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PÓS - APOSTILA CUMPRIMENTO-DE-SENTENÇA

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
1 TUTELA JURISDICIONAL NA EXECUÇÃO ................................................. 3 
1.1 Princípios norteadores da execução civil ........................................................ 5 
1.2 Tutela cognitiva e tutela executiva (diferenciação) ....................................... 11 
1.3 Requisitos processuais da ação executiva ................................................... 12 
1.4 A responsabilidade patrimonial ..................................................................... 14 
2 O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ............................................................ 16 
2.1 As diversas espécies de execução de título judicial ..................................... 16 
2.1.1 Obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa .......................................... 17 
2.1.2 Obrigação de pagar ...................................................................................... 19 
2.1.3 Obrigação de prestar alimentos .................................................................... 20 
2.1.4 Execução contra a Fazenda Pública ............................................................ 22 
2.2 Partes ........................................................................................................... 24 
2.2.1 Legitimidade ativa ......................................................................................... 24 
2.2.2 Legitimidade passiva .................................................................................... 28 
2.2.3 Litisconsórcio ................................................................................................ 32 
2.3 Competência ................................................................................................ 33 
2.3.1 Competência para cumprimento da sentença arbitral .................................. 35 
2.3.2 Competência para execução do efeito civil da sentença penal .................... 36 
2.3.3 Competência internacional ........................................................................... 37 
2.4 Liquidação de sentença ................................................................................ 38 
 
 
 
2.4.1 Espécies ....................................................................................................... 39 
2.4.2 Legitimidade ................................................................................................. 41 
2.4.3 Competência ................................................................................................ 42 
2.5 Defesa do devedor ....................................................................................... 42 
2.6 Cumprimento provisório e definitivo de sentença ......................................... 43 
2.6.1 Hipóteses de cumprimento provisório ........................................................... 44 
2.6.2 Diferenças entre cumprimento definitivo e provisório de sentença ............... 45 
2.7 Suspensão e extinção do processo de execução ......................................... 47 
3 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 49 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
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1 TUTELA JURISDICIONAL NA EXECUÇÃO 
 
A tutela executiva é o meio pelo qual se alcança a materialização do direito 
pleiteado, através de um título que conste uma obrigação ou quantia, com o escopo 
de satisfazer seu titular. 
Nas palavras de Liebman: 
O processo em geral, e muito especialmente o processo de execução, 
considera as relações jurídicas no momento em que ocorreu algum ato 
contrário ao direito; e nesta fase toda relação jurídica, qualquer que seja a 
sua natureza, se apresenta como sendo relação entre duas pessoas 
exatamente determinadas, uma delas obrigada a fazer alguma coisa em 
benefício da outra. A falta de cumprimento desta obrigação é que torna 
necessária a execução. (LIEBMAN, 1963. p. 5) 
Tal medida visa forçar o reparo da irresponsabilidade do executado, que se 
omitiu em cumprir o pactuado, dando ferramenta ao credor para efetivar seu direito 
que, doutra forma, não o conseguiria. 
Conforme Câmara: 
Execução é a atividade processual de transformação da realidade prática. 
Trata-se de uma atividade de natureza jurisdicional, destinada a fazer com 
que aquilo que deve ser, seja. Dito de outro modo: havendo algum ato 
certificador de um direito (como uma sentença, ou algum ato cuja eficácia lhe 
seja equiparada), a atividade processual destinada a transformar em 
realidade prática aquele direito, satisfazendo seu titular, chama-se execução. 
É, pois, uma atividade destinada a fazer com que se produza, na prática, o 
mesmo resultado prático, ou um equivalente seu, do que se produziria se o 
direito tivesse sido voluntariamente realizado pelo sujeito passivo da relação 
jurídica obrigacional. (CÂMARA, 2018. p. 312) 
 
 
1.1 Os módulos processuais executivos (fase processual e processo autônomo) 
 
O Código de Processo Civil de 2015 categoriza que as tutelas executivas em: 
a) Cumprimento de sentença – Art. 515: Ato ulterior a um processo já existente (título 
executivo judicial) 
 
4 
 
 
 
“Se o título for judicial, um só processo é instaurado, muito embora existam 
uma fase (módulo) processual cognitiva e outra executiva muito bem definidas. O 
nome que se atribui à fase executiva é cumprimento de sentença.” (ABELHA, 2015) 
b) Execução – Art. 784: Processo autônomo (título executivo extrajudicial) 
“Tratando-se de execução fundada em título extrajudicial, será necessária a 
instauração de um processo autônomo.” (ABELHA, 2015) 
O fato de as execuções fundadas em títulos judiciais se darem como fase do 
cumprimento de sentença e não mais como processo autônomo, se deve ao 
sincretismo trazido pela Lei 11.232/2005, visando a celeridade processual. 
As ações sincréticas são, portanto, aquelas que numa mesma fase, 
concomitantemente faz-se a cognição (processo de conhecimento) e 
execução, inexistindo os dois procedimentos, um após o outro, como 
comumente é feito, razão pela qual, a sentença com trânsito em julgado é 
auto-exequível, ou executável mediante a simples expedição de um 
mandado. (PAIVA, 2008) 
 
Na ausência do sincretismo, havia, portanto, distinção entre “tutela 
condenatória stricto sensu’ e ‘tutela executiva lato sensu’, explica Donizetti: 
Anteriormente às alterações promovidas pela Lei no 11.232/2005 ao Código 
de 1973, distinguia-se a tutela condenatória stricto sensu, que exigia 
ajuizamento de ação de execução para satisfazer o direito reconhecido na 
sentença, da tutela executiva lato sensu, que se referia à tutela condenatória 
autoexecutiva, cujo comando condenatório era passível de execução 
imediata, sem a necessidade de nova ação. Essa tutela executiva lato sensu 
era aplicável apenas às obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa 
diversa
de dinheiro, ao passo que a tutela condenatória stricto sensu tinha 
lugar com relação às obrigações de pagar quantia. 
 
Com a consagração do processo sincrético, não há mais sentido em se 
diferenciar ações executivas lato sensu de ações condenatórias stricto sensu, 
pois tanto a liquidação quanto o cumprimento da sentença que reconhece 
obrigação de pagar quantia passaram a constituir mera fase do processo de 
conhecimento. Vale dizer, a carga de eficácia das tutelas jurisdicionais que 
reconheçam obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa e pagar quantia 
agora é a mesma. Ressalte-se que o sincretismo não foi alterado pela 
sistemática do novo CPC. (DONIZETTI, 2016) 
 
 
 
 
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1.1 Princípios norteadores da execução civil 
O processo executivo é regido por todos os princípios fundamentais do 
Processo Civil que se encontram elencados na Constituição Federal de 1988, assim 
como os princípios gerais infraconstitucionais. São eles: 
PRINCÍPIO PREVISÃO CARACTERÍSTICAS 
Devido Processo Legal Art. 5°, LIV CF/88 
Assegura que ninguém perca 
os seus bens ou a sua liberdade 
sem que sejam respeitadas a lei 
e as garantias processuais 
inerentes ao processo. Pode 
ser substancial ou processual. 
 
Aspecto formal: diz respeito à 
tutela processual, isto é, ao 
processo em si e às garantias 
que ele deve respeitar e ao 
regramento legal que deve 
obedecer. 
 
Aspecto substancial: constitui 
autolimitação ao poder estatal, 
que não pode editar normas 
que ofendam a razoabilidade e 
afrontem as bases do regime 
democrático. 
Inafastabilidade da 
Jurisdição 
Art. 5°, XXXV CF/88 
A lei não pode excluir da 
apreciação do Judiciário 
nenhuma lesão ou ameaça de 
lesão a direito. E o Judiciário 
deve responder a todos os 
requerimentos a ele dirigidos 
(ação em sentido amplo). 
Contraditório Art. 5°, LV CF/88 
Deve-se dar ciência aos 
participantes do processo de 
tudo o que nele ocorre, dando-
lhes oportunidade de se 
manifestar e de se opor aos 
requerimentos do adversário. 
 
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Duração Razoável do 
Processo 
Art. 5°, LXXVIII CF/88 
 
Princípio dirigido ao legislador e 
ao juiz. Ao legislador, a fim de 
que, na edição de leis 
processuais, cuide para que o 
processo chegue ao fim 
almejado no menor tempo 
possível e com a maior 
economia de esforços e gastos. 
Ao juiz, a fim de que conduza o 
processo com toda a presteza 
possível. 
Isonomia Art. 5°, caput e inc. I CF/88 
Também dirigida ao legislador e 
ao juiz, exige que a lei e o 
Judiciário tratem igualmente os 
iguais (isonomia formal) e 
desigualmente os desiguais na 
medida da sua desigualdade 
(isonomia real). 
Juiz Natural Art. 5°, XXXVII e LIII CF/88 
Para toda causa há um juiz 
natural (imparcial e 
competente), apurado de 
acordo com regras previamente 
existentes no ordenamento 
jurídico. Em razão disso, é 
vedada a criação de juízos ou 
tribunais de exceção. 
Duplo grau de jurisdição Não tem previsão expressa 
Conquanto não previsto, 
decorre implicitamente da 
adoção, pela CF, de um 
sistema de juízos e tribunais 
que julgam recursos contra 
decisões inferiores. No entanto, 
nada impede que, em algumas 
circunstâncias, não exista o 
duplo grau – caso dos 
processos julgados 
originariamente pelo STF. 
Publicidade dos atos 
processuais 
Art. 5°, LX CF/88 c/c art. 189 
CPC 
Os atos processuais são 
públicos, o que é necessário 
para assegurar a transparência 
da atividade jurisdicional. A 
Constituição atribui à lei a 
regulamentação dos casos de 
sigilo, quando a defesa da 
intimidade ou o interesse 
público ou social o exigirem. Tal 
regulamentação foi feita no art. 
189 do CPC. 
 
