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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso MBA Gestão Hospitalar Disciplina Auditoria Hospitalar Tema A Conta Hospitalar Professora Joy Ganem Longhi Introdução Nesse tema, vamos conhecer a composição da conta hospitalar, reconhecendo as diferentes formas para sua apresentação e identificando as condutas gerais para a realização da análise de contas. A professora Joy preparou uma videoaula inicial sobre esses assuntos, você pode acompanhá-la acessando o material on-line. Bons estudos! Problematização As contas hospitalares necessitam ser pagas e você, como operador do plano de saúde, deverá confirmar se está tudo correto com as cobranças! Ao chegar à operadora de saúde, para auditoria e faturamento, constam nas faturas as diárias, medicamentos, materiais hospitalares, taxas diversas (administrativas, uso de equipamentos), alimentação do paciente e de seu acompanhante, produtos de higiene pessoal, como sabonete, xampu, creme hidratante e pente fino, gasoterapia, honorários médicos, exames laboratoriais e de imagem. O que você faria com essa cobrança? Não responda agora! Faça seus estudos e ao final do tema você terá mais embasamento para escolher uma das alternativas apresentadas. Conta hospitalar A partir da crescente preocupação de organizações pagadoras de serviços de saúde com a otimização de recursos financeiros aplicados, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 estabeleceu-se uma nova atividade para esses profissionais, a auditoria de contas médicas hospitalares. O método da auditoria das contas hospitalares trata-se de um processo minucioso, em que se verificam os seguintes aspectos: diagnóstico médico, procedimentos realizados, exames, laudos, materiais, medicamentos conforme descrito na prescrição médica, relatórios da equipe multidisciplinar, padrões das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), procedimentos realizados, coberturas contratuais, normas, contratos vigentes, entre outros. A remuneração dos serviços hospitalares processa-se pela conta hospitalar, que é um instrumento utilizado pelas instituições hospitalares, públicas ou privadas, para a cobrança dos serviços prestados ao cliente. Nela descreve-se com detalhes, com base no prontuário do paciente, os procedimentos médicos, de enfermagem, medicamentos, material hospitalar, SADT e outros gastos inerentes à permanência do paciente no leito. A conta hospitalar é descrita pelo levantamento de todos os procedimentos médicos realizados pelo paciente durante o período de internação hospitalar. A cobrança de procedimentos médicos pode ser efetuada por qualquer prestador de serviços médicos que seja credenciado pela operadora de planos de saúde. Isso inclui os prestadores físicos (médicos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros), desde que contratados pela operadora, e prestadores jurídicos (hospitais, clínicas e laboratórios). Tipos de contas hospitalares Podemos dividi-las em dois tipos: Conta hospitalar desmembrada: o prestador de serviço deve enviar as cobranças de cada procedimento realizado separadamente. Conta hospitalar compactada: o prestador de serviço envia todas as cobranças dos procedimentos médicos realizados e demais gastos durante o período de internação. Na cobrança hospitalar estão CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 relacionados os materiais e medicamentos gerais, as diárias, as taxas, SADT e honorários. Desse modo, o hospital recebe os valores dos serviços prestados e repassa aos que são de direito (MOTTA, 2004). Composição da conta hospitalar Cabeçalho Deverá conter a identificação do local de atendimento, do paciente, do médico assistente e do procedimento realizado. Diária hospitalar É a permanência de um paciente por um período indivisível de até 24 horas em uma instituição hospitalar, ou 12 horas, tratando-se de um hospital dia (MOTTA, 2004). A primeira diária é indivisível e inicia-se no momento da internação do paciente (SARAIVA, 2006), seu valor é determinado considerando todos os custos diretos e indiretos gerados por essa internação hospitalar. Para a composição e cobrança da diária, deverá ser considerado o tipo de acomodação (apartamento simples, de luxo, standard, suíte, berçário, berçário patológico, enfermaria, hospital-dia, isolamento, quarto coletivo, quarto privativo, unidade de terapia intensiva, unidade de terapia semi-intensiva, alojamento conjunto), assim como os serviços e