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1 
 
Disciplina: Triagem neuropsicopedagógica e informe neuropsicopedagógico 
Autora: M.e Paula Maria Ferreira de Faria 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima 
Ano: 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Paula Maria Ferreira de Faria 
 
 
 
 
Triagem neuropsicopedagógica e 
informe neuropsicopedagógico 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2021 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Designer Instrucional 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Lucimara Ota Eshima 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
Desenvolvimento da Capa 
Carolyne Eliz de Lima 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
FARIA, Paula Maria Ferreira de. 
Triagem neuropsicopedagógica e informe neuropsicopedagógico / Paula Maria 
Ferreira de Faria. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2021. 
71 p. 
ISBN: 978-65-5944-156-3 
1. Aprendizagem. 2. Conhecimento. 3. Neuropsicopedagógica. 
Material didático da disciplina de Triagem neuropsicopedagógica e informe 
neuropsicopedagógico – Faculdade UNINA, 2021. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 06 
Aula 1 – Atuação neuropsicopedagógica: indícios, queixa inicial e 
anamnese .................................................................................................. 
 
07 
Apresentação da aula 1 ............................................................................ 07 
 1.1 Neuropsicopedagogia e aprendizagem ......................................... 07 
 1.2 Triagem neuropsicopedagógica: importância e indicativos ........... 10 
 1.3 Exploração da queixa inicial e realização da anamnese ............... 13 
 1.4 Considerações finais sobre a triagem neuropsicopedagógica ....... 19 
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 22 
Aula 2 – Realização da triagem neuropsicopedagógica ............................ 23 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 23 
 2.1 Triagem e avaliação em Neuropsicopedagogia ............................ 23 
 2.2 Funções avaliadas pela Neuropsicopedagogia ............................. 29 
 2.3 Instrumentos utilizados na Neuropsicopedagogia ......................... 32 
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 38 
Aula 3 – Triagem, informe neuropsicopedagógico e entrevista devolutiva 39 
Apresentação da aula 3 ............................................................................ 39 
 3.1 Finalização da triagem neuropsicopedagógica ............................. 39 
 3.2 Informe neuropsicopedagógico ..................................................... 45 
 3.3 Entrevista devolutiva ..................................................................... 49 
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 51 
Aula 4 – Triagem neuropsicopedagógica, informe e entrevista devolutiva: 
exemplos de aplicação ............................................................................... 
 
52 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 52 
 4.1 Contextualizando a atuação .......................................................... 52 
 4.2 Queixa inicial, realização da triagem e entrevista de anamnese ... 53 
 4.3 Resultado da triagem e avaliação neuropsicopedagógica ............ 58 
 4.4 Elaboração do informe e entrevista devolutiva .............................. 61 
 4.5 Considerações finais ..................................................................... 65 
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 65 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 67 
Índice Remissivo ........................................................................................ 68 
Referências ............................................................................................... 70 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
O homem sempre buscou respostas para questões centrais que 
permeavam sua vida. O desenvolvimento da ciência vem ao encontro dessa 
necessidade humana, fornecendo fundamentos para a compreensão da 
natureza e de si mesmo. Nesse contexto, insere-se a discussão sobre como o 
homem pensa (consciência de si), como aprende e como se desenvolve. 
A discussão sobre o funcionamento da mente é antiga e já proporcionou 
profundas discussões na academia científica sob distintas abordagens. Em 
nosso atual estágio de desenvolvimento, já surgiram ciências que se dedicam a 
compreender esses elementos, ou seja, como o cérebro do homem se situa em 
termos de estrutura, funcionamento e desenvolvimento. 
O avanço das neurociências proporcionou o surgimento de uma recente 
área do conhecimento: a Neuropsicopedagogia, ciência transdisciplinar com 
interfaces entre as Neurociências, a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. A 
Neuropsicopedagogia tem por objeto de estudo a relação entre a aprendizagem 
e o funcionamento cognitivo, em uma perspectiva abrangente que visa à 
reintegração dos aspectos pessoal, social e educacional do ser humano. 
Tal como revela o próprio nome, esta disciplina se dedica a estudar e 
compreender o processo de triagem Neuropsicopedagógica, bem como a 
posterior elaboração do documento de devolutiva denominado informe 
neuropsicopedagógico. O conhecimento desses elementos é fundamental para 
a atuação profissional do(a) neuropsicopedagogo(a), visto que tais dados 
compõem aspectos essenciais de sua práxis no contexto investigativo amplo da 
avaliação neuropsicopedagógica.Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – Atuação neuropsicopedagógica: indícios, queixa inicial e 
anamnese 
 
Apresentação da aula 1 
 
Nesta aula iniciaremos nossa disciplina contextualizando a 
Neuropsicopedagogia em relação aos processos e às dificuldades de 
aprendizagem. Na sequência abordaremos as temáticas da triagem 
neuropsicopedagógica, exploração da queixa inicial e realização da anamnese. 
 
1.1 Neuropsicopedagogia e aprendizagem 
 
Diferentes áreas do conhecimento se dedicam a compreender os 
fenômenos relacionados à educação e à aprendizagem humana sob distintos 
enfoques. Nesse âmbito, a Neuropsicopedagogia é uma ciência que estuda a 
aprendizagem a partir dos componentes neurológicos (sistema nervoso). 
 O Código de Ética da Neuropsicopedagogia a define nos seguintes 
termos: 
 
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada 
nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com 
interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto 
formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema 
nervoso e a aprendizagem humana em uma perspectiva de 
reintegração pessoal, social e educacional [grifos nossos] (SBNPp, 
2021, p. 3). 
 
Os princípios das neurociências aplicados à área da aprendizagem 
trazem importantes contribuições para compreender as causas das dificuldades 
de aprendizagem e promovem a todas as crianças novas possibilidades de 
desenvolver o processo de aprender. 
Desse modo, em intersecção com a Pedagogia (ciência da educação) e a 
Psicologia Cognitiva (área da psicologia voltada ao estudo da cognição e suas 
repercussões sobre o comportamento humano), a atuação do (a) 
neuropsicopedagogo(a) está direcionada para a aprendizagem e para o 
desenvolvimento cognitivo, motor e comportamental dos aprendizes. A 
fundamentação na Psicologia Cognitiva permite à Neuropsicopedagogia um 
 
 
8 
 
olhar especializado sobre a aprendizagem, enfatizando uma compreensão 
abrangente sobre como a dinâmica funcional do cérebro se expressa e afeta os 
modos de aprender de cada estudante. O foco principal deve ser identificar as 
rotas de aprendizagem individuais e seu desenvolvimento atual e pregresso para 
compreender como o sujeito aprende, e não uma abordagem negativista, 
baseada em “por que não aprende”. 
Saiba Mais 
A avaliação neuropsicopedagógica auxilia no diagnóstico da 
queixa relacionada às dificuldades de aprendizagem, 
utilizando entrevistas com o paciente e seus responsáveis, 
aplicação de testes e escalas normatizadas e equipe 
multiprofissional que acompanha o indivíduo que será 
avaliado (TRAD, 2020, p. 8). 
 
 O (a) neuropsicopedagogo(a) pode atuar nos contextos clínico e 
institucional. Seu campo de trabalho abrange escolas, centros educacionais e 
instituições de ensino, hospitais, clínicas e organizações do terceiro setor. Em 
cada um desses locais, o (a) profissional desenvolve atividades específicas, 
preferencialmente em equipe multidisciplinar, visando à otimização da 
aprendizagem e à promoção de estratégias que conduzam à superação das 
dificuldades existentes. 
 A partir das competências específicas (foco de atuação) da 
Neuropsicopedagogia, o (a) profissional (neuropsicopedagogo) contribui para a 
compreensão das relações entre o cérebro e a aprendizagem, enfatizando a 
importância de aspectos como a neuroplasticidade, a estimulação cognitiva e 
as funções executivas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem humana. 
Vocabula rio 
Neuroplasticidade: capacidade do sistema nervoso de 
modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões 
de experiência; pode ser concebida e avaliada a partir de 
uma perspectiva estrutural (configuração sináptica) ou 
funcional (modificação do comportamento). 
 
 
 
9 
 
Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/1053 
 
Em outras palavras, que expressa a capacidade de 
reestruturação cognitiva em termos de estrutura ou 
funcionamento do cérebro. 
 
Cada criança possui suas formas e tempos de aprender e nem todas 
conseguem alcançar o resultado que delas é esperado dentro do tempo e das 
expectativas da escola. A partir dos conhecimentos próprios da 
Neuropsicopedagogia, ou seja, dos recursos para avaliação e intervenção e dos 
saberes relacionados à área neurológica e ao funcionamento cerebral, o 
profissional pode estabelecer uma atuação eficaz conforme as particularidades 
de cada paciente. Cabe lembrar que o processo não é direcionado 
exclusivamente à criança, mas envolve também a família e a instituição escolar 
à qual ela pertence. 
O primeiro passo na identificação das causas da dificuldade de 
aprendizagem é a realização de um diagnóstico a partir da queixa inicial. Esse 
deve ser um processo cuidadoso, pois permitirá conhecer o aprendiz em 
profundidade, identificar suas potencialidades e fragilidades e delinear formas de 
intervenção que contribuam para seu pleno desenvolvimento. Essa é uma etapa 
que exige conhecimento aprofundado e muita seriedade por parte do(a) 
profissional, visto que diagnósticos incorretos podem impactar profundamente a 
vida do(a) aprendiz e sua família. 
Importante 
Segundo a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, “a 
atuação profissional em Neuropsicopedagogia ocorre no 
contexto institucional em atendimento coletivo e, quando 
necessário, individual para sondagem e/ou triagem visando a 
encaminhamentos a profissionais da área da saúde; e pelo 
atendimento individualizado que ocorre no contexto clínico” 
(SBNPp, 2021, p. 1). 
 
