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2 AApresentação O presente Seminário de Vida no Espírito Santo é o resultado de uma ampla consulta e atualização de textos que foram e são importantes para a formação e preservação da identidade da Renovação Carismática. Buscamos retomar o temário tradicional e histórico usado na iniciação ― dos primeiros e a preocupação central é proporcionar a experiência do ― batismo no Espírito Santo. Os temas próprios da evangelização fundamental podem ser abordados em outra oportunidade, talvez até como primeiro passo para aqueles que querem experienciar a vida no Espírito. Na Renovação Carismática Católica, a expressão ― batismo no Espírito Santo possui dois sentidos ou distingue de maneira precisa dois momentos na vida do fiel. O primeiro é propriamente teológico e neste sentido todo cristão é batizado no Espírito Santo pelo fato de ter recebido os sacramentos da iniciação cristã. O segundo é o sentido experiencial e se refere ao momento em que a presença do Espírito Santo recebida pela fé se torna experiência vivida desta mesma presença, ou seja, se torna sensível a consciência pessoal. Quando, na RCC se fala no batismo no Espírito Santo, se refere a essa experiência sensível e consciente que é o sentido experiencial. Os temas são desenvolvidos em forma de palestras (profecias - como preferia o padre Haroldo Rahm), com um conteúdo mais ― denso, propiciando assim um estudo aos pregadores do Seminário, que muitas vezes não tiveram acesso a este mesmo conteúdo. Não são pregações prontas, mas também não são esquemas. São textos com os conteúdos mínimos e fundamentais da experiência da RCC e que devem ser utilizados como referência para as palestras. O Seminário de Vida no Espírito Santo não é um curso de doutrina apenas, mas uma experiência. Esta Apostila do Seminário de Vida no Espírito Santo tem como inspiração o ― antigo ― Curso sobre a Pessoa e a Obra do Espírito Santo, que deu início a tudo isso que conhecemos como Renovação Carismática Católica no Brasil. A Apostila contém: Uma Ficha Resumo do Seminário Orientações para a organização do Seminário de Vida no Espírito Santo Orientações para os Servos do Seminário de Vida no Espírito Santo Dois textos de Fundamentação Doutrinária Bibliografia Consultada Motivação Temas Desenvolvidos O sentido experiencial do batismo no Espírito Santo se manifesta em alguns sinais concretos, os quais podemos resumir em quatro, que são os objetivos deste seminário: 1. Conhecer, de maneira pessoal e experiencial, a ação do Espírito Santo na vida do fiel, capacitando-o e santificando-o, com seus carismas, para a missão e testemunho, bem como na manifestação de seus frutos; 2. Reconhecer Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, numa resposta vivencial à vocação batismal: a santidade e missão. 3. Progredir no relacionamento com Deus, nosso Pai, através de uma vida de oração fecunda. 4. Crescer com os irmãos na vida e no amor fraterno, formando a comunidade eclesial, Corpo de Cristo. O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um pedaço a cada semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com abertura de coração e de mente a essa Renovação no Espírito Santo. Cada tema deve ser ouvido com o coração e vivido na oração. Os Seminários tem como objetivo a partir da experiência do batismo no Espírito Santo inserir seus participantes na Comunidade Eclesial, nos Grupos de Oração. Esperamos que este serviço de evangelização seja eficaz em produzir frutos de santidade e vida de comunidade. Renovação Carismática Católica - Brasil 3 Ficha Resumo do Seminário de Vida no Espírito Santo Objetivos do Seminário 1. Experienciar a ação do Espírito Santo, em seus carismas e frutos, em vista da missão e santificação; 2. Conhecer a Jesus Cristo, Salvador e Senhor, de maneira pessoal; 3. Progredir no relacionamento com Deus na oração 4. Crescer com os irmãos na vida e no amor fraterno formando a Comunidade. Duração Horário e dia da semana Escolhidos pela Comunidade que promove o Seminário Periodicidade das reuniões Reunião do Seminário 1 vez por emana Pastoreio (Cenáculos) 1 vez por semana Duração de cada Reunião 2.30 horas aproximadamente ou conforme a realidade e cada lugar onde se promove o Seminário. Participantes Conforme a capacidade da Comunidade que promove o Seminário e o local Número de Cenáculos Conforme o número de participantes, sendo cada cenáculo composto de 8 a 12 participantes. Equipe do Seminário e funções Secretaria Organizar Divulgar Acompanhar Coordenador Responsável Geral Equipes de Dirigentes Um ou dois por Cenáculo Coordenar e Pastorear os Cenáculos Animação Animar e dirigir as orações Pregador Pregar o tema do dia Intercessão Vigiar e orar Limpeza e Decoração Manter o local limpo (antes, durante e depois) e decorar com motivos próprios do SVES. Outras funções Outras funções (Cantina, Livraria, Capela, Bem Estar, etc) podem ser incluídas conforme os costumes locais. Aqui nos referimos somente às funções essenciais. 4 Temário Tema 01 – O que é o Seminário de Vida no Espírito Santo Tema 02 – A Pessoa e Missão do Espírito Santo Tema 03 – A Promessa do Pai Tema 04 – Batismo no Espírito Santo Tema 05 – É Jesus quem batiza no Espírito Santo Tema 06 – A vida no Espírito Santo Tema 07 – Os Carismas Tema 08 – Os Frutos do Espírito Santo Tema 09 – A Comunidade Cristã Textos de Fundamentação Doutrinária Texto 01 – Contexto Eclesial da RCC Texto 02 – A imposição das mãos 5 Bibliografia consultada PLUS, Raul sj – Em união com o Espírito Santo, Livraria Apostolado da Imprensa, 1949 RAHM, Haroldo J. sj e LAMEGO, Maria – Sereis batizados no Espírito Santo, Edições Loyola, 1972 SMET, Valter sj – Eu faço um mundo novo, Edições Loyola, 1975 GHEZZI, Bert – Se o Senhor não construir, Edições Paulinas, 1976 COMUNIDE ― PALAVRA DE DEUS‖ (Ann Arbor – Michigan, EUA) – Seminário de Vida no Espírito, Edições Loyola, 1975 MÜHLEN, Heribert – Fé cristã renovada, Edições Loyola, 1973 TORREY, R.A – O Batismo com o Espírito Santo, Editora Betânia, 1973, 2ª edição SUENENS, S. J. Cardeal e vários – Orientações teológicas e pastorais para a Renovação Carismática Católica (Documento de Malines 1), Edições Loyola, 1975 _ O Espírito Santo nossa esperança, Edições Paulinas, 1975 FALVO, Serafino. – A hora do Espírito Santo, Edições Paulinas, 1975 _ O despertar dos carismas, Edições Paulinas, 1975 PHILLIPE, P. osb – Para que produzais muitos frutos – um Seminário de Vida no Espírito, Edições Loyola, 1978 BYRNE, James – A realização das promessas de Deus, Edições Paulinas, 1976 CLARK, Stephen B. – Os dons espirituais, Coleção Novo Pentecostes, Edições Loyola, 1976 _ Batizados no Espírito Santo, Coleção Novo Pentecostes, Edições Loyola, 1975 RANAGHAM, Kevin e Dorothy – Católicos Pentecostais, Edição de O.S. Boyer, 1972 DeGRANDIS, Robert,ssj – A Renovação Carismática Católica, Edições Paulinas, 1975 ALDAY, Salvador Carillo, MSpS – A Renovação no Espírito Santo, Edições Louva a Deus, 1984 _ Renovação Carismática, Um Pentecostes hoje, Paulus Editora, 1996 SMAIL, Tom – A Pessoa do Espírito Santo, Edições Loyola, 1998 CORDES, Dom Paul Josef Cardeal – Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica, Edições Loyola, 1999 COUTINHO, Tácito José Andrade – Não vos afasteis de Jerusalém, Editora Santuário, Coleção RCC – Novo Milênio nº 15, 2003 REIS, Reinaldo Beserra, Celebrando Pentecostes, Projeto de Avivamento da Espiritualidade de Pentecostes (Fundamentação e Novena), Editora Canção Nova e Ministério deFormação, 2004 CONGAR, Yves, Creio no Espírito Santo, Vol. 1 e 2, Edições Paulinas, 2005 APOSTILAS MACHADO, Helena Lopez Rios, CASA MARTA E MARIA – Rio de Janeiro.RJ, Seminário de Vida no Espírito FIDELES, Andréa Paniago; SILVA, Dercides Pires da; COSTA, Sebastião Bernardino da; BARBOSA, Taciano Ferreira – ASSOCIAÇÃO SERVOS DE DEUS- Goiânia.GO, Seminário deVida no Espírito Santo ASSOCIAÇÃO JAVÉ NISSI – Arquidiocese de Pouso Alegre. MG, Seminário de Vida no Espírito Santo FLORES, José H. Prado e LARA, Carlos Macías de – Nova Vida, Edições Loyola, 2004 6 Organizando o Seminário A - Campanha de Divulgação A realização do Seminário deve ser precedida de uma Campanha de Divulgação, visando conscientizar e informar a comunidade a respeito de sua realização. Sugerimos algumas atividades de divulgação: Chamadas nos Grupos de Oração - convite feito de modo atraente, bem transmitido ao público alvo por meio de comunicação alegre, séria, mas cativante; Comunicação verbal ao final das missas mais freqüentadas (com a autorização do pároco); Cartazes bem colocados na Igreja, no salão paroquial, salas de aula, ambientes de uso comunitário; Faixas distribuídas em lugares permitidos e estratégicos, principalmente na frente do lugar onde o Seminário acontecerá.; Convite pessoal da Equipe às pessoas na Igreja, na vizinhança, no Grupo de Oração; B - Montagem do Seminário a) Considerações iniciais O Seminário de Vida no Espírito consiste em dois momentos igualmente importantes: A Reunião do Seminário – reunião semanal com todos os participantes, conforme anotações a seguir. O Pastoreio – reunião semanal dos Cenáculos, em dia diferente da reunião do Seminário, com a finalidade de aprofundamento e de estabelecer relacionamentos fraternais entre os participantes. A seguir algumas anotações importantes para a organização do Seminário de Vida no Espírito Santo (SVES). b) Secretaria do Seminário: O Seminário precisa de um serviço de Secretaria, que é responsável pela montagem geral. A Secretaria é coordenada pelo Coordenador do Seminário. Sua função é: Realizar a divulgação Fazer as inscrições, através das Fichas de inscrições distribuídas na comunidade Organizar o local de realização do Seminário Acompanhar a freqüência dos participantes Agendar os pregadores Providenciar as fichas com os textos semanais Formar os Cenáculos Organizar a Equipe de Dirigentes de Cenáculo c) Cenáculos - Pastoreio Os participantes do Seminário são divididos em grupos de 08 a 12 pessoas acompanhadas por um ou dois dirigentes, que chamamos de Cenáculos. O número de participantes não deve ser muito grande para não dificultar as reuniões e as orações. O Cenáculo se reúne no dia da realização do Seminário (após a pregação) e uma vez durante a semana, num lugar escolhido por todos (pode ser na casa de um dos participantes num sistema de rodízio). Esta reunião é chamada de Pastoreio e trataremos dela de maneira mais especifica à frente. d) A Reunião Semanal do Seminário O Seminário de Vida no Espírito Santo, acontece uma vez por semana, durante 09 semanas, num dia, lugar e horário fixos, escolhidos de antemão pela Equipe de Serviço Paroquial. 