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Simulado ENEM 2022

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1
 NA
1º DIA
SIMULADOS 2022 - CICLO 05
PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO
PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
ATENÇÃO: Transcreva no espaço apropriado do seu CARTÃO-RESPOSTA, com sua caligrafia usual, 
considerando as letras maiúsculas e minúsculas, a seguinte frase:
A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.
LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 
1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação,
dispostas da seguinte maneira:
a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias;
b) Proposta de Redação;
c) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas 
às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição.
2. Confira se a quantidade e a ordem das questões do seu CADERNO DE QUESTÕES estão de acordo com 
as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, 
comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis.
3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente 
à questão.
4. O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos.
5. Reserve tempo suficiente para preencher o CARTÃO-RESPOSTA e a FOLHA DE REDAÇÃO.
6. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na 
avaliação.
7. Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO.
8. Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES
e o CARTÃO-RESPOSTA/FOLHA DE REDAÇÃO.
9. Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá 
levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de prova nos 30 minutos que antecedem 
o término das provas.
CADERNO 
01
AZUL
2
LINGUAGENS, CÓDIGOS 
E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (OPÇÃO INGLÊS)
Questão 01 
Italian university switches to English
By Sean Coughlan, BBC News education 
correspondent 
16 May 2012 Last updated at 09:49 GMT
 
Milan is crowded with Italian icons, which makes it 
even more of a cultural earthquake that one of Italy’s 
leading universities — the Politecnico di Milano 
— is going to switch to the English language. The 
university has announced that from 2014 most of its 
degree courses — including all its graduate courses 
— will be taught and assessed entirely in English 
rather than Italian.
The waters of globalisation are rising around higher 
education — and the university believes that if it 
remains Italian-speaking it risks isolation and will be 
unable to compete as an international institution. “We 
strongly believe our classes should be international 
classes — and the only way to have international 
classes is to use the English language”, says the 
university’s rector, Giovanni Azzone.
COUGHLAN, S. Disponível em: www.bbc.co.uk.
Acesso em: 31 jul. 2012.
As línguas têm um papel importante na comunicação 
entre pessoas de diferentes culturas. Diante do 
movimento de internacionalização no ensino superior, 
a universidade Politecnico di Milano decidiu 
AAelaborar exames em língua inglesa para o 
ingresso na universidade. 
BBampliar a oferta de vagas na graduação para 
alunos estrangeiros. 
CCinvestir na divulgação da universidade no 
mercado internacional. 
DDsubstituir a língua nacional para se inserir no 
contexto da globalização. 
EEestabelecer metas para melhorar a qualidade do 
ensino de italiano. 
 
Questão 02 
Os aparelhos eletrônicos contam com um número 
cada vez maior de recursos. O autor do desenho 
detalha os diferentes acessórios e características 
de um celular e, a julgar pela maneira como os 
descreve, ele 
AAprefere os aparelhos celulares com flip, 
mecanismo que se dobra, estando as teclas 
protegidas contra eventuais danos. 
BBapresenta uma opinião sarcástica com relação 
aos aparelhos celulares repletos de recursos 
adicionais. 
CCescolhe seus aparelhos celulares conforme o 
tamanho das teclas, facilitando o manuseio. 
DDacredita que o uso de aparelhos telefônicos 
portáteis seja essencial para que a 
comunicação se dê a qualquer instante. 
EEjulga essencial a presença de editores de 
textos nos celulares, pois ele pode concluir 
seus trabalhos pendentes fora do escritório. 
 
3
Questão 03 
Com base nas informações verbais e no contexto 
social da tirinha, infere-se que o cliente 
AAa) constrange e intimida o garçom, a fim de não 
pagar a conta devida. 
BBb) está indisposto para conversar com o garçom 
sobre assuntos pessoais. 
CCc) explica ao garçom que vai aguardar outra 
pessoa chegar ao restaurante. 
DDd) mostra descontentamento com o serviço para 
não ter que pagar por ele. 
EEe) demonstra bom humor, fazendo piada no 
momento de fechar a conta. 
 
Questão 04 
(Letters)
Children and Guns
Published: May 7, 2013
To the Editor: Re “Girl’s Death by Gunshot Is Rejected 
as Symbol” (new article, May 6):
I find it abhorrent that the people of Burkesville, Ky., 
are not willing to learn a lesson from the tragic shooting 
of a 2-year-old girl by her 5-year-old brother. I am not 
judging their lifestyle of introducing guns to children at 
a young age, but I do feel that it’s irresponsible not to 
practice basic safety with anything potentially lethal – 
guns, knives, fire and so on. How can anyone justify 
leaving guns lying around, unlocked and possibly 
loaded, in a home with two young children? I wish 
the family of the victim comfort during this difficult 
time, but to dismiss this as a simple accident leaves 
open the potential for many more such “accidents” 
to occur. I hope this doesn’t have to happen several 
more times for legislators to realize that something 
needs to be changed.
EMILY LOUBATON
Brooklyn, May 6, 2013
Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 10 maio 2013.
No que diz respeito à tragédia ocorrida em 
Burkesville, a autora da carta enviada ao The 
New York Times busca 
AAreconhecer o acidente noticiado como um fato 
isolado. 
BBresponsabilizar o irmão da vítima pelo 
incidente ocorrido. 
CCapresentar versão diferente da notícia 
publicada pelo jornal. 
DDexpor sua indignação com a negligência de 
portadores de armas. 
EEreforçar a necessidade de proibição do uso de 
armas por crianças. 
 
Questão 05 
 
Uma campanha pode ter por objetivo conscientizar 
a população sobre determinada questão social. 
Na campanha realizada no Reino Unido, a frase 
“A third of the food we buy in the UK ends up being 
thrown away” foi utilizada para enfatizar o(a) 
AAdesigualdade social. 
BBescassez de plantações. 
CCreeducação alimentar. 
DDdesperdício de comida. 
EEcusto dos alimentos. 
4
 LINGUAGENS, CÓDIGOS 
E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (OPÇÃO ESPANHOL)
Questão 01 
El virus del papiloma humano (HPV) tambiém es 
un problema de hombres
Para algunos hombres, el virus del papiloma humano 
(HPV) es algo muy lejano. Se olvidan de que ellos 
también se infectan y de que, al contagiarmos, nos 
están regalando un pasaporte mágico para el cáncer 
cérvico-uterino – segunda causa de muerte entre las 
mujeres de México –; incluso me ha tocado escuchar 
en boca de algunos de ellos que “sólo se trata de 
una infeccioncita”. Pues bien, el HPV tambén es un 
problema de hombres, no sólo porque propaga la 
infección entre la población femenina, sino también 
porque este virus produce otros problemas de salud 
tanto en hombres como en mujeres, incluyendo 
verrugas genitales y cáncer de boca y garganta 
que, si bien no son tan conocidos o alarmantes por 
su cantidad, como otros tipos de cáncer, también 
constituyen un riesgo. Por lo anterior, la Academia 
Americana de Pediatría decidió enfrentarseal HPV 
mediante vacunas que se ponen tanto a mujeres 
como hombres. Los especialistas afirman que la 
vacuna es más efectiva si se administra antes de 
que el niño se vuelva sexualmente activo, y responde 
mejor en el organismo de varones entre 9 y 15 años.
Albiter, K. Disponível em: http://vivirmexico.com.
Acesso em: 10 jul 1012 (adaptado).
O texto aborda a temática do HPV. Ao discorrer sobre 
o contágio e a prevenção do papiloma humano, a 
autora informa aos leitores que esse vírus é 
AAestudado pela Academia Americana de Pediatria 
por seus efeitos em crianças. 
BBresponsável pelo aumento de casos de câncer na 
população jovem mexicana. 
CCignorado pelos homens por se restringir à 
população feminina. 
DDcombatido por vacinas que devem ser aplicadas 
tanto em mulheres quanto em homens. 
EEclassificado como um problema superável pela 
facilidade com que se enfrenta a infecção. 
Questão 02 
 
 
A imagem da televisão, aliada ao conteúdo verbal no 
anúncio, tem a função de 
AApromover a venda de aparelhos de LCD e o 
descarte de televisores considerados obsoletos. 
BBincentivar a compra de um produto sem o qual o 
aparelho de LCD será subutilizado. 
CCcontrastar as características de aparelhos de 
televisão novos e antigos. 
DDdestacar a alta tecnologia empregada nos 
aparelhos de LCD. 
EEdemonstrar a superioridade dos aparelhos de 
LCD sobre os televisores convencionais. 
 