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Motivação das decisões Art. 93, IX CF/88 
Também para que haja 
transparência da atividade 
judiciária, há necessidade de 
que todas as decisões dos 
juízos e tribunais sejam 
motivadas, para que os 
litigantes, os órgãos superiores 
e a sociedade possam 
conhecer a justificação para 
cada uma das decisões. 
Dispositivo Não tem previsão expressa 
Nos processos que versam 
sobre interesses disponíveis, as 
partes podem transigir, o autor 
pode renunciar ao direito e o 
réu pode reconhecer opedido. 
Cumpre ao interessado ajuizar 
ademanda e definir os limites 
objetivos e subjetivosda lide. 
Mas, no que concerne à 
condução doprocesso e à 
produção de provas, vigora 
oprincípio inquisitivo, por força 
do art. 370 doCPC, sendo 
supletivas as regras do ônus da 
prova. 
Imediação Art. 456 CPC 
Derivado da oralidade, 
determina que o juiz colha 
diretamente a prova, sem 
intermediários. 
Identidade física do juiz 
Não há dispositivo específico 
no CPC, mas prevalece a regra 
do art. 132 do CPC de 1973 
O juiz que colheu prova oral em 
audiência fica vinculado ao 
julgamento do processo, 
desvinculando-se apenas nas 
hipóteses do art. 132 do CPC 
de 1973. 
Concentração Art. 365 CPC 
A audiência de instrução e 
julgamento é una e contínua. 
Caso não seja possível concluí-
la no mesmo dia, o juiz 
designará outra data em 
continuação. 
Persuasão racional Art. 371 CPC 
Cabe ao juiz apreciar 
livremente as provas, devendo 
indicar, na sentença, os motivos 
de sua decisão, que devem 
estar amparados nos 
elementos constantes dos 
 
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autos, sob pena de nulidade da 
decisão. 
Boa-fé prossessual Art. 5° CPC 
Todos aqueles que participam 
do processo devem comportar-
se de acordo com a boa-fé. 
Cooperação Art. 6° CPC 
Exige que as partes cooperem 
para que o processo alcance 
bom resultado, em tempo 
razoável. 
* Quadro extraído da obra ‘Direito Processual Civil Esquematizado’ de Marcus Vinícius R. Gonçalves. 
Entretanto, além das normas fundamentais aplicáveis a todo o Processo Civil 
serem também aplicáveis na Execução Civil, sobre esta também incidem princípios 
próprios que devem ser observados em qualquer procedimento, seja ordinário ou 
especial. São eles: 
a) Livre iniciativa (inércia da jurisdição civil) 
A aplicação da norma jurídica depende de provocação das partes interessadas. 
Seguindo a regra do art. 2.º do CPC, o seu art. 778 determina que a execução 
civil depende da promoção dos legitimados ativos que ali estão arrolados, e, 
nesse passo, aplica-se a regra dos art. 493 do CPC não só para a sentença 
de mérito, mas também em relação à prestação da tutela jurisdicional 
executiva, bastando a singela leitura do art. 924 que expõe as hipóteses de 
extinção da execução. (ABELHA, 2015) 
Em caso do cumprimento de obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, 
tal princípio encontra uma exceção: caso em que, o magistrado poderá de ofício e a 
qualquer tempo (inclusive anteriormente à cognição), determinar medidas essenciais 
para satisfação da demanda. Essa exceção advém do poder geral de cautela do juiz, 
ao perceber estar em iminente risco de declínio do direito do exequente ou não 
cumprimento por parte do devedor. 
Salienta-se que essa atuação ex officio só pode acontecer na fase processual 
de cumprimento de sentença e onde esta tenha sido proferida. Na hipótese de o credor 
ter que ajuizar o processo (no caso da execução de título extrajudicial ou cumprimento 
advindo de outro juízo), o juiz não poderá fazê-lo, pois do contrário violaria o princípio 
em comento. 
 
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b) Disponibilidade da execução civil 
Pelo princípio da disponibilidade, garante-se ao credor desistir a qualquer 
tempo da execução ou de algumas medidas executórias, e, ao contrário do que 
acontece no processo de conhecimento, sem a necessidade de concordância do 
devedor. 
A desistência não atinge os atos já praticados no processo. Entretanto, caso 
haja alguma oposição, seja por impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525) 
ou embargos a execução (arts. 914 e 920), esta somente se extinguirá juntamente à 
execução sem a anuência do executado se o objeto se referir apenas a questões 
processuais (art. 775), já que nenhum benefício conseguiria o embargante obtendo 
sentença de procedência quanto a um conteúdo processual. 
[...] o Código ficou atento a hipóteses em
que, eventualmente, o exequente 
pudesse desistir da execução, pretendendo, assim, escapar de eventual 
sentença de procedência dos embargos de mérito do executado, pois, se 
fosse extinta a execução, o alvo dos embargos não mais existiria, e essa 
demanda perderia o seu objeto. 
[...] a desistência da execução é sempre possível e será unilateralmente 
decidida pelo autor continuamente, dependendo, é claro, de homologação. A 
diferença estará nos efeitos da desistência. Assim, se o exequente pretender 
desistir da execução quando o executado já tiver oferecido (interposto) 
embargos fundados em matéria atinente ao mérito da execução (crédito), a 
execução será extinta, mas não os embargos, senão apenas com expressa 
concordância do embargante, seguindo aqui uma disciplina semelhante à do 
art. 485, VIII, § 4.º, do CPC. (ABELHA, 2015) 
d) Desfecho Único 
Nas execuções (cumprimento de sentença ou processo autônomo) não há 
julgamento de mérito, função que fica a cargo da fase/processo de conhecimento. 
Pelo que “desfecho único” implica dizer que a única pretensão terminativa da lide é a 
satisfação do direito constante no título executivo. Dessa forma, não se fala em 
execução “procedente” ou “improcedente”, mais cabível dizer “frutífera” ou “infrutífera”. 
“o executado não tem nenhuma expectativa em relação ao resultado da execução, 
motivo pelo qual as regras de desistência da demanda executiva não se submetem 
aos mesmos critérios do art. 485, VIII, § 4.º, do CPC, mas sim ao regime jurídico do 
art. 775 do CPC”. (ABELHA, 2015) 
 
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e) Atipicidade dos meios executivos 
Pelo princípio da atipicidade dos meios executórios, previsto nos arts. 139, IV, 
e 536 do novo CPC, poderá o julgador, avaliando o caso concreto, utilizar meios 
executivos não previstos em lei que lhe parecerem mais adequados para a efetivação 
da tutela executiva ou obtenção do resultado prático equivalente. “O limite natural 
desse princípio é outro princípio – o do menor sacrifício possível –, que servirá de 
contenção à atuação da atipicidade dos meios executivos.” (ABELHA, 2015) 
 
A regra da atipicidade também se aplica para a efetivação da tutela provisória, 
como prescreve o art. 297 do CPC. Para o caso de títulos judiciais e 
extrajudiciais para pagamento de quantia sem urgência, o legislador manteve 
no CPC de 2015 a regra da tipicidade dos meios executivos. 
[...] 
A grande novidade expressamente demarcada no art. 139, IV, é a 
possibilidade de o magistrado cumular com os meios típicos aqueloutros 
coercitivos e indutivos que lhes parecem adequados para melhor obtenção 
da tutela, inclusive pecuniária, como expressamente menciona o dispositivo. 
(ABELHA, 2015) 
 
f) Fungibilidade do meio executório 
 O princípio da fungibilidade permite ao magistrado buscar o melhor meio para 
execução do crédito, já que a identificação da demanda é a prestação constante do 
título e não a providência jurisdicional pleiteada. Não se trata de violação ao princípio 
da inércia jurisdicional, pois não se confunde com atuação ex officio, mas de ato que 
visa a efetividade da prestação sobre um ato que anteriormente já fora praticado pelo 
exequente. 
Em outras palavras, se houver um meio mais eficaz de se obter a satisfação 
do crédito, será permitida a fungibilidade do meio executório, inclusive pelo 
juiz. Por exemplo, se houver o pedido genérico de penhora pelo credor, mas 
sem especificá-lo, é possível ao magistrado realizar a penhora online nas 
contas bancárias do devedor por aplicação do princípio da fungibilidade do 
meio executório. Veja que, neste exemplo, não se trata de atuação ex officio 
(uma vez que a penhora foi requerida pelo exequente, mesmo que incompleta 
ou de forma ineficaz). (SANTOS, 2015 in: DIDIER JR., 2015. pp. 25-48) 
 
 
 
 
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g) Menor sacrifício possível (menor onerosidade) 
Naturalmente, em uma demanda executória existe conflito e uma jurisdição 
contenciosa, onde os interesses das partes podem ir além das medidas razoáveis, 
pelo que os ânimos devem ser contidos por um magistrado que não seja omisso e 
nem passivo, utilizando o contraditório e, quando cabível, a oralidade, comedir os 
interesses e buscar a satisfação do crédito sem violação da dignidade do executado, 
observando o meio menos gravoso a este. O menor sacrifício possível é uma 
consideração lógica ao dever constitucional da dignidade da pessoa humana. 
Entretanto, o magistrado deve fazê-lo sem assumir um papel paternalista (no 
qual acabe colocando em desvantagem o credor e dificultando a realização 
de seu crédito), tampouco sem relegar em segundo plano o justo pleito do 
credor de receber o que lhe fora assegurado em sentença. 
[...] 
É por esta razão que o novo CPC, no parágrafo único do art. 805, exige que 
o devedor, ao alegar a gravidade da medida executiva sofrida ou prestes a 
sofrer, indique outros meios que se mostrem mais eficazes e menos onerosos 
para a satisfação do credor, sob pena de os atos executivos já determinados 
serem mantidos. (SANTOS, 2015 in: DIDIER JR., 2015. pp. 25-48). 
 
