Prévia do material em texto
1 A era Vargas (1930-1945) Aula 11 6C História O governo provisório (1930-1934) Em 6 de novembro, uma Lei Orgânica conferiu plenos poderes ao Executivo, e o novo Ministro da Jus- tiça, Osvaldo Aranha, declarou dissolvidos o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais de todo o país, alegando que a Revolução não reconhecia direitos adquiridos. Além de desarticular as estruturas burocráticas vinculadas ao velho esquema de poder, Vargas procu- rou agir rapidamente para conter a crise econômica. A dívida do país era de 234.173.476 libras e o volume geral das exportações havia caído 40%. A cafeicultura foi a mais atingida pela crise e o governo assumiu a proteção do produto, criando o Conselho Nacional do Café, além de aumentar os tributos sobre as áreas de plantio de café exportado e exigir que os plantadores entregassem ao governo, a preço de custo, uma parte do café colhido. Milhões de sacas de café foram quei- madas para reequilibrar a oferta, mas desta vez a conta não ficou apenas com o contribuinte. Getúlio Vargas no Palácio do Catete após a vitória de 1930 Ab ril S . A . C ul tu ra l O governo instaurado pela “Revolução” tinha diante de si a tarefa de construir um Estado de Compromisso, visando a conciliar os interesses dos setores que partici- param na queda da oligarquia paulista. Isso não queria dizer que Getúlio tinha deixado de lado a cafeicultura, mas que não governaria mais para os cafeicultores. A estratégia de Getúlio no poder foi reconhecer as transformações que vinham se processando no país, com a emergência de novas forças sociais e a necessidade do atendimento rápido dessas deman- das, como as dos operários e as dos empresários. Por isso Getúlio investiu na indústria, aumentando o poder da burguesia urbana, sem ceder, no entanto, o controle das decisões políticas. Concedeu direitos aos trabalhadores, mas, ao mesmo tempo, criou mecanismos de controle e “domesticação” bastante eficientes. As principais composições do novo governo foram: • Com os tenentes: O presidente nomeou vários te- nentes como “interventores”. Juarez Távora, principal representante dos jovens militares, recebeu a incum- bência de administrar 12 estados, o que lhe valeu o apelido de “Vice-Rei do Norte”. Empolgados, os tenentes fundaram clubes po- líticos por todo o país – com destaque para o Clu- be 3 de Outubro – acreditando que estavam a um passo do controle total da nação. Paralelamente, porém, Vargas reforçava sua in- fluência junto aos militares históricos, legalistas e, amparado por estes – cujo destaque foi o militar Góis Monteiro – a partir de 1933, Getúlio pôde di- minuir a dependência dos tenentes, até marginali- zá-los por completo. • Com a burguesia industrial, investindo decisiva- mente no setor. Se era verdade que o país já havia vi- vido surtos industriais, foi apenas a partir de Getúlio que se evidenciou uma política de industrialização. 2 Semiextensivo • Com as oligarquias, a relação foi ambígua e bem delicada. Por um lado, para cooptar o movimento operário, Getúlio acenou com uma série de conquis- tas sociais. No entanto, não estendeu tais direitos aos trabalhadores rurais. Nos seus constantes discursos também não apareceram referências à reforma agrária, já então uma bandeira das esquerdas. Quan- to ao café, como vimos, Getúlio buscou valorizá-lo frente à crise internacional, mas sem o paternalismo de antes. Outros produtos também passaram a ter o controle e a “proteção” do governo: cacau, mate, álcool, etc. Tudo isso diminuiu a tensão da oligarquia. Mas a promessa do governo de retomar o mais rápi- do possível o quadro de normalidade “democrática” ficou no ar. Enquanto isso, Getúlio governava sem Congresso e sem Constituição. Enfim, a “Revolução” de 30 foi realizada sem que uma classe aparecesse como substituta da estrutura de poder da oligarquia paulista. Por causa disso, o Estado passou a exercer essa função de “gerente” da política e das relações sociais. O Governo Provisório – uma espécie de ditadura que vigorou de 1930 a 1934 – expressou a nova esfera de poder que atenderia a todas estas vertentes: mineiros, gaúchos, militares, nordestinos e até membros do governo deposto. Não havia trabalhadores no governo, mas Getúlio criou um Ministério do Trabalho, com o objetivo de interferir diretamente nas questões sociais. O Movimento Constitucio- nalista de 1932 Como vimos, os acontecimentos de 1930 isolaram politicamente a oligarquia paulista até mesmo em seu estado: Getúlio nomeou um interventor militar – o tenente pernambucano João Alberto – para governar São Paulo. Os partidos paulistas, o Republicano e o Democrático, uniram-se frente à “afronta” de Getúlio, e lançaram um ultimatum ao governo: exigiam um interventor civil e paulista e ainda a imediata reconstitucionalização do país. A população se entusiasmou com a conclamação pela união do “povo” paulista. Os estudantes fizeram passeatas e provocaram os tenentes e seus clubes políti- cos por apoiarem o governo Vargas. Sentindo a pressão, o pragmático Getúlio cedeu: nomeou Pedro de Toledo, o interventor civil e paulista reivindicado por São Paulo. Quanto à reconstituciona- lização, outra ação visando a apaziguar os ânimos: em 24 de fevereiro de 1932, Getúlio mandou publicar o novo Código Eleitoral, além de um anteprojeto de Cons- tituição, determinando para maio de 1933 a eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte. Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s, CP D O C As medidas não agradaram definitivamente a nin- guém. Os tenentes reclamaram. Os paulistas não acre- ditaram. A rede de sustentação do presidente ameaçou se romper. Em maio de 32, a exaltação contra o Governo Provisório chegou ao auge. Estudantes universi- tários, comerciários e profissionais liberais saíram em passeata, reclamando a reconstitucionalização do Brasil. Os oradores atacavam violentamente os tenentes e os interventores nomeados pela Revo- lução. Na noite de 23, os manifestantes assaltaram uma casa de armas; depois foram atacar as reda- ções dos jornais tenentistas e seu clube político, a Legião Revolucionária. Houve reação. Resultado: mortos os estudantes Miragaia, Martins, Dráu- sio, Camargo e mais o escriturário Alvarenga. As iniciais de seus nomes foram então aproveitadas para dar título a um clube cívico: o MMDC. SANTOS. Joel Rufino dos. História do Brasil, FTD. p. 191. Cartão Postal do MMDC, 1932 Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s, CP D O C Em 09 de julho de 1932, teve início o Movimento rebelde em São Paulo. O líder militar foi o velho general Aula 11 3História 6C Isidoro Dias Lopes, apoiado pelo general Bertoldo Klinger, que veio do Mato Grosso com um pequeno contingente. Na preparação do levante, os governadores de Minas e do Rio Grande do Sul – aliados de Getúlio, porém ressentidos com o controle do poder nas mãos dele – prometeram apoio aos paulistas. Mas, na hora do “vamos ver”, não cumpriram a promessa. Apesar da exaltação dos paulistas, a derrota foi inevitável, devido à inferioridade bélica e numérica dos rebeldes. As tropas federais isolaram os paulistas na capital e o sacrifício de centenas de jovens e da indústria paulista foi em vão. Três meses depois, o movimento findou. 633 paulistas morreram. A volta do país à normalida- de constitucional A Constituição, promulgada em 16 de julho de 1934, refletiu as divergências mal resolvidas entre os diversos interesses reinantes no país. De um lado, Getúlio conse- guiu inserir no texto o dispositivo que tornava indireta a primeira eleição para presidente, evitando assim o desgaste das ruas. Por outro lado, porém, o texto cons- titucional trazia um dispositivo que proibia a reeleição, limitando os planos continuístas do presidente. Entre outras características importantes incluíam-se: • extinção do cargo de vice, cabendo a sucessão ao presidente da Câmara; • criação da “representação classista”: a Câmara conta-va com deputados eleitos pelos sindicatos – patro- nais e de empregados – cujo número não excedia de um quinto do total; • criação dos Tribunais Eleitoral, Militar e do Trabalho; • introdução do Capítulo sobre a Ordem Social. Influenciado pela Constituição alemã de Weimar, trouxe a ideia da social democracia para o país. Entre as principais conquistas asseguradas, estavam a limitação da jornada de trabalho, o repouso semanal remunerado, as férias anuais, a indenização para a demissão sem justa causa, a pluralidade sindical e a assistência médica. Getúlio, como era de se esperar, foi eleito pelo con- gresso para um mandato de 4 anos. Deveria governar até 1938, sem direito a “esticar” o seu governo. Pelo menos era o que mandava a Constituição. Mas, sem ela, tudo poderia ser diferente. O Governo constitucionalista (1934-1937) No mesmo ano da Revolução, 1930, surgiu no país o Partido Fascista Brasileiro. Outros o seguiram, como a Le- gião Cearense do Trabalho, o Partido Nacional Sindicalista, o Partido Nacionalista de São Paulo, etc. O mais importante deles foi, no entanto, a Ação Integralista Brasileira, a AIB. Fundada em 1932 pelo paulista Plínio Salgado, sob o lema “Deus, Pátria e Família”, o movimento logo se di- fundiu, chegando a ter centenas de milhares de filiados e simpatizantes. Do ponto de vista ideológico, o integralismo: • era contra o comunismo, por um lado, e contra o Estado liberal, por outro; • defendia o nacionalismo e a maciça intervenção Estatal; • defendia a existência de um só partido e de um só chefe; • era tradicionalista, religioso e moralista. Plínio Salgado Ac er vo d o Ar qu iv o Pú bl ic o e H ist ór ic o do M un ic íp io d e Ri o Cl ar o Não foi difícil perceber que o fascismo de Plínio Sal- gado copiou os elementos dos movimentos fascistas europeus, particularmente o italiano. Além das ideias, o fascismo brasileiro adaptou também os gestos, os símbolos, os uniformes, a formação das tropas de choque, os desfiles aparatosos, etc. Assim, a saudação com o braço erguido era seguida pelo grito “Anauê”; nos uniformes predominava a cor verde e o principal símbolo da AIB era a letra grega sigma. A Ação Integralista Brasileira Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. 