7 A Reunião se divide em 4 momentos: 1º momento - Acolhimento e Animação: cantos, boas vindas, avisos iniciais, apresentação do tema do dia e do pregador. O tempo utilizado para isso não pode ultrapassar 20 minutos. 2º momento - A Pregação: exposição do tema do dia. O pregador deve levar em conta que se trata de um tema querigmático, portanto a vivência e a experiência são fundamentais. A pregação não deve ultrapassar os 40/45 minutos. 3º momento – Cenáculos: reunião dos pequenos grupos para partilha e oração. O tempo para esta atividade é em torno de 30 minutos (podendo se estender conforme os costumes locais). 4º momento – Encerramento: avisos, incentivo à perseverança, cantos e louvor final. O Encerramento deve dispor de 30 a 40 minutos. Levando em consideração os possíveis atrasos e imprevistos, a Reunião Semanal do Seminário tem sua duração estimada em 2 horas e meia. Mas em tudo deve-se levar em conta os costumes locais e condições em que o SVES acontece. e) A Equipe do Seminário O Seminário de Vida no Espírito Santo é uma atividade comunitária, por isso toda a comunidade – Grupos de Oração – deve estar envolvida. São vários serviços que compõem o Seminário, a saber: 1. Coordenação do Seminário O servo indicado para coordenar um SVES deve ter as seguintes características: Ser pessoa de vida de oração bem ordenada Ter uma formação adequada Ter visão clara do que é o Seminário e já ter participado de um Dominar os temas que são apresentados nas palestras para eventualmente dar qualquer um deles, se houver falta de pregador sem tempo de encontrar substituição. Ter carisma de governo (visão para coordenar) Ser capaz de conduzir situações de relacionamentos difíceis, interferir bem nas dificuldades dos servos e dos participantes, resolvendo-as. Deverá ficar responsável pela venda e recebimento das Bíblias. Se possível, para facilitar, as Bíblias poderão ser vendidas em valores parcelados. Suas responsabilidades são: Coordenar a Secretaria do Seminário Providenciar e distribuir as fichas com os textos para oração diária durante o Seminário, Reunir-se com os Dirigentes de Cenáculos para acompanhar os ― Pastoreios Coordenar a realização do Seminário, controlando horário, dando os avisos necessários, providenciando os pregadores, distribuindo funções para a Equipe. Distribuir os participantes em Cenáculos Organizar o Dia de Encerramento Substituir o pregador caso seja necessário. 2. Dirigentes de Cenáculo (servos dos SVES): Cada Cenáculo deve ter um dirigente que se encarrega de dirigir as reuniões no dia do Seminário e promover o Pastoreio (reuniões durante a semana). Quanto ao Pastoreio ver as anotações próprias mais à frente. Devem ser pessoas disponíveis, experientes (não recém convertidos), com conhecimento doutrinário, participante de Grupo de Oração e de vida de oração. Acolhimento: Os Dirigentes de Cenáculo são os responsáveis pelo Acolhimento, ou seja: recepção à porta do local do Seminário, preparação e distribuição de crachás a cada encontro e arrumação do ambiente para que tudo funcione bem e com algum conforto para os participantes. 8 Função do Dirigente no Cenáculo: Agir como fermento, no meio dessa porção do povo de Deus; rezar ativamente, cantar com ânimo; seguir prontamente as instruções do coordenador do Seminário e demonstrar felicidade e paz no Senhor. Aos Dirigentes: Recebam com caridade, sem discriminação, todos os membros do seu cenáculo; iniciem conversas, promovendo a amizade; ajudem e sejam disponíveis, encorajando a todos; sigam os horários propostos e evitem debates, mas encaminhem as dúvidas que não puderem resolver ao pregador. 3. Música e Animação: Dois servos ou um Ministério já formado (conforme cada lugar), mas que sejam pessoas de vida de oração, que conheçam mais os cânticos do que música e instrumentos. A animação deve ser oportuna. O entrosamento com o Coordenador do Seminário deve ser muito bom. A música e a animação são responsáveis pelos momentos de louvor e oração comunitária (de todos os participantes). 4. Intercessão: O Ministério de Intercessão deverá organizar um serviço pelo Seminário, enquanto de sua duração. O serviço de intercessão deve se reunir um dia por semana para interceder pelos participantes, pelo pregador, pelo Coordenador e pela Equipe em geral. 5. Servos da palavra ou pregadores Devem ter Ministério de Pregação, serem pessoas experimentadas, ungidas para, no poder do Espírito Santo, com a espiritualidadecaracterística da RCC, pregarem o tema próprio do Seminário. Além de serem ministeriados para o serviço da Pregação, ter uma vida de oração consistente, participar de um Grupo de Oração, possuir uma boa formação catequética e um bom conhecimento da Sagrada Escritura em geral, e dos textos referentes à sua pregação, são pré- requisitos essenciais na escolha dos pregadores. Não devem ser convidados de improviso, pois este primeiro anúncio é para muitos, o primeiro contato com Deus Vivo na Sua Palavra e, portanto deve ser muito bem feito, sendo uma pregação viva, forte, eficaz, alegre, porém séria, convincente. O pregador utiliza as citações que vão ser usadas nas vivências daquela semana, duas ou três delas apenas, mas bem trabalhadas nos textos mais fortes. Não sendo pregador de si mesmo, deve ser discreto e cuidadoso com testemunhos e conceitos pessoais. Ao Pregador: O Seminário é uma seqüência, porém, cada assunto tem o seu começo, meio e fim. Por isso, o pregador deve procurar ater-se EXCLUSIVAMENTE AO SEU ASSUNTO! O tempo da pregação é de 40/45 minutos. Da obediência ao tempo disponível, depende o equilíbrio das outras atividades. As orientações para uma boa pregação são encontradas: Nas Apostilas de Roteirização de Pregações do Ministério da Pregação RCC-BR. Nos Livros Oratória Sacra 1 e 2, Editora Canção Nova, de Dercides Pires. Nos Livros da Coleção RCC – Novo Milênio, Editora Santuário, nos título: Pregador Ungido e Pregador Ousado, de Ronaldo de Souza. No Livro da Ofensiva Nacional, nº 8: Formação de Pregadores, Editora Santuário, organizado por Taciano F. Barbosa. 6. Limpeza e Decoração A Equipe de Limpeza e decoração deve cuidar do ambiente antes, durante e depois de cada Reunião, mantendo o lugar limpo, providenciando água, arrumando as cadeiras e a mesa de pregação, etc. Além desta atividade, deverá também decorar o local conforme o tema da semana, com cartazes, faixas, flores, etc, tornando-o um lugar agradável e testemunhando aos participantes que eles eram esperados 9 C– Outras considerações Reunião da Equipe Toda a Equipe deve se reunir antes do primeiro encontro do Seminário e antes de cada Reunião (chegar 45 minutos antes). Isto é o ideal para orarem juntos e organizarem o trabalho. O uso da Bíblia deve ser incentivado durante todo o Seminário. Para tanto o pregador deve fazer uso constante de textos a serem procurados pelos participantes. Caso exista alguma dificuldade, pode-se dar uma instrução rápida, no primeiro dia, a respeito de livros, capítulos e versículos. Durante o Seminário, devem ser feitas campanhas para que os participantes adquiram suas próprias Bíblias. Consórcios, sorteios, doações, tudo isso pode ser utilizado. O importante é que cada participantes tenha contato e adquira o costume de ler e refletir com a Bíblia. O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um pedaço a cada semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com abertura de coração e de mente a essa Renovação no Espírito Santo. D. Instruções para os Dirigentes de Cenáculo (servos dos SVES) Os Dirigentes de Cenáculo são chamados (conforme o local) de outras formas: Servos do Seminário, Servos do Pastoreio, Coordenadores de Cenáculo... Estas orientações gerais se destinam àqueles que estão no serviço de acompanhar e pastorear os participantes do Seminário de Vida no Espírito Santo. Nestas Orientações usaremos o termo Servos do SVES 1. Servir e Rezar Servir é ser útil, prestável, satisfazer, agradar; é ser apto para alguma coisa; é cumprir a tarefa que lhe é dada; é dar, oferecer, é depender de alguém que é seu Senhor. Dentro do povo de Deus todos – ministros, ordenados, leigos – são servos do Evangelho, cada um segundo seu papel e carismas próprios. Servir o Evangelho é servir a Deus, a Jesus, o Senhor. Portanto, o servo deve estar preparado para servir onde, quando e como o Senhor determinar. Ora, não é possível servir sem uma comunicação constante com o Senhor. Essa comunicação, no nosso caso, se dá através da oração. Orar é imprescindível, pois é na oração que se aprende a amar, e servir é amar. Aquele que não ora não deve nem pode ser servo. Jesus, no Evangelho, sete vezes nos convida à oração: Lc 22,40.46 – Lc 11,9-13 – Jo 14,13-14 – Jo 15,7.16 ; 16,23-24; 16,26-27. Há pessoas de núcleos da RCC que dizem que fazem sua oração pessoal enquanto trabalham nos afazeres de casa. Isso não é a verdadeira oração pessoal. Tal como um Senhor tem seus encontros freqüentes com o servo para orientações, exame das situações, acertar providências, também, e com muito mais razão nós devemos ter com o nosso Senhor, encontros de intimidade, em que abrimos nosso coração e nos derramamos diante dele, falando-Lhe das nossas dificuldades, dos nossos problemas, das nossas alegrias, das nossas vitórias, e ouvindo o que Ele nos tem a dizer. Essa é a sua vontade e deve ser também a nossa. Quando um servo de Seminário percebe que algo de errado está ocorrendo no seu Cenáculo, procure examinar-se de como está sua vida de oração e também sua vida sacramental. 