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0 1 Disciplina: Triagem neuropsicopedagógica e informe neuropsicopedagógico Autora: M.e Paula Maria Ferreira de Faria Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima Ano: 2021 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Paula Maria Ferreira de Faria Triagem neuropsicopedagógica e informe neuropsicopedagógico 1ª Edição 2021 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 Faculdade UNINA Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Alexandre Kramer Morgenterm Designer Instrucional Alexandre Kramer Morgenterm Revisão Ortográfica Lucimara Ota Eshima Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério Desenvolvimento da Capa Carolyne Eliz de Lima FICHA CATALOGRÁFICA FARIA, Paula Maria Ferreira de. Triagem neuropsicopedagógica e informe neuropsicopedagógico / Paula Maria Ferreira de Faria. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2021. 71 p. ISBN: 978-65-5944-156-3 1. Aprendizagem. 2. Conhecimento. 3. Neuropsicopedagógica. Material didático da disciplina de Triagem neuropsicopedagógica e informe neuropsicopedagógico – Faculdade UNINA, 2021. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Sumário Prefácio ..................................................................................................... 06 Aula 1 – Atuação neuropsicopedagógica: indícios, queixa inicial e anamnese .................................................................................................. 07 Apresentação da aula 1 ............................................................................ 07 1.1 Neuropsicopedagogia e aprendizagem ......................................... 07 1.2 Triagem neuropsicopedagógica: importância e indicativos ........... 10 1.3 Exploração da queixa inicial e realização da anamnese ............... 13 1.4 Considerações finais sobre a triagem neuropsicopedagógica ....... 19 Conclusão da aula 1 .................................................................................. 22 Aula 2 – Realização da triagem neuropsicopedagógica ............................ 23 Apresentação da aula 2 ............................................................................. 23 2.1 Triagem e avaliação em Neuropsicopedagogia ............................ 23 2.2 Funções avaliadas pela Neuropsicopedagogia ............................. 29 2.3 Instrumentos utilizados na Neuropsicopedagogia ......................... 32 Conclusão da aula 2 .................................................................................. 38 Aula 3 – Triagem, informe neuropsicopedagógico e entrevista devolutiva 39 Apresentação da aula 3 ............................................................................ 39 3.1 Finalização da triagem neuropsicopedagógica ............................. 39 3.2 Informe neuropsicopedagógico ..................................................... 45 3.3 Entrevista devolutiva ..................................................................... 49 Conclusão da aula 3 .................................................................................. 51 Aula 4 – Triagem neuropsicopedagógica, informe e entrevista devolutiva: exemplos de aplicação ............................................................................... 52 Apresentação da aula 4 ............................................................................. 52 4.1 Contextualizando a atuação .......................................................... 52 4.2 Queixa inicial, realização da triagem e entrevista de anamnese ... 53 4.3 Resultado da triagem e avaliação neuropsicopedagógica ............ 58 4.4 Elaboração do informe e entrevista devolutiva .............................. 61 4.5 Considerações finais ..................................................................... 65 Conclusão da aula 4 .................................................................................. 65 Conclusão da disciplina ............................................................................. 67 Índice Remissivo ........................................................................................ 68 Referências ............................................................................................... 70 6 Prefácio O homem sempre buscou respostas para questões centrais que permeavam sua vida. O desenvolvimento da ciência vem ao encontro dessa necessidade humana, fornecendo fundamentos para a compreensão da natureza e de si mesmo. Nesse contexto, insere-se a discussão sobre como o homem pensa (consciência de si), como aprende e como se desenvolve. A discussão sobre o funcionamento da mente é antiga e já proporcionou profundas discussões na academia científica sob distintas abordagens. Em nosso atual estágio de desenvolvimento, já surgiram ciências que se dedicam a compreender esses elementos, ou seja, como o cérebro do homem se situa em termos de estrutura, funcionamento e desenvolvimento. O avanço das neurociências proporcionou o surgimento de uma recente área do conhecimento: a Neuropsicopedagogia, ciência transdisciplinar com interfaces entre as Neurociências, a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. A Neuropsicopedagogia tem por objeto de estudo a relação entre a aprendizagem e o funcionamento cognitivo, em uma perspectiva abrangente que visa à reintegração dos aspectos pessoal, social e educacional do ser humano. Tal como revela o próprio nome, esta disciplina se dedica a estudar e compreender o processo de triagem Neuropsicopedagógica, bem como a posterior elaboração do documento de devolutiva denominado informe neuropsicopedagógico. O conhecimento desses elementos é fundamental para a atuação profissional do(a) neuropsicopedagogo(a), visto que tais dados compõem aspectos essenciais de sua práxis no contexto investigativo amplo da avaliação neuropsicopedagógica.Bons estudos! 7 Aula 1 – Atuação neuropsicopedagógica: indícios, queixa inicial e anamnese Apresentação da aula 1 Nesta aula iniciaremos nossa disciplina contextualizando a Neuropsicopedagogia em relação aos processos e às dificuldades de aprendizagem. Na sequência abordaremos as temáticas da triagem neuropsicopedagógica, exploração da queixa inicial e realização da anamnese. 1.1 Neuropsicopedagogia e aprendizagem Diferentes áreas do conhecimento se dedicam a compreender os fenômenos relacionados à educação e à aprendizagem humana sob distintos enfoques. Nesse âmbito, a Neuropsicopedagogia é uma ciência que estuda a aprendizagem a partir dos componentes neurológicos (sistema nervoso). O Código de Ética da Neuropsicopedagogia a define nos seguintes termos: A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana em uma perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional [grifos nossos] (SBNPp, 2021, p. 3). Os princípios das neurociências aplicados à área da aprendizagem trazem importantes contribuições para compreender as causas das dificuldades de aprendizagem e promovem a todas as crianças novas possibilidades de desenvolver o processo de aprender. Desse modo, em intersecção com a Pedagogia (ciência da educação) e a Psicologia Cognitiva (área da psicologia voltada ao estudo da cognição e suas repercussões sobre o comportamento humano), a atuação do (a) neuropsicopedagogo(a) está direcionada para a aprendizagem e para o desenvolvimento cognitivo, motor e comportamental dos aprendizes. A fundamentação na Psicologia Cognitiva permite à Neuropsicopedagogia um 8 olhar especializado sobre a aprendizagem, enfatizando uma compreensão abrangente sobre como a dinâmica funcional do cérebro se expressa e afeta os modos de aprender de cada estudante. O foco principal deve ser identificar as rotas de aprendizagem individuais e seu desenvolvimento atual e pregresso para compreender como o sujeito aprende, e não uma abordagem negativista, baseada em “por que não aprende”. Saiba Mais A avaliação neuropsicopedagógica auxilia no diagnóstico da queixa relacionada às dificuldades de aprendizagem, utilizando entrevistas com o paciente e seus responsáveis, aplicação de testes e escalas normatizadas e equipe multiprofissional que acompanha o indivíduo que será avaliado (TRAD, 2020, p. 8). O (a) neuropsicopedagogo(a) pode atuar nos contextos clínico e institucional. Seu campo de trabalho abrange escolas, centros educacionais e instituições de ensino, hospitais, clínicas e organizações do terceiro setor. Em cada um desses locais, o (a) profissional desenvolve atividades específicas, preferencialmente em equipe multidisciplinar, visando à otimização da aprendizagem e à promoção de estratégias que conduzam à superação das dificuldades existentes. A partir das competências específicas (foco de atuação) da Neuropsicopedagogia, o (a) profissional (neuropsicopedagogo) contribui para a compreensão das relações entre o cérebro e a aprendizagem, enfatizando a importância de aspectos como a neuroplasticidade, a estimulação cognitiva e as funções executivas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem humana. Vocabula rio Neuroplasticidade: capacidade do sistema nervoso de modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência; pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural (configuração sináptica) ou funcional (modificação do comportamento). 