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VERGER, Jacques. As universidades na Idade Média. Editora da UNESP, 1990. (Primeira Parte).
1) AS ESCOLAS NO OCIDENTE NO INÍCIO DO SÉCULO XII
· Com a crise das escolas monásticas no século XII, os expoentes na escolarização medieval ocidental passam a ser as cidades com suas escolas catedrais. As escolas catedrais estavam sob o domínio da Igreja, sendo, inicialmente, destinadas à formação de futuros clérigos. 
· Inicialmente, era uma pedagogia que se prendia muito ao texto, não extrapolando muito. No final do século XI, o recurso da dialética passou a ser mais utilizado, estendendo-se até mesmo à Teologia, na tentativa de uma racionalização do saber sagrado. 
2) O RENASCIMENTO DO SÉCULO XII
· Fatores que contribuíram para transformar o ensino ocidental e para o surgimento das universidades: 
· Tradutores e traduções:
· Os centros de tradução, no século XII, estavam em locais que mantiveram a produção cultural grega mais presente na sociedade. Nessas regiões, os textos clássicos eram traduzidos e comentados. Essas traduções priorizaram a filosofia e a ciência grega, o direito, assim como tratados árabes relacionados às ciências, à matemática a à medicina. 
· Um dos grandes polos de tradução do século XII foi a Espanha, visto que, existia uma parcela da população que era poliglota: resultado da interação de diversos povos (espanhóis, judeus, muçulmanos). 
· O desenvolvimento urbano:
· As cidades eram muito mais dinâmicas e diversificadas que os feudos e permitiam uma mobilidade socioeconômica inexistente até então. 
· Além disso, algumas cidades conseguiam reivindicar, por meio da sua união e resistência, sua autonomia em relação aos poderes locais. Assim, o indivíduo citadino era, em certa medida, livre. 
· O surgimento das corporações de ofícios desenvolveu um sentimento de pertencimento atrelado ao ofício por parte dos habitantes da cidade. Os trabalhadores se uniam, em uma relação entre iguais, para defenderem seus interesses e sua autonomia frente aos poderes locais.
· Novas condições da vida escolar
· Sobretudo nas cidades, o aumento do número de escolas e da população estudante começa a implicar em novos problemas sociais.
· III Concílio de Latrão: ao mesmo tempo que reconhece a crescente demanda pela instrução escolar, ele reforça a tentativa de mantê-la sob o domínio eclesiástico e não busca soluções para os problemas sociais decorrentes dessa grande demanda.
· Os métodos pedagógicos e o conteúdo ensinado se transformaram com a introdução das traduções e com o uso da dialética. Agora, a educação passa a se reconhecer como algo legítimo, mesmo quando se dá independentemente da Igreja. 
3) AS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES
· É difícil traçar precisamente o surgimento das universidades porque a documentação é insuficiente, imprecisa e não diz respeito à administração interna.
· Universidade de Paris:
· Houveram conflitos entre os estudantes e os burgueses, e as autoridades religiosas locais. Os estudantes e os mestres usavam da greve e da dispersão como forma de resistência, pois eram um grande grupo consumidor, conferindo prejuízos aos burgueses.
· A Igreja (e o rei) tomavam o lado dos universitários, o que, por um lado, gerou uma certa estabilidade e segurança a eles, mas, por outro lado, reforçou os laços de dependência deles em relação a Igreja, reafirmando seu monopólio e sua influência sobre a educação.
· Há uma contradição dentro da universidade: ao mesmo tempo que ela se consolida enquanto corporação de ofício, seus membros recebem privilégios eclesiásticos.
· Universidade de Bolonha:
· As escolas leigas notariais, as quais ensinavam as artes liberais e um pouco de direito, deram origem à Universidade de Bolonha. 
· Ela foi uma universidade de estudantes, visto que eles tinham vantagens em relação aos mestres e aos doutores, porque estes viviam dos honorários pagos pelos seus alunos, de modo que ficavam dependentes deles. Além disso, os alunos eram mais velhos e pertenciam a famílias ricas, o que lhes dava mais maturidade para se organizarem. 
· A universidade se beneficiou do apoio do papado, o que acabou por mantê-la sob seu controle. Mesmo assim, ela se tornou uma instituição sólida e estável, com privilégios de ordem imperial, pontifícia e comunal.
4) UNIVERSIDADES “ESPONTÂNEAS” E UNIVERSIDADES “CRIADAS”
· As universidades espontâneas nascem organicamente de escolas pré-existentes.
· Existem universidades nascidas pelas secessões que ocorrem de outras universidades. 
· Há universidades criadas diretamente pelo papado ou pelo imperador. São importantes porque mostram como essas autoridades passam a tomar consciência do valor prático que as universidades podem desempenhar a seu serviço.
