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1 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 OBJETIVOS 1. Analisar o câncer de mama considerando a epidemiologia, fatores de riscos, tipos, manifestações clínicas, propedêutica, diagnóstico, disseminação, tratamento, prognóstico. 2. Explicar as estratégias de rastreamento e diagnóstico precoce (SISCAN); 3. Explicar as estratégias de rastreamento, condutas diante de seus resultados (BI-RADS); 4. Analisar as políticas públicas existentes para proporcionar segurança ao paciente oncológico (direitos, lei dos 60 dias, grupos de assistência ao paciente e hospitais de assistência em Moc); 5. Explicar o impacto biopsicossocial do diagnóstico e tratamento na vida da mulher REFERÊNCIAS • Detecção Precoce do Câncer, INCA, 2021. • Parâmetros técnicos para o rastreamento do câncer de mama, INCA, 2021. • BEREK. Tratado de Ginecologia, 2014. • Site INCA: https://www.inca.gov.br/tipos-de- cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude • Cartilha INCA. Direitos sociais da pessoa com câncer, 5ª edição (2020). CONCEITO E EPIDEMIOLOGIA O câncer de mama, ou carcinoma mamário, é uma doença heterogênea, que engloba tumores biologicamente diferentes, com variadas manifestações clínicas e morfológicas. Há subtipos mais agressivos, que evoluem rápido para metástases em órgãos vizinhos ou distantes, como ossos, fígado, pulmão e cérebro, enquanto a maioria dos tumores tem características de menor agressividade e melhor prognóstico. O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos em 2020. É também a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres no mundo, com 684.996 óbitos em 2020 (15,5% dos óbitos por câncer em mulheres) No Brasil, o câncer de mama é também o tipo de câncer mais incidente em mulheres de todas as regiões, após o câncer de pele não melanoma. Em 2021, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres (INCA, 2020). A incidência do câncer de mama tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos, assim como a mortalidade por essa neoplasia (INCA, 2019). O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, sendo a mais frequente em quase todas regiões brasileiras Em 2019 foram registrados 18.068 óbitos (INCA). FATORES DE RISCO O câncer de mama é uma doença multifatorial. O avançar da idade é o principal fator de risco e se relaciona ao acúmulo de exposições ao longo da vida e às próprias alterações biológicas com o envelhecimento. O fator de risco mais importante é o gênero, já que no sexo feminino a doença tem uma maior frequência chegando à incidência de 100 a 150 vezes superior quando comparado com o sexo masculino, este fato é explicado pela quantidade superior de tecido mamário e exposição ao estrogênio endógeno nas mulheres. Além da idade, os fatores de risco bem estabelecidos dividem-se em: Câncer de Mama Problema 03: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude 2 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Fatores endócrinos/história reprodutiva: estão relacionados principalmente ao estímulo estrogênico (endógeno ou exógeno). O risco aumenta quanto maior for a exposição, já que, o estrogênio tem grande atuação no crescimento das células da mama, o que resulta em um potencial aumento de modificações genéticas. • História de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos). • Menopausa tardia (após os 55 anos). • Primeira gravidez após os 30 anos (o epitélio mamário imaturo é mais suscetível aos carcinógenos do que o epitélio pós-lactacional) • Nuliparidade • Uso de contraceptivos orais (estrogênio- progesterona) • Terapia de reposição hormonal pós-menopausa (estrogênio-progesterona). Fatores comportamentais/ambientais: Ingesta de bebida alcoólica: esta possui um metabólito chamado acetaldeído, o qual é carcinogênico, imunodepressor e estimulador da produção de estrogênio; Sobrepeso, obesidade e inatividade física: prioritariamente no climatério, a qual produz elevadas quantidades de estrogênio gerado pelo tecido adiposo. O tabagismo: apesar de ser considerado um fator de risco, ainda é controversa sua ação no aparecimento desse tipo de câncer. Exposição à radiação ionizante: o risco é proporcional à dose e à frequência. Doses altas ou moderadas de radiação ionizante (como as que ocorrem nas mulheres expostas a tratamento de radioterapia no