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Ieza Martins 5° Período- MedAfya APG 19 - DIABETES - Revisar a morfofisiologia do Pâncreas endócrino - Estudar epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, fatores de risco, manifestações clínicas e diagnósticos dos tipos de diabetes (tipo I, II, gestacional e insípidos) https://editorapascal.com.br/wp-content/uploads/2023/08/BIOMEDICINA-VOL.-02-1.p df#page=59 MORFOFISIOLOGIA DO PÂNCREAS ENDÓCRINO Pâncreas: ● atrás do peritônio, é pequeno, mede cerca de 10-20 cm e relativamente leve pesando +/- 100g ● O pâncreas é considerado uma glândula mista, pois ele possui tanto uma secreção endócrina quanto uma secreção exócrina ● é um órgão que está situado posterior ao estômago ● em sua maior parte é retroperitoneal, ou seja, está atrás do peritônio ● ele possui dois grupamentos principais de células ➔ função exócrina: (não é importante para essa APG) ★ essa função é mediada pelos ácinos pancreáticos que são glândulas exócrinas que produzem uma série de enzimas digestivas, que em conjunto chama-se de, suco pancreático ★ esse suco pancreático vai ser liberado diretamente no duodeno que é a primeira porção do intestino delgado ★ esse suco pancreático produzido pelos ácinos pancreáticos vai ser conduzido através de um ducto chamado ducto pancreático ★ esse ducto pancreático vai se juntar a um outro ducto chamado ducto colédoco, esse ducto colédoco traz a bile que está vindo lá do fígado e da vesícula biliar ★ o ducto colédoco então se une ao ducto pancreático e ambos formam um único ducto que vai desembocar no duodeno que é chamado ampola hepatopancreática ● Composição do suco pancreático: ➔ é um líquido claro, composto em sua maior parte por água e também possui alguns sais, bicarbonato de sódio e algumas enzimas ➔ o bicarbonato de sódio vai garantir que o suco pancreático tenha um pH levemente alcalino de 7,1 a 8,2 mais ou menos, isso é importante para interromper a ação da pepsina vinda do estômago, diminuindo a acidez desse conteúdo gástrico, criando um pH adequado para as enzimas intestinais ➔ já as enzimas do suco pancreático incluem uma enzima responsável pela digestão de carboidratos, que é a amilase pancreática (responsável pela https://editorapascal.com.br/wp-content/uploads/2023/08/BIOMEDICINA-VOL.-02-1.pdf#page=59 https://editorapascal.com.br/wp-content/uploads/2023/08/BIOMEDICINA-VOL.-02-1.pdf#page=59 Ieza Martins 5° Período- MedAfya degradação dos carboidratos) , teremos no suco pancreático também várias enzimas que degradam proteínas essas enzimas são: ★ Tripsina ★ Quimotripsina ★ Carboxipeptidase ➔ Além disso tem as enzimas responsáveis pela degradação de lipídeos ★ lipase pancreática ➔ responsáveis por digerir ácidos nucleicos: ➔ ribonuclease ➔ desoxirribonuclease ● Portanto, todo esse suco pancreático vai ser responsável por garantir um pH ideal para a continuidade da digestão do quimo que veio lá do estômago e além disso vai conter as suas próprias enzimas que vão atuar na digestão de carboidratos, gorduras e proteínas. ➔ função endócrina: as ilhotas pancreáticas ou ilhotas de langerhans que constituem a porção endócrina do pâncreas, responsável por produzir hormônios ★ Características das ilhotas pancreáticas: ➢ células poligonais ➢ circundadas por capilares fenestrados – pra levar os hormônios a corrente sanguínea ➢ rica inervação autonômica ➢ 5 tipos de células (as duas principais são alfa e beta) 1) células alfa: produz hormônio glucagon ❖ fica localizada mais na periferia 2) células beta: produz hormônio insulina (é um hormônio que quando agir na célula vai aumentar a sensibilidade da célula a glicose) ❖ fica localizada mais no centro 3) células delta: produz somatostatina e gastrina 4) células épsilon: produz a grelina 5) células PP ou F: produz polipeptídeo pancreático Ieza Martins 5° Período- MedAfya ❖ esses hormônios não tem relação direta com o TGI, são hormônios que vão ser produzidos pelas ilhotas pancreáticas, cair na corrente sanguínea e ter sua ação sistêmica no organismo Fisiologia: ● A colecistoquinina (CCK) e secretina estimulam a secreção de suco pancreático. Elas são produzidas pela duodeno quando tem comida passando no TGI. E quais enzimas são essas? Amilase, Lipase e Tripsinogênio que é a forma inativa e quando ele cai no duodeno ele vai ser ativado em tripsina que vai ser responsável por digerir os alimentos ● O tripsinogênio é ativado pela enteroquinase que fica na borda em escova dos enterócitos no duodeno HORMÔNIOS PANCREÁTICOS - FOCAR SÓ NOS DOIS PRIMEIROS INSULINA X GLUCAGON ● são dois hormônios que vão agir no metabolismo dos macronutrientes (agem de maneira antagônica) ➔ metabolismo de lipídios ➔ metabolismo de proteínas ➔ metabolismo de carboidratos INSULINA Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● é um hormônio hipoglicemiante – isso quer dizer que a insulina pega toda glicose que está no sangue e joga essa glicose para dentro da célula para ser aproveitada como forma de energia imediata ou para ser armazenada ● secreção da insulina ➔ essa secreção vai ocorrer quando tem-se estimulação pela própria glicose - quando nos alimentamos entram vários macronutrientes no nosso TGI e o nosso TGI vai promover a absorção desses macronutrientes, quando esses nutrientes chegam na corrente sanguínea temos lá a glicose circulando de forma abundante no nosso sangue e aí as células beta vão perceber esse aumento de glicose e vão começar a secretar insulina, principalmente através um transportador de glicose que tem na membrana das células Beta que vai funcionar como um sensor da célula beta, esse é chamado de GLUT 2 ➔ célula Beta: 1) GLUT 2 deixa passar glicose 2) Glicocinase transforma a glicose em glicose-6-fosfato 3) quando é transformada em glicose-6-fosfato começa ocorrer uma oxidação dela 4) na medida que se oxida a glicose-6-fosfato produz-se ATP 5) e o ATP vai inibir os canais de potássio dependente de ATP Ieza Martins 5° Período- MedAfya 6) com isso ocorre uma despolarização da membrana na célula beta 7) quando a membrana da célula beta é despolarizada vamos ativar os canais de cálcio voltagem dependente que tem na célula Beta – isso