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FUNDAMENTOS_BÁSICOS_SUAS_MÉDIO_M1 (1)

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FUNDAMENTOS BÁSICOS 
DO SISTEMA ÚNICO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)
FUNDAMENTOS BÁSICOS 
DO SISTEMA ÚNICO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)
BY NC ND
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL, 
FAMÍLIA E COMBATE À FOME
SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
DEPARTAMENTO DE GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO 
PERMANENTE
Todo o conteúdo do curso Fundamentos Básicos do Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS), da Secretaria Nacional de Assistência Social, do 
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate 
à Fome do Governo Federal - 2023, está licenciado sob a Licença Pública 
Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0 
Internacional. Para visualizar uma cópia desta licença, acesse: 
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estar conectado à internet).
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Siglas
BPC - Benefício de Prestação Continuada 
CadSUAS - Cadastro do Sistema Único de Assistência Social
CadÚnico - Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
Centro POP - Centro de Referência Especializado para População em 
Situação de Rua 
CFESS - Conselho Federal de Serviço Social 
CIT - Comissão Intergestores Tripartite 
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho 
CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social
CNEAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social 
CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 
CRAS - Centro de Referência de Assistência Social 
CREAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social
CRESS - Conselho Regional de Serviço Social 
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente 
ESF - Estratégia Saúde da Família 
IAPs - Institutos de Aposentadorias e Pensões 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IGD - Índice de Gestão Descentralizada 
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social 
LA - Liberdade Assistida 
LBA - Legião Brasileira de Assistência 
LGBTQIAPN+ - Lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais e travestis, queer, 
interssexo, assexuais, panssexuais, não-binário
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social 
NIS - Número de Identificação Social 
NOB/SUAS - Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social 
NOB-RH/SUAS - Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do 
Sistema Único de Assistência Social 
ONGs - Organizações Não Governamentais
OSC - Organização da Sociedade Civil 
PAEFI - Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos 
PAF – Plano de Acompanhamento Individual ou Familiar
PAIF - Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família 
PBF - Programa Bolsa Família
PcD – Pessoa com Deficiência 
PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil 
PNAS - Política Nacional de Assistência Social 
PNEP - Política Nacional de Educação Permanente 
PSB - Proteção Social Básica 
PSC - Prestação de Serviços à Comunidade 
PSE - Proteção Social Especial 
RF - Responsável Familiar 
RMA - Registro Mensal de Atendimento 
SAGICAD -Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único 
SCFV - Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 
SEAS - Serviço Especializado de Abordagem Social 
SGD - Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente 
SICON - Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa Família
SISC - Sistema de Informações do Serviço de Convivência e Fortalecimento 
de Vínculos
SIS Acessuas - Sistema de Acompanhamento do Programa de Promoção 
do Acesso ao Mundo do Trabalho 
SNAS - Secretaria Nacional de Assistência Social 
SUAS - Sistema Único de Assistência Social 
SUS - Sistema Único de Saúde 
 
Sumário
MÓDULO 1
1. A política de assistência social no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1 A relação Estado, políticas sociais, direitos sociais e assistência social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
1.2 História da assistência social no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3 A consolidação atual da política de assistência social brasileira: bases legais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
A política de assistência 
social no BrasilMÓDULO 1
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL7
Neste módulo, estudaremos as bases conceituais 
da política de assistência social no Brasil, com 
enfoque na relação da sociedade, Estado e 
assistência social. Sobre isso, será apresentado 
um apanhado histórico que nos leva desde a 
época em que apenas existiam conceitos como 
“caridade” e “filantropia” para a atual, na qual 
existem políticas públicas e também o SUAS. 
Esses são amparados por leis e pelo Estado, que 
serão melhor explicados por último. 
1.1 A relação Estado, políticas sociais, direitos 
sociais e assistência social
Neste curso, no qual se faz uma introdução ao 
Sistema Único de Assistência Social, o SUAS, 
entende-se que é importante explicar que 
sua existência se deve a uma sólida estrutura 
política e institucional que, ao longo das últimas 
décadas, se estabeleceu no Brasil. 
Ao SUAS cabe a gestão e a execução da política de 
assistência social no Brasil. A política 
de assistência social foi prevista na Constituição 
Federal de 1988. Essa inserção na Constituição 
é um marco, pois o Estado assumiu 
definitivamente, e como protagonista, a função 
de executar a política social nessa área, o que 
antes não acontecia com a mesma relevância. Constituição Brasileira. Foto: © [Appreciate] / ShutterStock. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL8
O Brasil é um Estado nacional, estruturado politicamente como 
uma República e organizado administrativamente entre entes: 
os municípios, os estados, o Distrito Federal e a União.
A União se expressa no governo federal, os estados nos governos 
estaduais, e os municípios nos governos municipais. Colocar 
um sistema como o SUAS em operação no país requer definir 
responsabilidades entre esses entes, estabelecer fluxo de práticas, 
de financiamento e conexões entre os envolvidos. União, estados, 
municípios e Distrito Federal são responsáveis, conjuntamente, 
por garantir a oferta de serviços, programas, projetos e 
benefícios socioassistenciais na política de assistência social. Isso 
tudo a partir de concepções e ideias que direcionam o papel do 
Estado e as ações em uma área, no caso, a assistência social. 
SAIBA MAIS 
Para compreender melhor o que é o Estado, acesse o 
vídeo elaborado pela Escola de Governo da Câmara dos 
Deputados no canal Câmara Escola, disponível em: 
https://youtu.be/P_X1zNTTGww. 
A constituição prevê direitos que serão instituídos a partir 
da publicação de leis e normas que tratarão dos assuntos 
especificamente, devendo contemplar as formas como esses 
direitos chegarão à vida real dos cidadãos. Na assistência social, 
esse papel é feito por algumas legislações. 
Uma delas é a Lei Orgânica de Assistência Social, a LOAS 
(publicada pela primeira vez em 1993 e alterada em 2011). 
A LOAS define a assistência social daseguinte forma:
“[...] a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, 
é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os 
mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de 
iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às 
necessidades básicas.” (BRASIL, 1993, p. 1). 
A partir da intenção de refletir com você, cursista, o lugar 
ocupado pela assistência social na vida dos brasileiros, 
serão abordados conceitos que estão presentes na definição 
da assistência social como uma política social e que são 
relevantes também para conhecer o SUAS. No momento, foram 
escolhidos alguns deles para discussão. São conceitos que estão 
profundamente relacionados, como: Estado, política social, 
direitos e, considerando a política de assistência social, conceitos 
como proteção social, necessidades, riscos e vulnerabilidades 
sociais. São conceitos importantes no cenário da política social, 
mas também relevantes na vida cotidiana dos serviços onde 
atuam os profissionais da assistência social. 
República
República se refere a estrutura política do Estado voltada aos interesses e aspirações do 
público, dos cidadãos. São valores republicanos: “[...] o respeito às leis, o respeito ao bem 
público e o sentido de responsabilidade no exercício do poder” (OLIVEIRA, 2003 p. 128).
https://youtu.be/P_X1zNTTGww
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL9
O ponto de partida é que falar de políticas sociais, entre elas a 
assistência social, é falar da forma como o Estado desenvolve suas 
funções na sociedade, principalmente com o aprofundamento 
da democracia. O Estado tem o monopólio de certas atividades e 
decisões da vida em sociedade. É uma espécie de “pessoa artificial” 
formada por uma combinação de outros agentes. 
SAIBA MAIS
Quando se fala em democracia, o que vem à sua mente? 
Assista o vídeo elaborado pela Escola de Governo da Câmara 
dos Deputados no canal Câmara Escola, disponível em: 
https://youtu.be/1sT7ZCkxolw. 
As políticas sociais ao longo da história se consolidaram como 
uma forma de reconhecer, regularizar e difundir os direitos 
sociais. O Estado geralmente faz esse reconhecimento no 
sentido de buscar uma coesão entre os diferentes interesses e 
conflitos que estão presentes nas relações sociais.
Ao longo da história, as políticas sociais, assim como os 
direitos que elas vão materializar na vida dos cidadãos, 
podem ser entendidas como resultado de manifestações 
reivindicatórias. Reivindicações, lutas, manifestações não são 
algo necessariamente ruim ou negativo. Quando falamos de 
Estado democrático, o conflito e, ao mesmo tempo, o diálogo 
entre sujeitos com posições distintas é esperado; e dele, na 
interlocução com as diferentes esferas de governo, espera-se a 
elaboração de propostas e caminhos para a vida pública. 
