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07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 1/37 Autoria: Me. Pedro Luiz Bulgarelli – Revisão Técnica: Me. Thiago Henrique Nunes Ferreira AVALIAÇÃO FÍSICA AVALIAÇÃO DE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 2/37 Introdução Você sabia que os exercícios possuem diferentes características metabólicas? Já percebeu em algum momento que a intensidade do exercício causa diferentes reações no nosso corpo durante o a realização de exercícios? E o melhor, você sabe que é possível escolher quais características do exercício a praticar, bem como controlá-las? Sim, nesta unidade, você irá compreender as diferentes formas que temos de controlar a intensidade do exercício e como essas variáveis podem também ser indicadores para a não realização de exercícios. Você irá aprender como relacionar os indicadores de intensidade com os aspectos metabólicos e as formas de identi�cação e controle para a prática de exercícios nessas características. Alguns protocolos de avaliação física são importantes aliados como indicadores de performance, mas eles também podem ser utilizados como uma importante ferramenta para a prescrição do treinamento pois eles trazem como característica uma avaliação que permite diversas coletas de dados intermediárias e que favorecem um olhar para a dinâmica do exercício e as mudanças de característica que o aumento da intensidade causa no organismo. Portanto, �ca claro que ter informações su�cientes para uma prescrição de exercício mais assertiva e que proporcione uma maior possibilidade para alcançar os objetivos do indivíduo é muito melhor do que fazer uma prescrição baseada apenas em achismos ou classi�cações generalistas. Ao �nal desta unidade, você será capaz de ter um melhor domínio sobre diversos protocolos de avalição das capacidades cardiorrespiratórias e será capaz também de realizar prescrições de exercício de acordo com os objetivos dos seus alunos/clientes. Bons estudos! Tempo estimado de leitura: 64 minutos. 4.1 Potência aeróbia 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 3/37 Tenho certeza de que, em algum momento da sua vida, durante uma atividade, seja qual for, você tenha tido a sensação de que estava com falta de ar. E não estou dizendo apenas de atividades de alta intensidade, pode até ser em atividades simples como subir um morro ou uma montanha. Nesse momento, a sensação de falta de ar faz com que você ou reduza a atividade que está realizando ou que ao �nal dela você tenha uma sensação de exaustão muito grande. Essas características nos ajudam a entender a de�nição de potência aeróbia. Você se lembra de que, para realizar um exercício seja qual for sua característica, precisamos de energia para que seja possível realizar a contração muscular e a partir desta executar um movimento? Pois bem, o nosso organismo produz energia a partir do metabolismo energético, ou seja, por meio de diversas reações químicas que resultam na hidrólise (quebra) da molécula de adenosina trifosfato (ATP) , gerando energia que é utilizada pelo próprio organismo em diversas ações, dentre elas, para a contração muscular. E, quando estamos realizando um exercício no qual sentimos um cansaço excessivo ou a incapacidade de continuar na atividade, signi�ca que nosso organismo não está mais sendo capaz de fornecer quantidade de energia su�ciente para manutenção daquela atividade. Isso é mais comum do que se imagina, independente do tipo de exercício realizado e suas características. Dentro do sistema energético do nosso organismo, temos três principais vias de produção de energia, sendo: A diferença principal entre eles está na forma e no tempo em que a produção de energia ocorre, o que consequentemente impacta no tempo em que o individuo conseguirá manter uma prática de atividade física. Outro ponto importante e que diferencia as vias metabólicas é o substrato energético que está atrelado a cada uma dessas vias. O substrato energético nada mais é do que a fonte de onde geramos energia, temos: para a via oxidativa, a gordura como principal substrato; para a glicólise, temos o carboidrato como principal substrato; e para o sistema do fosfagênio, a creatina fosfato. sistema fosfagênio glicólise sistema oxidativo 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 4/37 A via oxidativa, por exemplo, metaboliza a gordura com a participação do oxigênio para a produção de energia, sendo que o caminho para gerar energia dentro desta via é o caminho mais longo entre as três fontes energéticas, consequentemente, é uma via que não será capaz de suprir as necessidades energéticas a curto prazo, uma vez que o caminho que ela percorre é mais longo do que as demai; mas que, nas condições em que não há uma necessidade imediata e rápida de energia, será a via que predominantemente contribuirá para o fornecimento de energia. E por ser dependente de oxigênio essa via faz parte do metabolismo aeróbio, que envolve a produção de energia por meio da utilização de oxigênio. Essa capacidade do nosso organismo é medida pelo consumo máximo de oxigênio, pois essa medida representa a capacidade que o nosso organismo tem de: O consumo máximo de oxigênio é representado pelo Volume Máximo de Oxigênio (VO ), expressado em L/min ou ml/kg/min. A potência aeróbia está relacionada diretamente a esta capacidade, ou seja, quanto maior for o meu VO melhor será a minha potência aeróbia. Em termos de prescrição de exercício, como mencionado anteriormente, ter esses dados permite uma assertividade maior na hora de estabelecer os exercícios certos para os objetivos do cliente, pois, se o objetivo do cliente for melhorar a capacidade cardiorrespiratória, o exercício mais indicado para esses resultados são os exercícios aeróbios que utilizam predominantemente oxigênio para obter energia para realização do exercício. Apesar da potência aeróbia estar mais relacionada ao metabolismo oxidativo, há ainda uma segunda via energética que utiliza o oxigênio para a produção de energia, trata-se da glicólise aeróbia. Ela é uma via que produz uma quantidade muito menor de energia, mas que, em contrapartida, apresenta uma resposta mais rápida, ou seja, produz a energia em menor tempo do que a via oxidativa. Em termos práticos, observamos a utilização das duas vias metabólicas citadas acima nos seguintes cenários: captar transportar utilizar o oxigênio dentro das vias metabólicas 2máx 2máx, Karina Destacar Karina Destacar 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 5/37 Pensando ainda na prescrição do exercício, um ponto de destaque sobre a importância de se realizar avaliações da potência