Questão 03 
 
5
A charge apresenta uma interpretação dos efeitos da 
crise econômica espanhola e questiona o(a) 
AAdecisão política de salvar a moeda única europeia. 
BBcongelamento dos salários dos funcionários. 
CCapatia da população em relação à política. 
DDconfiança dos cidadãos no sistema bancário. 
EEplano do governo para salvar instituições 
financeiras. 
 
Questão 04 
Convergencia tecnológica y participación popular
Se están cumpliendo 20 años del “boom” de las 
radios comunitarias en Argentina, que entre 
1985 y 1990 sorprendió al país con la creación 
de casi 3 mil radios de baja potencia. Estas 
emisoras lograron, en poco tiempo, abrir los 
micrófonos a miles de radialistas populares, a la 
participación del vecindario y de la gente común 
e influir sustancialmente en la programación radial 
comercial, con la creación de nuevos formatos en 
los que tenía un papel central la opinión ciudadana, 
sin jerarquías ni condicionamientos. Siendo la 
radio en Argentina el medio más popular y con un 
alto grado de credibilidad por parte del público, las 
emisoras comunitarias jugaron un rol fundamental 
para el fortalecimiento del debate democrático en 
el país.
PLOU, D. S. América Latina en Movimiento, n. 421, jun. 2007. 
Disponível em: http://alainet.org. Acesso em: 23 fev. 2012 
(adaptado).
O texto destaca a importância das emissoras de 
rádio comunitárias na Argentina. Considerando 
especificamente a época do denominado boom, as 
emissoras populares 
AAcriaram milhares de fontes de emprego para 
radialistas. 
BBsurpreenderam o país com a oferta de rádios 
de baixo custo. 
CCconvocaram a comunidade para a participação 
em comerciais. 
DDincutiram um novo paradigma centralizado na 
opinião pública. 
EEtiveram um papel preponderante no 
condicionamento dos ouvintes. 
 
Questão 05 
Desde luego que para quienes continuamos 
escribiendo en quechua, en aymara o en las 
lenguas amazónicas, o recreamos en castellano el 
subyugante universo andino, el mayor obstáculo 
es, sin duda, el lenguaje: cómo hacer verosímil – 
mediante la palabra – lo que de por sí es increíble 
en ese arcano territorio donde las fronteras 
entre vida/muerte, mundo natural/sobrenatural, 
no existen y es común, más bien, toparse en 
un cruce de caminos con un ángel andariego o 
recibir, tal vez, en una siembra de papas, la visita 
inesperada de un familiar muerto que viene – del 
más allá – a prevenirnos sobre el clima o porque 
simplemente tiene sed y desea un poco de chicha 
de maíz. No obstante a ello, la poesía quechua 
contemporánea, la escrita por Alencastre por 
ejemplo, tiene autor y códigos propios y ya no 
más ese carácter colectivo, anónimo y oral de los 
inicios, cuando estaba conformada por oraciones 
e himnos que, de acuerdo a su naturaleza, eran 
wawakis (invocaciones para enterrar a un infante 
muerto), hayllis (poesía épica), harawis (poesía 
amorosa), qhaswas (cantos de regocijo), wankas, 
entre otros. Ni siquiera la luminosa personalidad 
de José María Arguedas confinó al limbo al poeta 
Alencastre, de quien dijo era el más grande poeta 
quechua del siglo XX.
GONZÁLEZ, O. Disponível em: www.lenguandina.org. Acesso em: 
30 jul. 2012.
Segundo Odi González, embora seja difícil dar 
verossimilhança ao universo cultural andino ao 
escrever em línguas indígenas ou em castelhano, 
nos dias de hoje, a poesia quíchua 
AAbaseia-se na tradição oral. 
BBconstitui-se de poemas cerimoniais. 
CCcostuma ter um caráter anônimo. 
DDpossui marcas autorais. 
EEbusca uma temática própria. 
6
Questões de 06 a 45
Questão 06 
Leia um trecho de O arquivo, de Victor Giudice.
No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma 
redução de quinze por cento em seus vencimentos. 
joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego.
Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um 
dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. 
Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a 
sorrir, a agradecer ao chefe.
No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais 
distante do centro da cidade. Com o salário 
reduzido, podia pagar um aluguel menor.
Passou a tomar duas conduções para chegar ao 
trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava 
mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição.
Dois anos mais tarde, veio outra recompensa. [...]
GIUDICE, Victor. O arquivo. Disponível em: http://victorgiudice.com/
contos.html. Acesso em: 23 out. 2021 (fragmento).
Com relação às características do gênero textual em 
análise, é correto afirmar que O arquivo apresenta 
AApredominância de descrições subjetivas, 
observáveis nos termos “moço” e “orgulhoso”, 
que apontam a avaliação negativa do narrador 
em relação ao comportamento do protagonista 
“joão”. 
BBmarcas linguísticas que permitem classificá-
lo como um enredo cronológico. A linearidade 
temporal pode ser percebida a partir de 
expressões como “no dia seguinte” e “dois anos 
mais tarde”. 
CCrecorrência de verbos de ligação, marca 
linguística típica de textos de tipologia narrativa, 
como se observa no trecho: “não se mostrou 
orgulhoso”. 
DDmarcas linguísticas que apontam para o 
posicionamento argumentativo do narrador 
a respeito das condições trabalhistas do 
personagem, como em “acordava mais cedo, e 
isto parecia aumentar-lhe a disposição”. 
EErecorrência de verbos pronominais, como “se 
mostrou”, “esforçara-se”, “limitou-se”, “mudou-
se”, verbos típicos de um texto de predominância 
injuntiva. 
Questão 07 
 Leia um fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha, 
a seguir. (A imagem é meramente ilustrativa)
 
“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, 
nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem 
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares 
[...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me 
parece que será salvar esta gente.”
(Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; 
FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 
2001.)
Nesse trecho, o relato de Caminha alinha-se ao 
projeto colonizador da Coroa Portuguesa para a 
nova terra, pois, essencialmente, 
AAdemarca a superioridade europeia, para enfatizar 
a miséria dos indígenas. 
BBdescreve a exuberância das terras, para 
impressionar a Coroa Portuguesa. 
CCevidencia a ausência de trabalho dos povos 
autóctones (povos nativos). 
DDinforma sobre o potencial econômico e a 
oportunidade de conversão católica. 
EErealça somente a possibilidade da catequese 
para os povos nativos. 
7
Questão 08 
O texto é composto por duas cenas, separadas 
visualmente por um traço. Considerando o tema 
globaldo texto, qual a principal diferença entre uma 
cena e outra? 
AAO aparecimento do texto verbal escrito na 
segunda cena. 
BBA introdução de um animal (gato) na segunda 
cena. 
CCO tamanho das personagens em cor preta nas 
duas cenas. 
DDA ausência da personagem masculina na 
segunda cena. 
EEA troca de papéis entre ameaçador e ameaçado 
nas cenas. 
 
Questão 09 
Analise a charge abaixo, retirada do blog “Eduzer 
Central de explicadoras do Complexo do Alemão e 
da Penha”:
 
Essa charge se contrapõe a qual das frases do 
educador Paulo Freire? 
AA“A educação é um ato de amor, por isso um ato 
de coragem”. 
BB“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar 
as possibilidades para a sua própria produção ou 
construção”. 
CC“Quando a educação não é libertadora, o sonho 
do oprimido é ser o opressor”. 
DD“Quem ensina aprende ao ensinar e quem 
aprende ensina ao aprender”. 
EE“Se a educação sozinha não transforma a 
sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. 
 