9 Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/1053 Em outras palavras, que expressa a capacidade de reestruturação cognitiva em termos de estrutura ou funcionamento do cérebro. Cada criança possui suas formas e tempos de aprender e nem todas conseguem alcançar o resultado que delas é esperado dentro do tempo e das expectativas da escola. A partir dos conhecimentos próprios da Neuropsicopedagogia, ou seja, dos recursos para avaliação e intervenção e dos saberes relacionados à área neurológica e ao funcionamento cerebral, o profissional pode estabelecer uma atuação eficaz conforme as particularidades de cada paciente. Cabe lembrar que o processo não é direcionado exclusivamente à criança, mas envolve também a família e a instituição escolar à qual ela pertence. O primeiro passo na identificação das causas da dificuldade de aprendizagem é a realização de um diagnóstico a partir da queixa inicial. Esse deve ser um processo cuidadoso, pois permitirá conhecer o aprendiz em profundidade, identificar suas potencialidades e fragilidades e delinear formas de intervenção que contribuam para seu pleno desenvolvimento. Essa é uma etapa que exige conhecimento aprofundado e muita seriedade por parte do(a) profissional, visto que diagnósticos incorretos podem impactar profundamente a vida do(a) aprendiz e sua família. Importante Segundo a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, “a atuação profissional em Neuropsicopedagogia ocorre no contexto institucional em atendimento coletivo e, quando necessário, individual para sondagem e/ou triagem visando a encaminhamentos a profissionais da área da saúde; e pelo atendimento individualizado que ocorre no contexto clínico” (SBNPp, 2021, p. 1). Antes da realização de um diagnóstico costuma-se realizar a triagem (ou sondagem), para delimitar a alçada de atuação profissional, ou seja, trata-se de um caso pertinente à Neuropsicopedagogia ou deve ser encaminhado para outra 10 área profissional. Frisamos que a triagem pode ser realizada tanto no contexto clínico quanto no institucional; porém, a avaliação, por ser um processo personalizado, só pode ser realizada individualmente e é uma competência da Neuropsicopedagogia Clínica. 1.2 Triagem neuropsicopedagógica: importância e indicativos No processo de triagem neuropsicopedagógica podem ser utilizados diversos instrumentos e recursos, tais como: ➢ Entrevistas com a criança, utilizando estratégias lúdicas; ➢ Entrevista com os pais/responsáveis para exploração da queixa e conhecimento aprofundado da criança; ➢ Visita à instituição escolar, observação da classe e entrevista com os professores; ➢ Análise do material escolar da criança; ➢ Realização de atividades de triagem propriamente ditas, envolvendo tarefas para conhecimento e exploração das funções cognitivas sondadas. As informações coletadas a partir desses instrumentos permitirão ao(à) profissional compreender melhor o quadro de aprendizagem da criança como um todo, delineando, então, um processo avaliativo direcionado e a proposição de estratégias interventivas que visem à superação das dificuldades identificadas. Importante A triagem neuropsicopedagógica segue-se ao contato inicial com o profissional por meio da queixa inicial da família/responsáveis. A triagem antecede a avaliação 11 propriamente dita, pois é um momento inicial no qual o profissional acolhe a queixa e identifica sua pertinência à sua área de atuação. A partir da triagem e como continuidade a esse momento do trabalho, realiza-se o processo de avaliação, que culminará com o parecer do neuropsicopedagogo, expresso em uma entrevista devolutiva por meio do informe psicopedagógico. O processo de triagem realizado pela Neuropsicopedagogia Institucional ocorre de modo diferenciado, visto que o atendimento não ocorre individualmente, mas dentro do grupo de estudantes. Esse tipo de sondagem visa investigar aspectos mais abrangentes da aprendizagem, selecionando grupos homogêneos menores dentro de um grande grupo heterogêneo. Em outras palavras, o(a) profissionalpode investigar questões amplas, por exemplo, a existência de estudantes com um transtorno específico de aprendizagem ou compreender melhor os níveis de desenvolvimento de aquisição da escrita dentro de uma mesma classe de alfabetização. Triagem e avaliação neuropsicopedagógica Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQzGFzZ4Oep_XBx8S anFy01K4J09mrQ0pLBfOwrY7Ak1FHKSjUNwz3fWuqj2Df9lm33__E&usqp=CAU Ao longo do processo de desenvolvimento e especialmente no início da vida escolar, há diversos elementos que podem ser compreendidos como indicadores de possíveis dificuldades de aprendizagem, cuja investigação 12 neuropsicopedagógica merece ser aprofundada. Fonseca (2011) elenca alguns desses sinais: ➢ Dificuldades para memorizar e reproduzir as letras do alfabeto, números, sílabas, palavras, frases, pequenas histórias etc.; ➢ Dificuldade em recuperar a sequência das letras do alfabeto; ➢ Dificuldades psicomotoras (tonicidade, postura, lateralidade, estruturação e organização do espaço e do tempo, ritmo, praxia global e fina etc.); ➢ Dificuldades nas aquisições básicas de atenção, concentração, interação e imitação; ➢ Confusão com pares de palavras que soam igual (ex: vaca-faca); ➢ Dificuldade em nomear rapidamente objetos em imagens; ➢ Dificuldades em reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras simples, bem como para juntar fonemas para formar palavras simples; ➢ Dificuldades grafomotoras (na cópia, na escrita, no colorir e no recortar de letras) e inversão de letras (como escrita do nome em espelho); ➢ Dificuldades com sons de letras (problemas de conscientização fonológica). Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Desafios da aprendizagem: como as neurociências podem ajudar pais e professores (Lino de Macedo e Rodrigo Affonseca Bressan). Os autores abordam importantes questões: como a aprendizagem acontece? E como as tecnologias atualmente disponíveis influenciam esse processo? Nesse livro, procuram mostrar de que modo os estudos em neurociências podem lançar luz sobre vários aspectos do desenvolvimento de crianças e adolescentes na escola. 13 1.3 Exploração da queixa inicial e realização da anamnese A queixa principal é o motivo pelo qual a família/responsável é encaminhada e busca o atendimento neuropsicopedagógico. A fonte da queixa principal costuma ser a própria família ou a instituição escolar (professor ou outro profissional da escola, como o pedagogo ou o psicólogo escolar). Deve ser registrada tal como relatada e deve ser ouvida com atenção e sem preconceitos pelo(a) profissional, que buscará na sequência esclarecê-la e aprofundá-la por meio da entrevista de anamnese. Considerando que a Neuropsicopedagogia valoriza o trabalho multidisciplinar, o diálogo com a equipe escolar e outros profissionais de saúde e educação que atendam o paciente é importante no processo avaliativo, ajudando a compreender a criança enquanto ser integral e dinâmico nos diferentes ambientes e contextos nos quais se integra. A anamnese é um tipo de entrevista cuja finalidade é levantar o histórico clínico e familiar do(a) paciente, obtido pelos familiares/responsáveis (ou pelo próprio paciente, no caso de adultos). A anamnese deve conter informações detalhadas sobre o desenvolvimento da criança, tendo sempre em mente a amplificação da queixa inicial. É fundamental que a anamnese não seja apenas um momento de coleta de dados, no qual a “inquisição” aos familiares possa se tornar desgastante ou parecer invasiva. As informações sobre o desenvolvimento da criança devem ser compreendidas no contexto de seu surgimento, ou seja, é essencial adotar uma abordagem dinâmica de avaliação. Em outras palavras, cada dado deve ser contextualizado, atentando-se às informações mais relevantes para a compreensão e o aprofundamento da queixa inicial. Por isso, mais do que buscar uma infinidade de informações, o (a) profissional deve ter critério e sensibilidade para adequar a entrevista de anamnese aos seus objetivos de avaliação. Saiba Mais Se estamos lidando com uma criança cujo aproveitamento escolar é insatisfatório, temos de atentar para questões do desenvolvimento normativo. Entretanto, como tal desenvolvimento se deu em um contexto familiar, além de 14 dados cronológicos, devem-se explorar variáveis afetivas e sociais. Às vezes, importa pouco saber por quanto tempo o paciente foi alimentado ao peito sem ter uma noção sobre seus vínculos afetivos com a figura materna nessa época. [...] É extremamente importante que haja uma abordagem dinâmica dos fatos do desenvolvimento para permitir uma dimensão mais profunda na compreensão do caso. (CUNHA, 2007, p. 60; 66). A entrevista de anamnese pode durar de 40 a 60 minutos (em alguns casos, pode ser realizada em duas sessões) e permite que o (a) profissional conheça o paciente “através dos olhos” de seus pais/responsáveis. Esse é um aspecto importante, pois a forma como a queixa é relatada e como a criança é apresentada também revela informações acerca da dinâmica de funcionamento familiar, que podem contribuir para a compreensão do quadro como um todo. O objetivo da anamnese é compreender a queixa inicial a partir do conhecimento da história da vida pregressa e atual do paciente, correlacionando os sintomas (no caso da Neuropsicopedagogia, a dificuldade de aprendizagem) ao desenvolvimento e às situações de vida da criança. O (a) neuropsicopedagogo(a) deve possuir um roteiro com as principais questões que pretende investigar, mas pode acrescentar