tórax em idade jovem) ou mesmo doses baixas e frequentes (como as que ocorrem em mulheres expostas a dezenas de exames de mamografia) aumentam o risco de câncer de mama. Fatores genéticos/hereditários: referem-se a mutações em certos genes, como BRCA1 e BRCA2, os mais frequentes, e também nos genes PALB2, CHEK2, BARD1, ATM, RAD51C, RAD51D e TP53. As situações que conferem risco elevado de desenvolvimento da doença, são: possuir vários casos de câncer de mama e/ou pelo menos um caso de câncer de ovário em parentes consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou câncer de mama em homem também em parente consanguíneo. O câncer de mama de caráter hereditário corresponde de 5% a 10% do total de casos. CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA O câncer de mama desenvolve-se, mais comumente, nos ductos mamários (carcinoma ductal), mas pode também ter origem nos lobos mamários (carcinoma lobular). Pode se apresentar como tumor in situ ou invasivo. TUMOR IN SITU Lesão restrita ao epitélio (não ocorre infiltração do estroma). É provável que nem todos os carcinomas in situ evoluam para a forma invasiva e que nem todo carcinoma invasor passe obrigatoriamente pela etapa in situ. Carcinoma ductal in situ (CDIS) É considerada lesão precursora do câncer de mama e na maioria das vezes, tem prognóstico favorável. Caracteriza-se à microscopia pela presença de dilatação da luz dos ductos e pelo achado de células de padrão ductal com alterações malignas que não invadem a membrana basal. O tipo celular característico é a célula grande, poligonal, coesa, com tendência aos arranjos ductal e/ou papiliforme e graus variáveis de atipia nuclear. Carcinoma lobular in situ (CLIS) 3 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Não se apresenta como lesão palpável, normalmente não há expressão mamográfica, e não é visível macroscopicamente ao exame histopatológico. É detectado mais frequentemente na pré- menopausa O padrão histológico é o de hiperplasia lobular atípica, com presença de células epiteliais pequenas, não coesas, dispostas no interior dos ácinos e, por vezes, com extensão para os ductos terminais e intermediários. Representa um indicador biológico de aumento de risco para o desenvolvimento de um tumor invasor, devido ao seu grande potencial para multicentricidade e bilateralidade Deve ser tratado com biópsia excisional e acompanhamento meticuloso. INVASIVO: Corresponde à doença invasiva, ou seja, quando ocorre infiltração do estroma mamário Carcinoma ductal invasivo É o tipo de câncer de mama invasivo mais comum, correspondendo a 80% dos tumores invasivos. A capacidade de provocar reação estromal é que produz diferentes formas de apresentação, determinando retração de pele quando há reação fibrótica intensa, ou abaulamentos quando o crescimento é tuberoso e com pouca fibrose. Esta reação estromal pode ser intensa, resultando em estroma denso e firme, responsável por sua antiga denominação como carcinoma cirroso. O prognósticoé bom em casos de carcinoma ductal isolado, e péssimo em casos de metástases. Carcinoma lobular invasivo: É pouco frequente. O achado típico é de uma área mal definida, infiltrada, espessada na mama, com pouca expressão mamográfica. Apresenta maior tendência à bilateralidade e multicentricidade. Está mais associado ao uso da terapia hormonal do que o câncer ductal invasivo. Normalmente não se observa lesão macroscópica. Microscopicamente, evidenciam-se células pequenas e ovais, que infiltram o estroma na forma característica, em “fila indiana”. Em 2/3 dos casos há associação com o CLIS. Em alguns casos, o CDIS também pode estar presente Carcinoma Mucinoso (Coloide) Representa 5% dos cânceres de mama. Possui crescimento lento e se distingue pelo acúmulo de mucina ao redor das células tumorais. Parece ser mais comum em pacientes mais idosas. Normalmente apresenta aparência gelatinosa ao exame macroscópico, com tendência a serem bem circunscritos. É caracterizado por proliferação de grupamentos de células redondas, uniformes com mínima quantidade de citoplasma eosinófilo. Bom prognóstico Carcinoma Tubular Representa 2% dos carcinomas de mama. É caracterizado pela presença de estruturas tubulares ou glandulares bem formadas infiltrando o estroma. Os túbulos tendem a ser alongados, com presença de células colunares e frequentemente há protusões citoplasmáticas apicais. Raramente, apresenta metástases axilares. Possui bom prognóstico. 