produtos utilizados pelos pacientes, como descritos abaixo: Leito próprio. Troca de roupa de cama e banho do paciente e acompanhante (quando aplicável). Cuidados e materiais de uso na higiene e desinfecção ambiental. Dieta do paciente de acordo com a prescrição médica, exceto dietas especiais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Cuidados de enfermagem. Taxas administrativas. No caso de diárias hospitalares para as unidades de terapia intensiva e semi-intensiva, além dos elementos acima elencados, a definição incluiria: Monitor cardíaco. Oxímetro de pulso. Desfibrilador ou cardioversor. Nebulizador. Aspirador a vácuo (exceto o de aspiração contínua). Incubadora ou berço aquecido quanto tratar-se de UTI, ou UTSI neonatal. Bomba de infusão, quando tratar-se de UTI ou UTSI neonatal. É preciso saber bem esses elementos que compõem uma diária, por isso acompanhe a mais uma videoaula da professora Joy, disponível no material on-line. Não estarão contemplados nas diárias, devendo ser faturados separadamente quando utilizados: Alimentação do acompanhante (exceto café da manhã), serviços extras de copa e lanchonete. Tais itens são cobrados diretamente do paciente. Telefonemas. Item cobrado diretamente do paciente. Uso de aparelhos como televisão e geladeira. Tais itens são cobrados diretamente do paciente. Fraldas descartáveis e absorventes higiênicos, considerados produtos de higiene pessoal. Tais itens são cobrados diretamente do paciente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Gases medicinais. Materiais descartáveis e medicamentos. Sangue e derivados. Leites especiais prescritos por pediatra. Dietas enterais. Utilização de equipamentos e instrumental cirúrgico, exceto aqueles incluídos nas composições de taxas especiais (UTI e UTSI). Taxas Em geral, as taxas referem-se à remuneração de um investimento feito pelo prestador para um adequado atendimento. Em seu cálculo, deve-se levar em consideração o investimento, ou seja, o valor da aquisição, o valor da depreciação, a vida útil do objeto de investimento e o custo de sua manutenção (MORAIS, 2014). A seguir conheça a definição das taxas relativas a serviços de saúde em geral: Taxas por serviços de saúde propriamente ditos: aplicação de medicamentos injetáveis e de quimioterápicos, entre outros. Taxas de localização: uso de salas ambulatoriais, atendimentos em pronto-socorro, ou pronto-atendimento, sala de cirurgia, obstetrícia, entre outras. o A taxa de sala cirúrgica, independentemente do porte da sala, considera todos os custos relativos ao local, mesa operatória, rouparia, serviço de enfermagem do procedimento, assepsia e antissepsia (para a equipe e para o paciente), iluminação, controle de sinais vitais, instrumental, equipamentos de anestesia, respirador, monitor cardíaco, aspirador elétrico, ou à vácuo, cardioversor, instrumental básico para cirurgia,hamper; taxa de instalação do oxigênio e locomoção do paciente (FURLAN, 1999). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Taxas administrativas: registros, prontuários etc. Taxas de uso de equipamentos: para o cálculo dessa taxa, deve-se levar em consideração o valor do equipamento, os gastos com a manutenção, a depreciação do bem, a remuneração do operador, a utilização do espaço físico, energia elétrica, a margem de lucro, entre outros itens (SARAIVA, 2006). Taxas de gasoterapia: oxigênio, ar comprimido, vácuo, entre outros. Taxas financeiras: acordo por percentuais sobre serviços e produtos, multas por atraso, entre outros. Honorários médicos Correspondem aos valores pagos aos médicos pelos procedimentos realizados, de um modo uniforme para todas as especialidades. É representado pelo coeficiente de honorários (CH), tendo o valor estipulado pela AMB, sendo utilizado em várias instituições prestadoras de serviço de saúde e operadoras de planos de saúde como referência. Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico – SADT Todos os serviços realizados ao paciente devem vir cobrados na conta hospitalar com a descrição de quantidade e o valor estabelecido para sua realização. A cobrança deve ser compatível com o descrito em prontuário médico. Materiais e medicamentos Esses produtos devem estar discriminados na conta hospitalar com suas respectivas quantidades e preços. Devem ser compatíveis com a prescrição médica e checagem da enfermagem no prontuário do paciente (MOTTA, 2004) Esses itens representam significativa margem de comercialização, sendo, portanto, os responsáveis por sustentar os prestadores de serviço. Deve-se levar em consideração que grande parte das negociações são CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 realizadas com referência nos valores da Brasíndice e do Simpro, de modo que os preços são ajustados sem negociação com as operadoras. Órteses, Próteses e Materiais Especiais - OPME Dentre os diversos materiais utilizados na área hospitalar, cada vez mais, o OPME vem assumindo maior importância econômica nas contas dessas instituições. A Resolução Normativa – RN 262/2012, define: Prótese: é entendida como qualquer material permanente ou transitório que substitua total ou parcialmente um membro, órgão ou tecido. Órtese: é entendida como qualquer material permanente ou transitório que auxilie as funções de um membro, órgão ou tecido. Não são considerados como ato cirúrgico aqueles materiais cuja colocação, ou remoção, não precisam de ato cirúrgico. Algumas resoluções/pareceres que regem os assuntos relacionados à OPME podem ser visualizadas nos seguintes documentos: Parecer CFM nº 016/2008 – expõem os motivos que fundamentam critérios para solicitação de OPME. Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA nº 156/2006 – dispõe sobre o registro, rotulagem e reprocessamentos de produtos médicos. Resolução ANVISA – RE nº2605/2006 – estabelece a lista de produtos médicos enquadrados como de uso único, proibidos de serem reprocessados. A cobertura de OPME pauta-se diretamente no procedimento a ser realizado, cabendo ao auditor a autorização ou não da utilização do material solicitado. Os motivos principais para a não autorização de OPME são: produto não relacionado ao procedimento cirúrgico, ou com fins estéticos (GEAP, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 2009). Baseado no Código de Defesa do Consumidor é direito do beneficiário exigir que lhes sejam fornecidos os materiais adequados, não sendo permitido que ele, ou seu médico, exijam a marca do fornecedor de OPME para cirurgias de qualquer tipo (PEREIRA, 2011). Além disso, em outubro de 2010, foi publicada pelo Conselho Federal de Medicina a Resolução nº 1.956/2010, que proibiu a indicação das marcas de próteses pelos médicos. As operadoras de saúde têm como rotina o controle dos OPME com várias modalidades, a citar: Analisar a requisição do uso de OPME previamente à internação e discutir com o médico solicitante, alternativas menos onerosas, sem prejuízo ao paciente. Negociar os valores de materiais e taxas de comercialização mais baixas com os hospitais. Comprar esses materiais dos fornecedores, com negociações por demanda, disponibilizando-os para cirurgia sem a interferência do hospital. Estabelecer negociação com fornecedores, com custos mais baixos em troca de volume. Comprar os materiais através de portais de cotação e concorrência. Remunerar cirurgias por pacote, com custo do OPME incluso no valor. Estabelecer protocolos de autorização baseados em guidelines já aprovadas pela sociedade e precificar os materiais negociando previamente com o prestador de serviços. Convidar os pacientes a se submeterem a consulta de segunda opinião. Produtos não remunerados pelas Operadoras de Planos Saúde Para a Saúde Suplementar, as exclusões contratuais legais para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 cobertura estão previstas no art. 10º da Lei 9.656/98. Seguem algumas das situações em que pode haver exclusão contratual: I. tratamento clínico ou cirúrgico experimental; II. procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos, bem como órteses e próteses para o mesmo fim; III. inseminação artificial; IV. tratamento de rejuvenescimento ou de emagrecimento com finalidade estética; V. fornecimento de medicamentos importados não nacionalizados; VI. fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar; VII. fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não ligados ao ato cirúrgico; VIII. tratamentos ilícitos ou antiéticos, assim definidos sob aspecto médico, ou não reconhecidos pelas autoridades competentes. Tratamento clínico ou cirúrgico experimental Entende-se por tratamento experimental: Aquele que emprega medicamentos, produtos para a saúde ou técnicas não registradas/regularizadas no país. Aquele que for considerado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ou Conselho Federal de Odontologia como experimental. Aquele que não possui indicações descritas na bula/manual registrada na ANVISA. Produtos importados sem registro no