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Como é possível assistir, simultaneamente, a dois grandes 
movimentos antagônicos no que se refere à elaboração e à 
vivência do conhecimento?
Acredito que a compreensão distinta do papel do erro pela ciência – etapa natural do processo do 
conhecimento – e pela escola – uma erva daninha, que precisa sempre ser erradicada, por atrapalhar o 
sucesso das atividades – oferece boa pista para a forma diferenciada como o cientista, o educador e o 
estudante valoram o conhecer, o aprender.
O cientista
Para o cientista, a tarefa de conhecer é permeada de mistérios, ilusões, 
esperanças, explicações parciais (BACHELARD, 1985, p. 147).
O educador
Para o educador, é uma responsabilidade que deve ser executada da forma mais 
perfeita possível, numa rotina massacrante, sem espaços para equívocos e/ou 
dúvidas, sob pena de ser massacrado pelos estudantes ou pelo seu mito interno de 
infalibilidade.
estudante
Para o estudante, enfim, é uma etapa obrigatória que precisa ser ultrapassada, 
mesmo que desprovida de significado para si, evitando ser ridiculizado pelo 
professor e/ou seus colegas.
Considerando as recentes descobertas científicas reveladoras do caráter complexo e dinâmico da 
formação do conhecimento (MACHADO, 1995, p. 296), torna-se imperativa a busca de práticas 
educacionais – entendidas sempre para além das que acontecem na escola – baseadas no diálogo e na 
valorização da curiosidade, que recobrem a subjetividade dos autores do processo de ensino-
aprendizagem, propiciando o crescimento e respeito mútuos, além de favorecer o desenvolvimento da 
noção de totalidade.
A compreensão do caráter histórico do conhecimento permite que o sujeito estabeleça com o 
primeiro uma relação menos tensa e angustiante, pois ele está cônscio de que a sua missão é 
interminável: sempre haverá algo a ser descoberto, refeito e ampliado (BARGUIL, 2000), fazendo com que 
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