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DIREITO DO TRABALHO CONTEXTO DO DIREITO DO TRABALHO NO QUADRO GERAL DO DIREITO SANTANA LÍVIA ALBUQUERQUE MELO livia.melo@hotmail.com Janeiro - 2023 SETOR DE MARKETING GRUPO SER EDUCACIONAL APRESENTAÇÃO: 3 DIREITO DO TRABALHO CONCEITO: “Complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas” Maurício Godinho Delgado (2018, p. 47) Mas o que isso significa? Que o direito do trabalho é a disciplina jurídica das relações individuais e coletivas. CONTEÚDO DO DIREITO DO TRABALHO RELAÇÃO DE EMPREGO: O principal conteúdo do Direito do Trabalho consiste na análise jurídica das relações de emprego e de determinados trabalhadores que foram legalmente favorecidos pelas normas trabalhistas. Mas atenção! Diversos trabalhadores são excluídos da proteção das normas de Direito do Trabalho, uma vez que está esta voltada essencialmente à figura do empregado. Ex: trabalhador autônomo, estagiários, servidores públicos estatutários, etc. DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO 1) DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO O direito individual é o seguimento que estuda o contrato individual do trabalho e as regras legais ou normativas a ele aplicáveis. Ele versa sobre os princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação de emprego. Ex: Salário, jornada de trabalho, férias, estabilidade, FGTS, etc. 1) DIREITO COLETIVO DO TRABALHO O direito coletivo versa sobre as relações de trabalho entre empregados e empregadores considerada a sua ação coletiva, realizada de forma autônoma ou por meio de suas entidades sindicais. NATUREZA JURÍDICA DIREITO PÚBLICO E qual a natureza jurídica do Direito do Trabalho? DIREITO PRIVADO NATUREZA JURÍDICA TEORIA DO DIREITO PÚBLICO TEORIA DO DIREITO UNITÁRIO TEORIA DO DIREITO SOCIAL TEORIA DO DIREITO MISTO TEORIA DO DIREITO PRIVADO RELAÇÃO COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO Direito Civil Direito Comercial Direito Internacional Direito Penal Direito da Seguridade Social Direito Administrativo Direito Tributário Direito Econômico Direito Constitucional FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 2 1 FONTES FORMAIS FONTES FORMAIS HETERÔNOMAS FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS 2.1 2.1 FONTES MATERIAIS A fonte do direito do trabalho é o meio pelo qual nasce a norma jurídica 1 FONTES MATERIAIS São fatos ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos e filosóficos que inspiram o legislador na elaboração das leis. Exemplos: As constantes reinvindicações dos trabalhadores por mais direitos trabalhistas (Direito de Greve). A pandemia causou, e causará, impactos profundos na área trabalhista (MPs da Pandemia). São a exteriorização das normas jurídica, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplos: Acordo Coletivo, Convenção Coletiva e Leis. As fontes formais podem ser elaboradas pelo Estado ou pelos próprios destinatários da norma, sem a participação do Estado. São divididas em fontes formais autônomas e fontes formais heterônomas. FONTES FORMAIS 2 São discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. São espécies de fontes formais autônomas: FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS 2.1 CONVENÇÃO COLETIVA ACORDO COLETIVO COSTUME Acordo entre sindicado profissional (trabalhadores) e sindicato da categoria econômica (empregadores). Acordo entre empresa e sindicato representante da categoria profissional. Prática reiterada de uma conduta numa dada região ou empresa. Art. 611 da CLT Art. 611, §1º, da CLT Ex.: Art. 460 da CLT FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS 2.1 ATENÇÃO PARA A REFORMA: Art. 620 da CLT: Passou a estabelecer que as condições estabelecidas em acordo coletivo prevalecerão sobre aquelas dispostas em convenção coletiva. Art. 611-A da CLT: Passou a prevê a valorização do negociado sobre o legislado. O