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CÂNCER DE MAMA

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1 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 
 
OBJETIVOS 
1. Analisar o câncer de mama considerando a 
epidemiologia, fatores de riscos, tipos, 
manifestações clínicas, propedêutica, 
diagnóstico, disseminação, tratamento, 
prognóstico. 
 
2. Explicar as estratégias de rastreamento e 
diagnóstico precoce (SISCAN); 
 
3. Explicar as estratégias de rastreamento, condutas 
diante de seus resultados (BI-RADS); 
 
4. Analisar as políticas públicas existentes para 
proporcionar segurança ao paciente oncológico 
(direitos, lei dos 60 dias, grupos de assistência ao 
paciente e hospitais de assistência em Moc); 
 
5. Explicar o impacto biopsicossocial do diagnóstico 
e tratamento na vida da mulher 
REFERÊNCIAS 
• Detecção Precoce do Câncer, INCA, 2021. 
 
• Parâmetros técnicos para o rastreamento do 
câncer de mama, INCA, 2021. 
 
• BEREK. Tratado de Ginecologia, 2014. 
 
• Site INCA: https://www.inca.gov.br/tipos-de-
cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude 
 
• Cartilha INCA. Direitos sociais da pessoa com 
câncer, 5ª edição (2020). 
CONCEITO E EPIDEMIOLOGIA 
O câncer de mama, ou carcinoma mamário, é 
uma doença heterogênea, que engloba tumores 
biologicamente diferentes, com variadas 
manifestações clínicas e morfológicas. 
Há subtipos mais agressivos, que evoluem rápido 
para metástases em órgãos vizinhos ou distantes, 
como ossos, fígado, pulmão e cérebro, enquanto 
a maioria dos tumores tem características de 
menor agressividade e melhor prognóstico. 
O câncer de mama é o mais incidente em 
mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 
milhões de casos novos em 2020. 
É também a causa mais frequente de morte por 
câncer em mulheres no mundo, com 684.996 
óbitos em 2020 (15,5% dos óbitos por câncer em 
mulheres) 
No Brasil, o câncer de mama é também o tipo de 
câncer mais incidente em mulheres de todas as 
regiões, após o câncer de pele não melanoma. 
Em 2021, estima-se que ocorrerão 66.280 casos 
novos da doença, o que equivale a uma taxa de 
incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres 
(INCA, 2020). 
A incidência do câncer de mama tende a crescer 
progressivamente a partir dos 40 anos, assim como 
a mortalidade por essa neoplasia (INCA, 2019). 
O câncer de mama é a primeira causa de morte 
por câncer em mulheres no Brasil, sendo a mais 
frequente em quase todas regiões brasileiras 
Em 2019 foram registrados 18.068 óbitos (INCA). 
FATORES DE RISCO 
O câncer de mama é uma doença multifatorial. 
O avançar da idade é o principal fator de risco e 
se relaciona ao acúmulo de exposições ao longo 
da vida e às próprias alterações biológicas com o 
envelhecimento. 
O fator de risco mais importante é o gênero, já que 
no sexo feminino a doença tem uma maior 
frequência chegando à incidência de 100 a 150 
vezes superior quando comparado com o sexo 
masculino, este fato é explicado pela quantidade 
superior de tecido mamário e exposição ao 
estrogênio endógeno nas mulheres. 
Além da idade, os fatores de risco bem 
estabelecidos dividem-se em: 
Câncer de Mama 
Problema 03: 
 
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude
 
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Fatores endócrinos/história reprodutiva: estão 
relacionados principalmente ao estímulo 
estrogênico (endógeno ou exógeno). O risco 
aumenta quanto maior for a exposição, já que, o 
estrogênio tem grande atuação no crescimento 
das células da mama, o que resulta em um 
potencial aumento de modificações genéticas. 
• História de menarca precoce (idade da primeira 
menstruação menor que 12 anos). 
 
• Menopausa tardia (após os 55 anos). 
 
• Primeira gravidez após os 30 anos (o epitélio 
mamário imaturo é mais suscetível aos 
carcinógenos do que o epitélio pós-lactacional) 
 
• Nuliparidade 
 
• Uso de contraceptivos orais (estrogênio-
progesterona) 
 
• Terapia de reposição hormonal pós-menopausa 
(estrogênio-progesterona). 
 