 
1.2 Tutela cognitiva e tutela executiva (diferenciação) 
A tutela cognitiva se destina à efetivação do direito pelo processo de 
conhecimento, enquanto e executiva se dá pelo processo de execução ou pelo 
procedimento do cumprimento de sentença. 
De acordo com Bueno: 
[...] a “atividade de conhecimento” e a “atividade de execução” não se 
relacionam (e nunca se relacionaram). Bem diferentemente, o que é “de 
conhecimento” e, portanto, cognitivo, e “de execução” e, portanto, executivo 
é, nesta perspectiva, o tipo de tutela jurisdicional requerida ao Estado juiz. 
(BUENO, 2011. p. 340) 
 
Quando há um título executivo judicial ou extrajudicial, o direito reivindicado se 
faz consubstanciado, não necessitando de análise de demais provas e alegações, e 
quando estas precisam de valoração, trata-se de um processo cognitivo. 
 
12 
 
 
Importante salientar, que não obstante a execução seja em virtude de um título 
que exprime certeza, é assegurado ao executado sua defesa, em conformidade com 
o princípio do contraditório que se faz presente em todo processo legal. O magistrado 
alcança o devido fim ao processo com imposição ao executado devido a ocorrência 
do exaurimento da questão. E falamos em imposição, pois o procedimento de 
execução se concretiza de maneira forçosa por onde se extrai o pretendido na 
demanda. 
Pontua Watanabe: 
A cognição é prevalentemente um ato de inteligência, consistente em 
considerar, analisar e valorar as alegações e as provas produzidas pelas 
partes, vale dizer, as questões de fato e as de direito que são deduzidas no 
processo e cujo resultado é o alicerce, o fundamento do judicium do 
julgamento do objeto litigioso do processo. É empregada para definir a 
espécie de tutela jurisdicional que tem por finalidade reconhecer a existência 
de um direito lesado ou ameaçado, ora empresta significado ao que talvez 
seja a tarefa de maior importância do magistrado, o exame dos argumentos 
das partes e das provas produzidas, com o intuito de exarar juízos de valor 
acerca das questões levantadas no processo, resolvendo-as. (WATANABE, 
2012. p, 41) 
Ainda quanto à cognição, há duas perspectivas a serem consideradas: 
a) Sumária: Quando na observação do caso concreto não se faz possível a análise 
completa e aprofundada dos meios probatórios, mas suficiente para entregar, ainda 
que provisoriamente, a tutela pleiteada, havendo, portanto, juízo de probabilidade. 
b) Exauriente: Quando na observação do caso concreto é alcançado o exaurimento 
da análise judicial não restando dúvidas em relação ao direito pleiteado, havendo, 
portanto, juízo de certeza. 
 
1.3 Requisitos processuais da ação executiva 
Independentemente do critério formal para a instauração da tutela executiva 
– se provocada por demanda executiva ou sendo uma fase seguinte à ação 
cognitiva de prestação –, é certo que tal proteção jurisdicional só pode ser 
feita se
em tal momento certos requisitos específicos da tutela executiva 
estiverem presentes. São eles: a pretensão insatisfeita e o título executivo. 
(ABELHA, 2015) (Grifo nosso) 
 
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Quanto ao título, determina o art. 783 que “a execução para cobrança de crédito 
fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.” (BRASIL, 2015) 
 
Dessa forma, em toda e qualquer atividade executiva é mister que exista um 
título executivo, assim entendido como o documento hábil e representativo 
de todos os elementos do crédito (norma individualizada) apto a viabilizar a 
execução forçada. Sem o título executivo (judicial ou extrajudicial) faltará o 
requisito processual exigido pelo CPC (art. 783), que torna viável e adequada 
a tutela executiva. Assim, sem o título, faltará “adequado interesse 
processual” na obtenção da satisfação pretendida pela via jurisdicional 
executiva. (ABELHA, 2015) 
 
Os títulos que se adequam ao carater judicial (e cabe salientar: só podem ser 
criados por lei, devido ao princípio da taxatividade) estão elencados no art. 515 do 
CPC. 
Um ponto relevante quanto ao inciso VI do art. 515, “a sentença penal 
condenatória transitada em julgado“ (BRASIL, 2015), é que a sentença penal 
condenatória terá sempre o caráter de título executivo judicial. Entretanto, em caso de 
sentença penal absolutória, esta nem sempre fará coisa julgada na esfera cível ou 
inviabilizará a demanda executiva. O art. 66 do CPP dispõe que "não obstante a 
sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não 
tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato" (BRASIL, 
1941). Ou seja, a coisa julgada na esfera cível dependerá de sua fundamentação na 
criminal. Por exemplo: Se absolvição penal ocorrer por falta de provas, outros tipos de 
provas podem ser produzidas para condenação civil, e se ocorrer por fato que não 
constitua crime, ainda poderá incorrer em ilícito civil. No entanto, se a absolvição se 
der por inexistência de fato ou negativa de autoria, não é possível reparação civil, 
conforme arts. 935 do Código Civil e 66 do Código de Processo Penal. E conforme 
art. 65 do CPP, a sentença penal reconhecendo ato praticado em estado de 
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no 
exercício regular de direito também faz coisa julgada no juízo cível. 
 
14 
 
 
Quanto à pretensão insatisfeita, observando os arts. 786, 787 e 788 do CPC, é 
analisada a exigibilidade da obrigação contida no título. Deste modo, se a obrigação 
ainda não alcançou o prazo limite ou termo fixado, não estará satisfeito o requisito, 
logo, ainda não é exigível e, portanto, inexistirá o interesse de agir. 
O interesse de agir está intimamente ligado ao tempo de cumprimento da 
obrigação. 
As normas que regulam o inadimplemento são de direito material. Quanto ao 
tempo, cumpre verificar se a obrigação é a termo, isto é, tem data certa de 
vencimento ou não. Em caso afirmativo, o devedor incorre de pleno de direito 
em mora, assim que deixar passar o prazo de vencimento. Se o título indica 
a data do pagamento, no dia seguinte o devedor estará em mora, e a 
execução poderá ser aforada. Trata-se damora ex re, vigorando o dies 
inrerpellat pro homine. 
 
Se a obrigação não tem data certa de vencimento, será preciso notificar o 
devedor (mora ex persona). Excepcionalmente, há obrigações que têm termo 
certo de vencimento, mas que exigem, como condição da mora, prévia 
notificação ao devedor: é o caso dos contratos de compromisso de compra e 
venda de imóvel. 
 
Se o devedor não tiver sido constituído pelo vencimento do título ou pela 
notificação, ela só existirá a partir da citação (CPC, art. 240). Mas esta só 
poderá suprir a notificação, se a lei não exigir que seja prévia. É o que ocorre 
nos contratos de compromisso de compra e venda de imóvel, loteado ou não: 
exige-se; como condição da mora, que o devedor tenha sido previamente 
notificado. Para o recebimento da inicial é preciso que o credor demonstre 
que havia constituído o devedor previamente em mora. 
 
Nas obrigações por atos ilícitos, o devedor estará em mora desde a data do 
fato, nos termos da Súmula 54 do STJ. (GONÇALVES, 2016. p. 725) 
 
 
 
1.4 A responsabilidade patrimonial 
A responsabilidade patrimonial é a disposição do patrimônio de alguém para o 
cumprimento de urna obrigação pactuada, visando a satisfação do credor, por força 
do art. 789 do CPC que dispõe que "o devedor responde com todos os seus bens 
presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições 
estabelecidas em lei." (BRASIL, 2015) 
 
 
15 
 
 
Ainda, há casos em que responsabilidade patrimonial atinge pessoas não 
devedoras, a exemplo da fiança, onde por força contratual, assume-se a obrigação 
em caso de inadimplemento do devedor originário; ou a desconsideração da 
personalidade jurídica, onde o juiz determina a extensão da responsabilidade 
patrimonial aos sócios caso verifique a má-fé para prejudicar credores. 
 
[...] é possível haver débito sem responsabilidade e responsabilidade sem 
débito, como, por exemplo, respectivamente, na execução contra a fazenda 
pública e na execução hipotecária de bem pertencente a terceiro garantidor 
da obrigação. A fazenda pública pode ser devedora, mas seus bens não 
respondem pelo seu inadimplemento, porque há um sistema jurídico próprio 
de responsabilização da fazenda pública pelas dívidas inadimplidas. Outro 
exemplo de obrigação sem responsabilidade são as obrigações naturais, 
como no caso do art. 814 do CCB. Já a outra hipótese é mais comum, pois 
são vulgares as situações em que terceiro, alheio à obrigação (que não 
assume o papel de devedor ou de credor), assume a posição de responsável 
garantidor, seja por garantia pessoal ou real. 
 
Todavia, como já se disse anteriormente, é importante deixar sedimentado 
que nenhuma responsabilidade se constitui sem uma dívida, ainda que futura 
ou condicional, e nenhuma responsabilidade sobrevive depois de extinta a 
obrigação. Isso porque a função da responsabilidade patrimonial é garantir o 
adimplemento. Ela é norma secundária (sanção), que, por isso mesmo, 
depende da existência de uma norma primária (prestação de uma obrigação). 
Eis aí o caráter instrumental da responsabilidade, direito potestativo de 
submeter o patrimônio do devedor (ou outro garantidor) ao adimplemento da 
obrigação. 
 
