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Questões Objetivas - Filosofia-40

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Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser
enterrada.
(Charles Darwin)
Sobre essa frase, afirmou-se que:
I. Contrapõe-se ao criacionismo religioso.
II. Contrapõe-se ao essencialismo de Platão, segundo o qual todas as espécies têm uma
essência fixa e eterna.
III. Sugere uma possibilidade que, se comprovada, poderia refutar a hipótese evolutiva
darwiniana.
IV.   Propõe   que   as   espécies   atuais   evoluíram   a   partir   da  modificação   de   espécies
ancestrais, não aparentadas entre si.
V. Nega a existência de espécies extintas, que não deixaram descendentes.
É correto o que se afirma em
a) IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III, IV e V.
 
Resposta: D
A teoria evolucionista de Charles Darwin propõe que as espécies evoluíram a partir de
modificações   de   ancestrais   aparentados   entre   si.   As   espécies   extintas   deixaram
descendentes que formaram as espécies atuais.
Na frase do enunciado, Darwin evoca, de maneira irônica, a possibilidade de sua teoria
poder estar errada. Para ele, a ancestralidade é uma característica comum a todas as
espécies de seres vivos, que, por isso, são considerados como sendo aparentados entre
si,  mesmo que  através  de  um ancestral   longínquo.  Vale   ressaltar  que  sua  teoria  da
Evolução contraria tanto o criacionismo religioso quanto o essencialismo platônico ao
desconsiderar a existência de espécies únicas e diferentes entre si em essência.
 
2. (Unesp 2015) Texto 1
Quanto mais as classes exploradas, o “povo”, sucumbem aos poderes existentes, tanto
mais a arte se distanciará do “povo”. A arte pode preservar a sua verdade, pode tornar
consciente a necessidade de mudança, mas apenas quando obedece à sua própria lei
contra a lei da realidade. A arte não pode mudar o mundo, mas pode contribuir para a
mudança da consciência  e  impulsos dos homens e mulheres  que poderiam mudar  o
mundo. A renúncia à forma estética é abdicação da responsabilidade. Priva a arte da
verdadeira   forma   em   que   pode   criar   essa   outra   realidade   dentro   da   realidade
estabelecida – o cosmos da esperança. A obra de arte só pode obter relevância política
como obra autônoma. A forma estética é essencial à sua função social.
MARCUSE, Herbert. A dimensão estética, s/d. Adaptado.
 
Texto 2
Foi com estranhamento que crítica  e público receberam a notícia  de que a escritora
paulista   Patrícia   Engel   Secco,   com   a   ajuda   de   uma   equipe,   simplificou   obras   de
Machado de Assis e de José de Alencar para facilitar sua leitura. O projeto que alterou
partes do conto O Alienista e do romance A Pata da Gazela recebeu a aprovação do
Ministério  da  Cultura  para   captar   recursos   com a   lei  de   incentivo  para   imprimir   e
distribuir,   gratuitamente,  600  000  exemplares.  Os   livros  apresentam substituição  de
palavras   e   expressões   com   registro   simplificado,   como,   por   exemplo,   a   troca   de
“prendas” por “qualidades” em O Alienista.  “O público-alvo do projeto é constituído
por não leitores, ou leitores novos, jovens e adultos, de todos os níveis de escolaridade e
faixa   de   renda”,   afirmou  Patrícia.  Autora   de  mais   de   250   títulos,   em   sua  maioria
infantis, ela diz que encontra diariamente pessoas que não leem, mas que poderiam se
interessar pelo universo de Machado e Alencar se tivessem acesso a uma obra facilitada.
KUSUMOTO,  Meire.   “De  Machado   de  Assis   a   Shakespeare:   quando   a   adaptação
diminui obras clássicas”. http://veja.abril.com.br, 12.05.2014. Adaptado.
Explique   o   significado   da   autonomia   da   obra   de   arte   para   o   filósofo  Marcuse.
Considerando esse conceito de autonomia,  explique o significado estético do projeto
literário de facilitação de algumas obras de Machado de Assis e de José de Alencar.
 