Fatores comportamentais/ambientais: 
 
Ingesta de bebida alcoólica: esta possui um 
metabólito chamado acetaldeído, o qual é 
carcinogênico, imunodepressor e estimulador da 
produção de estrogênio; 
 
Sobrepeso, obesidade e inatividade física: 
prioritariamente no climatério, a qual produz 
elevadas quantidades de estrogênio gerado pelo 
tecido adiposo. 
O tabagismo: apesar de ser considerado um fator 
de risco, ainda é controversa sua ação no 
aparecimento desse tipo de câncer. 
 
Exposição à radiação ionizante: o risco é 
proporcional à dose e à frequência. Doses altas ou 
moderadas de radiação ionizante (como as que 
ocorrem nas mulheres expostas a tratamento de 
radioterapia no tórax em idade jovem) ou mesmo 
doses baixas e frequentes (como as que ocorrem 
em mulheres expostas a dezenas de exames de 
mamografia) aumentam o risco de câncer de 
mama. 
 
Fatores genéticos/hereditários: referem-se a 
mutações em certos genes, como BRCA1 e 
BRCA2, os mais frequentes, e também nos genes 
PALB2, CHEK2, BARD1, ATM, RAD51C, RAD51D e 
TP53. 
 
As situações que conferem risco elevado de 
desenvolvimento da doença, são: possuir vários 
casos de câncer de mama e/ou pelo menos um 
caso de câncer de ovário em parentes 
consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou 
câncer de mama em homem também em parente 
consanguíneo. 
 
O câncer de mama de caráter hereditário 
corresponde de 5% a 10% do total de casos. 
 
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA 
 
O câncer de mama desenvolve-se, mais 
comumente, nos ductos mamários (carcinoma 
ductal), mas pode também ter origem nos lobos 
mamários (carcinoma lobular). 
 
Pode se apresentar como tumor in situ ou invasivo. 
TUMOR IN SITU 
Lesão restrita ao epitélio (não ocorre infiltração do 
estroma). 
 
É provável que nem todos os carcinomas in situ 
evoluam para a forma invasiva e que nem todo 
carcinoma invasor passe obrigatoriamente pela 
etapa in situ. 
 
Carcinoma ductal in situ (CDIS) 
 
É considerada lesão precursora do câncer de 
mama e na maioria das vezes, tem prognóstico 
favorável. 
 
Caracteriza-se à microscopia pela presença de 
dilatação da luz dos ductos e pelo achado de 
células de padrão ductal com alterações 
malignas que não invadem a membrana basal. 
 
O tipo celular característico é a célula grande, 
poligonal, coesa, com tendência aos arranjos 
ductal e/ou papiliforme e graus variáveis de atipia 
nuclear. 
 
Carcinoma lobular in situ (CLIS) 
 
 
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Não se apresenta como lesão palpável, 
normalmente não há expressão mamográfica, e 
não é visível macroscopicamente ao exame 
histopatológico. 
 
É detectado mais frequentemente na pré-
menopausa 
 
O padrão histológico é o de hiperplasia lobular 
atípica, com presença de células epiteliais 
pequenas, não coesas, dispostas no interior dos 
ácinos e, por vezes, com extensão para os ductos 
terminais e intermediários. 
 
Representa um indicador biológico de aumento 
de risco para o desenvolvimento de um tumor 
invasor, devido ao seu grande potencial para 
multicentricidade e bilateralidade 
 
Deve ser tratado com biópsia excisional e 
acompanhamento meticuloso. 
 
INVASIVO: 
Corresponde à doença invasiva, ou seja, quando 
ocorre infiltração do estroma mamário 
Carcinoma ductal invasivo 
É o tipo de câncer de mama invasivo mais 
comum, correspondendo a 80% dos tumores 
invasivos. 
A capacidade de provocar reação estromal é 
que produz diferentes formas de apresentação, 
determinando retração de pele quando há 
reação fibrótica intensa, ou abaulamentos 
quando o crescimento é tuberoso e com pouca 
fibrose. 
Esta reação estromal pode ser intensa, resultando 
em estroma denso e firme, responsável por sua 
antiga denominação como carcinoma cirroso. 
O prognósticoé bom em casos de carcinoma 
ductal isolado, e péssimo em casos de metástases. 
Carcinoma lobular invasivo: 
É pouco frequente. 
 