aeróbia é a capacidade que os testes tem de nos mostrar quais são os pontos em que ocorrem transição na predominância do metabolismo e o substrato energético requisitado durante a prática do exercício. Esse ponto é conhecido como limiar anaeróbio. Em outras palavras, o limiar anaeróbio é o ponto em que, se acima dele, estamos tendo como maior demanda a produção de energia por meio dos carboidratos (glicose); enquanto que, quando abaixo do limiar, temos uma menor necessidade imediata, consequentemente, a produção de energia se dará por meio da quebra da gordura. Fica claro com essas informações que medir a potência aeróbia dos seus alunos/clientes é uma ótima opção se você tem como objetivo prescrever programas de exercícios efetivos. Na sequência, você irá conhecer protocolos que avaliam a potência aeróbia de diferentes formas. O teste de Cooper talvez seja o teste mais conhecido para determinar a capacidade aeróbia dos indivíduos, por ser de fácil aplicação e apresentar resultados con�áveis, ele se tornou um clássico entre os protocolos de avalição a aptidão cardiorrespiratória e pode ser encontrado na literatura como teste de 12 minutos. Para aplicar este teste, vocêirá precisar de um local plano, de preferência em uma pista de atletismo ou uma quadra e de um cronômetro. Demarque a pista em que será realizado o teste, incluindo marcações intermediárias (estas serão importantes para o cálculo �nal da distância total percorrida). O objetivo deste teste é percorrer a maior distância possível em 12 minutos. Ao sinal de partida, o avaliado deverá iniciar a sua corrida e, quando o cronômetro marcar os 12 minutos do teste, o avaliador deverá dar o sinal de comando novamente para que o avaliado pare exatamente na posição em que ele terminou o teste. O avaliador então deverá marcar a distância total que foi percorrida e depois aplicar os dados em uma fórmula para obter o valor da potência aeróbia. (1) para a via oxidativa, temos como características exercícios de baixa intensidade e longa duração, em que não há uma necessidade de uma ação intensa em curto tempo; (2) para a via da glicólise aeróbia, quando estamos em um exercício em que a intensidade é maior e que a duração, começa a diminuir, por exemplo, em corridas de média distância. 4.1.1 Teste de Cooper 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 6/37 A potência aeróbia representada por VO2máx é resultado do cálculo 0,0268 x distância percorrida em metros menos 11,3. Sendo assim, um indivíduo que percorreu 2.500 metros em 12 minutos terá um VO2máx = 0,0268 x 2500 – 11,3 ou VO2máx = 55,7 ml/kg/min. Leia o excerto a seguir. “Muitos indivíduos têm o sonho de ingressar no corpo de bombeiros ou na polícia militar. Porém, para ingressar nessas corporações, é necessário participar de um concurso. Nesses concursos, o candidato deverá obter uma nota su�ciente na prova escrita e no Teste de Aptidão Física (TAF). Uma das provas que são realizadas no TAF é o teste de cooper de 12 minutos.” TREINO EM FOCO. Teste de cooper de 12 minutos – treinamento de corrida para o TAF. 2012. Disponível em: treinoemfoco.com.br/�siologia-da-corrida/treinamento-de-corrida- para-o-taf/ (http://treinoemfoco.com.br/�siologia-da- corrida/treinamento-de-corrida-para-o-taf/). Acesso em: 04 jul. 2021. A respeito da utilização do teste de cooper como um critério de seleção dentro de concursos públicos, avalie as asserções a seguir e a relação entre elas. (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS http://treinoemfoco.com.br/fisiologia-da-corrida/treinamento-de-corrida-para-o-taf/ 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 7/37 Portanto, além do local para realização do teste e um cronômetro, ao �nal, você também precisará de uma calculadora para obter o resultado �nal. Um outro ponto importante de orientação sobre este teste é que, por ser realizado em um longo I. Nos concursos que trazem testes físicos como parte do processo de avaliação, entende-se que as avaliações utilizadas estão relacionadas às características do tipo de atividade que será encontrada durante a execução da pro�ssão, sendo assim, o teste de cooper parece ser coerente para avaliação da capacidade cardiorrespiratória. PORQUE II. Em ações de perseguição a pé, ou de remoção de vítimas em um acidente, características da atuação de policiais e bombeiros demandam uma alta capacidade de resistência cariorrespiratória que é exatamente a capacidade que o teste de cooper avalia. Assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justi�cativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justi�cativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. VERIFICAR 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 8/37 período de tempo, é normal que o indivíduo alterne a intensidade da corrida durante o teste o que não é um problema. Ele pode até chegar a caminhar em alguns trechos (não é indicado), mas deverá chegar ao �nal dos 12 minutos. O Yo Yo teste já é um teste com um pouco mais de dinâmica e menor duração, é um teste bem estabelecido na literatura e muito utilizado principalmente para avaliação de equipes esportivas, muitos o chamam também de teste de vai e vem de 20 metros, pois, durante o teste, o avaliado percorre por diversas vezes, ida e volta, uma distância de 20m, como mostra a �gura abaixo. Figura 1 - Percurso do teste de Yo Yo Fonte: Lizana et al. (2014, p.448). #PraCegoVer: a imagem acima mostra a marcação da distância a ser percorrida no yo yo teste que é de 20m, cada ponta do trecho está marcada com dois cones por onde o avaliado deverá passar e uma área anexa a área de partida, de 5m de distância para desaceleração. O teste que será apresentado aqui é o Yo Yo Intermitent Recovery Test 1, que consiste na realização de corrida de vai e vem, partindo do ponto A para o ponto B, e retornando do ponto B para o ponto A o maior número de vezes. Porém, o ritmo do teste é controlado por sinais sonoros em que há um sinal de partida, um segundo sinal indicando o momento em que o avaliado deve chegar na outra extremidade do percurso (20m �nais), e o último sinal que é o de chegar no ponto de partida e, entre uma corrida e outra, é fornecido um intervalo de 10s que deve ser cumprido. E, para o avaliado progredir de um estágio para o outro, deverá cumprir o percurso sem cometer nenhuma falta. É considerado como falta o não cumprimento do trecho dentro do tempo estipulado, ou seja, quando toca o sinal que indica que os primeiros 20m deveriam ter sido percorridos e o avaliado não passa pela marcação dos cones, é contabilizado uma 4.1.2 Teste Yo Yo 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 9/37 