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A Importância da Língua de Sinais na Educação de Surdos

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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Departamento de Letras e Comunicação Social
Laura de Andrade de Almeida
Gabriele Dias da Silva
Grazyelle de Souza da Conceição
Júlia Maria de Carvalho Silveira dos Santos
A Importância da Língua de Sinais na Educação de Surdos
Rio de Janeiro
2021
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Sumário
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 O Ensino da Libras nas Escolas................................................................................... 4
3 As Barreiras da Inclusão da Linguagem de Sinais nas Escolas................................. 4
4 Projetos e Iniciativas de Inclusão.................................................................................. 5
5 Conclusão.........................................................................................................................5
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1. Introdução
O presente trabalho tem como base um artigo científico que buscou identificar qual a real
influência no desenvolvimento cognitivo de uma criança surda, ou seja, de que forma o cérebro
dessas crianças se comporta em comparação ao de crianças ouvintes. Pudemos então observar
que a falta de audição na maior parte dos casos observados não foi determinante para um
desenvolvimento inferior quando comparado a criança ouvinte, e sim a falta de uma língua.
Nos propomos então a debater sobre as questões levantadas pelo autor do texto num aspecto
que nos revele qual a importância da língua de sinais na educação da criança surda,
especificamente no Brasil.
2. O Ensino da Libras nas Escolas
O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) hoje é teoricamente assegurado segundo o
Decreto Federal 5626, de 22 de dezembro de 2005, que garante ao aluno surdo uma educação
bilíngue, onde a LIBRAS é sua primeira língua e o português, segunda língua. Como vimos no
texto base, é de suma importância que a criança surda tenha desde o início da sua vida contato
com a língua de sinais; os estudos mostram que há diversas habilidades que se desenvolvem
cognitivamente tanto ou mais que em crianças ouvintes, porém, tudo depende do nível de
imersão dessa língua, logo, é imprescindível que seja garantido a todos o direito a Libras,
principalmente aos surdos. Ainda, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB- Lei
nº 9394/1996), em seu artigo 58, capítulo V, define a Educação Especial:
Como modalidade escolar para educandos portadores de
necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de
ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores
especializados ou devidamente capacitados para atuar com
qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que,
nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que
se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o
direito de ser educado em classe ou serviço especializado.
Desse modo, podemos então notar que o ensino de Libras nas escolas é um assunto que
permeia todos os níveis da educação e nos leva a alguns questionamentos: como professores
ouvintes podem ensinar alunos surdos? Se a Libras é a segunda língua oficial do país, por que
não a aprendemos como tal? É uma questão séria, há pouquíssimo tempo é obrigatório o ensino
de Libras nas licenciaturas e sabe-se que a carga horária da disciplina ainda é baixa na maioria
dos casos; será que estamos sendo adequadamente formados para enfrentarmos a realidade de
uma educação realmente inclusiva?
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No Brasil, a grande maioria dos surdos tem contato com a Libras nas escolas. Há um impasse
nessa questão pois o ambiente sociocultural em que esses indivíduos estão inseridos é formado
por pessoas majoritariamente ouvintes ou os sinais aprendidos são diferentes dos usados pela
comunidade familiar. Como relatado no texto, durante os testes a maior discrepância era entre o
bebê surdo e a mãe ouvinte, principalmente no jogo simbólico, onde foram feitos testes com:
mãe e bebê ouvintes, mãe ouvinte e bebê surdo, e mãe e bebê surdos, onde foi constatado mais
uma vez que o desenvolvimento cognitivo está relacionado à língua e não a surdez. Mãe e bebê
ouvintes e mãe e bebê surdos apresentaram mesmo desenvolvimento no jogo simbólico e foram
superiores no tempo em relação a mãe ouvinte e bebê surdo, justamente pela língua não ser a
mesma, comprovando a tese da autora de que a o que faz diferença é a presença ou não de uma
língua.
Observa-se, então, uma preocupação com a crescente desigualdade de acesso e oportunidades
no Brasil, e no que diz respeito ao ensino inclusivo, essa desigualdade se eleva ainda mais. Há
uma luta constante de professores e intérpretes para que cada vez mais crianças surdas tenham
acesso a Libras, mas sabemos que ainda há um caminho longo a percorrer para que a educação
seja verdadeiramente inclusiva, para que essas crianças se desenvolvam tão bem
cognitivamente quanto crianças ouvintes e para que a língua de sinais seja para eles não só uma
forma de comunicação, mas de identificação, orgulho e pertencimento.
3. As Barreiras da Inclusão da Linguagem de Sinais nas Escolas
Ao ser dita a necessidade do ensino da Libras no âmbito escolar, é quase automático
pensar que se trata apenas de colocar um profissional como intérprete nas classes
onde existam alunos surdos, entretanto essa é uma questão que requer um debate um
pouco mais aprofundado. Já se sabe que a educação de pessoas surdas, desde muito
tempo, tem sido feita de maneira precária e deficitária, visto que até o século
passado a base da educação de surdos era a oralização. A Constituição Federal de
1988, no artigo 208, inciso III, assegura que “o atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, deve se dar preferencialmente na rede
regular de ensino”, contudo o que se vê, principalmente na rede pública, é a
insuficiência na oferta de oportunidades para a inclusão efetiva de pessoas com
deficiência.