gera um influxo de cálcio para dentro da célula beta 8) esse influxo de cálcio vai permitir com que as vesículas de insulina que estão dentro das células beta cheias de insulina saia do citoplasma e migrem para a membrana da célula beta permitindo a sua secreção 9) depois da insulina ser secreta e estar na corrente sanguínea, para ela agir em determinada célula e promover suas ações biológicas precisa-se de um receptor para insulina ➔ receptor de insulina: ● é um receptor de membrana ● é formada por 4 subunidades: ★ 2 subunidades do tipo alfa – vão estar na parte extracelular ★ 2 subunidades do tipo beta – está na região intracelular ● na medida que a insulina se liga ao receptor de insulina promove-se uma autofosforilação das subunidades alfa que por meio dessas pontes de sulfetos que Ieza Martins 5° Período- MedAfya ligam à subunidade alfa à subunidade beta, se autofosforila também a subunidade beta ● quando essa subunidade beta está autofosforilada,ela promove uma ativação da enzima que está ligada a esse receptor, que a enzima tirosinacinase ● quando a tirosinacinase é ativada a gente começa a ter uma cascata de sinalização dentro da célula que vai promover depois os efeitos fisiológicos da insulina – começa ocorrer ativação de diversas enzimas intracelulares, é o que chamamos de cascata de sinalização, para conseguir ter os efeitos da insulina VIA DE SINALIZAÇÃO CELULAR ● Depois de recrutar o PI3K ocorre a fosforilação de outros substratos ● Em seguida ocorre ativação da via dependente de proteína cinase B (PKB) com o objetivo de ter GLUT 4 ● GLUT 4 é importante para captar glicose no músculo ➔ Relembrando os transportadores de glicose ★ GLUT 1,2,3,4,5,6 e 7 – difusão facilitada ★ GLUT 2 — Sensor das células Beta (mas tem GLUT2 no intestino e rins tbm) ★ GLUT 4 — Estimulado por insulina, ele depende da insulina (só passa glicose por ele quando ele estiver sendo estimulado pela insulina) ★ outros transportadores de glicose — esses vão ser dependentes de sódio Ieza Martins 5° Período- MedAfya ➔ efeitos que a insulina vai promover obs: insulina é um hormônio anabólico – portanto, poupador de nutriente; isso significa que a insulina vai querer pegar todo nutriente que está na corrente sanguínea e vai querer colocar esse nutriente para dentro da célula para usar ou para estocar esse nutriente INSULINA NÃO QUER VER GLICOSE BOIANDO NA CORRENTE SANGUÍNEA, ELA QUER QUE A GNT ESTOQUE ➢ efeitos sobre os carboidratos – ➔ vai aumentar a captação de glicose pelas células ➔ formação do glicogênio (quando não precisa mais usar a glicose, ela é armazenada na forma de glicogênio no tecido muscular ou hepático, principalmente no hepático) ● isso acontece porque a insulina estimula e inibe algumas enzimas importantes: ● GLICOCINASE - enzima presente nos hepatócitos que vai fosforilar a glicose a partir do momenta que ela entra no hepatócito e quando a glicose é fosforilada ela não consegue mais sair pela membrana do hepatócito ● GLICOGÊNIO SINTASE – uma das principais enzimas sintetizadoras do glicogênio e ela vai inibir a fosforilase hepática (ou seja, a enzima que quebra esse glicogênio) ● quando a gente estoca essa glicose no fígado e não temos mais espaço no fígado para conseguirmos armazenar glicose esse excesso de glicose começa a forma ácidos graxos para armazenamento do tecido adiposo ● insulina inibe a gliconeogênese, ou seja, a formação de nova glicose e inibe a glicogenólise, ou seja, a quebra do glicogênio em glicose – insulina quer armazenar ➢ efeitos sobre os lipídeos Ieza Martins 5° Período- MedAfya ➔ vai promover o armazenamento e síntese de gordura, a partir da glicose que está sendo disponível ou a partir dos ácidos graxos que também vão ser absorvidos no TGI ➔ inibe lipase hormônio sensível, que é uma enzima responsável pela quebra do tecido adiposo, então insulina vai lá e inibe quem vai quebrar gordura ➔ transporte de glicose para tecido adiposo ➢ efeitos sobre as proteínas ➔ aumenta a síntese de proteínas ➔ aciona maquinaria ribossômica ➔ inibe o catabolismo de promove anabolismo Regulação da insulina ● quando maior a concentração de glicose plasmática, mais estímulo se tem para liberar a insulina ● as incretinas também vão ser substâncias que vão estimular a secreção de insulina ➔ incretinas são hormônios gastrointestinais que são liberados a partir do momento que a gnt se alimenta, então chegou alimento no TGI a gnt vai liberar dois hormônios principais: ➢ GLP-1: produzido no íleo terminal e cólon ➢ GIP: produzido no duodeno e jejuno proximal ➢ quando a gente libera esses hormônios, a liberação desses hormônios é um gatilho para nossas células Beta liberarem a insulina – isso é chamado efeito incretínico ● teremos também a estimulação de insulina através do aminoácidos – então quando a gente tem aminoácido na corrente sanguínea isso vai ser um estímulo para a secreção de insulina situações em que ocorre a inibição da secreção de insulina ● glicose baixa – se temos uma baixa glicose no sangue, não podemos secretar insulina para reduzir ainda mais a glicose do sangue ● catecolaminas – são hormônios contra insulínicos → quando estão aumentados eles inibem a secreção de insulina, justamente porque eles fazem o oposto da insulina porque são hormônios hiperglicemiantes assim como o glucagon GLUCAGON ● É O HORMÔNIO CONTRA REGULATÓRIO DA INSULINA ● Produzido pelas células alfa (essas células estão em menor quantidade) ● é um hormônio hiperglicemiante – então ele tira glicose de dentro da reserva e joga para o sangue ● estimula a glicogenólise - quebra de glicogênio tanto hepático quanto muscular Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● estimula a gliconeogênese – formação de nova glicose a partir de outros substratos ● ativa lipase das células adiposas ● inibe armazenamento de triglicerídeos no fígado Mecanismo de ação do glucagon controle de secreção do glucagon: ● glicose sérica – se a glicose está baixa a gente inibe a secreção de insulina e estimula a secreção de glucagon (que é quem vai botar essa glicose para cima) ● concentração de aminoácidos – se tem baixa concentração de aminoácido no sangue significa que a gente