4 Semiextensivo O crescimento do movimento fascista no Brasil cau- sou grande apreensão nos setores liberais e de esquerda que, em face disso, uniram suas forças e, no começo de 1935, criaram a Aliança Nacional Libertadora, a ANL. Entre as principais reivindicações da ANL, podemos citar: • formação de um governo popular; • condenação do latifúndio e apelo à reforma agrária; • nacionalização das empresas estrangeiras e crítica à ação imperialista; • suspensão do pagamento da dívida externa; • convocação de uma Constituinte. A ANL era um “verdadeiro mosaico”, aglutinando comunistas, tenentistas, democratas e socialistas. A classe média urbana era sua base social, formada principalmente por militares, profissionais liberais e estudantes. Luís Carlos Prestes, ex-líder da Coluna Prestes e principal chefe do comunismo brasileiro, foi escolhido presidente de honra da entidade. A Aliança obteve grande acolhida junto à população. O conflito com os integralistas foi inevitável. O país ficou em pé de guerra. Getúlio Vargas e a radicalização ideológica Em julho de 1935, a ANL já contava com cerca de 400 mil filiados, causando incômodo para os setores con- servadores do governo, a começar pelo próprio Getúlio. Pouco antes, em abril, o Presidente já havia decretado uma lei de Segurança Nacional. No dia 11 de julho, Vargas tomou uma atitude mais explícita: determinou o fechamento da ANL! A sede do movimento foi invadida, documentos apreendidos, filiados e simpatizantes reprimidos. Diante dessa severa repressão, os comunistas vinculados à ANL, capitaneados por Luís Carlos Prestes, organizaram um levante, acreditando que o povo apoia- ria uma ação contra o governo Vargas. Tal movimento, conhecido como Intentona Comu- nista, teve início em Natal, em 23 de novembro de 1935. No dia seguinte, eclodiu em Recife e, nos dias 26 e 27, no Rio de Janeiro. Na Capital Federal, a ação revoltosa se concentrou na Escola de Aviação e no III Regimento de Infantaria. A reação do governo foi firme e incisiva. Rapidamente o movimento foi sufocado. Jornal Amanhã, 27/11/1935 D iá rio s A ss oc ia do s, Sã o Pa ul o Vargas e o golpe Vargas aproveitou-se da situação de duas maneiras: primeiro realizou uma verdadeira caça aos comunistas, procurando desbaratar o movimento. Prestes e sua esposa, Olga Benário, foram presos em janeiro de 1936. Vários outros comunistas foram mortos pela ação da polícia varguista. Por outro lado, a instabilidade política reinante favo- receu os planos continuístas de Vargas, que passaram a ser justificados pela necessidade de impedir a subversão e a Guerra Civil. Havia, no entanto, uma eleição marcada pela Constituição. E existiam candidatos. As elites tra- dicionais dividiram-se entre o paulista Armando Sales de Oliveira e o nordestino José Américo de Almeida que, por seu discurso nacionalista, contava também com o apoio dos tenentes. Plínio Salgado também saiu candidato. Getúlio deu à opinião pública a impressão de levar a eleição a sério. Visando a encobrir seus propósitos conti- nuístas, passou a apoiar, mesmo que de forma discreta, as pretensões de José Américo. Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. Felinto Muller Aula 11 5História 6C Paralelamente, porém, e com grande habilidade, Getúlio tratou de limpar o terreno político e militar para garantir o sucesso de seu intento. Preparado o “terreno”, o Presidente e seus aliados deram a “cartada final”. Amigos de Vargas forjaram um documento, supostamente comunista, que visava ao assassinato de personalidades importantes e também objetivava a tomada do poder. Era o Plano Cohen. Esse documento foi “descoberto” e entregue a Góis Monteiro, que se encarregou de sua divulgação por toda a impren- sa. Novo pânico. Era a volta da “Ameaça Vermelha”, do perigo comunista. Só uma medida de força, garantindo a possibilidade de ação ágil e eficiente, poderia conter essa “temerida- de”. O cenário estava pronto para o golpe. Em 9 de novembro de 1937, Getúlio nomeou Fran- cisco Campos para o Ministério da Justiça. Nesse mesmo dia, Armando Sales de Oliveira discursou, apelando às Forças Armadas para que impedissem o golpe. No entanto, era tarde. No dia 10, Vargas decretou o fechamento do Congresso e anunciou a nova Constituição. Em 2 de dezembro, os partidos foram dissolvidos, inclusive a AIB. Começava o Estado Novo, a ditadura Vargas. Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s/ Bi bl io te ca C en tr al O Estado Novo (1937-1945) A ditadura implantada por Vargas possibilitou a con- solidação do seu projeto de substituição de importações, sem que se afetassem os interesses das elites latifundiá- rias. Permitiu também que se exercesse um maior contro- le sobre os trabalhadores e seus sindicatos, por meio do Ministério do Trabalho, evitando qualquer “desperdício de energia” na tarefa da industrialização do país. Apesar de impor uma ditadura “de fato”, Getú- lio não descuidou da face “legalista” de seus atos. Quando do golpe, em 10 de novembro, o Presi- dente outorgou uma nova Constituição, redigida por seu Ministro da Justiça, Francisco Campos. De cunho autoritário, baseada na Carta Polonesa do ditador Pilsudski, ficou, em face disso, conhe- cida como “a polaca”. Getúlio impôs um rígido controle sobre a sociedade e justificou todas as ações em nome dos “interesses da Nação”. Todos aqueles que se opusessem aos seus proje- tos eram considerados inimigos, não só do governo mas de todo o “povo”. Além disso, eram características do período: • concentração do poder no Executivo que, por sua vez, era exercido por um líder e tinha como base de sustentação as Forças Armadas; • retorno da figurado “interventor” dos Estados, nomeados pelo presidente; os Estados, assim, per- deram a autonomia, sendo-lhes, inclusive, negado o direito a hinos e bandeiras próprios; • extinção dos partidos; Sentindo-se traídos por Getúlio, os integralis- tas – cujo partido, a AIB, foi fechado em dezembro de 1937 – tentaram uma Intentona, chefiada por Belmiro Valverde e Severo Fournier. O movimento, que eclodiu em 11 de maio de 1938, consistiu em um atentado ao Palácio Guanabara e à Sede do Ministério da Marinha. O movimento foi sufocado e Plínio Salgado, mesmo negando qualquer envol- vimento, partiu para o exílio. • restabelecimento da pena de morte; • prorrogação do mandato presidencial até a reali- zação de um plebiscito, que nunca chegou a ser realizado. Mecanismos de ação e controle • Censura: para a garantia e funcionamento do novo regi- me, o governo Vargas cercou-se de instrumentos de controle e repressão, especialmente o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, que tinha a tarefa de controlar toda a imprensa e determinar o que Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. podia ou não ser publicado. Programas nacionais e estrangeiros eram censurados. Telegramas, no- tícias de greves e até de catástrofes naturais, como enchentes, passavam pelo crivo dos censores desse órgão. Ao mesmo tempo, o DIP fazia propaganda do regime, um verdadeiro culto à personalidade. • Repressão: a repressão ideológica era feita pela Polí- cia Política, chefiada por Felinto Muller, que, tal como nos regimes totalitários europeus, especializou-se em práticas de extrema violência, torturando e assassinando os indivíduos considerados nocivos à ordem instituída. • Trabalhadores: o novo regime procurou, de todas as formas, anular a influência política do operariado, utilizando-se do enquadramento dos trabalhadores pelos sindicatos oficiais. Assim, a autonomia sindical foi liquidada com a instituição do Imposto Sindical, recolhido pelo Ministério do Trabalho para pagar o pessoal que controlava os sindicatos. A conse- quência foi o surgimento dos “pelegos”, líderes sindi- cais que representavam os interesses do governo. Em primeiro de maio de 1943, Getúlio anunciou a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT. Baseada na Carta del Lavoro, de Benito Mussolini, a mais ampla legislação trabalhista já feita no Brasil proibia as gre- ves, e os sindicatos passaram a ter função recreativa. Apesar disso, a propaganda intensa do DIP legou ao futuro a ideia de um presidente intensamente preocupado com os trabalhadores, que editou a CLT, um documento avançado e democrático. • Economia e burocracia: no Estado Novo, Getúlio passou a intervir fortemente na ativida- de industrial, criando condições para o empresariado – incenti- vos fiscais e achatamento salarial – e investindo diretamente, como no caso da consolidação da indústria de base, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN. Foi o que deno- minou de “Modernização Conservadora”. Tamanho processo de interferência e centralização exigia a formação de uma burocracia bem treinada. Para isso, Vargas criou o DASP – Departamento de Administração e Serviço Público – base da estrutura do funcionalismo nacional. Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. A crise do Estado Novo O principal fator responsável pela crise política do Estado Novo foi a entrada do Brasil na Segunda Guerra. As ligações econômicas entre o Brasil e os EUA decidiram o destino brasileiro na Segunda Guerra, que havia eclodido em 1939. Apesar de ficar um bom tempo neutro e das pressões pró-Alemanha de importantes personagens do Governo, como Felinto Muller e Góis Monteiro, Getúlio acabou fazendo a opção americana e rompeu relações com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Pouco depois, o afundamento de navios brasileiros por submarinos ale- mães provocou uma reação popular gigantesca, levando o governo brasileiro a declarar guerra à Alemanha. Comandados pelo General Mascarenhas de Morais, os primeiros contingentes da FEB – Força Expedicio- nária Brasileira – desembarcaram em Nápoles, a 16 de julho de 1944. Apesar do reduzido número de soldados, além da participação da Força Aérea Brasileira e da Marinha, a atuação brasileira foi significativa. Observe no mapa da página seguinte os locais de confrontos e as principais vitórias obtidas pelos pracinhas brasileiros. O envolvimento do Brasil na guerra em defesa das democracias e contra os regimes fascistas despertou na sociedade civil uma reação muito coerente: a democra- cia pela qual nossos soldados arriscavam suas vidas de- veria ser reconstituída também no Brasil. Em face disso, as manifestações pelo fim do Estado Novo tornaram-se irresistíveis. Diante das pressões da opinião pública, Getúlio fez o que parecia impensável. Iniciou a redemocratização do próprio regime ditatorial que comandava. Entre as medidas tomadas pelo ditador, podemos destacar: • a anistia a presos políticos, após o fracasso da Inten- tona Comunista (inclusive do líder comunista Luís Carlos Prestes, encarcerado desde 1936). O curioso foi que, depois de nove anos na prisão do Estado Novo, Prestes organizou uma manifestação popular no Rio de Janeiro e expressou seu apoio ao governo de Getúlio; • a fixação de uma data – 2 de dezembro de 45 – para a realização de eleições para presidente e para um Congresso Constituinte; • a reorganização partidária: Vargas criou dois parti- dos “para si”, o PSD (Partido Social Democrático), que aglutinava os setores ligados à política e economi- camente ao getulismo; e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), criado para atrair as massas trabalhadoras dos grandes centros urbanos que viam no presidente a figura do “pai dos pobres”; • a legalização do PCB, que passou a apoiar Getúlio; 6 Semiextensivo Apesar das concessões, as pressões continuavam de forma insistente, batendo na tecla da redemocratização plena, com eleições e troca do chefe do Executivo. Mesmo assim, Getúlio articulou um movimento com o objetivo de ganhar tempo. Foi o queremismo, que con- sistiu na organização de grandes manifestações públicas – apoiadas pelos trabalhistas e comunistas – com o pro- pósito de apoiar a tese de que o período de elaboração de uma nova Constituição deveria ocorrer com Getúlio no Governo. Só após a promulgação deveriam ocorrer eleições. A expressão “queremismo” advém do slogan “Quere- mos Getúlio!“, gritado nas ruas pelos grupos pró-Getúlio. No entanto, vários fatores inviabilizaram o governo getulista, apesar de toda a sua habilidade e “fôlego de gato”. O principal desses fatores foi a aproximação do presidente com as esquerdas, em um clima de Guerra Fria que se instaurava, o que fez com que os militares perdessem a confiança no velho ditador e resolvessem interceder para impedir a sua continuação no poder. No dia 29 de outubro de 1945, os mesmos generais Eurico Gaspar Dutra e Góis Monteiro, que ajudaram a sustentar o regime político varguista por tanto tempo, impuseram a sua renúncia. Sem o apoio do exército, Getúlio soube articular golpes com precisão e maestria, aceitando a hora da derrota e da renúncia. O presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linha- res, assumiu o poder e, na data marcada – 2 de dezembro – , realizaram-se as eleições. Getúlio, no entanto, ainda não havia dado adeus, mas até logo... Movimento Queremista Em pr es a Br as ile ira d e N ot íc ia s/ Ar qu iv o N ac io na l Testes Assimilação 11.01. (UNIRG – TO) – Leia os versos da famosa canção “Aquarela do Brasil”, composta por Ary Barroso, em 1939. Brasil Meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos Ô Brasil, samba que dá Bamboleio que faz gingar Ô Brasil, do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil, Brasil Pra mim, pra mim Ah, abre a cortina do passado Tira a Mãe Preta do cerrado Bota o Rei Congo no congado Brasil, Brasil Pra mim, pra mim [...] (BARROSO, Ary. Aquarela do Brasil.) No períododessa composição, o presidente Getúlio Vargas governava o país de maneira ditatorial. Havia outorgado a constituição federal, fechado o congresso e estabelecido a censura dos meios de comunicação. Assinale a alternativa que relaciona corretamente a mensagem da canção com esse contexto: a) A ênfase nos valores e personagens da terra brasileira está em sintonia com a proposta de economia capita- lista liberal implantada pelo Governo Vargas e com a política de desenvolvimento social das camadas pobres da população. b) O elogio da beleza da terra e do povo brasileiros está de acordo com a visão de nação difundida pelo Departamen- to de Imprensa e Propaganda (D.I.P.), criado por Vargas. c) A contribuição do cristianismo e dos mulatos na formação nacional está em consonância com os estudos que o governo patrocinava, a exemplo da obra Casa-Grande & Senzala, escrita por Gilberto Freyre. d) A relação afetiva com a pátria demonstrada pelo autor está em conformidade com a ênfase do Movimento Integralista Brasileiro, que teve apoio irrestrito do Go- verno Vargas. 11.02. (FATEC – SP) – A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada por decreto de 1o. de maio de 1943, represen- tou a reunião e sistematização da vasta legislação trabalhista produzida no país após a Revolução de 1930. Introduziu também novos direitos e regulamentações trabalhistas até então inexistentes, tratou minuciosamente da relação entre patrões e empregados e estabeleceu regras. Aula 11 7História 6C Analisando o contexto histórico mencionado no texto, é correto afirmar que a CLT a) evidenciou as relações estreitas do governo Vargas com o comunismo soviético. b) contribuiu para a divulgação de uma imagem de “pai dos pobres” para Getúlio Vargas. c) ampliou a participação da classe operária em movimentos grevistas e comunistas. d) proporcionou uma rebelião nas Forças Armadas, dando início às ditaduras militares. e) prejudicou as atividades produtivas do setor cafeeiro, que se encontrava no auge. 11.03. (IFSP) – Leia o trecho abaixo. “Em 1943, Vargas editou a Consolidação das Leis Tra- balhistas (CLT), um conjunto de normas criadas des- de os anos 30 para proteger o trabalhador. Getúlio fez uma comissão para estudar a legislação trabalhista e compilar aquelas regras num único texto de lei.” (Fonte: www.gshow.globo.br) Sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada por Getúlio Vargas, analise as assertivas abaixo. I. Getúlio Vargas criou essa legislação para coibir greves e evitar que o trabalhador conseguisse se organizar e lutar por seus direitos. II. A CLT era uma cópia da legislação trabalhista da Polônia recém-dominada pelo nazismo e que recebeu no Brasil o nome de “polaca”. III. Coube à ditadura Vargas estabelecer as leis que prote- gem, até hoje, o trabalho e garantem aos trabalhadores direitos sociais. É correto o que se afirma em a) I, II e III. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II, apenas. e) II e III, apenas. 11.04. (PUCCAMP – SP) – À chamada Revolução de 30 e ao governo implantado nesse mesmo ano, no Brasil, ocorreram for- tes reações em nível nacional, dentre as quais pode-se destacar a) a chamada Intentona Comunista, golpe militar promo- vido por militantes e setores descontentes do Exército, que buscou direcionar a revolução em curso para um regime socialista, sem apoio da Internacional Comunista. b) a criação da Ação Integralista Brasileira, movimento de oposição ao governo vigente que propunha seu próprio modelo de revolução e a implantação de um regime de inspiração fascista no país. c) a Revolução Constitucionalista de 1932, guerra civil que representou uma resposta de São Paulo à perda de poder político de sua oligarquia e às intervenções do governo federal nos assuntos locais. d) o Manifesto dos Mineiros, documento produzido por grupos liberais organizados em Minas Gerais, em torno da Aliança Liberal, que defendia maior influência política da oligarquia desse Estado no governo federal. e) o Plano Cohen, ação articulada pela Aliança Nacional Libertadora com a intenção de refrear o autoritarismo do governo instituído, reivindicando o fim dos interventores e a imediata aprovação de uma constituição democrática. Aperfeiçoamento 11.05. (PUCRJ) – A revolução de 1930 acarretou transforma- ções econômicas e sociais ao Estado brasileiro, cuja política, após 1930, se caracterizou pelo(a) a) abandono do apoio aos produtos agrícolas de exportação. b) adoção da prática liberal de não intervenção nas relações entre o capital e o trabalho. c) implantação do livre-cambismo, que especilizava o país como produtor agrícola e importador de manufaturados. d) imediato atendimento das reivindicações democráticas, colocando-se o governo contra as crescentes tendências nazifascistas. e) intervencionismo, com apoio à lavoura tradicional e à in- dustrialização, e regulamentando as relações trabalhistas. 11.06. (MACK – SP) – Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio de poder, por força do colapso político da burguesia do café e das demais frações de classe para assumi-lo em caráter exclusivo. O Estado de Compromisso é a resposta para essa situação. Boris Fausto O texto nos permite concluir que, após a Revolução de 1930, estabeleceu-se no país a) a mesma estrutura política existente no período anterior. b) a centralização, pelo governo, das decisões políticas e fi- nanceiras, dentro de um quadro de alianças, em virtude da heterogeneidade das forças revolucionárias. c) o total desaparecimento do poder e do prestígio das forças oligárquicas. d) a ascensão da burguesia industrial, única classe que deu total apoio a vargas no processo revolucionário. e) o isolamento das forças armadas e da máquina burocrática do Estado, que não participaram do Estado de Compromisso. 