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Importância da Maquete Física

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Maquete física como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto arquitetônico. 
 Dezembro/2013 
Dezembro/2013 
 
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013 
 
 
Maquete física 
como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto 
arquitetônico. 
 
Fabiana Souza Laurindo – fabiana@fortecconstrutora.com.br 
Master em Arquitetura 
Instituto de Pós Graduação e Graduação - IPOG 
Florianópolis, SC, 16 de dezembro de 2012. 
 
Resumo 
 
Este artigo propõe ampliar as discussões sobre a importância da maquete física como 
modelo de representação espacial do projeto arquitetônico a partir da pesquisa exploratória 
em torno da maquete do edifício residencial vertical de alto padrão Bella Vita Residence, 
localizado na cidade de Luís Eduardo Magalhães no oeste do estado da Bahia. Neste 
trabalho, enfatiza-se, sobretudo, como esse artefato auxilia a compreensão do cliente e 
estimula sua decisão de compra. A pesquisa foi realizada no próprio Plantão de Vendas da 
construtora do empreendimento e dividida em quatro etapas: (i) apresentação do materal 
gráfico; (ii) apresentação do espaço Plantão de vendas; (iii) apresentação da maquete física 
e (iv) preenchimento de questionário. A primeira etapa correspondeu a apresentação do 
folder como material gráfico, contendo a descrição do empreendimento com planta baixa do 
apartamento tipo humanizada, maquete eletrônica da fachada e de alguns ambientes de lazer 
coletivos como: salão de festas, academia, home theater, sala de jogos, piscina e espaço 
baby. A segunda etapa consistiu na apresentação da construção do próprio Plantão de 
vendas com destaque para os seguintes itens : partido arquitetônico - estilo adotado, 
decoração refinada, material de alto padrão de acabamento, entre outros. Na terceira etapa 
o entrevistado entrou em contato com a maquete fisica e, em seguida, respondeu ao 
questionário que abordava assuntos sobre o grau de entendimento do projeto, sobre 
marketing, credibilidade do empreendimento e a importância de cada meio de comunicação 
para a apresentação da obra. Assim, partindo desses questionamentos e do confronto com as 
reflexoes teóricas de pequisadores como Consalez (2001), Knoll (2003), Lemos (2003) e 
Rozestraten (2003), pode-se conjecturar que mesmo com todo recurso digital, como a 
maquete eletrônica, para as pessoas leigas prevalece o recurso da maquete física como sendo 
o melhor meio de representação espacial, mas que não descarta os outros meios, pois cada 
qual tem sua importância e juntos colaboram particularmente na exposição global do projeto 
arquitetônico. 
 
Palavras-chave: Arquitetura . Maquete física . Representação espacial . Ferramenta de 
marketing. 
 
1. Introdução 
 
 A maquete como modelo físico em escala reduzida do que está sendo projetado é 
considerada uma ferramenta facilitadora da percepção projetual, já que se caracteriza por sua 
 