tem uma redução na secreção de insulina e a gente precisa aumentar a secreção de glucagon para fornecer nutrientes ● exercícios – porque durante o exercício é o momento que a gente precisa de energia para as nossas células, então a gente precisa de glicose disponível para nossas células utilizarem ❖ durante exercícios o glucagon sobre para aumentar a quantidade de glicose no sangue para que possamos usar essa glicose, principalmente no músculo somatostatina ● é outro hormônio produzido pelas células delta ● é essencialmente um hormônio inibidor de: ➔ insulina ➔ glucagon ➔ polipeptídeo pancreático - produzido pelas células PP, ele é um hormônio que inibe o apetite por retardar a absorção de alimentos e vai inibir a secreção gástrica Ieza Martins 5° Período- MedAfya RESUMINDO - PARA NÃO ESQUECER INSULINA : HORMÔNIO ANABÓLICO (POUPADOR, ELE QUER ARMAZENAR NUTRIENTES) E HIPOGLICEMIANTE GLUCAGON : HORMÔNIO CATABÓLICO (VAI QUEBRAR AS RESERVAS DE NUTRIENTE PARA JOGAR ESSES NUTRIENTES TODOS NA CORRENTE SANGUÍNEA) E HIPERGLICEMIANTE DIABETES MELITO ● O diabetes melito (DM) é um distúrbio crônico, que se caracteriza por regulação metabólica anormal, bem como pelo potencial de complicações vasculares e neuropáticas. ● A deficiência de insulina pode ser absoluta, como no DM do tipo 1 (DM1), ou pode ser relativa, com resistência à insulina coexistente, como no DM do tipo 2. DEFINIÇÕES: ● o DM é classificado em dois subgrupos principais: ➔ tipo 1 (diabetes de início juvenil ou insulinodependente) ➔ tipo 2 (diabetes de início na idade adulta ou não insulinodependente). Ieza Martins 5° Período- MedAfya DM associado a distúrbios e síndromes: ● Hereditárias → as síndromes de Turner, Klinefelter, Prader-Willi, Down e Wolfram, entre outras ⇒ comprometimento da função das células β ● Obesidade (e a consequente resistência à insulina) ● Doenças do Pâncreas Exócrino → pancreatite, câncerpancreático, hemocromatose e fibrose cística, podem ser acompanhadas de comprometimento da função endócrina do pâncreas, levando ao DM com deficiência de insulina ● Endocrinopatias associadas à deficiência de insulina → acromegalia, síndrome de Cushing e feocromocitoma, podem resultar em tolerância à glicose prejudicada (pré-diabetes) ou diabetes franco em indivíduos predispostos ● Infecções Virais → rubéola congênita e o citomegalovírus (destruição das células β) ● Hiperglicemia induzida por fármacos incluindo os que agravam a resistência à insulina (p. ex., glicocorticóides, ácido nicotínico, diuréticos tiazídicos) e os que comprometem a função das células β (p. ex., pentamidina, diazóxido, gamainterferona). Ieza Martins 5° Período- MedAfya CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA DIABETES MELITO ● O DM é diagnosticado com base em um de vários critérios, incluindo concentração plasmática de glicose em jejum, concentração plasmática de glicose após a administração de uma carga de glicose padrão oral de 75 g (teste de tolerância à glicose oral) e porcentagem da hemoglobina glicada (HbA1c) ● DM pode ser diagnosticado quando há hiperglicemia inequívoca (concentração plasmática de glicose casual > 200 mg/dℓ) e manifestações típicas de poliúria, polidipsia e perda de peso. Principais Exames: ★ Concentração plasmática de glicose em jejum ★ Concentração plasmática de glicose após a administração de uma carga de glicose padrão oral de 75 g (teste de tolerância à glicose oral) ○ No TOTG, coleta-se amostra de sangue para a dosagem da GJ, administram-se 75 g de glicose anidra (equivalentes a 82,5 g de glicose monoidratada, dissolvidos em 250 a 300 m ℓ de água. Após 2 horas, obtém-se uma nova amostra para medir a glicemia. Em crianças, a sobrecarga de glicose deve ser de 1,75 g/kg, até um máximo de 75 g. O TOTG deve ser realizado pela manhã, após 8 a 14 horas de jejum e pelo menos 3 dias de dieta sem restrição de carboidratos (ingestão superior a 150 g/dia) ★ Porcentagem da hemoglobina glicada (HbA1c) Ieza Martins 5° Período- MedAfya ○ A hemoglobina A1c (HbA1c) é formada pela glicosilação não enzimática da hemoglobina, e a sua porcentagem reflete a exposição da molécula de hemoglobina A à glicose durante o tempo de vida dos eritrócitos circulantes (cerca de 120 dias). Por conseguinte, a HbA1c apresenta uma relação previsível (mas não linear) com os níveis plasmáticos médios de glicose durante os 3 a 4 meses precedentes, embora a exposição mais recente à glicose (nas 4 semanas precedentes) contribua relativamente mais para a glicosilação. ○ Os resultados da HbA1c podem ser influenciados por vários fatores, incluindo condições que alterem a sobrevida dos eritrócitos (p. ex., anemia hemolítica) ou que causem interferência em um ensaio específico. Nessas situações, as medições da frutosamina (uma proteína sérica glicada) ou da albumina glicada, ambas as quais refletem os níveis médios de glicose durante as 2 a 3 semanas precedentes, podem fornecer uma avaliação mais acurada dos níveis de glicose recentes Ieza Martins 5° Período- MedAfya Também pode ser pesquisado: ● Glicosúria: pesquisa de glicose na urina tem baixa sensibilidade diagnóstica, uma vez que glicosúria costuma surgir apenas com glicemias > 180 mg/dℓ. Além disso, pode ocorrer glicosúria na ausência de DM: gravidez (em até 50% das gestantes), tubulopatias renais, insuficiência renal crônica e glicosúria renal familiar. ● Pesquisa de Corpos Cetônicos: Em pacientes com DM e hiperglicemia, o achado de cetonemia e cetonúria é característico de CAD, uma situação potencialmente grave que requer intervenção imediata. ○ obs: corpos cetônicos na urina durante o jejum ocorrem em mais de 30% dos indivíduos normais na primeira urina da manhã e que resultados falsamente positivos podem ocorrer com o uso de medicamentos que contenham o grupo sulfidrila (p. ex., captopril). ○ Resultados falso-negativos podem ocorrer quando a urina ficar exposta ao ar por longo período ou quando for muito ácida, como ocorre após ingestão de grandes quantidades de vitamina C ● Dosagem do Peptídeo C: O método mais utilizado é a determinação do peptídeo C basal e 6 minutos após a injeção intravenosa de 1 mg de glucagon. Os pacientes com DM1 têm valores