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POLÍTICAS DE SAÚDE (P1) O que é política? Política é a ciência que busca mecanismos para a construção coletiva do bem comum. No caso da saúde, a política tem o objetivo: organizar todos os setores, públicos e privados, em seus diversos níveis, para atender às necessidades de saúde da população. Desde o descobrimento do Brasil, passando pelo período colonial, pelo período imperial e pelo início da República, as ações em saúde pública eram realizadas de forma bastante desorganizada: • centralização das decisões na Corte • grande extensão territorial • atraso tecnológico • falta de políticas efetivas, consistentes e coordenadas Início da República (1889) • Nesse período, as epidemias de doenças transmissíveis : (febre amarela, varíola, peste e a malária), produziram um grande impacto de mortalidade, causando prejuízo ao comércio e dificultando a expansão do capitalismo • A solução adotada foi o incentivo público às pesquisas biomédicas, principalmente àquelas dirigidas às doenças tropicais A década de 1960: A regulamentação da iodação do sal Observação: de 1933 a 1966 o setor de saúde cresceu em tamanho e complexidade. O setor público basicamente dividiu se e duas partes a parte maior ligada à Previdência Social e a outra ao Ministério da Saúde. A parte ligada à Previdência Social adotou o modelo de seguro social organizado por categorias profissionais com base nos Institutos de aposentadorias e Pensões IAPs desigualdade 1986: • Realização da VIII Conferência Nacional de Saúde • Aprovação do Plano de Ação para a Erradicação da Poliomielite no Brasil • É criado o personagem símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé Gotinha 1988 Promulgação da nova Constituição Com a promulgação da Constituição Federal 1988 ficou legalmente estabelecido que a saúde pública é um direito de todos e dever do Estado Reforma sanitária brasileira O final da década de 1980 foi marcado, no Brasil, por movimentos sociais pela redemocratização do país e pela melhoria das condições da saúde da população. Em 1985 crescia e ganhava representatividade o Movimento Sanitarista Brasileiro O Movimento Sanitarista Brasileiro buscava mudanças no sistema de saúde e mobilizou profissionais de saúde, usuários, políticos e lideranças populares, estudantes e professores universitários A década de 1980 era de exclusão da maior parte dos cidadãos do direito à saúde que se constituía na assistência prestada pelo Instituto Nacional de Previdência Social, restrita aos trabalhadores que para ele contribuíam. A Reforma Sanitária 1988 promoveu a adoção dos seguintes princípios • Universalização do direito à saúde • Integralização das ações de cunho preventivo e curativo, desenvolvidas pelos Ministérios da Saúde e da Previdência separadamente • Inversão da entrada do paciente no sistema Em vez de buscar o hospital quando já estiver doente, buscar a prevenção Ou seja do preventivo para o curativo, portanto promovendo a saúde • Descentralização da gestão administrativa e financeira • Promoção da participação e do controle social • Combater a forma de organização do sistema, caracterizado pelas crises, gastos, privilégios e concentração de renda A VIII Conferência Nacional de Saúde em Brasília, realizada em 1986 cujas propostas foram defendidas na Assembleia Nacional Constituinte (em 1987 é considerada um marco deste movimento. Foi o primeira na história a contar com a participação de representantes da sociedade e a ser precedida por pré conferências estaduais. O objetivo central desta conferência foi garantir que se inscrevesse na futura Constituição: • A caracterização da saúde de cada individuo como de interesse coletivo e dever do estado • Garantia da extensão ao direito à saúde e do acesso igualitário às ações de promoção, proteção e recuperação da saúde • Caracterizar os serviços e saúde como publico e essenciais A nova Constituição brasileira, promulgada em 1988 incorporou grande parte destas ideias e garantiu o direito à saúde para todo cidadão, transformando a num dever do Estado, através da criação de um sistema de acesso universal e igualitário, com ações voltadas para sua promoção, proteção e recuperação. 1978: Declaração de Alma Ata Esta declaração era dirigida à Atenção Primária à Saúde e propunha a urgente necessidade de adoção de medidas que visassem à promoção da saúde como prioridade mundial É considerada a primeira declaração internacional realmente importante a eleger a atenção primária em saúde, como base fundamental da promoção da saúde em nível mundial. 1986: Carta de Otawa I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (realizada em Ottawa no Canadá), em novembro de 1986 >> A Carta de Ottawa. Segundo esta carta, as seguintes as condições e recursos são fundamentais para a saúde: Paz, Habitação, Educação, Alimentação, Renda, Ecossistema estável, Recursos sustentáveis, Justiça social e Equidade. Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem estar global. Campos nos quais a promoção da saúde deve agir segundo a Carta de Ottawa: Capacitação da comunidade. A reforma sanitária brasileira O fim da década de 1980 foi marcado, no Brasil, por movimentos sociais pela redemocratização do país e pela melhoria das condições da saúde da população. Em 1985 foi criada a Nova República (eleição indireta de um presidente não militar desde 1964 época em que, paralelamente, crescia e ganhava representatividade o Movimento Sanitarista Brasileiro. O Movimento Sanitarista correspondia à luta pela reestruturação do sistema de saúde, mobilizando profissionais de saúde, usuários, políticos e lideranças populares. É considerado um marco deste movimento a VIII Conferência Nacional de Saúde em Brasília, realizada em 1986 cujas propostas foram defendidas na Assembleia Nacional Constituinte criada em 1987 VIII conferência nacional de saúde: • A mobilização da população, se tornou efetiva, e a participação destes representantes na conferência, contribuiu com propostas fundamentais que foram incorporadas à nova Constituição Do Brasil • Dentre estas propostas se destacava a criação de um Sistema Único de Saúde com acesso universal, descentralizado, com controle social e financiado com dinheiro público • Desta forma, a nova Constituição brasileira (promulgada em 1988 garantiu o direito à saúde para todo cidadão, transformando a em dever do Estado, através da criação de um sistema de acesso universal e igualitário, com ações voltadas para sua promoção, proteção e recuperação 1988: Constituição Foi criado o Sistema Único de Saúde definindo a saúde como “um direito de todos e um dever do Estado" O SUS é um sistema complexo, que tem o objetivo de coordenar e integrar as ações de saúde das três esferas da administração pública (estadual e municipal) e também, entidades de natureza privada (clínicas, laboratórios etc vinculadas através de contratos de prestação de serviços e convênios Desta forma o SUS é um sistema não pode ser classificado apenas como um serviço ou uma instituição, mas sim um conjunto de unidades, de serviços e ações coordenadas, visando a um fim comum a promoção, a proteção e a recuperação da saúde Princípios que norteiam o SUS: O SUS está embasado em princípios doutrinários (Universalidade, Equidade e Integralidade) e diretrizesorganizacionais. Universalidade A atenção à saúde é assegurada a todo cidadão, que tem direito a todos os serviços de saúde, públicos ou contratados. Esse princípio doutrinário se fundamenta na disposição constitucional de que a saúde é um direito de cidadania e um dever do Estado (no sentido de governo federal, estadual e municipal). - da vacina a cirurgia mais complexa Equidade Todo cidadão é igual perante o SUS e deverá atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o sistema puder oferecer, independentemente de onde more o cidadão, sem privilégios ou restrições. - Igualdade - Mas justifica a oferta de ações e serviços ao seguimento da população com maiores riscos de adoecer e morrer em decorrência da desigualdade na distribuição de renda e bens (mais vulneráveis) Integralidade O homem é um ser integral, biopsicossocial, devendo ser atendido com essa visão integral. Deve-se portanto, considerar as varias dimensões do processo-saúde-doença - este principio orientou a expansão dos serviços de saúde para além do atendimento médico, mas também reabilitação física e mental e promoção da saúde por meio das ações intersetoriais Diretrizes organizativas Visam dar racionalidade e efetividade ao funcionamento do SUS, as mais relevantes são: Descentralização, Hierarquização, Participação popular/comunitária e Complementariedade do setor privado. Descentralização • Os serviços e as ações devem ser distribuídos, entre os vários níveis de governo, com ênfase na municipalização da gestão dos serviços e das ações me saúde (quanto mais perto do fato for tomada a decisão, maior é a chance de acerto). • Assim, o Município, o Estado e a União devem ser responsabilizados de acordo com suas respectivas áreas de abrangência a coordenação da ações no munícipio fica a cargo do secretário municipal de saúde, no estado do secretario estadual e na União do ministro da saúde. Hierarquização • A organização dos serviços deve se dar em crescentes níveis de complexidades, observada a delimitação geográfica regional e definição da população a ser atendida • A base deve ser a atenção primária, que deve ser a porta de entrada do sistema (resolver os principais problemas demandados no sistema de saúde) • Os demais problemas deverão ser referenciados, ou seja, encaminhados para os serviços de maior complexidade tecnológica Participação