As políticas sociais expressam um compromisso do Estado de 
prover a sociedade de bens públicos que são levados à condição 
de direito, como educação, habitação, saúde, assistência social, 
saneamento básico, entre outros. As políticas sociais devem 
representar os interesses da sociedade. Assim, existirá, 
por parte do Estado, um olhar e uma intervenção sobre 
necessidades legítimas, que representam temas de interesse 
comum, a fim de dar condições de cidadania à população 
(NETTO, 2011; BRASIL, 2013a). 
Cidadania
A cidadania pode ser entendida como um status que garante direitos civis, políticos e 
sociais aos indivíduos, assim como o “direito de ter direitos” e o acesso à vida no sentido 
pleno. Está ligada aos princípios de igualdade e liberdade (FERREIRA; FERNANDES, 2018).
https://youtu.be/1sT7ZCkxolw
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL10
SAIBA MAIS
Complete o conceito de cidadania com a poesia “Os 
Estatutos do Homem”, do amazonense Thiago de Mello, 
declamada no vídeo que está disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=XylbBRdiRdI.
Para que os direitos alcancem a vida real da população, é preciso 
que se expressem em garantias formais inscritas na lei. Mas, 
para além disso, o direito é uma espécie de linguagem que dá 
visibilidade a temas ou questões importantes da existência das 
pessoas e dos diferentes atores sociais. Por isso, o direito deve 
acompanhar as mudanças sociais. 
GESTÃO EFETIVA
Nessa direção, é importante ressaltar que a conquista de direitos 
depende do comparecimento dos sujeitos (indivíduos ou 
coletivos/grupos) nos espaços de participação onde a 
política pode se expressar e se elevar para a formulação e 
gestão das políticas sociais (associações, conselhos, sindicatos, 
fóruns, conferências, assembleias, órgãos de representação, 
entre outros) (TELLES, 1999).
Assim, de acordo com Pereira (2008), as políticas sociais têm 
duas principais funções:
Concretizar direitos conquistados pela sociedade e 
incorporados às leis.1
Alocar e distribuir bens públicos que o Estado deve prover e 
garantir acesso sem que as pessoas precisem apresentar algum 
tipo de “mérito”. 2
As políticas sociais são formas de intervenção em diferentes 
áreas que têm ligação umas com as outras, como a saúde, 
educação, trabalho, moradia, entre outras. Para isso, o Estado 
busca organizar uma complexa rede de recursos envolvendo as 
esferas administrativas (União, estados, municípios e Distrito 
Federal) que vão compor um sistema de proteção social. 
Para isso, precisam estabelecer estratégias visando adequar 
recursos para as finalidades estabelecidas. Segundo Nogueira 
(2020), em termos de recursos para as políticas sociais e os 
serviços que elas vão efetivar (escolas ou unidades de saúde, 
por exemplo),é possível pensar em algumas dimensões:
Dimensão legal: legislação, normativas, portarias etc.
Dimensão organizativa: instalações físicas, regulamentos, 
equipamentos, material de consumo.
Dimensão técnico-operativa (trabalhadores): quadro técnico-
operativo e administrativo, especialistas, assessores, etc. 
Dimensão fiscal: recursos financeiros.
https://www.youtube.com/watch?v=XylbBRdiRdI
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL11
Em síntese, um sistema de proteção social, segundo Lavinas,
“[...] é formado por um conjunto diverso de políticas ou 
intervenções diretas ou indiretas, cujo objetivo é reduzir riscos e 
vulnerabilidades, com base em direitos, garantindo 
seguranças.” (2006, p. 254).
Portanto, as políticas sociais vão estabelecer formas de proteger 
os cidadãos dos riscos de não ter suas necessidades atendidas 
e das vulnerabilidades nas diferentes fases da vida e em áreas 
distintas de cidadania. A partir dessa afirmação, é interessante 
refletir sobre alguns conceitos importantes que ela contém.
O que pode ser considerada uma necessidade?
Pereira (2008) defende um conceito de necessidades humanas 
que apoia uma reflexão sobre o papel das políticas sociais. Para 
ela, as necessidades são aquelas que, se não forem satisfeitas, 
podem provocar sérios prejuízos à vida material e à autonomia 
do ser humano. Nessa direção, as políticas sociais vão ser 
formas de intervenção do Estado em áreas que têm muita 
importância para a vida de forma concreta e para a participação 
ativa das pessoas na sociedade (saúde, habitação, assistência 
social, educação, entre outras). 
No caso da assistência social, o campo de 
responsabilidades do Estado está dirigido ao direito à 
proteção social fundado na cidadania.
A noção de direito de cidadania afasta a ideia de que o Estado 
esteja “doando” ou “concedendo algo”. A intervenção do 
Estado “está fazendo jus, justiça”, direito em face de suas 
responsabilidades sociais com os cidadãos. Desse modo, é 
importante lembrar que a assistência social é marcada ao longo 
da história pelas ideias de “favor”, “caridade”, “ajuda”. Quando 
passa a ser tratada como direito,
“[...] a política de assistência social torna-se pública, não por que 
é realizada por um órgão público ou estatal, mas por reconhecer 
que superar uma dada necessidade é do âmbito do dever do 
Estado e não uma concessão de mérito eventualface a uma 
fragilidade de um indivíduo.” (BRASIL, 2013a, p. 21-22).
E como podemos compreender melhor as ideias de proteção social e 
riscos sociais? 
Segundo Sposati (2009), proteção se refere a impedir que 
ocorra uma destruição. Ela está ligada às ideias de preservar, 
agir antecipadamente, desenvolver ações para evitar algum 
malefício. Isso tudo implanta a preocupação de agir antes de 
situações negativas já instaladas, isto é, quando já ocorreu 
uma desproteção. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL12
“Uma política de proteção social contém o conjunto de direitos 
civilizatórios de uma sociedade e/ou o elenco das manifestações 
e das decisões de solidariedade de uma sociedade para com todos 
os seus membros. É uma política estabelecida para preservação, 
segurança e respeito à dignidade de todos os cidadãos.” 
(SPOSATI, 2009, p. 22). 
Nesse sentido, o foco da assistência social está relacionado à 
proteção social: 
“A proteção social de assistência social se ocupa das vitimizações, 
fragilidades, contingências, vulnerabilidades e riscos que o cidadão, 
a cidadã e suas famílias enfrentam na trajetória de seu ciclo de vida, 
por decorrência de imposições sociais, econômicas, políticas e de 
ofensas à dignidade humana.” (BRASIL, 2005a, p. 89). 
A proteção social em sociedades organizadas pelo capitalismo, 
como a nossa, ganha maior importância quando se fala dos 
riscos relacionados ao trabalho. O risco é uma marca do 
capitalismo, que tornou o trabalho assalariado central nas 
relações econômicas das famílias. 
Capitalismo 
O capitalismo, ou sistema capitalista, é resultado de um processo histórico. É o sistema 
econômico vigente no mundo todo. Sua essência está em difundir um mercado de 
compra e venda de bens, serviços e do próprio trabalho humano (força de trabalho), 
objetivando o lucro da classe dominante. O sistema capitalista é hegemônico no mundo 
exatamente por estabelecer influência em todos os campos das relações e da vida social. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL13
Se considerarmos as imposições econômicas, a dependência das 
pessoas do trabalho assalariado promove uma generalização 
de riscos sociais. Isso ocorre porque o trabalhador, para a 
sua própria sobrevivência, fica à mercê de condições sobre as 
quais não administra: por exemplo, o mercado de trabalho não 
pode garantir a todos alguma renda, nem mesmo um posto de 
trabalho. A informalidade no trabalho pode ser uma alternativa 
(ESPING-ANDERSEN, 2011). Por isso a importância de se falar em 
risco social. O risco social também trata das situações que, “[...] 
independentemente da vontade do trabalhador, impossibilitam, 
temporária ou definitivamente, o exercício do trabalho e 
obtenção da renda ali originada”. São exemplos: “acidentes de 
trabalho, a doença, a invalidez, o desemprego involuntário, 
a maternidade ou a velhice” (JACCOUD, 2018, p. 899). 
O sistema no qual estamos inseridos afeta a forma como 
vivemos. As ações do SUAS, portanto, estão ligadas às 
consequências do capitalismo. 
SAIBA MAIS
Para aprofundar a compreensão sobre o capitalismo, acesse 
o vídeo “Capitalismo: o que é, origem e características” 
do canal Brasil Escola, disponível em: https://youtu.be/
Tgcirb4SD14. 
Riscos sociais dizem respeito a um campo de probabilidades. 
