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DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS CROHN: qualquer parte do tubo digestivo (desde a boca até o ânus) RETOCOLITE: precisa ter comprometimento do cólon sempre de forma ascendente Prova: diferenciar os dois tipos · Epidemiologia: é mais comum em mulheres · Raça: brancos > negros > asiáticos · Acometimento: bimodal → jovens de 20 anos e idosos · Etiopatogenia: base genética e ambiental · Base genética: · >200 mutações: 2/3 compartilhadas entre DC e RCU · Crohn: 1/3 com mutações gene NOD 2 (cromos. 16) · Mutações gene do receptor da IL23 no Crohn · Associação com Sd. de Turner · 15% dos pacientes com Crohn tem algum outro parente com DII · Base ambiental: · Maior prevalência em quem vive na cidade do que no campo → maior dx, maior poluição, alimentação diferente, mudança da microbiota · Mucosa intestinal: · Intestino delgado é o maior órgão imunológico do organismo · TGI está em contato com o meio externo, com uma grande camada de muco, microbiota (que no normal é saudável), antígenos · Rico em células imunocompetentes: células apresentadoras de antígenos e linfócitos · Mudança do padrão da microbiota: disbiose (doença) · Células T virgens: desencadeiam resposta de célula T após serem apresentadas por antígenos → aumento de leucinas e interferon-gama (resposta exacerbada T-helper) RETOCOLITE ULCERATIVA · É uma doença do reto e cólon · Afeta a mucosa superficialmente e de forma contínua · NÃO tem áreas normais entre as lesões · Nas biópsias de cólon pode haver na histologia: · Atrofia da mucosa · Depleção de células caliciformes · Abscessos de criptas ou criptites Normal: vê todos os vasos da mucosa Retocolite: erosões de forma contínua (parede um joelho esfolado) Sintomas e sinais: · Desconforto abdominal / tenesmo · Diarréia mucopiosanguinolenta · Emagrecimento (alguns casos) · Manifestações extraintestinais DOENÇA DE CROHN · Doença que pode acometer TODO o tubo digestivo · Transmural e saltatória, possui áreas normais entre as lesões · Ulceração linear ou serpiginosa (profunda) · Na biópsia: ulceração aftosa e granulomas não-caseosos (ou incompletos) Obs: clínica de crohn (diarreia baixa) e colono de crohn, mas biópsia normal = é crohn Localização: · 40% ileocecal · 30% ileíte ou jejunoileíte · 25% colite · 5% gastroduodenite Sinais e sintomas: · Diarreias geralmente altas, mas pode ser baixa (70-90%) · Dor abdominal (45-66%) · Perda de peso (65-70%) · Fístulas (⅓) → diferente de RCU · Deficiência de vitamina lipossolúveis (como anemia megaloblásticas ou mista) Achados: · Fístulas · Massa palpável (FID) · Plicomas anais gigantes O diagnóstico é mais difícil quando: · A doença acabou de começar (quadro agudo) · Uso de antibióticos (Clostridium difficile) ou AINES (podem fazer erosões no TGI) · Hospitalização ou viagem recente: diarreia do viajante · Início em idosos: neoplasia · Hx clínica com grande variação de apresentação Exames de laboratório: sangue · HMG: anemia · Ferritina: baixa, normal ou alta (falsamente) · Crohn: deficiência de B12 e vitaminas lipossolúveis (ADEK) · Proteína C reativa e VHS: elevados, mas inespecíficos · pANCA atípicos (ac citoplasmático anti-neutrófilo) no RCU e ASCA (ac anti-Saccharomyces cerevisiae) no Crohn → não auxiliam no dx de rotina Exames de laboratório: fezes · Calprotectina fecal: elevada · Proteína achada no citosol de macrófagos e neutrófilos · Estável (fezes) por até 7 dias: eleva-se nas inflamações intestinais · Melhor que PCR e VHS para avaliar inflamação intestinal · Lactoferrina fecal: elevada · Bons exames para avaliar inflamação intestinal Diagnóstico de DII: endoscopia digestiva baixa · Retossigmoidoscopia: este exame vai apenas até o sigmóide · Colonoscopia: é melhor, pois vai até o íleo terminal; avalia