médios de peptídeo C de 0,35 ng/mℓ no basal e de 0,5 ng/mℓ após estímulo. No DM2, esses valores são de 2,1 e de 3,3 ng/mℓ , respectivamente. Como ponto de corte para classificar os pacientes, deve ser considerado que níveis do peptídeo C > 0,9 ng/mℓ no basal e > 1,8 ng/mℓ após glucagon indicam uma reserva de insulina compatível com DM2. Valores inferiores confirmam o diagnóstico de DM1 ● Dosagem de Autoanticorpos contra célula beta: o autoanticorpo de maior utilidade é o anti-GAD (presente em cerca de 80% dos casos de DM1 de instalação recente e ainda é detectado em 50% dos pacientes após 10 anos de diagnóstico). Outros autoanticorpos (ICA, IAA, IA-2 e anti-Znt8A) são encontrados em cerca de 70 a 80% dos pacientes Ieza Martins 5° Período- MedAfya diabéticos tipo 1 logo após o diagnóstico, mas tendem a desaparecer após 2 a 3 anos de duração da doença. Eventualmente, o anti-Znt8A pode ser o único anticorpo positivo. DIABETES TIPO I Epidemiologia ● pode se manifestar em qualquer idade – normalmente aparece na infância, em particular em torno da época da puberdade. ● cerca de 30% dos pacientes são diagnosticados após a idade adulta jovem ● No mundo inteiro, a incidência de diabetes melito tipo 1 varia de 50 a 100 vezes ● Ambos os sexos são igualmente afetados na infância, porém os homens são mais comumente afetados no início da vida adulta ● A incidência do diabetes tipo 1 na infância está aumentando rapidamente em todas as populações, em particular na faixa etária de menos de 5 anos Biopatologia ● deficiência na produção de insulina ● No diabetes tipo 1, uma complexa interação de fatores genéticos, ambientais e autoimunes têm como alvo seletivo as células β do pâncreas produtoras de insulina ➜ provoca destruição dessas células. ○ Incluem-se infecções virais (rubéola congênita, enterovírus, parotidite e sarampo), deficiência de vitamina D e exposição precoce ao leite bovino e ao trigo. Atualmente, apenas o papel da rubéola congênita e dos enterovírus está confirmado ● Polimorfismos no complexo antígeno leucocitário humano (HLA; human leucocyte antigen), localizado no cromossomo 6, são os principais responsáveis pela maior suscetibilidade genética para o DM1, seguidos de polimorfismos do gene da insulina e, em terceiro lugar, por polimorfismos no gene de uma fosfatase específica dos linfócitos (PTPN22; protein tyrosine phosphatase nonreceptor 22) ● Na maioria dos casos, a agressão inicial das células beta ocorre indiretamente, ou seja, anticorpos produzidos contra antígenos virais acabam lesionando as células beta devido ao mimetismo Ieza Martins 5° Período- MedAfya molecular entre antígenos virais e antígenos dessas células. A velocidadeda destruição das células beta é bastante variável, sendo rápida em alguns indivíduos (principalmente em crianças) e lenta em outros (sobretudo entre adultos). A hiperglicemia permanente se manifesta quando 90% das ilhotas são destruídas ● Alguns autoanticorpos foram identificados como marcadores da destruição autoimune da célula beta. ○ Os principais são os autoanticorpos anti-ilhotas (ICA) e anti-insulina (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), antitirosinofosfatases IA-2 e IA-2b e antitransportador de zinco 8 (anti-Znt8). Eles geralmente precedem a hiperglicemia por meses a anos (estágio pré-diabético), e um ou mais deles estão presentes em 85 a 90% dos pacientes na ocasião do diagnóstico. Podem persistir por até 10 anos ou mais após o mesmo, sobretudo o anti-GAD. Em crianças com menos de 10 anos de idade, os IAA podem preceder os demais anticorpos ● Somente 10 a 15% das crianças diagnosticadas com DM1 têm história familiar em parentes de primeiro grau . O risco é maior quando o pai é afetado, em comparação à mãe DM1 idiopático: ➢ representa 4 a 7% dos pacientes com DM1 recém-diagnosticado e inclui casos de deficiência absoluta de insulina que não são imunomediados ➢ é fortemente herdada e não está associada ao HLA cursam com cetoacidose episódica e apresentam diferentes graus de deficiência de insulina entre os episódios Ieza Martins 5° Período- MedAfya Manifestações clínicas ● Por conta da própria fisiopatologia de ser uma doença autoimune, a DM tipo I acaba se manifestando mais cedo, de modo que a grande maioria dos pacientes com essa condição é diagnosticada ainda criança ou adolescente (geralmente entre os 10-15 anos). ● E normalmente eles são magros (lembre que a obesidade está relacionada com a resistência insulínica da DM 2) e vão desenvolver um quadro agudo e clássico, apresentando os típicos quatro Ps da diabetes: ● Então, vamos entender cada um deles. Pensa: se o paciente é diabético, ele tem uma hiperglicemia, daí, com mais glicose no sangue, mais glicose é excretada através da urina. E como ela é uma substância osmoticamente ativa, o paciente acaba perdendo mais água através do trato urinário (poliúria). A partir daí, ele começa a desidratar e é isso que explica o aumento da sensação de sede (polidipsia). Por outro lado, o fato de as células não estarem recebendo glicose para produzir energia é interpretado pelo corpo como sendo um estado de jejum, levando, então, ao aumento da sensação de fome (polifagia). Além disso, esse mesmo estado de jejum também acaba estimulando os hormônios contrainsulínicos que, entre outras coisas, promovem a lipólise, levando à perda ponderal. ● É importante nos atentarmos também que por vezes o paciente DM 1 vai ter uma destruição grande e rápida das células beta, de modo Ieza Martins 5° Período- MedAfya que 1/3 deles podem iniciar o quadro já com cetoacidose diabética. ● Por fim, temos que essas pacientes costumam apresentar uma glicemia > 200 mg/dl com presença de autoanticorpos (ICA, IAA, Anti -GAD65, Anticorpo Antitirosina-Fosfatase IA -2 e IA -B2, Znt8...) e também não respondem bem aos antidiabéticos orais e sem insulina vão acabar desenvolvendo cetoacidose. Além disso, uma última característica da DM 1 é o peptídeo C < 0,1 ng/dl ou ausente. Só para a gente entender melhor isso, o peptídeo C é um componente da pró- -insulina que é liberado quando ocorre a quebra dessa molécula. No entanto, como aqui praticamente não há produção do hormônio, os