Ou seja, referem-se às chances de as pessoas viverem situações 
ou eventos que possam provocar sequelas ou danos negativos 
mais ou menos intensos. Por isso, os riscos precisam ser 
pensados. No campo da assistência social, os riscos “[...] 
provocam padecimentos, perdas, como privações e danos, 
como ofensas à integridade e à dignidade pessoal e familiar” 
(SPOSATI, 2009, p. 30). Estão comumente associados a 
proximidade ou a efetiva violação de direitos. Expressam-se na:
“[...] iminência ou por episódios de violência, abandono, 
negligência, abuso e exploração sexual, situação de rua, 
trabalho infantil, ato infracional, etc.” (HILLESHEIM; 
CRUZ, 2016, p. 244).
https://youtu.be/Tgcirb4SD14
https://youtu.be/Tgcirb4SD14
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL14
Sposati (2009) relaciona alguns fatores importantes 
relacionados ao risco social no cotidiano. As manifestações dos 
riscos podem ocorrer a partir:
Dos territórios onde as pessoas vivem e que podem, por exemplo, submetê-las 
a segregação espacial. Resulta, por exemplo, em ter di�culdade no acesso aos 
serviços públicos e à infraestrutura da cidade.
Das contingências da natureza, tais como enchentes e desabamentos, que 
tornam as populações que vivem em áreas ribeirinhas ou em regiões sujeitas 
a deslizamentos bastante vulneráveis.
Da desigualdade social e econômica do país, que abastece condições para 
que os riscos e vulnerabilidades sejam vivenciadas pelas pessoas mais 
vulneráveis, como as crianças, adolescentes e jovens, os idosos, pessoas com 
de�ciências e pessoas que não têm vínculos familiares. 
Dos padrões de coesão e convivência familiar, comunitária e social, que 
podem resultar em ausência de pertencimento, discriminação, apartação, 
exclusão, violências.
Da raça, da etnia, do gênero, da religião, da orientação sexual.
SAIBA MAIS
A perspectiva de “marcadores sociais da diferença” pode 
apoiar a compreensão sobre riscos relacionados à raça, 
etnia, gênero, religião e orientação sexual. Acesse o material 
elaborado por Márcio Zamboni, disponível em: https://
assets-dossies-ipg-v2.nyc3.digitaloceanspaces.com/
sites/2/2018/02/ZAMBONI_MarcadoresSociais.pdf. 
E sobre as vulnerabilidades sociais?
De forma sucinta, é possível compreender a vulnerabilidade 
social como a iminência de um risco. A vulnerabilidade social 
na área da assistência social diz respeito 
“[...] à precariedade no acesso à garantia de direitos e proteção 
social, caracterizando a ocorrência de incertezas e inseguranças 
e o frágil ou nulo acesso a serviços e recursos para a manutenção 
da vida com qualidade.” (CARMO; GUIZARDI, 2018, p. 7). 
A vulnerabilidade é uma experiência de “estar suscetível” em 
contextos de desigualdade e injustiça social. É a vivência de 
desvantagens para conseguir melhorar a qualidade de vida. 
Não diz respeito somente à ausência ou precariedade no acesso 
à renda, mas às fragilidades de vínculos afetivo-relacionais e 
desigualdade de acesso a bens e serviços públicos. Por outro 
lado, segundo as autoras supracitadas, embora possam viver a 
experiência da vulnerabilidade, o ser humano e suas famílias 
também podem possuir recursos ou serem apoiados nas 
capacidades de mudança de suas condições de vida. 
https://assets-dossies-ipg-v2.nyc3.digitaloceanspaces.com/sites/2/2018/02/ZAMBONI_MarcadoresSociais.pdf
https://assets-dossies-ipg-v2.nyc3.digitaloceanspaces.com/sites/2/2018/02/ZAMBONI_MarcadoresSociais.pdf
https://assets-dossies-ipg-v2.nyc3.digitaloceanspaces.com/sites/2/2018/02/ZAMBONI_MarcadoresSociais.pdf
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL15
Nessa mesma direção, 
“Atuar com vulnerabilidades significa reduzir fragilidades e 
capacitar as potencialidades. Esse é o sentido educativo da 
proteção social, que faz parte das aquisições sociais dos 
serviços de proteção.” (SPOSATI, 2009, p. 35).
Bronzo (2009, 174) sugere que trabalhar com vulnerabilidade 
é lidar com “[...] diferentes tipos de recursos que as pessoas e 
famílias possuem e podem mobilizar”. A autora explica que o 
enfrentamento das condições de vulnerabilidade tem melhor 
resultado quando se qualifica a estrutura de oportunidades, 
quando se fortalecem os recursos e se abastece a busca de 
autonomia e protagonismo dos indivíduos e das famílias.
É importante observar que trabalhar na perspectiva da 
existência de vulnerabilidades requer um olhar amplo e integral 
da situação. 
“Os problemas e as soluções não podem ser vistos de forma 
isolada, nem contidas dentro de um único espaço (família, 
instituições) ou de uma área específica (saúde, habitação, 
educação).” (MIOTO, 2000, p. 221).
No quadro abaixo, a partir da revisão anterior, são apresentadosos principais elementos para entender os riscos sociais e a 
vulnerabilidade social. 
Riscos sociais Vulnerabilidade social
Probabilidade de viver situações ou eventos 
que possam provocar sequelas ou danos 
negativos mais ou menos intensos em 
contextos de desigualdade e injustiça social.
Proximidade ou a efetiva violação de direitos.
Iminência ou episódios efetivos de violência, 
abandono, negligência, abuso e exploração 
sexual, situação de rua, trabalho infantil, ato 
infracional, entre outros.
Suscetibilidade para riscos em contextos 
de desigualdade e injustiça social.
Vivência de desvantagens para conseguir 
melhorar a qualidade de vida.
Ausência ou precariedade no acesso 
à renda, fragilidades de vínculos 
afetivo-relacionais e desigualdade de 
acesso a bens e serviços públicos.
Neste momento do módulo, propõe-se também falar de agentes 
que fazem uma interlocução importante com o Estado na 
hora de formular e executar as políticas sociais por meio dos 
serviços, programas, projetos e benefícios sociais. São agentes 
presentes e atuantes, cada um à sua forma, e que também fazem 
reivindicações ou pressões importantes e necessárias ao processo 
democrático na condução das políticas sociais. Optou-se por 
discutir de forma mais organizada sobre o lugar das famílias, 
do mercado e das organizações da sociedade civil. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL16
1.1.1 Agentes interlocutores nas políticas e serviços sociais: 
as famílias
É importante destacar que as políticas sociais em todo 
mundo raramente dispensam a família no campo da 
organização dos serviços sociais. Na Constituição Federal 
do Brasil, a família é considerada a base da sociedade e 
tem especial proteção do Estado. A Política Nacional de 
Assistência Social indica que família é 
“[...] um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços 
consangüíneos, afetivos e, ou, de solidariedade.” (BRASIL, 
2005a, p. 41).
Segundo Mioto (2004), a família pode ser entendida como:
 “[...] espaço constituído de modo contínuo, relativamente 
estável e não-casual. Em muitas culturas se está na presença 
de uma família quando subsiste um empenho real entre 
as diversas gerações, sobretudo quando esse empenho é 
orientado para a defesa das gerações futuras. Assim, podemos 
falar da família a partir de sua organização e relações.” 
(MIOTO, 2004, p. 14).
Na assistência social brasileira, a família é uma das 
“vertentes” de proteção social, o núcleo primeiro de 
apoio das pessoas. A partir da centralidade da família, 
são concebidos e implementados os benefícios, serviços, 
programas e projetos da assistência social (BRASIL, 2005a).
As famílias geralmente vivem uma rede de relações e de 
trocas entre parentes. O termo ‘rede’ aqui tem sentido de um 
entrelaçado de relações e de trocas nem sempre diretas ou 
lineares; mas também indica atividade de apoio ou proteção. 
Segundo Saraceno e Naldini (2003), quem estiver desprovido ou 
tiver essa rede de forma escassa encontra-se mais só e mesmo 
indefeso ante as exigências sociais e dos riscos sociais: 
“[...] está mais exposto aos riscos da pobreza ligados ao 
desemprego, ou à viuvez, ou à perda dos pais, à falta de cuidados 
e assistência quando doente, ou tem uma velhice difícil, ou se 
encontra noutras circunstâncias que exigiriam auxílio (presença 
de filhos pequenos, incidentes familiares, etc.).” (SARACENO; 
NALDINI, 2003, p. 107).
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL17
Ao longo da história, criou-se a impressão de que a família é um 
“canal natural” de proteção de seus membros (MIOTO, 2008). 
As políticas sociais comumente destinam à família certas 
funções e papéis fundamentais na hora de organizar o 
funcionamento de serviços e estabelecer critérios de acesso. 