 Antes da realização de um diagnóstico costuma-se realizar a triagem (ou 
sondagem), para delimitar a alçada de atuação profissional, ou seja, trata-se de 
um caso pertinente à Neuropsicopedagogia ou deve ser encaminhado para outra 
 
 
10 
 
área profissional. Frisamos que a triagem pode ser realizada tanto no contexto 
clínico quanto no institucional; porém, a avaliação, por ser um processo 
personalizado, só pode ser realizada individualmente e é uma competência da 
Neuropsicopedagogia Clínica. 
 
1.2 Triagem neuropsicopedagógica: importância e indicativos 
 
No processo de triagem neuropsicopedagógica podem ser utilizados 
diversos instrumentos e recursos, tais como: 
 
➢ Entrevistas com a criança, utilizando estratégias lúdicas; 
 
➢ Entrevista com os pais/responsáveis para exploração da queixa e 
conhecimento aprofundado da criança; 
 
➢ Visita à instituição escolar, observação da classe e entrevista com 
os professores; 
 
➢ Análise do material escolar da criança; 
 
➢ Realização de atividades de triagem propriamente ditas, 
envolvendo tarefas para conhecimento e exploração das funções 
cognitivas sondadas. 
 
As informações coletadas a partir desses instrumentos permitirão ao(à) 
profissional compreender melhor o quadro de aprendizagem da criança como 
um todo, delineando, então, um processo avaliativo direcionado e a proposição 
de estratégias interventivas que visem à superação das dificuldades 
identificadas. 
Importante 
A triagem neuropsicopedagógica segue-se ao contato inicial 
com o profissional por meio da queixa inicial da 
família/responsáveis. A triagem antecede a avaliação 
 
 
11 
 
propriamente dita, pois é um momento inicial no qual o 
profissional acolhe a queixa e identifica sua pertinência à sua 
área de atuação. A partir da triagem e como continuidade a esse 
momento do trabalho, realiza-se o processo de avaliação, que 
culminará com o parecer do neuropsicopedagogo, expresso em 
uma entrevista devolutiva por meio do informe 
psicopedagógico. 
 
O processo de triagem realizado pela Neuropsicopedagogia Institucional 
ocorre de modo diferenciado, visto que o atendimento não ocorre 
individualmente, mas dentro do grupo de estudantes. Esse tipo de sondagem 
visa investigar aspectos mais abrangentes da aprendizagem, selecionando 
grupos homogêneos menores dentro de um grande grupo heterogêneo. Em 
outras palavras, o(a) profissionalpode investigar questões amplas, por exemplo, 
a existência de estudantes com um transtorno específico de aprendizagem ou 
compreender melhor os níveis de desenvolvimento de aquisição da escrita 
dentro de uma mesma classe de alfabetização. 
 
 
Triagem e avaliação neuropsicopedagógica 
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQzGFzZ4Oep_XBx8S 
anFy01K4J09mrQ0pLBfOwrY7Ak1FHKSjUNwz3fWuqj2Df9lm33__E&usqp=CAU 
 
Ao longo do processo de desenvolvimento e especialmente no início da 
vida escolar, há diversos elementos que podem ser compreendidos como 
indicadores de possíveis dificuldades de aprendizagem, cuja investigação 
 
 
12 
 
neuropsicopedagógica merece ser aprofundada. Fonseca (2011) elenca alguns 
desses sinais: 
 
➢ Dificuldades para memorizar e reproduzir as letras do alfabeto, números, 
sílabas, palavras, frases, pequenas histórias etc.; 
➢ Dificuldade em recuperar a sequência das letras do alfabeto; 
➢ Dificuldades psicomotoras (tonicidade, postura, lateralidade, estruturação 
e organização do espaço e do tempo, ritmo, praxia global e fina etc.); 
➢ Dificuldades nas aquisições básicas de atenção, concentração, interação 
e imitação; 
➢ Confusão com pares de palavras que soam igual (ex: vaca-faca); 
➢ Dificuldade em nomear rapidamente objetos em imagens; 
➢ Dificuldades em reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras 
simples, bem como para juntar fonemas para formar palavras simples; 
➢ Dificuldades grafomotoras (na cópia, na escrita, no colorir e no recortar de 
letras) e inversão de letras (como escrita do nome em espelho); 
➢ Dificuldades com sons de letras (problemas de conscientização 
fonológica). 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia a obra Desafios da aprendizagem: 
como as neurociências podem ajudar 
pais e professores (Lino de Macedo e 
Rodrigo Affonseca Bressan). Os 
autores abordam importantes questões: 
como a aprendizagem acontece? E 
como as tecnologias atualmente 
disponíveis influenciam esse processo? 
Nesse livro, procuram mostrar de que 
modo os estudos em neurociências 
podem lançar luz sobre vários aspectos 
do desenvolvimento de crianças e 
adolescentes na escola. 
 
 
 
 
13 
 
1.3 Exploração da queixa inicial e realização da anamnese 
 
A queixa principal é o motivo pelo qual a família/responsável é 
encaminhada e busca o atendimento neuropsicopedagógico. A fonte da queixa 
principal costuma ser a própria família ou a instituição escolar (professor ou outro 
profissional da escola, como o pedagogo ou o psicólogo escolar). Deve ser 
registrada tal como relatada e deve ser ouvida com atenção e sem preconceitos 
pelo(a) profissional, que buscará na sequência esclarecê-la e aprofundá-la por 
meio da entrevista de anamnese. 
Considerando que a Neuropsicopedagogia valoriza o trabalho 
multidisciplinar, o diálogo com a equipe escolar e outros profissionais de saúde 
e educação que atendam o paciente é importante no processo avaliativo, 
ajudando a compreender a criança enquanto ser integral e dinâmico nos 
diferentes ambientes e contextos nos quais se integra. 
A anamnese é um tipo de entrevista cuja finalidade é levantar o histórico 
clínico e familiar do(a) paciente, obtido pelos familiares/responsáveis (ou pelo 
próprio paciente, no caso de adultos). A anamnese deve conter informações 
detalhadas sobre o desenvolvimento da criança, tendo sempre em mente a 
amplificação da queixa inicial. 
 É fundamental que a anamnese não seja apenas um momento de coleta 
de dados, no qual a “inquisição” aos familiares possa se tornar desgastante ou 
parecer invasiva. As informações sobre o desenvolvimento da criança devem ser 
compreendidas no contexto de seu surgimento, ou seja, é essencial adotar uma 
abordagem dinâmica de avaliação. Em outras palavras, cada dado deve ser 
contextualizado, atentando-se às informações mais relevantes para a 
compreensão e o aprofundamento da queixa inicial. Por isso, mais do que buscar 
uma infinidade de informações, o (a) profissional deve ter critério e sensibilidade 
para adequar a entrevista de anamnese aos seus objetivos de avaliação. 
Saiba Mais 
Se estamos lidando com uma criança cujo aproveitamento 
escolar é insatisfatório, temos de atentar para questões do 
desenvolvimento normativo. Entretanto, como tal 
desenvolvimento se deu em um contexto familiar, além de 
 
 
14 
 
dados cronológicos, devem-se explorar variáveis afetivas e 
sociais. Às vezes, importa pouco saber por quanto tempo o 
paciente foi alimentado ao peito sem ter uma noção sobre 
seus vínculos afetivos com a figura materna nessa época. [...] 
É extremamente importante que haja uma abordagem 
dinâmica dos fatos do desenvolvimento para permitir uma 
dimensão mais profunda na compreensão do caso. (CUNHA, 
2007, p. 60; 66). 
 
A entrevista de anamnese pode durar de 40 a 60 minutos (em alguns 
casos, pode ser realizada em duas sessões) e permite que o (a) profissional 
conheça o paciente “através dos olhos” de seus pais/responsáveis. Esse é um 
aspecto importante, pois a forma como a queixa é relatada e como a criança é 
apresentada também revela informações acerca da dinâmica de funcionamento 
familiar, que podem contribuir para a compreensão do quadro como um todo. 
O objetivo da anamnese é compreender a queixa inicial a partir do 
conhecimento da história da vida pregressa e atual do paciente, correlacionando 
os sintomas (no caso da Neuropsicopedagogia, a dificuldade de aprendizagem) 
ao desenvolvimento e às situações de vida da criança. 
O (a) neuropsicopedagogo(a) deve possuir um roteiro com as principais 
questões que pretende investigar, mas pode acrescentar ainda novas questões 
no decorrer da entrevista (por exemplo, para aprofundar o entendimento de 
algum tópico relatado pela família). Pode ainda optar por fazer o registro da 
anamnese por audiogravação, registrando-a por escrito logo após o encontro 
com os familiares/responsáveis. 
Importante 
Para realizar a gravação do áudio da entrevista de anamnese, 
alguns cuidados são necessários: 
 
1. Esclarecer à família acerca da finalidade do 
procedimento e solicitar consentimento para a gravação, 
deixando claro que nenhum outro profissional terá acesso a ele 
e que após a transcrição o arquivo será excluído; 
 
2. Verificar o funcionamento do equipamento de gravação 
(se possível, utilizar dois gravadores simultâneos) e a acuidade 
do som (posicionamento do gravador, alcance da gravação, 
 
 
15 
 
local silencioso etc.), evitando a perda dos dados por 
dificuldades técnicas e o consequente comprometimento de 
toda a entrevista de anamnese; 
 
3. Realizar a transcrição cuidadosa e revisada logo após a 
realização da entrevista, assegurando o registro minucioso de 
todas as informações coletadas junto aos familiares. Anexar a 
entrevista ao prontuário (ou portfólio) documental do paciente, 
registrando a data de realização e o nome dos informantes que 
participaram da anamnese. 
 