Resposta:
 A teoria  estética de Herbert  Marcuse baseia-se nos princípios marxistas,  realizando,
contudo, uma crítica à visão ortodoxa desta teoria. Segundo a teoria estética marxista a
obra de arte é um todo que representa a visão de mundo de determinadas classes sociais.
Desta forma, a obra de arte possui a função política de criar uma consciência, porém
esta criação é direcionada, intencional segundo os marxistas ortodoxos.
Para Marcuse, a obra de arte possui uma função política em si mesmo, ou seja, ela é
uma representação de uma visão de mundo que visa comunicar, abrir possibilidades,
não necessariamente direcionar a visão daqueles que apreciar a obra. Assim, a obra de
arte é autônoma por si e não necessita de direcionamento. Ela rompe com a consciência
dominante por meio da experiência individual. Esta experiência é libertadora na medida
em que leva o apreciador a sentir e refletir seu significado, comparando o que lhe foi
proporcionado com sua própria experiência de mundo.
Com relação ao projeto de facilitação de acesso a obras consagradas, de Machado de
Assis e José de Alencar, a estética Marcuseana se posiciona contra, pois isto serve como
forma de direcionamento do sentido político da obra de arte. A facilitação ao acesso não
produziria   uma   experiência   individual   e   libertária  para   o   apreciador,  mas   sim  uma
doutrinação   ao  modificar   a   concepção  original   da  obra,   impedindo  que   ela,   por   si
própria, desempenhasse sua função estética. Em outras palavras, a adaptação da obra
literária, através da justificativa de facilitação de acesso, serviria como instrumental de
controle e que pode ser utilizado em favor de interesses de classes dominantes.
 
3. (Unesp 2012) Regulamentação publicada nesta segunda-feira, no Diário Oficial do
Município do Rio, determina que as crianças e adolescentes apreendidos nas chamadas
cracolândias fiquem internados para tratamento médico, mesmo contra a vontade deles
ou dos familiares. Os jovens, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social
(Smas), só receberão alta quando estiverem livres do vício. A “internação
compulsória” vale somente para aqueles que, na avaliação de um especialista,
estiverem com dependência química. Ainda de acordo com a resolução, todas as
http://veja.abril.com.br/
crianças e adolescentes que forem acolhidos à noite, “independente de estarem ou não
sob a influência do uso de drogas”, não poderão sair do abrigo até o dia seguinte.
 (www.estadao.com.br, 30.05.2012. Adaptado.)
As justificativas apresentadas neste texto para legitimar a “internação compulsória” de
usuários de drogas são norteadas por:
a) princípios filosóficos baseados no livre-arbítrio e na autonomia individual.
b) valores de natureza religiosa fundamentados na preservação da vida.
c) valores éticos associados ao direito absoluto à liberdade da pessoa humana.
d) realização prévia de consultas públicas sobre a internação obrigatória.
e) critérios médicos relacionados à distinção entre saúde e patologia.
 
Resposta: E
 Interessante questão. A tomada de decisão a respeito da “internação compulsória” não é
baseada   em   princípios   filosóficos   ou   valores   religiosos.  O   principal   aliado   para   a
tomada dessa decisão política é o saber médico que passa a definir o que é normal e o
que é patológico. Esse é um dos principais saberes com o qual o poder está relacionado
na sociedade contemporânea.
 
4. (Unesp 2012) Cada cultura tem suas virtudes, seus vícios, seus conhecimentos, seus
modos de vida, seus erros, suas ilusões. Na nossa atual era planetária, o mais
importante é cada nação aspirar a integrar aquilo que as outras têm de melhor, e a
buscar a simbiose do melhor de todas as culturas. A França deve ser considerada em
sua história não somente segundo os ideais de Liberdade-Igualdade-Fraternidade
promulgados por sua Revolução, mas também segundo o comportamento de uma
potência que, como seus vizinhos europeus, praticou durante séculos a escravidão em
massa, e em sua colonização oprimiu povos e negou suas aspirações à emancipação.
Há umabarbárie europeia cuja cultura produziu o colonialismo e os totalitarismos
fascistas, nazistas, comunistas. Devemos considerar uma cultura não somente segundo
seus nobres ideais, mas também segundo sua maneira de camuflar sua barbárie sob
esses ideais.
(Edgard Morin. Le Monde, 08.02.2012. Adaptado.)
No texto citado, o pensador contemporâneo Edgard Morin desenvolve
a) reflexões elogiosas acerca das consequências do etnocentrismo ocidental sobre outras
culturas.
b) um ponto de vista idealista sobre a expansão dos ideais da Revolução Francesa na
história.
c)   argumentos   que   defendem   o   isolamento   como   forma   de   proteção   dos   valores
culturais.
d) uma reflexão crítica acerca do contato entre a cultura ocidental e outras culturas na
história.
e) uma defesa do caráter absoluto dos valores culturais da Revolução Francesa.
 
Resposta: D
A alternativa   [D]  é   a  única  correta.  Morin  propõe  uma análise   crítica  das   culturas
contemporâneas. Segundo ele, elas não devem ser analisadas somente por seus valores,
mas também por aquilo que produziram e pelas barbáries que permitiram. É a partir
dessa análise  que cada nação deve buscar  integrar aquilo  que as outras possuem de
melhor.

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