falta. Caso o avaliado venha a cometer duas faltas, ele está eliminado do teste e o último estágio completo é considerado para cálculo �nal da potência aeróbia. Conforme as etapas vão progredindo, o ritmo de corrida também vai aumentando, portanto, podemos considerar esse teste como um teste de carga incremental. Entre uma corrida completa (20m de ida mais os 20m de volta), com um pequeno intervalo de recuperação para o próximo estímulo. Neste teste, o resultado da potência aeróbia também é dado em VO2máx e o cálculo utilizado é VO2máx = Distância (metros) x 0,0084 + 36,4 (BANGSBO et al., 2008). A corrida de mil metros é um teste para avaliar a aptidão cardiorrespiratória de adolescentes entre 13 e 18 anos de idade, é também um protocolo muito simples de ser aplicado e que requer apenas: 4.1.3 Teste de 1000 Os esportes de alto rendimento se bene�ciaram muito dos progressos alcançados pela tecnologia na área avaliativa. Isto porque a Avaliação Física tem uma grande relevância para esses esportes e departamentos especí�cos de �siologia do exercício, avaliação da biomecânica do movimento, e análise de desempenho estão cada vez mais comuns e elevaram o nível de pro�ssionalismo das equipes multidisciplinares e consequentemente o resultado esportivo. VOCÊ SABIA? uma pista demarcada; um cronômetro; 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 10/37 A diferença entre os dois testes anteriores é que a distância percorrida neste caso é �xada, sendo assim, o objetivo deste teste é percorrer os mil metros no menor tempo possível. Sendo assim, ao comando do avaliador, o avaliado inicia o percurso e inicia a cronometragem do tempo, e ao �nal dos mil metros é parado o cronômetro. O tempo para completar o percurso é que será utilizado para o cálculo da potência aeróbia que é fornecido em VO2máx e que, de acordo com Matsudo (2005), é resultado da seguinte equação: VO2máx = (652.17 – Tempo do percurso em segundos + 6.762). Os testes de potência aeróbia são importantes para a prescrição do exercício e para o acompanhamento da melhora da performance. Três grupos de pessoas que praticam exercíciosregulares procuram você para realizar uma avaliação de potência aeróbia, sendo esses grupos uma equipe juvenil de futsal, uma equipe de basquetebol pro�ssional e um grupo de corrida de rua. Em comum, todos os grupos não tem muitos recursos para testes diretos, sendo assim quais testes você realizaria para cada um destes grupos? Por qual motivo? VAMOS PRATICAR? uma calculadora para a sua realização. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 11/37 Partindo do princípio de que a potência aeróbia está diretamente relacionada à utilização de oxigênio no metabolismo energético, quando pensamos na Potência Anaeróbia, não é difícil fazer a relação de que essas vias energéticas não dependem de oxigênio para produção de energia. É isso mesmo, a potência anaeróbia é considerada também como o metabolismo anaeróbio e tem como princípio a produção de energia sem a participação do oxigênio no processo. E talvez aqui é que você consiga identi�car melhor os exemplos práticos. Imagine-se em uma situação a qual você está tranquilamente caminhando por um parque, quando de repente avista um cachorro vindo em sua direção para atacá-lo. No exato momento em que você se da conta de que o cachorro vem em sua direção, a sua primeira resposta é ir o mais rápido possível para um lugar seguro. Muitas vezes, o tempo para sair dessa situação são segundos ou fração de segundos e respondemos tão rapidamente que nem percebemos que nesses momentos nosso organismo teve a necessidade de uma maior produção de energia sem que fosse necessário a participação do oxigênio. Tanto na vida quando no esporte, nos deparamos com diversos momentos em que temos que responder de maneira rápida a um estímulo especí�co, seja um sprint de velocidade para alcançar a bola no futebol, ou para correr provas de velocidade no atletismo como a de 100m, 200m e 400m rasos. Nesses casos, a necessidade de energia é muito alta e o tempo de ação é muito baixo, tendo então a necessidade do nosso organismo de fornecer de forma rápida e e�ciente a energia para a realização da atividade. Nesse caso, a potência anaeróbia pode ser de�nida como a capacidade do organismo de realizar ações de alta intensidade e curta duração, podendo ser em ações de superação de uma sobrecarga ou realizando algumas ações esportivas especí�cas com essas características. A potência anaeróbia é dividida em duas principais vias energéticas, a primeira delas é a via do fosfagênio e a segunda é a glicólise anaeróbia. A via dos fosfagênios é a mais rápida que temos no organismo, e de acordo com Beachle e Earle (2010, p.23) esse sistema consiste “na hidrólise do ATP e na quebra de outra molécula fosfatada de alta energia denominada Creatina Fosfato, também chamada de fosfocreatina”. 4.2 Potência anaeróbia 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 12/37 Em resumo, quando ocorre a contração muscular, temos a quebra de uma molécula de ATP que resulta em Adenosina Difosfato (ADP) + Fosfato Inorgânico (Pi) e energia. Simultaneamente a esse processo, temos uma outra reação que envolve a quebra da fosfocreatina, que resulta em Creatina (C) + Pi + Energia. Energia essa que é utilizada de duas formas: parte para alimentar a contração muscular e demais necessidades do organismo; e a segunda para ressintetizar ATP a partir da junção de uma molécula de ADP + Pi. Ou seja, por um determinado momento, temos a produção de energia, por meio da quebra do ATP, na mesma proporção em que ocorre sua ressíntese. O problema neste caso é que nossos estoques de creatina fosfato são muito baixos e rapidamente se esgotam, e temos que passar para outro metabolismo para suprir as necessidades energéticas do exercício. Nesse caso, estamos falando da glicólise anaeróbia, como sugere o nome, essa via metabólica utiliza como substrato energético a glicose que temos no nosso organismo, como fonte para gerar energia, seja a glicose circulante que é aquela que está no sangue, ou como o glicogênio muscular e hepático, que �ca armazenado nos músculos e fígado respectivamente. Tabela 1 - Duração, intensidade do exercício e metabolismo energético envolvido Fonte: Adaptado de Beachle e Earle (2010). #PraCegoVer: a imagem representa uma tabela com três colunas, sendo que a primeira descreve diferentes faixas de duração dos exercícios; a segunda coluna representa a intensidade de cada atividade; e a terceira coluna aponta o metabolismo energético utilizado para cada duração e intensidade. Como você pode perceber, analisando a tabela acima, a glicólise anaeróbia é uma via energética com grande participação na prática de exercícios, ela está relacionada a exercícios de alta intensidade e curta duração (até 2min). Sendo que comparada com o sistema dos fosfagênios, ela gera mais energia, porém ainda de forma insu�ciente para sustentar a intensidade do exercício por período prolongado. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 13/37 Avaliar essa capacidade irá proporcionar aos avaliadores um olhar sobre a capacidade do aluno/cliente em suportar sessões de exercícios mais intensas e cuidar para que o exercício proposto não tenha uma alteração na sua característica objetivada. O teste de corrida de 40 segundos é muito utilizado para medir a potência anaeróbia e mais especi�camente, de acordo com Matsudo (2004), o metabolismo anaeróbio lático que é a via energética que tem como predominância a utilização da glicose como substrato energético, e que conta com pouca participação de oxigênio. Assim como os demais testes de campo, como são chamados os testes de corrida em pista, é necessário para a realização deste teste uma pista com marcação preferencialmente a cada 10m, e também será necessário um cronômetro. Ao comando do avaliador, o avaliado deverá iniciar a sua corrida com o objetivo de percorrer a maior distância possível no tempo de 40 segundos. Será utilizado como resultado �nal do teste a distância percorrida. 4.2.1 Corrida de 40 segundos O Professor Dr. Ivan da Cruz Piçarro é um renomado �siologista da área esportiva, com vasta experiência no acompanhamento de equipes pro�ssionais de futebol, tendo passagem por clubes como Palmeiras, Santos e Guarani. É um autor renomado na área, com diversos livros e publicações que são referência mundial. Vale a pena conhecer seu trabalho dentro da �siologia do exercício e avaliação física, sugiro a leitura a seguir para entender sua relevância na área. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk211118.htm (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk211118.htm). VOCÊ O CONHECE? https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk211118.htm 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 14/37 Tabela 2 - Resultados do teste de 40 segundos em diferentes modalidades Fonte: Adaptado de Pitanga (2019). #PraCegoVer: a imagem acima apresenta resultados obtidos no teste de 40 segundos por esportistas de diferentes modalidades, sendo a primeira coluna a que indica as modalidades, a segunda coluna os resultados obtidos por homens e a terceira coluna os resultados obtidos pelas mulheres. A tabela acima, disponibilizada por Pitanga (2019), apresenta valores observados em algumas modalidades esportivas no teste de 40 segundos. Mesmo com os valores de referência, é possível utilizar esse teste dentro de uma dinâmica de teste e reteste para observar os efeitos do treinamento na resistência anaeróbia. O Running Anaerobic Sprint Test (RAST) é o teste anaeróbio de corrida de sprint que foi idealizado por Draper e Whyte em 1997 e que é hoje um dos testes mais exigentes no que diz respeito a levar o avaliado ao extremo (PEREZ, 2020). Ele tem como objetivo avaliar: 4.2.2 Teste de RAST potência máxima; potência mínima; índice de fadiga que aponta a velocidade com que a performance diminui. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=75995315/37 Para os cálculos deste protocolo, é preciso utilizar a medida de peso corporal do avaliado, portanto, tenha uma balança junto ao momento da avaliação para realizar a coleta desse dado antes do início do teste. O teste consiste em o avaliado realizar seis sprints de 35m no menor tempo possível, com um intervalo de 10 segundos entre cada repetição, o percurso de 35 deve ser montado com as duas extremidades contendo uma área de desaceleração e descanso de 5m de distância. Por ser um teste de alta intensidade e exigência física, é indicado que o avaliado realize um aquecimento de ao menos 10 minutos, que envolva tanto alongamento como corrida leve. Figura 2 - Fórmulas do teste de RAST Fonte: Perez et al. (2020, p. 175). #PraCegoVer: a imagem acima apresenta três fórmulas que são utilizadas no teste de RAST a primeira mostra a fórmula para cálculo da potência máxima, a segunda para o cálculo da potência mínima e a terceira para o cálculo do índice de fadiga. Após o aquecimento, deve-se dar um intervalo de 5 minutos para iniciar o teste. O avaliado deverá estar posicionado no ponto de partida (A) e, ao comando do avaliador, deverá percorrer os 35 metros no menor tempo possível, chegando ao ponto �nal (B). O avaliado realiza a recuperação de 10 segundos na área de recuperação, após o ponto B, e ao �nal deste tempo deverá percorrer novamente os 35m, desta vez do ponto B para o ponto A. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 16/37 Repete-se esse ciclo até que seja completado seis sprints de velocidade, o avaliador deverá anotar o resultado em segundos para cada corrida e, ao �nal do teste, aplicá- los às fórmulas acima para identi�car a potência máx e mín, além do índice de fadiga. O livro Avaliação e Prescrição de Exercícios – Técnicas Avançadas, escrito pela Vivian H. Heyward, apresenta diversos outros protocolos para avaliação da potência aeróbia e anaeróbia, incluindo testes em esteira e cicloergômetro. Além disso, traz aplicações práticas e indicações de prescrição de programas de treinamento para melhoria de cada capacidade avaliada. VOCÊ QUER LER? Um grupo de nadadores está em busca de uma avaliação que seja a mais adequada para classi�car a performance da capacidade anaeróbia dos atletas, levando em consideração que o treinador desta equipe está �nalizando o planejamento anual para os atletas e quer direcionar o treinamento de forma correta. Você foi o escolhido para indicar qual é o melhor teste a ser aplicado para a equipe. Qual seria a sua escolha? Por qual motivo? VAMOS PRATICAR? 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 17/37 Tanto para iniciar a prática de exercícios físicos, como para submeter um indivíduo a um protocolo de avaliação física temos que tomar alguns cuidados com a saúde do indivíduo, pois o objetivo é obter dados para o acompanhamento e prescrição e não colocá-lo em risco. Além da estrati�cação de risco que normalmente é realizada na fase inicial de uma avaliação física, a de�nição sobre o tipo de teste a ser realizado, se máximo ou submáximo, deve ser feita com muito critério e olhando demais indicadores, um destes indicadores e que muitos possuem di�culdade para realizar é a aferição da pressão arterial. Figura 3 - Aferição da pressão arterial Fonte: Kurhan, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer: a imagem acima mostra o posicionamento correto do maguito, manômetro e estetoscópio em uma aferição de pressão arterial. Aparece o braço do avaliado (usando camisa xadrez azul) e o braço do médico (usando jaleco branco), ambos de acordo com o posicionamento correto ,conforme protocolo de aferição da pressão arterial. 