O achado típico é de uma área mal definida, 
infiltrada, espessada na mama, com pouca 
expressão mamográfica. 
 
Apresenta maior tendência à bilateralidade e 
multicentricidade. 
 
Está mais associado ao uso da terapia hormonal 
do que o câncer ductal invasivo. 
 
Normalmente não se observa lesão 
macroscópica. 
 
Microscopicamente, evidenciam-se células 
pequenas e ovais, que infiltram o estroma na 
forma característica, em “fila indiana”. 
 
Em 2/3 dos casos há associação com o CLIS. 
 
Em alguns casos, o CDIS também pode estar 
presente 
 
Carcinoma Mucinoso (Coloide) 
 
Representa 5% dos cânceres de mama. 
 
Possui crescimento lento e se distingue pelo 
acúmulo de mucina ao redor das células tumorais. 
 
Parece ser mais comum em pacientes mais idosas. 
 
Normalmente apresenta aparência gelatinosa ao 
exame macroscópico, com tendência a serem 
bem circunscritos. 
 
É caracterizado por proliferação de grupamentos 
de células redondas, uniformes com mínima 
quantidade de citoplasma eosinófilo. 
 
Bom prognóstico 
 
Carcinoma Tubular 
 
Representa 2% dos carcinomas de mama. 
 
É caracterizado pela presença de estruturas 
tubulares ou glandulares bem formadas infiltrando 
o estroma. 
 
Os túbulos tendem a ser alongados, com presença 
de células colunares e frequentemente há 
protusões citoplasmáticas apicais. 
 
Raramente, apresenta metástases axilares. 
 
Possui bom prognóstico. 
 
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Carcinoma Medular 
 
Representa 5 a 8% dos carcinomas de mama, 
origina-se de ductos maiores da mama e 
apresenta um infiltrado linfocítico denso. 
 
É circunscrito ao exame macroscópico e, em 
alguns casos, há presença de necrose ou 
hemorragia ao redor. 
 
O tumor parece ser uma neoplasia maligna menos 
agressiva e de crescimento mais lento que outros 
tipos de carcinoma. 
 
Ocorre mais frequentemente em pacientes mais 
jovens e tem sido associado a mutações do BRCA-
1. 
 
Mesmo quando há doença axilar, o prognóstico 
do carcinoma medular é melhor que o de outras 
variantes de carcinoma ductal infiltrante. 
 
CARCINOMA INFLAMATÓRIO 
É uma forma distinta de câncer de mama 
localmente avançado, caracterizado 
clinicamente por eritema, edema, calor e 
endurecimento da pele, com o aspecto 
característico em “casca de laranja” (peau 
d’orange). 
 
Pode haver ou não a presença de nódulo 
palpável. 
PATOGÊNESE 
O tempo de duplicação do câncer de mama 
varia de algumas semanas, nos tumores de 
crescimento rápido, a meses ou anos, no caso 
daqueles de crescimento lento. 
 
O câncer surge a partir de uma mutação 
genética, ou seja, de uma alteração no DNA da 
célula. 
 
As alterações podem ocorrer em genes proto-
oncogenes, que a princípio são inativos em células 
normais. Quando ativados, os proto-oncogenes 
tornam-se oncogenes, responsáveis por 
transformar as células normais em células 
cancerosas. 
 
Os efeitos cumulativos de diferentes agentes 
cancerígenos ou carcinógenos são os 
responsáveis pelo início, promoção, progressão e 
inibição do tumor. 
 
SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA 
O sintoma mais comum de câncer de mama é o 
nódulo fixo, geralmente indolor, duro e irregular. 
Outros sinais de câncer de mama são: 
• Nódulo mamário de consistência endurecida e 
fixo ou que vem aumentando de tamanho em 
mulheres adultas de qualquer idade. 
• Descarga papilar sanguinolenta unilateral. 
• Lesão eczematosa da pele que não responde a 
tratamentos tópicos. 
• Presença de linfadenopatia axilar. 
• Aumento progressivo do tamanho da mama 
com a presença de sinais de edema, como pele 
com aspecto de casca de laranja. 
• Retração na pele da mama. 
• Mudança no formato do mamilo. 
• Tumoração palpável unilateral em homens com 
mais de 50 anos. 
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO 
O Rastreamento consiste na aplicação de testes 
em pessoas assintomáticas, com o objetivo 
encontrar a doença em fase inicial e ter melhor 
prognóstico, com tratamento mais efetivo e 
menor morbidade associada. 
Para o diagnóstico é fundamental uma boa 
anamnese, exame físico e o complemento com 
exames de imagem para avaliar a necessidade 
de se biopsiar uma lesão. 
MAMOGRAFIA 
Atualmente, a mamografia é considerada o 
exame padrão para o rastreamento. 
 