2. A ficha de acompanhamento Todo Servo de SVES deve ter uma ficha, onde anota: O local onde o Seminário acontece e datas; Nomes e telefones ou endereços de cada participante; Freqüência de cada um; Título de cada palestra e pregador (nome) e uma pequena avaliação quanto ao conteúdo, desempenhos e se foram alcançados os objetivos. O objetivo dessa avaliação é sempre 10 construtivo para se alcançar uma boa evangelização. Esta ficha ficará no final com o Coordenador do SVES. Na ficha de inscrição do participante, o dirigente do Cenáculo fará, no verso, uma avaliação de cada pessoa do grupinho, e entregará ao Coordenador do Seminário, que as dará ao Coordenador do Grupo Diocesano. Este, depois de tomar conhecimento delas, entregará ao dirigente do Grupo de Oração. 3. O que se espera dos Servos do SVES Assiduidade e pontualidade – o servo não deve considerar levianamente seu dever de ser assíduo e pontual nos dias de Seminário, seja qual for a tarefa a que tiver sido chamado. A falta desses dois importantes elementos provoca desordem, desarmonia. Distrai as atenções, quebra o equilíbrio que deve existir em toda a obra do Senhor. Além disso, e mais importante: Jesus é o Senhor dessa obra, portanto o desrespeito é a Ele; é uma grande responsabilidade assumir um compromisso que, de antemão não pretende ou não poderá cumprir. Disponibilidade de coração – mesmo quando sabe que não dispõe de tempo cronológico, o verdadeiro servo se apresenta disposto a assumir a tarefa, confiando no Senhor. A primeira vista esse elemento parece se chocar com os elementos anteriores, assiduidade e pontualidade, mas realmente isso não acontece: o importante é manifestar ao Senhor que estamos dispostos a fazer por Ele qualquer coisa: esse primeiro Lhe agrada e Ele é bastante delicado para aceitar essa disponibilidade de coração e dispor as coisas de tal modo que o servo não seja prejudicado. O que importa é abandonar-se nas mãos do Senhor Jesus. Obediência – um servo que não acata ordens superiores, que questiona determinações do coordenador e, pior ainda, manifesta seu descontentamento diante dos irmãos deve evitar assumir o trabalho. Onde não há obediência não está o Espírito Santo, portanto não há ordem, equilíbrio e harmonia e, principalmente unidade. (At 5,32) Zelo – o servo que tem amor ao Senhor é profundamente zeloso com tudo o que se relaciona com a obra do Reino. (Sl 68,10 - Jr 48,10) Fidelidade – ser fiel significa ― pregar e viver aquilo em que crê e crer naquilo que prega e vive. Isto é ser fiel ao Senhor. Muitas vezes nosso irmão defende seu ponto de vista (que não concorda com a doutrina cristã) com tanta veemência que, embora certos da verdade em que acreditamos,nos acovardamos, nos calamos e deixamos em todos a impressão de que nós também duvidamos do que afirmamos. Ser fiel é não abrir mão daquilo em que se crê. (Lc 9,26 - At 21,11-13). Conhecimento da doutrina – o servo deve ter os ― pés no chão, isto é, não se deixar empolgar apenas pelos carismas, mas interessar-se principalmente em conhecer bem a sua religião, seus fundamentos (pelo menos o Catecismo da Igreja Católica), as verdades reveladas, os ensinamentos da Igreja. Embora seja a Bíblia o Livro, por excelência, o servo não deve se descurar de procurar enriquecer seus conhecimentos e desenvolver sua espiritualidade através de livros bons e devidamente indicados. (Os 4,6) 4. Virtudes que o servo deve procurar possuir O servo que não tem uma vida de oração e vida sacramental, dificilmente conseguirá desenvolver certas virtudes em seu coração. Assim, ele precisa: Paciência para ouvir os participantes, para ― sofrer as demoras de Deus. (Eclo 2,3) Simplicidade de coração manifesta-se na maneira de falar, de agir. O Espírito Santo dá discernimento aos simples. (Pro 1,4) Humildade não é a subserviência, mas o reconhecimento das nossas limitações. (Rom 12,16; 1Pd 5,5b-6) Mansidão nada conquista tanto os corações como a doçura, o interesse amoroso de quem os serve. (Mt 11,29; Tg 3,13) Prudência principalmente nas palavras. Daí a necessidade de falar pouco, apenas o indispensável, pois muitas vezes podemos inadvertidamente, ferir um irmão e com isso, afastá-lo. (Tg 3,1-12) 11 5. Perigos a serem evitados 12 Presunção – opinião vantajosa que a pessoa faz de si mesmo. Há que distinguir a valorização que devemos nos dar pelo fato de constituirmos objetos do amor de Deus, e a vaidade de nos atribuirmos valor por nossos méritos. É uma maneira muito sutil do inimigo nos tentar (Lc 18,1-14; Pr 3,7). Não se julgar já convertido mas procurar sempre mais se converter. Não se julgar já renovado, mas procurar dia a dia se renovar. Não se julgar em condições de trabalhar os outros, mas procurar trabalhar-se, primeiro. Auto-suficiência – O servo muitas vezes se abstém de consultar ou mesmo trocar idéias com outros servos ou com o coordenador, consciente está de que é bastante capaz de discernir sozinho e corretamente (II Cor 3,5). Ninguém é tão sábio que não tenha algo para aprender e ninguém é tão ignorante que não tenha algo para ensinar. Pressa – Associa-se muito à impaciência. Muitas vezes confundimos pressa com zelo. O trabalho do Senhor deve ser feito com cuidado e atenção, mas sem tempo e hora (Jdt 8,11-15). Desânimo – O servo deve louvar a Deus quando fracassa: é uma forma de reconhecer que todo o poder emana de Deus: prosseguir com coragem e, se necessário começar tudo de novo. São Paulo nos ensina muito bem (II Cor 4,8-12). 6. Como o servo deve agir no Cenáculo O AMOR O elemento mais importante num Seminário e em toda a obra do Senhor é o Amor. No amor se fundamenta toda a nossa vida, pois que somos obra do amor de Deus. Jesus nos deu o novo mandamento: ― Amai-vos uns aos outros como eu vos amo. Aí está, a medida já não é mais aquela antiga: ― como a ti mesmo. Essa medida irrisória e muitas vezes inexistentes ja foi superada e substituída por uma outra de valor infinito: ― como eu vos amo‖ . E é esse o amor queJesus quer que demos aos nossos irmãos no Seminário (I Cor 13, 4-7). Algumas atitudes demonstram este amor: 1) Ser acolhedor, dar atenção a todos os participantes, sem acepção de pessoas: todos são igualmente irmãos e necessitados de atenção e carinho. 2) Falar apenas o indispensável, ouvir muito, observar e registrar frases, expressões faciais, gestos, incidentes que ocorram no Cenáculo e que possam conduzir a uma atitude de compreensão e amor. 3) Estar sempre disponível ao problema do irmão, ainda que nos custe. Jamais despedir um irmão com um: ― vou orar por você‖ , sem tomar conhecimento do que o angustia e lhe fazer sentir solidariedade. Esse comportamento poderá custar o seu afastamento do Seminário e, pior ainda, até mesmo da Igreja. 4) O servo, no Cenáculo, age como moderador, isto é, fala apenas o indispensável, quando há necessidade de dirimir dúvidas; para estimular a partilha; para dar alguma explicação, quando solicitada; para desestimular conversas paralelas, sobre assuntos que nada tem haver com o tema da palestra e das vivências; 5) Deve procurar introduzir o louvor na vida dos participantes: para isto aconselha-se a iniciar a reunião com a leitura de 2 ou 3 versículos de um salmo e um pequeno louvor neles. Não se deve cantar no Cenáculo, pois consome tempo e, além disso, o louvor nos salmos têm um valor litúrgico que nenhum canto possui. 6) Indagar como decorreu a semana para cada um, se fizeram as vivências como lhes foi recomendado. Convidar e exortar a que cada um fale de sua experiência da semana, como recebeu a palestra anterior, o que mais lhe tocou, porque, etc... 7) Os dois servos que trabalham juntos devem se deixar unir no mesmo ideal evangelizador: comunicarem-se semanalmente, trocarem impressões, analisarem seus próprios comportamentos, comunicarem um ao outro o que chegam a conhecer dos participantes. Do bom relacionamento dos dois, depende o bom relacionamento entre os próprios participantes; muita humildade, dominar o amor próprio, aceitando admoestações um do outro. Também os servos devem fazer as vivências. 8) Não distribuir no cenáculo orações, santinhos, terços, medalhinhas ou outros objetos devocionais: nada deve distrair os participantes da verdadeira finalidade do Seminário: 13 conhecer Jesus, o Senhor, o amor de Deus, a salvação que nos foi dada e a conversão que o Espírito Santo realiza em nossos corações, etc. 9) Quando o Seminário possui uma equipe para intercessão, os casos mais sérios que os servos observam no Cenáculo devem ser levados ao coordenador do Seminário para o encaminhar à intercessão. 