ainda novas questões no decorrer da entrevista (por exemplo, para aprofundar o entendimento de algum tópico relatado pela família). Pode ainda optar por fazer o registro da anamnese por audiogravação, registrando-a por escrito logo após o encontro com os familiares/responsáveis. Importante Para realizar a gravação do áudio da entrevista de anamnese, alguns cuidados são necessários: 1. Esclarecer à família acerca da finalidade do procedimento e solicitar consentimento para a gravação, deixando claro que nenhum outro profissional terá acesso a ele e que após a transcrição o arquivo será excluído; 2. Verificar o funcionamento do equipamento de gravação (se possível, utilizar dois gravadores simultâneos) e a acuidade do som (posicionamento do gravador, alcance da gravação, 15 local silencioso etc.), evitando a perda dos dados por dificuldades técnicas e o consequente comprometimento de toda a entrevista de anamnese; 3. Realizar a transcrição cuidadosa e revisada logo após a realização da entrevista, assegurando o registro minucioso de todas as informações coletadas junto aos familiares. Anexar a entrevista ao prontuário (ou portfólio) documental do paciente, registrando a data de realização e o nome dos informantes que participaram da anamnese. Considerando as particularidades de cada caso e a finalidade da avaliação frente à queixa inicial, não existe um modelo único de anamnese. Embora cada profissional possa adotar um roteiro, é importante adequá-lo e revisá-lo periodicamente, buscando a coleta de informações que permitem delinear um panorama geral e aprofundado da situação avaliada. Em outras palavras, o profissional deve adotar um roteiro amplo, porém flexível, durante a entrevista. Apresentamos uma lista com as principais informações que devem compor o roteiro de uma entrevista de anamnese neuropsicopedagógica: ➢ informações pessoais: nome, data de nascimento, escolaridade e nome da escola, se houve adoção, nome e ocupação dos pais, religião da família, endereço, dados para contato etc.; ➢ queixa inicial: descrição detalhada do motivo da procura pelo(a) profissional; quando/como a dificuldade de aprendizagem se iniciou; e como essa dificuldade de aprendizagem afeta o paciente (em quaiscontextos (familiar, social, lazer etc.) e como afeta também os demais familiares); ➢ composição familiar: quem mora com o(a) paciente, quais os membros da família e sua relação de parentesco; ➢ histórico do nascimento: informações sobre a gestação, o parto e teste APGAR; nascimento a termo ou intercorrências clínicas); 16 Curiosidade A escala de APGAR, também conhecida como índice ou escore APGAR, é um teste feito no recém-nascido logo após o nascimento que avalia seu estado geral e vitalidade, ajudando a identificar se é necessário qualquer tipo de tratamento ou cuidado médico extra após o nascimento. Esta avaliação é feita no primeiro minuto de nascimento e é repetida 5 minutos após o parto, tendo em consideração características do bebê como atividade, batimento cardíaco, cor, respiração e reflexos naturais. Fonte: https://www.tuasaude.com/escala-de-apgar/ ➢ Histórico médico (doenças, dores e sintomas ou tratamentos recorrentes, internamentos e procedimentos cirúrgicos, condições clínicas, uso de medicação etc.) do (a) paciente e da família (condições genéticas, hereditárias ou que afetem de algum modo o desenvolvimento da criança); ➢ Histórico de desenvolvimento neuropsicomotor (amamentação, sono, controle do tônus muscular, engatinhar/andar, fala, controle dos esfíncteres etc.); ➢ Histórico do desenvolvimento escolar (interesses e dificuldades, relato de professores, mudanças de classe/escola, reprovações, desempenho acadêmico e social, realização das atividades dentro e fora da escola, acompanhamentos e atividades extracurriculares etc.); ➢ Relacionamento familiar (clima em família, com quem convive, pessoas com maior/menor proximidade, eventos de crise familiar, comportamento em família e como a família reage a esses comportamentos etc.); ➢ Comportamento geral e interação social (“jeito de ser” da criança na escola, em casa e em outros ambientes e se há diferenças, hábitos, realização de atividades físicas, rotina de sono, comportamentos de 17 isolamento, agitação, birra, choro, agressividade, inquietude, habilidades e competências, brincadeiras, interesses persistentes, medos etc.). Por meio de todas essas informações, o(a) neuropsicopedagogo(a) poderá compreender melhor a queixa atual do paciente dentro de seu escopo de ação, ou seja, mantendo o foco sobre os aspectos neuropsicopedagógicos, situando-a no desenvolvimento histórico e dinâmico do paciente nos múltiplos contextos nos quais interage. A atuação do neuropsicopedagogo está focada nas questões relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento humano nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os princípios da neurociência aplicada à educação em interface com a pedagogia e a psicologia. O neuropsicopedagogo não tem habilitação para avaliar a inteligência, os transtornos de humor e personalidade, bem como fazer o uso de testes projetivos! Lembramos novamente que a Neuropsicopedagogia enfatiza as bases biológicas do desenvolvimento cognitivo relacionadas ao funcionamento do sistema nervoso; por isso, esses aspectos devem ser valorizados na entrevista de anamnese. A partir da ampliação da compreensão da queixa inicial por meio do levantamento do histórico de dados, o(a) profissional poderá identificar elementos de interesse para a avaliação e excluir algumas possibilidades diagnósticas. É importante frisar que, por conter informação confidencial relacionada ao (à) paciente, a anamnese não poder ser lida/compartilhada com terceiros. A única exceção são os casos de atuação multidisciplinar em que o serviço de psicologia atue na mesma instituição clínica e faça parte do processo avaliativo, evitando, assim, a repetição do procedimento junto à família. Entretanto, no caso de encaminhamento para profissionais de outras instituições, estes deverão realizar uma nova anamnese. 18 Saiba Mais A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) é uma sociedade sem fins lucrativos, promocional e educacional, criada em 2008 na cidade de Joinville (SC). Conheça mais sobre a SBNPp acessando o site da instituição: https://www.sbnpp.org.br/ Para ter êxito na entrevista de anamnese (assim como em todo o processo de intervenção neuropsicopedagógica) é preciso ir além da mera coleta de dados. O(a) profissional deve estabelecer com a família um vínculo de confiança, esclarecendo sobre as possibilidades e os limites de sua atuação profissional, nunca prometendo resultados que não pode garantir e evitando a criação de falsas expectativas acerca da avaliação/intervenção e da própria Neuropsicopedagogia. Independentemente do grau de instrução dos pais/responsáveis, o(a) profissional deve ser capaz de explicar sua função, proposta e os achados de sua avaliação, sanando quaisquer dúvidas em termos claros e compreensíveis para a família. A atuação em parceria com a família é essencial para o atendimento neuropsicopedagógico. Mais do que um profissional capacitado teoricamente, os familiares devem se sentir confortáveis e seguros junto ao/à profissional, sem culpabilizações ou julgamentos. Já no contato inicial, o(a) neuropsicopedagogo deve estabelecer o rapport, que se refere a um clima descontraído de confiança e entendimento entre ambas as partes. A partir de uma conversa informal e simples, começa-se a estabelecer um vínculo familiar, criando um ambiente seguro, acolhedor, respeitoso e tranquilo, no qual se sintam à vontade para fazer seus relatos, que muitas vezes envolvem situações evocadoras de constrangimento, tristeza e vergonha. Por isso, ao invés de adotar uma postura que constranja ou responsabilize os pais por suas atitudes na criação de seus filhos, cabe ao (à) 19 neuropsicopedagogo(a) primeiramente o acolhimento, para que, posteriormente, no processo de intervenção, após o estabelecimento de um vínculo de confiança e sempre pautado no respeito e na empatia, possa fazer orientações, se for esse o caso. É importante que a família se sinta acolhida e valorizada, para que haja adesão ao processo de avaliação/intervenção neuropsicopedagógica. Como a Neuropsicopedagogia é uma ciência com interface com a Psicologia Cognitiva, não envolve avaliações de aspectos subjetivos. Esse é mais um ponto diferencial da Psicopedagogia, que utiliza testagens projetivas para avaliar elementos subjetivos, visto que seu referencial teórico se associa à Psicologia Social e à Psicanálise. Também cabe frisar que o profissional nunca deverá emitir qualquer orientação acerca do uso de medicações, visto que sua intervenção se volta exclusivamente às questões de aprendizagem. Após a anamnese, o (a) profissional deve informar o objetivo da avaliação neuropsicopedagógica que será realizada, assim como o papel da Neuropsicopedagogia na intervenção junto às dificuldades de aprendizagem. Por fim, realiza-se o contrato de trabalho, o qual prevê os elementos de enquadre da atuação do(a) neuropsicopedagogo(a), tais como: quantidade de sessões necessárias para a avaliação, dias e horários, duração dos atendimentos, honorários e forma de pagamento, pausas, interrupções programadas (feriados, recessos etc.) e data da entrevista devolutiva, na qual será inclusive entregue à família o informe neuropsicopedagógico. Esse contrato pode ser retomado após a avaliação, para o estabelecimento do enquadre para o processo de intervenção neuropsicopedagógica. 