Maquete física como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto arquitetônico. 
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relação direta com a forma de representação da realidade miniaturizada. Ao longo da história, 
a maquete vem exercendo papel importante no campo das artes e da arquitetura. Desde a 
Antiguidade, e em cada cultura, as construções desses modelos arquitetônicos agregaram 
características peculiares no que diz respeito à forma, aos materiais empregados na sua 
confeccção, aos usos sociais e às relações com a época, tal como expoê Rozestraten (2003) 
em seu estudo sobre as origens e as características das primeiras maquetes. Consalez (2001), 
por sua vez, ressalta que a maquete como apresentação espacial do projeto arquitetônico é 
capaz de representar objetos tridimensionais que integram a descrição técnica do desenho e 
comunicam os aspectos proporcionais, formais e decorativos do projeto, facilitando, segundo 
o autor, “a compreensão das relações espaciais, dos volumes, dos materiais, das cores e, em 
geral, das características de um espaço e de um ambiente que ainda não existam ou se 
encontrem longe, e portanto não são acessíveis pela experiência direta” (CONSALEZ, 2001, 
p.9). 
Nesse sentido, atualmente percebe-se que os materiais de alta qualidade e as técnicas 
modernas de produção garantem, cada vez mais, a perfeição dos diversos detalhes que 
compõem um projeto, ao passo que a utilização da maquete, seja de um residencial de alto 
padrão ou de residências populares, estimula o receptor e aguça sua percepção espacial, 
proporcionando um entendimento mais amplo dos espaços projetados. Essas constatações 
levam os profissionais da área a (re)pensar o papel da maquete como ferramenta de apoio para 
apresentação de um projeto, principalmente do ponto de vista mercadológico, onde as 
constantes exigências do mercado competitivo atual apontam para um aumento da atenção 
dada ao cliente, à qualidade dos serviços, ao emprego de novas tecnologias, ao uso de novos 
meios de publicidade e à apresentação dos empreendimentos. 
 Ao se falar de um produto fictício - algo que ainda será construído - as construtoras 
precisam, sobretudo, transmitir credibilidade, confiança e despertar a vontade ou necessidade 
da aquisição do imóvel que está sendo ofertado. A intenção é sempre a de criar um produto 
vendável. O grande desafio é fazer acreditar que será real e, acima de tudo, um bom negócio, 
porque apesar de se tratar quase sempre de atender às necessidades de morar e abrigar, 
também é preciso ser um bom investimento para o comprador. Essas constatações suscitam 
alguns questionamentos sobre o papel da maquete nesse contexto, visto que é um dos maiores 
investimentos de apresentação e divulgação de um empreendimento. Com isso, indaga-se: 
Seria a maquete um meio de representação suficiente? Qual a sua contribuição na decisão de 
compra de um empreendimento? Ou será que ela está perdendo seu espaço para as maquetes 
eletrônicas e todo este universo virtual e tecnológico? Uma pessoa leiga consegue 
compreender realmente o projeto através do material gráfico e da maquete eletrônica? 
 O presente artigo expõe essas indagações como linhas condutoras de uma pesquisa 
exploratória sobre o impacto da maquete. Idéia que, a priori, surgiu em função da minha 
participação na feira Bahia Farm Show, em 2011, na cidade de Luís Eduardo Magalhães/ 
Bahia – uma das mais importantes feiras de tecnologia agrícola e de negócios do país. Neste 
evento dois empreendimentos estavam sendo expostos no mesmo stand, um que agregava a 
maquete física do edifício de alto padrão Bella Vita Residence, e o outro, a Casa Modular 
Fischer que atende ao programa social do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida”. 
 
 
 
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Figura1- Maquete da Casa Modular Fischer . Fonte: Fabiana Laurindo (2011). 
 
 Acompanhando as visitações no stand pude analisar a recepção das pessoas ao 
observarem as maquetes físicas. De início, constatei o impacto e a expectativa em torno dos 
espaços apresentados. Os visitantes projetavam-se, com entusiasmo, como moradores virtuais 
de um lar imaginário, discutindo suas necessidades e as disposições dos ambientes. A partir 
dessas observações surgiu a ideia da pesquisa sobre a maquete do empreendimento do Bella 
Vita Residence, edifício residencial vertical de alto padrão que está em fase de construção na 
cidade na cidade de Luís Eduardo Magalhães. 
 Outro fator preponderante para a escolha do tema foi que, como arquiteta do projeto, 
também acompanho o empreendimento do edifício desde seu início, mensurando o quanto 
agrega cada maneirade apresentar o produto. No que diz respeito especificamente à maquete 
tradicional, o que chamou muito a atenção foi o fato de ser o material mais expressivo que a 
construtora possuia na feira, recebendo visitas de pessoas de todos os lugares, inclusive 
grupos de estudantes de escolas da região que chegavam para apreciar os detalhes do projeto 
através da estrutura da maquete físca. 
 Assim, a fim de discutir as questões em torno da pesquisa exploratória e dos 
pressupostos teóricos de autores como Consalez (2001) e Rozestraten (2003), apresenta-se, a 
seguir, um panorama sobre a história da maquete física, as várias formas de utilização e sua 
aplicação no âmbito da arquitetura. 
 