Situação interessante é aquela em que, depois de exercitada em juízo a 
responsabilidade patrimonial com a sujeição do patrimônio do devedor ao 
adimplemento da obrigação, descobre-se que nada há no patrimônio para ser 
excutido. Nesse caso, não se pode falar em dívida sem responsabilidade, 
porque esta última existe. A falta de bens no patrimônio do responsável é um 
problema prático, relacionado à efetividade da responsabilidade patrimonial, 
que não nega a sua existência, antes o contrário. (ABELHA, 2015) 
 
Além de quem poderá ser executado, há também exceções quanto ao que pode 
ser objeto da execução, trazidas pelo art. 833 que elenca os bens impenhoráveis. 
 Tal impenhorabilidade se deve ao princípio da menor onerosidade 
possível atrelado à dignidade da pessoa humana (art. 1°, III da CF/88), que se voltam 
a garantir a subsistência do devedor. 
 
 
16 
 
 
 
2 O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
 
2.1 As diversas espécies de execução de título judicial 
Tanto no cumprimento de sentença (fase subsequente à cognição, fundada em 
provimento judicial) quanto na execução de título extrajudicial (processo autônimo), o 
modelo procedimental varia conforme a “natureza” do título e se distribui em: 
 
• Expropriação (pagamento de quantia) 
• Desapossamento (entrega da coisa) 
• Transformação (fazer ou não fazer) 
 
Nos arts. 513 a 519 do novo Código de processo Civil há disposições gerais 
que se aplicam a todo cumprimento de sentença, em qualquer dessas espécies de 
obrigação (fazer, não fazer, entregar coisa ou
pagar quantia). Embora as do art. 513 
sejam mais concentradas no dever de pagar quantia certa. 
Ainda, há a expressa menção no art. 513 caput sobre a aplicabilidade das 
normas do Livro II da Parte Especial subsidiariamente “no que couber” ao 
cumprimento de sentença. De igual modo, o art. 771 dispõe que o procedimento da 
execução de título extrajudicial também se aplica, no que couber, aos procedimentos 
especiais de execução, atos executivos realizados no cumprimento de sentença e aos 
efeitos de atos ou fatos processuais aos quais a lei atribuir força executiva. (BRASIL, 
2015) 
Exemplo desse intercâmbio é o que se passa com as disposições relativas à 
penhora e à expropriação de bens (arts. 831 e ss.), situadas no Livro do 
Processo de Execução, que haverão de prevalecer no incidente de 
cumprimento da sentença de obrigação por quantia certa. (THEODORO JR., 
2018) 
 
17 
 
 
 
 
2.1.1 Obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa 
 
A obrigação de fazer implica um ato positivo, uma ação, enquanto a de não 
fazer acarreta uma abstenção do obrigado. 
 
Não pode ser olvidado que a obrigação de não fazer só pode ser assim 
denominada se não realizado o ato em que deveria ter havido a abstenção, 
pois, uma vez que tenha sido praticada, a tutela executiva que surge para o 
seu desfazimento é de obrigação de fazer. A obrigação de não fazer existe 
somente, precisamente falando, enquanto não praticado o ato que deveria ter 
deixado de sê-lo. A abstenção e a tolerância constituem a obrigação de não 
fazer. Se houve o descumprimento destas, a obrigação de desfazer, quando 
possível, é positiva e representa um fazer do obrigado. Tanto isso é verdade 
que não existe mora para esse tipo de obrigação. 
 
São exemplos de obrigações de não fazer o dever de preservação ambiental, 
o dever de sigilo empresarial, a obrigação de não construir sobre determinada 
área etc. (ABELHA, 2015) 
 
 
A espécie de obrigação de fazer ou não fazer caracteriza-se por exigir 
efetivação específica ou tutela pelo resultado prático equivalente. Para isso, o juiz, de 
ofício ou a requerimento do exequente, determinar medidas coercitivas, como a 
imposição de multa (astreintes), busca e apreensão, desfazimento de obras, 
impedimento de atividade nociva, remoção de pessoas e coisas, podendo inclusive 
requisitar o auxílio de força policial. 
 
Não havendo o cumprimento voluntário da obrigação, o juiz determinará as 
medidas coercitivas ou de sub-rogação necessárias para a satisfação do 
credor. Se a obrigação for fungível, o juiz poderá determinar os dois tipos de 
medida; se for infungível, apenas as coercitivas, já que a obrigação não pode 
ser prestada por terceiro. 
 
Os principais meios de coerção estão enumerados no art. 536, § 1°, do CPC. 
 
Não havendo cumprimento específico da obrigação, ou de providência que 
assegure resultado equivalente, e sendo infrutíferas as medidas 
determinadas, ou existindo requerimento do credor, haverá conversão em 
perdas e danos, prosseguindo-se na forma dos arts. 523 e ss., do CPC. 
(GONÇALVES, 2016. pp. 797-798) 
 
 
 
18 
 
 
Sobre a conversão em perdas e danos: 
A conversão por perdas e danos pode não ser necessariamente benéfica ao 
exequente, que apenas obterá a quantia após liquidação (caso o título já não conste 
o valor), e depois, por via de execução por expropriação, seguindo seu rito. Por isso, 
a conversão é de custo elevado aos jurisdicionado, dessa forma não é mais uma 
medida impositiva perante o credor. 
 A tutela das obrigações de fazer e não fazer deve ser célere e efetiva, obtendo 
o mesmo resultado do plano material ou resultado equivalente. Apenas em último caso 
deve-se buscar a conversão em perdas e danos e somente quando se referir a direito 
patrimonial e disponível e por escolha do exequente. 
[...] inclusive, há de se lembrar que existem determinados deveres de fazer e 
não fazer que não encontram um correspondente em pecúnia nem mesmo 
podem ser “compensados” de forma justa e equitativa, por exemplo, o direito 
fundamental a um meio ambiente ecologicamente equilibrado que para ser 
alcançado depende do cumprimento de uma série de deveres do poder 
público e da própria coletividade. 
 
A violação desses deveres impõe ao titular desse direito (povo) uma situação 
irreversível e inconciliável com perdas e danos, pois não há, por exemplo, 
perdas e danos que se equiparem à perda da qualidade de vida causada pela 
poluição, a extinção de uma espécie, a supressão de um monumento natural 
etc. 
[...] 
Segundo o art. 499, o momento para a conversão em perdas e danos deve 
ocorrer “quando for impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado 
prático equivalente”, o que pode se verificar não apenas na propositura da 
demanda, mas também no seu final, quando se mostrem infrutíferas as 
técnicas de efetivação da tutela in natura. Nesse caso, deve-se promover a 
liquidação antes ou depois de iniciado o cumprimento de sentença. Nessa 
hipótese o legislador deixa bem claro que “a indenização por perdas e danos 
dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao 
cumprimento específico da obrigação” (art. 500 do CPC). 
 
É de dizer que o referido dispositivo admite que, por opção do credor, poderá 
ser feita a conversão das perdas e danos, ainda que em tese fossem 
possíveis a obtenção da tutela específica e o resultado prático equivalente. 
Nesta última hipótese, uma de duas: ou o credor já ajuíza a demanda 
reclamando a tutela pecuniária ou só poderá fazê-lo no seu curso seguindo 
as regras de alteração do pedido do art. 329 do CPC. (ABELHA, 2015) 
Na obrigação de entregar coisa é também permitido a expedição de mandado 
de busca e apreensão do objeto ou imissão na posse de coisa imóvel e aplica-se, no 
que couber, as disposições pertinentes à obrigação de fazer ou não fazer. 
 
19 
 
 
2.1.2 Obrigação de pagar 
 
Conforme se extrai do art. 513, § 1, o cumprimento da obrigação de pagar 
quantia certa (expropriação), mesmo constando de uma fase procedimental como o 
cumprimento de sentença, é iniciado com o requerimento do exequente, feito como 
se uma petição inicial fosse e apontando o demonstrativo do crédito atualizado. Sem 
isso, não se iniciará a fase de cumprimento para pagamento de quantia e 
permanecerá inerte a jurisdição. Diverso do que ocorre na entrega da coisa 
(desapossamento) e na obrigação de fazer ou não fazer (transformação), onde a regra 
é a do art. 536, caso em que “o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a 
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.” 
(BRASIL, 2015) 
[...] é clara a diferença de tratamento da tutela executiva expropriatória das 
demais modalidades de execução das obrigações específicas, e não é por 
acaso. Nestas os atos executivos de transformação e desapossamento não 
implicam expropriação do patrimônio do executado, e, bem sabemos, 
historicamente no nosso ordenamento há a proteção do sacrossanto direito 
de propriedade (art. 5.º, caput, XXII, XXIII e LIV, da CF/1988), de forma que 
para o legislador deve haver um devido processo para que se dê a 
desapropriação do patrimônio de alguém. Eis um motivo claro para que o 
cumprimento de sentença para pagamento de quantia tenha um tratamento 
diferenciado em relação aos demais tipos de cumprimento de sentença (das 
obrigações específicas). 
[...] 
Em relação ao cumprimento provisório da sentença, é outro o motivo pelo 
qual se faz necessário o requerimento que comece fase executiva. Nesse 
caso, para qualquer modalidade de obrigação, tem-se que o risco decorrente 
da provisoriedade do título executivo faz que o Poder Judiciário transfira para 
o interessado o ônus de pedir, de forma expressa, que se dê início a uma 
tutela executiva provisória. A provisoriedade do título executivo permite que 
se principie o cumprimento de sentença, mas impõe sobre o requerente o 
ônus
de assumir o risco de iniciar a tutela executiva com um título que ainda 
esteja em formação (instável). É preciso que requeira expressamente o início 
do cumprimento provisório da sentença para qualquer modalidade de 
obrigação. 
 