10) Um item muitíssimo importante é o sigilo. No primeiro dia do Cenáculo o servo deve explicar que tudo o que se disser ali é sigilo confessional. Muitas vezes, no decorrer do Seminário, os participantes se abrem, contam seus problemas, levadas pelo clima de confiança que deve existir, abrem seus corações. Todas essas confidências devem ficar ali, nos corações para oração, mas não deve haver comentários entre as pessoas do Cenáculo, nem entre essas e seus familiares. O servo titular deve estar atento a esse detalhe. 11) Aconselha-se ao servo possuir um caderno onde registrarão dados importantes do Seminário: Data e local, Nome do coordenador: telefone, Nome do outro servo e telefones, Nomes dos participantes: telefones. 12) O servo deve procurar se comunicar semanalmente com os participantes para saber notícias e ajudá-los nas dúvidas, animá-los. Cada um trabalha conforme o Espírito Santo lhe sugere. Entretanto uma sugestão pode ser dada: muito útil, ao primeiro contato com os participantes, fazer-lhes a seguinte pergunta: ― Porque veio fazer esse Seminário? O que você espera encontrar aqui? O que veio procurar? 13) Anotar as respostas. No fim do Seminário, no último Cenáculo, ler para cada pessoa a resposta dada no início e perguntar-lhe: ― você encontrou o que procurava? Esse procedimento nos fornece conhecimento que o Senhor realizou na vida do participante, e também nos faz conhecer a necessidade de continuar a acompanhá-lo ainda durante algum tempo. 14) Uma última palavra: o servo, qualquer que seja sua tarefa num Seminário, deve realizá-la como se fora a primeira vez; isto equivale a dizer que o entusiasmo, a dedicação, o zelo, o empenho, a preparação, o amor, devem ser os mesmos do primeiro chamado. Não podem permitir que arrefeça o primeiro amor (cf. Ap 2,4). Do contrário corre-se o risco de cair na rotina; e o Espírito Santo não age em corações desanimados. Para que tal não ocorra,é necessário muita vigilância e oração (Mt 26,41a). Tempo de Seminário é Tempo de sacrifício, mas ― tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. (Rom 8,18) 7. A Reunião de Pastoreio a. O Pastoreio Serviço de pastoreio para o SVES é o acompanhamento espiritual e catequético que se presta aos participantes desse Seminário. Finalidade: a) Interceder constantemente pelos participantes b) Auxiliar no estudo da Sagrada Escritura c) Auxiliar nos primeiros passos da conversão: sanar dúvida, acompanhar os participantes e orar para cura interior quando necessário. d) Auxiliar na iniciação da vida carismática: esclarecer dúvidas sobre os carismas; orar para confirmar os dons recebidos; praticar os carismas com os participantes. e) Auxiliar nos conhecimentos básicos da Igreja como comunidade de cristãos: acolher os participantes pessoal e fraternalmente; ser para os participantes um testemunho de comunidade; ajudar os participantes a compreenderem melhor a missão do leigo (ser cristão consciente e renovado na prática dos sacramentos e dos carismas, ser Igreja – Sacramento vivo – e comprometer-se com a missão do leigo no mundo). b. Partilha Para exercermos fielmente o serviço do Pastoreio, devemos nos munir da grande visão Messiânica - visão do céu, da salvação... 14 O pastoreio pode ser um pedaço do céu, quando leva o povo de Deus a um caminhar de cura e libertação, de crescimento humano e espiritual utilizando-se da partilha e boa comunicação, entremeadas de carismas que são essenciais ao pastoreio. No pastoreio, partilha é o diálogo estabelecido entre o servo do pastoreio e os participantes, com o objetivo de sanar as dúvidas destes, bem como de prestar-lhes ajuda espiritual e, eventualmente, alívio e cura de traumas, mediante a cura interior. c. Conteúdo da partilha Prioritariamente, em relação ao Seminário de Vida no Espírito, partilham-se dúvidas sobre as pregações, assim como dificuldades em se viver no Espírito e em se praticar a proposta do Seminário. Eventualmente pode-se partilhar sentimentos, experiências vividas (boas ou ruins) Lembre-se o servo do pastoreio que sua missão é principalmente ouvir (mas poderá sabiamente orientar os participantes, tendo sempre por base os ensinamentos do Seminário de Vida no Espírito. Caso as soluções para os participantes não sejam encontradas no Seminário, poder-se-á buscá-las na Sagrada Escritura, na Doutrina da Igreja e com os irmãos de comunidade, principalmente os mais experientes). d. Método da Partilha Amor (é o principal item do método) - É com amor que se acolhe bem. É com amor que se guarda o sigilo sacramental que a partilha exige. É com amor que se encontra forças para doar-se além do comum (atender fora dos horários, superar o cansaço para servir, etc.). O amor é veículo da empatia, que é fundamental no pastoreio. Só o amor gera a compaixão. Compaixão cria o ambiente propício para partilhar em situações de sofrimento e dor. Tempo de qualidade - É tempo destinado exclusivamente aos participantes. Não importa a duração, o mais importante é a qualidade do tempo que se dedica. Para ter tempo de qualidade é preciso estar presente diante do participante de corpo e espírito Respeitar o processo do outro - Cada um possui um estágio de desenvolvimento. Isso precisa ser respeitado. Não dar receitas - Não usar o tom de professor ou de padrasto, como se estivesse sempre ensinando ou advertindo. Evitar bloqueios na comunicação - Bloqueios destroem a partilha. Exemplos de bloqueios: Conselhos, competição, frieza, distração, divagação, respostas ensaiadas. Agradecer verbalmente pela partilha - A partilha da pessoa é um presente de confiança para quem ouve. Na partilha a pessoa dá o melhor de si, ou seja, ela mesma (uma parte do seu próprio eu). Agendar horários para partilha e para visitas - O amor e o interesse precisam ser demonstrados. É impossível pastorear sem se encontrar. A agenda pode ser fundamental. O tempo jamais sobra, por isso é necessário agendar, comprometer. 15 Fundamentação doutrinária Contexto eclesial da RCC 1. Como um Novo Pentecostes a) O Espírito Santo, princípio de renovação A Igreja, que nasceu sob o impulso do Espírito no dia de Pentecostes, só pode ser renovada mediante o poder divino desse mesmo Espírito. O Espírito Santo é o princípio que dá vida à Igreja e é, por sua vez, seu princípio renovador. V.S. João Paulo II, fazendo-se eco do Concílio, formulou esta frase: ― O Espírito Santo é a fonte e o motor da renovação da Igreja de Cristo!1. Desde os tempos de Sto. Agostinho tem-se dito que ― o que é a alma para o corpo do homem, assim é o Espírito Santo para o corpo de Cristo que é a Igreja‖ 2; e a alma é o princípio que dá vida ao corpo humano, move-o, o faz crescer, leva-o à plenitude, sustenta-o e renova-o constantemente. Para compreender a fundo o que é a Renovação no Espírito Santo, temos que situá-la sempre no acontecimento de Pentecostes, porque foi sob esse sinal que nasceu para a vida. Daí os diferentes nomes que esta experiência espiritual tem recebido desde o momento em que Deus quis suscitá-la: Pentecostalismo Católico, Renovação Carismática, Renovação Pentecostal, Renovação Cristã no Espírito Santo, Renovação no Espírito ou simplesmente Renovação. Devemos dizer que nenhum destes títulos expressa em sua totalidade a riqueza da Renovação, apesar de cada um deles enfocar e enfatizar alguns dos elementos que a caracterizam3. b) A RCC ― rosto e memória de Pentecostes na Igreja O Papa Leão XIII no início do século XX já convidava a Igreja a "incrementar o culto do Espírito Santo" e João XXIII (1961) na encíclica que convocava o Concílio Vaticano II (Humanae Salutis) pedia em oração – "Renovai vossos prodígios em nossos tempos, como se para um novo Pentecostes". A Renovação Carismática Católica é, como diz João Paulo II4, "um dos numerosos frutos do Concílio Vaticano II que, como um novo Pentecostes, suscitou na vida da Igreja um extraordinário florescimento de agregações e movimentos, particularmente sensíveis à ação do Espírito". "A Renovação Carismática vê a si mesma como obra do Espírito Santo que responde às necessidades espirituais de nosso tempo. Na vida da Igreja, ela é um sinal da contínua relevância do 'derramamento do Espírito' sobre os indivíduos batizados, o que dá vida e orientação à Igreja na realização de sua missão no mundo"5. Verdadeiramente a Renovação Carismática entende ser ― rosto e memória de Pentecostes, ― como sinal da atualidade e da perenidade de Pentecostes, procurando acolher para si, de modo objetivo e experiencial, aquilo tudo que o magistério vem pondo em relevo, para toda a Igreja, com respeito à presença e à ação do Espírito Santo6. ― Há muito por se fazer, por amadurecer, por se comprometer em relação à nossa efetiva abertura e conformidade à pessoa do Espírito Santo. Mas não se pode negar que já é possível identificar na Renovação Carismática traços significativos daquilo que se constitui uma resposta aos apelos da Igreja a essa abertura ao Espírito7. 1 JOÃO PAULO II, Papa, Discurso de encerramento do Congresso Teológico Internacional de Pneumatologia. L'Osservatore Romano, 27 de marco de 1982. Cf. ― Lumen Gentium‖ nº 4. 2 SANTO AGOSTINHO, Sermão 267,4 (Pl 38.1231). Paulo VI. Ensinamentos ao Povo de Deus 1978. Edtrice Vaticana, p. 47. 3 SUENENS L.J. Cardeal, o Espírito Santo Nossa Esperança, Edições Paulinas, 1975, Brasil. 4 LOsservatore Romano de 11 de abril de 1998) 5 CORDES, Dom Paul, in Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica, Editora Loyola. 