2. Referencial teórico 
 
As culturas europeias dominam conhecimentos e noções de proporções de escala 
reduzida e as empregam como representação artística em madeira, ossos, chifres e pedras 
desde o último período glacial do continente europeu (há cerca de 25 mil anos), destaca 
Rozestraten (2003). Essas representações podem ser percebidas através de desenhos, pinturas 
e esculturas de animais e de ídolos femininos. Esses modelos foram criados para caberem na 
palma da mão e marcam a origem da história da atividade de modelagem artística. “Em certa 
medida essas pequenas esculturas inauguram uma relação de “domínio” sobre a matéria 
característica do prazer estético que as maquetes e os modelos reduzidos oferecem: a 
satisfação de sentir e pensar um Mundo modelado na medida da mão humana” 
(ROZESTRATEN, 2003, p. 31). 
 
Maquete física como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto arquitetônico. 
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 Sabe-se, tal como destaca o pesquisador, que a criação dos modelos arquitetônicos, ou 
dos objetos artísticos, confunde-se com o início de uma arquitetura voltada para as práticas 
agrícolas. As primeiras formas arquitetônicas foram criadas por artesões que se dedicavam a 
confecção das peças em cerâmica. A trajetória da história da maquete física também 
acompanha a evolução da humanidade desde o início no século V a.C. e foi registrada pelo 
historiador grego Heródoto ao fazer uma descrição do uso da maquete de um templo, 
enfatizando, de certa forma, seu valor como modelo simbólico. 
Na Idade Média, com a construção das catedrais, a maquete era utilizada pelos 
pedreiros para apresentar suas especializações, como o uso do arco, ou como apoio ao 
desenvolvimento do projeto arquitetônico até o século XIV, como se percebe abaixo no 
exemplo da maquete da catedral de Florença, autoria de Phillipo Brunelleschi. 
 
 
 
Figura 2 - Catedral de Florença, 1836 – Brunelleschi. 
Fonte: Disponível em: <http: www. skyscrapercity.com; vitruvius.com.br>. Acesso em: 20 nov. 2012. 
 
 
 No Renascimento a maquete era utilizada para angariar patrocínios para as 
construções e até o século XVIII usava-se apenas como método descritivo, de avaliação ou 
para estudos estruturais. Foi em meados do século XVIII que esse artefato passou a ter função 
educativa nas escolas técnicas e por volta do século XIX é que os arquitetos, como Antoni 
Gaudi, começaram a usá-la como experimento para uma nova linguagem arquitetônica e 
exploração estrutural. A partir desse momento que a utilização e a função da maquete ganham 
significados participativos na fase de concepção do projeto. 
 
 
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Figura 3 - Estudo da Sagrada Família – Arquiteto Antoni Gaudi. 
Fonte: Disponível em: <http: www. gaudidesigner.com >. Acesso em: 20 nov. 2012. 
 
 
Já no século XX os arquitetos modernistas, observando outros aspectos na concepção 
do projeto, buscaram, com a técnica da maquete física, explorar a fluidez nos espaços, a 
liberdade das formas, o movimento e a variação na volumetria das fachadas, bem como a 
funcionalidade e os sentidos sensoriais de maneira, proporcionando maior conforto ao 
usuário. Os arquitetos Mies Van Del Rohe, Frank Gehry, Frank Lloyd Wright e os da escola 
Bauhaus
1
 (1919), por exemplo, empregavam a maquete como ferramenta auxiliadora no 
trabalho. Juntamente com a escala, a forma e as cores para possibilitar a manipulação da 
terceira dimensão, eles reforçaram a condição limitada de apresentação que as representações 
ortográficas (planta e perspectiva) proporcionavam, além de auxiliar na percepção das 
necessidades e dificuldades do processo construtivo. 
 
