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CÂNCER DE MAMA Epidemiologia: · É o mais comum entre as mulheres · EUA: desde 1990, diminuição das taxas de mortalidade · Após um queda de 7% na incidência entre 2002 e 2003, a incidência está aumentando desde 2004 → idade fértil tardia e aumento da obesidade · Ca mama em estágio inicial: avanços na cirurgia e na radioterapia → terapia locorregional mais conservadora · Progresso substancial com aprovação de novos agentes para pacientes com Ca mama em estágio inicial e metastático → melhores opções terapêuticas, marcadores personalizados para tto · Não é o que gera mais mortalidade (é um dos que mais mata por ser o mais comum) Fatores de risco: Obs: não é determinante, precisa estar associado a fatores ambientais e genética. Precisa dividir em modificáveis (mais importante para o médico) e não modificáveis · Idade e sexo femino · Hx familiar de Ca de mama em parentes de 1° grau antes dos 50 anos ou Ca bilateral ou de ovário em qualquer idade · Hx familiar de Ca de mama masculino · Dx histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ · Obesidade · Sedentarismo · Ingestão de álcool · Exposição a radiação ionizante antes dos 35 anos · Menarca precoce (abaixo dos 12 anos), menopausa tardia (acima dos 55 anos) · Primeira gravidez após os 30 anos ou não ter tido filhos → menos tempo a ciclos hormonais ao longo da vida · Hereditário (10%) · ACHO e TRH Rastreamento e diagnóstico: · Importante fazer exame de físico com profissional da saúde especializado (GO, onco, mastologista) · Informar sobre autoavaliação: mudança de coloração, aparecimento de nódulos, dor, saída de secreção, etc · Não basta apenas palpar os 4 quadrantes da mama, mas também as cadeias linfonodais (cervical, supraclavicular, infraclavicular e axilar) · Mamografia é o exame de eleição: boa sensibilidade, alta especificidade, custo efetivo e reprodutivo em todos os locais, rápido acesso → procurar microcalcificações e suas características. A grande dificuldade de interpretação da mamografia é a personalização, visto que em mamas densas (baixa sensibilidade) ou mamas jovens em pacientes mais velhas são mais difíceis a visualização, vendo-se de uma forma radiopaca, precisando escrever no laudo e buscar outros exames para essas pacientes · Nesses casos, agrega-se ecografia (US) de mamas (esse nunca irá substituir a mamografia) → usado para mamas densas e distinguir nódulos sólidos de cistos, mas não se vê microcalcificação · Ressonância de mamas: · ACS não recomenda uso rotineiro, pelo alto custo, acesso limitado · Alta sensibilidade e baixa especificidade: altas taxas de falso-positivos · Triagem anual de RM de mama como adjuvante à mamografia é geralmente recomendada em: · Portadores de mutações BRCA1/2 · Parente de 1° grau portador de BRCA, que não foi testado para a presença de uma mutação BRCA · Risco ao longo da vida de > 20%, conforme definido pelo BRCAPRO ou outros modelos que dependem em grande parte do hx familiar · Rx no tórax entre as idades de 10 a 30 anos · Síndrome de Li-Fraumeni e parentes de 1° grau · Síndrome de Cowden CLASSIFICAÇÃO BI-RADS: · Prediz a conduta clínica · 0: precisa de um exame complementar, como US ou RNM → rastreamento personalizado · 1: nenhum achado, acompanhar em 1 ano · 2: houveram achados, com alta probabilidade de ser benigno, acompanhar em 1 ano · 3: houveram achados, indicativo de malignidade, refazer exame em 6 meses · 4 e 5: enviar paciente para biópsia Conduta oncológica: · Perfil clínico: determina as condições do paciente receber ou não a terapia · Subtipo molecular: complementa o dx e direciona o tratamento · Estadiamento: define extensão da doença · Biópsia e histologia: dx de câncer e características celulares (alvos do tto) Classificação histológica: · CARCINOMA DUCTAL INVASOR (70-80%): é o mais comum, surge dentro do ducto mamário · CDIS: carcinoma ductal in situ → não extravasou o ducto mamário. É considerado pré-cancerígena, se não for tratado se transforma em um ductal invasor · CARCINOMA LOBULAR INVASOR (8%): lóbulo mamário é onde é armazenado o leite · CLIS: carcinoma lobular in situ → localizado no lobo mamário, preenche os lobos, impossibilitando ver seus vacúolos · MISTOS (7%): lobulares e ductais · OUTROS (<5%): metaplásicos, mucinoso, tubular, medular, papilar · CARCINOMA INFLAMATÓRIO: (casca de laranja) inflama toda a pele da mama, deixando-a espessada e hiperemiada Perfil molecular: · Realizado a partir de imunohistoquímica e