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Conteudista: Prof. Me. Welington Castilho Garcia Revisão Textual: Esp. Vinicius Oliveira Objetivo da Unidade: Estudar os pontos introdutórios do Direito do Trabalho, tais como os seus principais princípios norteadores e fontes, assim como os caracteres configuradores da relação de emprego e aqueles que afastam o vínculo empregatício. ˨ Material Teórico ˨ Material Complementar ˨ Referências Relação de Trabalho e Relação de Emprego Princípios do Direito do Trabalho “Princípio” se refere à origem ou ao começo de algo. No universo do Direito do Trabalho, os princípios são responsáveis por mostrar os caminhos de tal ramo do Direito, caracterizando-o e individualizando-o de acordo com suas peculiaridades. A expressão “princípios do Direito do Trabalho” não significa necessariamente que todos os institutos são exclusivos da seara trabalhista, pois alguns são apenas encontrados com maior ênfase. Em tal perspectiva, destacam-se três princípios: o da proteção, o da irrenunciabilidade de direitos e o da primazia da realidade. Princípio da Proteção Inicialmente, é preciso compreender que a relação de emprego não é equilibrada, ou seja, o trabalhador é hipossuficiente economicamente diante do seu empregador, fato que o torna vulnerável, daí a atuação do Estado e/ou de grupos (como os sindicatos) com o intuito de estabelecer limites ao poder diretivo do empregador, isto é, à liberdade de dirigir a relação de emprego. Não se trata de intromissão ou impedimento ao exercício de uma atividade econômica. O princípio da proteção busca apenas garantir o mínimo de direitos básicos ao trabalhador, por exemplo, quando a legislação estipula a jornada máxima de trabalho em 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais com o objetivo de evitar a fadiga do trabalhador e proporcionar período de descanso necessário à reposição de energias. 1 / 3 ˨ Material Teórico Diante de tal contexto, o princípio da proteção desdobra-se em duas vertentes, as quais podem ser consideradas verdadeiros princípios também, quais sejam: norma mais favorável e condição mais benéfica. Quanto à “norma mais favorável”, diante de duas ou mais normas aplicáveis ao caso concreto, utilizar-se-á aquela mais salutar. Para compreender sua aplicação, imagine o seguinte caso: José trabalhou em regime de horas extras; a Constituição Federal (art. 7º, XVI) preceitua que o adicional para serviço extraordinário seja no mínimo cinquenta por cento superior à hora normal, já a convenção coletiva de trabalho da categoria de José prevê um acréscimo de setenta por cento. Com base na “norma mais favorável”, aplica-se o adicional previsto na convenção coletiva de trabalho. No que diz respeito à “condição mais benéfica”, almeja-se a manutenção das vantagens adquiridas no decorrer do vínculo empregatício. Imagine que o regulamento interno da “empresa X” preveja um adicional de triênio aos empregados. Caso esse benefício seja retirado do regulamento, tal condição prevalecerá apenas para os empregados que ingressarem nos quadros após a modificação. Saiba Mais O Tribunal Superior do Trabalho, na Súmula 51, prevê que, existindo, de forma concomitante, dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles acarreta renúncia às regras contidas no outro. Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos A renúncia equivale a um ato unilateral no qual o trabalhador abdica de algum direito trabalhista. No entanto, tal prática deve ser analisada cautelosamente, tendo em vista que a maioria dos direitos trabalhistas estão inseridos em patamares mínimos e, muitas vezes, atrelados à dignidade da pessoa humana. Em razão disso, apesar de exceções legais, o trabalhador não poderá dispor livremente e ilimitadamente dos seus direitos, ainda que voluntariamente. Nesse contexto, cumpre exemplificar o direito às férias, pois mesmo com a possibilidade de converter um terço do período em dinheiro (art. 143 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), o que popularmente é conhecido como “vender” as férias, o restante do intervalo deverá ser obrigatoriamente usufruído, ou seja, descansado. Princípio da Primazia da Realidade Saiba Mais A irredutibilidade salarial, isto é, a impossibilidade de reduzir salários pelo empregador é um exemplo da manifestação do princípio da irrenunciabilidade de direitos. Todavia, excepcionalmente, no art. 7º, VI, da Constituição Federal, admite-se a redução, desde que haja a pactuação de acordo ou convenção coletiva de trabalho. A palavra “primazia” significa preferência ou prevalência. A expressão “primazia da realidade” implica que, diante de um possível conflito entre os fatos e as formas, triunfarão os acontecimentos. Segundo Vólia Bomfim Cassar (2018, p. 189), “destina-se a proteger o trabalhador, já que seu empregador poderia, com relativa facilidade, obrigá-lo a assinar documentos contrários aos fatos