Considerando as particularidades de cada caso e a finalidade da 
avaliação frente à queixa inicial, não existe um modelo único de anamnese. 
Embora cada profissional possa adotar um roteiro, é importante adequá-lo e 
revisá-lo periodicamente, buscando a coleta de informações que permitem 
delinear um panorama geral e aprofundado da situação avaliada. Em outras 
palavras, o profissional deve adotar um roteiro amplo, porém flexível, durante a 
entrevista. Apresentamos uma lista com as principais informações que devem 
compor o roteiro de uma entrevista de anamnese neuropsicopedagógica: 
 
➢ informações pessoais: nome, data de nascimento, escolaridade e nome 
da escola, se houve adoção, nome e ocupação dos pais, religião da 
família, endereço, dados para contato etc.; 
 
➢ queixa inicial: descrição detalhada do motivo da procura pelo(a) 
profissional; quando/como a dificuldade de aprendizagem se iniciou; e 
como essa dificuldade de aprendizagem afeta o paciente (em quaiscontextos (familiar, social, lazer etc.) e como afeta também os demais 
familiares); 
 
➢ composição familiar: quem mora com o(a) paciente, quais os membros 
da família e sua relação de parentesco; 
 
➢ histórico do nascimento: informações sobre a gestação, o parto e teste 
APGAR; nascimento a termo ou intercorrências clínicas); 
 
 
 
 
16 
 
 
Curiosidade 
A escala de APGAR, também conhecida como índice ou 
escore APGAR, é um teste feito no recém-nascido logo após 
o nascimento que avalia seu estado geral e vitalidade, 
ajudando a identificar se é necessário qualquer tipo de 
tratamento ou cuidado médico extra após o nascimento. Esta 
avaliação é feita no primeiro minuto de nascimento e é 
repetida 5 minutos após o parto, tendo em consideração 
características do bebê como atividade, batimento cardíaco, 
cor, respiração e reflexos naturais. 
Fonte: https://www.tuasaude.com/escala-de-apgar/ 
 
➢ Histórico médico (doenças, dores e sintomas ou tratamentos 
recorrentes, internamentos e procedimentos cirúrgicos, condições 
clínicas, uso de medicação etc.) do (a) paciente e da família (condições 
genéticas, hereditárias ou que afetem de algum modo o desenvolvimento 
da criança); 
 
➢ Histórico de desenvolvimento neuropsicomotor (amamentação, sono, 
controle do tônus muscular, engatinhar/andar, fala, controle dos 
esfíncteres etc.); 
 
➢ Histórico do desenvolvimento escolar (interesses e dificuldades, relato 
de professores, mudanças de classe/escola, reprovações, desempenho 
acadêmico e social, realização das atividades dentro e fora da escola, 
acompanhamentos e atividades extracurriculares etc.); 
 
➢ Relacionamento familiar (clima em família, com quem convive, pessoas 
com maior/menor proximidade, eventos de crise familiar, comportamento 
em família e como a família reage a esses comportamentos etc.); 
 
➢ Comportamento geral e interação social (“jeito de ser” da criança na 
escola, em casa e em outros ambientes e se há diferenças, hábitos, 
realização de atividades físicas, rotina de sono, comportamentos de 
 
 
17 
 
isolamento, agitação, birra, choro, agressividade, inquietude, habilidades 
e competências, brincadeiras, interesses persistentes, medos etc.). 
 
Por meio de todas essas informações, o(a) neuropsicopedagogo(a) 
poderá compreender melhor a queixa atual do paciente dentro de seu escopo de 
ação, ou seja, mantendo o foco sobre os aspectos neuropsicopedagógicos, 
situando-a no desenvolvimento histórico e dinâmico do paciente nos múltiplos 
contextos nos quais interage. 
 
A atuação do neuropsicopedagogo está focada nas questões 
relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento humano nas 
áreas motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os 
princípios da neurociência aplicada à educação em interface com 
a pedagogia e a psicologia. O neuropsicopedagogo não tem 
habilitação para avaliar a inteligência, os transtornos de humor e 
personalidade, bem como fazer o uso de testes projetivos! 
 
Lembramos novamente que a Neuropsicopedagogia enfatiza as bases 
biológicas do desenvolvimento cognitivo relacionadas ao funcionamento do 
sistema nervoso; por isso, esses aspectos devem ser valorizados na entrevista 
de anamnese. A partir da ampliação da compreensão da queixa inicial por meio 
do levantamento do histórico de dados, o(a) profissional poderá identificar 
elementos de interesse para a avaliação e excluir algumas possibilidades 
diagnósticas. 
É importante frisar que, por conter informação confidencial relacionada ao 
(à) paciente, a anamnese não poder ser lida/compartilhada com terceiros. A 
única exceção são os casos de atuação multidisciplinar em que o serviço de 
psicologia atue na mesma instituição clínica e faça parte do processo avaliativo, 
evitando, assim, a repetição do procedimento junto à família. Entretanto, no caso 
de encaminhamento para profissionais de outras instituições, estes deverão 
realizar uma nova anamnese. 
 
 
 
 
 
18 
 
Saiba Mais 
A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) é 
uma sociedade sem fins lucrativos, promocional e 
educacional, criada em 2008 na cidade de Joinville (SC). 
 
Conheça mais sobre a SBNPp acessando o site da 
instituição: 
 
https://www.sbnpp.org.br/ 
 
Para ter êxito na entrevista de anamnese (assim como em todo o processo 
de intervenção neuropsicopedagógica) é preciso ir além da mera coleta de 
dados. O(a) profissional deve estabelecer com a família um vínculo de confiança, 
esclarecendo sobre as possibilidades e os limites de sua atuação profissional, 
nunca prometendo resultados que não pode garantir e evitando a criação de 
falsas expectativas acerca da avaliação/intervenção e da própria 
Neuropsicopedagogia. Independentemente do grau de instrução dos 
pais/responsáveis, o(a) profissional deve ser capaz de explicar sua função, 
proposta e os achados de sua avaliação, sanando quaisquer dúvidas em termos 
claros e compreensíveis para a família. 
A atuação em parceria com a família é essencial para o atendimento 
neuropsicopedagógico. Mais do que um profissional capacitado teoricamente, os 
familiares devem se sentir confortáveis e seguros junto ao/à profissional, sem 
culpabilizações ou julgamentos. 
Já no contato inicial, o(a) neuropsicopedagogo deve estabelecer o 
rapport, que se refere a um clima descontraído de confiança e entendimento 
entre ambas as partes. A partir de uma conversa informal e simples, começa-se 
a estabelecer um vínculo familiar, criando um ambiente seguro, acolhedor, 
respeitoso e tranquilo, no qual se sintam à vontade para fazer seus relatos, que 
muitas vezes envolvem situações evocadoras de constrangimento, tristeza e 
vergonha. 
Por isso, ao invés de adotar uma postura que constranja ou responsabilize 
os pais por suas atitudes na criação de seus filhos, cabe ao (à) 
 
 
19 
 
neuropsicopedagogo(a) primeiramente o acolhimento, para que, posteriormente, 
no processo de intervenção, após o estabelecimento de um vínculo de confiança 
e sempre pautado no respeito e na empatia, possa fazer orientações, se for esse 
o caso. É importante que a família se sinta acolhida e valorizada, para que haja 
adesão ao processo de avaliação/intervenção neuropsicopedagógica. 
 
Como a Neuropsicopedagogia é uma ciência com interface com 
a Psicologia Cognitiva, não envolve avaliações de aspectos 
subjetivos. Esse é mais um ponto diferencial da 
Psicopedagogia, que utiliza testagens projetivas para avaliar 
elementos subjetivos, visto que seu referencial teórico se associa 
à Psicologia Social e à Psicanálise. Também cabe frisar que o 
profissional nunca deverá emitir qualquer orientação acerca 
do uso de medicações, visto que sua intervenção se volta 
exclusivamente às questões de aprendizagem. 
 
Após a anamnese, o (a) profissional deve informar o objetivo da avaliação 
neuropsicopedagógica que será realizada, assim como o papel da 
Neuropsicopedagogia na intervenção junto às dificuldades de aprendizagem. 
Por fim, realiza-se o contrato de trabalho, o qual prevê os elementos de 
enquadre da atuação do(a) neuropsicopedagogo(a), tais como: quantidade de 
sessões necessárias para a avaliação, dias e horários, duração dos 
atendimentos, honorários e forma de pagamento, pausas, interrupções 
programadas (feriados, recessos etc.) e data da entrevista devolutiva, na qual 
será inclusive entregue à família o informe neuropsicopedagógico. Esse contrato 
pode ser retomado após a avaliação, para o estabelecimento do enquadre para 
o processo de intervenção neuropsicopedagógica. 
 
1.4 Considerações finais sobre a triagem neuropsicopedagógica 
 
No contexto institucional, a atuação inicial do(a) neuropsicopedagogo(a) 
nas atividades de triagem/sondagem será solicitada pela equipe técnica ou 
pedagógica e deverá, antes de tudo, ter uma classificação mais ampla no âmbito 
institucional e contar tanto com estratégias de observação das pessoas com 
dificuldades de aprendizagemquanto com instrumentos apropriados 
(fundamentados, teoricamente, em consonância com os princípios da 
 
 
20 
 
Neuropsicopedagogia e validados para a população brasileira) para a avaliação, 
um recurso que pode ser utilizado é a entrevista de anamnese. O Código de 
Ética da Neuropsicopedagogia explicita a atuação desse profissional no âmbito 
das instituições, como vemos a seguir. 
 