Ainda em relação a esse tema, é de dizer que o tal requerimento do 
exequente que dá início ao cumprimento de sentença para pagamento de 
quantia ou ao cumprimento provisório da sentença tem nome de mero 
requerimento, mas em tudo se assemelha a uma petição inicial, ou seja, 
embora o legislador tenha atribuído a tal manifestação do exequente um 
 
20 
 
nome de mero requerimento, é este ato formal que principia a fase executiva 
e que será extinta por sentença. 
 
O nome atribuído pelo legislador é o menos importante. Se o fez apenas para 
não confundir esse requerimento com a petição inicial que dá início a um 
processo de execução (títulos executivos extrajudiciais), isso não terá o 
condão de afastar nem a função e efeitos desse requerimento. (ABELHA, 
2015) 
 
 
A partir do requerimento, o executado tem 15 dias para pagar. Findo o prazo 
sem o cumprimento, é acrescida multa de 10% sobre o débito e os honorários 
advocatícios no mesmo montante. Se o pagamento for parcial, as porcentagens 
incidem sobre o valor restante. Ainda, poderá ocorrer a expedição de mandado de 
penhora e avaliação dos bens do executado. 
Também, o CPC admite que a sentença impugnada através de recurso 
desprovido de efeito suspensivo poderá ser cumprida provisoriamente. Em tal 
ocasião, o valor deve ser depositado em conta judicial, permitido que seja levantado 
quando a sentença transitar em julgado. 
Na hipótese de cumprimento provisório, o exequente está obrigado a reparar 
perdas e danos caso a sentença seja modificada, com a parte modificada perdendo 
seus efeitos ou sendo anulada. E poderá ser exigida caução do exequente em 
situações que impliquem na transferência ou alienação de propriedade, ou nas quais 
se possa resultar grave dano ao executado. 
O mesmo procedimento de cumprimento provisório é aplicável aos casos de 
obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa. 
 
2.1.3 Obrigação de prestar alimentos 
 
 
[...] tratando-se de alimentos revelados em título executivo judicial, o Código 
de Processo Civil disponibiliza o cumprimento de sentença provisório 
(inclusive na forma de tutela provisória urgente) ou definitivo, bem como o 
processo de execução quando se tratar de alimentos previstos em título 
executivo extrajudicial. (ABELHA, 2015) 
 
 
21 
 
 
A execução de prestação alimentícia é uma execução para pagamento de 
quantia (expropriação), porém com regras especiais que constam na Constituição de 
1988 (art. 5.º, LXVII), nos arts. 528 e ss. e 911 e ss. do CPC (também em alguns 
dispositivos da Lei 5.478/1968). Tais regras referem-se a técnicas de expropriação 
diferenciadas que variam a de acordo com a situação jurídica material do caso. 
São três formas: 
-Convencional (art. 528, § 8° do CPC): Processa-se como cumprimento de sentença 
condenatória em quantia certa, observado o procedimento estabelecido pelo art. 523 
e ss. 
-Especial (art. 528, caput e §§ 1° a 7°): O devedor é intimado pessoalmente para pagar 
em três dias, comprovar que já o fez ou provar a impossibilidade de fazê-lo, sob pena 
de ser decretada sua prisão civil. 
-Por desconto em folha (art. 529): O devedor, empregado, funcionário público, militar, 
diretor ou gerente de empresa, terá os alimentos descontados de sua folha de 
pagamento. 
Desta feita, os meios que podem ser utilizados no intuito de coagir o executado 
ao pagamento o débito, são vários: 
Podem ser arroladas as seguintes técnicas executivas: técnica da coerção 
pela prisão civil do executado; técnica da coerção pela multa processual a ser 
aplicada pela unidade de tempo (dia, mês etc.); técnicas sub-rogatórias de 
desconto em folha, adjudicação de bem penhorado, usufruto de imóvel ou 
bem móvel, alienação por iniciativa particular ou em hasta pública. A 
aplicação de cada uma dessas técnicas irá variar de acordo com a situação 
jurídica processual ou material que esteja em jogo. (ABELHA, 2015) 
 
Dentre todos os meios, o que chama atenção na execução de alimentos diante 
de outras formas execução é a possibilidade de prisão civil, uma excepcionalidade, já 
que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela ilegalidade da prisão do depositário infiel 
prevista no artigo 5º, inciso LXVII, da Constituição Federal. Logo, a prisão decorrente 
da inadimplência de prestação alimentícia é atualmente o único caso admitido de 
prisão por dívida. 
 
22 
 
 
Nesse caso, o executado será intimado pessoalmente para pagar o débito em 
até 3 dias, provar que já o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Não cumprindo 
ou não sendo aceita sua justificativa, o juiz mandará protestar o pronunciamento 
judicial na forma e decretará a prisão pelo prazo de 1 a 3 meses. O débito que autoriza 
a prisão civil do executado é o que compreende até 3 prestações anteriores ao 
ajuizamento da ação e as que vencerem no decorrer do processo. 
Quanto a execução de alimentos pelo procedimento tradicional: 
O credor de alimentos pode sempre preferir a execução pelo método 
tradicional, com a penhora e expropriação de bens. Às vezes, em razão da 
relação de parentesco ou decorrente de casamento ou união estável, ele quer 
receber, mas não quer que o devedor corra o risco de ser preso. Bastará 
então que proponha a execução na forma convencional. 
 
Como a Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça e o art. 528, § 7°, do 
CPC só permitem a execução especial do art. 528, caput, para os débitos que 
compreendam as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e 
as que se vencerem no curso do processo, se o exequente pretende 
prestações anteriores só poderá valer-se do procedimento convencional. A 
prestação de alimentos prescreve atualmente em dois anos (art. 206, § 2°, do 
CC). (GONÇALVES, 2016. p. 817) 
 
 
 
2.1.4 Execução contra a Fazenda Pública 
Conforme dispõe o art. 100 do Código Civil, “os bens públicos de uso comum 
do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua 
qualificação, na forma que a lei determinar.” (BRASIL, 2002) 
Considerando que a penhora tem por objetivo a alienação, considera-se 
impenhoráveis os bens inalienáveis. Assim determina o art. 833 do CPC: “São 
impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não 
sujeitos à execução.” (BRASIL, 2015) 
Desta feita, se dá a impossibilidade de execução contra a Fazenda Pública 
mediante penhora e expropriação, pelo que novo Código de Processo Civil fixou 
procedimento específico para o cumprimento de sentença e para a execução de título 
extrajudicial. 
 
23 
 
 
 
O NCPC, ao regular separadamente o cumprimento de sentença que 
reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda 
Pública e a execução por título extrajudicial contra a Fazenda, se pôs em 
harmonia com a jurisprudência pacífica atual. 
 
A despeito da inovação quanto à separação dos procedimentos de acordo 
com a espécie de título, a sistemática de ambas as codificações é a mesma: 
não se realiza atividade típica de execução forçada, uma vez que ausente a 
expropriação (via penhora e arrematação) ou transferência forçada de bens. 
O que se tem é a simples requisição de pagamento, feita entre o Poder 
Judiciário e Poder Executivo, conforme dispõem os arts. 534, 535 e 910 do 
NCPC, observada a Constituição Federal (art. 100). (THEODORO JR., 2018) 
 
O procedimento, resumidamente: 
1. Será a Fazenda intimada na pessoa de seu representante, através de carga, 
remessa ou meio eletrônico, sem pena de penhora, ou seja, limitada à convocação 
para apresentar impugnação no prazo de 30 dias (art. 535). 
2. Decorrido prazo sem impugnação, ou havendo sua rejeição, o magistrado, por meio 
do Presidente de seu Tribunal Superior, expedirá o nome de precatório (requisição de 
pagamento)
3. O magistrado não requisitará o pagamento, mas, a pedido do exequente, dirigir-se-
á ao Tribunal detentor da competência recursal ordinária (Tribunal de Justiça, Tribunal 
Regional Federal, etc.), cabendo ao seu presidente requisitar à Fazenda Pública (art. 
910, § 1º). 
4. No orçamento é obrigatória a inclusão do valor necessário ao pagamento do débito 
constante do precatório, apresentados até 1º de julho do ano anterior (art. 100, § 5º 
da CF) com os valores corrigidos. 
5. As importâncias orçamentárias destinadas ao cumprimento dos precatórios ficarão 
consignadas diretamente ao Poder Judiciário, recolhidas nas repartições competentes 
(art. 100, § 6º da CF). 
6. Por determinação do Presidente do Tribunal, o pagamento será feito ao exequente 
na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito (art. 910, § 
1º do CPC), exceto os créditos de natureza alimentícia (art. 100, § 1º da CF). 
 
24 
 
Evidentemente, há a oportunidade de defesa da Fazenda Pública, que quando 
se apoiar em título judicial, far-se-á seguindo o disposto no art. 535 do CPC. 
 
2.2 Partes 
2.2.1 Legitimidade ativa 
 
O art. 778 do CPC elenca os legitimados ativos para promover a execução. O 
credor, mencionado no caput, “é o legitimado ativo por excelência. É preciso que ele 
figure como tal no título executivo. A legitimidade é ordinária, pois ele estará em juízo 
em nome próprio, postulando direito próprio.” (GONÇALVES, 2016) 
Diz-se ainda que a legitimidade ordinária pode ser dividida em originária e 
independente, quando adquirida, respectivamente, de forma contemporânea 
ou superveniente da formação do título. Enfim, se o título executivo espelha, 
no momento da propositura da demanda executiva, o verdadeiro titular do 
direito exequendo (igualmente o titular passivo), que ora atua em juízo, então 
se tem aí que o “credor” e o “devedor” são legitimados ordinários “originários”. 
Todavia, se o título representa alguém que no plano do direito material já não 
é mais o credor, e esse alguém persegue em juízo o seu próprio direito, tem-
se aí que o título não se presta, nesse caso, para identificar o titular da relação 
jurídica material, pois no plano material houve transferência dessa 
titularidade, e, por isso mesmo, não haverá coincidência entre o sujeito 
discriminado no título e o titular do direito que postula em juízo. Nesse caso, 
tem-se a “legitimidade ordinária independente”, porque haurida após a 
formação do título. 
 