11.07. (UNESP – SP) – O movimento constitucionalista de 1932, em São Paulo, pode ser interpretado como uma a) tentativa de impedir o avanço de projetos políticos radi- cais de direita no país. b) disputa entre grupos sociais hegemônicos no Brasil desde o final do século XIX. c) reação da oligarquia paulista frente às medidas socialistas tomadas pelo governo de Getúlio Vargas. d) mobilização popular contra o poder da elite cafeeira que dominava o país. e) defesa dos interesses econômicos dos estados do sudeste brasileiro contra a hegemonia nordestina. 8 Semiextensivo 11.08. (FUVEST – SP) – O Estado de compromisso, ex- pressão do reajuste nas relações internas das classes dominantes, corresponde, por outro lado, a uma nova forma do Estado, que se caracteriza pela maior cen- tralização, o intervencionismo ampliado e não restrito apenas à área do café, o estabelecimento de uma certa racionalização no uso de algumas fontes fundamentais de riqueza pelo capitalismo internacional (...). Boris Fausto. A revolução de 1930. Historiografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 109-110. Segundo o texto, o Estado de compromisso correspondeu, no Brasil do período posterior a 1930, a) à retomada do comando político pela elite cafeicultora do sudeste brasileiro. b) ao primeiro momento de intervenção governamental na economia brasileira. c) à reorientação da política econômica, com maior presença do Estado na economia. d) ao esforço de eliminar os problemas sociais internos gerados pelo capitalismo internacional. e) à ampla democratização nas relações políticas, trabalhis- tas e sociais. 11.09. (PUCRS) – Sobre as políticas e medidas adotadas por Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, é correto afirmar: a) Nesse período, Getúlio Vargas completou a sua política trabalhista, criando o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1942, e instituindo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. b) O governo desenvolveu uma política de incentivo à indus- trialização, inibindo a importação de bens manufaturados e criando algumas empresas estatais importantes, como a Cia Siderúrgica Nacional, a Fábrica Nacional de Motores(FNM) e a Petrobras. c) Vargas desenvolveu uma política autoritária de repressão aos opositores, com censura ferrenha à imprensa e ampla propaganda das ações do governo, através da criação do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda. d) A política externa do governo Vargas foi marcada pelo apoio irrestrito aos EUA em troca de vantagens econô- micas. Isso levou o país a enviar um contingente militar para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – a Força Expedicionária Brasileira (FEB) –, a fim de lutar contra o EIXO ao lado de tropas norte-americanas. e) Na fase final do regime, Getúlio evitou a sua deposição, permitindo a volta das eleições e a criação de novos partidos, como a UDN, o PTB e o PSD. Dessa maneira, con- seguiu manter-se politicamente atuante na democracia, elegendo-se novamente presidente em 1950. 11.10. (UFGD – MS) – Na América Latina, entre as décadas de 1930 e 1960, surgiram alguns governos que foram de- nominados “populistas”, como são os casos da Argentina, com Juan Domingo Perón (1946-1955); Gustavo Rojas Pinilla (1953-1957), da Colômbia; e do Brasil, com Getúlio Vargas (1930-1945 / 1951-1954). O “populismo” desenvolvido nesses países tinha suas peculiaridades e raízes variadas. Nesse sentido, ao considerar o Governo de Getúlio Vargas, no denominado “Estado Novo”, compreende-se que a) o populismo varguista, entre outros aspectos, foi caracte- rizado pela capacidade de o Estado manipular e conter os movimentos de trabalhadores organizados. Nesse sentido, utilizava-se da estratégia de desmobilizar as organizações independentes de trabalhadores, atrelando-as ao Estado. b) o modo populista do Governo de Getúlio Vargas marcou significativamente as relações trabalhistas, em especial dos trabalhadores rurais, que passaram a gozar dos direitos que envolviam a “Consolidação das Leis do Trabalho” (CLT). Nes- se processo, Vargas prezava pela autonomia das entidades representativas dos trabalhadores. c) o populismo varguista teve como objetivo central a me- lhora de vida dos trabalhadores do campo e da cidade. A partir desse prisma, Vargas ficou nacionalmente conheci- do como “pai dos pobres” e, também, visualizado como um grande estadista democrático. d) o populismo desenvolvido por Getúlio Vargas, entre os mais diversificados aspectos, teve como pilar central estabelecer uma relação democrática com os trabalha- dores do campo e da cidade, dando-lhes autonomia para se organizarem nos sindicatos e decidirem junto com o Governo as políticas trabalhistas. e) o populismo varguista não influenciou nas relações trabalhistas do período, haja vista que o estadista Vargas tinha interesses específicos apenas com os setores con- servadores da cidade. 11.11. (UFPR) – Segundo a historiadora Regina da Luz Moreira, “o retorno dos contingentes da FEB precipitou (...) a queda de Vargas em 1945” (CPDOC. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/ FatosImagens/FEB>). Assinale a alternativa que justifica a declaração acima, relacio- nando a atuação do Brasil, por meio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial, com o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945). a) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Europa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio interno ao manter regime autoritário. b) Ao lutar pela democracia e derrotar os fascismos na Europa, os pracinhas conquistaram apoio popular para derrubar a ditadura de Vargas. c) Ao derrubar o regime franquista na Espanha, os soldados brasileiros inspiraram a população a lutar por eleições, após 15 anos de Estado Novo. d) Ao derrotar os fascistas na Batalha de Monte Castelo na Itália, a FEB conquistou o apoio norte-americano para derrubar a ditadura de Vargas. e) Ao lutar pela libertação dos povos europeus, o governo brasileiro esgotou seus recursos financeiros no Exército, precipitando a queda de Vargas. Aula 11 9História 6C 11.12. (UFRGS) – Em 1942, o governo brasileiro decretou estado de guerra contra a Alemanha e a Itália, enviando, em 1944, tropas para o continente europeu. Com relação à participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, é correto afirmar que a) a experiência da Força Expedicionária Brasileira (FEB), du- rante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi decisiva para o sucesso da expedição brasileira. b) a tomada de Monte Castello, na Itália, foi a principal con- quista militar realizada pelos pracinhas da FEB. c) o Brasil, durante o período em que permaneceu neutro em relação aos conflitos, não permitiu a instalação de bases militares norte-americanas em seu território. d) a participação do Brasil na guerra, contra os regimes nazi- fascistas, estava em consonância com a forma de governo democrática assumida por Getúlio Vargas, desde 1937. e) a participação do Brasil junto aos aliados concedeu ao país um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Aprofundamento 11.13. (UFPR) – Com base na figura abaixo, publicada em 1932, considere as seguintes afirmativas: 1. A figura refere-se à Revolução Constitucionalista, em que os paulistas exigiram do governo Vargas a implan- tação de uma Constituição democrática. 2. No contexto de 1932, a imagem do bandeirante servia de propaganda para mostrar que os paulistas eram aves- sos à submissão a um tirano, tal como os bandeirantes teriam sido avessos à tirania da Coroa portuguesa. 3. A chamada Revolução de 1932 culminou na derrota dos paulistas pelas forças de Vargas e com a continuação do Estado Novo. 4. Apesar da derrota dos paulistas, uma das principais con- sequências do movimento de 1932 foi a promulgação da Constituição de 1934. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. 11.14. (FATEC – SP) – A Revolução de 1930, ponto de partida de uma nova fase da História brasileira, atingiu principal- mente São Paulo, que perdeu sua tradicional hegemonia política realizada pela “política do café com leite”. O sistema de interventorias, posto em prática pelo governo provisório, em nada melhorou o relacionamento deste com São Paulo. Como consequência disso, ocorreu a) a revolução constitucionalista a favor da imediata cons- titucionalização do país, o que abriria possibilidades de retorno dos paulistas ao poder. b) a Intentona Comunista, liberada pela extrema-esquerda cujo lema era “Deus, Pátria, Família”. c) a Intentona Integralista, que chegou a ocupar o palácio presidencial, tendo controlado o poder por quatro dias. d) convocação imediata da Assembleia Constituinte que colocaria em prática a Constituição de 1935. e) o movimento tenentista, cujos revoltosos de Minas Gerais exigiam a formação de um governo provisório, a eleição de uma Constituinte e a adoção do voto secreto. 11.15. (UNESP – SP) – Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política subsequente e relacionada com a referida insurreição. a) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completamente abandonada. b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo. c) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento foram colocados em liberdade. d) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abandonasse seus planos continuístas. e) Os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do pagamento da dívida externa. 11.16. (UNITAU – SP) – Considere as seguintes proposições: I. A Constituição, de 25 de março de 1824, instituía a religião Católica Romana como sendo oficial doEstado brasileiro. II. A Carta Constitucional, de 24 de fevereiro de 1891, esta- belecia para o Brasil um Estado Federativo, um sistema de governo parlamentarista e o sufrágio universal. III. A Constituição, de 16 de julho de 1934, instituía uma única Câmara, subordinando ainda as suas decisões ao Poder Executivo. 