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A recomendação é que a mamografia de 
rastreamento seja oferecida às mulheres de 50 a 
69 anos, uma vez a cada dois anos 
Obs: antes dos 50 anos, as mamas têm mais tecido 
glandular e menos gordura (em geral, são mais 
densas), diminuindo a eficácia da mamografia, 
podendo gerar resultados falsos-positivos e falsos-
negativos. Já após os 70 anos, há maior risco de se 
encontrar um câncer que não evoluiria a ponto 
de causar prejuízos à saúde da mulher. O 
tratamento desse tipo de câncer expõe a mulher 
a riscos e a danos desnecessários. 
É um exame radiológico que consegue detectar 
lesões em fase pré-clínica, nódulos a partir de 2 
mm e microcalcificações até menores que 0,5 
mm. 
Passo a Passo: 
1. A paciente deve se posicionar em pé diante do 
mamógrafo. 
 
2. Posicionar as mamas entre as duas placas do 
mamógrafo 
 
3. O aparelho realiza uma leve compressão em 
cada mama, nas posições vertical e horizontal. 
 
4. Durante o exame a mulher deverá ficar imóvel e 
segurando a respiração durante alguns segundos 
 
5. As imagens captadas são enviadas a um 
computador, onde são armazenadas. 
Recomendação: evitar uso de cremes e 
desodorantes antes do exame para evitar 
interferências no resultado. 
 
AUTOEXAME 
Só é capaz de identificar o nódulo em fase clínica 
(maior que 1 cm) 
Auto palpação contribui para ampliar a 
capacidade de identificar, de forma mais precoce 
possível, o aparecimento de sinais e sintomas 
suspeitos de câncer de mama. 
O autoexame da mama (AEM) mensal não é mais 
recomendado, visto que há poucas evidências de 
eficácia (não se demonstrou melhora da 
sobrevida com o AEM). 
As mulheres devem ser informadas sobre os 
benefícios e as limitações do AEM mensal, 
principalmente o risco de um resultado falso-
positivo. 
No caso das mulheres que ainda preferirem fazê-
lo, é necessário ensinar e reavaliar a técnica 
esporadicamente. 
BIÓPSIAS POR AGULHA GROSSA (CORE BIÓPSIA E 
BIÓPSIA A VÁCUO - MAMOTOMIA). 
Podem ser realizadas tanto em lesões palpáveis 
quanto impalpáveis. 
Nas impalpáveis, um exame de imagem 
(ultrassonografia, mamografia ou ressonância) 
deve servir como guia para o procedimento. 
Com a orientação da imagem, introduz-se uma 
agulha de biopsia na lesão e retira-se um 
fragmento de tecido para exame histopatológico. 
BIÓPSIA CIRÚRGICA 
Atualmente é indicada quando não é possível, por 
questões técnicas, a realização da biópsia por 
agulha. 
A biopsia cirúrgica pode ser feita no consultório, 
sob anestesia local, da seguinte maneira: 
1. A paciente é posicionada e é feita a 
localização da massa. 
2. Usa-se anestesia local para infiltração da pele e 
do tecido subcutâneo adjacente à massa 
palpável 
3. Realiza-se uma incisão cutânea diretamente 
sobre a massa. 
 