popular/ comunitária • É assegurada à população, através de suas entidades representativas, o direito, de participar do processo de formulação das políticas de saúde e no controle da sua execução, em todos os níveis de decisão (estadual ou municipal) • Esta participação pode se dar nos Conselhos de Saúde ou em conferências periódicas de saúde, com o objetivo de definir as prioridades e as linhas de ação sobre saúde Complementariedade do setor privado: Refere-se a possibilidade de contratação de serviços privados, quando verificada a insuficiência do setor público. Recursos econômicos Os recursos para a Saúde Pública foram definidos pela Emenda Constitucional 29, de 13/09/2000 e estabeleceu a participação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no financiamento das ações e serviços de saúde pública: - União: os gastos devem ser iguais ao do ano anterior, corrigidos pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) - Estados: estão obrigados a garantir que 12 % de suas receitas sejam destinadas ao financiamento da Saúde Pública - Municípios: estão obrigados a aplicar pelo menos 15% de suas receitas O gasto público com a saúde é financiado com tributos impostos e contribuições sociais. Os tributos incidem sobre indivíduos (Imposto de Renda), empresa ou transações comerciais (e propriedades Imposto Predial) nas esferas municipal, estadual e federal. Regulação do setor privado: o SUS não executa as ações Consiste na atuação do Estado sobre os rumos da produção de bens, tecnologias e serviços de saúde. A regulação é realizada pelo Ministério da Saúde: diretamente sobre os sistemas públicos integrantes do SUS. E por suas agências reguladoras: • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): bens, serviços e tecnologias. • Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS): saúde suplementar Anvisa: Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. ANS: A Agência Nacional de Saúde Suplementar é a agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. O que é Regulação? De forma simplificada, a regulação pode ser entendida como um conjunto de medidas e ações do Governo que envolvem a criação de normas, o controle e a fiscalização de segmentos de mercado explorados por empresas para assegurar o interesse público. Saúde suplementar: Operadora de Plano de Assistência à Saúde pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão • que opere produto, serviço ou contrato de prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais • a preço pré ou pós estabelecido • integrantes ou não de rede credenciada Pactos pela saúde Para promover inovações nos processos e instrumentos de gestão, visando alcançar maior eficiência e qualidade das respostas do Sistema Único de Saúde foi pactuado conjunto de reformas institucionais entre as três esferas de gestão (Estados e Municípios) denominado Pacto pela saúde Ao mesmo tempo, o Pacto pela Saúde redefine as responsabilidades de cada gestor em função das necessidades de saúde da população e na busca da equidade social. A implementação do Pacto pela Saúde se dá pela adesão de Municípios, Estados e União ao Termo de Compromisso de Gestão (TGC) sendo renovado anualmente. As formas de transferência dos recursos federais para estados e municípios também foram modificadas pelo Pacto pela Saúde, passando a ser integradas em cinco grandes blocos de financiamento (Atenção, Básica, Média e Alta Complexidade da Assistência, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS). Divide-se em 03 componentes 1. Pacto Pela Vida 2. Pacto em Defesa do SUS 3. Pacto de Gestão No Pacto pela Vida foram definidas as seguintes prioridades: • Saúde do idoso • Câncer de colo de útero e de mama • Mortalidade infantil e materna • Doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza • Promoção à saúde • Atenção básica à saúde No Pacto de Gestão foram definidas as seguintes prioridades • Definir de forma inequívoca a responsabilidade sanitária de cada instância gestora do SUS • Estabelecer as diretrizes para a gestão do SUS, com ênfase na: Descentralização - Regionalização - Financiamento - Programação - Pactuada e Integrada - Regulação Participação e Controle Social - Planejamento. O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias federativas no sentido de: - Reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de governos - Defender os princípios constitucionais (que são os fundamentais) dessa política pública. Foram definidas as seguintes prioridades: • Mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema público universal garantidor desses direitos • Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a saúde • Aprovar o orçamento do SUS, composto dos orçamentos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas • Elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS