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FEBRE REUMÁTICA Introdução: · Complicação tardia autoimune decorrente de uma infecção faríngea pelo Streptococcus β-hemolítico do grupo A, mas o indivíduo deve ser predisposto geneticamente para que ocorra a febre reumática! · Frequente no Brasil: ocorrem cerca de 30.000 novos casos/ano · 15.000 podem evoluir com comprometimento cardíaco · Altos custos: 31% das cirurgias (sequelas de febre reumática) · Sequelas cardíacas · Predisposição genética + infecção causada pelo Streptococcus β-hemolítico do grupo A + condição socioeconômica + doença degenerativa autoimune · Mimetismo molecular (estruturas da bactéria simulam estruturas normais do hospedeiro) · Reação imune cruzada: linfócitos B e anticorpos/linfócitos T · Nódulos de Aschoff: evidência anatomopatológica no miocárdio → ‘’olhos de coruja’’ Quadro clínico: Febre + Artrite · Mais grave: envolvimento cardíaco Etiopatogenia: · Infecção de orofaringe pelo Streptococcus principalmente em crianças e adolescentes · 3% dos casos de faringite por Streptococcus desenvolvem febre reumática · FR vai acontecer 2 a 3 semanas após a infecção (período de latência) · Não é esperado: infecção por outros estreptococos, outras infecções que não faríngeas (sepse puerperal/pneumonia) e crianças < 4 anos de idade Diagnóstico de amigdalite/faringite estrepto · Diagnóstico diferencial: · Febre elevada, mal-estar, vômitos, hiperemia e edema da orofaringe, petéquias, exsudato purulento, linfonodos cervicais dolorosos · Diferenciar de quadros virais de tosse, rouquidão, coriza, conjuntivite Critérios de Centor: > 2 pontos → indica infecção bacteriana Tratamento: erradicação faríngea com profilaxia primária: · Penicilina Benzatina → tratamento de escolha: · Dose 600.000 UI IM para < 20 Kg · 1.200.000 UI IM > 20 Kg · Opções PenV oral, amoxicilina, ampicilina e eritromicina para alérgicos a penicilina · Dose: 20-40 mg/kg/dias de 12/12h por 10 d · Desvantagens:horário certo pra tomar (VO) Tratamento de faringites: · 37% das faringites são por Streptococcus · Reduzir a exposição antigênica · Bloqueio de propagação de cepas reumatogênicas · Prevenir complicações tardias Fator de risco: · Crianças entre 5-14 anos · Baixo risco incidência 2-4 casos/100.000 por ano países desenvolvidos · Alto risco 80/100.000 países em desenvolvimento (fatores ambientais envolvidos e pobreza) FEBRE REUMÁTICA: · A bactéria tem uma proteína que possui tropismo para os receptores desses locais: coração, articulações e SNC · Prevenção do paciente para uma evolução crônica de cardiopatia Diagnóstico: Critérios de Jones modificado 1° diagnóstico e para recidiva: · 2 critérios maiores ou 1 critério maior+2 menores · Associado a infecção por Streptococcus Maiores importantes: artrite, coreia e cardite!! Evidência de estreptococcia recente: · Cultura positiva da orofaringe para Streptococcus β-hemolítico ou grupo A → padrão ouro · ASO elevada ou outro anticorpo estreptocócico (anti-DNase) e teste rápido para antígenos do estrepto → sozinhos, sem hx, não tem valor · Escarlatina recente · DIAGNÓSTICO positivo se 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores SE acompanhados de evidências de infecção estreptocócica anterior Pontos importantes: · Ecocardiograma (para todos!) como exame mais sensível para diagnóstico de cardite subclínica do que exame físico de ausculta cardíaca · Presença de cardite e coréia são fortes indicadores de febre reumática!! CARDITE: · Manifestação mais grave · Pode ser pancardite ou envolvimento isolado dos folhetos (endocárdio é mais comum) · Primeiro insuficiência valvar → evolução crônica para estenoses valvares · Valva mitral