a real extensão da doença Pode encontrar pseudopólipos (mais comuns na RCU): Crohn: lesões profundas intercaladas por áreas normais “Cobblestone””: pedras em calçamento Exames radiológicos contrastados · Clister Opaco: enema opaco - contraste via retal · Solicitado quando a colonoscopia não pode ser realizada ou quando incompleta (não chegou no ceco · TID: contraste via oral - quando a enteroscopia ou cápsula endoscópica não puderem ser realizadas Avaliação de delgado - Crohn: Pode ser por: · Enteroscopia de duplo balão · Cápsula endoscópica EDA: Crohn · EDA avalia até a 2ª porção do duodeno! · No Crohn a EDA serve para avaliar manifestações do TGI alto (geralmente queixas dispépticas) Outros: · US e TC de abdome total: avaliação inicial de massas palpáveis / linfonodos / complicações. · RNM ou TC de pelve com fistulografia Diagnósticos diferenciais: Manifestações extraintestinais: · Taxa geral de manifestações na Doença de Crohn em 30% Na pele: eritema nodoso e pioderma gangrenoso Na articulação: · Artropatia tipo 1: grandes articulações; ocorre na exacerbação da DII e acomete <5 articulações · Artropatia Tipo 2: pequenas articulações; ocorre independe da atividade da DII e acomete >5 articulações · Artropatia Axial: sacroileíte assimétrica (simula Espondilite Anquilosante); HLA B27 em 75%. No olho: episclerite ou uveíte Na boca: estomatite aftosa ou úlceras orais No fígado: colangite esclerosante primária (mais comum na RCU) Complicações: · Megacólon tóxico: dilatação do cólon transverso > 6 cm · Adenocarcinoma de cólon Escores de gravidade e de atividade de doença: · Crohn Disease Activity Index (CDAI) · Crohn Disease Activity Index (CDAI) · Classificação de Montreal · Índice de Harvey-Bradshaw: obrigatório para renovar receita no Brasil Tratamento: · Proibidos de tomar AINE, pois pioram as DII, se necessário, usar corticoide · Manter os pacientes em remissão · Clínica, Laboratorial, Endoscópica e Histológica! · Evitar cirurgias (especialmente no Crohn) · Evitar complicações a longo prazo: neoplasia Corticóide é usado nas exacerbações (doença ativa) por curtos períodos · NÃO usar como tto de manutenção · Serve para tirar a doença de atividade e depois deve ser suspenso · Geralmente suspendemos em 8 semanas Budesonida · Rápida metabolização · Menos efeitos colaterais (baixa ação glicocorticóide) Prednisona: mais usado no Brasil Derivados do ácido 5-aminossalicílico (5-ASA): · Usado em RCU leve a moderada · Não mantém a Doença de Crohn em remissão · Doença de Crohn precisa de imunossupressor e/ou terapia biológica para ser controlada Sulfassalazina · Precisa ser metabolizada pelas bactérias do cólon · Não atua em DII do intestino delgado Mesalazina · Não precisa ser metabolizada por bactérias do cólon · Atua em DII do intestino delgado e do cólon Imunossupressores: · Mantém as Doenças Inflamatórias Intestinais em remissão! · Escolha nos casos corticodependentes ou corticoresistentes · Lembre do tempo de início de ação e dos efeitos adversos dos imunossupressores Azatioprina · 3 a 6 meses para o medicamento atingir atividade plena · Toxicidade em medula óssea (acompanhar o Hemograma) Metotrexate: hepatotoxicidade (dose cumulativa) Biológicos: · Bom para pacientes corticodependentes ou resistentes · Mantém as DII em remissão · Possui ação nas manifestações extraintestinais (Ex: pioderma gangrenoso) Ac monoclonal anti-fator de necrose tumoral alfa: infliximabe e adalimumabe Anticorpo anti-IL 12 e anti-IL 23: ustekinumab Ac monoclonal anti-integrinas: vedolizumabe Inibidor da JAK: tofacitinibe Tratamento cirúrgico: discussão em cada caso sobre a indicação image2.png image13.png image12.png image5.png image4.png image6.png image8.png image9.png image3.png image1.png image7.png image11.png image10.png image14.png