6 REIS, Reinaldo Beserra dos, CelebrandoPentecostes – Projeto de aviamento da espiritualidade de Pentecostes, Edições Canção Nova – Ministério de Formação RCC-BR, 2004 7 Ibdem 16 O Papa João Paulo II, por diversas vezes se referiu a RCC como expressão de vida renovada pelo Espírito que atua perenemente na Igreja e pela Igreja no mundo. Na audiência aos membros do Conselho Internacional em dezembro de 1979, disse: "... O vigor e a fecundidade da Renovação Carismática testemunham certamente a poderosa presença do Espírito que age na Igreja, nestes anos posteriores ao Concílio Vaticano II. Por suposto, o Espírito guiou a Igreja em todos os tempos, produzindo uma grande variedade de dons entre os fiéis. Através do Espírito a Igreja conserva uma permanente vitalidade juvenil, e a Renovação Carismática é uma eloqüente manifestação desta vitalidade hoje, uma expressão vigorosa do que 'o Espírito está dizendo às Igrejas' (At 2,7), quando nos aproximamos do final do segundo milênio" E ainda afirmou aos líderes da RCC durante a Conferência de Fiuggi de 1998: "A Renovação Carismática Católica tem ajudado muitos cristãos a redescobrir a presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja Católica e do mundo; e esta descoberta tem levantado neles uma fé em Cristo cheia de alegria, um grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação à sua missão evangelizadora. Neste ano do Espírito Santo, eu me uno a vocês no louvor a Deus pelos preciosos frutos que Ele quis trazer à maturidade em suas comunidades e, através delas, às Igrejas particulares". c. O apostolado de Pentecostes A despeito de ser identificada como uma expressão eclesial que manifesta em sua identidade uma espiritualidade marcada pela experiência da ação do Espírito Santo e pela consciência a respeito da Terceira Pessoa da Trindade Santa, a Renovação Carismática é convidada a assumir claramente a missão de difundir a cultura de Pentecostes, fundamentando todos seus projetos no pressuposto da ação do Espírito Santo. O saudoso e santo Papa João Paulo II, nos direciona: "Estou convencido de que este movimento é um sinal de sua ação (do Espírito Santo). O mundo tem grande necessidade da ação do Santo Espírito e isso requer a cooperação de muitos instrumentos que colaborem com sua ação. (...) Agora eu vejo este movimento, sua atividade em todas as partes. (...) por meio desta ação, o Espírito Santo vem ao espírito humano e desde esse momento começamos a viver de novo, para encontrar nosso autêntico ― eu, para encontrar a própria identidade, nossa total humanidade. Conseqüentemente, eu estou convencido de que este movimento é um verdadeiro e importante componente na renovação total da Igreja, nesta renovação espiritual da Igreja" (aos membros do ICCRS, o Conselho Internacional da RCC, em 11.12. 1979). "Hoje a Igreja rejubila-se pela confirmação renovada das palavras do profeta Joel: 'Derramarei o meu Espírito sobre todo o ser vivente' (Jl 3,1). Abri-vos docilmente aos dons do Espírito! Aceitai agradecidos e com obediência os carismas que o Espírito nunca cessa de nos conceder. Não vos esqueçais de que todos os carismas são comunicativos e fazem nascer aquela 'afinidade espiritual entre as pessoas', e aquela amizade em Cristo que é a origem ‗ dos 'movimentos'. Jesus disse: 'Eu vim atear fogo sobre a terra e outra coisa não desejo senão que já esteja aceso'. (...) Hoje, daqui desta sala superior da Praça de São Pedro eleva-se uma grande oração: Vinde, Espírito Santo, vinde e renovai a face da terra! Vinde com vossos sete dons! Vinde, Espírito de Comunhão e de Amor! A Igreja e o mundo precisam de vós, Espírito Santo, e fazei com que os carismas que nos tendes concedido se frutifiquem cada vez mais" (aos Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades reunidos na Praça de São Pedro, em 30. 5. 1998). Nas festividades de Pentecostes do ano de 2004, no dia 23 de maio, o Santo Padre João Paulo II, ao concluir a oração do ― Regina Coeli, convidou os Movimentos Apostólicos, e de modo especial a Renovação no Espírito, a participar da Vigília de Pentecostes, no sábado, 29 de maio, ‗ para invocar sobre nós e sobre toda a Igreja uma abundante efusão dos dons do Espírito Santo‘ . No decurso desta Vigília o Papa João Paulo II disse ― Vem, creator Spirítus! 17 De toda parte da Igreja na solenidade de Pentecostes, se eleva unânime este canto: Veni, creator Spiritus! O Corpo místico de Cristo, disperso em toda a terra, invoca o Espírito do qual tem a vida, o Sopro vital que anima o seu ser e o seu agir. (...) Saúdo de modo especial os membros da Renovação no Espírito (...). Graças ao movimento carismático tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, têm redescoberto Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência cotidiana. Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja, como um renovado salto de oração, de santidade, de comunhão e de anúncio. (...) Os movimentos eclesiais e as novas comunidades são uma 'resposta providencial, suscitada pelo Espírito Santo, à hodierna pergunta de nova evangelização, pela qual são necessárias 'personalidades cristãs maduras' e 'comunidades cristãs vivas'. Por isso digo também a vocês: 'Abri-vos com docilidade aos dons do Espírito! Acolhei com gratidão e obediência os carismas que o Espírito Santo não cessa de conceder! Não vos esqueçais que todo carisma é dado pelo bem comum, isto é, para o benefício de toda a Igreja!' Veni, Sancte Spiritus! Acolhamos esta palavra do Santo Padre João Paulo II como um direcionamento profético para toda a Igreja, mas o acolhamos como se direcionada especialmente a nós da RCC. ― João Paulo II não estava apenas falando para nós da Renovação Carismática, mas a respeito de nós, e inclusive oferecendo-nos à Igreja como um ‗ sinal sensível da perene efusão do Espírito. Assim sendo a Renovação Carismática não pode negar-se ao Apostolado de Pentecostes. 2. Breve fundamentação teológica9 a. Fundamentação Trinitária O fundamento teológico da Renovação é essencialmente trinitário. Ninguém jamais ouviu a voz do Pai nem viu sua face (Jo 1,18; 5,37). Porque o Pai habita em uma luz inacessível, ninguém jamais o viu nem poderá vê-lo nesta vida (1Tm 6,16; 1Jo 4,12 e 20). Somente o filho viu e ouviu e subiu ao Pai (Jo 6, 46). Por isso ele é ― a testemunha do Pai. Jesus de Nazaré deu-nos testemunho do Pai, e quem viu, ouviu e tocou Jesus, tem acesso ao Pai (1Jo 1,1-3). Depois que Jesus subiu ao Pai, não podemos mais vê-lo e ouvi-lo em pessoa. Porém ele nos enviou seu Espírito que nos faz lembrar tudo aquilo que nos disse e fez, e também o que seus companheiros viram e ouviram (Jo 14,26; 16,13). Não temos, pois, acesso junto ao Pai por Cristo, senão nesse Espírito (Ef 2,18). O Pai revelou-se como Fonte do Ser quando se identificou com a denominação ― Eu sou aquele que é (Ex 3,14). No Novo Testamento, Jesus se revela como imagem e ícone da Fonte do Ser (Cl 1,15), assumindo e aplicando a si mesmo a fórmula usada pelo Pai no Antigo Testamento (Jo 17,21; cf 10,30). Jesus é, portanto, a imagem e a manifestação do ― Eu sou aquele que é (2 Cor 4,4; Hb 1,3). O Espírito é o ato perfeito da comunhão entre o Pai e o Filho. É também pelo Espírito que esta comunhão pode se comunicar ― ad extra. Com efeito, a Igreja se define em relação a esta comunhão de Pessoas. A identificação de Jesus com os cristãos (At 9,4f) só é possível em virtude da identidade do mesmo Espírito no Pai, no Filho e nos cristãos (Rm 8,9; cf Lg 7): Cristo ― deu-nos de seu próprio Espírito que, sendo um só e o mesmo na cabeça e nos membros,... vivifica, unifica e move todo o corpo (LG 7). O Novo Testamento refere-se à Igreja com um ― nós eclesial, apenas porque o mesmo Espírito está em Cristo como na Igreja a comunidade cristã pode ser chamada ― o Cristo (1Cor 1,13; 12,12). Os carismas são manifestações destahabitação do Espírito (1Cor 12,7), são ― sinais do Espírito que se faz presente em nós, se torna visível através dos dons. Manifesta-se de tal modo que ― o que vós vedes e ouvis é a efusão daquele Espírito (At 2,23). Na consumação dos tempos, quando o Espírito Santo tiver tudo na comunhão definitiva, Cristo entregará o Reino ao Pai (1Cor 15,24). A 8 REIS, Reinaldo Beserra dos, em obra citada 9 O texto é um resumo da fundamentação teológica apresentada em ― Orientações Teológicas e Pastorais para a Renovação Carismática Católica‖ , de diversos autores e teólogos (inclusive Joseph Ratzinger) coordenados pelo Cardeal Suenens, conhecido como documento de Malines n. 1, publicado pelas Edições Loyola em 1975. 