4.3 Aferição da pressão sanguínea 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 18/37 No entanto, por que devemos aferir a pressão arterial? Essa é uma resposta bem simples de fornecer, pois, quando realizamos um exercício, aumentamos o �uxo sanguíneo, bem como a demanda de oxigênio nos músculos e, quanto maior for a di�culdade para que isso ocorra, maior é o risco de uma intercorrência. Foss e Keteyian (2000, p.216) deixam claro a importância do exemplo anterior, quando de�nem a pressão arterial como “a pressão exercida pelo sangue contra o interior das paredes arteriais. Sendo também a força que movimenta o sangue através do sistema circulatório”. Alguns fatores contribuem para o aumento da resistência do �uxo sanguíneo e que consequentemente interferem na pressão arterial, são eles “(1) a viscosidade do sangue, (2) o comprimento do vaso sanguíneo e (3) o diâmetro do vaso sanguíneo” (FOSS E KETEYIAN, 2010, P.217). A pressão arterial é dividida em duas partes por assim dizer ou se achar melhor por dois momentos: a primeira é a pressão arterial sistólica; e a segunda é a pressão arterial diastólica. Irei apresentar ambas a seguir. 4.3.1 Pressão arterial sistólica Um executivo de uma grande empresa automotiva procurou uma academia para iniciar um programa de exercícios físicos, mas, antes de iniciar a prática, ele procurou um cardiologista para realizar um check-up de rotina e para ter uma melhor análise do seu estado de saúde e da saúde do seu coração. Infelizmente, após os exames, esse executivo foi diagnosticado com hipertensão arterial sistêmcia, a pressão em repouso dele estava na faixa de 160mmHG de pressão sistólica por 100mmHg de pressão diastólica. O médico recomendou uma medicação para diminuir a sua pressão arterial em repouso para que ele pudesse realizar a prática de exercícios. Quando chegou na academia para realizar os exercícios, esse executivo avisou ao professor das suas condições de saúde e que tomava a medicação, porém o professor não fez a aferição antes da prática de exercícios para con�rmar que estava adequado para realizar exercícios, sendo assim, o executivo teve um mal súbito durante a realização do exercício. Conclui-se que é imprescindível avaliar casos de indivíduos com alguma doença sempre antes de iniciar a prática de exercícios, isso garantirá que ele está em condições ideais para o mesmo. ESTUDO DE CASO 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 19/37 Quando falamos que a pressão arterial está relacionada ao �uxo sanguíneo, temos que lembrar que �siologicamente esse processo é cíclico, pois o sangue não faz apenas o caminho de ida, se não o nosso organismo não teria sangue su�ciente para atender nossas necessidades. Portanto, ao retomar um pouco os conceitos do sistema circulatório, quando o sangue rico em oxigênio é enviado para as extremidades do organismo, ele faz o caminho de volta, retornando cheio de impurezas para realizar novamente um novo ciclo de troca gasosa e tornar-se novamente rico em oxigênio. Todo esse processo está relacionado ao ciclo cardíaco, pois, quando falamos da pressão sistólica, estamos falando da pressão após a sístole, que é o momento em que o coração contrai, enviando o sangue para o todo o nosso organismo. Nesse caso, em especí�co, é esperado que, durante o exercício, o comportamento da pressão sistólica apresente aumento, conforme a intensidade do exercício também aumenta, pois há o aumento tanto no débito cardíaco, como na resistência vascular. Em condições �siológicas, a pressão arterial sistólica pode sofrer variações individuais, mas em média permanece em 120 mmHg, podendo chegar a níveis maiores do que 200mmHg na mais alta intensidade. Já a pressão diastólica é relacionada diretamente ao momento da diástole cardíaca, que é momento de relaxamento pós contração do músculo cardíaco. Esse momento de relaxamento corresponde também à etapa de enchimento do coração novamente com sangue para um novo ciclo de contração. Enquantotemos variações muito grandes na pressão arterial sistólica durante o exercício, a dinâmica da pressão sistólica é oposta, a expectativa é de que ela não se altere ou sofra pequenas alterações durante o exercício. Isso ocorre, de acordo com Fosse Keteyian (2010, p. 218) “essa pouca ou nenhuma alteração são causadas pela queda na resistência periférica que se manifesta durante a vasodilatação das arteríolas que fornecem sangue aos músculos esqueléticos ativos”. Em condições �siológicas, espera-se que a pressão diastólica permaneça em 80mmHg, e que durante o exercício ela permaneça nessas condições ou com alterações mínimas. Assim como em diversos testes e medidas a realização da aferição da pressão arterial deve ser muito praticada para que as medidas sejam cada vez mais precisas, existem diferentes formas de se aferir a pressão arterial, hoje, com o avanço da tecnologia, muitos deles são por aparelhos digitais e de fácil manuseio, porém a aferição manual, utilizando o es�gmomanômetro ainda é considerada como referência, sendo assim apresento a você a seguir o protocolo de aferição da pressão arterial proposto por Foss e Keteyian (2010, p.220): 4.3.2 Pressão arterial diastólica 4.3.3 Aferindo a pressão arterial 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 20/37 1- Sentar (costas apoiadas na cadeira, pés apoiados no assoalho) o paciente ou o indivíduo em um ambiente calmo e tranquilo por um minímo de cinco minutos. 2- Enfaixar um manguito de tamanho apropriado e bem calibrado ao redor da parte superior do braço ao nível do coração. O manguito deve ficar alinhado de forma que o centro da lâmina dentro do manguito de pressão 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 21/37 fique diretamente sobre a artéria braquial. 3- Colocar os receptores auriculares de um estetoscópio nos canais auditivos, angulados para diante e perfeitamente adaptados. Palpar a artéria braquial e colocar a cabeça do estetoscópio sobre o pulso da artéria braquial, que deve ser percebido imediatamente acima e medialmente à inclinação no 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 22/37 cotovelo. Exercer pressão firmemente sobre a cabeça do estetoscópio, porém sem comprimir em excesso, para que toda a circunferência esteja em contato direto com a pele. 4- Enquanto se olha para o manômetro, insuflar rapidamente o maguito até 200mmHg ou aproximadamente 20mmHg acima da pressão sistólica estimada. Soltar (abrir) lentamente a válvula do bulbo 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 23/37 insuflador e esvaziar o manguito em 2mmHg por segundo até ouvir o primeiro ruído de korotkoff. O valor no manômetro que corresponde ao primeiro aparecimento de um ruído de korotkoff representa a pressão sistólica. 