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CASO 2: Marcos Santos tem 43 anos, empresário, diabético desde os 10 anos de idade, viajou de férias para Fernando de Noronha e durante um dos passeios ao entrar no mar pisou em um fragmento de concha e percebeu um corte na planta do pé direito. Dois dias após, durante a noite, Marcos começou a sentir mal-estar e calafrios. Na manhã seguinte ele procurou atendimento no hospital da ilha. Você estava de plantão no hospital e foi o responsável pelo atendimento do Marcos. Ao conversar com ele confirmou que ele é diabético insulinodependente, com controle glicêmico irregular. Ele referiu ser sedentário e durante as caminhadas na praia sentiu uma dor “muscular” não limitante na parte distal das pernas. O paciente negou hipertensão arterial ou outras doenças crônicas. Referiu ser tabagista desde os 18 anos de idade, em média 10 cigarros ao dia. No exame físico: PA = 120 / 85 mmHg; Temp: 38º C Ausculta cardiopulmonar normal Abdômen: sp MID: Diminuição de pilificação nos pododáctilos, com área de hiperceratose na região plantar na topografia do 2º e 3º metatarsos. Hiperemia evidente no centro da região plantar, com lesão de continuidade de aproximadamente 5 cm de extensão, apresentando discreta secreção amarelada. Pulsos femoral e poplíteo presentes: ++++/ 4. Pulsos tibiais e fibular ausentes MIE: Deformidades no 1º e 2º pododáctilos com área de hiperceratose na face medial do 1º pododáctilo. Pulsos femoral e poplíteo presentes: ++++/ 4. Pulsos tibiais e fibular presentes: ++/ 4. Discreta palidez plantar durante manobra de isquemia mecânica __________________________________________ QUEM É O PACIENTE? Masculino, 43 anos, DM I não controlada, tabagista, sedentário QP: lesão na planta do pé direito · Mal estar e calafrios → quadro infeccioso e percussão sistêmica · Dor muscular ao andar da panturrilha para baixo bilateral EXAME FÍSICO: MID: · Diminuição da pilificação (menos frequente em jovens, em idosos é mais comum pelo uso de meias - sempre de distal para proximal quando é causa vascular crônica) · Hiperceratose (“calo”) em região plantar do 2° e 3° metatarsos → proteção contra um apoio constante · Hiperemia + lesão (corte) de 5 cm + secreção amarelada + febre de 38° → sinais de infecção e repercussão sistêmica · Pulsos tibiais e fibular ausentes MIE: · Deformidade com áreas de hiperceratose · Pulsos tibiais e fibular diminuídos · Manobra de isquemia mecânica positiva · Isso indica uma doença arterial crônica com o território poplíteo podal afetado bilateral, com o lado direito ocluído e o esquerdo estenosado · DAOC → angiopatia diabética → pé diabético EXAMES NO ATENDIMENTO: · Fazer o teste de sensibilidade com os monofilamentos de acordo com a cor e o peso Verde: 0,5 g. Azul: 0,2 g. Violeta: 2 g. Vermelho escuro: 4 g. Laranja: 10 g. Vermelho magenta: 300 g · Cada cor tipifica a sensibilidade e representa a resposta que o membro afetado tem · Lembrar que a perda é de distal para proximal · Áreas: hálux, 1a, 3a, 5a cabeças de metatarsos · Existem também os testes clínicos qualitativos: temperatura, cor, vibração e reflexo aquileu · ITB: limitações: calcificação da camada média, endurecimento arterial levando a incompressibilidade da artéria (ITB > 1,4 - TASC II) CLASSIFICAÇÃO DO PÉ DIABÉTICO: · Angiopatia: diminuição dos pulsos, diminuição da pilificação, palidez e claudicação · Neuropatia · Infecção · Misto (descrever combinação, pode ser todas) Dx sindrômico: pé diabético misto (angiopático + neuropático + infeccioso) Dx topográfico: poplíteo podal, obstrutivo em direito e esquerdo com estenose EXAMES COMPLEMENTARES: · Hemoglobina glicada e glicemia em jejum · Hemograma · Proteína C reativa ou VHS · Perfil lipídico · Creatinina, parcial de urina e relação albumina-creatinina · Cultura de material profundo da úlcera: · Fazer a limpeza e um desbridamento da ferida para eliminar o máximo n° de outros microorganismos na região · Antibiograma · RX simples do pé · Deformidades, fraturas, · Se é um caso crônico e fez inflamação no osso - fica pretinho de forma periosteal · Aumento de partes moles: ficam mais esbranquiçadas com manchas escuras em forma de bolsões · RM ou cintilografia óssea - osteomielite · EcoDoppler arterial dos MMII CLASSIFICAÇÃO DE LESÃO - WAGNER: Grau: 0: ausência de úlcera - pé em risco 1: úlcera cutânea superficial 2: úlcera profunda, sem abscesso 3: úlcera profunda, com abscesso e/ou osteomielite 4: gangrena localizada 5: gangrena extensa (mais que a metade) · Classificar cada uma das lesões · É diferente de classificar o pé diabético · Abscesso: bolsão de pus localizado, apenas dá para saber quando debridar · Existe a classificação WIFI para pé diabético com dor ao repouso TRATAMENTO: Infecção: · Antibioticoterapia (parenteral) · Controle da glicemia · Hidratação do paciente · Drenagem ampla dos abscessos · Desbridamento agressivo (lesões são muito mais extensas do que à ectoscopia) · Ressecção de todos os tecidos desvitalizados · Amputação com osteomielite sem melhora Isquemia: · É um candidato a uma revascularização: dor ao repouso, necrose e CI limitante · Amputação primária se não tiver condições de revascularizar Neuropatia: · Modificar pontos de apoio dos pés (não pode apoiar extremidade) · Higiene cuidadosa CUIDADOS GERAIS: · Examinar sistemática e diariamente com uma boa iluminação · Dieta · Controle da diabetes!! · Combate a HAS, stress, vida sedentária, abolir tabagismo · Não andar descalço e usar sapatos adequados · Tratamento precoce das “portas de entrada” · Evitar água quente · Sapatos confortáveis sem costura interna CONFERÊNCIA - PÉ DIABÉTICO Características do pé diabético neuropático: · Maioria dos pés diabéticos são neuropáticos (precede outras alterações) · Pé vermelho (vasodilatado), quente e deformados · Lesão clássica: úlceras neuropáticas → borda de hiperceratose. Quando na região plantar do pé, tem-se o nome de mal perfurante plantar · Úlcera é porta de entrada para infecções · Tríade de pé diabético: isquemia, Artropatia de Charcot: · Alterações osteoarticulares e deformidades, com diminuição do ar plantar · Hiperceratose: mal perfurante plantar Alterações autonômicas: · Vasodilatação · Pulsos presentes · Tecidos bem perfundidos · Pé quente e seco Alterações sensoriais e motoras · Alteração sensitiva pode levar a anestesia e ter dificuldade em perceber traumas Áreas de risco para ulcerações: · Locais que formam a hiperceratose e trauma repetitivo, por conta da alteração de apoio dos pés Características do pé diabético isquêmico: · Hipotermia · Palidez ou hiperemia reativa · Enchimento capilar lentificado · Ausência de pulso em território poplíteopodal (artérias tronculares distais microangiopatias) · Alterações tróficas isquêmicas · Necrose * DM pode ajudar a causar placa de ateroma (DM é fator de risco para aterosclerose), se o paciente tiver HAS Angiopatia em grandes vasos (macroangiopatia) quando associado com aterosclerose Dx topográfico DAOC (angio DM): · Território poplíteo podal: CI em perna distal e pulsos alterados distais Características do pé diabético infeccioso: · Pus · Edema · Abscesso · Febre · Adenite *Porta de entrada Classificação dos pés diabéticos: · Angiopatia e infeccioso · Neuropático e infeccioso · Neuropático e angiopático · Neuropático, infeccioso e angiopático DX CLÍNICO DO PÉ DIABÉTICO: 3 componentes: · Isquemia predominante · Neuropatia predominante · Infecção: grau Inspeção Exame vascular: pulsos Exame neurológico CLASSIFICAÇÃO DE WAGNER: · História natural da doença · Dar as orientações desde o grau 0 CLASSIFICAÇÃO DE WIFI: · Estudo mais aprofundado · Para especialistas EXAMES COMPLEMENTARES: · Glicemia em jejum e Hb glicada · Função renal · Hemograma · Rx simples: monckeberg, osteomielites, fraturas, absorção óssea · EcoDoppler (ver gravidade da isquemia) · Cintilografia óssea (ver osteomielite) · Cultura e antibiograma (se infeccioso, para atb) CUIDADOS GERAIS: · Exame sistemático dos pés! - espelhinhos · Dieta · Nuncaandar descalço, usar sapatos adequados · Tratamento precoce das “portas de entrada” TRATAMENTO: Neuropatia: · Modificar pontos de apoio dos pés (palmilhas, sapatos próprios) · Higiene cuidadosa Infecção: · Atb, controle da glicemia, hidratação do paciente · Drenagem ampla dos abscessos · Amputação quando osteomielite não tratada Isquemia: · DAOC tratamento: clínica ou cirúrgico · Na crônica: fazer revascularização se necrose, dor ao repouso ou claudicação intermitente limitante · Isquemia crítica sem condições de revascularização vai para amputação image1.png image2.png image3.png