de falhas Histograma Causa 1 10 25 30 50 25 15 5 Causa 2 Causa 3 Causa 4 Causa 5 Causa 6 Causa 7 60 50 40 30 20 10 0 Fr eq uê nc ia Fonte: Elaborada pela autora (2020). 6 Diagrama de pareto Vilfredo Pareto foi um economista italiano que, ao estudar a distribuição de renda da população, identificou que uma parcela pequena da população (20%) detinha a maior parte (80%) do PIB. Joseph Juran expandiu o princípio de Pareto para as organizações industriais, tendo identificado que a maior parte das perdas relacionadas à qualidade é originada de poucos, mas vitais problemas. Correlacionando com a distribuição proposta por Pareto, pode-se dizer que 80% das perdas associadas a um produto ou serviço são causadas por apenas 20 %dos tipos de defeitos. Observe na figura seguinte. Representação do princípio de Pareto Fonte: Deduca, 2020. A análise de Pareto permite dividir um problema grande em diversos outros menores e que são mais fáceis de serem resolvidos; possibilita, ainda, priorizar os projetos, pois mostra de forma clara os problemas mais frequentes e de maior impacto, e, por fim, permite o estabelecimento de metas para a resolução do problema. O gráfico consiste em barras verticais com ordenação decrescente da frequência de ocorrências de uma determinada causa identificada como geradora do problema. Cabe ressaltar que nem sempre a causa identificada com maior frequência deve ser tratada prioritariamente. Considerando, por exemplo, que o defeito de uma peça pode ser originado a partir de diversas causas, deve-se construir o diagrama de Pareto multiplicando a frequência de ocorrência de uma determinada causa pelo peso correspondente (por exemplo, o custo).O produto dessa multiplicação é que mostrará os elementos mais importantes em termos de prioridade para o estudo. 7 Diagrama de Pareto das causas geradoras de falhas Diagrama de Pareto Fr eq uê nc ia X P es o Frequência acum ulada 100,0% 80,0% 60,0% 40,0% 20,0% 0,0% 102,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Causa 3 Causa 4 Causa 2 Causa 5 Causa 1 Causa 6 Causa 7 Fonte: Elaborada pela autora (2020). Gráficos de controle Os gráficos de controle, também denominados carta controle, são utilizados para avaliar a estabilidade de um processo mediante o acompanhamento de suas variações. Podem ser construídos com os seguintes dados: • X e R: utiliza os valores de média (X) e amplitude (R). • X e S: utiliza os valores de média (X) e desvio padrão (S). • Mi e R: utiliza os valores de mediana (Mi) e amplitude (R). • X (individual) e AM: respectivamente, média individual e amplitude móvel. A definição desses termos é apresentada a seguir: a. A média é o resultado da soma de um conjunto de valores dividido pela quantidade de dados considerados. b. O desvio padrão é igual à diferença entre um conjunto de números e seu valor médio. c. A mediana é o valor que separa um conjunto de dados ordenados em duas partes iguais. Em geral, é dado pelo elemento central de uma sequência. d. A amplitude é a diferença entre o maior e o menor valor de um conjunto de dados. Quando um processo está sob controle estatístico, os resultados observados têm uma distribuição normal, isto é, variam dentro de um limite específico em torno de um valor. Veja o exemplo demonstrado na figura a seguir. Considera-se que esses 8 valores estão sob controle, pois nenhum dado observado ultrapassou os limites de desvio padrão ou amplitude estabelecidos (linha vermelha). A linha verde representa o valor médio ou a mediana. No eixo X, pode ser incluída a data, hora ou mês. Exemplo de gráfico de controle ou carta controle Va lo r Carta Controle 16 14 12 10 8 6 4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Fonte: Elaborada pela autora (2020). A carta controle é uma excelente ferramenta para acompanhamento de um processo, pois serve de alerta, indicando quando as variações saem dos limites estabelecidos. No entanto, somente a