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4. A massa é delicadamente apreendida com 
pinça de Allis ou com um ponto (sutura) de apoio 
e tracionada para o campo operatório (local da 
incisão) 
5. Sempre que possível, a excisão deve completa. 
Nas lesões maiores, cuja excisão completa é difícil, 
podem ser retirados apenas fragmentos (biopsia 
incisional) para diagnóstico. 
6. Uma vez retirada a massa, obtém-se hemostasia 
adequada e fecha-se a incisão. 
PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) 
Tem sua principal indicação napropedêutica do 
câncer de mama no que tange à avaliação do 
linfonodo axilar. 
Ela permite uma avaliação citológica do 
linfonodo, sendo importante para a proposta 
inicial do tratamento. 
Em geral a PAAF é realizada em lesões palpáveis 
ou guiada por ultrassonografia, com uma agulha 
de calibre 20 ou 22. 
Resultados negativos da PAAF não excluem 
neoplasia maligna e devem ser avaliados por 
biopsia de um fragmento ou biopsia excisional 
tradicional das lesões suspeitas. 
É possível usar a PAAF para aspirar líquido de 
lesões císticas, sobretudo das que têm aparência 
benigna. 
Nos cistos benignos, o exame citológico não é 
necessário caso não haja sangue no líquido e o 
cisto desapareça após a aspiração. 
TRATAMENTO 
 O tratamento varia de acordo com o 
estadiamento da doença, suas características 
biológicas, bem como as condições da paciente 
(idade, status menopausal, comorbidades e 
preferências). 
As modalidades de tratamento do câncer de 
mama podem ser divididas em: 
• Tratamento local: cirurgia e radioterapia (além de 
reconstrução mamária) 
• Tratamento sistêmico: quimioterapia, 
hormonioterapia e terapia biológica. 
Estádios I e II 
A conduta habitual consiste de cirurgia, que pode 
ser conservadora como a tumorectomia (retirada 
apenas do tumor) ou mastectomia (retirada da 
mama e reconstrução mamária) 
As mastectomias com preservação de pele e 
mamilo vem ganhando espaço. 
Após a cirurgia, o tratamento complementar com 
radioterapia pode ser indicado em algumas 
situações. 
Já a reconstrução mamária deve ser sempre 
considerada nos casos de mastectomia. 
O tratamento sistêmico será determinado de 
acordo com o risco de recorrência (idade da 
paciente, comprometimento linfonodal, tamanho 
tumoral, grau de diferenciação). 
Estádio III 
Pacientes com tumores maiores, porém ainda 
localizados, enquadram-se no estádio III. 
Nessa situação, o tratamento sistêmico (na 
maioria das vezes, com quimioterapia) é a 
modalidade terapêutica inicial. 
Após resposta adequada, segue-se com o 
tratamento local (cirurgia e radioterapia). 
Estádio IV 
A modalidade principal nesse estádio é sistêmica 
(quimioterapia), sendo o tratamento local 
reservado para indicações restritas. 
Atenção à qualidade de vida da paciente deve 
ser preocupação dos profissionais de saúde ao 
longo de todo o processo terapêutico. 
A hormonoterapia é um dos tratamentos 
sistêmicos adjuvantes mais eficazes no tumor de 
mama, mas é eficaz somente nas pacientes que 
têm tumores que expressam os receptores 
hormonais de estrógeno e/ou progesterona 
(redução da mortalidade em mais de 10%). Os 
principais efeitos colaterais são os relacionados 
com a menopausa. 
ESTADIAMENTO/ PROGNÓSTICO 
 
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Após o diagnóstico definitivo de câncer de 
mama, deve-se avaliar o estágio clínico da 
doença. 
Atualmente utiliza-se o sistema tamanho tumoral-
linfonodo-metástase (TNM) do American Joint 
Comittee on Cancer. 
O sistema TNM possibilita tanto o estadiamento 
clínico pré-operatório quanto o estadiamento 
histopatológico pós-operatório 
 
O prognóstico do câncer de mama depende da 
extensão da doença (estadiamento), assim como 
das características do tumor. 
Quando a doença é diagnosticada no início, o 
tratamento tem maior potencial curativo. 
Quando há evidências de metástases (doença a 
distância), o tratamento tem por objetivos principais 
prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de 
vida. 
Sobrevida em anos de acordo com o estágio do câncer de mama. 
Estágio AJCC Sobrevida em 
Sobrevida em 5 
anos (%) 
Sobrevida em 10 
anos (%) 
Estágio 0 95 90 
Estágio I 85 70 
Estágio IIA 70 50 
Estágio IIB 60 40 
Estágio IIIA 55 30 
Estágio IIIB 30 20 
Estágio IV 5 a 10 2 
 