RESOLUÇÃO SBNPp Nº 05, DE 12 DE ABRIL DE 2021 
Altera as Resoluções 03/2014 e 04/2020. 
Dispõe sobre o Código de Ética Técnico-Profissional da Neuropsicopedagogia e suas alterações. 
 [...] 
Art. 30º Ao Neuropsicopedagogo com formação na área Institucional, conforme 
descrito no Capítulo V, fica delimitada sua atuação com atendimentos neuropsicopedagógicos 
exclusivamente em ambientes educacionais e/ou instituições de atendimento coletivo. 
[...] 
§2º São bases da atuação institucional os conhecimentos sobre os fundamentos da avaliação 
neuropsicopedagógica, que são compostos pelas funções cognitivas (exceto a função intelectual e os transtornos de 
humor e personalidade), bem como, a legislação e as políticas nacionais de inclusão, programas de intervenção 
neuropsicopedagógica, e, quando necessário, sondagem e/ou triagem acadêmica: 
I -Observação, identificação e análise dos ambientes e dos grupos de pessoas atendidas, 
focando nas questões relacionadas à aprendizagem e ao desenvolvimento humano nas 
áreas motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da Neurociência 
aplicada a Educação, em interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva. 
II –Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos e, quando necessário, de forma 
individual para triagem. 
III -Análise do histórico escolar dos grupos de escolares, identificando dificuldades a serem 
trabalhadas em grupos através de ações específicas como Projetos de Trabalho e Oficinas 
Temáticas. 
IV –Em casos pontuais, quando ações coletivas não se aplicarem às especificidades do 
sujeito, deve-se buscar as origens das dificuldades apresentadas por meio de triagem e/ou 
sondagem. 
V -Encaminhamento, quando necessário, a profissionais de áreas específicas através do 
Relatório de triagem e/ou sondagem. 
 
Disponível em: <https://sbnpp.org.br/arquivos/Codigo_de_Etica_Tecnico_Profisisonal_da_Neuropsicopedagogia_-
_SBNPp_-_2021.pdf> 
 
Cabe lembrar que o Código de Ética ainda autoriza a realização de 
triagem/sondagem individual em instituições, desde que vise ao 
encaminhamento a profissionais de saúde. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (2017), o 
foco da avaliação deve ser sempre a aprendizagem do indivíduo, abordando 
especificamente as seguintes funções cognitivas: 
 
➢ atenção; 
➢ memória de trabalho; 
 
 
21 
 
➢ linguagem receptiva e expressiva; 
➢ compreensão (interpretação/intelecção); 
➢ linguagem matemática; 
➢ observação psicomotora; 
➢ habilidades sociais; 
➢ planejamento; 
➢ resolução de problemas. 
 
Saiba Mais 
O trabalho do neuropsicopedagogo consiste em, a partir de 
uma demanda específica, realizar a observação de aspectos 
inerentes a aprendizagem em contextos definidos e detectar 
elementos que são analisados de acordo com o conjunto de 
conhecimentos e experiências específicas do 
neuropsicopedagogo. Estes devem ser trabalhados com foco 
na potencialização dos recursos próprios de uma pessoa ou 
grupo no contexto da aprendizagem para que ocorra a 
reintegração pessoal, social e até escolar dos envolvidos, 
bem como favoreça os processos de inclusão (CARDOSO; 
FÜLLE, 2016, p. 17). 
 
As mesmas funções devem ser avaliadas pelo(a) neuropsicopedagogo(a) 
clínico(a), porém de forma individualizada, em ambiente adequado. Após 
receber a queixa inicial, o profissional deve realizar a anamnese, utilizando 
também outros recursos e instrumentos na continuidade de sua avaliação, com 
foco na aprendizagem e suas dificuldades relacionadas às áreas motoras, 
cognitivas e comportamentais. Ao final desse processo deverá elaborar um plano 
de trabalho com vistas à superação das dificuldades identificadas ao longo da 
avaliação, formalizando a proposta de atendimento interventivo por meio do 
informe neuropsicopedagógico. 
Por fim, destacamos que é facultado ao (à) profissional da 
Neuropsicologia (tanto no âmbito clínico quanto no institucional) a realização da 
triagem por meio virtual, desde que utilize instrumentos validados para a 
população brasileira e que tenham sido autorizados para a aplicação por 
profissionais das áreas da saúde e educação. 
 
 
22 
 
Ví deo 
Assista à animação Cérebro Herói, produzida pelo Center on 
the Developing Child da Harvard University e legendado pela 
equipe do Instituto Glia, que trata da importância do 
desenvolvimento infantil na construção da felicidade do 
indivíduo e de uma sociedade sólida e justa. Acesse o link: 
<https://www.youtube.com/watch?v=yqYz5IBmma4> 
 
Conclusão da aula 1 
 
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar que estuda as 
relações entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem, tendo por 
fundamento os conhecimentos das neurociências no campo educacional, em 
interface com a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. Utilizando-se desses 
conhecimentos, o(a) neuropsicopedagogo(a) investiga questões relacionadas ao 
aprender e às dificuldades de aprendizagem, realizando uma triagem a partir da 
queixa inicial da família e da entrevista de anamnese. A partir desses 
procedimentos, poderá selecionar instrumentos e recursos para a avaliação do 
paciente, culminando na elaboração de um informe neuropsicopedagógico 
repassado à família por meio de uma entrevista devolutiva, no qual apresentará 
uma proposta de intervenção e/ou os encaminhamentos necessários. 
Nesta aula explicitamos as relações entre a Neuropsicopedagogia e os 
processos de aprendizagem; compreendemos a importância da queixa inicial 
apresentada pela família como norteadora para o desenvolvimento da entrevista 
de anamnese; conhecemos as especificidades da elaboração de um roteiro para 
entrevista de anamnese e por fim, apresentamos algumas reflexões importantes 
acerca da realização da triagem pelo(a) neuropsicopedagogo(a) clínico(a) e 
institucional, à luz do Código de Ética da Neuropsicopedagogia. 
Atividade de Aprendizagem 
Com base nos estudos desenvolvidos nesta aula, elabore um 
pequeno texto explicando como a Neuropsicopedagogia pode 
contribuir para a superação das dificuldades de aprendizagem 
de crianças e adolescentes em idade escolar. 
 
 
23 
 
Aula 2 – Realização da triagem neuropsicopedagógica 
 
Apresentação da aula 2 
 
Nesta aula compreenderemos o que é a triagem neuropsicopedagógica, 
sua relação com o processo avaliativo e suas características nos distintos 
contextos de atuação (clínico e institucional) do(a) neuropsicopedagogo(a). 
 
2.1 Triagem e avaliação em Neuropsicopedagogia 
 
Como vimos na aula anterior, a busca pelo profissional da 
Neuropsicopedagogia tem início a partir de uma queixa, relatada pela 
família/responsáveis e/ou pela instituição escolar. A triagem se insere nesse 
contexto como o processo de seleção de pacientes que se enquadrem e 
possam ser beneficiados pelo atendimento neuropsicopedagógico 
(avaliativo e/ou interventivo). A triagem antecede, portanto, o momento da 
avaliação propriamente dita, que envolverá diversas sessões após a 
identificação, pelo(a) profissional, da pertinência desse processo frente ao caso 
apresentado, considerando o foco e o escopo da atuação 
neuropsicopedagógica. 
 
 
Símbolo da neuropsicopedagogia 
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRjJh_gLcguwZhiDs0q 
AXG7-U8_qt3fv_X3aNsTDl8Qc_DbfxtgDvyJcr-Mml6TMiHd-8A&usqp=CAU 
 
A triagem configura o primeiro contato do(a) paciente e sua família com 
o(a) neuropsicopedagogo. Mesmo que ao final do processo o profissional opte24 
 
pelo encaminhamento a outras áreas do conhecimento, é importante 
compreender a triagem como um momento de acolhimento à família que busca 
o atendimento, no qual ambos (profissional e familiares) se conhecerão e 
discutirão as possibilidades de atendimento neuropsicopedagógico ao(à) 
paciente. 
Embora configure um breve momento da atuação neuropsicopedagógica 
(realizado dentro de uma sessão única), fundamentalmente, o processo de 
triagem realiza uma avaliação inicial com vistas ao esclarecimento diagnóstico, 
a partir do qual se pode definir o encaminhamento a seguir. Em outras palavras, 
trata-se de conhecer o(a) paciente e sua família, face à queixa inicial, 
identificando se o caso é pertinente à Neuropsicopedagogia e se ele (ela) pode 
se beneficiar dos recursos e técnicas neuropsicopedagógicas, frente à queixa 
inicial apresentada. 
Saiba Mais 
Em relação à função e aos objetivos da triagem 
neuropsicopedagógica, ela possibilita identificar a pertinência 
e a contribuição da Neuropsicopedagogia para cada caso. 
 
Após a triagem, caso seja identificada a contribuição da 
Neuropsicopedagogia frente ao caso, inicia-se, então, o processo de avaliação 
propriamente dito, no qual o(a) profissional explorará mais detalhadamente a 
queixa, aventando hipóteses que comporão suas indicações interventivas para 
o(a) paciente. 
 
O neuropsicopedagogo institucional pode fazer triagem 
(processo coletivo na instituição), mas não realiza avaliação 
individual. Caso identifique a necessidade de aprofundar a 
avaliação com determinados sujeitos, deve encaminhá-los para 
a avaliação individual com o neuropsicopedagogo clínico. 
 
A realização da triagem antes do início do processo de avaliação tem 
diversas vantagens, tais como: 
 
 
25 
 
 
➢ ampliação da população atendida e redução do tempo de espera para 
avaliação inicial; 
➢ economia de tempo durante o processo de avaliação, que já será 
direcionada à queixa neuropsicopedagógica; 
➢ redução dos custos iniciais com avaliações longas e possivelmente fora 
do escopo da Neuropsicopedagogia; 
➢ redução do desgaste emocional do(a) paciente e família/responsáveis, 
com consultas a diferentes profissionais sem receber um parecer 
diagnóstico. 
 