 
1
 Fundada em 1919 pelo arquiteto Walter Gropius, em Weimar, na Alemanha, a escola de Bauhaus agregou disciplinas como 
arquitetura, pintura, escultura e desenho industrial, inovando substancialmente o design moderno ao interligar vários tipos de 
arte e materiais, como cerâmica, tecelagem e marcenaria. Além de simplificar volumes, geometrizar as formas com o 
predomínio de linhas retas. (Cf. Carmel-Arthur, 2001). 
 
 
Maquete física como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto arquitetônico. 
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Figura. 4 - Maquete da Casa Farnsworth (1951- Arquiteto Mies Van Del Rohe. 
Fonte: Imagem disponível em: <http: www.archdaily.com.br/.../classicos-da-arquitetura-casa-farnsworth>. Acesso em: 20 nov.2012. 
 
 
Figura 5 - Casa da Cascata, 1934 - Arquiteto Frank Lloyd Wright. 
Fonte: Imagem disponível em: <http://www.archdaily.com.br/53156/classicos-da-arquitetura-casa-da-cascata-frank-lloyd-wright/>. 
 Acesso em: 20 nov. 2012. 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/1934
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frank_Lloyd_Wright
 
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Figura 6 - Maquete Galeria de artes em Washington - Arquiteto Frank Gehri 
Fonte: Imagem disponível em: http://picasaweb.google.com/lh/photo/CUA4ipivV80QIG_TRqbZ1w. Acesso em: 20 nov. 2012. 
 
 
Na década de 50 há um abandono do uso da maquete física, pois as concepções 
estéticas do Modernismo e suas formas minimalistas, de certa forma, relegam esse modelo de 
representação arquitetônica. Somente na década de 70 a maquete retoma seu espaço e ganha 
funções diversas agregando grande importância no processo de comunicação e compreensão 
da arquitetura, mas nos anos 1990 com toda revolução tecnologia sua credibilidade e 
aplicabilidade volta ser questionada, levando a crer que sua substituição pela maquete virtual 
seria irreversível. Todavia, as práticas de mercado, os cursos de Arquitetura e Urbanismo e 
grandes empreendimentos mostram que até hoje sua aplicação não caiu em desuso, houve 
uma reconfiguração das funções e das novas técnicas de confecção, bem como profícuas 
reflexões sobre o papel da maquete na comunicação do projeto, questões que também são 
retomadas pelos autores Consalez (2001), Knoll (2003) e Rozestraten (2003), entre outros. 
 
 
 
 Figura 7- Maquete que simula o estilo Maneirismo, construída em sala de aula para a disciplina de 
Linguagem do Design de Interiores, na Pós - graduação do IPOG em Goiânia/GO. Fonte: Fabiana Laurindo (2011). 
 
 
Por outro lado, à descontento dos empreendimentos de pequeno porte, a aplicação da 
maquete tornou-se inviável, devido ao elevado custo, sobretudo no caso de fabricação 
artesanal que requer muito tempo, tornando onerosa a sua utilização, pois o tempo e prazo 
para maioria dos projetos são extremamentecurtos. Contudo, existem no mercado empresas 
especializadas para esta finalidade, sendo que muitas estão aliadas às empresas de 
comunicação visual (que trabalham com maquete eletrônica, representação técnica e tour 
virtual, etc.) de modo a atender o mercado com todos os meios de comunicação. 
Outro fator importante em relação ao emprego da maquete física é que, além do 
desenvolvimento individual e estudo espacial da edificação, existe a possibilidade da 
maximização deste espaço com a reprodução do entorno ao qual a edificação será inserida. 
Desta maneira, a avaliação espacial avança para um nível mais complexo, onde a edificação 
 
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passa a ter comunicação direta com o entorno. Assim, ao agregar o espaço urbano a 
comunicação se efetiva de forma mais relevante, garantindo um entrosamento harmonioso e o 
sucesso no projeto arquitetônico. 
 