rol apresentado pelo dispositivo e exemplificativo, sendo possível a prevalência da convenção e acordo coletivos de trabalho em outras hipóteses. FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS 2.1 REGULAMENTO DA EMPRESA é fonte formal autônoma? Regulamento da empresa é o conjunto de regras elaboradas pelo empregador para organizar melhor a empresa. Será considerado fonte formal se as regras formuladas pelo empregador forem de caráter geral e impessoal. Mas atenção: Art. 611-A: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: [...] VI - regulamento empresarial 15 FONTES FORMAIS HETERÔNOMAS 2.1 Nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário). São espécies de fontes formais autônomas CONSTITUIÇÃO FEDERAL TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS LEIS MEDIDA PROVISÓRIA DECRETOS SENTENÇAS NORMATIVAS SÚMULA VINCULANTE RECURSO DE REVISTA REPETITIVO INDICIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA Outros Atos Normativos Decretos Leis Emendas HIERARQUIA DAS FONTES FORMAIS Nos demais ramos do direito, há uma rígida hierarquia das fontes formais. Exemplo: CF prevalece sobre as leis; leis são superiores aos decretos; etc. Constituição Federal 17 HIERARQUIA DAS FONTES FORMAIS Se aplica a fonte mais favorável ao trabalhador. PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL REFORMA TRABALHISTA HIERARQUIA DOS INSTRUMENTOS COLETIVOS DO TRABALHO Acordo coletivo sempre prevalecerá sobre convenção coletiva (art. 620, clt) Acordos e convenções coletivas serão superiores à lei quando tratar dos assuntos arrolados no art. 611-A, CLT 18 CONFLITO ENTRE FONTES FORMAIS CONVENÇÃO COLETIVA ACORDO COLETIVO ACORDO COLETIVO LEI INSTRUMENTO COLETIVO DE TRABALHO INSTRUMENTO COLETIVO DE TRABALHO (REGRA) ATENÇÃO: Em regra, prevalece o que estiver previsto no instrumento coletivo, salvo se violar a Constituição Federal e as matérias listadas no art. 611-B da CLT (limites à negociação coletiva). DEMAIS CONFLITOS ENTRE FONTES FORMAIS TEORIA DO CONGLOBAMENTO 19 INTERPRETAÇÃO A interpretação decorre da análise da norma jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos. Técnicas de interpretação: Alcançar o significado da norma jurídica. Os métodos podem ser aplicados conjuntamente. Interpretação Histórica: Consiste na análise histórica, social e cultural do momento de surgimento da lei para que seja possível alcançar o melhor significado para a norma analisada. Interpretação Gramatical/Literal: A interpretação é realizada no texto da norma, pela busca do significado de cada palavra e de sua organização na frase. 20 INTERPRETAÇÃO Interpretação Teleológica: Exige-se do intérprete a busca constante da finalidade da norma, ou seja, a interpretação deve buscar garantir o objetivo para o qual a lei foi criada. Interpretação Sistemática: Pela aplicação desse método, a norma jurídica deve sempre ser interpretada considerando o ordenamento jurídico em que está inserida. 21 INTEGRAÇÃO Integração: Integrar significa completar as lacunas deixadas pelo legislador. Técnicas de Interpretação: Analogia: Ocorre quando uma lei semelhante é utilizada para regulamentar o caso em que há lei específica. Ex: O art. 72 da CLT prevê um intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho consecutivo para os serviços de mecanografia. A súmula346 do TST aplica, por analogia, esse intervalo de 10 minutos aos digitadores. Equidade: Deve ser entendida como a justiça aplicada com bom senso, com razoabilidade. Princípios Gerais do Direito: Os princípios exercem importante função para o Direito do Trabalho de integração das normas. 22 INTEGRAÇÃO Costumes: Compreendem a prática reiterada de uma conduta em dada região ou empresa, por exemplo, o costume em determinada a atividade de pagar gorjeta. Direito Comparado: Confronto das leis de diversos Estados em diversos momentos históricos para estabelecer diferenças e semelhanças entre ordens jurídicas. Jurisprudência: Consiste na reiterada interpretação conferida pelos tribunais às normas jurídicas a partir de casos concretos. 