5- Continuar desinsuflando o manguito, agora com um ritmo de 2mmHg por batimento do pulso. Escutar atentamente para uma possível 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 24/37 mudança nos ruídos audíveis. Fazer uma anotação mental dos valores manométricos que correspondem ao momento no qual foi ouvido tanto o abafamento de um ruído de korotkoff quanto, a seguir, o desaparecimento completo do ruído. Em repouso, o abafamento e o desaparecimento do ruíudo podem ocorrer ao mesmo tempo, representando a pressão arterial diastólica. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 25/37 Seguindo os passos acima, você irá conseguir obter os dados de pressão arterial do aluno/cliente para que primeiro você tenha informações su�cientes para compreender se o aluno poderá ser ou não submetido a um teste te esforço como são os protocolos de avaliação da potência aeróbia e anaeróbia; e segundo para acompanhar a evolução do comportamento da pressão arterial antes, durante e após um programa de exercícios. Checklist da aferição da pressão arterial 1. Localizar o pulso radial e braquial. 2. Posicionar o es�gmomanômetro cerca de 2cm acima do pulso braquial (preferencialmente MSE). 3. Palpar o pulso radial e in�ar o es�gmomanômetro lentamente (2 em 2mmHg), até que o pulso radial se torne imperceptível. Esta será a medida estimada da pressão arterial sistólica (PAS). 4. Desin�ar o es�gmomanômetro e aguardar 1 min. 5. Posicionar o diafragma do estetoscópio sobre o pulso braquial. 6. In�ar o es�gmomanômetro rapidamente (10 em 10mmHg), cerca de 3-5mmHg acima da medida de PAS estimada. 7. Desin�ar lentamente o es�gmomanômetro (2-3mmHg/s). 8. Ao perceber o primeiro som, registrar a Pressão Arterial Sistólica (PAS). O protocolo para aferição da pressão arterial pode parecer complexo, mas na verdade ele é bem simples e objetivo. O canal do manual de �siologia humana apresenta um vídeo detalhando esse protocolo e dando dicas preciosas para sua melhor execução e que irão lhe ajudar na hora em que você for realizar sua primeira aferição. Aces (https://www.youtube.com/watch?v=2nliAR75PtM)s (https://www.youtube.com/watch?v=2nliAR75PtM)e (https://www.youtube.com/watch?v=2nliAR75PtM) VOCÊ QUER VER? https://www.youtube.com/watch?v=2nliAR75PtM https://www.youtube.com/watch?v=2nliAR75PtM https://www.youtube.com/watch?v=2nliAR75PtM 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 26/37 9. Registrar a Pressão Arterial Diastólica (PAD) no momento de interrupção dos sons de Korotkoff. 10. Classi�car a PA de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. 11. Realizar o registro na �cha/prontuário do cliente. Da mesma forma que é importante aferirmos a pressão arterial, acompanhar o comportamento da frequência cardíaca se faz importante também, portanto, em um protocolo de avalição física, é fundamental que essas duas avaliações façam parte do conjunto todo. 4.4 Aferição da frequência cardíaca Aferir a pressão arterial é algo muito desa�ador, pois muitos possuem boa audição, enquanto que outros possuem grande di�culdade. Se não bastasse os aspectos individuais do avaliador, temos ainda os aspectos individuais do avaliado, pois uns tem o ruído de korotkoff muito alto, enquanto em outros o ruído é quase imperceptível. Só há uma forma de melhorar essa questão, realizar o maior número de aferições, sendo assim, escolha um grupo de pessoas com diferentes características e realize nesse grupo 30 aferições da pressão, no �nal, compartilhe seus resultados e as principais di�culdades que encontrou. VAMOS PRATICAR? 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 27/37 Você já deve ter percebido uma relação entre a frequência cardíaca e a pressão arterial, mas, se ainda não chegou lá, �que tranquilo, pois a partir de agora você irá compreender melhor essa relação. Quando estamos realizando um exercício, temos a necessidade de aumentar o �uxo sanguíneo para suprir todas as demandas da atividade. Nesse caso, o nosso coração começa a contrair mais rapidamente. A frequência cardíaca é a medida da quantidade de vezes que o coração realiza o ciclo completo de contração e relaxamento dentro de um minuto e ela é representada pelo valor de quantidade de batimentos por minuto (Ex.: 150bpm). Em condições �siológicas, e em repouso, a frequência cardíaca se estabelece na faixa de 80pbm, podendo ser menor em atletas, devido à hipertro�a cardíaca e ao maior volume de ejeção. Quando olhamos para o oposto, a frequência cardíaca máxima, esta pode variar de acordo com cada indivíduo e pode ser estimada por diferentes fórmulas ou ser avaliada em testes de esforço máximo. Entre as diferentes fórmulas, duas se destacam: a fórmula de Karvonnen (FOX et al., 1971), na qual a frequência cardíaca máxima é resultado do cálculo de 220 menos a idade do indivíduo; e a fórmula de Tanaka (TANAKA et al., 2001) na qual a frequência cardíaca máxima é resultado do cálculo de 200 menos a idade do indivíduo multiplicada por 0,7. Tabela 3 - Fórmulas da Frequência Cardíaca Máxima Fonte: Elaborado pelo autor (2021). #PraCegoVer: a imagem acima apresenta cálculos para a frequência cardíaca máxima em uma tabela com três colunas: sendoa primeira coluna com os nomes dos autores das fórmulas; a segunda com a fórmula descrita; e a terceira com um exemplo de cálculo feito para cada fórmula, levando em consideração uma pessoa de 25 anos de idade. Ambas as fórmulas foram validadas, em seus estudos prévios, porém a fórmula de Karvonnen, apesar de ser a mais utilizada, é sempre criticada por superestimar os valores da frequência cardíaca máxima. A verdade é que, por serem validadas, ambas podem ser utilizadas e, em um cenário ideal, o mais indicado é realizar um teste direto de esforço máximo para se ter a medida mais precisa. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 28/37 O ponto chave de se obter os dados de frequência cardíaca máxima é a prescrição do exercício, pois, ao passo que temos essa informação, podemos estimar de forma individual qual é a frequência cardíaca para cada zona alvo de exercícios, sendo ele um exercício aeróbio ou anaeróbio. E o monitoramento, durante a prática esportiva, faz com que seja mais efetivo o controle desta intensidade, com poucas variações. Na corrida de rua, isso é muito comum, pois o indivíduo que tem conhecimento de sua frequência cardíaca, para manter o exercício na faixa aeróbia (calculada previamente), varia de 160 bpm a 175bpm, saberá que não poderá diminuir a intensidade, fazendo com que os batimentos diminuam, e nem aumenta a intensidade a ponto de ultrapassar a faixa máxima de batimentos estipulados para o exercício. E é, nesse ponto, que conectamos a variação da intensidade com as vias energéticas, com a variação da pressão arterial e com a variação da frequência cardíaca, pois cada uma das variáveis está diretamente relacionada a outra, fazendo com que o controle e�caz da intensidade do exercício resulte em aumento do potencial de alcance dos resultados desejados. A prescrição do exercício baseada na ciência é fundamental para que os resultados sejam alcançados, sendo assim, para que você entenda melhor a aplicação do cálculo da frequência cardíaca máxima na prescrição do exercício, selecione três pessoas diferentes e realize o cálculo de Tanaka para estimar a frequência cardíaca máxima de todas. Após isso, estipule a frequência cardíaca de treino para cada uma delas para exercícios aeróbios de alta intensidade. Para seus cálculos, leve em consideração a faixa de 70 a 85% da FC máx como a zona alvo de treino. Compartilhe com seus colegas seus achados. VAMOS PRATICAR? 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 29/37 Levando em consideração que as avalições diretas para determinar a frequência cardíaca máxima, potência aeróbia máxima, potência anaeróbia máxima, força máxima e velocidade máxima têm como principal característica levar o indivíduo avaliado a condições extremas para, de fato, observar os níveis máximos de esforço, �ca a pergunta sobre qual a forma que temos para determinar que chegamos ao máximo. Devemos interromper o teste quando o indivíduo desmaia ou passa mal? Apresenta desequilíbrio ou até mesmo cai? En�m, essas são perguntas que, por mais absurdas que possam parecer, certamente passam pela cabeça de alguns avaliadores. Nesse caso, o teste de esforço máximo é interrompido quando alguns fatores ocorrem, tais como: 4.5 Avaliação da percepção subjetiva de esforço ou quando o indivíduo indica que não consegue mais prosseguir com o teste. acontece o alcance da frequência cardíaca máxima prevista ou valores próximos do máximo; quando o indivíduo apresenta falta de ar, tontura ou mal estar, até mesmo por cãibras; di�culdades técnicas para realizar o teste; 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 30/37 Dentro de todos esses indicadores, destacamos a indicação pelo avaliado de que não consegue mais prosseguir com o teste, essa percepção do indivíduo quanto ao limite máximo é algo importante e que deve ser levado em consideração, inclusive existe um protocolo especí�co, chamado de índice de percepção subjetiva de esforço (PSE), muito utilizado para o controle da intensidade do exercício. A PSE é uma ferramenta que não apenas serve como parâmetro para encerramento de testes de esforço máximo, mas ela é também utilizada para acompanhar a progressão da intensidade do treinamento. Simpli�cando o seu entendimento, essa é uma escala de esforço que inicia em 0 e vai até 10 que classi�ca a intensidade do exercício, em que 0 representa nenhum esforço (condições de repouso); e 10 representa uma atividade extremamente forte, ou de altíssima intensidade. Sendo que, a partir da escala 5, pode-se considerar o exercício com intensidade forte. No dia a dia, essa escala pode ser usada para avaliar se o treinamento planejado foi cumprido ou se é necessário adaptações no programa de treinamento. Imagine que você, como professor, programou uma atividade de alta intensidade e que espera que o seu aluno, ao �nal da atividade, tenha alcançado o limite máximo, nesse caso, esperamos que ao indagado o aluno responda que aquela sessão de exercício representou para ele 10 na escala de intensidade, porém, se ele responde que a percepção dele foi de 7 ou menos, algo de errado aconteceu. Há ainda uma segunda forma de se utilizar a Percepção Subjetiva de Esforço que considera uma escala com variação maior, a variação parte do 6 como classi�cação de nenhum esforço e vai até a o 20 como indicador que representa o esforço máximo. Ambas as escalas foram criadas por Borg e levam o seu nome, mas atualmente são consideradas como escalas de Percepção Subjetiva de Esforço (HEYWARD, 2013). Quadro 1 - Escalas da Percepção Subjetiva de Esforço Fonte: Adaptado de Heyward (2013). 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 31/37 #PraCegoVer: a imagem acima apresenta as duas versões da escala de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) divididas em quatro colunas: a primeira coluna tem uma escala de 6 a 20 com a indicação da classi�cação à frente de cada número, que corresponde à segunda coluna. Na terceira coluna, temos uma escala de 0 a 10 representando a escala reduzida, e na frente de cada número a sua classi�cação correspondente, que corresponde à quarta coluna. Seja no programa de treinamento elaborado ou na forma de execução pelo aluno, não é difícil encontrarmos esse cenário, assim como encontramos opostamente um dia em que uma atividade proposta tinha como intenção de alcançar níveis moderado de intensidade, mas que na percepção do aluno foi muito forte. Isso signi�ca que outros fatores podem ter contribuído para essa percepção. O importante em ambos os casos é estar preparado para realizar as adequações necessárias no programa de treinamento para alcançar os objetivos. Checklist da aferição do pulso 1. Higienizar as mãos. 2. Colocar o paciente em posição confortável, sentado ou deitado, com o braço apoiado. 3. Aquecer as mãos. 4. Usar os dedos: indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida fazendo uma leve pressão. 5. Contar as pulsações durante 60 segundos, veri�cando frequência, ritmo, tensão e volume. 6. Não usar o polegar para não sentir suas próprias pulsações. 7. Realizar o registro na �cha/prontuário do cliente. Checklist da aferição da frequência respiratória 1. Higienizar as mãos. 2. Colocar o paciente em posição confortável, sentado ou deitado. 3. Iniciar a contagem sem que a pessoa perceba, para que não altere os valores registrados (segurar o antebraço como se estivesse veri�cando o pulso). 4. Contar a frequência pela quantidade de vezes que paciente realiza os movimentos de inspiração e expiração. 5. Observar a elevação do tórax (mulheres) ou do abdômen (homens e crianças). 6. Contar o número de vezes que a pessoa realiza os movimentos respiratórios (por 1 min). (1 inspiração + 1 expiração = 1 movimento respiratório). 7. Realizar o registro na �cha/prontuário do cliente. 