10 Semiextensivo IV. A extinção da autonomia dos Estados e a hipertrofia do Poder Executivo caracterizavam a Constituição de 10 de novembro de 1937. A alternativa que contém afirmações corretas é: a) I e II d) I e IV b) II e III e) I e III c) III e IV 11.17. (UFSM – RS) – Sabe-se que Getúlio Vargas governou o Brasil de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Nessa fase da formação sociopolítica brasileira, destaca-se: a) a personificação mítica de Getúlio, chamado de “pai dos pobres”, em função da defesa dos princípios socialistas de governo. b) a efetiva participação política das massas populares urbanas, as quais conquistaram ampla liberdade de organização sem a tutela do Estado. c) a prática política de Vargas que mesclava populismo e autoritarismo, estabelecendo a soberania do Estado sobre o conjunto da sociedade. d) um dinâmico processo de desenvolvimento industrial, o qual possibilitou a nacionalização total da economia e o apoio político unânime da sociedade ao governo Vargas. e) a consolidação da descentralização do governo, possibi- litando maior independência aos estados na condução dos processos administrativos, políticos e econômicos. 11.18. (UEL – PR) – Leia o poema a seguir. “Governo mais avacalhado O Gegê sempre sorrindo Por causa da nossa ‘Aliança’ Acabará caindo, acabará caindo. O Gegê tá de calças na mão Por causa da nossa revolução O povo todo já está cansado De ser explorado Por este ladrão! O Gegê entrou num botequim Bebeu cachaça e saiu assim... Levando um tamanho chute Foi tomar vermute Com amendoim”. VIANNA, Marly de Almeida Gomes. “Revolucionários de 35: sonho e realidade”. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 561. Os versos transcritos foram cantados pelos “aliancistas”, nos primeiros anos da Era Vargas (1930-1945). Com base nos versos e nos conhecimentos sobre a Era Vargas, considere as afirmativas a seguir. I. Teve como um de seus aspectos marcantes a tendência à Democratização do Estado. II. A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi um movimento que congregou diversos atores sociais: partidos políticos, sindicatos, associações e entidades diversas, sendo suas principais forças políticas os Tenentes e os comunistas. III. O suposto Plano Cohen, imputado aos comunistas pelos oficiais do exército, auxiliou no recrudescimento da re- pressão anticomunista no país e foi uma das justificativas para a implantação do Estado Novo. IV. Com a aquiescência dos comunistas, o governo Vargas preparou os instrumentos de apoio à ANL, primeira ten- tativa de organização da sociedade civil no Brasil, apro- vando a Lei de Segurança Nacional, visando ao combate dos crimes contra a ordem política e social. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e IV d) I, II e III b) II e III e) I, II e IV c) III e IV Discursivos 11.19. (UNESP – SP) – A década de 1930 no Brasil é normalmente associada ao varguismo. Além da liderança de Getúlio Vargas, o período também apresentou forte radicalização política. Como podemos associar tal fenômeno ao panorama internacional de então? Cite dois exemplos de agrupamentos políticos radicais atuantes no Brasil dos anos 30 e algumas de suas principais propostas. Aula 11 11História 6C 11.20. (UFBA) – A intervenção do Estado na vida econômica do país estava coerente com as concepções sobre o papel do Estado e com as afirmações do nacionalismo; os princípios do liberalismo (livre-concorrência, iniciativa privada) eram considerados superados ou inadequados à realidade brasileira, e, por isso, não se concebia mais o seu corolário: o estado “democrático”, que se restringia a regulamentar as relações econômicas e intervir apenas como mediador nos casos de divergências ou prestando socorro aos setores privados nas épocas de dificuldades e crises. O Estado, segundo as concepções que passaram a nortear a política econômica, deveria chamar para si a respon- sabilidade das iniciativas no plano econômico. (NADAI; NEVES, 1993, p. 224). A partir do que estabelece o texto, indique dois exemplos de realizações econômicas decorrentes das novas diretrizes impressas na política brasileira, no período denominado “Era Vargas”, explicando-os. Gabarito 11.01. b 11.02. b 11.03. b 11.04. c 11.05. e 11.06. b 11.07. b 11.08. c 11.09. c 11.10. a 11.11. a 11.12. b 11.13. c 11.14. a 11.15. b 11.16. d 11.17. c 11.18. b 11.19. A conjuntura internacional do período entreguerras (1919-38) foi marcada pelo confronto entre as correntes do nazifas- cismo e dos regimes liberais consolida- dos e comunistas em ascensão. Essa ra- dicalização resultou na Segunda Guerra Mundial. No Brasil de Vargas, tal radicalização teve na articulação da Ação Integralista Bra- sileira e da Aliança Nacional Libertadora suas principais expressões. Ambas ali- cerçadas em doutrinas europeias e com propostas de cunho nacionalista, diver- giam, contudo, nos seguintes aspectos relevantes: os integralistas defendiam o Estado corporativo conservador e auto- ritário, antiesquerdista na linha de uma versão brasileira de partido fascista. A ANL, como frente democrática com espaço para os comunistas, propugnava o governo popular legitimamente eleito, a reforma agrária e o anti-imperialismo. 11.20. Política de socorro ao setor cafeeiro: atendimento às pressões das oligarquias cafeeiras, canalizando recursos da eco- nomia nacional para esse objetivo. • Atuação do Estado como empresário no setor industrial, canalizando recur- sos nacionais privados e recursos es- trangeiros para a área da indústria de bens, em especial a siderúrgica. 12 Semiextensivo 13História 6C O Populismo (1945-1964) – I Aula 12 6C História O processo de “normaliza- ção democrática”, após o fim do Estado Novo Em dezembro de 1945, ocorreram eleições gerais no país. Os candidatos que concorreram à presidência da República foram: • Eurico Gaspar Dutra, ex-Ministro da Guerra de Getú- lio, um dos articuladores da deposição do ditador, mas agora apoiado pelos partidos varguistas, o PSD e o PTB; • Eduardo Gomes, também ex-Ministro de Getúlio, herói do Levante dos 18 do Forte, candidato pela oposição, a UDN; • Yedo Fiúza, candidato pelo PCB. Dutra vence com facilidade. O apoio do velho cau- dilho foi importante e atestou a sua força política. Além disso, o PSD e o PTB conquistaram, juntos, a maioria do Congresso Nacional. Getúlio, que havia sido deposto dois meses antes, é eleito senador. O Congresso eleito tinha como principal missão a elaboração de uma nova Constituição para o país. Promulgada em 18 de setembro de 1946, a Quinta Constituição do país, destacada pelo seu esforço de redemocratização, apresentava as seguintes caracterís- ticas: • Mandato presidencial de 5 anos; restabelecimento do cargo de vice. • Restabelecimento da autonomia dos estados – embora mantivesse a possibilidade de intervenção federal em questões econômicas e sociais. • Confirmação do princípio da separação e harmonia dos poderes executivo, legislativo e judiciário. • Retorno dos princípios democráticos. • Fim da pena de morte. • Fim da representação classista, ou seja, deputados e senadores voltariam a ser eleitos exclusivamente pelo voto popular. Eleito o General Eurico Dutra, quais as principais características do seu Governo (1946-1951)? Algumas obras importantes foram realizadas e merecem destaque. Tais obras buscavam concretizar o plano de governo, conhecido como Plano SALTE (saúde, alimentação, transporte e energia). A pavimentação da rodovia Rio-São Paulo e a instalação da Companhia Hidrelétrica do rio São Francisco são alguns exemplos. Na política externa, foi visível a aproximação dos EUA. Em 1947, foi realizada, em Petrópolis, a“Con- ferência Interamericana para a Paz e Segurança do Continente”, que contou com a presença do presidente norte-americano Truman. Em 1949, foi criada a Escola Superior de Guerra, para dar treinamento aos oficiais brasileiros, baseada no modelo americano. No plano político, Dutra demonstrou ser, essencial- mente, um conservador. Durante seu governo, foram comuns as prisões por motivos políticos. Manifestações públicas foram dissolvidas à bala, jornais foram fe- chados. O PCB foi declarado ilegal e todos os políticos comunistas tiveram seus mandatos cassados. Eurico Dutra foi incapaz de formar lideranças políticas novas e preparadas para consolidar a redemocratização. Isso facilitou, e muito, o triunfal retorno de Getúlio ao poder, na sucessão presidencial de 1950. A volta do “Pai dos pobres” Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s - C PD O C 14 Semiextensivo O que caracterizou o Governo Vargas? (1951-1954) Preocupado em garantir o apoio do Congresso aos seus projetos, Getúlio formou um ministério respeitando o equilíbrio de forças existentes no Legislativo. Diante disso, o PSD ficou com a maior parte das pastas. Apesar desse “cuidado”, Getúlio foi quem ditou o ritmo e as cores do seu governo, que assumiu um caráter nitidamente populista e nacionalista. O exemplo mais contundente da sua política nacio- nalista foi a campanha “O petróleo é nosso!”