O principal entrave no que tange o ensino da Libras como uma disciplina é a
ausência de profissionais preparados para lidar com as demandas da comunidade
surda. Embora já seja obrigatório os currículos contemplarem a disciplina nos
cursos de formação docente, esse conhecimento acaba por ser diminuto em relação
à prática desses indivíduos e os torna quase inábeis para defrontar com a surdez dos
alunos desde os primeiros anos escolares. E é durante a Educação Infantil que a
criança tem o contato inicial com a língua, e no caso de crianças surdas, além do
português na modalidade escrita, faz-se míster o ensino da língua de sinais.
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Logo, a inclusão não se faz com o uso de intérpretes. É preciso que a maior
instância da educação brasileira forneça cursos para que professores e futuros
professores sejam bilíngues e possam criar estratégias mais efetivas na
escolarização de pessoas surdas. Assim, futuramente, quem sabe não existam mais
professores surdos ‒ e que compreenderão as próprias carências?
4. Projetos e Iniciativas de Inclusão
Importantes avanços nas políticas públicas vêm difundindo no Brasil a ideia da pessoa
surda como alguém diferente e não deficiente. Políticas públicas foram criadas com o
intuito de garantir direitos no ensino escolar, dentre os decretos dispostos, podemos
citar o artigo 22 do Decreto nº 5.626, onde diz que as instituições federais de ensino
devem possuir educação bilíngue, a qual deve ser aberta a surdos e ouvintes, com
professores bilíngues, além disso, contando com a presença de tradutores e intérpretes.
Em meio à diversas mudanças sociais que, gradativamente, têm incluído os surdos na
sociedade, algumas iniciativas e propostas como forma de incluí-los de forma integrada
nas atividades escolares foram criadas.
A Escola Estadual Professor Demétrio Costa Pereira, de Cáceres, realiza anualmente
um encontro de surdos, como parte do Projeto Quebrando Barreira Construindo
Comunicação dos surdos no espaço educacional, na perspectiva de uma escola bilíngue.
O propósito do encontro tem por objetivo incentivar os alunos e transformar o espaço
em umespaço bilíngue. Além disso, nesse projeto é disponibilizado um curso básico de
Libras abrangendo não só os alunos, mas seus familiares, para incentivar seus filhos e
auxiliá-los no seu desenvolvimento fora da escola.
Outra ação desenvolvida é o Projeto “Libras na Escola”, que teve início em 2017
como um modelo na EMEB Santo Seno para contribuir com a inclusão de um aluno
surdo e foi ampliado para outras escolas do município Olímpia em São Paulo. O projeto
tem o auxílio de um instrutor de Libras, que ensina a Língua Brasileira de Sinais em
sala de aula a todos os alunos, promovendo assim, a interação de surdos e ouvintes em
sala de aula.
5. Conclusão
Levando em conta todo o exposto acima, chegamos a conclusão de que, assim como o
aprendizado de qualquer língua, o processo de aprendizagem da Língua Brasileira de
Sinais deve contar com uma imersão à comunidade surda e cada vez mais inserção de
pessoas com deficiência no ambiente escolar com profissionais capacitados, a fim de
que tenham contato com a língua e possam desenvolvê-la. Além disso, faz-se cada vez
mais urgente que profissionais da educação de todas as áreas aprendam a Libras, para
contribuir com a inclusão dos surdos (não somente no ambiente escolar) e lutar por um
sistema educacional mais inclusivo.
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Referências:
Da Silva Bobsin, Rafaela, et al. “Praticando a Extensão para Promover Inclusão
Digital com Computação Desplugada e Pensamento Computacional”. Anais do XI
Computer on the Beach - COTB ’20, Universidade do Vale do Itajaí, 2020, p. 576–80.
DOI.org (Crossref), doi:10.14210/cotb.v11n1.p576-580
Art. 22 do Decreto 5626/05 | Busca Jusbrasil
Concon, Leonardo. “Projeto Libras na Escola promove inclusão de alunos surdos
na rede municipal”. Diário de Olímpia, 13 de maio de 2019,
https://leonardoconcon.com.br/cidade/olimpia-educacao/projeto-libras-na-escola-promo
ve-inclusao-de-alunos-surdos-na-rede-municipal/.
https://www.revistaacademicaonline.com/products/lingua-de-sinais-e-educacao/
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
6
https://www.jusbrasil.com.br/busca?q=Art.+22+do+Decreto+5626%2F05
https://leonardoconcon.com.br/cidade/olimpia-educacao/projeto-libras-na-escola-promove-inclusao-de-alunos-surdos-na-rede-municipal/
https://leonardoconcon.com.br/cidade/olimpia-educacao/projeto-libras-na-escola-promove-inclusao-de-alunos-surdos-na-rede-municipal/
https://www.revistaacademicaonline.com/products/lingua-de-sinais-e-educacao/?utm_source=copy&utm_medium=paste&utm_campaign=copypaste&utm_content=https%3A%2F%2Fwww.revistaacademicaonline.com%2Fproducts%2Flingua-de-sinais-e-educacao%2F

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