18 Igreja é inauguração desse Reino (LG 5). Cristo, na força do Espírito, levará tudo de volta à fonte de Ser que é o Pai. b. Jesus Recebe o Espírito Santo Jesus, em sua humanidade, recebe o Espírito Santo e o envia. Primeiramente Jesus recebe o Espírito. A efusão do Espírito é o início da nova era messiânica, começo da nova criação. Desde o primeiro momento de sua existência, Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo. Por ter sido concebido pelo poder do Espírito Santo é que Jesus se caracteriza como o Filho de Deus, o Messias. E é efusão do Espírito no momento de seu batismo nas águas do Jordão que lhe permite assumir publicamente sua função messiânica. Nesse momento João ― viu os céus abertos e descer o Espírito sobre ele (Mc 1,10). O texto bíblico chama, pois, a atenção para uma experiência do Espírito. Este acontecimento é um momento único na História. Ao receber publicamente o Espírito, Jesus é proclamado Messias e a era messiânica, a Nova Aliança, recebe caráter público. Jesus não recebe o Espírito somente por força de sua investidura pública como Messias, mas o recebe também como um dom pessoal que lhe confere poder e autoridade em vista de sua obra messiânica (At 10,38). O Espírito do Senhor se derrama sobre Ele porque foi ungido a fim de pregar a boa nova aos pobres (Lc 4,48). Comentando a palavra dirigida a João Batista: ― Aquele sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem, batiza com o Espírito Santo (Jo 1,33), a Bíblia de Jerusalém nota que ― esta expressão resume todo o objetivo da vinda do Messias. Jesus recebe o Espírito Santo, o Espírito repousa sobre Ele (Is 11,2; 42, 1; Jo 1,33) de modo que Ele pode batizar outros no Espírito. Nesse contexto, ― batizar com o Espírito Santo refere-se à finalidade de todo seu ministério. c. Jesus Envia o Espírito Santo Depois de ter se oferecido ao Pai na cruz, pelo Espírito eterno (Hb 9,14), Jesus, o Senhor ressuscitado e glorificado, envia o Espírito Santo. Elevado e transfigurado pelo Espírito, tendo ido para o Pai, seu corpo, agora glorificado, foi plenamente dotado do poder divino que comunica vida. Desse corpo crucificado e ressuscitado, como de uma fonte inexaurível, o Espírito é derramado sobre a carne (Jo 7,37-39; 19-34; Rm 5,5; At 2,17). Entre Jesus e o Espírito há uma reciprocidade de relação. Jesus é o portador do Espírito, a quem o Espírito é dado ― sem medida‖ (Jo 3,34; Lc 4,1), pois o Pai o ungiu com o Espírito Santo e com poder (At 10,38). Jesus é conduzido pelo Espírito, é pelo Espírito que o Pai o ressuscita dentre os mortos (Ef 1,18-20; Rm 8,11; 1Cor 6,14; 2Cor 13,14). Jesus envia o Espírito que recebeu e é pelo poder do Espírito Santo que nos tornamos cristãos. ― Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele (Rm 8,9). O sinal distintivo da iniciação cristã é a recepção do Espírito Santo (At 19, 17). Por outro lado, é o Espírito que nos impele a proclamar que ― Jesus é o Senhor (1Cor 12,3). Esta relação recíproca entre Jesus e o Espírito é orientada para a glória do Pai. ― Por Jesus, temos acesso junto ao Pai num mesmo Espírito (Ef 2,1-8). d. Igreja, Sacramento de Cristo Visto que a Igreja é o sacramento de Cristo (LG 1), é Jesus que, em sua relação com o Pai e com o Espírito determina a vida e a estrutura interior da Igreja, servindo-lhe de protótipo. Assim como Jesus é constituído Filho de Deus pelo Espírito Santo, pelo poder do Altíssimo que cobre Maria com sua sombra (Lc 1,35), como foi investido em sua função messiânica pelo Espírito que desceu e repousou sobre ele no Jordão, assim de maneira análoga, a Igreja é constituída pelo Espírito Santo desde sua origem e por ele manifestada publicamente em Pentecostes. Visto que a Igreja é o Sacramento de Cristo, ela estende a nós a unção de Cristo pelo Espírito. Não é somente uma extensão da Encarnação. É também a unção de Cristo por todo seu Corpo Místico. Se a ação da Igreja é eficaz, se produz frutos na sua vida sacramental e na sua tarefa de evangelização, se vidas são transformadas, é porque a unção de Cristo pelo Espírito se estende à Igreja. A unidade da Igreja e a comunhão dos fiéis também são decorrências desta unção de Cristo pelo Espírito. O Espírito que assegura a unidade entre Cristo e a Igreja, também garante que seja mantida a distinção entre Cristo e a Igreja. e. Todos na Igreja Somos Portadores do Espírito Santo Como sacramento de Cristo, a Igreja nos torna participantes da unção de Cristo pelo Espírito. O Espírito Santo permanece na Igreja como um perpétuo Pentecostes, e faz dela o Corpo Místico de 19 Cristo, templo único, o povo de Deus, enchendo-a de seu poder, renovando-a, chamando-a a proclamar a soberania de Cristo para a Glória do Pai. Esta habitação do Espírito na Igreja e no coração dos cristãos, como num templo, é um dom para toda a Igreja: ― não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Cor 3,16; cf 6,19). O primeiro dom não é outro senão o próprio Espírito e os carismas pertencem à Igreja unicamente porque ela os recebeu como dons gratuitos. Embora o Espírito se manifeste em diferentes ministérios que servem a diferentes funções, as quais podem variar em gênero e grau, todavia a Igreja inteira e todos os seus membros participam do Espírito. Não há uma classe especial de portadores do Espírito, não há grupo separado de crentes repletos do Espírito Santo. A plenitude da vida no Espírito, a participação na vida abundante do Espírito, é um bem comum de toda a Igreja, embora nem todos se apropriem dele com igual intensidade. O Espírito que é dado a toda a Igreja torna-se visível nos ministérios, na Igreja e no mundo. Neste sentido o Espírito e seus carismas são inseparáveis, mas não idênticos. Embora seja uma manifestação do Espírito (1Cor 12,7), o carisma não é o próprio Espírito. Uma vez que o Espírito e seus dons são parte essencial da natureza da Igreja como dons gratuitos, não é possível existir a Igreja sem um ou sem os outros. Sem o Espírito e seus carismas não há Igreja. Não há portanto, no seio da Igreja, qualquer grupo ou movimento que possa reivindicar para si uma espécie do monopólio do Espírito e de seus carismas. Entre esses dons do Espírito avulta a graça dos Apóstolos à cuja autoridade o próprio Espírito submete até os carismáticos (cf. 1Cor 14) (LG 14). f. Todo Cristão, Um Carismático Se o Espírito e os carismas são inerentes à natureza da Igreja, são igualmente constitutivos da vida cristã e de suas diversas expressões, tanto comunitárias como individuais. A pluralidade dos carismas no Corpo Místico de Cristo é parte da estrutura da Igreja, e significa que não existe cristão que não tenha algum carisma. Na comunidade cristã não há nenhum membro passivo, desprovido de alguma função de serviço, sem um ministério. ― Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo... A cada qual, pois, é dado a manifestação do Espírito para que redunde em vantagem comum (1Cor 12,4-7). Neste sentido, cada cristão é carismático e, portanto, tem um ministério a exercer na Igreja e no mundo. Também é preciso dizer que os carismas do Espírito sãoinumeráveis e é o Espírito que, sendo único, se manifesta nas várias funções de serviço. Não se trata, pois, de opor a Igreja institucional a uma Igreja carismática. Como escreveu Santo Irineu: ― Onde está a Igreja, está o Espírito, e onde está o Espírito de Deus está a Igreja. O Espírito e seus dons são constitutivos da Igreja e de cada pessoa como cristão; embora a manifestação do Espírito não seja a mesma, quanto à função e a natureza, no sacerdote e no leigo, cada um tem o seu dom. O Ministério do diácono, do sacerdote e do bispo é, em si mesmo, um carisma. O carisma é um princípio de ordem na Igreja, de forma tal que não há distinção entre Igreja institucional e Igreja carismática. g. Receber o Espírito é tornar-se cristão Nessa dinâmica interior pela qual as pessoas se tornam cristãs, todos participam das mesmas verdades, realidades e mistérios. São simultaneamente incorporadas em Cristo, entram para o povo de Deus, recebem o Espírito Santo e se tornam templo em relação a Cristo e ao Espírito. ― Se alguém não possui o Espírito de Cristo, não lhe pertence (Rm 8,9). Os textos do Novo Testamento nos dizem que é recebendo o Sacramento do Batismo que a pessoa se torna membro do Corpo de Cristo, porque no Batismo se recebe o Espírito. ― Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres; e todos temos bebido de um só Espírito (1Cor 12,13). A vinda decisiva do Espírito Santo, que permite acesso à vida cristã, está intimamente ligada à celebração da iniciação cristã (batismo, confirmação, eucaristia). A iniciação cristã é o sinal eficaz do dom do Espírito, recebendo o Espírito Santo nos sacramentos de iniciação, o catecúmeno torna-se um membro do corpo Místico de Cristo, é introduzido no povo de Deus e se integra na comunidade de culto. 20 Há indícios que em muitas das primeiras comunidades cristãs as pessoas não apenas pediam e recebiam o Espírito nestas celebrações de iniciação, mas esperavam que o Espírito demonstrasse o seu poder pela transformação que efetuava na sua vida. Receber o Espírito era receber poder. Receber o Espírito era mudar. Não era possível ser incorporado a Cristo e receber o Espírito sem que toda a vida fosse orientada a Ele. Se a pessoa não mudava, se não houvesse metanóia, ainda não era cristão. Além disso, estas primeiras comunidades julgavam normal que o poder do Espírito se manifestasse em toda a amplitude e diversidade de seus carismas, que incluíam, sem a isto se limitar, ajudar ao próximo, administrar, profecia e língua (cf. 1Cor 12,28; Rm 12,6-8). Esta manifestação do Espírito em carismas estava mais voltada para a vida da comunidade do que para a vida pessoal do cristão. Embora os carismas sejam reconhecidos como inerentes à estrutura e à missão da Igreja, é preciso admitir que ainda hoje a Igreja não está consciente de que certos carismas constituem possibilidades concretas para a comunidade cristã. Efetivamente para São Paulo é impensável que se possa receber o Espírito Santo sem receber ao mesmo tempo alguns de seus dons. Os cristãos de hoje são idênticos aos da Igreja primitiva porque celebram essencialmente a mesma iniciação (batismo, confirmação, eucaristia), recebem o mesmo Espírito, e todos os membros recebem algum carisma de serviço ou ministério. h. Conclusão Os fundamentos teológicos apresentados tornam evidente que a Renovação Carismática não traz nada de novo à Igreja, em termos de realidade teológica. A Igreja não possui agora, devido à Renovação Carismática, algo que não possuía antes. Contudo a Renovação Carismática leva a uma tomada de consciência mais profunda a respeito da experiência religiosa de toda a vida da Igreja. Carismas que não eram evidentes na vida da Igreja de forma regular, são agora vistos cada vez mais como manifestações normais. Estes dons não são considerados insólitos ou extraordinários, mas sim parte integrante da vida cotidiana de uma comunidade cristã. Reconhece-se, também, que estes não são os únicos dons do Espírito. 