1.4 Considerações finais sobre a triagem neuropsicopedagógica No contexto institucional, a atuação inicial do(a) neuropsicopedagogo(a) nas atividades de triagem/sondagem será solicitada pela equipe técnica ou pedagógica e deverá, antes de tudo, ter uma classificação mais ampla no âmbito institucional e contar tanto com estratégias de observação das pessoas com dificuldades de aprendizagemquanto com instrumentos apropriados (fundamentados, teoricamente, em consonância com os princípios da 20 Neuropsicopedagogia e validados para a população brasileira) para a avaliação, um recurso que pode ser utilizado é a entrevista de anamnese. O Código de Ética da Neuropsicopedagogia explicita a atuação desse profissional no âmbito das instituições, como vemos a seguir. RESOLUÇÃO SBNPp Nº 05, DE 12 DE ABRIL DE 2021 Altera as Resoluções 03/2014 e 04/2020. Dispõe sobre o Código de Ética Técnico-Profissional da Neuropsicopedagogia e suas alterações. [...] Art. 30º Ao Neuropsicopedagogo com formação na área Institucional, conforme descrito no Capítulo V, fica delimitada sua atuação com atendimentos neuropsicopedagógicos exclusivamente em ambientes educacionais e/ou instituições de atendimento coletivo. [...] §2º São bases da atuação institucional os conhecimentos sobre os fundamentos da avaliação neuropsicopedagógica, que são compostos pelas funções cognitivas (exceto a função intelectual e os transtornos de humor e personalidade), bem como, a legislação e as políticas nacionais de inclusão, programas de intervenção neuropsicopedagógica, e, quando necessário, sondagem e/ou triagem acadêmica: I -Observação, identificação e análise dos ambientes e dos grupos de pessoas atendidas, focando nas questões relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento humano nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da Neurociência aplicada a Educação, em interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva. II –Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino- aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos e, quando necessário, de forma individual para triagem. III -Análise do histórico escolar dos grupos de escolares, identificando dificuldades a serem trabalhadas em grupos através de ações específicas como Projetos de Trabalho e Oficinas Temáticas. IV –Em casos pontuais, quando ações coletivas não se aplicarem às especificidades do sujeito, deve-se buscar as origens das dificuldades apresentadas por meio de triagem e/ou sondagem. V -Encaminhamento, quando necessário, a profissionais de áreas específicas através do Relatório de triagem e/ou sondagem. Disponível em: <https://sbnpp.org.br/arquivos/Codigo_de_Etica_Tecnico_Profisisonal_da_Neuropsicopedagogia_- _SBNPp_-_2021.pdf> Cabe lembrar que o Código de Ética ainda autoriza a realização de triagem/sondagem individual em instituições, desde que vise ao encaminhamento a profissionais de saúde. De acordo com a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (2017), o foco da avaliação deve ser sempre a aprendizagem do indivíduo, abordando especificamente as seguintes funções cognitivas: ➢ atenção; ➢ memória de trabalho; 21 ➢ linguagem receptiva e expressiva; ➢ compreensão (interpretação/intelecção); ➢ linguagem matemática; ➢ observação psicomotora; ➢ habilidades sociais; ➢ planejamento; ➢ resolução de problemas. Saiba Mais O trabalho do neuropsicopedagogo consiste em, a partir de uma demanda específica, realizar a observação de aspectos inerentes a aprendizagem em contextos definidos e detectar elementos que são analisados de acordo com o conjunto de conhecimentos e experiências específicas do neuropsicopedagogo. Estes devem ser trabalhados com foco na potencialização dos recursos próprios de uma pessoa ou grupo no contexto da aprendizagem para que ocorra a reintegração pessoal, social e até escolar dos envolvidos, bem como favoreça os processos de inclusão (CARDOSO; FÜLLE, 2016, p. 17). As mesmas funções devem ser avaliadas pelo(a) neuropsicopedagogo(a) clínico(a), porém de forma individualizada, em ambiente adequado. Após receber a queixa inicial, o profissional deve realizar a anamnese, utilizando também outros recursos e instrumentos na continuidade de sua avaliação, com foco na aprendizagem e suas dificuldades relacionadas às áreas motoras, cognitivas e comportamentais. Ao final desse processo deverá elaborar um plano de trabalho com vistas à superação das dificuldades identificadas ao longo da avaliação, formalizando a proposta de atendimento interventivo por meio do informe neuropsicopedagógico. Por fim, destacamos que é facultado ao (à) profissional da Neuropsicologia (tanto no âmbito clínico quanto no institucional) a realização da triagem por meio virtual, desde que utilize instrumentos validados para a população brasileira e que tenham sido autorizados para a aplicação por profissionais das áreas da saúde e educação. 22 Ví deo Assista à animação Cérebro Herói, produzida pelo Center on the Developing Child da Harvard University e legendado pela equipe do Instituto Glia, que trata da importância do desenvolvimento infantil na construção da felicidade do indivíduo e de uma sociedade sólida e justa. Acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=yqYz5IBmma4> Conclusão da aula 1 A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar que estuda as relações entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem, tendo por fundamento os conhecimentos das neurociências no campo educacional, em interface com a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. Utilizando-se desses conhecimentos, o(a) neuropsicopedagogo(a) investiga questões relacionadas ao aprender e às dificuldades de aprendizagem, realizando uma triagem a partir da queixa inicial da família e da entrevista de anamnese. A partir desses procedimentos, poderá selecionar instrumentos e recursos para a avaliação do paciente, culminando na elaboração de um informe neuropsicopedagógico repassado à família por meio de uma entrevista devolutiva, no qual apresentará uma proposta de intervenção e/ou os encaminhamentos necessários. Nesta aula explicitamos as relações entre a Neuropsicopedagogia e os processos de aprendizagem; compreendemos a importância da queixa inicial apresentada pela família como norteadora para o desenvolvimento da entrevista de anamnese; conhecemos as especificidades da elaboração de um roteiro para entrevista de anamnese e por fim, apresentamos algumas reflexões importantes acerca da realização da triagem pelo(a) neuropsicopedagogo(a) clínico(a) e institucional, à luz do Código de Ética da Neuropsicopedagogia. Atividade de Aprendizagem Com base nos estudos desenvolvidos nesta aula, elabore um pequeno texto explicando como a Neuropsicopedagogia pode contribuir para a superação das dificuldades de aprendizagem de crianças e adolescentes em idade escolar. 23 Aula 2 – Realização da triagem neuropsicopedagógica Apresentação da aula 2 Nesta aula compreenderemos o que é a triagem neuropsicopedagógica, sua relação com o processo avaliativo e suas características nos distintos contextos de atuação (clínico e institucional) do(a) neuropsicopedagogo(a). 2.1 Triagem e avaliação em Neuropsicopedagogia Como vimos na aula anterior, a busca pelo profissional da Neuropsicopedagogia tem início a partir de uma queixa, relatada pela família/responsáveis e/ou pela instituição escolar. A triagem se insere nesse contexto como o processo de seleção de pacientes que se enquadrem e possam ser beneficiados pelo atendimento neuropsicopedagógico (avaliativo e/ou interventivo). A triagem antecede, portanto, o momento da avaliação propriamente dita, que envolverá diversas sessões após a identificação, pelo(a) profissional, da pertinência desse processo frente ao caso apresentado, considerando o foco e o escopo da atuação neuropsicopedagógica. Símbolo da neuropsicopedagogia Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRjJh_gLcguwZhiDs0q AXG7-U8_qt3fv_X3aNsTDl8Qc_DbfxtgDvyJcr-Mml6TMiHd-8A&usqp=CAU A triagem configura o primeiro contato do(a) paciente e sua família com o(a) neuropsicopedagogo. Mesmo que ao final do processo o profissional opte24 pelo encaminhamento a outras áreas do conhecimento, é importante compreender a triagem como um momento de acolhimento à família que busca o atendimento, no qual ambos (profissional e familiares) se conhecerão e discutirão as possibilidades de atendimento neuropsicopedagógico ao(à) paciente. Embora configure um breve momento da atuação neuropsicopedagógica (realizado dentro de uma sessão única), fundamentalmente, o processo de triagem realiza uma avaliação inicial com vistas ao esclarecimento diagnóstico, a partir do qual se pode definir o encaminhamento a seguir. Em outras palavras, trata-se de conhecer o(a) paciente e sua família, face à queixa inicial, identificando se o caso é pertinente à Neuropsicopedagogia e se ele (ela) pode se beneficiar dos recursos e técnicas neuropsicopedagógicas, frente à queixa inicial apresentada. Saiba Mais Em relação à função e aos objetivos da triagem neuropsicopedagógica, ela possibilita identificar a pertinência e a contribuição da Neuropsicopedagogia para cada caso. Após a triagem, caso seja identificada a contribuição da Neuropsicopedagogia frente ao caso, inicia-se, então, o processo de avaliação propriamente dito, no qual o(a) profissional explorará mais detalhadamente a queixa, aventando hipóteses que comporão suas indicações interventivas para o(a) paciente. O neuropsicopedagogo institucional pode fazer triagem (processo coletivo na instituição), mas não realiza avaliação individual. Caso identifique a necessidade de aprofundar a avaliação com determinados sujeitos, deve encaminhá-los para a avaliação individual com o neuropsicopedagogo clínico. A realização da triagem antes do início do processo de avaliação tem diversas vantagens, tais como: 25 ➢ ampliação da população atendida e redução do tempo de espera para avaliação inicial; ➢ economia de tempo durante o processo de avaliação, que já será direcionada à queixa neuropsicopedagógica; ➢ redução dos custos iniciais com avaliações longas e possivelmente fora do escopo da Neuropsicopedagogia; ➢ redução do desgaste emocional do(a) paciente e família/responsáveis, com consultas a diferentes profissionais sem receber um parecer diagnóstico. Desse modo, a triagem configura um espaço no qual o(a) profissional acolhe a queixa e verifica a real existência de uma demanda para a atuação neuropsicopedagógica. A partir da triagem tem-se um conhecimento das reais necessidades do(a) paciente, o que subsidiará a escolha dos instrumentos avaliativos na sequência ou, então, direcionará o encaminhamento para os profissionais que melhor atenderão ao caso em específico. Para finalizar a triagem, após a exploração aprofundada da queixa inicial por meio da entrevista de anamnese, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode se valer de um momento avaliativo inicial com a criança por meio de observações, instrumentos específicos e lúdicos, nos quais será possível constatar a queixa e compreendê-la frente ao funcionamento global do(a) paciente. A atuação em Neuropsicopedagogia institucional inclui também a possibilidade da realização de triagens, porém essas deverão ser realizadas no contexto do grupo, para investigação de características específicas conforme a demanda da instituição. Portanto, embora também parta de uma queixa inicial ou solicitação institucional, difere da triagem neuropsicopedagógica clínica, que é realizada em ambiente privativo a partir da anamnese familiar. Para a triagem em instituições como escolas e organizações do terceiro setor, o(a) neuropsicopedagogo poderá utilizar testes e escalas específicos (como abordaremos mais à frente nesta aula), bem como observações, o desenvolvimento de atividades no grupo e a análise do material escolar. 26 Importante A formação em Neuropsicopedagogia clínica não habilita o profissional a avaliar a inteligência, os transtornos de humor, os transtornos psicóticos, os transtornos alimentares, entre outros. Seu campo de atuação é o da avaliação do processo de ensino- aprendizagem e suas dificuldades (RUSSO, 2020, p. 108). Conforme já indicamos anteriormente, durante a triagem pode ser realizada a entrevista de anamnese com o próprio sujeito (caso seja adulto) ou com os pais/responsáveis (no caso de crianças). Para adolescentes, costuma- se ouvir ambos, separadamente (em um primeiro momento a família e, na sequência, o/a adolescente). Associada à queixa inicial, a anamnese permite investigar como o sintoma surgiu, quais as situações de vida naquele momento, qual o contexto prévio e quais as condições a ele associadas, em suma, sua dinâmica funcional, suas relações com os processos cognitivos neurobiológicos e suas repercussões sobre a vida do(a) paciente e familiares, nos diversos contextos, nos quais interagem. Ao findar a triagem, o(a) profissional deverá concluir se o caso pertence ao escopo da Neuropsicopedagogia, aventando, então, hipóteses diagnósticas que serão investigadas em profundidade no momento seguinte, durante o processo de avaliação neuropsicopedagógica. O processo será enriquecido se a triagem for realizada por equipe multidisciplinar, capaz de avaliar de forma mais precisa e abrangente. Embora cada caso tenha suas especificidades, as principais áreas cujos profissionais costumam compor a equipe multiprofissional são: ➢ Neurologia; ➢ Fonoaudiologia; ➢ Psicologia; ➢ Fisioterapia; ➢ Terapia ocupacional; ➢ Psicomotricidade; ➢ Psicopedagogia. 27 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA É fundamental que o(a) neuropsicopedagogo(a) conheça e domine os transtornos e dificuldades de aprendizagem. Por isso, recomendamos fortemente o estudo dos Transtornos do Neurodesenvolvimento elencados no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-V, publicado pela American Psychiatric Association (APA). A triagem pode ser compreendida como o primeiro momento avaliativo, que integra e resulta no diagnóstico neuropsicopedagógico, é a investigação abrangente do processo de aprendizagem do indivíduo, com vistas a compreender a origem e as melhores formas de intervenção sobre as dificuldades de aprendizagem. Em outras palavras, ela antecede a realização do processo de avaliação propriamente dito. Importante Em relação ao desenvolvimento e aprendizagem, o neuropsicopedagogo clínico e/ou institucional pode avaliar as seguintes áreas: ➢ Atenção e funções executivas; ➢ Linguagem; ➢ Compreensão leitora; ➢ Memória de aprendizagem; ➢ Motivação: intrínseca e extrínseca; ➢ Estratégias de aprendizagem; ➢ Desenvolvimento neuromotor; ➢ Habilidade matemáticas; ➢ Habilidades sociais. (SBNPp, 2016, p. 12). 28 Cabe ressaltar que o processo de avaliação em Neuropsicopedagogia inclui aspectos quantitativos e qualitativos. A avaliação quantitativa é pautada pelo uso de testes e escalas validados para a população brasileira e de uso permitido ao (à) profissional de Neuropsicopedagogia. Esses instrumentos produzem scores numéricos que representam os resultados alcançados pelo(a) paciente, no quesito avaliado, naquele recorte espaço-temporal (pois ele (sujeito) poderá apresentar resultados diferentes em outras condições e momentos da vida). Pode incluir o uso de baterias fixas (testes a serem aplicados em conjunto e em determinada sequência) ou flexíveis (que podem ser selecionados e agrupados conforme a finalidade avaliativa). A avaliação qualitativa diz respeito à análise dos dados quantitativos, ou seja, ela auxilia na compreensão dos dados quantitativos, contextualizando os dados brutos obtidos e considerando a dinâmica funcional do(a) paciente. Pode também utilizar instrumentos investigativos específicos, tais como as provas piagetianas (provas operatórias). A avaliação qualitativa envolve, ainda, dados obtidos por meio de instrumentos não mensuráveisquantitativamente, tais como observações, entrevista lúdica, análise do material escolar etc. Vocabula rio Provas operatórias: desenvolvidas por Jean Piaget, são instrumentos de avaliação intelectual individual que permitem investigar se o sujeito já atingiu um estágio cognitivo no qual é capaz de realizar operações mentais. Elas dão um bom direcionamento do nível de raciocínio lógico, indicando em qual dos estágios piagetianos o sujeito avaliado se encontra (estágio sensório-motor, pré-operatório, de operações concretas ou de operações formais). Fonte:https://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/568/da s-provas-operatorias-a-construcao-de-estruturas-cognitivas--um-e studo-de-caso-em-psicopedagogia Novamente ressaltamos que a Neuropsicopedagogia não avalia elementos relacionados à subjetividade, tais como aspectos afetivos do processo de aprendizagem e vínculos emocionais. Ao utilizar testes específicos 29 que investigam amplamente o funcionamento cognitivo, a avaliação neuropsicopedagógica identifica se há algum déficit, quais suas relações com o quadro atual e as possíveis conexões com dificuldades ou transtornos ainda não diagnosticados. Desse modo, estabelece quais funções, áreas ou sistemas cerebrais podem estar envolvidos na dificuldade de aprendizagem, fonte da queixa inicial, aventando hipóteses diagnósticas frente ao quadro. Saiba Mais Para contribuir com o diagnóstico de um transtorno de aprendizagem, o neuropsicopedagogo busca as origens das dificuldades de aprendizagem apresentas pelo sujeito e avalia de maneira criteriosa todo o processo, tendo como premissa o funcionamento cerebral. [...] Geralmente, são utilizadas análises de questionários, material escolar, atividades de matemática, escrita, leitura, produção de texto, desenhos, jogos, atividades psicomotoras e interações em grupos (SCHNEIDER; SOUZA; CHUPIL, 2018, p. 57). 2.2 Funções avaliadas pela Neuropsicopedagogia Como estabelecemos anteriormente, a partir da queixa inicial o(a) neuropsicopedagogo(a) realizará uma primeira investigação, por meio da anamnese (podendo também incluir outros recursos, como observações e avaliações gerais). No âmbito da instituição ou da escola, poderá inclusive utilizar algumas escalas e testes padronizados para a triagem neuropsicopedagógica. Após a triagem e frente à confirmação da alçada da Neuropsicopedagogia face à demanda solicitada, tem início, então, o processo de avaliação propriamente dito. O plano de avaliação é delineado a partir das hipóteses investigativas que o(a) profissional estabelece, com base na queixa inicial e na anamnese realizada junto à família/responsáveis (e outros dados aos quais teve acesso, tais como observações, análise do histórico e material escolar). É importante sempre buscar a integração dos dados, compreendendo que cada teste ou instrumento, por si só, representa apenas um aspecto de um ser humano que é integral e só pode ser compreendido em sua totalidade. 