 
Figura 8 - Museu Guggenheim em Abu Dhabi, Frank Gehry. 
Fonte: Imagem disponível em: http://picasaweb.google.com/lh/photo/CUA4ipivV80QIG_TRqbZ1w. Acesso em: 20 nov. 2012. 
 
 
 
Em contrapartida, é importante salientar a desvantagem da maquete física em relação à 
maneira como esta é exposta, sempre fixa em um único lugar. Já a maquete eletrônica, com 
todos seu aparatos fotorrealísticos da computação gráfica, também é uma excelente forma 
ilustrativa tridimensional, podendo ser apresentada através de impressos e animações virtuais, 
somando-se a vantagem que o cliente poder ter acesso em qualquer momento e em qualquer 
lugar. Por outro lado, maquete eletrônica não proporciona noção mais aproximada do espaço 
real e dos detalhes da obra – papel desempenhado pela maquete física. 
Vê-se, a seguir, como algumas colocações expostas acima são confrontados na pesquisa 
exploratória que problematiza justamente o papel da maquete na apresentação do projeto 
arquitetônico. 
 
3. Metodologia da pesquisa 
 
A pesquisa sobre a maquete física do Bella Vita Residence configura-se como do tipo 
quantitativa e exploratória, pois, conforme Gil (1999), tem como objetivo formular 
questionamentos e ampliar reflexões sobre maquete física enquanto modelo representação 
arquitetônica e mercadológica. 
A pesquisa de campo foi realizada durante o período de 09 de Julho a 20 de novembro 
de 2012, no Plantão de vendas do empreendimento Bella Vita Residence, localizado na Rua 
Jorge Amado, nº 556, Bairro Jardim Paraíso na cidade de Luís Eduardo Magalhães - estado da 
Bahia. Para tanto, foram entrevistadas 38 pessoas com idade média entre 25 a 45 anos e 
 
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profissões variadas, sendo oito clientes do empreendimento. Para coletar os dados dos 
entrevistados foram estabelecidos os seguintes passos: 
 
1º Passo – Apresentação do folder, material gráfico de divulgação do empreendimento; 
 
2º Passo – Apresentação da construção do próprio Plantão de vendas, com destaque para o 
partido arquitetônico - estilo adotado, decoração refinada, material de alto padrão de 
acabamento, entre outros,. como amostra do padrão e estilo a ser seguido para o 
empreendimento Bella Vita Residence; 
 
3º Passo – Apresentação da maquete física no próprio espaço do Plantão de vendas; 
 
4º Passo – Entrega do questionário de múltipla escolha. Em paralelo a pesquisadora registrou, 
através de um questionário próprio e sucinto, sua impressão em relação às respostas dos 
entrevistados, podendo assim anulá-las caso fossem duvidosas. 
 
 
Figura 9 - Plantão de vendas do Bella Vita Residence - exposição da maquete ao lado esquerdo. 
Fonte: Fabiana Laurindo (2012). 
 
 
 
PESQUISA DE CAMPO – QUESTIONÁRIO Nº 001 
 
 
Local: Plantão de vendas do Bella Vita Residence, Luís Eduardo Magalhães/ BA 
Proprietária: Atual Empreendimento e Fortec Construtora & Incorporadora. 
 
Data:........................................................................ Período: ................................... 
Nome: ..................................................................... Sexo: ........................................ 
 