níveis de peptídeo C são geralmente indetectáveis. É UMA EMERGÊNCIA DIABETES TIPO II Epidemiologia ● O diabetes tipo 2 é uma das doenças crônicas mais comuns, que afeta Ieza Martins 5° Período- MedAfya mais de 30 milhões de pessoas nos EUA e um número estimado de 366 milhões no mundo inteiro ● Nos EUA, a prevalência do diabetes tipo 2 vem aumentando, de aproximadamente 3% da população em 1995, para mais de 9% em 2015 ● Esse aumento deve-se, em parte, a desvios demográficos (i. e., o envelhecimento da população); entretanto, as taxas de incidência também estão aumentando e acompanham o aumento do sobrepeso e da obesidade, bem como estilos de vida cada vez mais sedentário ● Observa-se um padrão semelhante globalmente, com projeções de 550 milhões (cerca da metade não diagnosticada) afetados em 2030 ● Embora o diabetes tipo 2 seja cada vez mais reconhecido em adolescentes e adultos jovens obesos, a idade avançada continua sendo um importante fator de risco para o diabetes tipo 2 Biopatologia ● O diabetes tipo 2 caracteriza-se por defeitos variáveis na secreção e na ação da insulina ● O fenótipo metabólico subjacente do diabetes tipo 2 é distintamente heterogêneo entre indivíduos com a doença; alguns exibem um defeito mais pronunciado na secreção de insulina, enquanto outros têm maior resistência à ação da insulina. O perfil metabólico também varia em determinado paciente ao longo do tempo, à medida que a secreção de insulina declina progressivamente com a maior duração da doença. Apesar de ser heterogêneo, o diabetes tipo 2 caracteriza-se, em todos os casos, pela secreção inadequada de insulina para o nível de glicose prevalecente e o grau de sensibilidade à insulina. SECREÇÃO PREJUDICADA DE INSULINA ➢ A deficiência relativa de insulina, que é característica do diabetes tipo 2, parece ser uma consequência de fatores tanto funcionais (i. e., redução da responsividade aos secretagogos) quanto quantitativos (i. e., redução da massa de células β). ○ estima-se que ocorram reduções da massa de células β de até 60% no diabetes tipo 2. ➢ Foram também demonstradas anormalidades nos padrões pulsáteis e oscilatórios habituais da secreção de insulina e biossíntese ineficiente de insulina no diabetes tipo 2. Por exemplo, o processamento peptídico anormal resulta em aumento da secreção de proinsulina intacta, que serve como biomarcador útil do risco de diabetes futuro ➢ Ocorre também aumento do acúmulo de amiloide nas ilhotas diabéticas, podendo contribuir para o comprometimento da função Ieza Martins 5° Período- MedAfya secretora AÇÃO PREJUDICADA DA INSULINA (RESISTÊNCIA) ➢ A resistência à insulina está estreitamente associada à obesidade, mas também possui determinantes genéticos, refletidos pela observação de que alguns pacientes obesos não apresentam resistência grave à insulina. ➢ Com frequência, a resistência à insulina ocorre como parte de um conjunto de características, denominado síndrome metabólica, que consiste em hipertensão, obesidade abdominal, dislipidemia, intolerância à glicose e aumento do risco cardiovascular. ➢ A resistência à insulina também constitui uma característica comum da síndrome do ovário policístico. ➢ Existem múltiplos mecanismos moleculares que podem levar à resistência à ação fisiológica da insulina, incluindo defeitos pré-receptores (p. ex., molécula de insulina anormal) e receptores de insulina anormais (p. ex., devido a mutações gênicas). ○ Nos tecidos-alvo da insulina, a sinalizaçãopor meio da via da fosfatidilinositol 3-quinase é responsável pela translocação do transportador de glicose GLUT4, que é necessário para a captação de glicose no interior da célula. Foram descritos vários defeitos dessa via em seres humanos com resistência à insulina, incluindo anormalidades no substrato do receptor de insulina 1 e na proteinoquinase B/Akt2. OBESIDADE: ➢ O aumento da massa de tecido adiposo prejudica a ação da insulina por diversos mecanismos propostos, incluindo alterações no metabolismo dos ácidos graxos, acúmulo de triglicerídeos no fígado e inflamação sistêmica de baixo grau. ➢ Os macrófagos do tecido adiposo produzem citocinas pró-inflamatórias, incluindo o fator de necrose tumoral α e a interleucina-6, que podem interferir na sinalização da insulina. ➢ A obesidade também está associada a níveis reduzidos do peptídeo derivado da gordura, a adiponectina, que apresenta propriedades anti-inflamatórias e sensibilizadoras da insulina. O aumento dos ácidos graxos livres circulantes, que é característico dos estados obesos, pode interferir na ação da insulina sobre o músculo esquelético e o fígado, e o aumento dos lipídios intramiocelulares também está associado à resistência à insulina. ➢ Além disso, o acúmulo aumentado de lipídios nas ilhotas pancreáticas Ieza Martins 5° Período- MedAfya pode levar à secreção prejudicada de insulina. Curiosamente, alguns indivíduos obesos apresentam sensibilidade à insulina e metabolismo da glicose aparentemente normais, uma condição algumas vezes designada como paradoxo da obesidade. Manifestações clínicas ● A primeira grande diferença entre a DM 1 e a DM 2 é o estereótipo do paciente. Aqui, cerca de 80% dos pacientes são obesos pois, como vimos, a obesidade está relacionada à resistência insulínica. ● Mas, além disso, como essa condição costuma ocorrer de forma mais progressiva e assintomática, o diagnóstico acaba sendo tardio, por volta dos 45 anos - que é quando o paciente começa a apresentar os sintomas clássicos (4 Ps) e também as complicações (sendo a principal, o estado hiperosmolar não cetótico). ● Nesses pacientes normalmente nós vamos encontrar uma glicemia < 200 mg/dl, sem autoanticorpos, mas com peptídeo C (> 0,1 ng/dl). Além disso, esses pacientes ainda costumam responder bem a antidiabéticos orais e dificilmente evoluem para uma cetoacidose. DIABETES GESTACIONAL Definição ● O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como hiperglicemia detectada pela 1a vez na gestação, não se considerando gravidade ou evolução, diagnosticado no fim do 2° ou início do 3° trimestre de Ieza Martins 5° Período- MedAfya gestação. ● Gestação normal caracteriza-se por hipoglicemia no