Ministério da Saúde Por vezes, as operadoras se deparam com solicitações de medicamentos importados, não regulamentados pelo Ministério da Saúde. Cabe ressaltar o que a Lei 6.360 de 23 de setembro de 1976, a qual dispõe a Vigilância Sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos, cosméticos, saneantes e outros produtos, cita em seus CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 artigos: Art. 1º - Ficam sujeitos às normas de vigilância sanitária, instituídas por essa Lei os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, definidos na Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, bem como os produtos de higiene, os cosméticos, perfumes, saneantes domissanitários, produtos destinados à correção estética e outros adiante definidos. Art. 2º - Somente poderão extrair, produzir, fabricar, transformar, sintetizar, purificar, fracionar, embalar, reembalar, importar, exportar, armazenar ou expedir os produtos de que trata o Art. 1º as empresas para tal fim autorizadas pelo Ministério da Saúde e cujos estabelecimentos hajam sido licenciados pelo órgão sanitário das Unidades Federativas em que se localizem. Art. 10º - É vedada a importação de medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos e demais produtos de que trata essa Lei, para fins industriais e comerciais, sem prévia e expressa manifestação favoráveldo Ministério da Saúde. Art. 12º - Nenhum dos produtos de que trata essa Lei, inclusive os importados, poderá ser industrializado, exposto à venda ou entregue ao consumo antes de registrado no Ministério da Saúde. Desse modo, sendo o atendimento, tratamento e saúde do beneficiário corresponsabilidade entre médico, prestador de serviço e operadora de plano de saúde, subentende-se que a liberação desses medicamentos é ilícita e que qualquer demanda judicial deverá incorrer sobre todos aqueles que realizarem as atividades supracitadas. Por outro lado, cada vez mais verificamos liminares judiciais liberando produtos importados, em especial medicamentos oncológicos para utilização no Brasil. Com intuito de se certificar de que essa importação ocorreu de modo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 regular, a operadora poderá solicitar todos os documentos que comprovem essas práticas, que são citados na Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 81/2008 e estão relacionados abaixo: Invoice e recibo de logística (recibo das atividades realizadas – transporte aéreo e/ou portuário, acondicionamento, entre outros). Petição para Fiscalização e Liberação Sanitária de que trata o subitem 1.2. do Capítulo II. Guia de Recolhimento da União - GRU -, da Secretaria do Tesouro Nacional, conforme disposto na legislação sanitária pertinente. Autorização de acesso para inspeção física, na forma da legislação fazendária. Além disso, diversos produtos também são pontos de divergência entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviço. Relacionamos alguns deles a seguir. Materiais reprocessados Os produtos médicos podem ser considerados itens reutilizáveis ou de uso único. Os artigos reutilizáveis, de uso múltiplo, são bem duráveis e para sua reutilização faz-se o reprocessamento, que inclui limpeza, desinfecção ou esterilização. No entanto, também é comum a reutilização de artigos de uso único, ou descartáveis, em todo o mundo (COSTA & COSTA, 2011). Em 2006, a ANVISA editou a RDC nº 156, que dispõe sobre o registro, rotulagem e reprocessamento de produtos médicos. Existe também a Resolução Especial - RE nº 2.605 -, que estabelece uma relação de 66 produtos com reprocessamento proibido no país, e a RE nº 2.0606, que define as diretrizes para a elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos. De posse dessa resolução, grande parte das operadoras dos planos de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 saúde remuneram como materiais descartáveis apenas os citados na RE 2.605, uma vez que, conforme citado, é prática mundial o reprocessamento de produtos descartáveis, e não existe embasamento legal para que essa prática seja evitada. Os materiais reprocessados são remunerados por taxas, levando em consideração o valor do produto, depreciação, previsão do número de reprocessamentos, entre outros fatores. Equipamentos de Proteção Individual - EPIs A Norma Regulamentadora 32 (NR32), publicada em 16 de novembro de 2005, tem por finalidade estabelecer diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividade de promoção e assistência à saúde em