30 Ví deo Assista ao vídeo informativo da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia acerca da instrumentalização do neuropsicopedagogo nas áreas clínica e institucional. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=9jSmarCvOn0 Lembramos que o foco de estudo da Neuropsicopedagogia é a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana, tendo como principais bases as Neurociências, a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. Tendo isso em mente, o(a) profissional formulará suas hipóteses investigativas atendo-se aos aspectos que é de sua alçada avaliar, selecionando para isso instrumentos adequados e pertinentes para a avaliação. É importante destacar que o Código de Ética da Neuropsicopedagogia dispõe, no parágrafo segundo do Artigo 66º, que o(a) profissional deve utilizar recursos “que contemplem fundamentos básicos sobre a aprendizagem e desenvolvimento como as funções executivas, atenção, linguagem, raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor” (SBNPp, 2021, p. 13). Para fins ilustrativos, apresentamos a seguir um diagrama que sintetiza as funções executivas e os conceitos que as definem. Diagrama – funções executivas Fonte: RHODEN; HENNEMANN (2020). 31 O conceito de funções executivas surgiu na década de 1980, refere-se, de modo amplo, à gestão das atividades cognitivas que realizamos diariamente. As funções executivas são as habilidades cognitivas responsáveis pela gestão e execução das tarefas que realizamos nas atividades cotidianas. Elas podem ser classificadas em quentes ou frias. As funções quentes relacionam-se à autorregulação (capacidade de regular impulsos e emoções), especialmente nas situações críticas do cotidiano. As funções frias dizem respeito à capacidade de realizar tarefas com êxito e de articular estratégias metacognitivas, tais como planejar, organizar, objetivar (definir objetivos para as atividades realizadas), perseverar, focalizar (manter o foco atencional), operacionalizar (usar a memória operacional – ou de trabalho – para realizar atividades) e flexibilizar (utilizar perspectivas cognitivas diferentes na resolução de problemas). De modo sintético, podemos dizer que as funções frias estão mais relacionadas a componentes cognitivos sem grande comprometimento emocional, enquanto as funções quentes dizem respeito a processos que envolvem situações e decisões socioemocionais e interpessoais. Curiosidade O termo funções executivo (FEs) foi introduzido pelo neuropsicólogo Muriel D. Lezak em 1982. Para ele, as FEs dizem respeito às habilidades de formular metas e planejar e executar planos de maneira eficaz, que são essenciais para comportamentos autônomos, criativos e socialmente construtivos. Seu modelo apresentava quatro categorias de habilidades executivas: habilidades necessárias para formular metas; habilidades envolvidas no planejamento de estratégias; habilidades de colocar essas estratégias em prática; e habilidades necessárias para ter sucesso na resolução de tarefas (monitorar os resultados e corrigir, se necessário). Fonte: https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-executivas- psicologia.html#more Ao avaliar as funções cognitivas, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode compreender o funcionamento de cada função no contexto mais amplo do 32 funcionamento do cérebro, identificando de que forma afeta ou repercute sobre o comportamento humano. Desse modo, por meio da aplicação de testes e instrumentos específicos (não apenas quantitativos, mas também qualitativos), o(a) profissional pode comparar os resultados obtidos com os dados esperados para seu perfil (faixa etária, escolaridade, nível de desenvolvimento cognitivo etc.), sendo, então, capaz de mapear as funções preservadas e comprometidas. Ví deo Compreenda melhor a importância do desenvolvimento das funções executivas ao longo da infância. Acesse o link: https://institutoglia.com.br/a-importancia-da-educ acao-das-funcoes-executivas/ 2.3 Instrumentos utilizados na Neuropsicopedagogia Para realizar o diagnóstico, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode utilizar diversos instrumentos, que devem ser selecionados com base no objetivo e nas hipóteses aventadas para a avaliação. Deve considerar uma análise dos fundamentos teóricos que embasam a utilização de cada teste ou instrumento. Outros aspectos relevantes a considerar na seleção dos instrumentos são: ➢ O conhecimento, o treinamento e o domínio do profissional na aplicação dos instrumentos; ➢ As características particulares do(a) paciente (idade, escolaridade etc.) e eventuais limitações funcionais (linguagem, comprometimento motor, acuidade visual etc.); ➢ Conhecimento prévios dos testes (aplicações anteriores por outros profissionais); ➢ Especificidades técnicas dos instrumentos e do processo avaliativo (quantidade de sessões edisponibilidade de tempo, custo do material etc.). 33 O neuropsicopedagogo deverá buscar materiais não vetados para seu uso, que forneçam parâmetros para analisar/avaliar tanto as dificuldades quanto as facilidades de aprendizagem do sujeito. É oportuno ressaltar que na prática de avaliação devemos utilizar instrumentos com estudos e padronização brasileira (SBNPp, 2017, p. 2). Para além do uso de testes padronizados, enfatizamos também o uso de outros recursos e instrumentos que podem compor a avaliação quantitativa e qualitativa, auxiliando no entendimento do funcionamento do sujeito em sua integralidade nos diversos contextos e situações com os quais interagem. Dentre essas possibilidades, estão incluídas: ➢ Observações informais, tanto no contexto clínico quanto no ambiente escolar; ➢ Interações em grupo do sujeito avaliado com seus pares; ➢ Análise do material escolar e do histórico acadêmico do(a) estudante; ➢ Entrevistas estruturadas e semiestruturadas com pessoas próximas, como familiares, professores e outros profissionais que prestem ou tenham prestado algum tipo de atendimento ao avaliado; ➢ Atividades dirigidas e lúdicas, envolvendo jogos, brincadeiras e expressão artístico-criativa; ➢ Instrumentos estruturados, como o Diagnóstico Operatório (provas piagetianas); ➢ Atividades para investigação específica de certas funções e áreas, como atividades de leitura, produção de texto, resolução de problemas, cálculos, desenhos, atividades psicomotoras etc. Saiba Mais Alguns aspectos a serem observados pelo(a) neuropsicopedagogo(a) em uma sessão lúdica são: ➢ Iniciativa: tomada de decisão na escolha dos brinquedos; 34 ➢ Plasticidade: expressão de diferentes formas em brinquedos diversos; alteração da função dos brinquedos conforme as necessidades de expressão; ➢ Perseverança: repetição do mesmo comportamento (ou escolha sempre pelo mesmo brinquedo); ➢ Personificação: interpretação de papéis (ou solicitação ao observador que o faça) durante as brincadeiras; ➢ Motricidade: gestos e posturas compatíveis à expressão verbal; ritmo corporal; uso do corpo nas brincadeiras; lateralidade; etc.; ➢ Criatividade: uso inventivo e diversificado dos brinquedos; ➢ Cognição: compreensão das instruções em jogos e brincadeiras; uso da linguagem expressiva e compreensiva etc. (CAETANO, 2021, s/p.). Cada instrumento e técnica pode colaborar para a investigação de funções específicas. Nesse sentido, por exemplo, informações da família acerca da autonomia do(a) paciente nas atividades da vida diária fornecem dados acerca das habilidades sociais. Semelhantemente, o desempenho da criança durante jogos e atividades lúdicas pode revelar dados sobre a concentração da atenção, o planejamento, a linguagem, a memória, a volição e o controle inibitório. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Neurociência e educação: como o cérebro aprende (Ramon M. Cosenza e Leonice B. Guerra). A obra visa compreender o funcionamento do cérebro, seu potencial e as melhores estratégias de favorecer seu pleno desenvolvimento, considerando que o cérebro é responsável pela forma como processamos as informações, armazenamos o conhecimento e selecionamos nosso comportamento. Embora não seja o escopo desta disciplina, cabe lembrar que há diversos recursos que podem auxiliar o(a) neuropsicopedagogo(a) a melhor compreender o funcionamento cognitivo do(a) paciente, oferecendo uma perspectiva mais 35 abrangente e precisa das dificuldades de aprendizagem. Assim, mesmo que neste momento não nos aprofundemos na explicação de cada um desses instrumentos dos quais a Neuropsicopedagogia pode se valer, citamos: ➢ Torre de Hanói; ➢ Cubos de Corsi; ➢ Coruja PROMAT - Roteiro para Sondagem das Habilidades Matemáticas; ➢ Provas de Avaliação dos Processos de Leitura (PROLEC); ➢ Teste TOL – Torre de Londres (Teste de Avaliação das funções executivas); ➢ Avaliação Neuropsicológica Cognitiva – Atenção e Funções Executivas; ➢ Teste Token (TT) (avaliação da linguagem compreensiva); ➢ Teste de Trilhas – Partes A e B; ➢ Teste de Atenção por Cancelamento (TAC); ➢ Teste STROOP de Cores e Palavras; ➢ Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura (IPPL); ➢ Teste Infantil de Nomeação; ➢ Teste de Repetição de Palavras e Pseudopalavras (TRPP); ➢ Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem para o Ensino Fundamental (EAVAP-EF); ➢ Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PAHCL); ➢ Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC). Importante A investigação das habilidades sociais, bem como o conhecimento da independência/dependência nas atividades da vida diária, servirá de subsídio ou para a elaboração do protocolo de intervenção neuropsicopedagógica, visando à orientação familiar quanto a autonomia do paciente e estratégias para a convivência social ou, frente à gravidade do caso, o encaminhamento para outro profissional especialista na demanda (RUSSO, 2020, p. 110). 36 Frisamos que alguns instrumentos, inclusive, podem ser utilizados pelo(a) neuropsicopedagogo(a) institucional para a realização da triagem, como é o caso do IAR (Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para a Alfabetização) e do TDE (Teste de Desempenho Escolar). Como já expusemos anteriormente, no contexto das instituições, a Neuropsicopedagogia pode realizar triagens coletivas, com vistas a identificar potenciais necessidades dentro de grupos maiores de estudantes. Inclusive, o Código de Ética da Neuropsicopedagogia permite, em alguns casos, a investigação da triagem realizada de modo individual (por exemplo, realizando a anamnese junto à família): A atuação profissional em Neuropsicopedagogia ocorre no contexto institucional em atendimento coletivo e, quando necessário, individual para sondagem e/ou triagem visando a encaminhamentos a profissionais da área da saúde; e pelo atendimento individualizado ocorre no contexto clínico (SBNPp, 2021, p. 1). No âmbito escolar, juntamente com a equipe pedagógica, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode também realizar o levantamento dos estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem expressas no desempenho acadêmico ou de outras formas (comportamento, interação interpessoal etc.). Com essas informações, pode fazer um levantamento documental (análise do histórico escolar, portfólios e produções diversas dos estudantes e dados informados pela família), aventando a possível existência de transtornos e síndromes e também buscando identificar possíveis questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem (como histórico de reprovações, questões familiares, mudanças frequentes de escola etc.). Após a identificação desses casos, o(a) profissional poderá, então, realizar uma observação global (o estudante em seu contexto coletivo de interação na escola); se necessário, deverá encaminhar para a realização de uma avaliação personalizada, competência do(a) neuropsicopedagogo(a) clínico(a). 37 Para Refletir Ao selecionar testes para aplicação, o neuropsicopedagogo deve considerar algumas importantes questões: ➢ Que tipo de informações eu pretendo obter com a testagem? ➢ Como essas informações serão usadas? ➢ Quais dessas informações já estão disponíveis em outras fontes? ➢ Que outras ferramentas podem ser usadas para obter as informações que busco? ➢ Quais as vantagens de usar testes em lugar de outras fontes de informação? ➢ Quais as desvantagens ou custos em termos de tempo, esforço e dinheiro, de usar testes em vez de outras fontes de informação? (TRAD, 2020, p. 47) Cabe ainda ressaltar que a escolha por um instrumento deve considerar um estudo criterioso dos fundamentos teóricos dele, evitando o uso desnecessário, repetitivo ou mesmo o mau uso dos recursosexistentes. Nesse quesito, enfatizamos a necessidade da constante busca do(a) profissional por aperfeiçoamento e atualização, buscando compreender e dominar em profundidade os instrumentos disponíveis para seu uso. Lembrando que tanto a triagem quanto a avaliação devem ser sempre personalizadas, ou seja, o(a) profissional não pode se prender a utilizar sempre os mesmos testes e recursos, mas deve selecionar os instrumentos com base nas necessidades específicas de cada caso. Durante a avaliação, o(a) neuropsicopedagogo(a) deve buscar contato com equipe multiprofissional, inclusive entrando em contato com outros profissionais relacionados ao(à) paciente, buscando uma abordagem integrada com vistas à ampla compreensão e a um atendimento mais completo à demanda do(a) paciente. É essencial lembrar que a avaliação oferece uma perspectiva do desenvolvimento do(a) paciente no recorte espaço-temporal do momento da avaliação. Esse entendimento dinâmico é fundamental para não cristalizar posicionamentos deterministas, pois o ser humano está em constante 38 modificação; por isso, o nível de desenvolvimento não é estático e não pode limitar ou restringir a compreensão do sujeito. Ao final do processo de avaliação, o(a) profissional deverá elaborar um informe neuropsicopedagógico, no qual descreverá os resultados da avaliação, as potencialidades e as dificuldades identificadas, o prognóstico e as indicações de intervenção para o caso em específico, bem como orientações pertinentes aos familiares/responsáveis e à escola, quando necessário. Abordaremos esta questão com maior profundidade nas próximas aulas. Conclusão da aula 2 A triagem neuropsicopedagógica investiga o processo de aprendizagem, compreendendo suas potencialidades e suas limitações no âmbito do funcionamento cognitivo de cada sujeito, frente às interações socioculturais que estabelece em seu meio. Para realizá-la, o(a) profissional deve estar familiarizado com diversos instrumentos e recursos, os quais selecionará com base na queixa inicial expressa pela família/responsáveis, com vistas a compreender se o caso é pertinente à alçada da Neuropsicopedagogia, quando, então, dará início ao processo de avaliação neuropsicopedagógica. Nesta aula aprendemos o que é a triagem neuropsicopedagógica e como ela pode ser realizada pelos profissionais, tanto no contexto clínico quanto no institucional. Compreendemos o que são as funções executivas e como elas podem ser avaliadas pelo(a) neuropsicopedagogo(a). Por fim, conhecemos alguns instrumentos que podem integrar a triagem da Neuropsicopedagogia. Atividade de Aprendizagem Com base nos conteúdos estudados nesta aula, explique o que é a triagem neuropsicopedagógica e como ela pode ser realizada, no contexto clínico ou institucional, depois escreva um breve texto. 39 Aula 3 – Triagem, informe neuropsicopedagógico e entrevista devolutiva Apresentação da aula 3 Nesta aula daremos continuidade às nossas reflexões acerca da triagem neuropsicopedagógica e compreenderemos como elaborar o documento intitulado Informe neuropsicopedagógico, que é apresentado durante a entrevista devolutiva. 3.1 Finalização da triagem neuropsicopedagógica Conforme abordamos nas aulas anteriores, a triagem neuropsicopedagógica tem por objetivo compreender e discernir se o caso em específico (expresso pela queixa inicial) é da alçada da Neuropsicopedagogia (NeuroPp). Trata-se de uma classificação concisa e objetiva que identifica a situação geral do(a) paciente, tanto com vistas à identificação de suspeitas de dificuldades e transtornos (que poderão ser investigadas posteriormente na avaliação) quanto para a otimização das atividades propostas (no caso da intervenção junto a grupos, no âmbito institucional). Nesse sentido, a triagem realizada pelo(a) neuropsicopedagogo(a) institucional no âmbito coletivo voltada para as funções cognitivas assume um papel importante, pois pode contribuir para a identificação precoce de questões referentes às dificuldades de aprendizagem, o que permite, por sua vez, a pronta atuação de intervenção precoce junto a essas crianças, otimizando assim seu desenvolvimento integral. Vocabula rio Intervenção precoce: é o conjunto das intervenções dirigidas às crianças, até aos seis anos, com problemas de desenvolvimento ou em risco de os virem a apresentar [...], tendo por objetivo responder, o mais cedo possível, às necessidades transitórias ou permanentes que apresentam (FRANCO, 2007, p. 115). Em outras palavras, resposta nos casos de risco iminente ou potencial ao desenvolvimento infantil. 40 A triagem realizada de modo coletivo pelo(a) neuropsicopedagogo(a) institucional pode utilizar tanto instrumentos próprios da Neuropsicopedagogia quanto outros materiais, desde que fundamentados teoricamente e validados de acordo com os critérios de padronização para a população brasileira (estudos validados com amostras no Brasil). Novamente ressaltamos que o foco da NeuroPp são os processos de aprendizagem compreendidos sob a fundamentação das neurociências, tendo como interface a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. É a partir desses referenciais que o profissional deve delinear toda a sua atuação, tanto no contexto de avaliação como durante a intervenção. De acordo com o Código de Ética, o(a) neuropsicopedagogo(a) não pode fazer uso de testes projetivos, visto que essa área do conhecimento se fundamenta nos pressupostos psicológicos da psicologia cognitiva. Nesse sentido, seus instrumentos de avaliação devem ser pertinentes a essa vertente, investigando aspectos como as funções executivas, atenção, linguagem, raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor. O(a) neuropsicopedagogo(a) poderá utilizar instrumentos quantitativos e qualitativos para triagem e a avaliação. No contexto institucional, o profissional poderá realizar a triagem; entretanto, identificando a necessidade do(a) paciente e a pertinência do caso à atuação da Neuropsicopedagogia, a avaliação deverá ser realizada no contexto neuropsicopedagógico clínico. Lembramos que a Neuropsicopedagogia se dirige particularmente à investigação das funções executivas. De acordo com a SBNPp (2016), Existem vários instrumentos disponíveis para a investigação dos diferentes aspectos das funções cognitivas, variando em sua forma de apresentação, complexidade das tarefas envolvidas, critérios de correções e normas disponíveis. A seleção de instrumentos a ser utilizada é realizada de acordo com os objetivos da avaliação, e o neuropsicopedagogo deverá buscar materiais não vetados para seu uso, que forneçam parâmetros para analisar/avaliar tanto as dificuldades quanto as facilidades de aprendizagem do sujeito. (SBNPp, 2016, p. 2). A Neuropsicopedagogia pode utilizar instrumentos em comum com outros profissionais, tais como a Psicologia e a Fonoaudiologia, desde que tais 41 instrumentos não sejam de uso privativo dessas áreas do conhecimento. Também é essencial verificar sempre se tais instrumentos permanecem sendo indicados, visto que há um processo de avaliação permanente com vistas a preservar a qualidade dos instrumentos e sua validação no contexto brasileiro. Por isso, indicamos a consulta periódica aos sites dos Conselhos Federais de Psicologia e de Fonoaudiologia, mantendo-se sempre inteirado acerca do posicionamento (favorável ou não) acerca dos instrumentos e testes de uso liberado ao(à) neuropsicopedagogo(a). Saiba Mais O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) foi desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e apresenta também instrumentos não privativos do psicólogo, que podem ser utilizados por outros profissionais (como o neuropsicopedagogo), de forma complementar e secundária à avaliação. Acesse a lista de instrumentosavaliativos pelo link: https://sa tepsi.cfp.org.br/testesNaoPrivativos.cfm Quanto à realização da triagem pelos profissionais de neuropsicopedagogo(a): constitui-se em uma etapa anterior à avaliação, que pode ser realizada tanto individual quanto coletivamente. Em relação aos instrumentos quantitativos, o(a) neuropsicopedagogo(a) deve utilizar instrumentos com estudos validados e padronizados para a população brasileira. É muito importante compreender que os instrumentos utilizados para a triagem e a avaliação têm por finalidade investigar a queixa, avaliando elementos específicos que contribuirão para a compreensão do quadro como um todo, a partir da queixa inicial. Nesse sentido, os instrumentos utilizados para a triagem/avaliação visam à coleta de dados que serão analisados pelo(a) profissional. Em relação aos instrumentos qualitativos, o(a) profissional (tanto clínico como institucional) pode utilizar recursos e instrumentos que esclareçam e complementem a compreensão dos dados quantitativos acerca das funções 42 investigadas, tais como sessões lúdicas, as provas piagetianas e as etapas psicogenéticas do processo de alfabetização. Curiosidade O termo psicogênese pode ser compreendido como origem, gênese ou história da aquisição de conhecimentos e funções psicológicas de cada pessoa, processo que ocorre ao longo de todo o desenvolvimento, desde os anos iniciais da infância, aplica-se a qualquer objeto ou campo de conhecimento. [...] De acordo com este referencial, a apropriação da escrita se apoia em hipóteses do aprendiz, baseadas em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações, dependendo de suas interações sociais e dos usos e funções da escrita e da leitura em seu contexto cultural. Tais hipóteses oferecem informações relevantes sobre níveis ou etapas psicogenéticas no processo de alfabetização e podem se manifestar tanto em crianças quanto em adultos. Essas hipóteses podem ser classificadas em: pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética. Fonte: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbet es/psicogenese-da-aquisicao-da-escrita Ainda quanto ao processo de avaliação realizada no âmbito neuropsicopedagógico, o(a) profissional deve sempre se pautar a partir dos referenciais da Neuropsicopedagogia; em outras palavras, o foco da triagem e posterior avaliação é o processo de aprendizagem (e as dificuldades de aprendizagem) a partir do funcionamento do sistema nervoso, enfatizando a compreensão das funções executivas. Como a triagem configura um momento anterior à avaliação, pode ser realizada individualmente (contexto clínico) ou em grupo (contexto institucional), a partir da demanda da família/responsáveis/instituição. Considerando essa demanda (queixa inicial), as funções que pretende investigar e as características do sujeito/grupo investigado, que deverá, então, selecionar os instrumentos e recursos necessários. 43 Saiba Mais A Nota Técnica 02/2017 da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) apresenta orientações e indicações para protocolo de atendimento em Neuropsicopedagogia, distinguindo o contexto de atuação clínica e institucional. O documento também sumaria uma série de materiais que o neuropsicopedagogo pode utilizar para avaliação e intervenção nos contextos clínico e institucional. Acesse o link e saiba mais: https://www.sbnpp.org.br/arquivo s/notas_tecnicas.pdf A atualização permanente é fundamental ao(à) neuropsicopedagogo(a) e inclui não apenas o aprofundamento acerca de recursos e instrumentos, mas, sobretudo, sobre os fundamentos teóricos de sua área de atuação, o que inclui o conhecimento profundo acerca das dificuldades e transtornos de aprendizagem. Para isso, é indispensável que conheça e estude alguns documentos e manuais reconhecidos e validados internacionalmente, tais como: ➢ A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), atualmente em sua 11ª versão publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS); ➢ O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), atualmente em sua 5ª edição, produzido pela Associação de Psiquiatria Americana (APA); ➢ A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e toda a família de classificações internacionais delineada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao término da triagem, poderá, então, iniciar-se o processo de avaliação. Trata-se de uma investigação aprofundada, realizada em um conjunto de sessões, nas quais o(a) profissional levantará dados (quantitativos e qualitativos) a partir dos quais poderá compreender o funcionamento executivo do sujeito no momento da 44 avaliação, identificando possíveis dificuldades e transtornos de aprendizagem. Além disso, poderá aventar hipóteses diagnósticas e delinear uma proposta interventiva com vistas à superação das dificuldades identificadas. Importante A dificuldade de aprendizagem é um termo global e abrangente, pois sua origem pode relacionar-se com diferentes situações: métodos pedagógicos não assertivos, metodologias do educador e ambiente físico, assim como algumas causas relacionadas ao próprio aluno. De maneira geral, as dificuldades podem ser passageiras e possíveis de serem solucionadas. Já os transtornos de aprendizagem correspondem a um padrão de dificuldade(s) muito acima do esperado, considerando como parâmetro a capacidade cognitiva esperada para a faixa etária da criança e seu nível escolar. Fonte: https://www.pearsonclinical.com.br/blog/2016/geral/qual-a-dife renca-entre-transtornos-e-dificuldades-de-aprendizagem-2/ Desse modo, esclarecendo ainda a atuação neuropsicopedagógica na investigação da queixa advinda da família/instituição escolar, a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia orienta os(as) profissionais a: ➢ Investigar e analisar a queixa, coletando dados por meio de diversos recursos e instrumentos (anamnese, entrevistas, observações etc.); ➢ Aventar hipóteses fundamentadas nos conhecimentos técnicos- científicos da Neuropsicopedagogia, delineando a futura intervenção; ➢ Selecionar instrumentos que permitam comprovar/refutar as hipóteses aventadas. De modo sucinto, podemos dizer que após a triagem, a questão central a ser respondida é: há alterações no funcionamento cognitivo, que é o foco da avaliação e da atuação da Neuropsicopedagogia, que justifiquem a existência das dificuldades responsáveis pelo encaminhamento do(a) paciente (queixa inicial)? Nesse caso, o(a) 45 profissional deve dar continuidade ao seu trabalho, realizando, então, a avaliação propriamente dita do sujeito ou, no caso do neuropsicopedagogo(a) institucional, encaminhando-o para essa avaliação no âmbito da Neuropsicopedagogia clínica. Saiba Mais A etapa de atuação da Neuropsicopedagogia que realiza uma investigação aprofundada da queixa inicial, estabelecendo um prognóstico e delineando propostas concretas que contribuam para a superação das dificuldades de aprendizagem do sujeito denomina-se: avaliação neuropsicopedagógica. Enquanto a identificação da existência de alterações no funcionamento cognitivo que afetem a aprendizagem do sujeito e que possam ser minimizadas/superadas com o auxílio das técnicas e recursos da Neuropsicopedagogia é o objetivo da triagem neuropsicopedagógica. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Neuropsicopedagogia Institucional (Rita Margarida Toler Russo, org.). O livro reúne artigos de diversos autores nas áreas de educação e saúde, contribuindo para a compreensão do tema e do campo de atuação do neuropsicopedagogo institucional. 3.2 Informe neuropsicopedagógico Após realizar a triagem e conduzir o processo de avaliação, cabe ao(à) profissional sistematizar seus achados, organizando-os de forma clara