auxilia a determinar o tratamento · Os receptores principais detectados são os de estrogênio, progesterona e proteína HER-2 · LUMINAL A (40%): mais comum nas mulheres idosas, tem perfil de proliferação celular baixo (Ki67 < 13,5%), grande expressão nos receptores hormonais (RH +), baixa expressão do HER-2. É o de melhor prognóstico · LUMINAL B (20%): grande expressão de receptores (RH+), expressão variável do HER-2, perfil de proliferação celular maior (Ki67 > 13,5%) · HER-2 (20%): pode ou não ter receptores hormonais positivos (tumor do triplo positivo). Se não tiver, é chamado de tumor puro ou HER-2 hiperexpresso · BASAL LIKE (10%): negativo para os três receptores. É um grupo de tumores bastante heterogêneo Estadiamento: T: pode ser feito pelo exame físico, bom para acompanhar clinicamente a resposta ao tratamento · É o tamanho do tumor (0-4) · Quando é T4, é o mais avançado, acometendo pele e parede torácica N: acometimento de linfonodos e localização (0-3) M: presença ou ausência de metástase, por exames radiológicos. (0-1) Painel genético: Indicações: → são critérios em que são mais necessários fazer esse rastreamento · Ca mama feminino dx ≤ 45 anos · Ca mama feminino dx entre 46-50 anos se hx familiar limitado ou desconhecido, múltiplos ca mama primários ou > 1 parente próximo com ca de mama, ovário, pâncreas ou próstata dx em qualquer idade · Ca mama feminino dx > 51 anos ou > 1 parente próximo com cânceres mais avançados e metastáticos (são vários). Os parentes são os de primeiro, segundo e terceiro grau do mesmo lado da família · Ca mama triplo negativo em qualquer idade · Rastreamento dessas mulheres é modificável e existem tratamentos específicos para quem tem alterações genéticas → alterações clínicas e de conduta O que fazer diante de uma paciente com Ca de mama? · Características do tumor: padrão histológico, grau histológico, características imuno-histoquímicas · Estadiamento: TNM · Inicial I-IIB (T2N1) · Localmente avançado IIB (T3N0) IIIA-C · Metastático (IV) Manejo da doença inicial: · Cirurgia (conservadora vs mastectomia) → sendo possível até declinar da QT, por ser casos muito iniciais. As conservadores devem ser a prioridade · Tratamento sistêmico: QT adjuvante, hormonioterapia adjuvante, trastuzumabe adjuvante · Radioterapia · GEP → faz o perfil genômico; avaliação do tumor para saber sobre recidivas; ver se terá benefícios ou não com QT → oncotype Obs: nem todas vão necessitar de QT sequencialmente Os tratamentos são personalizado para cada tipo de paciente, tipo de câncer e “sobrenome” do câncer Manejo do Ca de mama localmente avançado: · QT neoadjuvante → triplo negativo e HER2 · Cirurgia · Hormonioterapia adjuvante, terapia anti-HER2 adjuvante · Abemaciclibe adjuvante (estudo MonarchE) → luminal · Radioterapia adjuvante Manejo da doença metastática: · QT · Hormonioterapia · Terapia-alvo · Radioterapia · Cirurgia paliativa Obs: o grande objetivo não é mais a cura Desfecho: cura (raro), prolongamento da vida, controlar os sintomas, prevenção de complicações e melhorar a qualidade de vida Fatores que influenciam a seleção do tratamento: · Tumor Burden (sítio e volume das metástases) · Estado de menopausa · Intervalo livre da doença · Tipo de tratamento administrado prévio e toxicidade · Grau tumoral, assinatura genética, Ki67, status linfonodal, tamanho do tumor, histologia, IAL, idade, HER2, ER/PR Avanços no tto clínico: · RE+ (65-57%) → Tamoxifeno, inibidores da aromatase, fulvestranto. Recentes: inibidores CDK 4/6, inibidores PI3K e plataformas gênicas· HER2+ (15-20%): transtuzumabe, pertuzumabe, TDM1, neratinibe, lapatinibe e novos anti – HER2 · Outros: imunoterapia – atezolizumabe e Olaparibe Espectro do Ca de mama avançado: · Doença indolente, evolução favorável, doença não visceral, sensível à hormonioterapia e sobrevida prolongada → doença mais crônica, em pessoas mais idosas, que teve um desenvolvimento mais arrastado → o tratamento é mais “leve” · Doença agressiva, evolução desfavorável, doença visceral extensa, hormônio-refratário e sobrevida curta → quadro mais rápido e agressivo, então o tratamento é mais intenso e “pesado” Qual regime de QT escolher? MonoQT x PoliQT: · Volume tumoral · Condições clínicas da paciente · Tratamentos prévios e toxicidade · Presença da mutação do BRCA · Preferências do paciente PROVA: raciocinio, pilares do tratamento de cada tipo de câncer (luminal, triplo negativo, HER2, doença muito inicial, localmente avançada), rastreamento image1.jpg