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AIZPURU, Pilar Gonzalbo. Educación, cultura y vida cotidiana em la Nueva España. In: NÓVOA, António et al (orgs). Para uma história da educação
colonial/Hacia uma historia de la educación colonial. Porto: Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação/EDUCA, 1996.
1) Educação e evangelização
· A educação das colônias da América ocupou um lugar de destaque no projeto colonizador espanhol, especialmente, a evangelização (fé e conduta cristã).
· A Legislação real determinava que a educação na América era uma obrigação, a qual era responsabilidade dos religiosos e dos encomendeiros.
· Os clérigos tinham como auxiliares membros da comunidade indígena, os quais desfrutavam de certos privilégios.
· A instrução dos crioulos para carreiras universitárias também era vista como algo importante, além de servir como um meio de distinção social na sociedade colonial.
· A educação nas colônias, desde o nível elementar até o ensino superior, era muito similar a da metrópole, em especial, por causa do modelo educacional jesuíta que se fazia presente em ambos os continentes.
· Apenas uma minoria da população das colônias teve acesso aos estudos formais.
2) A educação informal
· A educação se estendia ao âmbito doméstico, informal, influenciando as crenças, os costumes, as normas de comportamento e a própria vida cotidiana, sendo um dos pilares da educação colonial. Isso foi essencial para que o projeto colonizador espanhol tivesse um caráter duradouro, além de abrangente.
· Utilização de telas, quadros pintados, “teatro”, códices pictográficos, estampas com imagens de santos; todos com o objetivo de facilitar a compreensão da doutrina cristã, e a sua memorização pelos indígenas. 
· A semelhança de certos aspectos das crenças indígenas e cristãs teve um caráter duplo. Por um lado, facilitava a assimilação da nova fé pelos indígenas; por outro, tornava difícil a detecção, feita pelos evangelizadores, de indícios relacionados a uma resistência cultural e religiosa por parte dos nativos. Consequentemente, a cultura contemporânea dessas antigas colônias tem fortes traços hispânicos e indígenas, prova das misturas culturais que teriam ocorrido. 
· Existiam internatos para meninas indígenas, escolas de ofícios manuais e colégios de estudos superiores voltados para indígenas. 
· Todo adulto cristão atuava na sociedade como um professor dos jovens, visto que deveriam servir como bons exemplos (bons cristãos, indivíduos virtuosos).
3) A vida cotidiana
· Os projetos de agrupamento dos povoamentos, que antes estavam dispersos, foram essenciais para facilitar a evangelização e o controle sobre os indígenas. Mas também foram responsáveis pela sua integração em um novo modelo social, de convivência.
· Havia trabalhadores indígenas qualificados, não qualificados, os que trabalhavam em propriedades rurais (muitas vezes em regimes quase carcerários), em oficinas de artesanato, em vendas e mercados.
· Muitas vezes, a contratação de indígenas pelos espanhóis foi acompanhada de hesitações, além de que, em vários casos, os indígenas tinham suas ocupações limitadas a cargos mais baixos dentro das hierarquias de cada ofício, ou eram proibidos de seguir certas carreiras.
· O comércio era feito por espanhóis, indígenas, mestiços, cativos e mulheres, de modo que a leitura, algo que não era amplamente difundido por todos os grupos sociais, não se mostrava tão relevante. As indígenas comerciantes, muitas vezes, utilizavam somente sua língua materna.
· O sistema de repartimento obrigatório, no geral, prejudicou muitos indígenas, visto que acabavam perdendo sua clientela ao terem q se afastar de seus ofícios.
· A doutrina cristã também servia como meio para justificar a ordem social existente, partindo do argumento de aquela seria uma expressão da vontade divina e servindo, portanto, de ferramenta conformadora.
· Os espanhóis associavam a nudez dos indígenas à barbárie e, a partir de um ponto de vista religioso, como algo uma tentação, como algo que conduziria o indivíduo ao pecado. Assim, houve um reforço da necessidade de os indígenas andarem vestidos.
· A vida cotidiana deveria refletir os ensinamentos da educação colonial em todos seus níveis.
· A cultura indígena sobreviveu mais fortemente em povoamentos mais afastados, nos quais as autoridades espanholas não existiam com tanta força, mas, na sociedade colonial como um todo, essa cultura também se fez presente. Assim, era possível os jovens indígenas terem acesso a ela mesmo antes de ingressarem nas escolas.

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