e aos seus interesses”. Por exemplo, o empregador de Josefa registrou sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) com o cargo de vendedora e o salário de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). Contudo, ela executava atividades de gerente, com tarefas que exigiam maior responsabilidade e horas de trabalho, não recebendo nenhuma compensação financeira. No citado caso hipotético, havendo a comprovação dos fatos divergentes do registro, com fundamento no princípio da primazia da realidade, Josefa terá direito a receber as vantagens pertinentes ao cargo de gerente. Importante! A hipossuficiência econômica do trabalhador não poderá ser utilizada como ferramenta para sobrepor a ausência de instrumentos probatórios, ou seja, as alegações da parte obreira não serão acatadas de forma absoluta em detrimento da defesa do empregador, há que se provar os fatos. Fontes do Direito do Trabalho As fontes do Direito do Trabalho são as origens ou o nascedouro de tal ramo do Direito, isto é, o motivo de sua materialização. No art. 8º da CLT, há a previsão de que “as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito [...]”. A expressão “na falta de disposições legais” demonstra que a lei é a principal fonte do Direito do Trabalho; entretanto, não é a única. Nesse contexto, cumpre destacar as seguintes fontes: Constituição Federal brasileira de 1988: norma suprema do ordenamento jurídico brasileiro; Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): instrumento normativo que reúne as principais regras trabalhistas; Leis ordinárias e leis complementares; Atos normativos do Poder Público, como decretos, portarias e instruções normativas do Ministério do Trabalho e Previdência; Regulamento de empresa: conjunto de normas estabelecido pelo empregador unilateralmente ou em conjunto com os trabalhadores e/ou sindicato da categoria profissional; Acordo coletivo de trabalho: conjunto de normas advindo da negociação entre empregador e sindicato da categoria profissional; Convenção coletiva de trabalho: conjunto de normas originadas da pactuação entre sindicato da categoria econômica e sindicato da categoria profissional; Jurisprudência: conjunto de decisões judiciais dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho; Distinção entre Relação de Trabalho e Relação de Emprego A relação de trabalho equivale a toda prestação de serviço mediante contraprestação, ou seja, a todo labor remunerado. Trata-se de gênero, o qual comporta espécies, tais como: o trabalho eventual, o trabalho avulso e o trabalho autônomo e, inclusive, a relação de emprego. Desse modo, a relação de emprego é espécie da relação de trabalho. A relação de emprego será configurada pela existência dos predicados do vínculo empregatício, quais sejam: pessoa física, pessoalidade, onerosidade, subordinação jurídica e não eventualidade. Por outro lado, a ausência de algum dos elementos citados afasta o formato de relação de emprego, considerando-se apenas relação de trabalho no sentido genérico. Os costumes, os princípios, a equidade e a doutrina; Contrato individual de trabalho: pacto estabelecido por empregado e empregador, no qual estão condicionados os respectivos direitos e deveres de cada um. Em Síntese Ante a diferenciação terminológica, é possível concluir que “toda relação de emprego é uma relação de trabalho; entretanto, nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego”. Predicados do Vínculo de Emprego Consoante o art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “considera-se empregada toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Tal dispositivo legal apresenta os predicados da relação de emprego, quais sejam: pessoa física, pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação jurídica. A pessoa física também é chamada de pessoa natural. Conforme Valdemar P. da Luz (2015, p. 573), trata-se do “ser humano ou indivíduo, singularmente considerado, sujeito de direitos e obrigações”. É imperioso destacar que apenas a pessoa física pode ser empregada e, portanto, ter vínculo empregatício, não comportando a pessoa jurídica tal faculdade. A pessoalidade (art. 2º da CLT) se refere à impossibilidade do empregado em se fazer substituir na prestação de serviço, já que o empregador escolheu o indivíduo em razão das suas qualidades pessoais, como eficiência, experiência profissional, formação técnica. Importante! Sob a justificativa de aplicar a pessoalidade, o empregador não pode estabelecer critérios discriminatórios para a contratação dos empregados ou a manutenção deles no emprego, tais como origem, sexo, etnia, cor, estado civil, sob pena de responder judicialmente e ter de arcar com indenização pelo dano realizado. A onerosidade se refere à prestação de serviço mediante contraprestação, isto é, por intermédio do pagamento de salário. O indivíduo trabalha e, em razão do seu labor, o empregador o retribui financeiramente. Nos termos do art. 459 da CLT, para aqueles cujo pagamento tenha sido estipulado por mês, o empregador terá de cumprir com sua obrigação até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. A não eventualidade, também denominada de continuidade, está relacionada à prestação de trabalho de forma contínua, ou seja, de maneira não esporádica ou eventual. Contudo, não significa que o indivíduo deva exercer uma atividade de segunda a sexta-feira. Importante! De modo geral, a legislação não prevê a quantidade de dias trabalhados para caracterizar a “não eventualidade”, bastando que haja a constância na prestação de serviço. Contudo, a Lei Complementar 150/2015, que regulamentou o contrato de trabalho doméstico, retrata o profissional da categoria da seguinte maneira: “aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana”. Em relação à subordinação jurídica, trata-se da vinculação do empregado ao poder de direção do empregador. De acordo com Amauri Mascaro Nascimento (2009, p. 660): A subordinação jurídica verifica-se no cotidiano do vínculo empregatício. Seguem alguns exemplos: obrigatoriedade do uso de uniforme; cumprimento de jornada de trabalho; respeito às ordens de superiores hierárquicos; utilização correta das ferramentas de trabalho. Em Síntese Veja a seguir os elementos da relação de emprego: Pessoa Física; “Na relação de emprego a subordinação é um lado, o poder diretivo é o outro lado da moeda, de modo que, sendo o empregado um trabalhador subordinado, o empregador tem direitos não sobre a sua pessoa, mas sobre o modo como a sua atividade é exercida.” Conceitos de Empregado e de Empregador A construção do conceito de empregado se dá mediante a interpretação dos artigos 2º e 3º da CLT, no que se refere aos elementos da relação de emprego, isto é, trata-se da pessoa física que Pessoalidade; Onerosidade; Não eventualidade; Subordinação Jurídica. Importante! A caracterização da relação de emprego não depende da existência de um acordo de exclusividade, ou seja, o empregado poderá laborar para outros empregadores desde que haja compatibilidade de horários. Outrossim, a configuração do vínculo não depende da prestação de serviço no âmbito do estabelecimento físico do empreendimento, tendo em vista que existem profissionais externos e até mesmo aqueles que exercem suas atividades profissionais em domicílio ou remotamente. presta serviço de forma contínua a empregador, com subordinação jurídica e mediante contraprestação. Quanto ao empregador, o primeiro dispositivo celetista citado preceitua que se refere à “empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. Nesse contexto, é imperioso destacar que são considerados empregadores por equiparação (assemelhado) na hipótese de contratarem trabalhadores como empregados: os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos (art. 2º, §1º da CLT). Outrossim, o art. 2º da CLT materializa o chamado poder de direção por meio da expressão “dirige a prestação pessoal de serviço”. De fato, tal poder deve ser entendido como um direito do empregador de estabelecer as diretrizes necessárias ao desenvolvimento da sua atividade. O poder de direção desdobra-se em: poder de organização (administrar o empreendimento), poder de regulamentação (faculdade de elaborar normas, como o regulamento de empresa), poder de fiscalização ou controle (direito de fiscalizar a prestação de serviço) e poder disciplinar (direito de aplicar punições diante do descumprimento de regras ou ordens). Saiba Mais No conceito clássico de empregador, percebe-se a possibilidade de figurar a pessoa física ou jurídica. Todavia, tratando-se do empregador doméstico, o art. 1º da Lei Complementar 150/2015 disciplinou que a prestação de serviço é direcionada exclusivamente “à pessoa ou à família”, ou seja, apenas à pessoa natural. Figuras Afins ao Vínculo de Emprego Trabalhador Eventual O trabalhador eventual é aquele que presta serviço de maneira esporádica a diversos tomadores de serviço sem se fixar a nenhum deles por meio de vínculo empregatício. Na caracterização, estão presentes quase todas as características do empregado, exceto pela ausência da “não eventualidade”. Outrossim, o trabalho eventual é marcado pela prestação de serviço de curta duração e em atividades secundárias da empresa. De acordo com Amauri Mascaro Nascimento (2009, p. 859), também pode ser denominado de trabalhador descontínuo, assim como profissional sem patrão ou empregador. Ademais, a existência de diversos tomadores de serviço e a rapidez da utilização da mão de obra impedem a constituição da relação de emprego com todos os elementos imprescindíveis. Figura 1 – “Boia-fria” Fonte: Wikimedia Commons Trabalhador eventual que presta serviço em âmbito rural de modo temporário a diversos tomadores de serviço. Não se confunde com o empregado rural, visto que este possui vínculo empregatício. Figura 2 – “Chapas”, trabalhadores