geral. Assim, com a NR 32 é possível identificar quais EPIs devem ser utilizados para cada risco apresentado em ambientes hospitalares. Pode ser risco químico, biológico, risco de radiações ionizantes, entre outros. Sendo a norma escrita para a proteção de trabalhadores, muitas operadoras consideram que os equipamentos de segurança são de responsabilidade do empregador, sendo esses descartáveis ou permanentes (como luvas, máscaras, óculos de proteção, aventais, entre outros). Desse modo, os valores relacionados a esses produtos deverão estar inclusos nas taxas e diárias. Da mesma forma, podem ser relacionados os materiais com dispositivos de segurança. Criados para atender a NR 32, a qual cita: “Deve ser assegurado o uso de materiais perfuro-cortantes com dispositivo de segurança”. Desse modo, as operadoras compreendem não ser ônus próprio a remuneração desse produto. No entanto, considerando a necessidade de manter o pagamento por produtos que são de necessidade do paciente, as operadoras e prestadores estão negociando valores a fim de que nenhuma das CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 partes sofra danos ou prejuízos. Vídeo complementar que elucida que a NR 32 foi determinada para a segurança do profissional de saúde: http://www.youtube.com/watch?v=XmcVYf6DnDg Novas tecnologias Diariamente, os laboratórios de medicamentos e as empresas de materiais hospitalares (incluindo materiais comuns, órteses, próteses e materiais especiais), lançam novidades no mercado. Essas estão associadas a novos produtos, melhorias de produtos ou novos protocolos de tratamento. Sabe-se que com o intuito financeiro, o trabalho para a inserção desses novos produtos no consumo hospitalar é bastante grande. No entanto, sabe-se também que toda nova tecnologia apresenta-se com valor superior ao valor da tecnologia já utilizada. Além disso, apesar do marketing realizado sobre esses produtos, pode-se afirmar que nem sempre essas tecnologias são de qualidade, resultado superior ou segurança comprovada. A exemplo, podem ser citados os inúmeros recalls e descontinuidades de medicamentos, após larga escala de utilização e consequente aumento dos registros relacionados à insegurança. Ou seja, ainda que novas tecnologias tenham produzido mudanças no estado de saúde de muitas populações, é importante reconhecer que muitas dessas mudanças têm um custo muito elevado em relação aos benefícios produzidos. Muitas dessas tecnologias são introduzidas pela medicina de benefício marginal e têm riscos que necessitam ser considerados nas decisões (AQUINO, 1980). Desse modo, a fim de manter a sustentabilidade das operadoras de planos de saúde, evitar gastos desnecessários, desperdícios e proporcionar a segurança dos pacientes, essas tecnologias não devem ser incorporadas aos itens disponíveis para remuneração de forma aleatória. A incorporação de tecnologias requer avaliação da relação custo- CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 benefício e permanente vigilância de sua utilização, da ocorrência de eventos adversos, bem como de estratégias continuadas para promover o uso racional (COSTA & COSTA, 2011). Pereira (2011) afirma que para a incorporação de uma nova tecnologia à rotina, deve-se: Certificar-se de que tal medicamento, equipamento ou material tem seu registro devidamente atualizado junto aos órgãos públicos responsáveis (ANVISA) e que esse registro está de acordo com a utilização pretendida. Conhecer o risco que o aparelho, técnica, exame ou medicamento pode apresentar ao paciente se mal empregado. Conhecer a eficácia, a efetividade do produto e os benefícios assegurados ao cliente. Analisar o custo x os benefícios, baseando-se em evidências científicas. Material de higiene pessoal Durante o internamento, o paciente necessitará de material para sua higiene pessoal, como sabonete, xampu, hidratante, cremes dentais, entre outros. Esses produtos de modo geral não são remunerados pelas operadoras de saúde nem pelo prestador de serviço. Quando solicitado pelo paciente, esses produtos podem ser fornecidos pelos hospitais, os quais os cobram em uma conta particular. Na próxima videoaula, disponível on-line, a professora Joy comenta mais sobre esses itensque não são remunerados pelas operadoras de planos de saúde. Condutas gerais para a realização da análise de contas Para a análise de contas, compete aos auditores: Praticar o exercício da profissão de Auditor, conforme legislação específica e