23 INTEGRAÇÃO QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRECEDENTE, JURISPRUDÊNCIA E SÚMULA? PRECEDENTE: É uma decisão judicial, da qual é possível se extrair a ratio decidendi ou fundamentos determinantes. JURISPRUDÊNCIA: Ocorre quando o precedente é reiteradamente aplicado pelo Tribunal. SÚMULA: É o resumo da jurisprudência dominante do Tribunal sobre determinada matéria. 24 INTEGRAÇÃO QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRECEDENTE, JURISPRUDÊNCIA E SÚMULA? PRECEDENTE: É uma decisão judicial, da qual é possível se extrair a ratio decidendi ou fundamentos determinantes. JURISPRUDÊNCIA: Ocorre quando o precedente é reiteradamente aplicado pelo Tribunal. SÚMULA: É o resumo da jurisprudência dominante do Tribunal sobre determinada matéria. 25 INTEGRAÇÃO O PAPEL DA JURISPRUÊNCIA COMO NORMA DE INTEGRAÇÃO Na ausência da lei, o intérprete poderá utilizá-la como norma? Há duas correntes: FONTE MERAMENTE INTERPRETATIVA: As decisões reiteradas dos Tribunais servem apenas como meio de interpretação, não tendo força normativa. FONTE NORMATIVA: Pode ser usada para suprir lacunas jurídicas. 26 INTEGRAÇÃO O PAPEL DA JURISPRUÊNCIA COMO NORMA DE INTEGRAÇÃO LIMITAÇÃO À JURISPRUDÊNCIA TRABALHISTA Art. 8º, § 2º, CLT: “Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei”. 27 INTEGRAÇÃO PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DA AUTÔNOMIA DA VONTADE COLETIVA Art. 8º, §3º, CLT: “No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva”. Violação ao Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5º, XXV,CF). 28 INTEGRAÇÃO DIREITO COMUM COMO FONTE SUBSIDIÁRIA? Art. 8º, §1º, CLT: “O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho”. Redação anterior à Reforma Trabalhista: Art. 8º, parágrafo único: “O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo que não for incompatível com os princípios fundamentais deste”. 29 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princípio representa a base do ordenamento jurídico, o alicerce que fundamenta toda a interpretação e aplicação do ramo do direito estudado. Interpretação Inspiração Integração Funções 30 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Proteção Imperatividade Primazia Inalterabilidade contratual lesiva Continuidade da relação de emprego Indisponibilidade In dubio pro operário Norma mais favorável Condição mais benéfica Irredutibilidade salarial Intangibilidade salarial 31 A ARBITRAGEM NO DIREITO DO TRABALHO Art. 114, §2º, CF: “Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente”. ARBITRAGEM NO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Mas será que ela é permitida no âmbito do direito individual do trabalho? 32 A ARBITRAGEM NO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO Após a Reforma Trabalhista, a CLT passou a prever expressamente a possibilidade de utilizar a arbitragem nos contratos individuais de trabalho. Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Remuneração Inciativa do empregado ou sua concordância expressa REQUISITOS 33 SE LIGA! ART. 444, PARÁGRAFO ÚNICO EMPREGADO “HIPERSUFICIENTE” “(...) salário mensal IGUAL OU SUPERIOR a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social” ART. 507-A ARBITRAGEM “(...) remuneração seja SUPERIOR a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social” A Reforma Trabalhista criou tratamento jurídico distintos a alguns empregados, que podem negociar individualmente com seus empregadores. As cláusulas negociadas terão a mesma eficácia e preponderância dos instrumentos coletivos. Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 34 image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.gif image8.png image9.gif image10.gif image11.png image12.gif