análise minuciosa dos dados permitiráidentificar as possíveis causas do problema. Diagramas de causa e efeito O diagrama de causa e efeito étambém denominado diagrama espinha de peixe, ou diagrama de Ishikawa. Representação do diagrama espinha de peixe Fonte: Deduca, 2020. Esse diagrama é composto por uma linha central que leva ao efeito (problema), e as espinhas laterais representam os fatores (causas) desse efeito. Em geral, são 9 agrupados no denominado 6Ms: Mão de obra, Máquina, Material, Método, Meio Ambiente e Medição, ou, ainda, 4Ps: Políticas, Procedimentos, Pessoal e Planta (layout). No entanto,essas não são regras fixas, servem como direcionamento para pensar em cada aspecto desses fatores principais e definir as possíveiscausas secundárias que contribuíram para gerar o efeito em estudo. A utilização dessa ferramenta tem como vantagem a separação entre causa e efeito e a identificação de várias causas e subcausas que levam a um mesmo efeito. Como exemplo, temos: um diretor de frotas de uma empresa constatou que os carros estão com elevado consumo de combustível (efeito). Uma das causas identificadas foi categorizada como relativa a material, e as possíveis subcausas foram identificadas como sendo a qualidade do combustível e do óleo lubrificante utilizados. Observe agora a figura a seguir. Construção do diagrama de causa e efeito – diagrama espinha de peixe Problema Alto consumo de combustível Qualidade do óleo lubrificante Qualidade do combustível MaterialMáquinaMão de obra MediçãoMeio AmbienteMétodos Fonte: Elaborada pela autora (2020). Grá icos de dispersão Os gráficos de dispersão, ou diagramas de dispersão, são representações de duas ou mais variáveis, organizadas em um gráfico, uma em função da outra. O diagrama mostra se existe ou não uma correlação entre duas variáveis estudadas, podendo sera relação entre causa e efeito. Nos casos em que há correlação, ela pode ser positiva ou negativa, podendo, ainda, ser classificada como elevada (forte) e fraca correlação. 10 Veja na figura a seguir a representação gráfica da correlação entre uma variável X e Y quaisquer. Note que há uma reta vermelha nos gráficos, a qual é chamada linha de tendência. Quando os pontos estão bem próximos a essa linha, dizemos que a correlação é forte. Já quando os pontos estão um pouco mais afastados da linha de tendência, isto é, apresentam maior dispersão, dizemos que a correlação é fraca. A classificação positiva pode ser interpretada da seguinte forma: há uma relação direta entre as variáveis X e Y, portanto, quando aumenta de valor X, Y também aumenta. Nesse contexto, a classificação em negativa corresponde a uma relação inversa entre as variáveis. Por fim, se a dispersão entre os dados é tal que é impossível a classificação, afirmamos que a correlação é nula ou está ausente. Gráficos de dispersão – relação entre a variável X e Y Ausência de correlação Ausência de correlação Ausência de correlaçãoçç Ausência de correlaçãoAusência de correlação Variável X Va riá ve l Y Variável X Va riá ve l Y Variável X Va riá ve l Y Variável X Va riá ve l Y Variável X Va riá ve l Y Fonte: Elaborada pela autora (2020). 11 Fechamento Nesta unidade, conseguimos identificar que as ferramentas de qualidade auxiliam os gestores a tomar as melhores decisões com base em algo que pode ser comprovado. Nesse fato, para que a utilização dessas ferramentas seja efetiva, isto é, auxilie na identificação das causas-raízes de um problema, o ideal é a participação do maior número de pessoas envolvidas no processo, a fim de mapear todos os aspectos relevantes. Vimos que as ferramentas que melhor auxiliam cada situação dentro das empresas, não deixando uma ou outra ferramenta para trás, e sim identificando que cada problema pode ser solucionado por meio do uso correta da ferramenta. 12 Referências CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total. Nova Lima: INDG, 2004.