vigente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Conhecer os contratos firmados entre a operadora de planos de saúde e o prestador de serviço. Fazer uma análise geral da conta: verificar diagnóstico, período de internação, tratamento, exames solicitados, autorização para procedimentos e materiais específicos. Analisar as prescrições médicas dos exames laboratoriais e de outros exames diagnósticos, bem como seus resultados. Verificar se a quantidade de materiais e medicamentos cobrada é compatível com a prescrita e checada no prontuário do paciente. Verificar os valores praticados na cobrança dos materiais e medicamentos em relação aos preços acordados mediante acertos contratuais e tabelas. Analisar e responder aos recursos de glosas. Conferências de contas médico hospitalares Os documentos essenciais para a avaliação da auditoria da operadora são: guia de solicitação de internação e prorrogação, nota de sala, conta corpo da relação de materiais e medicamentos, diárias e taxas, prescrições médicas e evoluções de enfermagem. Auditoria de enfermagem e a conta hospitalar A auditoria de enfermagem pode atuar em diversas áreas da organização, porém, a auditoria de contas médicas, caracterizada pela cobrança de procedimentos médicos realizados, assim como materiais e medicamentos utilizados, descritos no prontuário do paciente, constitui a prática mais utilizada pelas organizações hospitalares, principalmente na esfera privada (BORGES, et al., 2012). O auditor de enfermagem na instituição hospitalar verifica se os materiais e medicamentos estão cobrados corretamente, se todas as medicações e cuidados estão checados, entre outros aspectos, que se não CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 analisados podem gerar glosas. Quando encontra alguma pendência, o auditor aponta para a equipe assistencial, com o intuito de solucionar o problema (CAETANO & LOPES, 2013). Revendo a problematização Agora que você estudou mais sobre a conta hospitalar, vamos voltar à questão apresentada no início deste tema? Se for necessário releia o problema e escolha uma entre as alternativas a seguir, de acordo com o que você julgar mais adequado. a. Não questionaria os itens cobrados, afinal se o paciente utilizou é porque necessita. No entanto, avaliaria quantidades e valores praticados. b. Acataria o pagamento dos itens cobrados, questionando apenas o uso de produtos de higiene pessoal, afinal, esses são trazidos pelo paciente de casa, conforme suas necessidades e preferências. Além disso, avaliaria os valores de todos os produtos cobrados para confirmação de que estão sendo praticados conforme acordados. c. Avaliaria item a item, verificando indicação de uso, quantidade utilizada e preço. Além disso, alguns itens facilmente seriam glosados como: equipamento de proteção individual, refeições do acompanhante e produtos de higiene pessoal. Feedbacks disponíveis no material on-line. Síntese Nesse tema você estudou sobre um dos principais instrumentos de trabalho do auditor: a conta hospitalar. Verificam-se os itens que devem constar obrigatoriamente, como diária hospitalar, taxas, materiais, medicamentos, OPME, quando utilizados, gasoterapia, entre outros. Também foram citados os itens que são excluídos, com respaldo da ANS, como tratamentos estéticos e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 medicamentos importados e produtos que ainda causam divergências, como: materiais com dispositivo de segurança e materiais descartáveis. Sendo assim, retornamos ao tema anterior para reafirmar a necessidade de contratos bem elaborados entre as partes, a fim de reduzir as divergências no momento da auditoria da conta hospitalar. Referências AQUINO, C. B. Administração de recursos humanos: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1980. BORGES, R. M.; CAMELO, G. R.; PALADINI, E. P.; SOUZA, R. T. M.; COSTA, V. T. A gestão por processo para a melhoria da qualidade dos serviços: O caso de um hospital. XXXII Encontro Nacional de Engenharia da Produção. Bento Gonçalves: 2012. CAETANO, J. P. M.; LOPES, M. L. S. Auditoria de enfermagem na instituição hospitalar: Revisão bibliográfica sobre as potencialidades de sua atuação. Terra e Cultura, 56, p. 23-32, 2013. COSTA, E. A. M.; COSTA, E. A. Reprocessamento de produtos médicos: da política regulatória à prática operacional. Ciências e Saúde Coletiva, 16(12), 4787-4794, 2011. FURLAN, J. C. Conta hospitalar: Análise crítica das definições de diária e taxa de sala cirúrgica. Dissertação. 