Isso se verifica no SUAS, mas também tem uma presença 
importante em outras políticas como no Sistema Único de 
Saúde (SUS). Basta lembrar que a atenção primária em saúde é 
baseada na Estratégia Saúde da Família (ESF). 
PODCAST
Quando se discute políticas e serviços sociais, é importante 
compreender que as famílias têm condições distintas de 
oferecer proteção aos seus membros, como abordou-se 
ao discutir vulnerabilidade. A maioria das famílias busca 
acessar bens e serviços necessários para atender suas 
necessidades através do trabalho e de salários, assim 
como de serviços e benefícios sociais públicos. Por isso, 
é preciso atenção quando as ações públicas acham 
importante se dedicar apenas às famílias que já “falharam” 
ou “faliram” nas suas funções básicas. Daí a importância 
da atenção às famílias em situação de vulnerabilidade. 
Conforme aumenta a vulnerabilidade, aumenta a exigência 
das famílias desenvolverem complexas estratégias de 
relações entre seus membros para sobreviverem 
(MIOTO, 2008, 2000; BRASIL, 2005a).
As famílias, como usuárias da assistência social, podem ocupar 
espaços de participação social que, a partir da Constituição 
Federal e da LOAS, constituem a política de assistência social no 
Brasil. Esse tema será desenvolvido no Módulo 2.
1.1.2 Agentes interlocutores nas políticas e serviços sociais: 
o mercado
As respostas das famílias às necessidades de seus membros podem 
ocorrer pelo uso combinado de serviços públicos e privados. 
Nas sociedades capitalistas, privilegia-se a autonomia da 
economia e o acesso a determinados recursos a partir das trocas 
mercantis, inclusive a mão de obra ou trabalho humano. Ou seja, 
predomina a lógica de compra e venda de bens e serviços. 
Como geralmente ocorre a dinâmica de aquisição de bens 
e serviços no mercado? As pessoas trabalham em troca do 
recebimento de seu salário ou remuneração e, a partir deste, 
adquirem bens e serviços, como alimentação, medicamentos, 
seguros, habitação, vestimentas, consultas, exames etc. O salário, 
para essas aquisições, depende do emprego, que, por sua vez, 
depende de um mercado de trabalho. As pessoas geralmente se 
inserem no mercado de trabalho segundo o que podem oferecer 
em termos de educação ou formação, sua experiência e tempo 
que podem destinar ao trabalho, por exemplo. Em síntese, 
uma pessoa geralmente consegue satisfazer suas necessidades 
no mercado dependendo da sua renda a partir do trabalho.
 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL18
Vivemos em uma sociedade que tem a tendência de 
mercadorização. Há uma valorização do mercado na regulação 
das condições de vida e, muitas vezes, troca-se a valorização 
de ter acesso a bens ou serviços como direito público pela 
valorização de ter renda para consumir esses bens ou serviços ou 
de ter capacidade de “comprá-los”. Nessa direção, ter dinheiro no 
bolso para comprar é símbolo de força ou o contrário de fraqueza. 
Essa relação com o mercado é um dos eixos das sociedades 
capitalistas e recorrentemente estimulada, como quando se ouve 
falar do tema privatização. (FRANZONI, 2008; BRASIL, 2013a).
Quando o Estado defende a privatização de serviços que 
representam direitos sociais, ele diminui suas funções de 
proteção social e vai apresentar propostas para focalizar o 
atendimento. O critério pode ser o de atender grupos de menor 
renda ou maior risco social, por exemplo. 
Quando o Estado focaliza suas ações e diminui o campo de 
atuação em uma política social, é muito provável que as famílias 
assumam mais funções ou a responsabilidade por dispor de 
mais recursos para suas necessidades. Isso pode significar mais 
trabalho e menor renda para as famílias, pois elas precisarão 
assumir mais uma função ou pagar por esse bem ou serviço. 
Do seu lado, o mercado pode ampliar seu campo de atuação 
e/ou esperar mais famílias (clientes) que o busquem para 
adquirir bens e serviços. 
Mercadorização
 Mercadorização é a pressão por transformar tudo em mercadoria (FRANZONI, 2008; 
BRASIL, 2013a).
Privatização
Privatização é tornar o público, privado. Movimentos de privatização tratam de 
mercantilizar os serviços e benefícios sociais (FRANZONI, 2008; BRASIL, 2013a).
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DEASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL19
Contudo, uma maior dependência das soluções através do 
mercado abastece formas de desigualdades: as famílias de renda 
elevada têm pouca dificuldade para adquirir bens e serviços 
no mercado, enquanto a imensa maioria será excluída da 
possibilidade de acesso ou terá um acesso irregular ou parcial 
(ESPING-ANDERSEN, 2011).
No âmbito das políticas sociais, é interessante ter noção da 
importância da “desmercadorização” dos direitos. Ou seja, é a 
prestação de um serviço ou bem se aproximar mais da lógica do 
direito ou da independência de relação com o mercado. Segundo 
Guilhon (2018), a política de assistência social insere-se em uma 
perspectiva de desmercadorização: 
“[...] pela gratuidade dos seus benefícios e serviços e por não estar 
o usufruto dos seus benefícios condicionado a nenhum cálculo 
contratual, atuarial ou contábil. Assim, ela é gratuita e não 
contributiva, não tendo nenhum valor mercantil.” (GUILHON, 
2018, p. 709).
1.1.3 Agentes interlocutores nas políticas e serviços sociais: 
organizações da sociedade civil
Na LOAS está definido que a assistência social é uma política 
que será realizada através de um conjunto integrado de ações de 
iniciativa pública e da sociedade. É entre as ações de iniciativa 
da sociedade que se inserem as organizações da sociedade civil. 
O que é uma organização da sociedade civil?
“[...] é toda e qualquer instituição privada que desenvolva 
projetos sociais com finalidade pública, sem fins econômicos. 
Também denominadas entidades privadas sem fins lucrativos, 
elas podem ser categorizadas como associações, fundações, 
organizações religiosas e sociedades cooperativas.” (BRASIL, 
2021f, p. 8).
A LOAS especifica que irão compor a política de assistência 
social e o SUAS as “entidades e organizações de assistência 
social”, que são aquelas sem fins lucrativos que prestam 
atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos 
pela Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de 
direitos. Dessa forma, elas integram a rede de atendimento do 
SUAS, também chamada de “rede socioassistencial do SUAS”. 
A assistência social conta com uma extensa rede de unidades 
pertencentes às organizações da sociedade civil. Segundo 
Peres (2011), elas são voltadas para o interesse público, para as 
demandas sociais. 
“Embora não integrem a administração pública, mantêm gestão 
de recursos para o público com o objetivo de realizar o bem 
comum, são registradas em cartório mediante estatuto social com 
finalidade de atender a população usuária da Assistência 
Social.” (PERES, 2011, p. 100).
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL20
A participação de organizações da sociedade civil na assistência 
social não é nova. A diferença é que houve uma mudança no 
desenho das políticas públicas, de modo a admitir a parceria entre 
Estado e sociedade civil. Segundo Oliveira (2003), é importante 
estar atento a que as entidades que se dispuserem às parcerias para 
atuação no SUAS não desenvolvam atividades tendo como direção 
realizar a filantropia ou a caridade. Pelo contrário, 
a possibilidade da participação das parcerias na política 
de assistência social ocorre desde que se disponham a 
assumir para si e para suas atividades o caráter público da 
política de assistência social.
As organizações da sociedade civil podem ocupar espaços de 
participação social que, a partir da Constituição Federal e da 
LOAS, passaram a constituir a política de assistência social no 
Brasil. Esse tema será desenvolvido nos Módulos 2 e 3.
De modo geral, destaca-se que a assistência social é uma política 
social operacionalizada pelo Estado e possui um campo específico 
de ação: a proteção social não contributiva (sem estar atrelada 
a pagamentos ou contribuições) como direito de cidadania, tal 
como está previsto na Constituição Federal do Brasil (1988).
Uma política de proteção social, como é a assistência social, 
“[...] contém o conjunto de direitos civilizatórios de uma sociedade 
e/ou o elenco das manifestações e das decisões de solidariedade de 
uma sociedade para com todos os seus membros. É uma política 
estabelecida para preservação, segurança e respeito à 
dignidade de todos os cidadãos.” (SPOSATI, 2009, p. 22). 
É preciso ter claro que a assistência social tem como um de seus 
objetivos a proteção social, como será trabalhado no Módulo 2, 
mas não se compromete sozinha com esse objetivo. 
A assistência social participa do processo de proteção social 
junto com as políticas de saúde e previdência social, como 
previsto na Constituição Federal a partir da proposta de 
“Seguridade Social”, como será abordado na seção 1.3.