. Velha aspi- ração de muitos políticos e intelectuais brasileiros, como Monteiro Lobato, por exemplo, debatida desde a década de 20, a constituição do monopólio estatal do petróleo concretizou-se, na gestão, com a criação da Petrobras. Descoberta de petróleo na Bahia, 1955 Ac er vo Ic on og ra ph ia Além disso, podemos destacar, entre as realizações do governo Vargas: • a expansão da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda; • a organização da Vale do Rio Doce; • a criação da Eletrobras; • a criação do Serviço Social Rural e o Seguro Agrícola; • a criação do BNDE – Banco Nacional de Desenvolvi- mento Econômico. A política varguista de aproximação das massas contou com a participação de seu conterrâneo João Goulart, a quem Getúlio fez Ministro do Trabalho e, nessa condição, propôs um aumento de 100% no salário mínimo. Vargas também vai estimular a sindicalização dos trabalhadores rurais. Getúlio também atendeu à pressão dos grupos nacionalistas ao criticar a remessa de lucros das multi- nacionais e, então, procura estabelecer limites a estes abusos. Fica evidente que, nesse último governo, Vargas abandonara a política da “média” por uma atitude mais contundente e mais dirigida a objetivos claros. Porém, essas atitudes mexem em vários e perigosos “vespei- ros”: as multinacionais, os latifundiários e mesmo os empresários – muitos dos quais ligados ao PSD –, que se ressentem com a política de reajuste salarial dos trabalhadores. A reação desses setores, estimulada pela imprensa conservadora e pela UDN, será intensa e provocará uma crise no governo de Getúlio. Uma crise, podemos dizer, com desdobramentos trágicos. Capitaneando pela UDN e seu porta-voz, o jornalis- ta Carlos Lacerda, o cerco da oposição vai se fechando contra o Presidente. Sem apoio na imprensa - só o jor- nal A Última Hora defendia as virtudes do governo - e com o povo dividido pela insatisfação provocada pela alta do custo de vida, o presidente Vargas parecia não ter forças para reagire continuar o seu governo. Como terminou o governo Vargas? Na madrugada de 5 de agosto de 1954, Carlos Lacer- da – que era diretor do jornal A Tribuna da Imprensa – seu filho e o major da Aeronáutica Rubens Vaz che- garam à casa do jornalista, na Rua Toneleros, bairro de Copacabana. De repente, o silêncio da rua foi quebrado por uma série de disparos. Era um atentado, que acabou ferindo Carlos Lacerda e matando o major. Carlos Lacerda ferido no aten- tado da Rua Toneleros, 05 ago. 1954 Na manhã seguinte, os jornais estampavam em suas manchetes acusações contra o governo. Vargas repudiou qualquer insinuação de seu envolvimento. Levantaram-se vozes exigindo a renúncia. O presidente prometeu que só sairia morto do Palácio do Catete! Membros da Aeronáutica iniciam uma investigação para descobrir o mandante do crime contra o major Rubens Vaz. Constituiu-se, então, o que passou a ser conhecido como a “República do Galeão” numa alusão à comissão de investigação que se instalou no aeroporto carioca. Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s – C PD O C Aula 12 15História 6C As investigações militares surtiram efeito: ficou comprovado que o assassino era o pistoleiro de aluguel Alcino João do Nascimento e que ele obedecera a ordens expressas do chefe da guarda pessoal de Getúlio, Gregório Fortunato. Pressionado, Gregório, conhecido como o “anjo negro”, reconheceu a autoria intelectual do crime. O Presidente estava com os dias contados... Getúlio “se despede da vida...“ Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro Os militares exigiam a sua renúncia e o próprio Ministro do Exército hesitava em continuar a dar apoio ao Presidente. Uma solução mediadora é apresentada, solicitando o licenciamento de Getúlio até a completa apuração dos fatos. Abatido, Vargas afirmou que daria uma resposta no dia seguinte. Despediu-se de todos e retirou-se para o quarto. Então, às 8h35min da manhã de 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito. Sobre a escrivaninha, a carta testamento, que iniciava dizendo: “Mais uma vez, as forças que os interesses contra o povo coordenaram, novamente se desencadeiam sobre mim...” e concluiu: “Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não bateram em meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serena- mente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”. Com o suicídio, como foi o processo de sucessão? Com a morte de Vargas, assume o vice, Café Filho. Os ventos agora sopravam para outro lado e o novo mandatário do país organiza um ministério fortemente conservador, formado majoritariamente por políticos da UDN. Nas eleições presidenciais de outubro de 1955, é eleito, mais uma vez, um candidato dos partidos de Getúlio – PSD e PTB –, o mineiro Juscelino Kubitschek. Sua vitória ocorre por estreita margem de votos, o que leva a UDN a tentar invalidar o pleito, alegando que o eleito não havia conseguido a maioria absoluta. O Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) O governo JK foi resultado de uma estranha com- binação: o populismo do tipo varguista, somado a um modelo de desenvolvimento liberal, baseado na forte presença de capital estrangeiro. Já em seu slogan de campanha, Juscelino anunciava: “Cinquenta anos de progresso em cinco de governo”. De fato, seu governo conheceu um efetivo cresci- mento econômico (não na proporção da propaganda de campanha), com uma ampla expansão nos setores de infra-estrutura e no setor industrial de bens de consumo duráveis. O plano de governo de Juscelino, conhecido como Plano de Metas, prometia investimentos na produção de energia, transportes, alimentos, indústria de base e educação. O carro-chefe de sua companhia foi, no en- tanto, a promessa de construir uma nova capital, Brasília, no Planalto Central. Dentre as realizações do governo, além da constru- ção de Brasília, podemos citar: • a construção da Rodovia Belém – Brasília; • a criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear; • a construção das usinas hidrelétricas de Furnas e Três Marias; • a implantação da indústria automobilística. Juscelino Kubitschek em Brasília, s/d Ar qu iv o Pú bl ic o do D ist rit o Fe de ra l 16 Semiextensivo Diversas empresas automobilísticas instalaram- -se no Brasil, nesse período: A Ford Motors, a Gene- ral Motors, a Willys Overland; a Volkswagen; a Mer- cedesBenz; a Simca; a Toyota; a Scania; a Vemag, etc. Politicamente, seu governo caracterizou-se por um clima de liberdade política. Apesar disso, JK teve de enfrentar duas tentativas de golpe, perpretadas por militares da Aeronáutica. A primeira, logo no início do seu governo, em Jacareacanga (PA) e a segunda, em dezembro de 1959, em Aragarças (GO). Tentativas conservadoras, de extrema direita, foram facilmente do- minadas. Pouco depois, Juscelino anistiou os envolvidos. Juscelino Kubitschek O desenvolvimento econômico e as grandes realiza- ções do presidente JK tiveram também um lado menos glorioso. A inflação, a perda do poder de compra dos trabalhadores, o endividamento externo e a desnacio- nalização de nossa economia foram as principais críticas feitas ao governo. Também foram sérias as acusações de corrupção. Somou-se a isso, enfim, a falta de empenho do Presidente com as regiões mais pobres do país, nota- damente o Nordeste. Nesta região, a miséria secular provocou a intensifi- cação das lutas dos camponeses, por meio da ação dos sindicatos rurais e das Ligas Camponesas, lideradas por Francisco Julião. Para diminuir esta pressão, Juscelino criou, em 1959, a SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste). No entanto, agiu tarde demais. Nesse mesmo ano, explodiram 65 greves em todo país. Em 1958, nas eleições legislativas, as forças mais progressistas haviam crescido substancialmente. E essa insatisfação toda certamente colheria seus frutos nas eleições presidenciais que se aproximavam. O processo de sucessão de JK Para a sucessão presidencial, os partidos governistas buscaram um nome cuja imagem de retidão, honesti- dade e cujo discurso nacionalista recuperasse o apoio que o próprio presidente Kubitschek havia perdido. O escolhido foi o marechal Teixeira Lott, “herói” da novem- brada de 1955. Para vice, a coligação PSD-PTB repetiu a candidatura João Goulart. A estranha legislação eleitoral da época permitia que o vice, e apenas ele, pudesse concorrer à reelei- ção. Além disso, as eleições de presidente e de vice eram distintas, podendo ganhar o presidente de uma chapa e o vice da outra. A candidatura de Teixeira Lott recebeu o apoio dos nacionalistas e mesmo dos comunistas, liderados por Luís Carlos Prestes. O PSP lançou, mais uma vez, seu líder Adhemar de Barros. A UDN, por sua vez, apoiou – como já havia feito na eleição anterior – um nome de fora de suas fileiras. Agora o nome escolhido foi o do candidato do PDC, o ex-governador de São Paulo e grande estrela política do momento, o mato-grossense Jânio Quadros. Jânio, um dos mais astutos políticos brasileiros, apresentou-se ao público como um “moralista apolítico”, único capaz de promover uma mudança radical nos costumes da política nacional. Jânio dirigia seu apelo aos eleitores de classe média que consideravam a sua fama de administrador honesto requisito fundamental para o exercício da presidência. Exercia também atração sobre as camadas humildes, pois desafiava os padrões de vestuário e comportamen- to. Jânio usava ternos rasgados, tinha cabelos malpente- ados e cheios de caspa, tendo ainda o hábito de fumar cigarros populares e comer sanduíches nos intervalos dos comícios. Esta “identidade” de homem simples, sem a arrogância típica dos políticos, contribuiu muito para a sua vitória, por uma margem surpreendente de votos sobre o candidato do governo. Tamanha era a independência de Jânio em relação às estruturas partidárias que, com o seu consentimento, foram fundados em todo o país os “Comitês Jan-Jan”, encarregados de fazer campanha de Jânio para pre- sidente e Jango para vice. Só que João Goulart era da chapa adversária. O fato é que ambos foram eleitos. Essa combinação explosiva, no entanto, provocará muitos estragos. É o que veremos. Campanha de Jânio Quadros, Vila Maria, SP, 1960 © W ik im ed ia C om m on s/ Bi bl io te ca d a Pr es id ên ci a da R ep úb lic a, B ra síl ia Ac er vo Ic on og ra ph ia Aula 12 17História 6C Testes Assimilação 12.01. (UFCE) – Assinale a opção que apresenta somente características do segundo Governo Vargas (1951-1954). a) Apoio sistemático ao Partido Comunista Brasileiro – PCB; controle da inflação; proibição da entrada de capital estrangeiro no País. b) Crescente instabilidade política; aumento do custo de vida; sistemática oposição da União Democrática Nacio- nal – UDN. c) Defesa inconteste dos interesses populares; estabilidade política; amplo desenvolvimento econômico. d) Controle da inflação; apoio do Partido Comunista Brasi- leiro – PCB; oposição sistemática do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB – ao governo. 