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=75995332/37 Aferição de sinais vitais: frequência cardíaca, respiratória, temperatura e pressão arterial Vamos fazer um treino de habilidades de aferição de sinais vitais? Nossos objetivos com a prática são: Para a prática, siga as etapas abaixo: 1. Identi�que no texto o checklist relacionado ao assunto. 2. Realize sua própria medida da frequência respiratória e pulso no repouso, considerando as instruções do checklist. 2. Depois, pratique alguma atividade física, como uma corrida estática ou polichinelos. 3. Em seguida, realize novamente a medida da frequência respiratória e pulso. Inclua essa aferição em diferentes tempos de recuperação. 4. Poste no Fórum – Esclareça Suas Dúvidas as di�culdades encontradas e depois escreva o relatório do treino de habilidades para entregar. examinar a pressão arterial, identi�cando a pressão arterial sistólica e diastólica; avaliar os diferentes estados do comportamento da pressão arterial; realizar a aferição do pulso e frequência respiratória. TESTE SUAS HABILIDADES 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 33/37 Avaliação da aptidão cardiorrespiratória: testes laboratoriais Vamos fazer um treino de habilidades de avaliação da composição corporal através da perimetria? Nossos objetivos com a prática são: escolher o protocolo de avaliação aeróbia laboratorial ideal, identi�cando per�l e o objetivo do aluno; classi�car a aptidão cardiorrespiratória do aluno através da análise dos resultados do teste escolhido; Na prática, inicialmente, para fazer as medidas em repouso, lembre-se de que é necessário um descanso prévio de cinco minutos. Após esse descanso, você deverá, seguindo as instruções do checklist, realizar as medidas. Não se esqueça de escolher um dos exercícios propostos para realizar durante dois minutos e, imediatamente após o término do exercício, realize novamente as medidas. É importante que você realize mais três séries do mesmo exercício com intervalos de dois minutos, um minuto e sem intervalo. Ao término dessa sequência, faça novamente as medidas. No relatório, especi�que suas di�culdades com detalhes, bem como os achados encontrados. Feedba ck TESTE SUAS HABILIDADES 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 34/37 Para a prática, siga as etapas abaixo: 1. Identi�que no texto o checklist relacionado ao assunto. 2. Se possível, selecione um teste de aptidão cardiovascular para aplicar em um voluntário, mas, antes, seguindo as orientações do checklist, escolha o teste de acordo com o per�l do voluntário. 3. Poste no Fórum – Esclareça Suas Dúvidas as di�culdades encontradas e depois escreva o relatório do treino de habilidades para entregar. construir um programa de exercício aeróbio através da análise dos resultados do teste escolhido. Em um primeiro momento, seguindo os passos apresentados no checklist, analise qual seria o teste mais recomendado para o voluntário que você selecionou. Após a seleção do protocolo, espera-se que ele seja apresentado ao avaliado na etapa de orientação. Depois, é importante que você aplique o protocolo adequadamente. Uma vez realizado, analise os dados que o teste fornece e indique uma classi�cação para a performance do avaliado. Depois, compartilhe no seu relatório o estado de aptidão do voluntário e os principais desa�os encontrados na realização do teste. Feedba ck 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 35/37 Concluímos a unidade na qual abordamos diversos conceitos dentro das capacidades cardiorrespiratórias e do metabolismo celular, além de abordar os diferentes protocolos de avaliação dessas capacidades. Realizamos também uma análise bem criteriosa sobre a integração os indicadores de pressão arterial, frequência cardíaca e percepção subjetiva de esforço. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: CONCLUSÃO aprender sobre a relação das diferentes vias metabólicas com a capacidade cardiorrespiratória; aprender os protocolos de avaliação da potência aeróbia e anaeróbia; entender a relação da frequência cardíaca, pressão arterial e percepção subjetiva de esforço com a intensidade do exercício; A PSE é um teste que exige muito da percepção do indivíduo quanto ao seu momento durante o exercício, sendo que muitas vezes explicar o teste e o que representa cada classi�cação, às vezes, torna- se um desa�o. Sendo assim, escolha um exercício para você realizar que na sua expectativa seja de alta intensidade. Realize o exercício e, logo após seu término, avalie ele quanto à escala de PSE. Justi�que sua escolha e os motivos que o levaram a ela. Compartilhe com seus colegas sua percepção. VAMOS PRATICAR? 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 36/37 entender os cuidados na hora de realizar avaliações de esforço; analisar os diferentes testes e escolher o ideal para cada objetivo dentro da prática de exercício. Clique para baixar conteúdo deste tema. BAECHLE, T. R.; EARLE, R. W. Fundamentos do treinamento de força e do condicionamento. 3. Ed. Barueri: Manole, 2010. BANGSBO, J. et al. The yo-yo intermittent recovery test. A useful tool for evaluation of physical performance in intermittent sports. Sports Medicine, v.38, n.1, p.37-51, 2008. FERNANDES FILHO, J. et al. Avaliação da aptidão física relacionada à saúde. In: PITANGA, F. J. G. (Org.). Orientações para avaliação e prescrição de exercícios físicos direcionados à saúde. São Paulo: CREF4/SP, 2019. FOX, S. M. et al. Physical activity and the prevention of coronary heart disease. Ann Clin Res. n.3, p. 404-432, 1971. HEYWARD, V. H. Avaliação Física e Prescrição de Exercício – Técnicas Avançadas. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. LIZANA, C. J. R. et al. Análise da potência aeróbia de futebolistas por meio de teste de campo e teste laboratorial. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 20, n.6, p.447-450, 2014. Referências 07/03/2023 20:21 Avaliação Física https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=759953 37/37 MATSUDO, V. K. R. Testes em Ciências do Esporte. 7.ed. São Caetano do Sul, SP: Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, Editora Midiograf, 2005, 168p. MORROW JR., J. R. et al. Medida e Avaliação do Desempenho Humano. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. PEREZ, C. R. et al. Medidas e avaliação em educação física. Porto Alegre: SAGAH, 2020. PITANGA, F. J. G. (Org.). Orientações para avaliação e prescrição de exercícios físicos direcionados à saúde. São Paulo: CREF4/SP, 2019. TANAKA, H. et al. Age-predicted maximal heart rate revisited. 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