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CLASSIFICAÇÃO, FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA DIABETES Diabetes significa “urinar bastante” Diabetes é a doença crônica que ocorre quando o pâncreas não produz a quantidade adequada de insulina ou quando o corpo não consegue efetivamente utilizar a insulina produzida. Isso determina hiperglicemia que, com o passar do tempo, causa alterações cardíacas, em vasos, olhos, rins e nervos Brasil ocupa a 6a posição no ranking mundial Estudo ELSA → alterações no metabolismo de carboidratos com o passar da idade → relação da diabetes com o envelhecimento Classificação do DM: 1997 - Comitê Internacional (ADA) · DM 1 · DM 2 · Outros tipos específicos · DM gestacional DIABETES TIPO 1: Imunomediado 90% (anticorpo conhecido e identificado) Idiopático 10% (não detecta anticorpo) Maior incidência em países nórdicos (Finlândia, Suécia e Noruega) Menor incidência na China Brasil 10:100000 (média incidência) Obs: usa insulina desde o início Picos de incidência: pré-escola e puberdade Hx familiar: · Mãe com DM 1 = 3% de risco · Pai com DM 1 = 6% de risco · 30-50% em gêmeos idênticos na DM1 Marcadores de DNA: HLA, DR3 e DR4 alto risco DR2 menor risco de ter DM 1 Autoimunidade: Produção de auto-anticorpo · ICA (anticorpo anti-ilhota) · IAA (anticorpo anti-insulina) · GAD (anticorpo anti-ácido glutâmico descarboxilase) · IA2 (anticorpo anti-tirosina fosfatase) Obs: Anti-GAD mais sensível Fatores ambientais: · Gêmeos monozigóticos têm 30 a 50% de concordância · Apenas 10-15% dos pacientes recém dx tem pais ou parentes de 1° grau com DM 1 · Principais: infecções → rubéola … · Com a COVID, aumentou-se os casos de DM 1 História natural da DM 1: · Predisposição genética · Sofre um gatilho que gera um processo auto imunidade (auto anticorpos: ICA, IAA, GAD, IA2) · Esses anticorpos irão fazer uma ‘insuline” → massa de células beta começa a reduzir → perde-se a primeira fase de secreção de insulina · Ou seja, a quantidade de insulina que tinha de reserva não tem mais · Desenvolve-se uma intolerância à glicose (não tem sintomas) → quadro de diabetes DIABETES TIPO 2: 90% dos casos de DM Adultos acima de 40 anos e acima do peso (lembrar da circunferência abdominal) Risco numa irmandade: · Irmão gêmeo idêntico afetado: 100% de risco de desenvolver DM tipo 2 · Demais irmãos não-gêmeos: 30-40% · Genética complexa e mal definida Vê-se atualmente uma epidemia da obesidade Fatores que levam à hiperglicemia: · Redução do efeito incretínico · Aumento na lipólise · Alteração na reabsorção de glicose · Redução na captação de glicose · Disfunção neurotransmissora · Aumento PHG · Secreção de glucagon aumentada nas células alfa-pancreáticas · Secreção de insulina deteriorada nas células beta-pancreáticas Evolução do DM 2: célula beta começa a entrar em exaustão e começa a diminuir a produção de insulina Outros tipos específicos: defeitos genéticos da função da célula beta e formas monogênicas Tipos especiais: MODY: · Maturity Onset Diabetes of the Young · Herança autossômica dominante · Instalação precoce da hiperglicemia · Alteração na secreção da insulina LADA: · DM auto-imune · Evolução lenta · Adultos (diferente da DM 1) · Magros · Associação com outras doenças auto-imune (como na DM 1) DIABETES GESTACIONAL: Diabetes por alterações durante a gestação Placenta libera hormônio hiperglicemiante e enzimas placentárias que degradam à insulina, criando uma resistência à insulina Tendência a desaparecer após o parto SINTOMATOLOGIA DA DIABETES: Sintomas principais: poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso Outros sintomas: fraqueza, sonolência, câimbras, formigamento e dormência nas mãos Além de disfunção sexual Estudo Berlin: · 25% dos diabéticos são sintomáticos · 75% dos diabéticos são dx em exames de rotina Rastreamento de DM: · Idade acima de 45 anos (universal) · Antes se sobrepeso ou obesidade + um fator de risco dentre os seguintes: · Hx familiar de DM2 em parentes de 1° grau · Etnias de alto risco (afro-descendentes, hispânicos ou indígenas) · Hx familiar de doença cardiovascular · Hipertensão familiar · HDL menor que 35 · Triglicérides maior que 250 · Síndrome dos ovários policísticos · Sedentarismo · Presença de acantose nigricans · Pacientes com pré-DM · Hx de diabetes gestacional · Indivíduos com HIV FINDRISC: questionar para predizer o risco nos próximos 10 anos de desenvolver DM Diagnóstico do DM (ADA): PROVA 1. Glicemia em jejum > ou = 126 mg/dL 2. Hemoglobina glicada > ou = 6,5% (método padronizado NGSP) 3. Glicose 2 horas após sobrecarga de 75g de glicose > ou = 200 mg/dL 4. Glicemia ao acaso > ou = 200 mg/dL com sintomas clássicos Obs: apenas o critério 4 não necessita ser repetido O TOTG é mais específico Formas de pré-diabetes: · Pré-diabetes é apenas 1 exame alterado Quando o paciente possui a glicemia de jejum entre 100 a 125, chama-se glicemia de jejum alterada Se TOTG entre 140 a 199, é tolerância à glicose diminuída ou intolerância à glicose → RCV aumentado HbA1c entre 5,7 e 6,4 é hemoglobina glicada alterada Considerações: · O exame recomendado pela ADA para dx de DM é a glicemia de jejum · Pacientes com glicemia de jejum alterada (100-126) devem ter a investigação complementada com a curva glicêmica (ingesta de 75 g de glicose) · Pacientes com DM 1 habitualmente apresentam-se ao dz com glicemias muito elevadas, muitos sintomas e quadro de cetoacidose diabética