GESTÃO EFETIVA
Apresenta-se, portanto, uma política que é um norte 
importante, mas que também é um caminho em construção 
(SPOSATI, 2009). Supõe conhecer e enfrentar obstáculos 
no percurso e também não desistir da chegada. Entre 
os obstáculos, é muito comum que na política de 
assistência social se fale de um confronto com uma cultura 
conservadora, baseada na filantropia, na caridade, também 
em práticas públicas e privadas desarticuladas e descontínuas. 
Essa cultura, predominante até a Constituição de 1988, ainda 
precisa ser enfrentada em muitos espaços que se ocupam da 
assistência social. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL21
Então, considerando a importância de identificar os 
fundamentos desses aspectos conservadores, na próxima seção, 
abordaremos a história da assistência social no Brasil.
1.2 História da assistência social no Brasil
A história da assistência social está ligada à própria história 
de nosso país e ao papel que o Estado foi ocupando ao longo 
do tempo para promover ou não a proteção social dos seus 
cidadãos. Prestar assistência abrangeu um conjunto de práticas 
muito diferentes que se estruturaram voltadas a determinadas 
populações e pela necessidade de atendê-las. 
No Brasil, até o início do século XX, o que havia na área 
de assistência eram ações desenvolvidas por organizações 
religiosas ou de iniciativa da sociedade e benfeitores. Veja 
que, desse modo, quando falamos de políticas sociais, 
especificamente sobre a política de assistência social, estamos 
falando de algo recente na história. 
Iniciativas sem a participação de governos ou Estado já eram 
observadas na Europa ocidental desde os séculos XII e XIII. 
Os conventos e as instituições religiosas foram os primeiros 
locais onde as principais práticas assistenciais se desenvolveram. 
Por muito tempo, a Igreja foi a principal administradora da 
assistência na forma da caridade (CASTEL, 1998). 
 
Instituições religiosas na Europa
Chegada dos europeus no Brasil
Padrão de caridade instalado
Caridade no Brasil
A caridade está vinculada ao dogma cristão e à história da 
salvação, principalmente as chamadas obras de misericórdia. 
Ao longo da história, era comum a Igreja estabelecer exigências 
à comunidade cristã, que deveria provar sua devoção, ter bons 
costumes, cumprir compromissos, etc. (SANGLARD et al., 2015; 
DONZELOT, 1986).
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL22
À medida que viver em sociedade se tornou mais 
complexo, as formas de assistência também 
foram modificando-se. Na Europa, 
algumas condições foram importantes para 
essas mudanças:
 ■ O desenvolvimento das cidades.
 ■ A migração das famílias das 
áreas rurais para as cidades e sua 
concentração sem suportes 
ou planejamento.
 ■ O trabalho assalariado não se 
constituir uma forma garantida de 
prover o sustento das famílias.
 ■ A vida em comunidades menos coesas 
em termos de solidariedade.
 ■ Ausência de políticas de intervenção 
do Estado.
Essas foram algumas das condições para que 
as práticas de assistência se especializassem 
e levassem, por exemplo, à organização de 
experiências de entrega organizada de “esmolas” 
e à criação de espaços como os hospitais e os 
orfanatos (CASTEL, 1998). 
Foto: © [PhotoFra] / Shutterstock.
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL23Eram atendidos os que não tinham condição de trabalhar. 
Na época eram considerados os “[...] velhos indigentes, crianças 
sem pais, estropiados de todos os tipos, cegos, paralíticos, 
escrofulosos, idiotas [...]” (CASTEL, 1998, p. 41). E quanto aos 
que podiam trabalhar mas não tinham trabalho? Nos textos 
históricos, já no século XIV, os que eram considerados “válidos” 
e não trabalhavam (mesmo com ausência de trabalho), 
que não tinham vínculos em uma comunidade, que percorriam 
as comunidades em busca de um ofício e/ou praticavam a 
mendicância eram definidos como vagabundos. A eles cabia 
a repressão policial e o enclausuramento (CASTEL, 1998 apud 
DONZELOT, 1986).
Assim, como pesquisou Castel (1998), antes de o Estado assumir 
funções de proteção social, já existia um campo “social-
assistencial” com formas, regras e agentes importantes na 
sua execução. Além da Igreja, é possível falar da presença da 
filantropia. A filantropia se fundamenta na ideia de “fazer bem 
ao outro” como um princípio ético, na perspectiva de utilidade 
social à nação (SANGLARD, 2015).
A filantropia ganha muita força no século XIX, preocupada 
em difundir técnicas de bem-estar e de gestão dos problemas 
sociais que eram crescentes. Sua força vem justamente de 
apoiar ou oferecer diretamente práticas de assistência baseadas 
em conhecimentos científicos que também se fortaleceram na 
mesma época. No Brasil, a filantropia conviveu e convive com as 
práticas de caridade. Porém, ambas não podem ser consideradas 
antagônicas, pois se voltavam e ainda se voltam sobre a questões 
semelhantes (SANGLARD, 2015). 
conhecimento médico
epidemiologia
estatística
vinculada a ideais 
cristãos
Questões como pobreza, 
socorro aos pobres, etc.
Caridade: Filantropia:
Relação entre caridade e filantropia 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL24
Assim, é possível observar que algumas das preocupações que 
motivaram práticas de assistência que existem há séculos se 
mantiveram nas políticas de assistência contemporâneas, como:
 
 ■ A necessidade de classificar e selecionar os beneficiários.
 ■ Estabelecer um território para desenvolver intervenções.
 ■ O convívio de diferentes instâncias colocando-se como 
responsáveis: religiosas ou laicas, públicas ou privadas, 
locais ou centrais em um território.
 ■ A busca em desenvolver técnicas especializadas 
(CASTEL, 1998). 
 
Mudanças importantes aconteceram nos séculos XVIII e XIX. 
Considerando a realidade europeia, nessa época ficou mais 
evidente uma relação entre as necessidades não atendidas e uma 
vulnerabilidade que atingia em massa a população. 
Essa era provocada pela relação com o trabalho, que sai das 
áreas rurais para se estabelecer nas cidades, nas manufaturas, 
depois nas indústrias. 
Trabalho no século XIX. Foto: © [Everett Collection] / Shutterstock.
Era um trabalho precário, insalubre, inseguro, que ocupava 
todos os membros da família, inclusive crianças. Inicialmente, 
prolifera-se sem se comprometer com direitos. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL25
Assim, se antes a assistência se voltava apenas aos indigentes 
incapazes de trabalhar, o trabalho assalariado como principal 
fonte de renda nas sociedades não garantia condições de 
subsistência aos trabalhadores e gera uma dupla preocupação 
às sociedades: 
 ■ A proliferação do número dos que não trabalham pela 
ausência de postos de trabalho. 
 ■ A precariedade da situação daqueles que trabalham.
A vulnerabilidade aparece suscitada pelas condições de trabalho 
e renda e pelo enfraquecimento das proteções tradicionais, 
antes organizadas principalmente nas funções das famílias e da 
comunidade (CASTEL, 1998).
Com o desenvolvimento do capitalismo, o trabalho assalariado 
não se constituiu como uma forma absolutamente garantida 
de atender as necessidades das pessoas e das famílias, embora 
essa fosse uma das suas principais “promessas”. O trabalho 
assalariado também nunca chegou a se estabelecer efetivamente 
como um direito, embora o Estado, o principal parceiro no 
assentamento do capitalismo em diferentes países, assim 
também “prometesse”. 
As intervenções do Estado vão se organizar preocupadas com o 
agravamento da questão social. 
A questão social pode ser definida como processo 
de pobreza atingindo grandes massas da população 
ao mesmo tempo que cresce o inconformismo dos 
“pauperizados” com suas condições de 
trabalho e miséria.
É a manifestação, no cotidiano da vida social, das disputas 
entre classe burguesa e classe trabalhadora, e esta passa a 
exigir outros tipos de intervenção do Estado, além da caridade 
e repressão, para os problemas que vivencia: violência, 
discriminações, condições precárias de moradia, de saneamento, 
entre outras (NETTO, 2011; IAMAMOTO; CARVALHO, 1985).
Classe Burguesa e Classe Trabalhadora 
A classe burguesa e a classe trabalhadora são as classes fundamentais em um 
sistema capitalista. A classe burguesa é a que tem a posição de dominação por ser a 
proprietária e controladora de meios de produção, das matérias-primas e do capital 
financeiro. A classe trabalhadora detém a própria força de trabalho. Ambas disputam 
o processo de hegemonia na vida social. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL26
O Estado se estabelece no campo da assistência para tentar 
neutralizar os prejuízos da “questão social”. 