eventuais que fazem carga e descarga de mercadorias para caminhoneiros. Fonte: Pexels Trabalhador Avulso O trabalhador avulso é o indivíduo que presta serviço de natureza urbana ou rural a variados tomadores de serviço sem a configuração de vínculo empregatícios com nenhum deles. Todavia, difere-se do trabalhador eventual porque o avulso necessariamente deverá passar pela intermediação obrigatória do sindicato da categoria profissional ou do órgão gestor de mão de obra (OGMO). Diante disso, existem duas espécies de trabalhador avulso: o trabalhador avulso portuário e o trabalhador avulso não portuário. Apesar de não ter vínculo empregatício com os tomadores de serviço, sindicato ou OGMO, o art. 7º, XXXIV, da Constituição Federal assegurou a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Conforme a instrução normativa RFB 971/2009, são exemplos de trabalhadores avulsos portuários: prestador de serviços de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações na área dos portos organizados e de instalações portuárias de uso privativo. Segundo o mencionado dispositivo, são exemplos de trabalhadores avulsos não portuários: prestador de serviços de carga e descarga de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério, trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios), amarrador de embarcação, ensacador de café, cacau, sal e similares, aquele que trabalha na indústria de extração de sal, carregador de bagagem em porto, prático de barra em porto, guindasteiro, classificador, movimentador e empacotador de mercadorias em portos. Trabalhador Autônomo Importante! O trabalhador avulso não forma vínculo empregatício com o tomador de serviços, sindicato da categoria profissional ou órgão gestor de mão de obra. De acordo com os ensinamentos de Alice Monteiro de Barros (2016, p. 148), o trabalhador autônomo é o “patrão de si mesmo”. Trata-se do indivíduo que desenvolve suas atividades profissionais por conta própria, na maioria das vezes, detendo as próprias ferramentas de trabalho. Tal profissional difere-se do empregado com vínculo empregatício porque está ausente a subordinação jurídica, já que o autônomo é quem organiza sua própria rotina (jornada) de trabalho, diversamente do empregado, que se obriga a seguir as orientações do empregador. Figura 3 Fonte: Getty Images Exemplos de trabalhadores autônomos: eletricista, marceneiro, médico, pintor, taxista, diarista. Trabalhador Terceirizado O trabalhador terceirizado está inserido no processo denominado terceirização, o qual ocorre “quando uma empresa, em vez de executar serviços diretamente com seus empregados, contrata outra empresa para que esta os realize, com o seu pessoal sob a sua responsabilidade” (CORREIA; MIESSA, 2021, p. 243). O exemplo mais comum de contratação de trabalhador terceirizado é por meio do trabalho temporário, o qual é regido pela Lei 6.019/1974 e se configura “para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços” (art. 2º). Tal modalidade se dá por uma relação triangular envolvendo a empresa tomadora de serviços contratante (quem necessita da prestação de serviço), a empresa de trabalho temporário (quem contrata o trabalhador) e o trabalhador temporário (quem prestará o serviço). Portanto, o vínculo trabalhista é estabelecido entre o trabalhador e a empresa de trabalho temporário, sendo garantido ao profissional o pagamento de direitos trabalhistas típicos, tais Você Sabia? No art. 443-B da CLT, o legislador trouxe a possibilidade de o trabalhador autônomo exercer suas atividades com exclusividade, ou seja, vincular-se a um único tomador de serviços, contudo sem configurar vínculo empregatício. como: limitação da jornada de trabalho, horas extras, férias proporcionais, repouso semanal remunerado, adicional noturno entre outros. Diversamente dos contratos de trabalho por prazo indeterminado que regem a maior parte das relações de emprego, o trabalhador temporário não poderá ter vínculo com o mesmo empregador por período superior a cento e oitenta dias, admitida uma prorrogação por até noventa dias. Figuras Especiais Empregado Doméstico Importante! Em regra, a empresa tomadora de serviços não tem nenhuma obrigação para com o trabalhador temporário; todavia, ocorrendo a falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora (ou cliente) poderá ser acionada para o cumprimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas em lei (art. 16 da Lei 6.019/ 1974). A figura do empregado doméstico sempre esteve presente no mercado de trabalho; no entanto, somente com a promulgação da Emenda Constitucional 73/2013 os direitos trabalhistas foram estendidos à categoria. Em 2015, entrou em vigor a Lei Complementar 150, responsável pela regulamentação do contrato de trabalho doméstico, a qual é utilizada de base para a verificação e efetivação dos direitos e deveres pertinentes. A mencionada legislação caracteriza o