Desse modo, a triagem configura um espaço no qual o(a) profissional 
acolhe a queixa e verifica a real existência de uma demanda para a atuação 
neuropsicopedagógica. A partir da triagem tem-se um conhecimento das reais 
necessidades do(a) paciente, o que subsidiará a escolha dos instrumentos 
avaliativos na sequência ou, então, direcionará o encaminhamento para os 
profissionais que melhor atenderão ao caso em específico. 
Para finalizar a triagem, após a exploração aprofundada da queixa inicial 
por meio da entrevista de anamnese, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode se valer 
de um momento avaliativo inicial com a criança por meio de observações, 
instrumentos específicos e lúdicos, nos quais será possível constatar a queixa e 
compreendê-la frente ao funcionamento global do(a) paciente. 
A atuação em Neuropsicopedagogia institucional inclui também a 
possibilidade da realização de triagens, porém essas deverão ser realizadas no 
contexto do grupo, para investigação de características específicas conforme a 
demanda da instituição. Portanto, embora também parta de uma queixa inicial 
ou solicitação institucional, difere da triagem neuropsicopedagógica clínica, que 
é realizada em ambiente privativo a partir da anamnese familiar. 
Para a triagem em instituições como escolas e organizações do terceiro 
setor, o(a) neuropsicopedagogo poderá utilizar testes e escalas específicos 
(como abordaremos mais à frente nesta aula), bem como observações, o 
desenvolvimento de atividades no grupo e a análise do material escolar. 
 
 
26 
 
Importante 
A formação em Neuropsicopedagogia clínica não habilita o 
profissional a avaliar a inteligência, os transtornos de humor, os 
transtornos psicóticos, os transtornos alimentares, entre outros. 
Seu campo de atuação é o da avaliação do processo de ensino-
aprendizagem e suas dificuldades (RUSSO, 2020, p. 108). 
 
Conforme já indicamos anteriormente, durante a triagem pode ser 
realizada a entrevista de anamnese com o próprio sujeito (caso seja adulto) ou 
com os pais/responsáveis (no caso de crianças). Para adolescentes, costuma-
se ouvir ambos, separadamente (em um primeiro momento a família e, na 
sequência, o/a adolescente). 
Associada à queixa inicial, a anamnese permite investigar como o sintoma 
surgiu, quais as situações de vida naquele momento, qual o contexto prévio e 
quais as condições a ele associadas, em suma, sua dinâmica funcional, suas 
relações com os processos cognitivos neurobiológicos e suas repercussões 
sobre a vida do(a) paciente e familiares, nos diversos contextos, nos quais 
interagem. 
Ao findar a triagem, o(a) profissional deverá concluir se o caso pertence ao 
escopo da Neuropsicopedagogia, aventando, então, hipóteses diagnósticas que 
serão investigadas em profundidade no momento seguinte, durante o processo 
de avaliação neuropsicopedagógica. 
 O processo será enriquecido se a triagem for realizada por equipe 
multidisciplinar, capaz de avaliar de forma mais precisa e abrangente. Embora 
cada caso tenha suas especificidades, as principais áreas cujos profissionais 
costumam compor a equipe multiprofissional são: 
 
➢ Neurologia; 
➢ Fonoaudiologia; 
➢ Psicologia; 
➢ Fisioterapia; 
➢ Terapia ocupacional; 
➢ Psicomotricidade; 
➢ Psicopedagogia. 
 
 
27 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
É fundamental que o(a) 
neuropsicopedagogo(a) conheça e 
domine os transtornos e dificuldades de 
aprendizagem. Por isso, recomendamos 
fortemente o estudo dos Transtornos do 
Neurodesenvolvimento elencados no 
Manual Diagnóstico e Estatístico dos 
Transtornos Mentais – DSM-V, publicado 
pela American Psychiatric Association 
(APA). 
 
 A triagem pode ser compreendida como o primeiro momento avaliativo, 
que integra e resulta no diagnóstico neuropsicopedagógico, é a investigação 
abrangente do processo de aprendizagem do indivíduo, com vistas a 
compreender a origem e as melhores formas de intervenção sobre as 
dificuldades de aprendizagem. Em outras palavras, ela antecede a realização do 
processo de avaliação propriamente dito. 
Importante 
Em relação ao desenvolvimento e aprendizagem, o 
neuropsicopedagogo clínico e/ou institucional pode avaliar as 
seguintes áreas: 
 
➢ Atenção e funções executivas; 
➢ Linguagem; 
➢ Compreensão leitora; 
➢ Memória de aprendizagem; 
➢ Motivação: intrínseca e extrínseca; 
➢ Estratégias de aprendizagem; 
➢ Desenvolvimento neuromotor; 
➢ Habilidade matemáticas; 
➢ Habilidades sociais. 
 
(SBNPp, 2016, p. 12). 
 
 
 
28 
 
 Cabe ressaltar que o processo de avaliação em Neuropsicopedagogia 
inclui aspectos quantitativos e qualitativos. 
 A avaliação quantitativa é pautada pelo uso de testes e escalas 
validados para a população brasileira e de uso permitido ao (à) profissional de 
Neuropsicopedagogia. Esses instrumentos produzem scores numéricos que 
representam os resultados alcançados pelo(a) paciente, no quesito avaliado, 
naquele recorte espaço-temporal (pois ele (sujeito) poderá apresentar resultados 
diferentes em outras condições e momentos da vida). Pode incluir o uso de 
baterias fixas (testes a serem aplicados em conjunto e em determinada 
sequência) ou flexíveis (que podem ser selecionados e agrupados conforme a 
finalidade avaliativa). 
 A avaliação qualitativa diz respeito à análise dos dados quantitativos, ou 
seja, ela auxilia na compreensão dos dados quantitativos, contextualizando os 
dados brutos obtidos e considerando a dinâmica funcional do(a) paciente. Pode 
também utilizar instrumentos investigativos específicos, tais como as provas 
piagetianas (provas operatórias). A avaliação qualitativa envolve, ainda, dados 
obtidos por meio de instrumentos não mensuráveisquantitativamente, tais como 
observações, entrevista lúdica, análise do material escolar etc. 
Vocabula rio 
Provas operatórias: desenvolvidas por Jean Piaget, são 
instrumentos de avaliação intelectual individual que 
permitem investigar se o sujeito já atingiu um estágio 
cognitivo no qual é capaz de realizar operações mentais. 
Elas dão um bom direcionamento do nível de raciocínio 
lógico, indicando em qual dos estágios piagetianos o sujeito 
avaliado se encontra (estágio sensório-motor, pré-operatório, 
de operações concretas ou de operações formais). 
 
Fonte:https://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/568/da
s-provas-operatorias-a-construcao-de-estruturas-cognitivas--um-e 
studo-de-caso-em-psicopedagogia 
 
Novamente ressaltamos que a Neuropsicopedagogia não avalia 
elementos relacionados à subjetividade, tais como aspectos afetivos do 
processo de aprendizagem e vínculos emocionais. Ao utilizar testes específicos 
 
 
29 
 
que investigam amplamente o funcionamento cognitivo, a avaliação 
neuropsicopedagógica identifica se há algum déficit, quais suas relações com o 
quadro atual e as possíveis conexões com dificuldades ou transtornos ainda não 
diagnosticados. Desse modo, estabelece quais funções, áreas ou sistemas 
cerebrais podem estar envolvidos na dificuldade de aprendizagem, fonte da 
queixa inicial, aventando hipóteses diagnósticas frente ao quadro. 
Saiba Mais 
Para contribuir com o diagnóstico de um transtorno de 
aprendizagem, o neuropsicopedagogo busca as origens das 
dificuldades de aprendizagem apresentas pelo sujeito e 
avalia de maneira criteriosa todo o processo, tendo como 
premissa o funcionamento cerebral. [...] Geralmente, são 
utilizadas análises de questionários, material escolar, 
atividades de matemática, escrita, leitura, produção de texto, 
desenhos, jogos, atividades psicomotoras e interações em 
grupos (SCHNEIDER; SOUZA; CHUPIL, 2018, p. 57). 
 
2.2 Funções avaliadas pela Neuropsicopedagogia 
 
Como estabelecemos anteriormente, a partir da queixa inicial o(a) 
neuropsicopedagogo(a) realizará uma primeira investigação, por meio da 
anamnese (podendo também incluir outros recursos, como observações e 
avaliações gerais). No âmbito da instituição ou da escola, poderá inclusive utilizar 
algumas escalas e testes padronizados para a triagem neuropsicopedagógica. 
Após a triagem e frente à confirmação da alçada da Neuropsicopedagogia 
face à demanda solicitada, tem início, então, o processo de avaliação 
propriamente dito. 
O plano de avaliação é delineado a partir das hipóteses investigativas que 
o(a) profissional estabelece, com base na queixa inicial e na anamnese realizada 
junto à família/responsáveis (e outros dados aos quais teve acesso, tais como 
observações, análise do histórico e material escolar). 
É importante sempre buscar a integração dos dados, compreendendo 
que cada teste ou instrumento, por si só, representa apenas um aspecto de um 
ser humano que é integral e só pode ser compreendido em sua totalidade. 
 
 
30 
 
Ví deo 
Assista ao vídeo informativo da Sociedade Brasileira de 
Neuropsicopedagogia acerca da instrumentalização do 
neuropsicopedagogo nas áreas clínica e institucional. 
 