A intervenção do Estado não ocorre inicialmente na 
perspectiva do direito ou de resolver a “questão social” 
na sua origem. Isso não poderia ser o foco, pois o Estado 
busca estabilizar a ordem social em favor da 
classe dominante.
Então, a intervenção do Estado sobre o “social” se desenvolve 
sobre algo que era considerado uma falha moral da família, 
assim como ocorria nas práticas da caridade e da filantropia. 
Era preciso “reerguer” a família e também garantir a assistência 
a partir de formas diversas de intervenções “sociais” que 
tinham (e ainda têm) importante papel de neutralizar conflitos 
entre a classe trabalhadora e a classe burguesa dominante. 
Nessa direção, 
As práticas visavam atenuar a miséria, porém, mais 
ainda, o déficit moral das “classes inferiores” da 
sociedade. Os problemas sociais eram causados pela 
“falta de moral” nas famílias, que se tratava “de 
irresponsabilidade, de preguiça, de devassidão que existe 
em toda a miséria”. O “problema social” era “moralizado” 
(CASTEL, 1998; DONZELOT, 1986).
Mesmo na forte presença dessas ideias, a mobilização e a 
organização da classe trabalhadora foram cruciais para 
gerar uma tensão quanto ao papel do Estado, no sentido de 
assumir o dever de realizar ações sociais de forma planejada, 
sistematizada e com caráter de obrigatoriedade. Essa garantia 
de ação do Estado pode ser observada na Europa mais 
nitidamente no final do século XIX. 
No Brasil, as práticas de assistência foram herança da caridade 
religiosa voltada à ajuda ao próximo, difundida pela Igreja 
Católica inicialmente. A história do Brasil é marcada pela invasão 
colonial exploratória e pela escravidão racializada. Nessa direção, 
o capitalismo aqui se estruturou pela dependência dos países 
europeus, associado ao sistema patriarcal e ao racismo estrutural 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2008; ORTEGAL, 2018).
 
Um funcionário a passeio com sua família, J.B. Debret, 1839. 
Fonte: Tokdehistoria.
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL27
Esses são aspectos importantes para entender 
a “questão social” no Brasil e suas 
particularidades históricas. 
SAIBA MAIS
Para melhor compreensão sobre racismo 
estrutural, sugerimos o vídeo “Interfaces do 
Racismo: Racismo Estrutural”, elaborado por 
iniciativa do Grupo de Trabalho de Políticas 
Etnorraciais e produzido pela Assessoria de 
Comunicação da Defensoria Pública da União, 
disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=uIJGtLJmD8w.
Somente nos anos 1930, o Estado brasileiro 
passou a se atentar e assumir alguma intervenção 
sobre a questão social, que emergiu com o 
processo de desenvolvimentodo capitalismo e da 
classe trabalhadora, associada à industrialização 
e urbanização. O descontentamento dos 
trabalhadores e a reclamação por participação 
política através de sindicatos e organizações 
profissionais foram fundamentais para um 
primeiro movimento organizado do Estado de 
proteger os trabalhadores. 
https://www.youtube.com/watch?v=uIJGtLJmD8w
https://www.youtube.com/watch?v=uIJGtLJmD8w
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL28
“Neste período, são criados os Institutos de 
Aposentadorias e Pensões (IAPs) na lógica 
do seguro social e nesta década situamos a 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
o Salário Mínimo, a valorização da saúde do 
trabalhador e outras medidas de 
cunho social.” (YAZBEK, 2008, p. 89).
Mas do que se trata essa “lógica do seguro social” 
que se estabeleceu como primeira forma de 
atuação do Estado? Segundo Teixeira (1985), 
o seguro social é uma forma de organizar um 
conjunto de benefícios e proteção à população 
que tenha trabalho contratado assalariado. 
Recebem benefícios os trabalhadores que fazem 
contribuições, que são obrigatórias. 
O financiamento é feito com base na 
contribuição salarial e também com a 
contribuição do Estado. Os IAPs eram 
instituições de seguro social. Foi uma proposta 
precursora da política de Previdência Social no 
país, a primeira porta que se abre no campo da 
política social do Estado brasileiro. 
Foto: © [RHJPhotos] / Shutterstock.
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL29
A assistência somente para os que pertencem ao mundo do 
trabalho assalariado foi central no Brasil por muitas décadas. 
Enquanto o trabalhador assalariado urbano dispunha de 
alguma proteção social, os trabalhadores do campo e no 
mercado informal de trabalho ficavam desprotegidos por não se 
enquadrarem nas categorias que eram autorizadas a pertencer 
ao seguro social.
“Para o trabalhador pobre, sem carteira assinada ou 
desempregado restam as obras sociais e filantrópicas que 
se mantêm responsáveis pela assistência e segregação dos 
mais pobres, com atendimento fragmentado por segmentos 
populacionais atendidos.” (YAZBEK, 2008, p. 90).
O Estado vai abertamente incentivar a caridade e a filantropia. 
Em 1938, criou o Conselho Nacional de Serviço Social, já extinto, 
para regular essas práticas (FLEURY, 2005).
Em 1942, foi criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA). 
Sua principal fundadora foi a primeira-dama do país na 
época, Darcy Vargas. Primeiro tinha a função de atender 
às famílias dos soldados brasileiros enviados para lutar 
na Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, a LBA 
muda e expande seu campo de atuação para a assistência em 
diferentes áreas, como a maternidade e a infância. Em 1969, 
ela foi transformada em uma fundação. Caracterizou-se 
como “instituição mista que administrava fundos públicos e 
privados advindos de contribuições estatais e do empresariado 
nacional” (OLIVEIRA; ALVES, 2020, p. 18). Prestava auxílios 
emergenciais e paliativos à miséria. Intervinha junto aos 
segmentos mais pobres da sociedade mobilizando a sociedade 
civil e o trabalho feminino (YAZBEK, 2008).
A criação e a atividade da LBA, por muitos anos, mostram dois 
importantes elementos da condução de práticas assistenciais 
incentivadas pelo Estado na época, confira a seguir. 
Paternalismo Primeiro-damismo
Assistir aos mais pobres interessava ao 
governo e ao líder governante, pois eles 
apareciam como responsáveis diretos pelo 
bem-estar da maioria da população.
A assistência aparece como uma 
possibilidade de a mulher se inserir na vida 
pública através da �lantropia. A LBA contava 
com um corpo assistencial formado na 
maioria por mulheres e era administrada, 
em cada cidade, pela primeira-dama 
municipal. (OLIVEIRA; ALVES, 2020).
As práticas de assistência, dessa forma, não se 
constituíam como direito de cidadania. A proteção 
social pública era centrada no trabalhador formal e as 
atividades de assistência eram campo da caridade 
e da filantropia. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL30
Na década de 1970, pode-se indicar que havia atividades 
assistenciais de origem do Estado, as quais eram realizadas por 
vários setores: Ministério da Saúde, do Trabalho, da Previdência 
e da Educação. As iniciativas ficavam no “submundo do Estado” 
de forma a abafar e a ocultar a própria demanda da população por 
assistência. Portanto, quando se admitia a assistência, 
ela era atrelada e submetida à política de saúde, 
de habitação, de educação, por exemplo. Falava-se de uma área 
com nomes distintos: assistência geral, assistência comunitária, 
desenvolvimento social, assistência social, ação social. 
Assim como não cabia um nome para essas ações, as pessoas 
que buscavam atendimento recebiam o nome de “carentes” 
ou “necessitados”. Não havia ainda o lugar de cidadão/cidadã 
usuário/usuária de uma política social. Para além disso, 
onde não havia direito nem cidadão, havia o lugar para receber o 
favor. A assistência, não sendo um lugar de garantia de direitos, 
era muitas vezes um lugar de favor prestado pelo governante ou 
seu representante a um “carente” ou “necessitado”, ou seja, 
um lugar de clientelismo (SPOSATI et al., 1985; BRASIL, 2013a). 
O clientelismo é persistente nas relações sociais no Brasil. 
É também importante falar de outro grande problema presente 
no cotidiano dos serviços públicos: o assistencialismo. 
Ele acontece quando ocorre o atendimento na perspectiva 
do favor, mas vai além: o político, o gestor, representante ou 
o servidor envolvido estimula o conformismo do cidadão ou 
da população que depende desse “favor” e são incentivados a 
manter essa dependência (BAROZET, 2006). 
Clientelismo 
“Clientelismo” é um fenômeno de intercâmbio entre grupos que manejam recursos. 