empregado doméstico como sendo aquele que trabalha de maneira contínua, subordinada, onerosa e pessoal “e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana”. A partir da definição é possível concluir que a prestação de serviço de até dois por semana descaracteriza o vínculo empregatício doméstico e configura o trabalho autônomo de diarista. Além disso, o trabalho exercido pelo empregado não pode ter intuito lucrativo ao empregador, ainda que prestado no âmbito residencial. A título de exemplo, Maria contrata Joana como empregada doméstica, mas, além dos afazeres tradicionais da profissão, Maria utiliza a mão de obra de Joana na sua produção caseira de trufas e bombons para comercialização. Nesse caso, Joana continua sendo considerada empregada doméstica? Não, tendo em vista a finalidade lucrativa de Maria com a venda de doces produzidos por Joana. Quando se fala em trabalho doméstico, a maioria das pessoas imagina um profissional destinado exclusivamente às tarefas de limpeza e arrumação; entretanto, outras profissões estão inseridas na categoria, conforme exemplos abaixo. Figura 4 – Piloto de avião, desde que atuando para pessoa ou família (portanto, excluindo-se o piloto de aviação comercial) Fonte: Getty Images Figura 5 – Babá, desde que haja a continuidade na prestação de serviço Fonte: Getty Images Figura 6 – Cuidador de idosos, desde que as atividades não sejas exercidas em prol de clínica ou casa de cuidados, pois haveria a finalidade lucrativa Fonte: Getty Images Estagiário De forma equivocada, muitas pessoas questionam onde estão previstos os direitos trabalhistas do estagiário. No entanto, não existe tal previsão no ordenamento jurídico brasileiro, visto que o estagiário não é empregado. O estágio tem função educativa, conforme o art. 1º da Lei 11.788/2008 (Lei de Estágio): A atuação como estagiário demanda o preenchimento de alguns requisitos (art. 3º), a saber: Consoante o art. 2º da referida lei, o estágio comporta duas modalidades (art. 2º): obrigatório (definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma) e não obrigatório (desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória). No tocante à jornada de estágio, o art. 10 estabelece que as atividades não poderão ultrapassar 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, tratando-se de estudantes da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos. Por outro lado, os estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular poderão estagiar no máximo 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais. Matrícula e frequência regular do educando atestadas pela instituição de ensino; Celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; Compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. “Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.” De acordo com o art. 11, o período máximo de estágio junto à mesma parte concedente não poderá extrapolar 2 (dois) anos, ressalvada a hipótese do portador de deficiência. Saiba Mais Nos termos do art. 12 da Lei 11.788/2008, tratando-se de estágio que tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, o educando terá o direito de usufruir de um período de recesso de 30 (trinta) dias ou de forma proporcional se o estágio tiver duração inferior ao citado prazo. O período de fruição será de preferência durante as férias acadêmicas. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura A EC N. 72 e as Transformações do Trabalho Doméstico no Brasil: o Paradigma Celetista e o Problema da Fixação e Controle da Jornada de Trabalho Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Estágio Não Obrigatório: Reflexão sobre a Necessidade de se Fixar um Piso para a Bolsa-auxílio como Forma de Valorização do Instituto Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE 2 / 3 ˨ Material Complementar https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/55990/007_assumpcao.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/161510/2019_diana_bruno_estagio_obrigatorio.pdf?sequence=1&isAllowed=y Direitos Fundamentais na Relação de Emprego Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Relação de Emprego: o Mesmo e Novo Conceito Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/148036/2012_menezes_priscila_direitos_fundamentais.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/31417/011_mer%c3%a7on.pdf?sequence=3&isAllowed=y BARROS, A. M. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. CASSAR, V. B. Direito do trabalho: de acordo com a reforma trabalhista. 16. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. CORREIA, H.; MIESSA, É. Direito e processo do trabalho: carreiras trabalhistas. Salvador: JusPodivm, 2021. DA LUZ, V. P.; SOUZA, S. C. D. Dicionário Enciclopédico de Direito. Barueri/SP: Manole, 2015. NASCIMENTO, A. M. Curso de direito do trabalho. 24. ed. rev., atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2009. 3 / 3 ˨ Referências