jejum, decorrente da captação de glicose pela placenta, não insulino-dependente, e por hiperglicemia pós-prandial e intolerância aos carboidratos, resultado da ação diabetogênica dos hormônios placentários. O aumento na resistência insulínica permite maior oferta de glicose ao feto e coincide com o aumento da secreção de insulina para manter a homeostasia glicêmica. O aumento é exponencial durante o 2° trimestre e estabiliza no final do 3° trimestre. ● O DMG está associado a desfechos adversos maternos – aumento do risco de pré- eclâmpsia e hipertensão gestacional – e desfechos perinatais – crescimento fetal excessivo, distócia de ombro e trauma de parto. O DMG é um dos preditores de desenvolvimento futuro de DM II: 50% daquelas com DMG terão DM II em 10 anos. Epidemiologia ● O DM e suas complicações estão entre as principais causas de morte na maioria dos países, de modo que 1 a cada 12 mortes no mundo pode ser atribuída ao DM. ● O Brasil é o quarto país com maiores taxas de DM na população adulta, com um total de 14,3 milhões de pessoas entre 20-79 anos. ● E, apesar da prevalência de DMG variar a depender dos critérios diagnósticos e da população estudada, muitos estudos mostram um aumento nas últimas décadas de mulheres com diagnóstico de diabetes na idade fértil e durante o ciclo gravídico puerperal. ● A prevalência média mundial de DMG é de 16,2% estimando-se que, na atualidade, 1 em cada 6 nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação, sendo 84% dos casos decorrentes de DMG. Ieza Martins 5° Período- MedAfya Fatores de risco Fisiopatologia ● O organismo materno passa a ser responsável pelo crescimento e pelo desenvolvimento do feto e, para isso é desencadeado um estado de hipoglicemia de jejum, um catabolismo exagerado de lipídeos e progressiva resistência à insulina ● A partir do 2° trimestre da gestação, desenvolve-se uma resistência à insulina comandada pelos hormônios contrainsulínicos (lactogênio placentário, estrogênio, cortisol, progesterona, prolactina) que reduzem a atuação da insulina em seus respectivos receptores como forma de direcionar os produtos do metabolismo da glicose para o feto, deixando a gestante com os produtos do metabolismo dos lipídeos. ● Cerca de 80% do gasto energético fetal é realizado pelo metabolismo da glicose. ● Com isso, há um aumento da produção de insulina nas gestantes saudáveis, pois aquelas que já estavam com sua produção de insulina “no limite” não conseguem elevar sua produção de insulina, o que leva ao estado hiperglicêmico, podendo desenvolver diabetes durante a gestação. ● Aquela resistência à insulina que se inicia no 2° trimestre progride por toda a gestação, elevando as necessidades de insulina no organismo materno até próximo ao termo. ● Já no puerpério, por não haver mais atuação de hormônios Ieza Martins 5° Período- MedAfya contrainsulínicos, há uma queda brusca da necessidade de insulina. Diagnóstico ● O teste atualmente com melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DMG é o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com 75g. Porém, ressalta-se que todas as gestantes devem dosar a glicemia em jejum até as 20 semanas de gestação. ● Naqueles locais em que é viável oferecer à gestante o teste de TOTG, o mesmo deve ser realizado entre 24-28 semanas para gestantes com resultado de glicemia em jejum < 92mg/dL. E, para aquelas que realizaram o início do pré-natal tardiamente (após 20 semanas), deve ser realizado o TOTG o mais breve possível. ● Em situações onde a gestante tem reduzida viabilidade financeira e/ou não há disponibilidade técnica no local para realização do TOTG, todo rastreio para DM prévio e DMG deve ser feito com base no exame de glicemia em jejum independentemente da idade gestacional que seja iniciado o pré-natal. Com isso, valores de glicemia em jejum entre 92 e 125mg/dL diagnosticam DMG; já os valores = 126mg/ dL Ieza Martins 5° Período- MedAfya representam que a gestante possui DM prévio. Valores < 92mg/dL representam normalidade na glicemia. ● Devido ao risco aumentado de desenvolver DM tipo 2 em mulheres que tiveram DMG, recomenda-se repetir TOTG 6 semanas após o parto naqueles locais em que este teste é disponível, sendo este o padrão-ouro para diagnóstico de DM após a gestação, devendo serrealizado também a dosagem da glicemia em jejum concomitantemente. Na ausência deste teste, realiza-se a dosagem da glicemia em jejum apenas. Vale ressaltar que não há validação para uso de hemoglobina glicada no puerpério, devendo todo seguimento da gestante ser realizado com glicemia em jejum e TOTG (75g). DIABETES INSIPIDUS DEFINIÇÃO Diabetes insipidus (DI) é uma doença do sistema endócrino descrita como um distúrbio na síntese, secreção ou ação do hormônio antidiurético (ADH), levando a dificuldade de concentração da urina, gerando poliúria com secreção elevada de urina hipotônica. Pode ser genética ou adquirida por uso de drogas, medicamentos e tumores. ADH Hormônio Antidiurético ● também chamado de arginina vasopressina (AVP) ● é um hormônio pulsátil Ieza Martins 5° Período- MedAfya resumindo… ou a quantidade de ADH não está adequada ou ele não está agindo bem! conceito de poliúria: ↓ ● secretado na hipófise posterior e tem como principal função a conservação da água corpórea e regulação da osmolalidade dos líquidos corporais. ● Ele é sintetizado no núcleo supraóptico nos corpos celulares dos neurônios do hipotálamo e migra ao longo do axônio para os terminais nervosos na hipófise posterior ● é liberado na circulação periférica, com meia vida plasmática de cerca de cinco minutos. Ieza Martins 5° Período- MedAfya FUNÇÕES DO ADH: ● A principal função do ADH é conservar água no organismo pela formação de urina hipertônica. ● Além disso, também contribui para vasoconstrição e, quando em altas concentrações, contrai a musculatura lisa do trato gastrointestinal e do útero. ● Tem também implicações na coagulação sanguínea, por aumentar os níveis séricos de fatores de coagulação. ● No sistema nervoso central promove aumento da frequência respiratória e bradicardia. No rim, principalmente nos túbulos contorcidos distais, túbulos proximais e ducto coletor