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Docente: Engº Alexandre Bartolomeu UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE ENGENHARIA Departamento de Engenharia Química Curso: Engenharia do Ambiente 2 As zonas costeiras, por definição, são zonas em constante mudança: Por um lado, a acção do mar , transporte e deposição de sedimentos faz com que a linha da costa esteja em constante alteração - sendo difícil atingir um estado de equilíbrio. Por outro lado, o impacto da actividade humana nestas zonas é muito elevado, o que potencia e agrava os efeitos da erosão. INTERVENÇÕES DE DEFESA COSTEIRA 3 SOLUÇÕES ALTERNATIVAS Factores que determinam a erosão nas zona costeira. A Erosão Costeira é fundamentalmente determinada pela (1) Intensidade relativa da força de ataque das ondas (fw) e (2) Resistência do material rochoso da zona (fr). 4 INTERVENÇÕES DE DEFESA COSTEIRA SOLUÇÕES ALTERNATIVAS 1- OBRAS TRANSVERSAIS (ESPORÕES): 2- OBRAS LONGITUDINAIS ADERENTES: 3- ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL DE PRAIAS: 4- REQUALIFICAÇÃO DE DUNAS: 5 1. ESPORÕES Uso: Zonas em erosão causada pela agitação costeira. Função: Retenção parcial de sólidos a barlamar. Objectivo: Criar ou alargar zonas de praia. 6 FUNCIONAMENTO DE ESPORÕES A determinação prévia da eficiência de um esporão exige o conhecimento da distribuição do caudal sólido litoral ao longo da faixa entre a linha de rebentamento das ondas e a costa. O movimento longitudinal das areias se processa de duas maneiras: por arrastamento ( na zona mais próxima da costa), e por suspensão, que predomina junto da linha de movimento. 7 Devido ao poder de retenção do esporão, o material começa a acumular-se no lado de barlamar A sotamar, privada de alimentação em material sólido, começaria a recuar FUNCIONAMENTO DE ESPORÕES 8 A eficiência 100% de um esporão seria conseguida com uma obra que atingisse as profundidades até onde se processa o movimento de materiais (profundidades da ordem dos 15 a 20 metros) Na prática os esporões são de eficiência parcial. FUNCIONAMENTO DE ESPORÕES 9 2. OBRAS LONGITUDINAIS ADERENTES (Paredões): Uso: Zonas atacadas pelo mar, delimitação de arruamentos marginais. Função: Resistir ao impacto das ondas, retenção de solos. Objectivo: Estabilizar a costa contra o recuo e erosão, impedir o avanço do mar. 10 2. OBRAS LONGITUDINAIS ADERENTES (Paredões): Uso: Zonas atacadas pelo mar, delimitação de arruamentos marginais. Função: Resistir ao impacto das ondas, retenção de solos. Objectivo: Estabilizar a costa contra o recuo e erosão, impedir o avanço do mar. 11 Uso: Zonas atacadas pelo mar, delimitação de arruamentos marginais. Função: Amortizar o impacto das ondas, retenção de solos. Objectivo: Estabilizar a costa contra o recuo e erosão, impedir o avanço do mar e criar praias. 12 2. OBRAS LONGITUDINAIS DESTACADAS (Quebra-mares): 3. ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL DE PRAIAS & 4. REQUALIFICAÇÃO DE DUNAS Uso: zonas afectadas por erosão e com défice de sedimentos. Função: Provocar rebentação e dissipação da energia das ondas, reduzir a capacidade de transporte. Objectivo: Alargamento de praias, formação de dunas. 13 1. ESPORÕES: Retenção sólida pouco significativa, Reduzido fluxo sedimentar a partir de barlamar, Impacto ambiental e paisagístico negativo, Artificialização pouco recomendada pelos cientistas. ANÁLISE COMPARATIVA (do funcionamento) 14 2. OBRAS LONGITUDINAIS ADERENTES (paredões): Necessária nas zonas críticas para impedir o avanço progressivo do mar e a degradação das obras marginais adjacentes. Construídas em alvenaria, betão, enrocamento, gabiões, blocos artificiais, geomembranas, em perfis paralelos e aderentes à linha da costeira, com alinhamento que se pretende fixar. Inclui-se nas obras longitudinais os quebra-mares (destacados e aderentes) ANÁLISE COMPARATIVA (do funcionamento) 15 3. ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL DE PRAIAS / 4. REQUALIFICAÇÃO DE DUNAS: Avaliar a possibilidade de ripagem de areias da pré-praia Avaliar possível do uso de paliçadas. Recomendável vegetação de dunas. ANÁLISE COMPARATIVA (do funcionamento) 16 1-ESPORÕES: Custos de construção (fundações, aquisição, transporte e colocação de pedras e/ou fabrico, transporte de betão e betonagem). 2-OBRAS LONGITUDINAIS ADERENTES: Custos de construção (fundações, fabrico, transporte de betão e betonagem). 3-ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL DE PRAIAS/REQUALIF. DE DUNAS : Os Custos dependem da origem dos sedimentos e das técnicas de repulsão. ANÁLISE COMPARATIVA (do funcionamento) 17 Fundamentalmente, existem 4 formas básicas de encarar este problema as quais têm sido apresentadas como "soluções": 1. Protecção; 2. Adaptação; 3. Retirada estratégica; e 4. Não fazer nada. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 18 1. PROTECÇÃO Construir obras pesadas de engenharia costeira que impeçam a destruição do património construído e/ou a invasão da plataforma litoral pelo mar. Constitui "solução" muito dispendiosa, que tendencialmente se propaga a todo o trecho costeiro intervencionado, não definitiva (pois que exige frequentes obras de manutenção ou reconstrução) e ambientalmente degradativa. É a "solução" de "combater as forças da Natureza"; AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 19 2. ADAPTAÇÃO Isto é, efectuar intervenções de índole protectiva de cariz dito ligeiro (realimentação, "by-passing", reconstrução dunar, diques, etc.) nos trechos costeiros de maior importância; e Efectuar uma gestão da faixa litoral que tenha em atenção os riscos naturais, nomeadamente a elevação do nível do mar e o recuo da linha de costa. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 20 2. ADAPTAÇÃO Esta hipótese de "solução" preconiza que, de algum modo, se minimizem (ou eliminem) os factores degradados devido às actividades antrópicas e, por outro lado, que se adaptem as actividades sócio-económicas à realidade actual. Trata-se de "solução" muito dispendiosa, que exige investimentos continuados ao longo do tempo. É uma "solução" defensável do ponto de vista ambiental visto que tende a utilizar processos semelhantes aos do funcionamento da Natureza e/ou a adaptação a esses processos naturais, por forma a atingir-se um novo equilíbrio dinâmico. Por vezes esta "solução" é também conhecida pela designação de "construir com a Natureza (building with Nature)". A opção "adaptação" envolve o combate às causas dos problemas e intervenções tanto quanto possível em sintonia com o funcionamento dos processos naturais. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 21 2. ADAPTAÇÃO – Reconstrução/Requalificação Dunar AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 22 3. RETIRADA ESTRATÉGICA Isto é, abandonar a faixa costeira que previsivelmente virá a ser afectada nas próximas décadas, transferindo para local seguro o património construído mais importante, e destruindo (ou deixando que o mar o faça) as construções menos importantes. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) Trata-se de "solução" extraordinariamente dispendiosa, mas que pode "resolver" o problema durante um período alargado sem custos adicionais verdadeiramente importantes. 23 3. RETIRADA ESTRATÉGICA A opção de "retirada estratégica" é politicamente inviável nalgumas partes do litoral considerado. Efectivamente, não é concebível (do ponto de vista político, financeiro e social) transferir, por exemplo, uma cidade de para local mais seguro. Todavia, em muitos casos, a "retirada estratégica" é exequível. É, notoriamente, o caso de edificações, mais ou menos isoladas, existentes na franja litoral. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 24 4. NÃO INTERVENÇÃO (Abandono) A opção de “deixar a natureza tomar conta" sem quaisquer intervenção numa determinada faixa costeira considerada. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Erosão costeira) 25 Na realidade, não existe uma solução global verdadeiramente eficaz que possa ser aplicada, de forma directa, e sem estudos complementares, a qualquer troço costeiro. Por outro lado, sabe-se que qualquer "solução" acarreta custos económicos e sociais muito elevados, que o problema é bem real, que carece de solução urgente, e que quanto mais se protelar a adopção de uma política coerente, esclarecida e eficaz, mais dispendiosa ficará essa eventual "solução". Sabe-se, ainda, que quanto maior for o conhecimento científico do funcionamento dos sistemas costeiros mais eficaz será qualquer "solução" que venha a ser adoptada (pois que mais adaptada estará à actuação dos processos naturais). AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Considerações) 26 No entanto, a adopção de qualquer "solução" é eminentemente um acto político e, como tal, tem forçosamente de ter sede no poder político (central, regional e local). Compete à comunidade científica informar, esclarecer e fornecer dados fiáveis ao poder político que viabilizem a adopção de procedimentos adequados. Independentemente das "soluções" que vierem a ser adoptadas, é conveniente que todos nós comecemos a ter consciência de que estão em curso modificações significativas nos sistemas costeiros naturais que se repercutirão em praticamente todas as actividades sócio-económicas de uma forma geral, e que irão, seguramente, afectar, no futuro, o quotidiano de todos nós. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Considerações) 27 1. PROTECÇÃO Sabe-se hoje que tais procedimentos conduziram a intensa degradação dos valores naturais e das apetências turístico - balneares das zonas intervencionadas, bem como a amplificação da erosão costeira nas zonas a sotamar. A aplicação sistemática desta opção conduzirá, a curto-médio prazo, à completa artificialização do litoral, com perda quase total dos seus valores naturais e das suas apetências. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Impactos) 28 1. PROTECÇÃO Muito provavelmente, também, a curto-médio prazo, verificar-se- ia a cedência de muitas das estruturas (devido à actuação de temporais, a compactação do substrato, a mobilidade do fundo arenoso, a aumento da reflectividade da praia, etc.), existindo a tendência para as reconstruir de forma ampliada e mais maciça, ou para as substituir por estruturas maiores e "mais seguras“. O resultado final seria a completa artificialização de quase toda a linha de costa, com as consequências profundamente negativas inerentes a tal facto. AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Impactos) 29 30 1.1-Obras de Protecção: MUROS DE PROTECÇÃO Fig: Efeitos de uma construção à beira-mar sobre a conservação da praia A–Praia em equilíbrio dinâmico; B–Construção de imóvel sobre a retaguarda da praia; C–Construção de muro marítimo para protecção contra vagas de tempestade; e D–Poder reflexivo das ondas obriga a reforçar o muro, aumentando a energia de refluxo e levando à perda de grande parte da área de praia (adaptado de Paskoff, 1985). AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Impactos) 31 1.1-Obras de Protecção: MUROS DE PROTECÇÃO AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Impactos) 1.1-Obras de Protecção: MUROS DE PROTECÇÃO 32 33 Efeitos associados: (1) Sedimentação a montante (2) Erosão a juzante 1.2-Obras de Protecção: ESPORÃO/ESPIGÃO AS "SOLUÇÕES" PARA O PROBLEMA (Impactos) 34 Figuras: processo de artificialização do litoral 1.2-Obras de Protecção: ESPORÃO/ESPIGÃO 35 1.2-Obras de Protecção: ESPORÃO/ESPIGÃO