Entretanto, não só a legitimidade ordinária (originária ou independente) está 
presente na tutela executiva, uma vez que a figura da legitimidade 
extraordinária também sói acontecer. Assim, sempre que o titular, ativo ou 
passivo, da tutela executiva não corresponda àquele que se beneficiará ou 
se prejudicará, no plano do direito material, com o resultado da execução (por 
não ser titular do direito ou da obrigação), então se terá a denominada 
legitimidade extraordinária. Os mesmos conceitos de teoria geral do processo 
também são espraiados para a tutela executiva. (ABELHA, 2015) 
Já no inciso I do § 1º é mencionada “a legitimidade ativa do Ministério Público 
para a propositura de demandas executivas, que, segundo afirma, será nos casos 
expressos em lei.” (ABELHA, 2015) 
De fato, tratando-se de legitimação extraordinária, deve estar prevista em lei 
essa possibilidade, sendo incomum a sua ocorrência, já que a função do 
Parquet não é a proteção de direitos disponíveis e patrimoniais, que 
normalmente é o que se reclama por via da tutela executiva. (ABELHA, 2015) 
 
25 
 
 
 
Exemplos de legitimidade extraordinária do Ministério Público: 
 
- Para execução promovida na ação civil pública (art. 15 da Lei 7.347/85); 
- Onde não tiver sido criada Defensoria Pública, para postulação de indenização civil 
para a vítima de crime ou respectivos herdeiros que não tenham condições 
econômicas para o pleito (art. 68 do CPP); 
- Para ações de reparação de danos decorrentes de lesão causada ao meio ambiente 
(art. 14, § 1° da Lei 6.938/81); 
- Para ações consumeristas que tratem de interesses coletivos ou difusos (art. 82 do 
Código de Defesa do Consumidor); 
- Para ações populares "caso decorridos sessenta dias da publicação da sentença 
condenatória, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução" (art. 16 da 
Lei 4.717/65); 
- Para a execução de condenações provenientes da Lei de Improbidade Administrativa 
(art. 17 da Lei 8.429/92); 
- Para a execução de título extrajudicial consistente no termo de ajustamento de 
conduta firmado por ele com o causador do dano; 
- Casos em que, embora não proponha a execução, atua como fiscal da ordem 
jurídica, como, a exemplo, houver interesse de incapazes ou público (art. 178 do 
CPC). 
No inciso II é incluído o sucessor mortis causa, caso em que “falecendo o 
credor, este será sucedido pelo seu espólio, pelos seus herdeiros ou seus sucessores 
em geral, desde que estes sejam os novos titulares do direito resultante do título 
executivo.” (ABELHA, 2015) 
 
 
26 
 
 
A legitimidade será ordinária, porque, com o falecimento do credor, o direito 
passou aos sucessores. Enquanto não tiver havido o trânsito em julgado da 
sentença homologatória de partilha, a legitimidade será do espólio, 
representado pelo inventariante; após, o credor será sucedido pelos 
herdeiros. 
 
Se o falecimento ocorrer no curso da execução, a sucessão processual far-
se-á na forma do art. 110 do CPC, ou, se necessário, por habilitação, na forma 
dos arts. 687 e ss. (GONÇALVES, 2016) 
 
O inciso III trata da hipótese de legitimidade ordinária derivada ou 
superveniente. “Nesse caso, sendo o titular do direito objeto da execução, mas não a 
parte ativa da execução, permite o Código que ele, cessionário, prossiga na execução, 
sucedendo o cedente.” (ABELHA, 2015) 
[...] estarão legitimados os cessionários, quando o direito resultante do título 
executivo lhes foi transferido por ato entre vivos (art. 778, III). A legitimidade 
é ordinária, porque, com a cessão, ele tornou-se titular do direito, 
consubstanciado no título executivo. 
 
Se ela ocorrer antes do ajuizamento da execução, cumprirá ao cessionário 
instruir a inicial com o título e com o documento comprobatório da cessão; e, 
se ocorrer depois, bastará ao cessionário, comprovando sua condição, 
requerer a substituição do exequente originário por ele, sem necessidade do 
consentimento do credor, por força do art. 286 do Código Civil: "O credor pode 
ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, 
ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá 
ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da 
obrigação". O art. 109 do CPC não se aplica à cessão de crédito, na 
execução. O cedente poderá ser sucedido pelo cessionário, 
independentemente de consentimento do devedor. 
 
Diferente será a cessão de débito, que só valerá se feita com a anuência do 
credor. (GONÇALVES, 2016) 
 
A hipótese descrita no § 1º, IV também é legitimidade ordinária superveniente, 
“casos em que assume a titularidade ativa, após a formação do título executivo, o sub-
rogado (legal ou convencional) que sucederá processualmente, na condição de 
credor, o antigo titular (possivelmente também exequente) do crédito exequendo.” 
(ABELHA, 2015) 
O art. 778, IV, do CPC atribuiu legitimidade para promover execução tanto ao 
sub-rogado legal como ao convencional. As hipóteses de sub-rogação legal 
e convencional estão nos arts. 346 e 347 do CC. 
 
A sub-rogação a que se refere a lei processual é, segundo Clóvis Beviláqua, 
a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação ou 
emprestou o necessário para solvê-la. 
 
27 
 
 
Essa definição deixa claro que a sub-rogação presta-se apenas para 
conceder legitimidade ativa àquele que paga; não há sub-rogação no polo 
passivo da execução. 
 
A legitimidade é ordinária porque aquele que paga, por sub-rogação torna-se
o novo credor, assumindo a qualidade jurídica do seu antecessor. 
(BEVILÁQUA, 1957. p. 105 apud GONÇALVES, 2016. p. 720) 
 
Por fim, além das hipóteses do art. 778, importante ressaltar duas outras 
possibilidades de legitimação ativa: 
 
- O ofendido, ainda que não figure no título executivo 
A sentença penal condenatória (transitada em julgado) em ação ajuizada pelo 
Ministério Público (exceto quando ação penal privada), é um dos títulos executivos 
cujo processo crime a vítima não participa e não figura no título, embora o CPC faculte 
que ela promova execução civil pelos danos sofridos, após a liquidação, em regra do 
procedimento comum. 
Também, na execução de ação coletiva promovida pelos legitimados da Lei de 
Ação Civil Pública. O ofendido não participa da ação, mas pode promover liquidação 
e execução dos danos sofridos. 
 
- O advogado 
"Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, 
pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta 
parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu 
favor." Assim dispõe o art. 23 da Lei 8.906/94. 
Ou seja, o advogado possui legitimidade para, em seu nome, executar os 
honorários sucumbenciais que foram fixados pelo magistrado na sentença (não 
confundir com os honorários contratuais, que serão objeto de arbitramento ou, se o 
valor já fora estabelecido, em execução por título extrajudicial, conforme art. 24, caput, 
da Lei 8.906/94). Dessa forma, o débito principal será executado pela parte e os 
 
28 
 
honorários pelo advogado, em nome próprio. Logo, tanto o exequente quanto seu 
advogado serão legitimados ordinários para a execução daquilo que lhes couber. 
Entretanto pode o advogado optar incluí-los no débito principal para execução 
em conjunto em nome da parte exitosa. Assim, a parte será a legitimada ordinária para 
a execução do débito principal e ao mesmo tempo extraordinária quanto as honorários 
de seu advogado. 
 
2.2.2 Legitimidade passiva 
 
O art. 779 do CPC elenca os legitimados passivos na execução. O devedor, 
mencionado do inciso I, “é o legitimado passivo primário, desde que figure como tal 
no título executivo. Se a execução é fundada em título judicial, é legitimado passivo 
aquele a quem foi imposta a condenação; se em título judicial, o que figura no título 
como devedor.” (GONÇALVES, 2016. p. 721). Há, ainda: 
 
-O espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor 
É caso de sucessão mortis causa, pelo que a execução não poderá ultrapassar 
os limites da herança. 
Havendo extinção de pessoa jurídica, necessário verificar se o patrimônio foi 
transferido a outra pessoa, ocasião em que esta assumirá o passivo. Caso não, os 
sócios da empresa extinta serão os legitimados. 
 
-O novo devedor que assumiu a obrigação 
 Poderá haver assunção da dívida resultante do título executivo, desde que com 
o consentimento do credor, já que o que responderá pela dívida é o patrimônio do 
executado, motivo pelo qual o credor poderá não concordar em um terceiro assumi-la 
caso este possua patrimônio menor do que o devedor originário. 
 