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Estado civil: ............................................................ Profissão: .................................... 
Idade: ( ) de 22 a 35 ( ) de 36 a 50 ( ) de 51 a 65 ( ) acima de 65. 
1. Há quanto tempo mora em Luís Eduardo Magalhães/ BA? 
( ) menos de 2 anos ( ) de 2 a 5 anos ( ) mais de 5 anos ( ) não reside 
 
2. Caso residente, por qual motivo veio morar na cidade? 
( ) transferido/ trabalho ( ) espontaneamente a trabalho ( ) outros 
 
3. Qual motivo abaixo defini sua participação nesta pesquisa? 
( ) À convite ( ) visita espontânea ( ) eventualidade 
 
4. Por que meio de comunicação soube do empreendimento? 
( ) Jornal ( ) outdoor ( ) internet ( ) boca à boca ( ) ........................... 
 
5. Qual sua primeira impressão ao saber deste empreendimento? 
( ) curiosidade ( ) equívoco ( ) indiferença ( ) ........................... 
 
6. Você acredita que esta edificação irá contribuir na valorização do espaço urbano? 
( ) sim ( ) não ( ) não tenho opinião 
 
7. Você já teve contato anteriormente com uma maquete? 
( ) sim ( ) não 
 
8. Qual foi sua primeira impressão ao ver a maquete física? 
( ) boa ( ) ruim ( ) indiferente ( ) ........................... 
 
 
9. Você acredita que a maquete pode valorizar a apresentação do empreendimento? 
( ) pouco ( ) mediamente ( ) muito ( ) nada 
 
10. Ao analisar a maquete, você consegue imaginar-se usuário (a) dos espaços propostos? 
( ) sim ( ) não ( ) um pouco ( ) ........................... 
 
11. Após apresentação de todo o material de divulgação (folder, maquete e amostra do tipo 
de construção) você acredita compreender o empreendimento? 
( ) sim ( ) não ( ) talvez ( ) ........................... 
 
12. Qual dos meios de apresentação você achou mais esclarecedor para entender o 
empreendimento? 
( ) impressos: jornais, folders e outdoors ( ) internet ( ) maquete física 
 
13. Quantificar o grau de importância de cada item, sendo que a soma de todos tem que ser 
10 (dez) pontos. 
( ) impressos: jornais, folders e outdoors ( ) internet ( ) maquete física 
 
 
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14. Com base no que foi apresentado, qual o padrão você acredita se enquadrar este 
empreendimento? 
( ) baixo ( ) médio ( ) alto 
 
15. Você acha que o empreendimento atendeu suas expectativas? 
( ) sim ( ) não ( ) ........................... 
 
 
 
FORMULÁRIO DA PESQUISADORA Nº 001 
 
O entrevistado (a): 
 
1- Houve hesitação em responder alguma das perguntas? 
( ) sim – qual? ....................................................................... ( ) não 
 
2- Pareceu ser sincera as respostas da pessoa entrevistada? 
()sim ( )não – por que? ....................................................................... 
 
3- Mostrou dificuldade de responder as questões? 
 ( ) sim ( )não 
 
Observações: 
.......................................................................................................................................................
................................................................................................................................... 
 
 
 
 
Figura 10 – Maquete física Bella Vita Residence e entrevistada. Fonte: Fabiana Laurindo (2012). 
 