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=9jSmarCvOn0 
 
 Lembramos que o foco de estudo da Neuropsicopedagogia é a relação 
entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana, tendo 
como principais bases as Neurociências, a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. 
Tendo isso em mente, o(a) profissional formulará suas hipóteses investigativas 
atendo-se aos aspectos que é de sua alçada avaliar, selecionando para isso 
instrumentos adequados e pertinentes para a avaliação. 
 É importante destacar que o Código de Ética da Neuropsicopedagogia 
dispõe, no parágrafo segundo do Artigo 66º, que o(a) profissional deve utilizar 
recursos “que contemplem fundamentos básicos sobre a aprendizagem e 
desenvolvimento como as funções executivas, atenção, linguagem, raciocínio 
lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor” (SBNPp, 2021, p. 13). 
 Para fins ilustrativos, apresentamos a seguir um diagrama que sintetiza 
as funções executivas e os conceitos que as definem. 
 
 
Diagrama – funções executivas 
Fonte: RHODEN; HENNEMANN (2020). 
 
 
 
31 
 
O conceito de funções executivas surgiu na década de 1980, refere-se, 
de modo amplo, à gestão das atividades cognitivas que realizamos diariamente. 
As funções executivas são as habilidades cognitivas responsáveis pela gestão 
e execução das tarefas que realizamos nas atividades cotidianas. Elas podem 
ser classificadas em quentes ou frias. 
As funções quentes relacionam-se à autorregulação (capacidade de 
regular impulsos e emoções), especialmente nas situações críticas do cotidiano. 
As funções frias dizem respeito à capacidade de realizar tarefas com êxito 
e de articular estratégias metacognitivas, tais como planejar, organizar, objetivar 
(definir objetivos para as atividades realizadas), perseverar, focalizar (manter o 
foco atencional), operacionalizar (usar a memória operacional – ou de trabalho 
– para realizar atividades) e flexibilizar (utilizar perspectivas cognitivas diferentes 
na resolução de problemas). 
De modo sintético, podemos dizer que as funções frias estão mais 
relacionadas a componentes cognitivos sem grande comprometimento 
emocional, enquanto as funções quentes dizem respeito a processos que 
envolvem situações e decisões socioemocionais e interpessoais. 
Curiosidade 
O termo funções executivo (FEs) foi introduzido pelo 
neuropsicólogo Muriel D. Lezak em 1982. Para ele, as FEs 
dizem respeito às habilidades de formular metas e planejar e 
executar planos de maneira eficaz, que são essenciais para 
comportamentos autônomos, criativos e socialmente 
construtivos. Seu modelo apresentava quatro categorias de 
habilidades executivas: habilidades necessárias para 
formular metas; habilidades envolvidas no planejamento de 
estratégias; habilidades de colocar essas estratégias em 
prática; e habilidades necessárias para ter sucesso na 
resolução de tarefas (monitorar os resultados e corrigir, se 
necessário). 
 
Fonte: https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-executivas-
psicologia.html#more 
 
Ao avaliar as funções cognitivas, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode 
compreender o funcionamento de cada função no contexto mais amplo do 
 
 
32 
 
funcionamento do cérebro, identificando de que forma afeta ou repercute sobre 
o comportamento humano. 
Desse modo, por meio da aplicação de testes e instrumentos específicos 
(não apenas quantitativos, mas também qualitativos), o(a) profissional pode 
comparar os resultados obtidos com os dados esperados para seu perfil (faixa 
etária, escolaridade, nível de desenvolvimento cognitivo etc.), sendo, então, 
capaz de mapear as funções preservadas e comprometidas. 
Ví deo 
Compreenda melhor a importância do desenvolvimento das 
funções executivas ao longo da infância. 
Acesse o link: https://institutoglia.com.br/a-importancia-da-educ 
acao-das-funcoes-executivas/ 
 
2.3 Instrumentos utilizados na Neuropsicopedagogia 
 
Para realizar o diagnóstico, o(a) neuropsicopedagogo(a) pode utilizar 
diversos instrumentos, que devem ser selecionados com base no objetivo e nas 
hipóteses aventadas para a avaliação. Deve considerar uma análise dos 
fundamentos teóricos que embasam a utilização de cada teste ou instrumento. 
Outros aspectos relevantes a considerar na seleção dos instrumentos são: 
 
➢ O conhecimento, o treinamento e o domínio do profissional na aplicação 
dos instrumentos; 
➢ As características particulares do(a) paciente (idade, escolaridade etc.) e 
eventuais limitações funcionais (linguagem, comprometimento motor, 
acuidade visual etc.); 
➢ Conhecimento prévios dos testes (aplicações anteriores por outros 
profissionais); 
➢ Especificidades técnicas dos instrumentos e do processo avaliativo 
(quantidade de sessões edisponibilidade de tempo, custo do material 
etc.). 
 
 
 
33 
 
O neuropsicopedagogo deverá buscar materiais não vetados 
para seu uso, que forneçam parâmetros para analisar/avaliar 
tanto as dificuldades quanto as facilidades de aprendizagem do 
sujeito. É oportuno ressaltar que na prática de avaliação 
devemos utilizar instrumentos com estudos e padronização 
brasileira (SBNPp, 2017, p. 2). 
 
Para além do uso de testes padronizados, enfatizamos também o uso de 
outros recursos e instrumentos que podem compor a avaliação quantitativa e 
qualitativa, auxiliando no entendimento do funcionamento do sujeito em sua 
integralidade nos diversos contextos e situações com os quais interagem. Dentre 
essas possibilidades, estão incluídas: 
 
➢ Observações informais, tanto no contexto clínico quanto no ambiente 
escolar; 
➢ Interações em grupo do sujeito avaliado com seus pares; 
➢ Análise do material escolar e do histórico acadêmico do(a) estudante; 
➢ Entrevistas estruturadas e semiestruturadas com pessoas próximas, 
como familiares, professores e outros profissionais que prestem ou 
tenham prestado algum tipo de atendimento ao avaliado; 
➢ Atividades dirigidas e lúdicas, envolvendo jogos, brincadeiras e 
expressão artístico-criativa; 
➢ Instrumentos estruturados, como o Diagnóstico Operatório (provas 
piagetianas); 
➢ Atividades para investigação específica de certas funções e áreas, como 
atividades de leitura, produção de texto, resolução de problemas, 
cálculos, desenhos, atividades psicomotoras etc. 
 
Saiba Mais 
Alguns aspectos a serem observados pelo(a) 
neuropsicopedagogo(a) em uma sessão lúdica são: 
 
➢ Iniciativa: tomada de decisão na escolha dos 
brinquedos; 
 
 
34 
 
➢ Plasticidade: expressão de diferentes formas em 
brinquedos diversos; alteração da função dos 
brinquedos conforme as necessidades de expressão; 
➢ Perseverança: repetição do mesmo comportamento 
(ou escolha sempre pelo mesmo brinquedo); 
➢ Personificação: interpretação de papéis (ou 
solicitação ao observador que o faça) durante as 
brincadeiras; 
➢ Motricidade: gestos e posturas compatíveis à 
expressão verbal; ritmo corporal; uso do corpo nas 
brincadeiras; lateralidade; etc.; 
➢ Criatividade: uso inventivo e diversificado dos 
brinquedos; 
➢ Cognição: compreensão das instruções em jogos e 
brincadeiras; uso da linguagem expressiva e 
compreensiva etc. (CAETANO, 2021, s/p.). 
 
Cada instrumento e técnica pode colaborar para a investigação de 
funções específicas. Nesse sentido, por exemplo, informações da família acerca 
da autonomia do(a) paciente nas atividades da vida diária fornecem dados 
acerca das habilidades sociais. 
Semelhantemente, o desempenho da criança durante jogos e atividades 
lúdicas pode revelar dados sobre a concentração da atenção, o planejamento, a 
linguagem, a memória, a volição e o controle inibitório. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia a obra Neurociência e educação: 
como o cérebro aprende (Ramon M. 
Cosenza e Leonice B. Guerra). A obra 
visa compreender o funcionamento do 
cérebro, seu potencial e as melhores 
estratégias de favorecer seu pleno 
desenvolvimento, considerando que o 
cérebro é responsável pela forma 
como processamos as informações, 
armazenamos o conhecimento e 
selecionamos nosso comportamento. 
 
Embora não seja o escopo desta disciplina, cabe lembrar que há diversos 
recursos que podem auxiliar o(a) neuropsicopedagogo(a) a melhor compreender 
o funcionamento cognitivo do(a) paciente, oferecendo uma perspectiva mais 
 
 
35 
 
abrangente e precisa das dificuldades de aprendizagem. Assim, mesmo que 
neste momento não nos aprofundemos na explicação de cada um desses 
instrumentos dos quais a Neuropsicopedagogia pode se valer, citamos: 
 
➢ Torre de Hanói; 
➢ Cubos de Corsi; 
➢ Coruja PROMAT - Roteiro para Sondagem das Habilidades Matemáticas; 
➢ Provas de Avaliação dos Processos de Leitura (PROLEC); 
➢ Teste TOL – Torre de Londres (Teste de Avaliação das funções 
executivas); 
➢ Avaliação Neuropsicológica Cognitiva – Atenção e Funções Executivas; 
➢ Teste Token (TT) (avaliação da linguagem compreensiva); 
➢ Teste de Trilhas – Partes A e B; 
➢ Teste de Atenção por Cancelamento (TAC); 
➢ Teste STROOP de Cores e Palavras; 
➢ Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura (IPPL); 
➢ Teste Infantil de Nomeação; 
➢ Teste de Repetição de Palavras e Pseudopalavras (TRPP); 
➢ Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem para o Ensino 
Fundamental (EAVAP-EF); 
➢ Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PAHCL); 
➢ Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC). 
 