12.02. (UFV – MG) – “Percorrendo os corredores do supermercado onde normalmente fazemos compra, en- contramos nosso invasor nas prateleiras, em embalagens práticas, simpáticos rótulos e imagens multinacionais. E com mil nomes diferentes: detergente White, amaciante Comfort, desodorante Feel Free, shampoo Johnson´s, absorvente Care Free, creme dental Ultra Brite, e com eles toda uma sensação de que somos Dorys Day, Woo- dy Allen, Mary Tyler Moore ou Jack Lemmon, fazendo compras em Chicago, San Francisco ou New York. Na sessão de alimentos e bebidas, a coisa muda um pouco, devido ao prestígio dos franceses e italianos no setor de vinhos, queijos e massas. Porém, prosseguindo a cami- nhada como alegres ladies of house, solidários husbands ou solitários singles, topamos com iogurtes Dan-up, balas Kid´s, goma de mascar Freshen-up, pão Pullman ou Seven Boys, e Pepsi ou Sprite para os nossos lunchs”. (ALVES, Júlia Falivene. In: MARQUES, Alencar; BERUTTI, Flávio, FARIA, Ricardo. Brasil: História em construção. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1996, p.76.) O trecho acima aborda questões referentes ao Brasil contem- porâneo e tem a ver com uma política cultural empreendida entre os anos 1940 e 1950, relacionada ao contexto a) da política do New Deal, implementada pelo governo norte-americano, influenciando as relações econômicas com o Brasil. b) da influência do American Way of Life, disseminado no continente americano após a Segunda Guerra Mundial, em função da hegemonia dos Estados Unidos na América Latina. c) da globalização e da constituição de uma nova ordem mun- dial liderada pelos Estados Unidos no final do século XX. d) da influência musical norte-americana sobre a juventude universitária brasileira, nos protestos contra o Regime Militar. 12.03. (UFMG) – A democracia brasileira, instaurada no Brasil em 1946, após a promulgação da Constituição, foi ameaçada pelo presidente Dutra em razão da sua ação política que a) perseguiu os integralistas e tornou sua agremiação ilegal por serem opositores do governo. b) se alinhou à Ex-União Soviética, levando os Estados Uni- dos a pressionarem economicamente o Brasil. c) desenvolveu uma política econômica planificada, provo- cando a insatisfação das multinacionais. d) colocou o partido comunista brasileiro na ilegalidade, cassando os parlamentares eleitos pela sigla. 12.04. O Populismo é um movimento político marcante da His- tória da América Latina pós-1945. É CORRETO afirmar que esse movimento se caracteriza, entre outros elementos, pelo/pela a) discurso liberal burguês com traços de sindicalismo ativo, não intervencionismo estatal e mobilização dos trabalha- dores urbanos e rurais em defesa de seus direitos. b) ideologia revolucionária inerente às massas urbanas marginalizadas pelo modo de produção altamente con- centrador de rendas do chamado Terceiro Mundo. c) ideia de que as reformas socialistas poderiam ser realiza- das pacificamente através da eleição de representantes populares para os cargos executivos e legislativos. d) manipulação e mobilização das camadas urbanas do novo proletariado e pequena burguesia latino-americana que aspiravam a melhores condições de vida. 12.05. (PUCRS) – Em 1950, Getúlio Vargas foi eleito pelo voto direto e implementou inúmeras medidas característicasde sua concepção de governo. Dentre tais medidas aprovadas no mandato 1951-1954, destacam-se: a) a consolidação das leis trabalhistas e a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. b) a consolidação das leis trabalhistas e a estatização da Eletrobras. c) a criação da Petrobras e o aumento de 100% do salário mínimo. d) a consolidação das leis trabalhistas e a criação da Com- panhia Siderúrgica Nacional. e) a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e o aumento de 100% do salário mínimo. Aperfeiçoamento 12.06. (UFMG) – O “Populismo” pode ser definido como a a) política de manipulação das camadas sociais trabalhado- ras urbanas pelos detentores do poder, que se utilizaram de promessas de atendimento parcial das reivindicações dessas camadas. b) política segundo a qual certos países limitam a soberania e a independência política, econômica e cultural de outros. c) crença numa figura redentora que, através de uma re- volução, destruirá a ordem existente, maléfica e injusta, inaugurando uma nova ordem de justiça e felicidade. 18 Semiextensivo d) crença na planificação da economia por uma comissão central estatal, visando ao bem da coletividade e não ao lucro. 12.07. (PUCCAMP – SP) – O conhecimento histórico permi- te afirmar que, na América Latina, a reorganização política internacional ocorrida após 1945 a) incentivou o crescimento de movimentos populares, como a Revolução Sandinista, abalando a tradicional su- premacia econômica e militar norte-americana na região. b) levou ao fracasso dos governos autoritários, como o Esta- do Novo, e à articulação de uma nova forma de expressão do poder oligárquico, denominada de populismo. c) possibilitou a ampliação das lutas guerrilheiras no campo e o êxito de várias revoluções socialistas na América Cen- tral, como a Revolução Cubana e a Chilena. d) fortaleceu as democracias liberais existentes na região e fez recuar os grupos políticos conservadores, especial- mente os das forças armadas e da Igreja Católica. e) provocou uma intensa concentração fundiária e grande entrada de capital estrangeiro para exploração e controle dos recursos minerais e agrícolas da região. 12.08. (FUVEST – SP) – Os governos de Getúlio Vargas (1930-1945/1951-1954), no Brasil, de Juan Domingo Perón (1946-1955), na Argentina, de Victor Paz Estensoro (1952-1956/1960-1964), na Bolívia, e de Lázaro Cárdenas (1934-1940), no México, foram alguns dos mais significa- tivos exemplos do populismo latino-americano que se caracterizou notadamente: a) pela aliança com as oligarquias rurais na luta contra os movimentos de caráter socialista. b) pelo predomínio político do setor agrário-exportador em detrimento do setor industrial. c) pelo nacionalismo, e intervenção do Estado na economia, priorizando o setor industrial. d) por propostas radicais de mudanças nas estruturas socio- econômicas, em oposição ao capitalismo internacional. e) por ter concedido às multinacionais papel estratégico nos setores agrário e industrial. 12.09. (UNESP – SP) – Examine a charge do cartunista Théo, publicada na revista Careta em 27.12.1952. “Você é que é feliz”... Getúlio: – Ser pai dos pobres dá mais traba- lho do que ser Papai Noel! Você só se amofi- na no Natal: a mim eles chateiam o ano inteiro! (Isabel Lustosa. Histórias de presidentes, 2008.) O apelido de “pai dos pobres”, dado a Getúlio Vargas, pode ser associado a) ao autoritarismo do presidente diante dos movimentos sociais, manifesto na repressão às associações de operários e camponeses. b) aos esforços de negociação com a oposição, com a de- corrente distribuição de cargos administrativos e funções políticas. c) ao caráter popular do regime, originário de uma revolução social e empenhado no combate à burguesia industrial brasileira. d) à política de concessões desenvolvida junto a sindicatos, como contrapartida do apoio político dos trabalhadores. e) à supressão de legislação trabalhista no país, que obrigava o governo a agir de forma assistencialista. 12.10. (UNESP – SP) – O início da implantação da indús- tria de base liga-se à política nacionalista da era Vargas. As dificuldades externas, devido ao envolvimento dos países industrializados nas guerras, contribuíram para que se consolidasse a política das substituições das im- portações. Dentre as realizações que marcaram o último governo de Getúlio Vargas (1951-1954), e que se tornaram importantes para o desenvolvimento econômico do país, podemos citar a) a transferência da Capital Federal para Brasília. b) o programa de integração econômica da Amazônia, com a instalação do porto livre de Manaus. c) o estabelecimento do monopólio da extração e da refi- nação do petróleo. d) a instalação da indústria automobilística no país. e) a criação do Banco Nacional de Habitação. 