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4. Análise de dados 
 
Como foi o primeiro empreendimento da construtora no estado da Bahia e por 
representar uma contrução inovadora e de padrão mais elevado da região com 22 pavimentos, 
heliponto, sistema construtivo de ponta, entre outros itens não abordados por outras 
construtoras, constatou-se que todos participantes da pesquisa já sabiam do empreendimento, 
sendo que 59% dos entrevistados souberam através do boca a boca, 13% pelo outdoor 
instalado na BR-020 que corta a cidade, 13% pelos jornais e o restante dos 15% por outros 
meios ou não lembraram. Vale lembrar que a construtora dispunha como meio de 
comunicação o Plantão de vendas com a maquete física, folders, jornais, internet e outdoors. 
 Quando questionados sobre as expectativas criadas em relação ao empreendimento 
antes dos entrevistados terem contato ao material (espaço do Plantão de vendas, o matrial 
gráfico e a maquete fisíca), constatou-se que 100% dos entrevistados dentro do que havia sido 
comentado, tiveram suas expectativas atendidas, isto mostra que o material de divulgação 
apresentado conseguiu criar uma identidade condizente com o que se propunha para o 
empreendiemento, e onde 100% dos entrevistados reconhecem uma identidade visual. 
Do total dos entrevistados 61% já havia tido contato com alguma maquete 
anteriormente e 39% nunca tiveram contato. Observou-se que 94% dos entrevistados 
acreditam que a maquete física contribui muito na apresentação do empreendimento e no 
entendimento geral. Dessa forma, podemos concluir que a maquete participa de maneira 
efetiva na decisão de compra do mesmo. 
 Ademais, com seus 12 anos de emancipação de Barreiras, a cidade de Luís Eduardo 
Magalhães - onde esta implantado o empreendimento - possui uma população basicamente 
jovem e está entre as cidades mais promissoras do Brasil em termos de desenvolvimento 
agrário e urbano. O que faz com a cidade receba a vista de muitos investidores. Os 
entrevistados representavam 41% residentes há mais de 5 anos, 15% menos de 2 anos, 23% 
entre 2 a 5 anos, sendo que o restante dos entrevistados, 21% não eram residentes ou 
pretendiam adquirir alguns imóvel na cidade. Com isso, também pode-se observar que as 
pessoas da cidade, bem como os entrevistados são de diversos lugares do país e com 
diversidade cultural proeminente. Neste caso, a proposta do empreendimento não poderia ser 
direcionada a um público específico; e teria que atender às culturas distintas e aos diferentes 
modos de morar. Esta constatação é de extrema importância, pois considera que a maioria 
compradores e clientes da construtora são pessoas de faixa etária mais madura (superior a 45 
anos) e com situação financeira consolidada, mostrando sempre preocupação com segurança, 
conforto e comodidade. Essas questões influenciam diretamente no partido arquitetônico visto 
que, conforme discute Lemos (2003), está ligada às subjetividades individuais, aos aspectos 
da personalidade e às condições financeiras. 
 No que diz respeito especificamente à maquete física, objeto central da pesquisa, 
constatou-se ser a forma de apresentação mais elucidativa, atingindo 50% da prefêrencia dos 
entrevistados, 47% destacaram os impressos e 3% a internet. É importante considerar que 
os entrevistados eram pessoas leigas – não possuíam base de conhecimento dentro da área da 
construção civil e a maquete por sua vez é agradável ao cliente, favorece e muito ao bom 
entendimento do empreendimento, sana eventuais dúvidas e consolida a decisão, ou não, 
daquilo que realmente o cliente procura. 
 
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 Dentre os relatos dos entrevistados, vale destacar alguns posicionamentos. Um 
comprador do empreendimento, por exemplo, relatou que só após visualizar a maquete física 
pôde ter a ideia real de como seria o espaço do terraço do apartamento diferenciado, pelo qual 
estava interessado, pois julgava pela planta baixa apresentada ser possível subir paredes no 
parapeito para isolar uma determinada área de terraço e criar um novo ambiente de 
churrasqueira. Ao ver a maquete física percebeu a impossibilidade de sua ideia, pois alteraria 
a fachada do prédio. 
 Outro entrevistado se posicionou sobre o início da rampa da garagem. Acostumado 
com prédios de extrema com o passeio público acreditava que o portão do acesso da garagem 
era direto no muro frontal, mas com a maquete constatou que existe o primeiro portão que 
está no muro frontal, depois existe um recuo com o edifício e o portão que dará acesso à 
garagem. Este mesmo entrevistado também salientou o tipo de revestimento da fachada como 
algo que chamou sua atenção ao observar a maquete física. A partir dela reparou que havia 
detalhes com pastilhas cerâmicas que antes não havia percebido. 
Já outra entrevistada comentou que estava procurando um imóvel para comprar e em 
visita a outra construtora ao observar a maquete física exposta desistiu do investimento por 
completo, relatou que era de certa forma de gosto duvidoso a escolha dos materiais empregue 
e sem critério de confecção causando até má impressão do empreendimento. 
 