5) INSTITUIÇÕES E PRIVILÉGIOS
· A universidade era “studium” (estabelecimento de ensino superior) e “universitas” (organização corporativa), já as faculdades eram divisões administrativas do studium relacionadas ao ensino, enquanto as nações eram divisões do studium que estavam relacionadas ao aspecto corporativo das universidades (como defesa da sua autonomia).
· A administração das universidades tinha princípios democráticos, já que o reitor, o cargo máximo, era temporário e elegível, além de ter contrapontos ao seu poder, os quais, muitas vezes, determinavam os rumos da direção universitária, representados pelas assembleias e por um conselho.
· As universidades garantiam diversos privilégios aos seus membros, os quais acabaram por criar uma divisão clara entre os estudantes e o resto da população urbana local, gerando certos descontentamentos por parte dela.
6) ORGANIZAÇÃO DO ENSINO
· Programas e métodos
· A leitura dos textos segue sendo a base do ensino, contudo o debate era o exercício principal da pedagogia escolástica, nele era possível o aprofundamento nos temas propostos, como a prática da dialética.
· Os livros tiveram um papel importante nas universidades, foi aqui que eles se tornaram objetos mais manejáveis, de fins práticos. Mesmo tendo os custos reduzidos, ainda eram muito caros e sua transcrição, manuscrita, demorava muito tempo. Contudo, as universidades foram as grandes responsáveis pela sua multiplicação e dispersão pelo Ocidente.
· Graus:
· Eles estabeleciam uma hierarquia dentro das universidades assim como existia nas demais corporações de ofício; inicialmente, só havia a licença docente, depois surgiram os bacharéis e os mestres/doutores.
· Contudo, muitos intelectuais se contentavam com a licença, porque o mestrado/doutorado eram muito caros e demoravam muito tempo.
7) ASPECTOS SOCIAIS DA HISTÓRIA DAS UNIVERSIDADES
· São os aspectos mais mal conhecidos, em parte por falta de documentação.
· Diversidade:
· O latim, como “língua universal”, permitia o contato entre os estudantes, visto o caráter internacional das universidades.
· Havia estudantes de origens socioeconômicas muito diversas; a universidade representava uma possibilidade de ascensão social.
· Manifestações nacionalistas também ocorriam, em especial nos colégios, os quais comumente juntavam estudantes de mesma origem. Eles eram instituições de caridade que buscavam assegurar a continuidade dos estudos dos estudantes mais pobres. 
· Unidade:
· O trabalho, os bairros e ruas universitários, a produção intelectual constante, o contexto erudito, as atividades de lazer e a religião foram fatores importantes para a geração de um sentimento unitário entre os estudantes, o qual reverberava nos seus modos de se comunicarem, nas suas mentalidades, etc. 
· Ambiguidades:
· Mesmo sendo uma corporação urbana, ela buscava escapar às obrigações da população urbana; sendo uma associação de trabalhadores intelectuais que buscava uma pesquisa e um estudo desinteressado, ela ainda se encontrava subordinada à Igreja.
· Com a centralização do poder do papa, sua influência se fez sentir ainda mais sobre as universidades, afastando-as das demais corporações de ofício e dos trabalhadores urbanos por causa dos seus benefícios eclesiásticos. 
· Entretanto, o papado, no século XIII, manifestará suas exigências em relação ao que ele espera ser o papeldas universidades, limitando sua liberdade e autonomia.
8) PROBLEMAS E CONFLUITOS DO SECULO XIII
· O papado projetava sobre as universidades a função de defesa da ortodoxia e dos dogmas cristãos frente às heresias. Para isso, ele vai contar com o apoio das ordens mendicantes, as quais tentará inserir dentro do mundo universitário
9) RELIGIOSOS MENDICANTES E MESTRES SECULARES
· Inicialmente, as ordens dominicanas e franciscanas foram bem aceitas nas universidades, contudo, tais ordens não engajavam nas lutas propriamente universitárias, relacionadas ao seu caráter corporativo. Isso gerou diversos conflitos entre elas, e o papado apoiava os mendicantes
· Com esses conflitos, o papa interferiu inúmeras vezes dentro da universidade, violando sua autonomia e quebrando a ilusão de liberdade que ela teria. Dessa forma, ficou claro que o apoio anterior do papado às universidades tinha como o objetivo, não seu desenvolvimento intelectual livre, mas sua subordinação à Santa Sé.
10) APOGEU E CRISE DA ESCOLASTICA
· A partir do momento que começou a ficar consolidada a separação entre ciência e fé, de modo que o conhecimento do mundo terreno passa a ser visto como inteligível pelo homem, pesquisas científicas passaram a avançar mais em diversos locais.
· Além disso, devido às transformações e às crises das universidades, especialmente ligadas à esfera religiosa, foram as faculdades de medicina e, especialmente, de direito, ou seja, as disciplinas mais laicas, leigas, que se mostraram mais estáveis.