Importante 
A investigação das habilidades sociais, bem como o 
conhecimento da independência/dependência nas atividades 
da vida diária, servirá de subsídio ou para a elaboração do 
protocolo de intervenção neuropsicopedagógica, visando à 
orientação familiar quanto a autonomia do paciente e 
estratégias para a convivência social ou, frente à gravidade do 
caso, o encaminhamento para outro profissional especialista na 
demanda (RUSSO, 2020, p. 110). 
 
 
 
 
36 
 
 
Frisamos que alguns instrumentos, inclusive, podem ser utilizados pelo(a) 
neuropsicopedagogo(a) institucional para a realização da triagem, como é o caso 
do IAR (Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para a Alfabetização) e 
do TDE (Teste de Desempenho Escolar). 
Como já expusemos anteriormente, no contexto das instituições, a 
Neuropsicopedagogia pode realizar triagens coletivas, com vistas a identificar 
potenciais necessidades dentro de grupos maiores de estudantes. Inclusive, o 
Código de Ética da Neuropsicopedagogia permite, em alguns casos, a 
investigação da triagem realizada de modo individual (por exemplo, realizando a 
anamnese junto à família): 
 
A atuação profissional em Neuropsicopedagogia ocorre no contexto 
institucional em atendimento coletivo e, quando necessário, individual 
para sondagem e/ou triagem visando a encaminhamentos a 
profissionais da área da saúde; e pelo atendimento individualizado 
ocorre no contexto clínico (SBNPp, 2021, p. 1). 
 
No âmbito escolar, juntamente com a equipe pedagógica, o(a) 
neuropsicopedagogo(a) pode também realizar o levantamento dos estudantes 
que apresentam dificuldades de aprendizagem expressas no desempenho 
acadêmico ou de outras formas (comportamento, interação interpessoal etc.). 
Com essas informações, pode fazer um levantamento documental (análise do 
histórico escolar, portfólios e produções diversas dos estudantes e dados 
informados pela família), aventando a possível existência de transtornos e 
síndromes e também buscando identificar possíveis questões relacionadas às 
dificuldades de aprendizagem (como histórico de reprovações, questões 
familiares, mudanças frequentes de escola etc.). 
Após a identificação desses casos, o(a) profissional poderá, então, 
realizar uma observação global (o estudante em seu contexto coletivo de 
interação na escola); se necessário, deverá encaminhar para a realização de 
uma avaliação personalizada, competência do(a) neuropsicopedagogo(a) 
clínico(a). 
 
 
 
 
37 
 
Para Refletir 
Ao selecionar testes para aplicação, o neuropsicopedagogo 
deve considerar algumas importantes questões: 
 
➢ Que tipo de informações eu pretendo obter com a 
testagem? 
➢ Como essas informações serão usadas? 
➢ Quais dessas informações já estão disponíveis em 
outras fontes? 
➢ Que outras ferramentas podem ser usadas para obter 
as informações que busco? 
➢ Quais as vantagens de usar testes em lugar de outras 
fontes de informação? 
➢ Quais as desvantagens ou custos em termos de 
tempo, esforço e dinheiro, de usar testes em vez de 
outras fontes de informação? (TRAD, 2020, p. 47) 
 
Cabe ainda ressaltar que a escolha por um instrumento deve considerar 
um estudo criterioso dos fundamentos teóricos dele, evitando o uso 
desnecessário, repetitivo ou mesmo o mau uso dos recursosexistentes. Nesse 
quesito, enfatizamos a necessidade da constante busca do(a) profissional por 
aperfeiçoamento e atualização, buscando compreender e dominar em 
profundidade os instrumentos disponíveis para seu uso. Lembrando que tanto a 
triagem quanto a avaliação devem ser sempre personalizadas, ou seja, o(a) 
profissional não pode se prender a utilizar sempre os mesmos testes e recursos, 
mas deve selecionar os instrumentos com base nas necessidades específicas 
de cada caso. 
Durante a avaliação, o(a) neuropsicopedagogo(a) deve buscar contato 
com equipe multiprofissional, inclusive entrando em contato com outros 
profissionais relacionados ao(à) paciente, buscando uma abordagem integrada 
com vistas à ampla compreensão e a um atendimento mais completo à demanda 
do(a) paciente. 
É essencial lembrar que a avaliação oferece uma perspectiva do 
desenvolvimento do(a) paciente no recorte espaço-temporal do momento da 
avaliação. Esse entendimento dinâmico é fundamental para não cristalizar 
posicionamentos deterministas, pois o ser humano está em constante 
 
 
38 
 
modificação; por isso, o nível de desenvolvimento não é estático e não pode 
limitar ou restringir a compreensão do sujeito. 
Ao final do processo de avaliação, o(a) profissional deverá elaborar um 
informe neuropsicopedagógico, no qual descreverá os resultados da avaliação, 
as potencialidades e as dificuldades identificadas, o prognóstico e as indicações 
de intervenção para o caso em específico, bem como orientações pertinentes 
aos familiares/responsáveis e à escola, quando necessário. Abordaremos esta 
questão com maior profundidade nas próximas aulas. 
 
Conclusão da aula 2 
 
A triagem neuropsicopedagógica investiga o processo de aprendizagem, 
compreendendo suas potencialidades e suas limitações no âmbito do 
funcionamento cognitivo de cada sujeito, frente às interações socioculturais que 
estabelece em seu meio. 
Para realizá-la, o(a) profissional deve estar familiarizado com diversos 
instrumentos e recursos, os quais selecionará com base na queixa inicial 
expressa pela família/responsáveis, com vistas a compreender se o caso é 
pertinente à alçada da Neuropsicopedagogia, quando, então, dará início ao 
processo de avaliação neuropsicopedagógica. 
 Nesta aula aprendemos o que é a triagem neuropsicopedagógica e como 
ela pode ser realizada pelos profissionais, tanto no contexto clínico quanto no 
institucional. 
 Compreendemos o que são as funções executivas e como elas podem 
ser avaliadas pelo(a) neuropsicopedagogo(a). Por fim, conhecemos alguns 
instrumentos que podem integrar a triagem da Neuropsicopedagogia. 
Atividade de Aprendizagem 
Com base nos conteúdos estudados nesta aula, explique o 
que é a triagem neuropsicopedagógica e como ela pode ser 
realizada, no contexto clínico ou institucional, depois escreva 
um breve texto. 
 
 
 
 
39 
 
Aula 3 – Triagem, informe neuropsicopedagógico e entrevista devolutiva 
 
Apresentação da aula 3 
 
Nesta aula daremos continuidade às nossas reflexões acerca da triagem 
neuropsicopedagógica e compreenderemos como elaborar o documento 
intitulado Informe neuropsicopedagógico, que é apresentado durante a 
entrevista devolutiva. 
 
3.1 Finalização da triagem neuropsicopedagógica 
 
Conforme abordamos nas aulas anteriores, a triagem 
neuropsicopedagógica tem por objetivo compreender e discernir se o caso em 
específico (expresso pela queixa inicial) é da alçada da Neuropsicopedagogia 
(NeuroPp). Trata-se de uma classificação concisa e objetiva que identifica a 
situação geral do(a) paciente, tanto com vistas à identificação de suspeitas de 
dificuldades e transtornos (que poderão ser investigadas posteriormente na 
avaliação) quanto para a otimização das atividades propostas (no caso da 
intervenção junto a grupos, no âmbito institucional). 
Nesse sentido, a triagem realizada pelo(a) neuropsicopedagogo(a) 
institucional no âmbito coletivo voltada para as funções cognitivas assume um 
papel importante, pois pode contribuir para a identificação precoce de questões 
referentes às dificuldades de aprendizagem, o que permite, por sua vez, a pronta 
atuação de intervenção precoce junto a essas crianças, otimizando assim seu 
desenvolvimento integral. 
Vocabula rio 
Intervenção precoce: é o conjunto das intervenções 
dirigidas às crianças, até aos seis anos, com problemas de 
desenvolvimento ou em risco de os virem a apresentar [...], 
tendo por objetivo responder, o mais cedo possível, às 
necessidades transitórias ou permanentes que apresentam 
(FRANCO, 2007, p. 115). 
Em outras palavras, resposta nos casos de risco iminente ou 
potencial ao desenvolvimento infantil. 
 
 
40 
 
A triagem realizada de modo coletivo pelo(a) neuropsicopedagogo(a) 
institucional pode utilizar tanto instrumentos próprios da Neuropsicopedagogia 
quanto outros materiais, desde que fundamentados teoricamente e validados de 
acordo com os critérios de padronização para a população brasileira (estudos 
validados com amostras no Brasil). 
Novamente ressaltamos que o foco da NeuroPp são os processos de 
aprendizagem compreendidos sob a fundamentação das neurociências, tendo 
como interface a Pedagogia e a Psicologia Cognitiva. É a partir desses 
referenciais que o profissional deve delinear toda a sua atuação, tanto no 
contexto de avaliação como durante a intervenção. 
 
De acordo com o Código de Ética, o(a) neuropsicopedagogo(a) 
não pode fazer uso de testes projetivos, visto que essa área 
do conhecimento se fundamenta nos pressupostos psicológicos 
da psicologia cognitiva. Nesse sentido, seus instrumentos de 
avaliação devem ser pertinentes a essa vertente, investigando 
aspectos como as funções executivas, atenção, linguagem, 
raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor. 
 