Figura 11 – Gráfico referente à questão sobre o nível de compreensão. 
 
 
Figura 12 – Gráfico referente à questão sobre os meios de comunicação. 
 
Compreensão 
Entenderam
Mais ou menos
Não entenderam
Que meio de comunicação soube do 
empreendimento 
Jornal
Internete
boca a boca
outdoor
 
Maquete física como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto arquitetônico. 
 Dezembro/2013 
Dezembro/2013 
 
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013 
 
 
 
Figura 13 – Gráfico referente à questão sobre os meios de apresentação mais esclarecedores para entender o empreendimento 
 
 
Figura 14 – Gráfico referente á questão sobre grau de importância de cada item. 
 
 
5. Conclusão 
 
 Com base nos dados da pesquisa realizada, concluiu-se que os vários meios de 
comunicação para representação de um empreendimento possuem diferentes graus de 
importância, mas quando somados são de grande valia para tornar elucidativo o projeto 
arquitetônico apresentado. 
 No intuito de atender um mercado cada vez mais exigente, investe-se cada vez mais em 
melhores apresentações dos projetos aos clientes. Um bom marketing está totalmente ligado 
aos meios de exploração sensorial com mais apelo ao visual, sendo a maquete eletrônica 
muitas vezes responsável para incetivo nas vendas e na visitação nos stands. Estrátegias de 
divulgação quando bem elaboradas, além de informarem, servem para atrair, encantar, 
despertar sensações e situações que irão mexer com o sentido lúdico dos clientes. Assim, vale 
lembrar os apontamentos de Conzalez (2001) de que a descrição analítica e técnica não 
consegue exaurir a exigência da representação, visto que a comunicaçãodo projeto 
arquitetônico requer outros instrumentos que dialogem mutuamente e facilitem a 
compreensão do expectator. 
 Dessa forma, no que tange à maquete física, a pesquisa demonstra a importância do uso 
do modelo tridimensional. No entanto, não se pode negar que ainda é um artefato de 
Grau de importância 
Impressos
Internete
Maquete física
Importância dada para cada meio de 
apresentação 
Impressos
Internet
Maquete física
 
Maquete física como ferramenta de apoio para apresentação de um projeto arquitetônico. 
 Dezembro/2013 
Dezembro/2013 
 
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013 
 
 
apresentação insuficiente, pois a representação miniaturizada não equivale a uma observação, 
in loco, de um empreedimento e oculta parte de informações valiosas. Ainda assim, é uma 
ferramente que, agregada a outras estratégias, permite tornar mais próxima a vizualização de 
um projeto, agregar valores, atender expectativas e incitar o desejo de compra. Sua função, de 
certa forma, também emerge da base das concepções vitruvianas que, ao longo do tempo, 
aponta para a solidez, utilidade e beleza como conceitos e concepções arqutetônicas (Cf. 
Lemos, 2003). 
 
 
6. Referências bibliográficas 
 
CARMEL-ARTHUR, Judith. Bauhaus. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Cosac 
Naify edições, 2001. 
 
CONSALEZ, Lorenzo. Maquetes: a representação do espaço no projeto arquitetônico. 
Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2001. 
 
GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
KNOLL, Wolfgang. Maquetes arquitetônicas. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003. 
 
LEMOS, Carlos A. C. O que é Arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
 
ROZESTRATEN, Artur Simões. Estudo sobre a história dos modelos arquitetônicos na 
antigüidade: origens e características das primeiras maquetes de arquiteto. 2003. Dissertação 
(Mestrado em Estruturas Ambientais Urbanas) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ 
disponiveis/16/16131/tde-09062009-145825/>. Acesso em: 25 nov. 2012.