Aqui nos referimos a recursos públicos, que não poderiam ser administrados a 
partir de interesses individuais ou de grupos. Ele é operacionalizado por pessoas 
que pertencem a redes formais e duradouras (como partidos políticos) ou informais 
(relações de pessoas conhecidas) (BAROZET, 2006).
GESTÃO EFETIVA
Atualmente, entre os princípios éticos para a oferta da 
proteção no SUAS, está a recusa de práticas de caráter 
clientelista, vexatório ou com intuito de benesse ou ajuda 
(BRASIL, 2012a).
Em 1974, foi criado o primeiro órgão federal voltado à gestão 
estatal direta da assistência: a Secretaria de Assistência Social.
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL31
PODCAST
A Secretaria de Assistência Social surgiu durante a ditadura 
militar e ficou subordinada ao Ministério da Previdência e 
Assistência Social. Essa secretaria não tinha uma operação 
efetiva. A LBA acabava recebendo a maior parte dos recursos 
para as ações sociais do governo federal. O Estado subsidiava 
as práticas, mas não se podia falar que assumia um dever 
de proteção social. Havia uma multiplicidade de programas, 
órgãos e entidades envolvidas que utilizavam formas 
distintas de prestar atendimento. A ação estatal se diluía 
em diversas áreas dos governos e entre diversas entidades 
(BRASIL, 2013a; SPOSATI et al., 1985). 
As ações eram fragmentadas, não havia uma proposta 
integrada de ações entre os entes do governo. A população 
era totalmente excluída das decisões dos órgãos. Resultado 
disso é que a assistência ficava focada em soluções paliativas 
e emergenciais. Além disso, as atribuições e competências 
dos municípios e Estados não eram definidas. Era comum que 
serviços semelhantes fossem prestados por diferentes órgãos, 
com nomes diversos. Os recursos eram destinados a ações 
parecidas e, dessa forma, também mal aproveitados. 
Esse era o cenário da assistência social na década de 1980. 
Acrescente-se que os gastos eram diluídos, e não havia 
continuidade nos investimentos públicos. Conforme 
emergiam pressões públicas, os recursos e as ações eram 
deslocadas. As fontes de financiamento e custeio eram 
centralizadas em nível federal. Os municípios e estados 
disputavam as verbasconforme tinham mais “acesso” político 
e competências tecnoburocráticas (SPOSATI et al., 1985).
Na década de 1980, o Brasil entra no chamado movimento de 
redemocratização. Nessa década, os movimentos sociais se 
organizaram com pautas importantes sobre o acesso a direitos 
mínimos e básicos dos indivíduos e grupos enquanto cidadãos. 
Criou-se um campo de pressão direta da população sobre os 
governantes para encaminhar reivindicações. 
A demanda de assistência crescia e havia pressão popular 
para que o atendimento fosse garantido. A proposta de uma 
política nacional de assistência já vinha sendo debatida. 
Foram importantes no processo de reivindicação da política 
de assistência social: a Frente Social dos Estados e Municípios, 
a Associação Nacional dos Empregados da Legião Brasileira 
de Assistência, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), 
os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), sindicatos, 
organizações não governamentais (ONGs) e outros. De modo 
geral, a desigualdade de renda e a pobreza aparecem como 
temas importantes na sociedade (GOHN, 2003; SPOSATI et al, 
1985; SANTOS, 2015). 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL32
A trajetória dos movimentos sociais esteve inteiramente 
orientada para inscrever novos direitos na ordem legal e 
influenciar a elaboração e regulamentação de uma nova 
ordem constitucional. E no movimento de elaborar uma nova 
Constituição, um novo regimento de direitos para o Brasil, 
muitas mudanças ocorreram. Foi assim na saúde, com o Estado 
se comprometendo com um sistema de saúde de acesso universal; 
e foi assim com a assistência social, embora ainda não indicando 
um sistema único, mas reconhecendo-a pela primeira vez com 
um direito social no Brasil. A Constituição Federal brasileira, 
publicada em 1988, é conhecida como a “Constituição cidadã”. 
Foi um marco para estabelecer um sistema de proteção social aos 
brasileiros abrangendo o direito à assistência social, à saúde e à 
previdência social (GOHN, 2003; PAOLI; TELLES, 2000).
1.3 A consolidação atual da política de assistência 
social brasileira: bases legais
O SUAS é um sistema que foi se consolidando a partir de uma 
política social que depende de instrumentos legais para sua 
existência e para seu aprimoramento. Nesse momento, serão 
apresentadas as principais referências legais do SUAS, algumas 
das suas contribuições para efetivação e aprimoramento desse 
sistema. 
O grande desafio dessas leis é dar organicidade ao 
funcionamento do sistema, garantir o cumprimento dos 
seus objetivos e efetivar o acesso da população aos serviços, 
programas, projetos e benefícios socioassistenciais de qualidade 
em todo o território nacional.
1.3.1 Constituição Federal do Brasil
A Constituição Federal, publicada em 1988, foi um marco 
no estabelecimento de um sistema de proteção social aos 
brasileiros. Ela definiu o dever do Estado na função de 
planejamento de políticas sociais (art. 193). Estabeleceu um 
campo de atuação para o Estado chamado “Seguridade Social”. 
“A palavra seguridade designa, no Brasil, um sistema de proteção 
social composto por ações do poder público, da sociedade e pelo 
aparato legal-normativo que pretendem assegurar direitos de 
cidadania aos indivíduos.” (CARMO; GUIZARDI, 2018, p. 7). 
Mais especificamente, a Seguridade Social “[...] compreende um 
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e 
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, 
à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988, p. 117). Essas 
três políticas formam o chamado “tripé da Seguridade Social”. 
A Constituição vai dedicar seções específicas para 
cada uma das políticas.
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL33
 
Previdência Assistência social
Saúde
Tripé da Seguridade Social
Considerando a definição da Seguridade Social, a consolidação 
do SUAS é uma forma de concretizar uma “vontade” expressa 
na Constituição sobre a assistência social. A Constituição 
explicita que a assistência social é direito do cidadão, prestada 
a quem dela necessite, com financiamento e participação de 
toda a sociedade, sob coordenação estatal e descentralização 
político-administrativa. Quando falamos de descentralização, 
a autoridade sobre o sistema não é só do governo federal, mas, 
sim, compartilhada: na União, pelo/a ministro/a da Saúde; nos 
estados, pelos/as secretários/as estaduais; e, nos municípios, 
pelos/as secretários/as.
União
(ministro/a da saúde)
SUAS
estados
(secretários/as estaduais)
municípios
(secretários/as municipais)
Descentralização político-administrativa
Nessa direção é que, depois de 1988, foram publicadas leis, 
políticas, normas e portarias importantes para a assistência 
social que aprimoram o conteúdo do texto da Constituição. 
Estão em vigência hoje normativas importantes sob a forma de 
resoluções e portarias que resultam, entre outras, na: 
 ■ Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
 ■ Política Nacional de Assistência Social (PNAS)
 ■ Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS)
 ■ Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL34
A política de assistência social precisa incorporar novos 
elementos à medida que vai efetivando os serviços, programas, 
projetos e benefícios. Por isso, essas legislações passam 
por adequações. Alterações nas leis também podem estar 
relacionadas a pressões de grupos interessados, a pressões 
populares, à realidade social do país, à capacidade de 
investimento, à vontade ou não de impulsionar a política social 
nessa área. Nessa mesma lógica, a Constituição também foi 
alterada em 2003 e 2021 no que se refere aos objetivos e diretrizes 
da assistência social. 
1.3.2 Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
As novas leis publicadas depois da Constituição vão 
aprimorando e dando sentido material ao direito nela inscrito. 
Em 1993, foi publicada a Lei Orgânica de Assistência Social. Essa 
Lei foi alterada em 2011 no intuito de integrar o SUAS à LOAS 
pela aprovação da Lei nº 12.435/2011. 
A primeira versão da LOAS (1993) demorou a ser publicada 
porque a Constituição estava na contramão de uma tendência 
internacional sobre o papel do Estado no campo do social, 
que era justamente o de reduzir funções, embora a pobreza 
e a desigualdade social demandassem o contrário. Foi um 
movimento intenso em defesa do “enxugamento da 
máquina estatal”. 
A LOAS regulamenta a política pública de assistência 
social prevista na Constituição e estabelece normas e 
critérios para organização da assistência social no Brasil.
Mesmo nesse contexto, a LOAS e a Constituição Federal 
inovaram em:
Tornar a assistência social um direito social e um dever de Estado para 
com os cidadãos. Essa é a primazia da responsabilidade do Estado na 
condução da política de assistência social em cada esfera de governo. 
Vai exigir o atendimento de normas, gestão orientada, planejamento 
e participação da sociedade nas decisões, deixando de ser “aquilo que 
o governante quer que seja”.
