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Dislexia Profª Drª Luciana Leonetti Correia Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestra e Doutora em Saúde Mental (FMRP- USP-RP). Pós-doutora em Psicologia pela Universidade de Lisboa. Fazer Filosofia • É um transtorno do neurodesenvolvimento com origem biológica, que é a base das anormalidades no nível cognitivo, as quais estão associadas com manifestações comportamentais (DSM-V). • É caracterizado por dificuldades no reconhecimento exato das palavras, na fluência, na soletração e nas habilidades de decodificação. Essas dificuldades podem resultar em déficits no componente fonológico da linguagem. • A dislexia seria uma diminuição na sequência normal de aquisição dos diferentes processos de identificação da palavra. • A leitura é caracterizada pela leitura lenta, omissões, distorções e substituições de palavras. VOCÊ SABIA? Existem tipos variados para a Dislexia. ▪ Dislexia visual: dificuldades em diferenciar os lados direito e esquerdo, erros na leitura devido à má visualização das palavras; ▪ Dislexia auditiva: ocorre devido a carência de percepção dos sons, o que também acarreta dificuldades com a fala; ▪ Dislexia mista: é a união de dois ou mais tipos de dislexia. Com isso, o portador poderá ter, por exemplo, dificuldades visuais e auditivas ao mesmo tempo. Portanto, a Dislexia não é igual para todos, ela tem diferentes impactos. • Há forte indicativo de componente genético. Pesquisas clínicas mostram que mais de 50% das crianças com dislexia têm pais e irmãos com o mesmo transtorno1,. • Malformações do SNC; produção excessiva de testosterona durante a gestação2; problemas no parto e desnutrições graves nos primeiros anos de vida. • Em relação à prevalência, estudos mostram que ela é variada, considerando que os índices são dependentes tanto da definição quanto dos critérios diagnósticos adotados. Calcula-se que entre 3% a 10% dos escolares podem apresentar o transtorno. 1Rodrigues & Ciascas, 2016; 2 Galaburda et al., 2006. Fazer Filosofia CONTRIBUIÇÕES DA NEUROLOGIA • Dificuldades na aquisição e no desenvolvimento da leitura estão relacionadas ao córtex temporoparietal; • Atraso no desenvolvimento do hemisfério esquerdo, durante o período embrionário, pode afetar especialmente as áreas da fala e funções da linguagem; • Algumas células nervosas especializadas migrariam para estruturas do hemisfério direito, causando uma assimetria cerebral, característica nos indivíduos disléxicos. Fazer Filosofia O QUE ACONTECE NO CÉREBRO DOS DISLÉXICOS? • Quem não tem dislexia usa as três áreas do cérebro quando lê: a primeira identifica as letras, a segunda provoca o entendimento do significado da palavra e a terceira executa todas as informações. • Nos disléxicos, as duas primeiras áreas são menos ativas. • As pessoas disléxicas possuem o lado direito do cérebro mais ativo e desenvolvido, e a parte frontal é obrigada a trabalhar mais. • Esse mau funcionamento do cérebro pode causar: atraso no amadurecimento do Sistema Nervoso Central (SNC) e falha na comunicação entre os neurônios, dificultando as funções de coordenação. • Por outro lado, os disléxicos podem ter mais facilidade em conteúdos ligados às artes, criatividade, esporte, mecânica e solução de problemas. VOCÊ SABIA? O déficit de processamento fonológico, ou seja, a dificuldade em utilizar as unidades sonoras que constituem a palavra, tem sido relacionado aos quadros dos Transtornos Específicos de Aprendizagem de forma universal e persistente, podendo ser identificado ainda antes de a criança iniciar o processo de alfabetização, propiciando o desenvolvimento de programas de intervenção precoce ENSINO MÉDIO Os jovens podem ter dominado a decodificação das palavras, mas a leitura permanece lenta e trabalhosa. • Persistem as dificuldades para soletrar palavras complexas. • Tendência para apresentar problemas na compreensão da leitura e na expressão escrita. • Vocabulário empobrecido. • Dificuldades para planejar e elaborar textos escritos, reproduzir histórias e compreender conceitos abstratos. UNIVERSIDADE E VIDA ADULTA Podem precisar reler o material para captar os pontos principais do conteúdo lido. Podem apresentar problemas para realizar inferências. • Em geral, evitam atividades que exijam leitura. • Uso constante de estratégias alternativas para melhor compreender o material impresso, como mídias audiovisuais ou softwares. I. Determinar o nível funcional de leitura; I. Determinar o potencial e a capacidade de leitura correlacionando-as com o nível cognitivo; I. Determinar a extensão da deficiência da leitura: verificar se o nível funcional de leitura está 2 ou mais anos abaixo do esperado em relação à idade e escolaridade; I. Determinar deficiências específicas na habilidade da leitura, que são determinadas por meio da comparação entre o esperado para idade e escolaridade e o obtido pela criança; I. Determinar disfunção neuropsicológica por meio de testes e provas envolvendo atenção, organização, percepção, memória e integração sensorial; I. Determinar fatores associados a alterações de aprendizagem: falta de motivação, nível socioeconômico e cultural desfavorável, problemas psicológicos e pedagógicos. I. Determinar estratégias de desenvolvimento ou recuperação, em tarefas de leitura que possam favorecer o processamento neuropsicológico e a integração de capacidades perceptivo-linguísticas. TRATAMENTO MULTIPROFISSIONAL • Fonoaudiólogos, neuropsicólogos, neurologistas, psicopedagogos, psicológicos podem ajudar no tratamento da dislexia. • O tratamento inicia-se com os resultados das avaliações diagnósticas, as quais irão permitir a determinação e prioridades de atendimento, além da orientação pontual tanto aos pais, quanto à escola. A possibilidade de reavaliações deve ser sempre considerada. • Atentar-se para as queixas comportamentais associadas ao fracasso na aprendizagem: medo, ansiedade, baixa autoestima. Fazer Filosofia ⮚A Constituição Federal (1988), no seu artigo 208, inciso III: garante o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. ⮚No Conselho Nacional de Educação, Parecer CNE/CEB n. º l7/2001, de 03 de julho de 2001 e a Resolução CNE/CEB n.º 02, de 11 de setembro de 2001: os sistemas de ensino devem matricular todos os educandos com necessidades educacionais especiais (dificuldades específicas de aprendizagem, ou “limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares”).