29 
 
 
“Tendo havido anuência do credor, a execução será proposta diretamente 
contra o novo devedor: se a cessão ocorrer no curso da execução, o devedor originário 
será substituído pelo novo.” (GONÇALVES, 2016. p. 722) 
 
- O fiador do débito constante em título extrajudicial e o fiador judicial 
A fiança é um contrato acessório à uma obrigação principal. Sendo a fiança 
uma garantia sobre um título extrajudicial, será de mesma natureza. A exemplo: o 
contrato de fiança terá força executiva, e se nele houver fiança, também haverá título 
contra o fiador, podendo este sofrer execução diretamente. 
Entretanto, como contrato acessório, dispõe o art. 827 do Código Civil que há 
benefício de ordem, pelo que “o fiador demandado pelo pagamento da dívida tem 
direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do 
devedor.” (BRASIL, 2002) 
Caso faça uso desse benefício, o fiador será executado em litisconsórcio ao 
devedor principal. Isto porque só poderá o fiador sofrer execução se houver inclusão 
do devedor principal ao polo passivo, ao contrário não teria como nomear bens do 
devedor a penhora, impedindo o uso do benefício. 
Caso renuncie ao benefício, poderá sofrer a execução sozinho, mas se sub-
rogará nos direitos do credor, portanto não sofrendo prejuízo e, conforme art. 794, § 
2° do CPC, “o fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do 
mesmo processo.” (BRASIL, 2015) 
 
Pode ocorrer que a fiança garanta um débito não consubstanciado em título 
executivo extrajudicial. A ação de cobrança poderá ser ajuizada apenas em 
face do fiador, ainda que ele tenha o benefício de ordem. Não haverá prejuízo, 
porque bastará que chame ao processo o devedor principal, na forma do art. 
130, I, do CPC. 
 
Caso haja condenação, na fase executiva, o fiador poderá exigir que, 
primeiro, sejam excutidos os bens do devedor principal para só depois serem 
atingidos os seus. E, se o fiador, na fase executiva, satisfizer o débito, poderá 
exigi-lo, por inteiro, do devedor principal, nos mesmos autos (art. 132 do. 
CPC). (GONÇALVES, 2016. p. 722) 
 
30 
 
 
Cabe aqui um esclarecimento quanto ao “fiador judicial”: 
A caução é meio jurídico consistente na garantia dada para o cumprimento de 
uma obrigação. Pode ser real, quando em garantia de coisa móvel ou imóvel, como o 
penhor, a hipoteca, etc), ou fidejussória, quando a garantia é pessoal, como a fiança 
e o aval. Por sua vez, a fiança poderá ser judicial ou convencional, conforme advenha 
de ato processual ou contrato. 
Deste modo, fiador judicial é o que presta garantia pessoal à obrigação no curso 
de um processo. A exemplo, os citados nos arts. 895, § 1º, 897 e 559 do CPC. 
O fiador judicial responde pela execução sem ser o obrigado pela dívida e a 
execução contra ele não depende de figurar o seu nome na sentença 
condenatória. Responde, porém, por título executivo judicial, visto que como 
tal não se entende apenas a sentença, mas qualquer decisão que reconheça 
a exigibilidade de obrigação (art. 515, I). Logo, tendo sido a fiança acolhida 
em processo judicial por decisão do juiz, se for o caso de executá-la, o 
procedimento será o dos arts. 513 e ss. 
 
Em todos os casos de execução contra o fiador, este, solvendo a dívida 
ajuizada, terá ação regressiva contra o devedor, sub-rogando-se nos direitos 
do credor e legitimando-se ao manejo da execução forçada contra o 
afiançado (Código Civil, art. 832), o qual se dará nos mesmos autos (art. 794, 
§ 2º, do NCPC). 
 
No caso de fiança prestada ao arrematante, não sendo o preço pago por este, 
o fiador poderá preferir a transferência da arrematação a seu benefício, em 
lugar de executar o afiançado pela importância despendida (art. 898). 
 
Ao fiador, seja convencional ou judicial, é assegurado o benefício da ordem, 
i.e., a faculdade de nomear à penhora bens livres e desembargados do 
devedor (art. 794). Assim, a execução incidirá, primeiro, sobre bens do 
afiançado, e só se estes não forem suficientes é que recairá sobre o 
patrimônio do fiador. O que, porém, firma a fiança extrajudicial como devedor 
solidário e principal pagador, renunciando ao benefício de ordem, não pode 
se valer da preferência executiva constante do art. 828, II, do Código Civil e 
do art. 794, § 3º, do NCPC. (THEODORO JR., 2018) 
 
-O responsável titular do bem vinculado por garantia real 
A garantia real poderá ser oferecida tanto por dívida própria quanto de terceiro. 
Neste segundo caso, ainda que não seja o executado, torna-se responsável pelo 
pagamento da dívida quem deu o bem em garantia, respeitando o limite do valor deste. 
 
31 
 
 
 
-O responsável tributário 
O art. 779, VI do CPC incluiu o responsável tributário entre os legitimados 
passivos, cabendo a legislação tributária definir quem
são os responsáveis. 
 
-O avalista 
O avalista é quem presta uma garantia sobre o pagamento de um título de 
crédito para o caso de inadimplência do devedor principal. Deve constar no título com 
expressão identificando o ato praticado, usualmente com assinatura do devedor no 
anverso. 
A execução poderá ser dirigida a ambos, em litisconsórcio passivo, mas poderá 
também se dirigir apenas ao avalista, sem inclusão do avalizado, e o pagamento da 
dívida pelo avalista implicará sub-rogação no crédito, podendo reaver o pagamento 
em face do avalizado ainda nos mesmos autos. 
 
-O empregador em execução contra o empregado 
Conforme o art. 932 do Código Civil, “são também responsáveis pela reparação 
civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele” (BRASIL, 2002), logo, o 
empregador responde objetivamente pelos danos causados por seu empregado, 
desde que no exercício da atividade laboral, pelo que a vítima poderá ajuizar ação de 
reparação contra ambos ou apenas um deles, tratando-se, portanto, de litisconsórcio 
facultativo. 
Entretanto, caso ajuíze apenas em face do empregado, só poderá executar a 
este, pois a sentença (título judicial) só condenará a ele. Para a execução em face do 
empregador, deverá incluí-lo na demanda e a sentença o condenado. 
 
 
32 
 
 
A mesma lógica se aplica à sentença penal condenatória, onde será possível, 
após liquidação, promover a execução contra o empregado. Mas em face do 
empregador, necessário que se promova ação de conhecimento, onde, devido a não 
participação no processo criminal, poderá também discutir sobre a culpa do 
empregado. 
 
 
2.2.3 Litisconsórcio 
 
Se na fase de conhecimento houve litisconsórcio, poderá ocorrer na execução, 
contra todos que forem condenados e promovida por todos os autores. Ou seja, 
poderá haver litisconsórcio ativo, passivo ou misto. O mesmo ocorre no processo 
autônomo de execução de título extrajudicial, mesmo não havendo a fase de 
conhecimento. Dependerá do que constar do título. 
Sempre que a obrigação for de pagamento, o litisconsórcio passivo será 
facultativo, devido ao caráter divisível do objeto. Independente da quantidade de 
devedores, o autor poderá promover a execução em face de apenas um deles. 
Nas obrigações de fazer, não fazer ou entregar coisa, se indivisível, o 
litisconsórcio passivo é necessário. 
Oportuno aqui, uma elucidação quanto ao litisconsórcio ativo necessário: 
Há consenso em torno da inexistência, em princípio, do litisconsórcio 
necessário, mormente ativo, no processo de execução, seja fundado em título 
judicial ou extrajudicial. Mesmo sendo múltipla a titularidade do crédito, com 
ou sem solidariedade ativa, a cada credor separadamente sempre se 
reconhece o poder de executar a parte que lhe toca. Poderão, é verdade, os 
credores agir em conjunto e executar a totalidade da dívida comum, mas fa-
lo-ão em litisconsórcio facultativo, apenas. 
 
Um caso excepcional de litisconsórcio necessário, temo-lo no concurso 
universal do devedor insolvente, pois, na execução concursal, há 
obrigatoriedade de abranger o processo a universalidade dos credores. No 
entanto, mesmo aí, o litisconsórcio é sui generis, porque os efeitos do 
concurso a todos atingem, mas cada credor de per si tem a liberdade de 
ingressar ou não na execução coletiva para participar do rateio da excussão 
dos bens arrecadados ao insolvente. 
 
33 
 
 
Já, no lado passivo, são frequentes os casos de litisconsórcio necessário, 
como o de marido e mulher, quando a penhora atinge bem imóvel (NCPC, 
art. 842). Em tais circunstâncias a ausência de participação de um dos 
cônjuges, na formação da relação processual executiva, é causa de nulidade 
visceral de todo o processo. Somente não haverá necessidade de citação do 
cônjuge se forem casados em regime de separação absoluta de bens (art. 
842, in fine). 
 
A solidariedade ou a corresponsabilidade, no entanto, é motivo de 
litisconsórcio passivo apenas facultativo, porque aí a execução tanto pode ser 
proposta contra um como contra diversos ou todos coobrigados. 
 
Uma questão interessante a destacar é a ausência de repercussão do 
litisconsórcio formado na execução sobre a outra relação processual que se 
estabelece na ação incidental de embargos à execução. Tratando-se de nova 
ação, os embargos, mesmo nos casos de litisconsórcio passivo necessário, 
podem ser ajuizados individualmente apenas por um ou alguns dos 
executados. É que, para defender-se, nenhum devedor, qualquer que seja 
sua condição jurídica, depende de anuência de coobrigados ou 
corresponsáveis. (THEODORO JR., 2018) 
 
 
2.3 Competência 
 
O artigo 516 do Código de Processo Civil trata da competência para o 
cumprimento de sentença: 
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: 
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; 
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; 
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal 
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão 
proferido pelo Tribunal Marítimo. 
 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar 
pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se 
encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser 
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa 
dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. (BRASIL, 2015) 
 
“Também na execução civil, a competência pode ser absoluta ou relativa, 
consoante imposta ou não por norma de ordem pública.” (GONÇALVES, 2016. p. 716) 
Quanto à competência absoluta, por constituir objeção por matéria de ordem 
pública, não poderá ser modificada e poderá ser reconhecida de ofício pelo juiz ou 
alegada pela parte a qualquer tempo. 
 