4 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Carcinoma Medular Representa 5 a 8% dos carcinomas de mama, origina-se de ductos maiores da mama e apresenta um infiltrado linfocítico denso. É circunscrito ao exame macroscópico e, em alguns casos, há presença de necrose ou hemorragia ao redor. O tumor parece ser uma neoplasia maligna menos agressiva e de crescimento mais lento que outros tipos de carcinoma. Ocorre mais frequentemente em pacientes mais jovens e tem sido associado a mutações do BRCA- 1. Mesmo quando há doença axilar, o prognóstico do carcinoma medular é melhor que o de outras variantes de carcinoma ductal infiltrante. CARCINOMA INFLAMATÓRIO É uma forma distinta de câncer de mama localmente avançado, caracterizado clinicamente por eritema, edema, calor e endurecimento da pele, com o aspecto característico em “casca de laranja” (peau d’orange). Pode haver ou não a presença de nódulo palpável. PATOGÊNESE O tempo de duplicação do câncer de mama varia de algumas semanas, nos tumores de crescimento rápido, a meses ou anos, no caso daqueles de crescimento lento. O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula. As alterações podem ocorrer em genes proto- oncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas. Os efeitos cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção, progressão e inibição do tumor. SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA O sintoma mais comum de câncer de mama é o nódulo fixo, geralmente indolor, duro e irregular. Outros sinais de câncer de mama são: • Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho em mulheres adultas de qualquer idade. • Descarga papilar sanguinolenta unilateral. • Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos. • Presença de linfadenopatia axilar. • Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja. • Retração na pele da mama. • Mudança no formato do mamilo. • Tumoração palpável unilateral em homens com mais de 50 anos. RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO O Rastreamento consiste na aplicação de testes em pessoas assintomáticas, com o objetivo encontrar a doença em fase inicial e ter melhor prognóstico, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. Para o diagnóstico é fundamental uma boa anamnese, exame físico e o complemento com exames de imagem para avaliar a necessidade de se biopsiar uma lesão. MAMOGRAFIA Atualmente, a mamografia é considerada o exame padrão para o rastreamento. 5 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 A recomendação é que a mamografia de rastreamento seja oferecida às mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos Obs: antes dos 50 anos, as mamas têm mais tecido glandular e menos gordura (em geral, são mais densas), diminuindo a eficácia da mamografia, podendo gerar resultados falsos-positivos e falsos- negativos. Já após os 70 anos, há maior risco de se encontrar um câncer que não evoluiria a ponto de causar prejuízos à saúde da mulher. O tratamento desse tipo de câncer expõe a mulher a riscos e a danos desnecessários. É um exame radiológico que consegue detectar lesões em fase pré-clínica, nódulos a partir de 2 mm e microcalcificações até menores que 0,5 mm. Passo a Passo: 1. A paciente deve se posicionar em pé diante do mamógrafo. 2. Posicionar as mamas entre as duas placas do mamógrafo 3. O aparelho realiza uma leve compressão em cada mama, nas posições vertical e horizontal. 4. Durante o exame a mulher deverá ficar imóvel e segurando a respiração durante alguns segundos 5. As imagens captadas são enviadas a um computador, onde são armazenadas. Recomendação: evitar uso de cremes e desodorantes antes do exame para evitar interferências no resultado. AUTOEXAME Só é capaz de identificar o nódulo em fase clínica (maior que 1 cm) Auto palpação contribui para ampliar a capacidade de identificar, de forma mais precoce possível, o aparecimento de sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama. O autoexame da mama (AEM) mensal não é mais recomendado, visto que há poucas evidências de eficácia (não se demonstrou melhora da sobrevida com o AEM). As mulheres devem ser informadas sobre os benefícios e as limitações do AEM mensal, principalmente o risco de um resultado