O(a) neuropsicopedagogo(a) poderá utilizar instrumentos quantitativos e 
qualitativos para triagem e a avaliação. No contexto institucional, o profissional 
poderá realizar a triagem; entretanto, identificando a necessidade do(a) paciente 
e a pertinência do caso à atuação da Neuropsicopedagogia, a avaliação deverá 
ser realizada no contexto neuropsicopedagógico clínico. 
Lembramos que a Neuropsicopedagogia se dirige particularmente à 
investigação das funções executivas. De acordo com a SBNPp (2016), 
 
Existem vários instrumentos disponíveis para a investigação dos 
diferentes aspectos das funções cognitivas, variando em sua forma de 
apresentação, complexidade das tarefas envolvidas, critérios de 
correções e normas disponíveis. A seleção de instrumentos a ser 
utilizada é realizada de acordo com os objetivos da avaliação, e o 
neuropsicopedagogo deverá buscar materiais não vetados para seu 
uso, que forneçam parâmetros para analisar/avaliar tanto as 
dificuldades quanto as facilidades de aprendizagem do sujeito. 
(SBNPp, 2016, p. 2). 
 
A Neuropsicopedagogia pode utilizar instrumentos em comum com outros 
profissionais, tais como a Psicologia e a Fonoaudiologia, desde que tais 
 
 
41 
 
instrumentos não sejam de uso privativo dessas áreas do conhecimento. 
Também é essencial verificar sempre se tais instrumentos permanecem sendo 
indicados, visto que há um processo de avaliação permanente com vistas a 
preservar a qualidade dos instrumentos e sua validação no contexto brasileiro. 
Por isso, indicamos a consulta periódica aos sites dos Conselhos Federais de 
Psicologia e de Fonoaudiologia, mantendo-se sempre inteirado acerca do 
posicionamento (favorável ou não) acerca dos instrumentos e testes de uso 
liberado ao(à) neuropsicopedagogo(a). 
Saiba Mais 
O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) 
foi desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) 
e apresenta também instrumentos não privativos do 
psicólogo, que podem ser utilizados por outros profissionais 
(como o neuropsicopedagogo), de forma complementar e 
secundária à avaliação. 
 
Acesse a lista de instrumentosavaliativos pelo link: https://sa 
tepsi.cfp.org.br/testesNaoPrivativos.cfm 
 
Quanto à realização da triagem pelos profissionais de 
neuropsicopedagogo(a): constitui-se em uma etapa anterior à avaliação, que 
pode ser realizada tanto individual quanto coletivamente. 
Em relação aos instrumentos quantitativos, o(a) neuropsicopedagogo(a) 
deve utilizar instrumentos com estudos validados e padronizados para a 
população brasileira. É muito importante compreender que os instrumentos 
utilizados para a triagem e a avaliação têm por finalidade investigar a queixa, 
avaliando elementos específicos que contribuirão para a compreensão do 
quadro como um todo, a partir da queixa inicial. Nesse sentido, os instrumentos 
utilizados para a triagem/avaliação visam à coleta de dados que serão 
analisados pelo(a) profissional. 
Em relação aos instrumentos qualitativos, o(a) profissional (tanto clínico 
como institucional) pode utilizar recursos e instrumentos que esclareçam e 
complementem a compreensão dos dados quantitativos acerca das funções 
 
 
42 
 
investigadas, tais como sessões lúdicas, as provas piagetianas e as etapas 
psicogenéticas do processo de alfabetização. 
 
Curiosidade 
O termo psicogênese pode ser compreendido como origem, 
gênese ou história da aquisição de conhecimentos e funções 
psicológicas de cada pessoa, processo que ocorre ao longo 
de todo o desenvolvimento, desde os anos iniciais da 
infância, aplica-se a qualquer objeto ou campo de 
conhecimento. [...] De acordo com este referencial, a 
apropriação da escrita se apoia em hipóteses do aprendiz, 
baseadas em conhecimentos prévios, assimilações e 
generalizações, dependendo de suas interações sociais e 
dos usos e funções da escrita e da leitura em seu contexto 
cultural. Tais hipóteses oferecem informações relevantes 
sobre níveis ou etapas psicogenéticas no processo de 
alfabetização e podem se manifestar tanto em crianças 
quanto em adultos. Essas hipóteses podem ser classificadas 
em: pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética. 
 
Fonte: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbet 
es/psicogenese-da-aquisicao-da-escrita 
 
 Ainda quanto ao processo de avaliação realizada no âmbito 
neuropsicopedagógico, o(a) profissional deve sempre se pautar a partir dos 
referenciais da Neuropsicopedagogia; em outras palavras, o foco da triagem e 
posterior avaliação é o processo de aprendizagem (e as dificuldades de 
aprendizagem) a partir do funcionamento do sistema nervoso, enfatizando a 
compreensão das funções executivas. 
 Como a triagem configura um momento anterior à avaliação, pode ser 
realizada individualmente (contexto clínico) ou em grupo (contexto institucional), 
a partir da demanda da família/responsáveis/instituição. Considerando essa 
demanda (queixa inicial), as funções que pretende investigar e as características 
do sujeito/grupo investigado, que deverá, então, selecionar os instrumentos e 
recursos necessários. 
 
 
 
43 
 
Saiba Mais 
A Nota Técnica 02/2017 da Sociedade Brasileira de 
Neuropsicopedagogia (SBNPp) apresenta orientações e 
indicações para protocolo de atendimento em 
Neuropsicopedagogia, distinguindo o contexto de atuação 
clínica e institucional. O documento também sumaria uma 
série de materiais que o neuropsicopedagogo pode utilizar 
para avaliação e intervenção nos contextos clínico e 
institucional. 
Acesse o link e saiba mais: https://www.sbnpp.org.br/arquivo 
s/notas_tecnicas.pdf 
 
 A atualização permanente é fundamental ao(à) neuropsicopedagogo(a) e 
inclui não apenas o aprofundamento acerca de recursos e instrumentos, mas, 
sobretudo, sobre os fundamentos teóricos de sua área de atuação, o que inclui 
o conhecimento profundo acerca das dificuldades e transtornos de 
aprendizagem. Para isso, é indispensável que conheça e estude alguns 
documentos e manuais reconhecidos e validados internacionalmente, tais como: 
 
➢ A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas 
Relacionados à Saúde (CID), atualmente em sua 11ª versão publicada 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS); 
 
➢ O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), 
atualmente em sua 5ª edição, produzido pela Associação de Psiquiatria 
Americana (APA); 
 
➢ A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde 
(CIF) e toda a família de classificações internacionais delineada pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS). 
 
Ao término da triagem, poderá, então, iniciar-se o processo de avaliação. 
Trata-se de uma investigação aprofundada, realizada em um conjunto de sessões, 
nas quais o(a) profissional levantará dados (quantitativos e qualitativos) a partir dos 
quais poderá compreender o funcionamento executivo do sujeito no momento da 
 
 
44 
 
avaliação, identificando possíveis dificuldades e transtornos de aprendizagem. Além 
disso, poderá aventar hipóteses diagnósticas e delinear uma proposta interventiva 
com vistas à superação das dificuldades identificadas. 
Importante 
A dificuldade de aprendizagem é um termo global e abrangente, 
pois sua origem pode relacionar-se com diferentes situações: 
métodos pedagógicos não assertivos, metodologias do 
educador e ambiente físico, assim como algumas causas 
relacionadas ao próprio aluno. De maneira geral, as dificuldades 
podem ser passageiras e possíveis de serem solucionadas. 
Já os transtornos de aprendizagem correspondem a um padrão 
de dificuldade(s) muito acima do esperado, considerando como 
parâmetro a capacidade cognitiva esperada para a faixa etária 
da criança e seu nível escolar. 
 
Fonte: https://www.pearsonclinical.com.br/blog/2016/geral/qual-a-dife 
renca-entre-transtornos-e-dificuldades-de-aprendizagem-2/ 
 
 Desse modo, esclarecendo ainda a atuação neuropsicopedagógica na 
investigação da queixa advinda da família/instituição escolar, a Sociedade 
Brasileira de Neuropsicopedagogia orienta os(as) profissionais a: 
 
➢ Investigar e analisar a queixa, coletando dados por meio de diversos 
recursos e instrumentos (anamnese, entrevistas, observações etc.); 
 
➢ Aventar hipóteses fundamentadas nos conhecimentos técnicos-
científicos da Neuropsicopedagogia, delineando a futura intervenção; 
 
➢ Selecionar instrumentos que permitam comprovar/refutar as hipóteses 
aventadas. 
 
De modo sucinto, podemos dizer que após a triagem, a questão central a ser 
respondida é: há alterações no funcionamento cognitivo, que é o foco da avaliação e 
da atuação da Neuropsicopedagogia, que justifiquem a existência das dificuldades 
responsáveis pelo encaminhamento do(a) paciente (queixa inicial)? Nesse caso, o(a) 
 
 
45 
 
profissional deve dar continuidade ao seu trabalho, realizando, então, a avaliação 
propriamente dita do sujeito ou, no caso do neuropsicopedagogo(a) institucional, 
encaminhando-o para essa avaliação no âmbito da Neuropsicopedagogia clínica. 
Saiba Mais 
A etapa de atuação da Neuropsicopedagogia que realiza 
uma investigação aprofundada da queixa inicial, 
estabelecendo um prognóstico e delineando propostas 
concretas que contribuam para a superação das dificuldades 
de aprendizagem do sujeito denomina-se: avaliação 
neuropsicopedagógica. 
Enquanto a identificação da existência de alterações no 
funcionamento cognitivo que afetem a aprendizagem do 
sujeito e que possam ser minimizadas/superadas com o 
auxílio das técnicas e recursos da Neuropsicopedagogia é o 
objetivo da triagem neuropsicopedagógica. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia a obra Neuropsicopedagogia 
Institucional (Rita Margarida Toler Russo, 
org.). O livro reúne artigos de diversos 
autores nas áreas de educação e saúde, 
contribuindo para a compreensão do tema 
e do campo de atuação do 
neuropsicopedagogo institucional. 
 
3.2 Informe neuropsicopedagógico 
 
Após realizar a triagem e conduzir o processo de avaliação, cabe ao(à) 
profissional sistematizar seus achados, organizando-os de forma clara