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Medicalização da Educação_2023

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MEDICALIZAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO
A Dislexia e o TDAH em questão
Vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=MTFOb2bLjLA
(Maria Ap. Moysés, 2012?)
https://www.youtube.com/watch?v=6Xzha28mfV0
(Luís Augusto Rohde, 2015)
MOMENTO ATUAL – DSM V (2014)
TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Transtorno Específico 
da Aprendizagem
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH)
“DISLEXIA”
DSM 5
 Processamento
 fonológico ou visual
Funções Executivas
ETIOLOGIA
Base genética
Alterações na anatomia e/ou funcionamento cerebral
Transtorno
Cognitivo
Dislexia
TDAH
Dislexias adquiridas
Perda de habilidades já adquiridas de leitura e escrita
Origem: alterações anatômicas do SNC (traumatismos, AVC, doenças infecciosas)
Dislexias do desenvolvimento
Alteração patológica na aprendizagem da leitura e escrita
Origem: alterações presumidas do SNC
1896
HINSHELWOOD
1918
STRAUSS
ORTON
CEGUEIRA VERBAL CONGÊNITA
LESÃO CEREBRAL MÍNIMA (LCM)
1960
1925
DISFUNÇÃO CEREBRAL MÍNIMA (DCM)
STREPHOSYMBOLIA
Transtorno manifestado por dificuldades significativas na aprendizagem da leitura e escrita (atraso de pelo menos 2 anos), apesar de:
* inteligência normal
* ausência de déficits auditivos e visuais
* instrução e oportunidades socioculturais adequadas
O problema é considerado resultante de um déficit cognitivo (processamento fonológico, visual ou atencional) cuja origem é de base neurológica
	
DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Causa => déficits no Processamento fonológico
Consciência fonológica
Capacidade para perceber e “manipular” intencionalmente segmentos não significativos da fala (sílabas, rimas, fonemas)
Memória verbal de curto prazo
Capacidade de manter e processar informações verbais na memória de trabalho
Nomeação automatizada rápida
Capacidade de recuperar informação verbal armazenada na memória de longo prazo
Incidência na população: 2% a 5% 
maior incidência do diagnóstico recai sobre as crianças da classe média
Diagnóstico
Embora a causa presumida seja de origem constitucional (problema biológico, presente no nascimento), na prática o diagnóstico é feito com base em critérios psicológicos (testes de QI) e educacionais, pois o suposto problema orgânico não pode ser claramente identificado.
DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Figura 1 Mapas da ativação cerebral de uma criança disléxica antes e após 8 semanas de intensa intervenção, na qual a leitura de palavras atingiu um nível médio. A figura superior mostra a ativação típica na dislexia, com atividade predominante nas áreas temporais e parietais do hemisfério direito e pouca ativação nas áreas homólogas do hemisfério esquerdo. Na figura inferior há um aumento significativo na ativação das áreas temporo-parietais esquerdas. (based on Simos et al., 2002a, apud Vellutino et al. 2004).
Hemisfério 
esquerdo
Hemisfério 
direito
Antes da intervenção
Após intervenção
Hemisfério 
esquerdo
Hemisfério 
direito
Criança disléxica
TDAH => DSM IV (1994)
 Prevalência
3 a 7% de crianças em idade escolar (7 a 14 anos)
Mais frequente em meninos (9:1 na população clínica e
 4:1 na pop. geral).
Tríade de Sintomas
HISTÓRICO -TDAH
 1937
Experimento de Bradley
Strauss
1918
Lesão Cerebral mínima
1960
Disfunção cerebral mínima
DSM 2
 1970
DSM 3
 1980
DSM4
1990
Síndrome Hiperciné-tica
DDA 
DDA-H 
ADHD (TDAH)
Dopamina em
cérebro normal
Dopamina em
cérebro com TDAH
Lobo frontal 
(locus das funções 
executivas)
TDAH, Dopamina e Funções Executivas
Diagnóstico
Clínico (escalas, entrevistas , observação do comportamento, testes de atenção)
Escala SNAP – IV (pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade com frequência elevada)
Sintomas manifestados em pelo menos 2 ambientes 
Prejuízo funcional significativo (vida escolar, social, familiar)
Pelo menos 6 meses
Se existe outro problema (DM, Autismo, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele
 
SNAP IV - Sintomas da Desatençao
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.
 2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer
 3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele 
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações. 
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades 
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
 7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).
 8. Distrai-se com estímulos externos 
9. É esquecido em atividades do dia-a-dia
SNAP – IV Sintomas da hiperatividade/impulsividade)
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira 
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado
 12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado
 13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma 
14. Não pára ou frequentemente está a “mil por hora”. 
15. Fala em excesso. 
16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas
 17. Tem dificuldade de esperar sua vez 
18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos). 
17
Tratamento
Orientação de pais e professores
Medicamentoso – Ritalina (estimulante do SNC, aumenta a concentração de dopamina no cérebro)
Terapia Comportamental/ Cognitivo-comportamental
Intervenção psicopedagógica
INTERESSES ENVOLVIDOS
mercado de trabalho
	surgimento da psicopedagogia (nova profissão); de clínicas multidisciplinares (psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, profs. de ed. física, neurologistas, pediatras) 
indústria famacêutica
	lucros com a venda de medicamentos para o “tratamento” da dislexia, hiperatividade, etc.
Críticas às pesquisas sobre o efeito dos medicamentos 
 pesquisas inadequadas, sem comparação com grupo “placebo” ou realização de procedimento “duplo-cego”
Quanto mais rigoroso o controle das pesquisas, menores são os efeitos positivos observados pelo uso da droga
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Conclusão (Moysés & Colares, 2010):
DCM /dislexia/ TDAH=> hipóteses não comprovadas 
					
São passíveis de tratamento medicamentoso, sem comprovação de suas causas biológicas 
A teoria se transforma em “verdade inquestionável”, em “crença”
 termos como dislexia, hiperatividade, invadem as salas de aula e o discurso dos professores
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Biologização/medicalização da vida
“O processo de medicalização constitui um ideário em que questões sociais são apresentadas como decorrentes de problemas de origem e solução no campo médico (Ivan Illich ,1982)” (p.02)
“Nas sociedades ocidentais, é crescente a translocação para o campo médico de problemas inerentes à vida, com a transformação de questões coletivas, de ordem social e política, em questões individuais, biológicas” (p.02)
“ Tratar questões sociais como se [fossem] biológicas iguala o mundo da vida ao mundo da natureza. Isentam-se de responsabilidades todas as instâncias de poder, em cujas entranhas são gerados e perpetuados tais problemas.” (p.02)CONCLUSÕES:
consequências sociais 
	A biologização dos problemas de aprendizagem encobre as causas sociais, econômicas, políticas e pedagógicas do fracasso escolar, isentando de culpa o sistema social e a escola, uma vez que a causa do problema é atribuída ao aluno
consequências individuais
	As crianças são rotuladas, introjetando uma doença inexistente, com repercussões negativas sobre a sua auto-estima e auto-conceito.
	Efeitos colaterais da medicalização
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