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Gastroenterologia, Tratado_240519_221630 (1) (1)

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de manutenção e prevenção de recidivas com pantopra- 
zol (20 mg/dia) e esomeprazol (20 mg/dia) não mostrou 
diferenças entre os resultados de eficácia e tolerância em 
pacientes com DRGE erosiva previamente cicatrizada, 
independentemente da presença ou não de Helicobacter 
pylori.39
 
Tendo em vista que é necessária a ativação das 
bombas protônicas pelos alimentos para a estimulação 
da produção de ácido clorídrico, é recomendável a ad- 
ministração do IBP em jejum, 30 a 60 minutos antes 
da ingestão alimentar. Determinados pacientes hiper- 
secretores podem necessitar de dose dobrada do IBP 
para alívio dos sintomas ou cicatrização da esofagite. 
Os eventos adversos mais comuns dos IBP são: 
cefaleia, diarreia, constipação e dor abdominal. 
Atenção especial deve ser dada ao uso dos IBP du- 
rante a gravidez, uma vez que, nessa condição, o 
omeprazol está enquadrado na categoria C e os ou- 
tros IBP, assim como os antagonistas do receptor 
H2, na categoria B.28
 
Tratamento cirúrgico 
condutas operatórias: indicações, técnicas e 
táticas 
A princípio, o tratamento clínico constitui-se na 
primeira forma de abordagem no controle do refluxo 
e queixas do paciente. Boa parte melhora apenas com 
tratamento sintomático e a reeducação, centralizada 
em atividades físicas regulares e constantes, anterior- 
mente referidas. A indicação cirúrgica da DRGE 
tem opiniões controversas. Os consensos nacionais 
ou internacionais, que abordam o tema, sugerem a 
correção cirúrgica nas seguintes condições: 
• esofagites recidivantes após tratamentos bem 
conduzidos, de no mínimo seis meses; 
• pacientes que apresentem complicações da 
DRGE, inclusive as extraesofágicas; 
• perspectiva de uso de inibidores da bomba de 
prótons por longos anos; 
• hérnias de grande volume em pacientes com 
risco de volvo ou perfuração; 
• baixa idade. 
 
Quando os sintomas afetam a qualidade de vida 
do paciente, a indicação pode ser também subjetiva. 
É interessante ressaltar que os melhores resultados 
das operações ocorrem precisamente nos casos em 
que o tratamento clínico promoveu bom resultado e, 
por entendimento entre o médico e o paciente, hou- 
ve opção pela conduta cirúrgica. 
A normalização da motilidade esofágica e o au- 
mento da pressão do esfíncter esofágico inferior com 
o uso de medicamentos, embora tão desejados como 
forma de tratamento da DRGE, ainda não foram to- 
talmente alcançados. 
Operação antirrefluxo, quer pela via laparotômica 
quer pela videolaparoscópica, é desenhada para di- 
minuir a exposição esofágica ao suco gástrico pela 
criação de um mecanismo antirrefluxo sobre o es- 
fíncter esofágico inferior. Como uma câmara de ar 
circular envolvendo o esôfago abdominal, quando ela 
se expande pela presença de ar deglutido durante a 
alimentação, “estrangula” o esôfago distal, a peristal- 
se axial gástrica distal fisiológica empurra progressi- 
vamente o ar para o duodeno, e a válvula vai grada- 
tivamente afrouxando, livrando a zona esfincteriana 
da compressão pneumática extrínseca. 
Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados são as 
fundoplicaturas totais e parciais feitas pela via lapa- 
roscópica, nas quais o esôfago distal é envolvido pelo 
fundo do estômago em 360° e 270°, respectivamen- 
te (Figura 39.5). Associa-se a elas o fechamento do 
hiato esofágico, fazendo-o retornar ao seu diâmetro 
normal. Nesses casos, o objetivo é restaurar o seg- 
mento intra-abdominal do esôfago, mantendo-o em 
posição anatômica, recriando uma zona de alta pres- 
são na junção esofagogástrica. Aumenta-se, assim, a 
competência do esfíncter e indiretamente melhora- 
-se a habilidade de clareamento do corpo esofágico 
e desaparecimento do processo inflamatório péptico 
que o refluxo estava promovendo. Das técnicas, a 
mais utilizada internacionalmente é a fundoplica- 
tura total para os quadros de DRGE sem alteração 
da motilidade. Quanto a esta, sabe-se que em 93% 
dos casos ela é consequente à inflamação esofágica 
já referida e que, uma vez corrigido o refluxo com a 
operação, o esôfago volta ao movimento peristáltico 
normal. Contudo, atenção especial deve ser dedica- 
da a esses casos, e estudo manométrico é necessário 
para descartar dismotilidade por outra causa que não 
o refluxo, por exemplo, a acalasia. Caso se comprove 
que há alteração motora orgânica e não somente a 
funcional reacional, as fundoplicaturas parciais são 
aceitas como indicação preferencial e realizadas com 
válvulas longas. 
As hérnias paraesofágicas têm a mesma forma de 
abordagem cirúrgica que as de deslizamento, deven- 
do ser adicionada ao procedimento a ressecção do 
saco herniário, que normalmente é volumoso. 
Mais recentemente, foi introduzida uma nova tec- 
nologia à abordagem cirúrgica, o Linx®, ainda não 
 
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