medular, o ADH se acopla ao receptor de membrana plasmática V2, que se liga a uma proteína-G de membrana de classe-1, que então ativa outra proteína de membrana, a adenilciclase. ● A adenilciclase provê a transformação de ATP em AMP cíclico. ● O AMP cíclico atua na proteinocinase A, que é responsável pelo recrutamento de aquaporina-2. ● A aquaporina-2 é uma proteína de canal de água que permite a reabsorção da água que está passando pela luz dos túbulos renais. Classificação ● é uma síndrome clínica definida pela incapacidade de concentração urinária, que leva à excreção de uma urina hipotônica em volume aumentado ● Quando os sintomas são causados por uma quantidade insuficiente de ADH secretado, tem-se o diabetes insipidus central. ● Quando o ADH é liberado da hipófise em quantidade adequada, mas não há resposta renal suficiente ao hormônio, tem-se o diabetes insipidus nefrogênico. ● Durante a gravidez pode ocorrer a produção aumentada de vasopressinase pela placenta, que degrada o ADH, levando a diabetes insipidus gestacional . ● Por fim, a diabetes insipidus psicogênica ocorre quando há poliúria hipotônica por aumento da ingesta hídrica sem alteração no mecanismo do ADH. Etiologia ● pode ser decorrente de diferentes etiologias: ➔ deficiência de hormônio antidiurético, causada por algum tumor ou doença infiltrativa ➔ resistência à ação do ADH no túbulos renais Ieza Martins 5° Período- MedAfya ➔ degradação do ADH durante a gestação ➔ psicológica ➔ causas genéticas – causada pela mutação no gene do receptor AVP - V2 recessiva ligada ao x ➔ mutação no gene do canal central de água aquaporin-2 autossômica recessiva ➔ algumas substâncias que podem lesionar o ducto coletor renal – lítio, cisplatina, metoxiflurano, demeclociclina ➔ causas metabólicas como hipercalcemia e hipocalemia ➔ anemia pode lesionar a vascularização do ducto coletor Epidemiologia ● é um raro distúrbio endócrino e/ou metabólico que afeta cerca de 1: 25.000 da população global e que não possui predileção com relação ao sexo, exceto nas formas genéticas ligadas ao X, afetando principalmente homens, sendo o caso da DI nefrogênica causada por mutações no gene que codifica o receptor V2 do ADH. ● A DI que ocorre com maior frequência é a diabetes insipidus central, causada principalmente por fatores adquiridos (95%), entretanto pode ser hereditária (ligado ao cromossomo X. ● Em dados estatísticos a DI adquirida ocorre em aproximadamente 95% das pessoas portadoras e cerca de 30% a 40% são considerados idiopáticos e para ser considerada idiopática as possíveis causas devem ser devidamente investigadas e excluídas ● Por ser ligada ao cromossomo X, a DIN tende acometer mais os homens com a sintomatologia, diferentemente das mulheres que normalmente são assintomáticas por terem o gene normal no outro cromossomo X. No entanto, mulheres grávidas portadoras da mutação no gene AVPR2, podem desenvolver poliúria, em razão da ação das vasopressinase liberadas pela Ieza Martins 5° Período- MedAfya placenta, aumentando a depuração de AVP ● Existe uma carência de dados epidemiológicos acerca da DI, por se tratar de uma doença rara e de pouca ocorrência, e não divergindo do cenário global, no Brasil essas informações não são atualizadas ou até mesmo escassas, visto que há raríssimos estudos brasileiros sobre a DI, dificultando avanços científicos acerca da doença tão pouco conhecida Fisiopatologia O DI tem uma fisiopatologia diferente de acordo com a sua etiologia. ➔ Diabetes insipidus central ou neurogênical: é caracterizado por uma diminuição na quantidade de ADH circulante, por uma incapacidade de sintetizar e secretar o ADH em resposta à osmolalidade. Então, o filtrado glomerular diluído não passa pelo processo de concentração ao chegar no ducto coletor renal, levando à excreção de um grande volume de urina. Isso induz um aumento da osmolalidade sérica, gerando sede e polidipsia secundária. Este tipo de DI ocorre principalmente por uma destruição na parte posterior da hipófise, local de armazenamento do ADH. Essa destruição pode ocorrer por diversos fatores, entre eles tumores, traumas, infecções, doenças autoimunes, fatores hereditários e complicações cirúrgicas. Ela se manifesta quando 80 a 90% dos neurônios magnocelulares do núcleo supraóptico são destruídos. Quando está associada a fatores hereditários, a herança autossômica recessiva é incomum e tem manifestação logo após o nascimento e a herança autossômica dominante é rara e se apresenta depois de um ano de vida. Os níveis de ADH no plasma encontram-se imensuráveis ou baixos para a osmolalidade plasmática. ➔ Diabetes insipidus nefrogênico: é caracterizado por uma falha da resposta renal ao ADH, que se encontra em níveis normais ou até mesmo aumentados. Da mesma forma que no DI central o filtrado glomerular diluído não é concentrado ao passar pelo ducto, resultando na excreção de grande volume de urina hipotônica. O aumento da osmolalidade plasmática também gera sede e polidipsia. Pode ser de origem congênita ou adquirida. Cerca de 90% dos pacientes com DI nefrogênico congênitosão meninos com mutações no gene do receptor tipo 2 da vasopressina (AVPR2) com herança recessiva ligada ao cromossomo X. Os outros 10% podem ser de ambos os sexos e têm mutações no gene de proteínas da aquaporina-2 com herança dominante ou recessiva. A forma adquirida ou secundária está relacionada a uso de medicamentos, drogas ou a doenças que alteram a função do túbulo renal como insuficiência renal crônica ou aguda, doenças císticas, nefropatias tóxicas, nefrite intersticial e uropatia obstrutiva. Diferentemente do DI central, os níveis plasmáticos de ADH encontram-se normais ou elevados em relação à osmolalidade plasmática. ➔ Diabetes insipidus gestacional: é caracterizado pela deficiência de ADH Ieza Martins 5° Período- MedAfya durante a gestação. É uma condição rara causada pelo aumento da atividade da cistina aminopeptidase placentária, também chamada de ocitocinase ou vasopressinase no período gestacional. A vasopressinase é uma enzima que degrada a ocitocina e previne a ocorrência de contrações uterinas prematuras. Como o ADH e a ocitocina têm estruturas