21 A imposição das mãos10 Fundamentação doutrinária 1. Um gesto bíblico a. Um gesto comum na RCC O batismo no Espírito Santo é concedido pelo Senhor Jesus de múltiplas formas e circunstâncias, sem que intervenha para isso o mérito pessoal. A graça nos é dada, em modo geral, através dos sacramentos. Mas Deus não se limita a eles, e a concede por muitos meios, como, por exemplo, os sacramentais. A Imposição das Mãos é um fator comum na Renovação Carismática, pois se associa a uma poderosa ação da graça. Quando uma pessoa está querendo ser "batizada no Espírito Santo", outros, por vezes, e em especial os que já receberam essa bênção, estendem e impõem as mãos sobre ela e rezam nesta intenção. A mesma forma de oração é usada freqüentemente quando outras graças estão sendo desejadas. Esse gesto baseia-se em precedentes bíblicos, pois houve muitos a quem o Espírito Santo foi dado pela imposição das mãos. Contudo, o que motiva o seu uso é o poder que esse simples gesto tem manifestado. De fato, é impressionante a maneira como Deus tem se servido dele para conferir a sua graça. b. No Velho Testamento A imposição das mãos tem uma longa história, pois que vem do Antigo Testamento. Esse gesto foi usado pelos judeus e sabemos que em muitas circunstâncias diferentes, como em relação a sacrifícios, a consagração a Deus e ordenação dos "rabis". Jacó, já ancião, impôs as mãos aos dois filhos de José, e cruzando-as, deu uma bênção maior, ao da mão direita, ao filho mais novo, o que entristeceu a José (Gn 48, 17-19). É também provável que, quando Aarão erguia as mãos sobre o povo para o abençoar (Lev 9,22), isto fosse apenas uma extensão da imposição das mãos. c. No Novo Testamento No Novo Testamento, lemos que Jesus impunha as mãos para abençoar (Mc 10, 1346; Mt 19, 13- 15), o que faz crer que o gesto de Jacó continuara sendo uma prática popular. Jesus também ergueu as mãos sobre os apóstolos para os abençoar, como o fez Aarão, logo antes da sua ascensão (Lc 24,50). Outras vezes Jesus impunha as mãos para curar (Mc 5,23), outras vezes toca os doentes somente. O caso se repete ao longo do Evangelho, como lemos em muitos textos: Mt 8,3; Mc 6, 2.5; 7,32; 8, 23-25; Lc 4,40; 13,13. Conforme nos diz São Marcos, em 16,18, Cristo ressuscitado prometeu que seus discípulos também teriam o poder de curar os doentes, impondo-lhes as mãos. De fato, sabemos que isto foi feito por São Paulo na ilha de Malta (At 28,8). Todavia, de muito maior significado para nós é o fato de que os primeiros cristãos também comunicavam o Espírito Santo pela imposição das mãos. Apesar de Jesus não ter feito isso, pois que o Espírito Santo só foi dado depois da glorificação de Cristo (Jo 7,39), houve um precedente em Moisés, quando transmitiu o Espírito de sabedoria a Josué dessa maneira (Dt 34,9). Pedro e João comunicaram o Espírito Santo aos samaritanos que haviam sido batizados (At 8,17), enquanto Paulo impunha as mãos sobre os discípulos de Éfeso logo depois de os batizar. Paulo mesmo ainda não havia sido batizado, quando o discípulo Ananias foi enviado pelo Senhor para lhe impor as mãos (At 9,17) a fim de que ficasse repleto do Espírito Santo. Estreitamente ligados aos últimos textos, temos aqueles que falam de um dom de graça (carisma) comunicado pela imposição das mãos (1Tim 5,22; 2Tim 1,6). Em At 6,5-6, os apóstolos nomeiam 10 O texto a seguir tem como referência o capítulo 9 do livro ― Sereis batizados no Espírito Santo‖ de padre HAROLDO RAHM sj e MARIA LAMEGO, publicado pelas Edições Loyola, 1972 22 diáconos impondo-lhes as mãos. Em At 13,3, a pequena comunidade de profetas e mestres de Antioquia impõe as mãos sobre Paulo e Barnabé, ao enviá-los para a sua missão. Há ainda outro texto do Novo Testamento que fala da imposição das mãos. Em Hb 6,2, Paulo falada "doutrina sobre os batismos e imposição das mãos", entre outras coisas, donde se depreende que era esse um uso comum na Igreja primitiva. d. Na Igreja dos primeiros séculos Em suma, a Igreja dos Apóstolos usou a imposição das mãos para curar os doentes, para comunicar o Espírito Santo e seus dons, para ordenar e conferir missões, e, possivelmente, para reconciliar pecadores públicos, Há muito maior unidade nesses usos que naqueles do Antigo Testamento, visto que todos significam uma comunicação em virtude do poder divino. Mas aquilo que é comunicado pertence a uma ou mais das três ordens: milagrosa, espiritual e jurídica. Quanto ao período que se segue imediatamente após o tempo da Igreja apostólica, não existe documentação sobre o uso desse rito. Mas, por volta do terceiro século, o seu uso era comum. Encontra-se em quase todos os sacramentos, como em muitas bênçãos, exorcismos, reconciliação dos hereges, de clérigos decaídos, etc. Pouco depois, se não já nessa época, aparece na consagração das virgens. Durante toda a Idade Média, manteve esta importância litúrgica, caindo depois para dar lugar a outros ritos. Na Renovação Carismática Católica este gesto é bastante comum e é usado especificamente em três situações: (1) para pedir o batismo no Espírito Santo; (2) para interceder pedindo cura ou libertação; (3) para pedir alguma bênção (por exemplo, antes da pregação). Embora sendo um gesto bastante comum, encontra resistências em alguns setores da Igreja. 2. Algumas objeções a. A questão da eficácia Digamos, primeiramente, que pode haver gente que duvide da eficácia espiritual desse gesto, confundindo-o, talvez, com certas práticas supersticiosas. É evidente que a imposição das mãos não tem poder espiritual em si mesma. O gesto só comunica os dons do Espírito Santo na medida em que Deus se serve dele. De si mesmo, não seria mais do que um mero gesto humano. Todavia, Deus tem de fato se servido dele, de modo privilegiado, para conferir bênçãos, como vimos pela Sagrada Escritura, e como a experiência tem confirmado. Objetivar a essa crença um argumento sério, seria querer limitar a ação de Deus que dá de Seu Espírito ― sem medidas. A Igreja também se serve de gestos (os sacramentais) para sinalizar uma graça ou bênção. b. Confusão com os Sacramentos Com relação aos Sacramentos, poderia ainda surgir uma outra dúvida: talvez pessoas incultas tomem esse gesto por uma espécie de pseudo-sacramento, sobretudo considerando os efeitos que a ele se ligam. O poder dos Sacramentos está na sua instituição divina, e em dois deles, de fato, a imposição das mãos é o sinal da comunicação do Espírito Santo, isto é, na Crisma e na Ordem. Mas, diga-se já que há distinções claras na maneira como a imposição das mãos é praticada na Renovação Carismática e nos sacramentos, sobretudo no Crisma. Os sacramentos conferem graça ― ex opere operato, isto é, de si mesmos; a imposição das mãos não pretende tal coisa. Os Sacramentos são gestos oficiais da Igreja, enquanto que a imposição das mãos é um gesto de oração privada. O Sacramento do Crisma, como o Batismo e a Ordem, imprime caráter e só pode ser recebido uma vez. A imposição das mãos pode ser recebida indefinidamente, não se lhe atribuindo nenhum efeito comparável ao dos Sacramentos. A liberdade mesma com que na Renovação Carismática se usa este gesto é prova de que reconhece muito bem que não se trata de um Sacramento. Em termos de tradição teológica, a imposição das mãos é antes comparável aos sacramentais. Estes podem dividir-se em duas classes: objetos, tais como rosários, medalhas, água benta; e 23 gestos, tais como o sinal da cruz e as bênçãos. A imposição das mãos seria desta última categoria. 3. A imposição das mãos pelos fiéis ― não ordenados Poderá alguém afirmar que a imposição das mãos é um gesto próprio do sacerdote, e que não convém que o leigo o imite. É usado em bênçãos, nos Sacramentos e outros ritos, sempre por um sacerdote ou clérigo ordenado. Nas cerimônias oficiais da Igreja parece haver pouca oportunidade para a imposição das mãos por um leigo. Como vimos, tanto o Velho como o Novo Testamento fornecem precedentes para tal uso. Jacó abençoou os seus netos, e todo o povo impunha as mãos sobre os levitas a serem ordenados, e sobre as vítimas a serem imoladas em certos tipos de sacrifício. E quando Jesus falou nisso aos seus discípulos, disse que o gesto seria usado para a cura dos doentes por "aqueles que acreditassem", sem mais restrições, isto é, tanto por sacerdotes como por leigos (Mc 16,18). Na Igreja apostólica há dois exemplos deste costume usado por leigos. Ananias, que impôs as mãos a Saulo, é apresentado como um simples discípulo (At 9, 10.17), e apenas profetas e mestres impuseram as mãos a Paulo e Barnabé em Antioquia (At 13, 1-3). Quer parecer, portanto, que a Escritura não somente fornece razões para o uso desse gesto por leigos, como prova com evidência que foi um costume. No que toca à Sagrada Escritura, a imposição das mãos por leigos está claramente atestada tanto no Velho como no Novo Testamento, e pelas próprias palavras de Cristo, como lemos na conclusão do Evangelho de São Marcos. A prática continuou em séculos posteriores. Assim, por exemplo, a ''Tradição Apostólica", de Hipólito, (215, apresentando os usos romanos e egípcios) fala do catequista orando sobre os catecúmenos ao impor-lhes as mãos. E acrescenta expressamente que ele deve fazer isso, "quer seja clérigo ou leigo". Um documento sírio do Século III, o Didascália (Didascalia et Constituitiones Apostolorum, III 8,1), pressupõe a prática estabelecida de impor as mãos às viúvas (mulheres consagradas). A imposição das mãos pelos leigos permaneceu, mesmo em costumes litúrgicos. Os padrinhos, no Batismo e na Confirmação, impõem as mãos naqueles que estão apresentando para receber o sacramento. A maioria das pessoas dá pouca importância a esse gesto, mas para o nosso caso tem importância considerável. Não somente constitui um precedente oficialmente autorizado para a imposição das mãos por leigos, como também manifesta que esse procedimento não é uma usurpação da ação sacerdotal, mas um complemento da mesma. Convém ainda lembrar que esse uso da imposição das mãos foi sempre usado nas famílias de determinados países, sobretudo naquelas de forte tradição patriarcal. Sempre se soube do costume dos pais imporem as mãos sobre os filhos, para lhes conferir a sua bênção. 