34 
 
 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão 
preliminar de contestação. 
 
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau 
de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a 
alegação de incompetência. 
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão 
remetidos ao juízo competente. 
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos 
de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se 
for o caso, pelo juízo competente. (BRASIL, 2015) 
 
Quanto à incompetência relativa, conforme Súmula 33 do STJ, não poderá ser 
declarada de ofício. A exceção é a hipótese do art. 63, § 3º, do CPC: 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e 
obrigações. 
[...] 
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser 
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao 
juízo do foro de domicílio do réu. (BRASIL, 2015) 
 
E em regra, embora o art. 337, II, do CPC determine que “incumbe ao réu, antes 
de discutir o mérito, alegar incompetência absoluta e relativa” (BRASIL, 2015), ou seja, 
como preliminar em contestação, nada impede que seja alegada por qualquer das 
partes a qualquer tempo quanto à prorrogação, conexão, continência, derrogação pela 
eleição de foro, etc., pois em tal matéria não há preclusão. Apenas não poderá ser 
alegada em recurso especial ou extraordinário, mas devido às exigências específicas 
de tais recursos, que pressupõem o prequestionamento, e não porque tenha havido 
preclusão. 
No que tange ao art. 516, tanto o inciso I quando o II se referem à competência 
funcional e absoluta, pois a execução está vinculada ao processo de conhecimento 
que a antecede e processa-se no mesmo juízo que proferiu a sentença. Por ser 
absoluta, não está sujeita a modificação pelas partes ou foro
de eleição, mas admitem-
se as alternativas de que seja realizada no domicílio do executado ou local em que se 
encontram os bens, e, ainda no local onde a obrigação deve ser realizada nos casos 
de obrigações de fazer ou não fazer. 
 
35 
 
 
 
Cabem as observações: 
 
[...] na hipótese do inciso Il, a competência sofre importante flexibilização. O 
parágrafo único do art. 516 dispõe que: "Nas hipóteses dos incisos II e III, o 
exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo 
do local onde se encontram bens sujeitos à execução ou pelo juízo onde deva 
ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa 
dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem”. Tudo para tornar 
mais rápido o cumprimento da sentença, evitando, por exemplo, a expedição 
de precatórias e a prática de atos e diligências em outras comarcas. 
 
Teria essa norma transformado a competência, na hipótese do inciso II, em 
relativa? Em caso afirmativo, as partes poderiam escolher qualquer foro para 
o processamento da ação. Aqui não. A ação só pode correr em um dos juízos 
concorrentes previamente estabelecidos por lei, escolhidos não por contrato 
ou eleição, mas por opção do credor. Se for proposta em outro juízo, que não 
um deles, ele, de ofício, dar-se-á por incompetente. 
 
O credor que optar por um dos juízes concorrentes deverá requerer o 
cumprimento da sentença no juízo escolhido, que solicitará ao de origem a 
remessa dos autos. O juízo escolhido receberá a petição desacompanhada 
dos autos do processo, cumprindo-lhe verificar se é mesmo competente para 
o cumprimento da sentença. Em caso afirmativo, fará a solicitação ao juízo 
de origem, que os remeterá. Ao final, os autos serão arquivados no juízo onde 
ocorreu a execução. 
 
Se o juízo onde correu o processo de conhecimento não quiser remeter os 
autos, por entender que o solicitante não é competente, deverá suscitar 
conflito positivo de competência. 
 
Para as execuções de alimentos provenientes de direito de família (não de 
ato ilícito), além dos foros concorrentes já mencionados, o credor poderá 
optar pelo foro de seu próprio domicílio, ainda que a sentença tenha sido 
proferida em outro foro. É o que dispõe o art. 528, § 9°, do CPC. 
(GONÇALVES, 2016. p. 716-717) 
 
 
 
2.3.1 Competência para cumprimento da sentença arbitral 
 
O método arbitral para solução de conflitos possui jurisdição para sentenciar 
com a mesma validade da justiça estatal, entretanto há ausência de poder coercitivo. 
Com isso, cabe a parte vencedora demandar ao Poder Judiciário perante a não 
satisfação do cumprimento voluntário da obrigação. 
 
36 
 
 
 
O título executivo, in casu, é a sentença arbitral, por sua própria natureza. 
Com o advento da Lei nº 9.307/1996, essa modalidade de decisório deixou 
de ser mero laudo, para transformar-se em verdadeira sentença, cuja 
natureza de título executivo judicial decorre da lei, independentemente de 
homologação em juízo. (THEODORO JR., 2018) 
 
Nesses casos, conforme determina o inciso III do art. 516, a execução da 
sentença arbitral deverá ocorrer como se originalmente tivesse sido proferida pelo 
Judiciário, ou seja, no mesmo foro em que ocorreu o arbitramento. Assim observam-
se as regras de competência territorial disciplinadas nos arts. 46 a 53 do CPC, 
havendo também a opção do parágrafo único do art. 516. 
Cabe ressaltar que “ao Judiciário, porém, não cabe revisão da sentença arbitral, 
possuindo apenas a prerrogativa de decretar sua nulidade, caso haja manifestação 
de uma das hipóteses legais de nulidade.” (ALMEIDA, 2020. p. 11) 
 
 
2.3.2 Competência para execução do efeito civil da sentença penal 
 
 
A sentença penal condenatória gera o dever de reparação do dado na esfera 
cível. Logo, não há que se propor ação civil indenizatória em face do réu condenado 
penalmente. A sentença penal é o próprio título executivo para utilização pela a vítima 
ou seus dependentes (os lesados pelo crime), necessitando apenas que se promova 
a liquidação do quantum indenizatório. (NCPC, art. 509). 
No entanto, o juiz criminal não possui competência para realizar a execução 
civil, e sentença penal condenatória processa-se nos juízos cíveis competentes, 
conforme as regras comuns do processo de conhecimento. Este juízo é o que seria 
competente para a ação condenatória, caso tivesse que ser ajuizada, e será absoluta 
ou relativa conforme o caso concreto. 
 
Entre as regras aplicáveis à espécie, merece destaque a do art. 53, IV, “a”, 
do NCPC, que prevê, a par da competência geral do foro do domicílio do réu, 
a do forum delicti commissi, como critério particular para as ações de 
reparação de dano. (THEODORO JR., 2018) 
 
37 
 
 
 
Por exemplo: No caso de execução de sentença penal condenatória por 
acidente de trânsito, observar-se-á a faculdade do art. 53, V, do CPC (foro do domicílio 
do autor ou do local do fato, à escolha do ofendido). 
A competência, na espécie, não é funcional, como a da sentença civil 
condenatória; é territorial, relativa e prorrogável, portanto. Vale lembrar, 
ainda, que nessa modalidade de execução há a opção de escolha, pelo 
exequente, dos juízos especiais mencionados no parágrafo único do art. 516. 
(THEODORO JR., 2018) 
 
Na hipótese do inciso III, do art. 516, a competência não é funcional, porque 
não há nenhum prévio processo de conhecimento. No caso de sentença 
penal condenatória, cumprirá verificar qual é o juízo competente, de acordo 
com as regras gerais de competência dos arts. 46 e ss. do CPC. 
(GONÇALVES, 2016. p. 717) 
 
 
2.3.3 Competência internacional 
 
Em regra, a decisão judicial estrangeira (e também a sentença arbitral, por 
possuir força de sentença judicial), não pode ser diretamente executada no Brasil. 
Dependerá primeiro da homologação do Superior Tribunal de Justiça, e será 
processada perante a Justiça Federal cível de 1° instância, conforme art. 109, X da 
Constituição Federal. A seção judiciária competente será avaliada segundo as normas 
de competência da CF e do CPC, sendo a sentença arbitral optável para o credor 
observando o parágrafo único do art. 516. 
Com a homologação do decisório estrangeiro, dá-se a sua “nacionalização” 
e nasce, assim, sua força de título executivo no País, que se estende 
igualmente à concessão de exequatur, no caso das decisões interlocutórias 
(NCPC, arts. 960 a 965). 
 
O processo homologatório da decisão provinda da Justiça de outros povos e 
da concessão do exequatur é causa de competência originária do Superior 
Tribunal de Justiça. Mas a competência para a execução da sentença 
homologada não cabe àquele Tribunal Superior. Consoante o art. 109, X, da 
Constituição da República, é atribuição específica dos juízes federais do 
primeiro grau de jurisdição. 
 
Não se admite, enfim, que o credor ajuíze uma execução no estrangeiro e 
faça cumprir o mandado executivo no Brasil. Se seu título é judicial, deverá 
obter sua homologação pela justiça brasileira e requerer a execução perante 
nossa Justiça Federal. Se se trata, porém, de título extrajudicial formado em 
outro país, e exequível no Brasil, sua execução não se sujeita a 
 
38 
 
homologação, e poderá ser requerida diretamente em nossa justiça comum, 
e não em foro alienígena. Em nenhuma hipótese, portanto, haverá exequatur 
para carta rogatória executiva. Se a ação executiva era da competência 
nacional, não pode, segundo antigo entendimento do STF, ser processada 
no estrangeiro, com expedição de carta rogatória expedida para cumprimento 
do ato executivo em nosso território. (THEODORO JR., 2018) 
 
 
 
2.4 Liquidação de sentença 
Quanto ao objeto da liquidação, a art. 324, § 1º do CPC enuncia em seus 
incisos que o pedido poderá ser genérico quando: 
I – nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens 
demandados; 
II – não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do 
fato; 
III – a determinação do objeto ou do valor da condenação

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