moleculares parecidas, a enzima degrada também o ADH. Portanto, a paciente evolui de forma semelhante a DI central, com poliúria, estímulo secundário de sede e polidipsia. Em geral, surge no terceiro trimestre de gestação e desaparece alguns dias após o parto. Os níveis plasmáticos de ADH costumam ser imensuráveis devido a vasopressinase circulante. ➔ Diabetes insipidus psicogênico: é caracterizado por polidipsia por estímulo de sede não relacionado ao ADH. Ocorre um excesso de ingesta de água, que leva a uma diminuição da osmolalidade que consequentemente diminui a secreção de ADH pela hipófise posterior. Como não há vasopressina agindo nos túbulos renais, a urina não passa pelo processo de concentração e uma grande quantidade de urina hipotônica é excretada. O paciente tem função hipofisária e renal normais e geralmente existe uma causa psiquiátrica para explicar a sede excessiva. Porém, em alguns casos a sede pode ser causada por uma anormalidade no centro regulador da sede no hipotálamo ou ter origem idiopática. Manifestações clínicas ● a excreção de grandes volumes de urina hipotônica leva à desidratação celular e extracelular, assim a DI está associada a: ➔ polidipsia e poliúria, com urina de coloração pálida e aquosa. Ieza Martins 5° Período- MedAfya ● Diabetes insipidus central: ocorre surgimento abrupto de poliúria hipotônica e polidipsia em qualquer idade. Inicialmente a osmolalidade urinária encontra-se normal. Os pacientes apresentam preferência por líquidos frios para alívio da sede. A poliúria e a polidipsia persistem à noite e o paciente apresenta noctúria. O paciente pode evoluir com desidratação e hipovolemia se as perdas urinárias não forem repostas. ● Diabetes insipidus nefrogênico: o surgimento dos sintomas é mais insidioso e ocorre principalmente em recém-nascidos e lactentes na forma congênita. Nessa idade, além da poliúria, apresenta também sintomas inespecíficos como vômitos, baixo peso e irritabilidade. Porém, pode surgir em qualquer idade se for adquirido. Assim como na DI central existe o risco de desidratação e hipovolemia se não houver reposição de água, porém lactentes e recém-nascidos, incapazes de manifestar sede, podem evoluir com hipernatremia por desidratação extrema. ● Diabetes insipidus gestacional: se apresenta de forma clinicamente semelhante ao DI central, geralmente ao longo do terceiro trimestre de gravidez e a paciente retorna a sua função basal ao final da gestação. ● Diabetes insipidus psicogênica: pode ser um diagnóstico difícil. Porém, diferentemente dos DI central e nefrogênica, os pacientes não apresentam noctúria e não acordam durante a noite por sede. Central Nefrogênica Gestacional Psicogênica início abrupto início insidiosos início do 3° trimestre de gestação e resolução pós-parto sede não relacionada ao ADH polidipsia polidipsia polidipsia polidipsia poliúria hipotônica poliúria hipotônica poliúria hipotônica poliúria hipotônica noctúria noctúria noctúria NÃO TEM noctúria atenção : urina diluída é assim chamada quando apresentar menos de 300 mosmol/L ● Também pode ocorrer distúrbio do sono, fadiga, baixa estatura em crianças pois elas não entram nas fases 3 e 4 do sono que fazem a liberação do GH ● Na gravidez ocorre por conta da grande produção de vasopressinase e uma das manifestações é o olidramino Ieza Martins 5° Período- MedAfya Diagnóstico osmolaridade sérica normal➨ ● O teste de privação de água/restrição hídrica é o principal método para diagnóstico de DI central ➔ deve ser realizado em unidade hospitalar com o paciente sob constante vigilância, pois pode levar a desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos graves. ➔ O teste é iniciado pela manhã e, a partir deste momento, o paciente não pode ingerir água. ➔ Afere-se o peso e coleta-se sangue e urina para conhecer as concentrações de eletrólitos e a osmolalidade sérica e urinária. ➔ Coleta-se amostra de urina a cada hora para testar a evolução da osmolalidade. ➔ O teste continua até que ocorra hipotensão ortostática e taquicardia postural ou perda maior que 5% ou 3% do peso corporal inicial ou a concentração urinária não aumentar mais que 30mOsm/l em amostras sequenciais. ➔ Nesse momento, a vasopressina exógena é oferecida para o paciente. Após uma hora da administração da vasopressina exógena, coleta-se outra amostra de urina e encerra-se o teste. Paciente sem DI apresenta osmolalidade urinária durante desidratação máxima maior que 700mOsm/l, excedendo a osmolalidade plasmática. Após a administração da vasopressina exógena a elevação da osmolalidade é inferior a 5%. ● Pacientes com DI central não conseguem concentrar a urina mais que a osmolalidade plasmática durante a desidratação, mas, após administração de vasopressina exógena, podem aumentar a osmolalidade urinária em mais de 50%. ● Pacientes com DI nefrogênico não podem concentrar a urina mais que a osmolalidade plasmática durante a desidratação e não respondem à administração da vasopressina. ● Pacientes com DI psicogênica não conseguem concentrar a urina em níveis máximos por diminuição da tonicidade medular renal, então apresentam uma osmolalidade urinária na desidratação um pouco inferior ao parâmetro de Ieza Martins 5° Período- MedAfya normalidade. Após a administração de vasopressina não há alteração na osmolalidade urinária. ● Durante o teste, a vasopressina exógena utilizada pode ser nas formas: cinco unidades de vasopressina aquosa subcutânea ou 4 mcg de desmopressina intramuscular ou intravenosa ou 10 mcg de desmopressina intranasal. ● O tempo máximo de duração do teste é de 6 horas para menores de 6 meses; 8 horas para lactentes entre 6 e 24 meses; e 12 horas para crianças com mais de dois anos. Adultos e adolescentes não têm limite determinado de tempo. ● Pacientes com diagnóstico de DI central devem realizar ressonância magnética da região hipotalâmico-hipofisária para avaliação etiológicae busca de tumor. ● A ressonância magnética craniana (RM) para identificar hiperintensidades na hipófise posterior ou espessamento do pedúnculo hipofisário pode ajudar a determinar a causa da DIC. Ieza Martins 5° Período- MedAfya Ieza Martins 5° Período- MedAfya