Prévia do material em texto
Matemática para Finanças Modelos de Mercado em Tempo Discreto e Gestão de Carteira Sérgio Kannebley Jr. USP - Ribeirão Preto October 3, 2023 Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 1 / 54 Sumário 1. Modelos dos Mercados Acionário e Monetário 2. Estratégias de Investimento 3. Risco 4. Dois Valores Mobiliários 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira 6. Valores Mobiliários Diversos 7. Fronteira Eficiente 8. CAPM - Modelo de Precificação de Ativos Financeiros 9. Fator Beta 10. Reta do Mercado de T́ıtulos (SML) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 2 / 54 1. Modelos dos Mercados Acionário e Monetário Suponha que m ativos arriscados estão sendo negociados. Serão chamados de ações. Seus preços no tempo n = 0, 1, 2,... são denotados por S1(n), ...,Sm(n). Além disso, os investidores tem à disposição um ativo livre de risco, isto é, um investimento no mercado monetário. ▶ A(n) como o preço do t́ıtulo no tempo n, com A(0) = 1. As posições de risco nos ativos de número 1, . . . , m serão denotadas por x1, . . . , xm, respectivamente. A posição livre de risco será denotada por y. A ”riqueza” de um investidor que detenha tais posições no tempo n será V (n) = m ∑ j=1 xjSj (n) + yA(n) (1) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 4 / 54 Suposições do Modelo Suposição 4.1 (Aleatoriedade) ▶ Os preços futuros das ações S1(n), ...,Sm(n) são variáveis aleatórias para qualquer n = 1, 2,... ▶ Os preços futuros A(n) do t́ıtulo de d́ıvida livre de risco para qualquer n = 1, 2,... são números conhecidos. Suposição 4.2 (Positividade dos Preços) ▶ Todos os preços de ações e t́ıtulos são estritamente positivos, S(n) > 0 e A(n) > 0 para n = 0, 1, 2,... . Suposição 4.3 (Divisibilidade, Liquidez e Venda a Descoberto) ▶ Um investidor pode comprar, vender ou manter qualquer número xk de ações de cada tipo k = 1, ...,m e tomar qualquer posição livre de risco y, seja total ou fracional, negativa, positiva ou nula. Isto é: x1, ..., xm, y ∈ R Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 5 / 54 Suposições do Modelo Suposição 4.4 (Solvência) ▶ A “riqueza” de um investidor deve ser não negativa todas as vezes, V (n) ≥ 0 para n = 0, 1, 2.... Suposição 4.5 (Preços unitários discretos) ▶ Para cada n = 0, 1, 2, ..., os preços de ação S1(n), ...,Sm(n) são variáveis aleatórias que tomam um número finito de valores. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 6 / 54 Estratégias de Investimento As posições mantidas pelos investidores podem ser alteradas a qualquer tempo Os recursos dispońıveis são aqueles em portfólio, não havendo vazamentos para consumo ou entrada de novos recursos; Decisões de alocação são tomadas apenas com base na informação corrente; Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 8 / 54 2. Estratégias de Investimento Definição 4.1: Uma carteira é um vetor (x1(n), ..., xm(n), y(n)) que indica o número de ações e t́ıtulos mantidos por um investidor entre os peŕıodos n− 1 e n. Uma sequência de carteiras indexada por n = 1, 2, . . . é conhecida como uma estratégia de investimento. A “riqueza” de um investidor ou o valor da estratégia no tempo n ≥ 1 é V (n) = m ∑ j=1 xj (n)Sj (n) + y(n)A(n) (2) No tempo n = 0, a ”riqueza” inicial é dada por V (0) = m ∑ j=1 xj (1)Sj (0) + y(1)A(0) (3) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 9 / 54 2. Estratégias de Investimento Definição 4.2: Uma estratégia de investimento é chamada de autofinanciável se a carteira constrúıda no tempo n ≥ 1 a ser mantida no próximo tempo n+ 1 for inteiramente financiada pela “riqueza” atual V (n), isto é m ∑ j=1 xj (n+ 1)Sj (n) + y(n+ 1)A(n) = V (n) (4) Definição 4.3: Uma estratégia de investimento é considerada previśıvel se para cada n = 0, 1, 2, . . . a carteira (x1(n+ 1), . . . , xm(n+ 1), y(n+ 1)) constrúıda no tempo n depender somente dos nós da árvore de cenários de mercado alcançáveis até o tempo n. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 10 / 54 2. Estratégias de Investimento Proposição 4.1: Dada a riqueza inicial V (0) e a sequência previśıvel (x1(n), . . . , xm(n)), n = 1,2.. das posições nos ativos arriscados, é sempre posśıvel encontrar uma sequência y(n) de posições livres de risco tal que (x1(n), . . . , xm(n), y(n)) é uma estratégia de investimento de autofinanciável previśıvel. Definição 4.4: Uma estratégia é considerada admisśıvel se for autofinanciável, previśıvel e para cada n = 0, 1, 2, . . . V (n) ≥ 0 (5) com probabilidade 1. Suposição 4.6 (Prinćıpio da Não-Arbitragem):Não há estratégia admisśıvel tal que V (0) = 0 e V (n) > 0 com probabilidade positiva para algum n = 1, 2, .... Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 11 / 54 Exemplo Uma possibilidade de lucros sem risco e sem investimento inicial pode surgir quando os participantes do mercado cometem um erro. ▶ Suponha que o negociante A em Nova York ofereça comprar libras britânicas a uma taxa dA = 1,62 dólares por libra, enquanto que um negociante em Londres venda libras à taxa dB = 1,60; ▶ Se esse fosse o caso, os negociantes estariam, na prática, distribuindo dinheiro de graça. Um investidor sem capital inicial poderia obter um lucro de dA - dB = 0,02 dólares por cada libra negociada, tomando simultaneamente uma posição vendida com o negociante B e uma posição comprada com o negociante A. ▶ A demanda por seus generosos serviços rapidamente levaria os negociantes a ajustar as taxas de câmbio para que essa oportunidade lucrativa desaparecesse. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 12 / 54 2. Estratégias de Investimento Teorema 4.4 (Teorema Fundamental da Precificação de Ativos): O Prinćıpio da Não-Arbitragem é equivalente à existência de uma probabilidade P∗ no conjunto de cenários Ω tal que P∗(ω) > 0 para cada cenário ω ∈ Ω e os preços descontados das ações S̃j (n) = Sj (n)/A(n) satisfazem a: E∗(S̃j (n+ 1)|S(n)) = S̃j (n) (6) para qualquer j = 1, . . . ,m e n = 0, 1, 2, ..., onde E∗(.|S(n)) denota a expectativa condicional relacionada à probabilidade P∗ calculada, uma vez que o preço da ação S(n) se torna conhecido no tempo n. Definição 4.5: Uma sequência de variáveis aleatórias X (0),X (1),X (2), . . . tal que E∗(X (n+ 1)|S(n)) = X (n) (7) para cada n = 0, 1, 2, ... é considerado um martingale relacionado a P∗. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 13 / 54 3. Risco Uma medida adequada de risco precisa capturar os seguintes dois aspectos: 1 As distâncias entre um certo valor de referência e as taxas de retorno em cada cenário de mercado; 2 As probabilidades de diferentes cenários. O retorno K em um investimento de risco é uma variável aleatória em que: ▶ É natural tomar a expectativa E (K ) como valor de referência; ▶ A variância Var(K) se revela uma medida de risco conveniente ▶ Em algumas circunstâncias, o desvio padrão σK = √ Var(K ) do retorno é uma medida mais conveniente de risco (mesma unidade de medida que o retorno). Var(aK ) = a2Var(K ) σaK = |a|σK Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 15 / 54 4. Dois valores Mobiliários Se V (0) = x1(1)S1(0) + x2(1)S2(0) então: w1 = x1(1)S1(0) V (0) e w2 = x2(1)S2(0) V (0) (8) w1 + w2 = 1, sendo que se há venda a descoberto o peso pode ser negativo e outro superior a 1. Proposição 5.1: O retorno KV em uma carteira que consiste em dois t́ıtulos (valores mobiliários) é a média ponderada dos seus retornos: KV = w1K1 + w2K2 (9) em que w1 e w2 são os pesos e K1 e K2 são os retornos nos dois componentes. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 17 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira O retorno esperado em uma carteira contendo dois valores mobiliários pode ser facilmente expressado em termosde pesos e nos retornos esperados nos componentes E (KV ) = w1E (K1) + w2E (K2). (10) Teorema 5.2: A variância do retorno em uma carteira é dada por Var(KV ) = w2 1Var(K1) + w2 2Var(K2) + 2w1w2Cov(K1,K2). (11) Para evitar confusão, adotadores a seguinte notação: µV = E (KV ), σV = √ Var(KV ) µ1 = E (K1), σ1 = √ Var(K1) µ2 = E (K2), σ2 = √ Var(K2) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 19 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Podemos, também, usar o coeficiente de correlação ρ1,2 = Cov(K1,K2) σ1σ2 . (12) As expressões (10) e (11) podem ser escritas como: µV = w1µ1 + w2µ2, (13) σ2 V = w2 1 σ2 1 + w2 2 σ2 2 + 2w1w2ρ1,2σ1σ2. (14) Proposição 5.3: A variância σ2 V de uma carteira não pode exceder a maior das variâncias σ2 1 e σ2 2 dos componentes, σ2 V ≤ max{σ2 1 , σ2 2}, (15) se vendas a descoberto não são permitidas. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 20 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Proposição 5.4: Se ρ1,2 = 1, então σV = 0 quando σ1 ̸= σ2 e w1 = −σ2 σ1 − σ2 ,w2 = σ1 σ1 − σ2 . (16) (Venda a descoberto será necessária, uma vez que w1 ou w2 é negativo.) Se ρ1,2 = −1, então σV = 0 para w1 = σ2 σ1 + σ2 , w2 = σ1 σ1 + σ2 . (17) (Nenhuma venda a descoberto será necessária, desde que w1 e w2 são ambos positivos.) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 21 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Cada carteira pode ser representada por um ponto com coordenadas σV e µV no plano σ, µ. Retas t́ıpicas de uma carteira com ρ1,2 = −1 e 1 Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 22 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Para −1 < ρ1,2 < 1, a carteira com a variância ḿınima é alcançada em s0 = σ2 1 − ρ1,2σ1σ2 σ2 1 + σ2 2 − 2ρ1,2σ1σ2 . (18) Se vendas a descoberto não são permitidas, então a menor variância é alcançada em smin = 0 s0 < 0 s0 0 ≤ s0 ≤ 1 1 1 < s0 (19) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 23 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira O ḿınimo de σ2 V como uma função de s Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 24 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 25 / 54 5.Risco e Retorno Esperado em uma Carteira À medida que s vai de 0 a 1, o que ocorre no plano (µV , σV ) Curvas t́ıpicas de uma carteira com −1 < ρ1,2 < 1 Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 26 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Corolário 5.6: Suponha que σ1 ≤ σ2. Os três casos seguintes são posśıveis: 1 Se −1 ≤ ρ1,2 < σ1σ2. Então σ1 σ1+σ2 > s0 > 0 e 0 < s0 < 1 dado que σ1 σ1+σ2 < 1. Então s0 = smin e σV < σ1 (linhas 4 e 5); 2 Se ρ1,2 = σ1 σ2 , então s0 = 0 e há uma carteira sem venda a descoberto tal que σV ≥ σ1 (linha 3); 3 Se σ1 σ2 < ρ1,2 ≤ 1. Com isso, σ2 1 < ρ1,2σ1σ2 < σ2 2 , então s0 < 0. Haverá uma carteira com venda a descoberto tal que σV < σ1. Para s > s0, σV é uma função crescente de s, de modo que σv ≥ σ1 (linhas 1 e 2). Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 27 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Retas da carteira para vários valores de ρ1,2 Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 28 / 54 5. Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Proposição 5.7: O desvio padrão σV de uma carteira consistindo de um valor mobiliário arriscado com retorno esperado µ1 e desvio padrão σ1 > 0, e um valor mobiliário livre de risco com retorno rF e desvio padrão nulo depende do peso w1 do valor mobiliário arriscado da seguinte forma: σV = |w1|σ1. (20) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 29 / 54 6. Valores Mobiliários Diversos Uma carteira constrúıda por diferentes n valores mobiliários pode ser descrita na expressão de seus pesos wi = xiSi (0) V (0) , i = 1, ..., n (21) onde xi é o número de ações do tipo i na carteira, Si (0) é o preço inicial do valor mobiliário i , e V (0) é o tanto inicialmente investido na carteira. w = [ w1 w2 . . . wn ] (22) os pesos somam um, que pode ser escrito em forma matricial como 1 = uwT (23) onde u = [ 1 1 . . . 1 ] (24) e wT é a matriz transposta de w . Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 31 / 54 6. Valores Mobiliários Diversos O conjunto alcançável consiste em todas as carteiras com pesos w satisfazendo a expressão (23), chamadas de carteiras alcançáveis. Suponha que os retornos dos valores mobiliários são K1, . . . ,Kn. Os retornos esperados µi = E (Ki ), para i = 1, . . . , n vão também ser arranjados em uma nova matriz de única linha. m = [ µ1 µ2 . . . µn. ] (25) As covariâncias entre os retornos vão ser representadas por cij = Cov(Ki ,Kj ). Eles são as inscrições da matriz de covariância nxn C = c11 c12 . . . c1n c21 c22 . . . c2n ... ... . . . ... cn1 cn2 . . . cnn (26) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 32 / 54 6. Valores Mobiliários Diversos Sabe-se que a matriz de covariância é simétrica e definida positiva, em que cii = Var(Ki ). Portanto, C tem um inversa C−1. Proposição 5.8: O retorno esperado µV = E (KV ) e variância σ2 V = Var(KV ) de uma carteira com os pesos w são dados por µV = E (KV ) = E ( n ∑ i=1 wiKi ) = mwT σ2 V = Var( n ∑ i=1 wiKi ) = Cov( n ∑ i=1 wiKi n ∑ i=1 wiKi ) = n ∑ i=1 wiwjcij = wCwT Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 33 / 54 6. Valores Mobiliários Diversos Portanto µV = mwT (27) σ2 V = wCwT (28) Devemos, também, resolver os dois problemas a seguir: 1 Encontrar a carteira com a menor variância no conjunto alcançável : carteira de variância ḿınima. 2 Encontrar a carteira com a menor variância entre todas as carteiras no conjunto alcançável cujo o retorno esperado é igual a um número dado µV . ⋆ A faḿılia de tais carteiras, parametrizados por µV , é chamada de reta de variância ḿınima. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 34 / 54 6. Valores Mobiliários Diversos Proposição 5.9 (Carteira de Variância Mı́nima): A carteira com a menor variância no conjunto alcançável tem pesos w = uC−1 uC−1uT , (29) desde que o denominador seja diferente de zero. Proposição 5.10 (Reta de Variância Mı́nima): A carteira com a menor variância no conjunto alcançável tem pesos w = [ 1 uC−1mT µV mC−1mT ] uC−1 + [ uC−1uT 1 mC−1uT µV ] mC−1[ uC−1uT uC−1mT mC−1uT mC−1mT ] (30) desde que o determinante do denominador seja diferente de zero. Os pesos dependem linearmente de µV . Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 35 / 54 6. Valores Mobiliários Diversos O limite, mostrado como uma linha em negrito, representa a reta de variância ḿınima. A sua forma é conhecida como Markowitz Bullet (Bala de Markowitz). A parte mais escura representa as carteiras sem venda a descoberto. Carteiras alcançáveis no plano σ, µ. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 36 / 54 7. Fronteira Eficiente Definição 5.1: Dizemos que um valor mobiliário com retorno esperado µ1 e desvio padrão σ1 domina um outro valor mobiliário com retorno esperado µ2 e desvio padrão σ2 sempre que µ1 ≥ µ2 e σ1 ≤ σ2. (31) Esta definição se estende facilmente a carteiras que podem, claramente, serem consideradas como t́ıtulos por direito próprio. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 38 / 54 7. Fronteira Eficiente Redução do risco usando um valor mobiliário dominado Definição 5.2: Uma carteira é chamada de eficiente se não houver nenhuma outra carteira, exceto ela mesma, que a domine. O conjunto de carteiras eficientes entre todas as carteiras alcançáveis é chamado de fronteira eficiente. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 39 / 54 7. Fronteira Eficiente Todo investidor racional escolherá uma carteira eficiente, sempre preferindo umacarteira dominante a uma carteira dominada. ▶ Ou uma carteira eficiente tem o retorno esperado mais alto entre todas as carteiras alcançáveis com mesmo desvio padrão(mesmo risco) ▶ Ou, tem o mais baixo desvio padrão(o risco mais baixo) entre todas as carteiras alcançáveis com o mesmo retorno esperado. Proposição 5.11: Considere duas carteiras na reta de variância ḿınima, com pesos w ′ e w”. Logo, a reta de variância ḿınima consiste de carteiras com pesos cw ′ + (1− c)w” para qualquer c ∈ R e apenas para tais carteiras. A fronteira eficiente consiste de todos os portfólios na reta de variância ḿınima cujos retornos esperados são maiores ou igual ao retorno do portfólio de variância ḿınima global. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 40 / 54 7. Fronteira Eficiente Fronteira eficiente constrúıda através de diversos valores mobiliários Proposição 5.12: Os pesos w de qualquer carteira pertencendo à fronteira eficiente(exceto para a carteira de variância ḿınima) satisfazem a condição γwC = m− µu (32) para alguns números reais γ > 0 e µ. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 41 / 54 8. CAPM - Modelo de Precificação de Ativos Financeiros Estimação de C pode ser computacionalmente intensiva Modelo CAPM oferece uma solução computacionalmente mais eficiente Oferece um entendimento simplificado do fenômeno econômico, baseado na suposição de expectativas homogêneas: ▶ Todo agente (investidor) utiliza o mesmo conjunto de estimativas para retornos esperados, variâncias e covariancias entre os retornos; ▶ Isto implica que a fronteira eficiente para todos os agentes será a mesma; ▶ As decisões de alocações diferem em razão das diferenças no grau de aversão ao risco. Vamos assumir que além dos ativos de risco os agentes tem acesso a recursos a uma taxa livre de risco, rF . Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 43 / 54 8. CAPM - Modelo de Precificação de Ativos Financeiros De acordo com as suposições do CAPM, todo investidor racional selecionará sua carteira nessa semirreta chamada de Reta do Mercado de Capitais(CML - Capital Market Line). Fronteira eficiente para carteiras com um valor mobiliário livre de risco Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 44 / 54 8. CAPM - Modelo de Precificação de Ativos Financeiros Todo investidor irá selecionar uma carteira no CML → todos manterão uma carteira com as mesmas proporções relativas de valores mobiliários de risco. Para ser consistente com o equiĺıbrio de mercado a carteira com desvio padrão σM e retorno esperado µM tem que conter todos os valores mobiliários arriscados com pesos igual a suas ações relativas no mercado inteiro → carteira de mercado. O CML se juntando ao valor mobiliário livre de risco e a carteira de mercado satisfaz a seguinte equação µ = rF + µM − rF σM σ. (33) Para uma carteira sobre a CML com risco σ, o termo µM−rF σM σ é chamado de prêmio de risco. Este retorno adicional acima do ńıvel sem risco causa compensação pela exposição ao risco. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 45 / 54 9. Fator Beta É importante entender como o retorno KV em uma dada carteira ou um único valor mobiliário vai reagir a tendências afetando todo o mercado. Assim, podemos traçar os valores de KV para cada cenário de mercado contra os do retorno KM na carteira de mercado e calcular a reta de melhor ajuste, também conhecida como a reta de regressão ou a reta caracteŕıstica. y = βV x + αV . (34) Reta de melhor ajuste Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 47 / 54 9. Fator Beta Para qualquer β dado e α, os valores de uma variável aleatória α + βKM podem ser considerados como previsões para o retorno da carteira trabalhada. A diferença ε = KV − (α + βKM) entre o retorno real KV e o retorno previsto α + βKM se dá o nome de variável aleatória residual. βV = Cov(KV ,KM) σ2 M , αV = µV − βV µM . (35) em que µV = E (KV ), µM = E (KM) e σ2 M = Var(KM). Definição 5.3: Chamamos βV = Cov(KV ,KM) σ2 M (36) de fator beta da dada carteira ou do dado valor mobiliário. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 48 / 54 9. Fator Beta σ2 V = Var(εV ) + β2 V σ2 M (37) O primeiro termo Var(εV ) é conhecido como a variância residual ou risco diversificável. O segundo termo β2 V σ2 M é chamado de sistemático ou risco não diversificável. O fator beta βV pode ser considerado como uma medida de risco sistemático associado a um valor mobiliário ou a uma carteira. Maior o risco sistemático, maior o retorno requirido pelos investidores como um prêmio por se exporem a esse tipo de risco. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 49 / 54 10. Reta do Mercado de T́ıtulos (SML) Pela Proposição 5.12 γwMC = m− µu (38) para alguns números γ > 0 e µ. O fator beta da carteira com pesos wV podem, então, serem escritas como βV = Cov(KV ,KM) σ2 M = wMCwT V wMCwT M = γ(m− µu)wT V γ(m− µu)wT M = µV − µ µM − µ . (39) Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 51 / 54 10. Reta do Mercado de T́ıtulos (SML) µv = (1− βV )µ + βV µM (40) Se βV = 0 então µV = µ Substituindo βF e rF por βV e µV , repesctivamente, sendo βF = 0, então µ = rF . Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 52 / 54 10. Reta do Mercado de T́ıtulos (SML) Teorema 5.13: O retorno esperado µV em uma carteira (ou um valor mobiliário individual) é uma função linear do coeficiente beta βV da carteira, µV = rF + (µM − rF )βV . (41) Reta do Mercado de Capitais e Reta do Mercado de T́ıtulos Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 53 / 54 10. Reta do Mercado de T́ıtulos (SML) Suponha, por exemplo, que µV > rF + (µM − rF )βV (42) para um valor mobiliário particular. Neste caso, os investidores vão querer aumentar suas posições relativas neste valor mobiliário, que oferece um retorno esperado maior do que requerido como compensação pelo risco sistemático. Por outro lado, se a desigualdade reversa µV < rF + (µM − rF )βV (43) fica mantida, os investidores vão querer vender o valor mobiliário. Nesse caso, a oferta vai superar a demanda, o preço vai cair e o retorno esperado vai aumentar. Sérgio Kannebley Jr. Matemática para Finanças FEA-RP 54 / 54 Modelos dos Mercados Acionário e Monetário Estratégias de Investimento Risco Dois Valores Mobiliários Risco e Retorno Esperado em uma Carteira Valores Mobiliários Diversos Fronteira Eficiente CAPM - Modelo de Precificação de Ativos Financeiros Fator Beta Reta do Mercado de Títulos (SML)