Prévia do material em texto
Entre as frases está escrita a palavra “antecipa”, que traz uma seta apontando para a frase “o falante forma” e abaixo de antecipa há a palavra “reconstrói”, com uma seta apontando para a frase: “o ouvinte constrói”. Abaixo das palavras com a seta está um quadro pequeno com os dizeres “expressão linguística”. Percebemos, nesse modelo de interação verbal, que a língua, aqui representada pela expressão linguística, é vista como instrumento de interação social. Ela é responsável pela mediação entre a intenção de um falante e a interpretação de um ouvinte. Falante e Ouvinte representam os participantes de uma interação verbal, seja por meio da fala, seja por meio da escrita. Em qualquer estágio da interação verbal, falante e ouvinte possuem Informação pragmática, isto é, um conjunto de conhecimentos, crenças, suposições, opiniões e sentimentos. Com base em sua informação pragmática e em função de uma dada intenção e da antecipação sobre uma possível interpretação daquele com que está interagindo, o falante formula uma expressão linguística. O ouvinte, por sua vez, interpreta a expressão linguística com base na informação pragmática de que dispõe e de uma conjectura sobre a possível intenção do falante. No modelo da Gramática Funcional, fica evidente o pressuposto funcionalista de que, apesar de uma teoria linguística ter como foco a linguagem propriamente dita, a investigação sobre a língua em uso deve reconhecer que a expressão linguística é apenas uma mediação entre falante e ouvinte, já que outros fatores, cognitivos, sociais e interacionais, têm papel determinante no sucesso de uma interação. Ao ressaltar o papel do usuário de uma língua, a Gramática Funcional de Dik considera não apenas a capacidade linguística de produzir e interpretar corretamente as expressões linguísticas em diferentes situações de comunicação, mas: - a capacidade epistêmica, por meio da qual ele constrói, mantém e explora uma base de conhecimento organizado; - a capacidade lógica, que possibilita o emprego de regras de raciocínio para a extração de novos conhecimentos a partir de conhecimentos prévios; - a capacidade perceptual, mediante a qual o usuário percebe seu ambiente e dele deriva conhecimentos; - e a capacidade social, que determina o uso da linguagem em conformidade com o interlocutor, a situação e os objetivos comunicativos. Todas essas capacidades estão relacionadas a uma competência comunicativa. Como modelo de gramática funcional, pretende ser uma teoria geral da gramática que permita uma visão mais adequada da forma como as línguas naturais se organizam. Para 34