falso- positivo. No caso das mulheres que ainda preferirem fazê- lo, é necessário ensinar e reavaliar a técnica esporadicamente. BIÓPSIAS POR AGULHA GROSSA (CORE BIÓPSIA E BIÓPSIA A VÁCUO - MAMOTOMIA). Podem ser realizadas tanto em lesões palpáveis quanto impalpáveis. Nas impalpáveis, um exame de imagem (ultrassonografia, mamografia ou ressonância) deve servir como guia para o procedimento. Com a orientação da imagem, introduz-se uma agulha de biopsia na lesão e retira-se um fragmento de tecido para exame histopatológico. BIÓPSIA CIRÚRGICA Atualmente é indicada quando não é possível, por questões técnicas, a realização da biópsia por agulha. A biopsia cirúrgica pode ser feita no consultório, sob anestesia local, da seguinte maneira: 1. A paciente é posicionada e é feita a localização da massa. 2. Usa-se anestesia local para infiltração da pele e do tecido subcutâneo adjacente à massa palpável 3. Realiza-se uma incisão cutânea diretamente sobre a massa. 6 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 4. A massa é delicadamente apreendida com pinça de Allis ou com um ponto (sutura) de apoio e tracionada para o campo operatório (local da incisão) 5. Sempre que possível, a excisão deve completa. Nas lesões maiores, cuja excisão completa é difícil, podem ser retirados apenas fragmentos (biopsia incisional) para diagnóstico. 6. Uma vez retirada a massa, obtém-se hemostasia adequada e fecha-se a incisão. PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) Tem sua principal indicação napropedêutica do câncer de mama no que tange à avaliação do linfonodo axilar. Ela permite uma avaliação citológica do linfonodo, sendo importante para a proposta inicial do tratamento. Em geral a PAAF é realizada em lesões palpáveis ou guiada por ultrassonografia, com uma agulha de calibre 20 ou 22. Resultados negativos da PAAF não excluem neoplasia maligna e devem ser avaliados por biopsia de um fragmento ou biopsia excisional tradicional das lesões suspeitas. É possível usar a PAAF para aspirar líquido de lesões císticas, sobretudo das que têm aparência benigna. Nos cistos benignos, o exame citológico não é necessário caso não haja sangue no líquido e o cisto desapareça após a aspiração. TRATAMENTO O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características biológicas, bem como as condições da paciente (idade, status menopausal, comorbidades e preferências). As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em: • Tratamento local: cirurgia e radioterapia (além de reconstrução mamária) • Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. Estádios I e II A conduta habitual consiste de cirurgia, que pode ser conservadora como a tumorectomia (retirada apenas do tumor) ou mastectomia (retirada da mama e reconstrução mamária) As mastectomias com preservação de pele e mamilo vem ganhando espaço. Após a cirurgia, o tratamento complementar com radioterapia pode ser indicado em algumas situações. Já a reconstrução mamária deve ser sempre considerada nos casos de mastectomia. O tratamento sistêmico será determinado de acordo com o risco de recorrência (idade da paciente, comprometimento linfonodal, tamanho tumoral, grau de diferenciação). Estádio III Pacientes com tumores maiores, porém ainda localizados, enquadram-se no estádio III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das vezes, com quimioterapia) é a modalidade terapêutica inicial. Após resposta adequada, segue-se com o tratamento local (cirurgia e radioterapia). Estádio IV A modalidade principal nesse estádio é sistêmica (quimioterapia), sendo o tratamento local reservado para indicações restritas. Atenção à qualidade de vida da paciente deve ser preocupação dos profissionais de saúde ao longo de todo o processo terapêutico. A hormonoterapia é um dos tratamentos sistêmicos adjuvantes mais eficazes no tumor de mama, mas é eficaz somente nas pacientes que têm tumores que expressam os receptores hormonais de estrógeno e/ou progesterona (redução da mortalidade em mais de 10%). Os principais efeitos colaterais são os relacionados com a menopausa. ESTADIAMENTO/ PROGNÓSTICO 7 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Após o diagnóstico definitivo de câncer de mama, deve-se avaliar o estágio clínico da doença. Atualmente utiliza-se o sistema tamanho tumoral- linfonodo-metástase (TNM) do American Joint Comittee on Cancer. O sistema TNM possibilita tanto o estadiamento clínico pré-operatório quanto o estadiamento histopatológico pós-operatório O prognóstico do câncer de mama depende da extensão da doença (estadiamento), assim como das características do tumor. Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há evidências de metástases (doença a distância), o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. Sobrevida em anos de acordo com o estágio do câncer de mama. Estágio AJCC Sobrevida em Sobrevida em 5 anos (%) Sobrevida em 10 anos (%) Estágio 0 95 90 Estágio I 85 70 Estágio IIA 70 50 Estágio IIB 60 40 Estágio IIIA 55 30 Estágio IIIB 30 20 Estágio IV 5 a 10 2 PREVENÇÃO Prevenção primária Relacionada aos fatores de risco conhecidos Fatores relacionados ao estilo de vida, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia de reposição hormonal podem ser controlar e contribuir para diminuir sua incidência Possível prevenir 28% dos CA de mama por meio da alimentação, nutrição, atividade física e gordura corporal adequada. Prevenção secundária (Rastreamento) É feito através da mamografia periodicamente, com eficácia diagnóstica de 85% a 90% dos exames em mulheres com mais de 50 anos de idade, possibilitando a detecção de um tumor de pequeno tamanho e/ou baixa densidade em até dois anos antes de ocorrer acometimento linfonodal. A recomendação é que a mamografia de rastreamento seja oferecida às mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos POLÍTICAS PÚBLICAS ONCOLÓGICAS Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer Determina o cuidado integral ao usuário de forma regionalizada e descentralizada e estabelece que o tratamento do câncer será feito em estabelecimentos de saúde habilitados como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) ou Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). Existem atualmente 317 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer. Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas. Lei dos 60 dias A lei dos 60 dias (12.732/12), que começou a vigorar em maio de 2013, garante ao paciente com câncer o direito de iniciar o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) em, no máximo, 60 dias após o diagnóstico da doença Auxílio doença O benefício é dado aos pacientes com câncer que sejam segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mesmo àqueles que contribuem de forma autônoma. O valor corresponde a 91% da média de todo o seu período de contribuição com o INSS. 8 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Aposentadoria por invalidez / aposentadoria por incapacidade permanente A pessoa deve requerer o auxílio-doença. Somente na consulta com o médico do INSS (perícia), ele pode dar o atestado que diz se você terá condições de voltar ao trabalho ou se está incapacitado permanentemente. Renda mensal correspondente a 100% do salário de benefício. O valor da aposentadoria por incapacidade permanente aumenta em 25% caso o médico do INSS avalie a necessidade de um acompanhante. Saque do FGTS Todos os trabalhadores que têm carteira assinada, registrados em regime de CLT, têm uma conta bancária vinculada ao seu contrato de trabalho: é o chamado Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal. Pacientes com câncer têm direito ao resgate total do valor depositado. Também podem resgatar o FGTS os trabalhadores que tiverem dependentes nessas condições (cônjuges, filhos, irmãos menores de 21 anos ou inválidos e pais), desde que os dependentes já estejam registrados no INSS ou no Imposto de Renda. Saque do PIS/PASEP O PIS (Programa de Integração Social) se dá com empregados atuantes no setor privado e tem o pagamento sob responsabilidade da Caixa Econômica Federal. Já o PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) beneficia funcionários do setor público e é pago pelo Banco do Brasil. O saque pode ser realizado pelo paciente ou pelo trabalhador que possuir dependente com câncer, desde que na fase sintomática da doença Isenção do Imposto de Renda na Aposentadoria, Pensão e Reforma De acordo com a Lei nº 7.713, de 1988, a pessoa com câncer está isenta do imposto de renda relativo aos rendimentos de aposentadoria, reforma e pensão, inclusive as complementações recebidas de entidade privada e a pensão alimentícia.
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