1
Garantir a participação da população: em espaços organizados, a 
população participa das decisões e partilha o poder de arbitrar sobre a 
política conforme critérios pactuados, em determinados espaços, e nas 
distintas esferas (local/municipal, estadual e federal).3
Reforçar as diretrizes de descentralização político-administrativa para 
os estados, o Distrito Federal e os municípios. Descentralização 
signi�ca que a assistência social deve ser operacionalizada com 
responsabilidades combinadas e compartilhadas entre todos os entes 
da federação: União, estados e municípios.
2
Instituir o Benefício de Prestação Continuada, o BPC, que é a 
garantia de renda com pagamento mensal de um salário mínimo às 
pessoas com de�ciência e às pessoas idosas com mais de 65 anos 
que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção 
nem de tê-la provida por sua família. Por isso, é muito comum que o 
BPC seja popularmente conhecido como o “benefícioda LOAS”. 
4
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL35
Em 2011, com o SUAS integrando plenamente a finalidade da 
LOAS, passam a compor os objetivos da assistência social: 
 
 
1.3.3 A Política Nacional de Assistência Social (PNAS)
Em 1998 foi aprovada a primeira Política Nacional de 
Assistência Social. Ela foi pouco efetiva. Na época, havia uma 
espécie de concorrente: o Programa Comunidade Solidária, 
que iniciou em 1995 e encerrou em 2002. Analisa-se que ele, 
de certa forma, contrariava o que se previa para a assistência 
social na Constituição e na LOAS, já que priorizava formas de 
solidariedade social nas funções centrais da atenção à pobreza no 
país. A ação do Estado na assistência social naquela época ainda 
era considerada “tímida” (COUTO; YAZBEK; RAICHELIS, 2014).
Em 2003 o SUAS finalmente começa a se materializar, na 4ª 
Conferência Nacional de Assistência Social (importante espaço 
de participação social na política de assistência social, como 
será abordado no Módulo 2). Na Conferência, ficou decidido que 
o governo se responsabilizaria por uma agenda política para a 
implantação do SUAS. A partir daí houve um processo intenso 
de discussão em todos os estados, por meio de encontros, 
seminários, reuniões, oficinas e palestras sobre a Política 
Nacional de Assistência Social, que em 2004 foi aprovada 
e publicada.
A PNAS estabelece as bases organizacionais do SUAS.
Portanto, conforme a PNAS/2004 (BRASIL, 2005a) são eixos 
estruturantes da política de assistência social: 
 ■ Matricialidade sociofamiliar: significa que o SUAS se 
propõe a ampliar o universo de abordagem da assistência 
social para as famílias. As famílias são consideradas espaços 
privilegiados de proteção, mas que precisam também ser 
cuidadas e protegidas.
 ■ Descentralização político-administrativa e 
territorialização: a PNAS reitera que as três esferas de 
governo devem desenvolver a política na área da assistência 
social. Além disso, indica que a operacionalização do 
SUAS será na perspectiva de rede de serviços com base nos 
territórios onde vive a população.
A proteção social: 
que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da 
incidência de riscos.
A defesa de direitos: 
que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das 
provisões socioassistenciais.
A vigilância socioassistencial: 
que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e 
nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos 
e a defesa de direitos.
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL36
 ■ Novas bases para a relação entre Estado e sociedade civil: 
a PNAS reforça o papel central do Estado na condução da 
política. Por outro lado, como já observado na seção 1.1, 
reconhece a importância da participação da sociedade civil, 
primeiro como parceira na oferta de serviços, programas, 
projetos e benefícios de assistência social; segundo, pela 
atuação nos espaços de controle social.
 ■ Financiamento: a PNAS estabelece a previsão de fontes de 
financiamento, a forma de repasses para os entes envolvidos 
e para a rede organizada.
 ■ Controle social: prevê que os espaços privilegiados para 
efetivar o controle social sobre a política de assistência social 
são os conselhos e as conferências. Esse tema será abordado 
no Módulo 2. 
 ■ O desafio da participação popular/cidadão usuário: 
os conselhos e as conferências garantem a participação da 
população usuária do SUAS por meio de representantes. 
A PNAS prevê o estabelecimento de estratégias para 
incentivar a participação da categoria dos usuários.
 ■ Política de recursos humanos: a PNAS expõe a preocupação 
com as novas atribuições dos gestores e o surgimento de 
novas “ocupações/funções” devido a implementação do 
SUAS (educadores, monitores, cuidadores, entre outros). 
Nesse contexto, aponta também a necessidade de alterações 
no processo de trabalho dos trabalhadores e uma política 
de recursos humanos. Por último, trata do estabelecimento 
de uma Norma Operacional Básica (NOB) para a área de 
Recursos Humanos no SUAS.
 ■ A informação, o monitoramento e a avaliação: a criação de 
sistemas de informação é estabelecida como área estratégica 
da gestão do SUAS. A proposta é incentivar a produção de 
informações e conhecimento para a realização do controle 
social e para melhorias e avanços da política de assistência 
social para a população usuária. 
1.3.4 Norma Operacional Básica do Sistema Único de 
Assistência Social (NOB/SUAS)
A Norma Operacional Básica (NOB/SUAS) é instrumento 
legal para definir questões a respeito da operacionalização 
da gestão da política de assistência social. As primeiras NOBs 
foram publicadas em 1997 e 1998. Constituem instrumentos 
de regulação dos conteúdos e definições presentes na Política 
Nacional de Assistência Social (PNAS).
A NOB/SUAS disciplina a operacionalização da gestão da 
política de assistência social, sob a égide de construção do 
SUAS, entre outros assuntos.
Em 2005, foi publicada a primeira NOB no contexto do SUAS. 
Juntas, a PNAS e a NOB/SUAS 2005 foram as que mais impactaram 
nos rumos da política de assistência social no Brasil. Estabeleceram 
o novo modelo de organização da gestão e oferta de serviços, 
programas, projetos e benefícios socioassistenciais. 
MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL37
A NOB/SUAS 2005 foi substituída pela NOB/SUAS publicada em 
2012. Com a NOB/SUAS 2005, introduziu-se o repasse financeiro 
que zelou pela garantia da oferta permanente de serviços 
socioassistenciais nos municípios. A NOB/SUAS 2012 substituiu 
a NOB/SUAS 2005 por necessidade de aprimoramento de alguns 
elementos de gestão do SUAS, principalmente:
“novas estratégias de financiamento e gestão,consubstanciadas 
na instituição dos blocos definanciamento, na pactuação de 
prioridades e metas, valorização da informação, do monitoramento 
edo planejamento como ferramentas de gestão e nainstituição de 
um novo regime de colaboração entre osentes, por meio do apoio 
técnico e financeiro, orientado porprioridades e para o alcance das 
metas de aprimoramento do sistema.” (BRASIL, 2012a).
1.3.5 Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais 
Em 2009 foi publicado o documento intitulado “Tipificação 
Nacional de Serviços Socioassistenciais”. A 6ª Conferência 
Nacional de Assistência Social, realizada em 2007, havia 
deliberado sobre a necessidade de criar um padrão de 
identificação dos serviços do SUAS. Assim é que se definiu pela 
elaboração da Tipificação Nacional, que foi publicada a partir 
de uma Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social 
(Resolução nº 109/2009). 
Na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 
busca-se responder o que são, para quem são, o que fazem 
e para que nível de alcance estão disponíveis os serviços 
socioassistenciais do SUAS.
Os serviços socioassistenciais do SUAS são apresentados um a 
um, divididos entre os que são considerados de Proteção Social 
Básica e de Proteção Social Especial (os níveis de atenção dos 
serviços). Na Tipificação é possível identificar de cada serviço: 
nome do serviço, sua descrição (o que oferece), usuários (ou a 
quem se destina), seus objetivos, provisões (o que precisa para 
o serviço funcionar) em termos de ambiente físico, recursos 
materiais, recursos humanos e trabalho social essencial, 
condições e formas de acesso (que usuários recebe e qual a forma 
de encaminhamento), período de funcionamento, entre outros. 
A Tipificação facilita o diálogo entre todos os envolvidos na 
operacionalização dos serviços. Esse tema será retomado 
no Módulo 2.
38
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Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República, 
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ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020. Altera a Lei nº 
8.742, de 7 de dezembro de 1993, para dispor sobre parâmetros 
adicionais de caracterização da situação de vulnerabilidade 
social para fins de elegibilidade ao benefício de prestação 
continuada (BPC), e estabelece medidas excepcionais de proteção 
social a serem adotadas durante o período de enfrentamento 
da emergência de saúde pública de importância internacional