PREVENÇÃO 
Prevenção primária 
Relacionada aos fatores de risco conhecidos 
Fatores relacionados ao estilo de vida, obesidade, 
sedentarismo, consumo excessivo de álcool e 
terapia de reposição hormonal podem ser 
controlar e contribuir para diminuir sua incidência 
Possível prevenir 28% dos CA de mama por meio 
da alimentação, nutrição, atividade física e 
gordura corporal adequada. 
Prevenção secundária (Rastreamento) 
É feito através da mamografia periodicamente, 
com eficácia diagnóstica de 85% a 90% dos 
exames em mulheres com mais de 50 anos de 
idade, possibilitando a detecção de um tumor de 
pequeno tamanho e/ou baixa densidade em até 
dois anos antes de ocorrer acometimento 
linfonodal. 
A recomendação é que a mamografia de 
rastreamento seja oferecida às mulheres de 50 a 
69 anos, uma vez a cada dois anos 
POLÍTICAS PÚBLICAS ONCOLÓGICAS 
Política Nacional de Prevenção e Controle do 
Câncer 
Determina o cuidado integral ao usuário de forma 
regionalizada e descentralizada e estabelece que 
o tratamento do câncer será feito em 
estabelecimentos de saúde habilitados como 
Unidade de Assistência de Alta Complexidade em 
Oncologia (Unacon) ou Centro de Assistência de 
Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). 
Existem atualmente 317 unidades e centros de 
assistência habilitados no tratamento do câncer. 
Todos os estados brasileiros têm pelo menos um 
hospital habilitado em oncologia, onde o 
paciente de câncer encontrará desde um exame 
até cirurgias mais complexas. 
Lei dos 60 dias 
A lei dos 60 dias (12.732/12), que começou a 
vigorar em maio de 2013, garante ao paciente 
com câncer o direito de iniciar o tratamento no 
Sistema Único de Saúde (SUS) em, no máximo, 60 
dias após o diagnóstico da doença 
Auxílio doença 
O benefício é dado aos pacientes com câncer 
que sejam segurados do INSS (Instituto Nacional 
do Seguro Social), mesmo àqueles que 
contribuem de forma autônoma. 
O valor corresponde a 91% da média de todo o 
seu período de contribuição com o INSS. 
 
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Aposentadoria por invalidez / aposentadoria por 
incapacidade permanente 
A pessoa deve requerer o auxílio-doença. 
Somente na consulta com o médico do INSS 
(perícia), ele pode dar o atestado que diz se você 
terá condições de voltar ao trabalho ou se está 
incapacitado permanentemente. Renda mensal 
correspondente a 100% do salário de benefício. 
O valor da aposentadoria por incapacidade 
permanente aumenta em 25% caso o médico do 
INSS avalie a necessidade de um acompanhante. 
Saque do FGTS 
Todos os trabalhadores que têm carteira assinada, 
registrados em regime de CLT, têm uma conta 
bancária vinculada ao seu contrato de trabalho: 
é o chamado Fundo de Garantia por Tempo de 
Serviço (FGTS), administrado pela Caixa 
Econômica Federal. 
Pacientes com câncer têm direito ao resgate total 
do valor depositado. Também podem resgatar o 
FGTS os trabalhadores que tiverem dependentes 
nessas condições (cônjuges, filhos, irmãos menores 
de 21 anos ou inválidos e pais), desde que os 
dependentes já estejam registrados no INSS ou no 
Imposto de Renda. 
Saque do PIS/PASEP 
O PIS (Programa de Integração Social) se dá com 
empregados atuantes no setor privado e tem o 
pagamento sob responsabilidade da Caixa 
Econômica Federal. Já o PASEP (Programa de 
Formação do Patrimônio do Servidor Público) 
beneficia funcionários do setor público e é pago 
pelo Banco do Brasil. 
O saque pode ser realizado pelo paciente ou pelo 
trabalhador que possuir dependente com câncer, 
desde que na fase sintomática da doença 
Isenção do Imposto de Renda na Aposentadoria, 
Pensão e Reforma 
De acordo com a Lei nº 7.713, de 1988, a pessoa 
com câncer está isenta do imposto de renda 
relativo aos rendimentos de aposentadoria, 
reforma e pensão, inclusive as complementações 
recebidas de entidade privada e a pensão 
alimentícia.

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