4. O significado da imposição das mãos A imposição das mãos nos grupos da Renovação Carismática é considerada como ― oração em ação, comparável a muitas práticas bem estabelecidas na tradição católica, como a do sinal da cruz ou da genuflexão. É sempre ligado à oração por uma pessoa, e a imposição das mãos sobre a cabeça é uma representação visível do fato de ser a oração oferecida por ela. Expressa, ainda, a intenção de invocar a bênção de Deus sobre a pessoa por quem se ora. O sacerdote fará isso como um exercício do poder do ofício que Cristo lhe deu. O leigo o fará em virtude da sua filiação divina, e como templo do Espírito Santo, títulos esses que o incumbem de levar a graça e o amor de Cristo a seus irmãos. O que é muito importante é o fato de uma pessoa servir de instrumento para transmitir a graça de Deus à outra. É um princípio básico da economia da salvação: o Senhor usa intermediários humanos, não somente para levar a outros à Sua Palavra, mas também para lhes comunicar a sua graça. Isto se realiza de modo especial no sacerdócio; mas os leigos, também, são chamados a contribuir para o crescimento do Corpo de Cristo, sendo uns para os outros fontes de graça, e isto não em virtude de um ofício especial, mas pelo fato de serem membros vivos desse mesmo Corpo. Isto se exprime visivelmente quando o que ora impõe as mãos sobre a cabeça daquele por quem ora. 24 O significado do gestoé acrescido quando é feito, não por uma só pessoa, mas por toda uma comunidade reunida em oração. Os Grupos de Oração estão muito conscientemente animados pela promessa de Cristo, de que, quando dois sobre a terra concordarem em pedir qualquer coisa, isto lhes será concedido pelo Pai celeste, porque, onde dois ou três se reunirem em seu nome, ele estará no meio deles (Mt 18, 19-20). Esta reunião em nome de Cristo e esta concordância na oração não podem ser expressas mais poderosamente do que pela imposição das mãos sobre alguém, por uma comunidade inteira. As palavras levam aos outros o nosso pensamento, mas o contato físico, especialmente por meio das mãos, é uma poderosa expressão de sentimentos profundos de amizade, amor e apoio. O apertar as mãos, segurá-las, bem como o abraço, tudo isso denota a mesma intenção. Do mesmo modo, o pôr as mãos sobre os ombros ou sobre a cabeça de alguém é um gesto natural para encorajar ou acalmar. Quando a imposição das mãos se faz numa reunião de oração, todos estes sentimentos estão mais ou menos na intenção, mas se transformam e espiritualizam pelo fato de estarmos unidos no Corpo de Cristo, de termos nele comunhão, e de ser o Paráclito a força substancial, a vida, o amor e o consolo comunicados de uns para os outros. 6. Por quê a imposição das mãos hoje? Porque está havendo uma grande renovação na Igreja, e essa renovação só se poderá operar pelo Espírito e com o Espírito. Portanto seria bom que, por todos os meios, os fiéis tomassem consciência da presença do Espírito Santo neles próprios, e por eles na Igreja de que são membros. De tudo isso se depreende a beleza e eficácia do gesto da imposição das mãos. É sempre uma bênção, um enriquecimento, uma conscientização da presença do Divino Espírito em nós, presença que em cada vinda se alarga, capacitando-nos a receber mais, e preparando-nos para a nossa medida de plenitude em Cristo. E por outro lado perguntamos: Porque não impor as mãos, se este é um gesto da tradição cristã e que tem produzido muitos frutos em favor do Povo de Deus? Não estaremos correndo o risco de coar um mosquito e engolir um camelo? 25 Motivação Como o Seminário de Vida no Espírito Santo visa proporcionar uma verdadeira experiência do batismo no Espírito Santo, a atitude fundamental é a oração para que esta graça aconteça para todos os participantes. Portanto, desde a primeira reunião até a última deve-se rezar pedindo o batismo no Espírito Santo. No capítulo 11 de Lucas Jesus ensina a respeito da eficácia da oração. E nos revela que embora sejamos maus sabemos dar boas coisas aos nossos filhos, quanto mais o Pai celeste nos dará o Espírito Santo se a Ele pedirmos! (Lc 11,13) A solicitação que motiva este versículo é o apelo que se origina de um real e intenso desejo que também aparece no contexto: a parábola do amigo importuno (Lc 11,58) que insiste e insiste... porque se pedimos, nos será dado, pois todo o que pede recebe! (Lc 119-10) É óbvio que a solicitação que Cristo tinha em mente não era o pedido passageiro, motivado por um capricho do momento, mas sim, o apelo impulsionado por um intenso desejo. Há uma passagem extremamente sugestiva, que diz: ― porque derramarei água sobre o solo sedento (...) Derramarei o meu espírito sobre tua raça (Isaías 44,3s). Que significa, aqui, "o sedento"? Quando alguém chega a tornar-se sedento, de sua garganta sai um apelo que exprime sua extrema necessidade: água, água! Assim deve ser nosso desejo pelo Espírito Santo. É um desejo ardente assim que motiva a oração que pede e recebe o dom que o Pai quer dar a todos seus filhos. Vem Espírito Santo! Vem Espírito Santo! Este é o clamor permanente, que a cada reunião, a cada pastoreio, a cada oração, deve-se ouvir. E o Senhor certamente derramará sua Água Viva em nosso coração sequioso, sedento. Esta sede é semelhante a da samaritana que pede: ― dá-me desta água! (Jo 4,15) A que intensidade de desejo devem ter chegado os primeiros discípulos, pelo décimo dia de sua ansiosa espera, antes que suas almas sedentas tivessem sido satisfeitas, naquele dia em que se cumpriu ― a Promessa em Pentecostes. Que estas nove semanas sejam semelhantes aos dez dias que antecederam Pentecostes, mas não esperemos o último dia para clamar. Peçamos desde já para que aconteça desde agora o que aconteceu com os Apóstolos: ― Tendo assim orado, tremeu o lugar onde se achavam reunidos. ETODOS FICARAM CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO, continuando a anunciar com intrepidez a palavra de Deus. At 4,31 26 Seminário de Vida no Espírito Santo Desenvolvendo os temas 27 Seminário de Vida no Espírito Santo TEMA 01: O que é o Seminário de Vida no Espírito Santo 01 - Introdução: Oração de entrega - boas vindas - porque estamos reunidos aqui (cada um pode apresentar o motivo que o levou participar do SVS – se for possível) 02 – O Seminário: Não é tanto aprender coisas, mas buscar um conhecimento experiencial da pessoa do Espírito Santo e sua ação em nossa vida Ter paciência e não desistir diante dos obstáculos: preguiça, canseira, problemas, tempo (chuva, calor). 03 – O que se pede do participante Abertura: cooperação com a Graça Desejo: aplicação da vontade em realizar aquilo que Deus espera de nós. Compromisso: decidir a favor de Deus. Perseverança: insistir, persistir, mesmo em situações adversas. 04 – Objetivos do Seminário de Vida no Espírito Santo O Seminário de Vida no Espírito Santo se propõe promover a experiência de: 1. Conhecer, de maneira pessoal e experiencial, a ação do Espírito Santo na vida do fiel, capacitando-o e santificando-o, com seus carismas, para a missão e testemunho e na manifestação de seus frutos; 2. Reconhecer Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, numa resposta vivencial à vocação batismal: a santidade e missão. 3. Progredir no relacionamento com Deus, nosso Pai, através de uma vida de oração fecunda. 4. Crescer com os irmãos na vida e no amor fraterno, formando a comunidade eclesial, Corpo de Cristo. O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um pedaço a cada semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com abertura de coração e de mente a essa Renovação no Espírito Santo. 05 – Oração e Diário Espiritual: A oração diária com base na Bíblia é o alimento principal para o crescimento dos participantes. Orar é conversar com Deus, como amigo. Ninguém ensina como conversar com amigos, é a prática que nos dá este conhecimento. É necessário reservar um tempo diário para esta conversa. O participante deve procurar manter um caderno para as anotações das inspirações, palavras e propósitos que vêm durante as orações diárias durante o SVES. Algumas orientações para a oração diária escolher o local e horário mais oportunos demorar o tempo necessário para entrar em intimidade com Ele 27 purificar-se pelo Espírito Santo orar sob a luz do Espírito Santo freqüência: o cristão não cresce sem oração orar o texto: tome o texto da Bíblia e leia-o devagar, destacando o que mais lhe tocou e comece a partir daí 06– Explicar: O encontro é semanal (horário e local) Pontualidade e assiduidade Estrutura da Equipe: dirigente de cenáculo; dirigente espiritual; pregador; ministério de canto; tesoureiro; A razão dos cenáculos (porque o nome) e a divisão dos próprios A necessidade e importância do Pastoreio (como e quando acontece) Bíblia: ver quem tem; explicar a necessidade de ter a sua (tesoureiro), como manusear a Bíblia: capítulo, versículo, abreviaturas: Lc 3,10-17; Mt 2,4... 07– Conclusão: O coordenador deve informar os participantes do funcionamento da necessidade de Bíblia, lápis, caderno, etc...e comunicar mais algum aviso específico de acordo