é a mais acometida · Existe cardite subclínica! Por isso sempre solicitar ecocardiograma!! · Deixa sequelas pode evoluir com óbito · Surge nas primeiras semanas da fase aguda! Classificações: · Subclínica: exame físico normal, RX tórax normal, ECG PR prolongado, ecocardiograma alterado com insuficiência mitral/aórtica · Cardite leve: taquicardia, 1° bulha abafada, sopro sistólico AM, Rx tórax normal ECG PR prolongado, ecocardiograma regurgitação valva mitral/aórtica leve a moderada com tamanho de VE normal · Cardite moderada: taquicardia, sopro mais evidente, rx tórax leve cardiomegalia e congestão pulmonar, ECG PR prolongado, QTc prolongado, arritmias, ecocardio regurgitação valvar leve a moderada com aumento leve de VE · Cardite grave: sinais de ICC, pericardite, sopro mais importante, Rx cardiomegalia, congestão pulmonar, ECG SVE, ecocardiograma regurgitação moderada a importante das valvas mitral/aórtica, com aumento de VE Tratamento inicial – cardite: · Corticóide VO prednisona (dose máxima de 80mg/dia) · Corticóide EV em casos graves (pulsoterapia metilprednisolona semanal) · Diuréticos, inibidores da ECA, digital (tto de ICC) · Restrição hídricas · Analgésicos se queixa de dor ALTERAÇÕES ARTICULARES: · Artrite 75% (dos critérios maiores) · Auto-limitada não deixa sequelas – não erosiva · Grandes articulações · Assimétrica e migratória · Edema da articulação ou dor com limitação de movimento Tratamento da artrite: · AINE, AAS 80-100 mg/kg/dia (máximo de 3g/dia) 2 semanas e depois esquema de retirada mais 4 semanas · Naproxeno 20-30 mg/kg/dia · Melhora dos sintomas em 24-48 horas CORÉIA (SNC): · Principalmente em crianças e adolescentes do sexo feminino 5-36%, manifestação tardia (3 a 6 meses). É autolimitado e não deixa sequelas · Pode ser mudanças de comportamento · Movimentos involuntários incoordenados que desaparecem no sono aumentam com estresse · Dura 2-3 meses até 1 ano Tratamento da coréia: · Haloperidol 1 mg/dia aumento progressivo até 5 mg/dia. Em casos mais graves pode associar com fenobarbital ou carbamazepina NÓDULOS SUBCUTÂNEOS: · Áreas de proeminência · 2-5% (raros), associado à cardite grave · Nódulos múltiplos arredondados de 0,5-2 cm indolores sem sinais de inflamação, principalmente em áreas extensoras · Ocorre sobre tendões, proeminências ósseas e couro cabeludo ERITEMA MARGINATUM: · Raro: 1-3% pacientes · Lesões eritematosas com bordas nítidas irregulares ou arredondadas, centro claro · Sem prurido, indolor ou ardência · Caráter serpiginoso, tronco e região proximal · Associado a cardite TRATAMENTO DA FEBRE REUMÁTICA: · Erradicar Streptococcus · Controle alterações inflamatórias e cicatriciais · Controle dos sintomas · Tratamento de complicações Profilaxia secundária das complicações e recidivas: · Penicilina Benzatina de 21 em 21 dias: · Até 21 anos de idade ou até 5 anos após o último surto nos pacientes sem doença cardíaca · Até 25 anos ou 10 anos após o último surto com cardite prévia, insuficiência mitral residual ou resolução da lesão valvar, mais leves · Até a 40 anos ou toda a vida para pacientes com lesão moderada/grave · Pacientes pós-operatórios valvares a profilaxia deve ser para vida toda Pode ser também com: · Penicilina Benzatina 600.000 UI (até 20kg) a 1.200.000 UI (> 20 kg) IM de 21/21 dias · Sulfadiazina 500mg/dia (até 30kg) e 1000mg/dia (> 30kg) VO todos os dias - problema é adesão · Eritromicina 250 mg/dia de 12/12 horas para alérgicos · Vacina: ainda em desenvolvimento!! Aguarda liberação da ANVISA para teste em seres humanos · Principal: tratar corretamente das faringoamigdalites e certificar-se que os responsáveis farão o tratamento certo image1.png image2.png