158f. FGV, 1999. GEAP. Normas técnicas de órtese, próteses e materiais especiais. Brasília: Direção executiva GEAP, 2009. KOBUS, L. S. G.; DIAS, J. S. Dados essenciais para auditoria de contas médicas hospitalares: experiência em Curitiba, PR. Monografia, 2009, 45f. MORAIS, M. V. Auditoria em saúde. São Paulo: Saraiva, 2014. MOTTA, A. L. C. Auditoria de enfermagem nos hospitais e operadoras de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 planos de saúde. São Paulo: Editora Iátria, 2004. PEREIRA, M. Utilização de órteses, próteses e materiais especiais – OPME em operadoras de planos de saúde suplementar. Trabalho de Conclusão de Curso, 47f. Anhanguera-Uniderp. São Paulo, 2011. SARAIVA, M. C. Investigação da mensuração de custos na formação dos preços dos serviços hospitalares – Um foco na diária hospitalar. Programa multi-institucional e inter-regional de pós-graduação em ciências contábeis – UnB/UFPB/UFPE/UFRN. Dissertação. Natal, 2006. Atividades Avalie os seguintes dados obtidos na consulta de produtos da Anvisa: Detalhe do produto: KADCYLA Nome da empresa: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. CNPJ: 33.009.945/0001-23 Autorização: 10010004 Princípio ativo: Trastuzumabe Categoria: Antineoplásico Registro: 101000659 Processo: 25351.005315/2013-83 Vencimento do registro: 01/2019 Apresentação ativa: 100 MG PO LIOF SOL INJ CT FA VD TRANS Forma física: Pó Liófilo para Solução Injetável Local de fabricação: DSM PHARMACEUTICALS INC. - Estados Unidos LONZA LTD. – Suíça GENETECH Inc. – Estados Unidos F. HOFFMANN-LA ROCHE LTD. - Suíça Podemos afirmar que: a. Por se tratar de um produto importado, produzido nos E.U.A. ou na CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Suíça, não pode ser comercializado no Brasil. b. Não pode ser negado pela operadora de saúde por se tratar de um medicamento oncológico. c. É um medicamento irregular, pois possui registro no Brasil, no entanto, não é fabricado no país. d. É um medicamento regular no Ministério da Saúde, podendo ser comercializado e liberado pelas operadoras de saúde. Em relação ao período da diária hospitalar, podemos afirmar: a. Pode ser considerado 24h em pacientes internados, 12h para hospitais- dia e 6h para pronto-atendimentos. b. Pode ser considerado 24h em pacientes internados, 12h para hospitais- dia. Sendo a primeira diária indivisível e o período que essa compreende estabelecido pelo próprio hospital. c. Pode ser fracionada em períodos de 6h, desde que o primeiro período utilizado tenha um mínimo de 12h. d. A diária hospitalar de pronto-atendimento só poderá ser utilizada caso paciente permaneça por um período mínimo de 12h. Aindaem relação às diárias hospitalares podemos afirmar: a. O prestador deverá fixar com a operadora de saúde uma única taxa, a fim de facilitar o faturamento das contas e sua auditoria. b. As diárias são diferenciadas de acordo com a idade do paciente atendido. c. A diária hospitalar possui diferenciações de acordo com as acomodações e tipos de serviços prestados, como por exemplo: Suíte, enfermaria e UTI. d. UTIs pediátrica, cardíaca e geral para adultos devem ter a mesma taxa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 As órteses, próteses e materiais especiais, de modo geral apresentam um alto custo para as operadoras de saúde e por isso: a. Necessitam de autorização prévia à realização do procedimento que indique seu uso, sendo que a operadora poderá intervir na indicação dessa, assim como de seu fornecedor, não cabendo ao médico ou paciente a escolha da marca. b. Necessitam de autorização prévia, no entanto, cabe ao médico e paciente, em consenso, definir a marca a ser utilizada. c. Necessitam de autorização prévia, no entanto, cabe apenas ao médico assistente a escolha da marca, uma vez que esse detém o conhecimento sobre a técnica a ser realizada. d. Não necessitam de autorização prévia, uma vez que sua indicação é bastante restrita. No entanto, a auditoria hospitalar, verificando erro de conduta ou fraude, poderá punir o prestador de serviço até com seu descredenciamento. Qual desses materiais você, como auditor, acataria na conta hospitalar, mesmo que considerado como um produto de higiene pessoal? a. Hidratante de pele para pacientes acamados. b. Xampu para piolho. c. Sabonete escabicida. d. Fralda descartável para avaliação de balanço hídrico em bebês. Os feedbacks para cada atividade estão disponíveis no material on-line.
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