12.11. (PUCCAMP – SP) – O termo populista é atribu- ído por parte da historiografia brasileira a líderes como Getúlio Vargas, uma vez que era parte de sua estratégia de governo o a) trabalhismo, que pressupunha a garantia de benefícios aos trabalhadores concomitante ao cerceamento da livre organização e intenso controle de sindicatos. b) paternalismo, por meio de políticas assistencialistas para diminuir a pobreza e amplas reformas no campo, colocando em xeque o apoio da burguesia ao presidente. c) nacionalismo, cujo resultado foi a plena identificação, pelo povo, de sua imagem à da nação e a inexistência de qualquer oposição. d) queremismo, mediante o qual Vargas, por meio do culto à personalidade, estreitou laços com as camadas mais pobres da sociedade e instituiu o Estado Novo. e) peleguismo, que consistia na criação de grandes centrais sindicais que atendiam a todos os interesses dos trabalha- dores mas promoviam compra de votos e troca de favores. Aula 12 19História 6C 12.12. (FAMERP – SP) – O Plano de Metas foi uma expe- riência sistemática de planejamento implementada pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1961). O Plano favore- ceu a instalação de empresas estrangeiras especializadas na montagem de automóveis no Brasil, fato que a) mudou a estrutura econômica do país, devido à destrui- ção do antigo parque automobilístico brasileiro. b) enfraqueceu a capacidade do Estado brasileiro em garan- tir os direitos dos trabalhadores urbanos. c) promoveu uma expansão da economia industrial com o surgimento de fábricas de autopeças. d) concentrou a produção em um setor econômico em prejuízo das indústrias de produtos eletrônicos e de outros bens de consumo duráveis. e) permitiu a exploração de todas as etapas da produção dos veículos pelos empresários estrangeiros. Aprofundamento 12.13. (PUCCAMP – SP) – A inauguração de Brasília, sím- bolo da modernização empreendida durante o período de governo de JK, foi acompanhada de uma série de impactos imediatos, dentre os quais podemos citar a) a mudança da capital federal, medida que causou muita polêmica pois o projeto havia sido inusitado na história do Brasil, e os funcionários federais recusavam- se a mudar para o Centro-Oeste. b) o fim do isolamento econômico do Centro-Oeste, por meio da inauguração de uma extensa rede viária e de um grande parque industrial nas imediações da capital. c) a migração de pequenos agricultores do Sul do país para Goiás e Mato Grosso, estimulados por incentivos estatais para o plantio da soja e a agropecuária voltada à exportação. d) a transformação da localidade em fundamental polo tu- rístico nacional, em função da curiosidade estrangeira em conhecer a primeira cidade planejada da América Latina. e) o crescimento de cidades satélites muito além da pro- porção imaginada por Lucio Costa em seus primeiros planejamentos, em função da grande população de trabalhadores atraída à região. 12.14. (MACK – SP) – “Nem tudo eram flores no período de Juscelino. Os problemas maiores se concentraram nas áreas interligadas do comércio exterior e das finan- ças do governo”. Boris Fausto. História do Brasil. 13.aed. São Paulo: EDUSP, 2009, p. 432 Dentre os problemas enfrentados pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) a) estavam as oposições de setores da elite conservadora, avessa às Reformas de Base propostas pelo presidente, impedindo um amplo projeto de modernizações para o país. b) estavam os altos gastos governamentais para sustentar o programa de industrialização e a construção de Brasília, resultando em crescentes deficits do orçamento federal. c) estava a oposição das Forças Armadas, capitaneadas pelo marechal Henrique Lott, contribuindo para a instabilidade política que ameaçou a continuidade democrática. d) estava a aquisição de empréstimos externos, resultando na dependência em relação ao FMI e na adoção de me- didas impostas por esse órgão, como o congelamento salarial. e) estava a austeridade fiscal e o descontrole inflacionário, resultando em uma política de juros altos e liberalização do câmbio, manobras nacionalistas que surtiram efeito imediato. 12.15. (UNESP – SP) – Brasília simbolizou na ideologia nacional-desenvolvimentista o “futuro do Brasil”, o arremate e a obra monumental da nação a ser cons- truída pela industrialização coordenada pelo Estado planificador, pela ação das “forças do progresso” (aque- las voltadas para o desenvolvimento do “capitalismo nacional”), que paulatinamente iriam derrotar as “forças do atraso” (o imperialismo, o latifúndio e a política tradicional, demagógica e “populista”). (José William Vesentini. A capital da geopolítica, 1986.) Segundo o texto, a construção de Brasília deve ser entendida a) como uma tentativa de limitar a migração para o Centro do país e de reforçar o contingente de mão de obra rural. b) dentro de um conjunto de iniciativas de caráter liberal, que buscava eliminar a interferência do Estado nos assuntos econômico-financeiros. c) dentro do rearranjo político do pós-Segunda Guerra Mun- dial, que se caracterizava pelo clima de paz nas relações internacionais. d) dentro de um amplo projeto de redimensionamento da economia e da política brasileiras, que pretendia moder- nizar o país. e) como um esforço de internacionalização da economia brasileira, que provocaria aumento significativo da ex- portação agrícola. 12.16. (UEL – PR) – TEXTO I Os cinco anos do governo Juscelino são lembrados como um período de otimismo associado a grandes realizações, cujo maior exemplo é a construção de Brasília. [...] A ideia não era nova, pois a primeira Constituição Republicana, de 1891, atribuía ao Con- gresso a competência de “mudar a capital da União”. Coube porém a Juscelino levar o projeto à prática, com enorme entusiasmo, mobilizando recursos e mão de obra constituída principalmente por migrantes nordestinos – os chamados “candangos”. Adaptado de: FAUSTO, B. História do Brasil. 8 ed. São Paulo: EDUSP/FDE, 2000, p. 425 - 430. 20 Semiextensivo TEXTO II [...] Eu inauguro o monumento No Planalto Central do País [...] O monumento é de papel crepom e prata Os olhos verdes da mulata A cabeleira esconde atrás da verde mata O luar do sertão [...] O monumento não tem porta A entrada é uma rua antiga, Estreita e torta E no joelho uma criança sorridente, Feia e morta, Estende a mão [...] VELOSO, C. Tropicália. Álbum Tropicália. Ed. Polygram, 1967. Considerando os textos I e II e os conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que a construção de Brasília representou: a) a síntese de um período de desenvolvimento econômico sem precedentes na história nacional, pela prosperidade ocasionada pelo deslocamento maciço de populações empobrecidas do Nordeste para a nova área de ocupação. b) a construção da primeira cidade planejada do Brasil, época em que se inaugura a modernização do país propiciando também a remodelação de portos, construção de ferro- vias, aeroportos e indústrias de base. c) uma época na qual o país buscou superar de forma rápida o atraso econômico da sociedade agroexporta- dora e adentrar no mundo urbano industrial, vivendo, no entanto, uma série de contradições sociais geradas pela concentração de renda. d) o coroamento do esforço governamental, iniciado na Primeira República, que procurava estimular a ocupação territorial, promovendo a reforma agrária, o desenvolvi- mento industrial descentralizado e a modernização do país. e) a reformulação do movimento conhecido como “Marcha para o Oeste”, que procurou transformar áreas despovo- adas do Brasil em polos de desenvolvimento industrial, política consolidada na Era Vargas. 12.17. (UFRGS) – Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações, relativas ao governo Kubitschek. ( ) O golpe preventivo do general Lott garantiu a sua posse ao abafar o descontentamento de setores mili- tares e políticos contrariados com os resultados finais da eleição de 1955. ( ) Sua administração foi marcada pelo lema “Cinquenta anos de progresso em cinco de governo” e pela inte- riorização do governo central com a construção de Brasília. ( ) Sua política econômica foi delineada no Plano de Me- tas, ambicioso programa que apontava para o desen- volvimento das indústrias de base e dos setores ener- gético, de transporte, alimentar e educacional. ( ) Ele promoveu ampla atividade do Estado no setor de infraestrutura e no incentivo à industrialização, mas também desenvolveu ações para atrair capitais es- trangeiros. ( ) Ele criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilís- tica (GEIA), com o intuito estratégico de alavancar a produção de automóveis e caminhões com capitais privados. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: a) V – F – V – F – F b) F – V – F – V – F c) V – F – F – V – V d) F – V – V – F – V e) V – V – V – V – V 12.18. (UFF – RJ) – Com espetacular solenidade, em 21 de abril de 1960, foi inaugurada Brasília, a nova capital do país, que se tornaria símbolo de toda uma era de modernidade e progresso. Assinale a opção que apresenta um comentário que, de fato, corresponde ao momento histórico focalizado. a) O “exército” de trabalhadores responsável pela constru- ção da nova capital teve como principal característica o fato de ser, majoritariamente, integrado por migrantes do Sudeste, que recebiam o maior salário mínimo do Brasil. b) A construção de Brasília atuou como elemento de im- pulsão do parque industrial e do capitalismo no Brasil, não só ao gerar a expansão da malha rodoviária, bene- ficiando as montadoras estrangeiras de automóveis, mas também, ao ampliar a demanda por cimento, aço e energia no país. c) Do ponto de vista arquitetônico e paisagístico, a solução urbanística adotada para Brasília remetia, simbolicamente, ao sinal da cruz, numa referência explícita ao profundo catolicismo dos primeiros candangos que construíram a cidade. d) A opção de JK pela interiorização da capital representou a conciliação, no país, entre o “velho” e o “novo”, já que beneficiava os tradicionais coronéis nordestinos e a ju- ventude estudantil brasileira. e) A construção de Brasília deslocou expressivos contingen- tes populacionais para o Planalto Central, sobretudo os sem-terra e sem-teto do Centro-Oeste brasileiro. Aula 12 21História 6C Discursivos 12.19. (UFRJ) – “Às quatro horas da madrugada no dia 24, depois da notícia, Carlos foi carregado por admiradores até o apartamento lotado de Café Filho. O vitorioso Lacerda, aplaudido calorosamente, falou pelo rádio que Vargas ‘devia apodrecer’ na Base Aérea do Galeão (...) Garrafas de champanhe foram abertas.” DULLES, John W. F. Carlos Lacerda: a vida de um lutador. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1992. p. 188. A notícia que gerou a comemoração citada no texto era a da licença do cargo de presidente por Getúlio Vargas, que, esperava- -se, seria pedida a qualquer momento. No entanto, algumas horas mais tarde, surgia a informação do suicídio de Vargas. a) Aponte o motivo pelo qual diversos analistas políticos da época afirmaram que, com sua morte, Vargas saiu vitorioso. b) Cite uma das