Questão 10 
Texto I
GÊNEROS TEXTUAIS
Autobiografia: [...] narração retrospectiva em prosa 
que uma pessoa real faz da sua própria existência, 
uma vez que põe ênfase na sua vida individual, em 
particular a história da sua personalidade. Ou seja, 
relatos escritos pelo indivíduo com referência a si 
próprio (o que exclui as biografias), apresentados 
como diretamente referenciais (o que exclui os 
romances) e, por isso, relativos a uma vida inteira 
ou ao essencial de uma vida (o que exclui ao mesmo 
tempo as memórias da infância [...] e os diários 
íntimos).
8
Biografia: [...] descrição material, sistemática 
e histórica dos livros; arrolamento alfabético 
das obras de um autor ou a seu respeito, de 
uma época, movimento, tendência, etc. Quando 
acompanhada de julgamento acerca do conteúdo 
das obras, recebe o nome de biografia crítica. E 
as listas em que se enumeram as classificações 
sistemáticas dos livros chamam-se biografias das 
biografias.
Diário: [...] relato de acontecimentos ocorridos 
durante as vinte e quatro horas do dia. [...] 
Obedece ao calendário, ao presente fugaz de 
cada dia, o diário pode ser de vários tipos, 
conforme a ênfase recaia nos acontecimentos ou 
nas reflexões que suscitam. Desde os episódios 
políticos até a pura introspecção, passando pelo 
registro crítico dos cenários e das peripécias que 
as viagens propiciam [...].
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. rev., ampl. e 
atual. São Paulo: Cultrix, pp. 14, 47, 57 e 123-124, 2013.
Texto II
[...] A escrita, ao fim e ao cabo, é uma tentativa 
de compreender as circunstâncias próprias e 
clarificar a confusão da existência, inquietudes 
que não atormentam as pessoas normais, só os 
inconformistas crônicos, muitos dos quais acabam 
convertidos em escritores depois de terem 
fracassado em outros ofícios. Esta teoria tirou-me 
um peso de cima: não sou um monstro, há outros 
como eu. [...] A raiz do meu problema foi sempre 
a mesma: incapacidade de aceitar o que a outros 
parece natural e uma tendência irresistível para 
emitir opiniões que ninguém deseja ouvir [...]. 
Mais tarde, durante os meus anos de jornalista, 
a curiosidade e o atrevimento tiveram algumas 
vantagens [...].
ALLENDE, Isabel. Meu país inventado. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2003.
Com uma vida marcada pelo golpe militar orquestrado 
por Augusto Pinochet, o posterior exílio na Venezuela 
e sua mudança para os Estados Unidos, Isabel 
Allende nunca mais voltou a viver em seu país 
natal, o Chile, mesmo após o restabelecimento da 
democracia. Sobre seu livro Meu País Inventado, é 
correto afirmar que se trata de 
AAuma autobiografia, na qual a autora relata de 
forma nostálgica sua experiência como uma 
mulher chilena, refugiada política e imigrante: 
“[...] Fui estrangeira durante quase toda a 
minha vida, condição que aceito, porque 
não tenho alternativa. [...] fui peregrina por 
mais caminhos do que os que a memória me 
consente”. 
BBuma produção biográfica e sistemática, 
obedecendo ao calendário chileno, em que 
Allende documenta as diferenças culturais, 
políticas e geográficas, como as apresentadas 
na passagem: “O Chile também possui a 
ilha de Juan Fernández, onde, em 1704, foi 
abandonado o marinheiro escocês Alexander 
Selkirk, o qual inspirou o romance de Daniel 
Defoe, Robison Crusoé”. 
CCum diário autobiográfico da historiadora, 
que relata sua viagem rumo aos EUA após a 
implantação do regime ditatorial de Pinochet 
(1973-1990): “As minhas férias ideais são as 
passadas debaixo de um guarda-sol [...], lendo 
livros sobre aventurosas viagens que nunca 
faria, a menos que fosse para fugir de algo”. 
DDuma biografia crítica da migrante sociopolítica 
Isabel Allende que aborda aspectos das famílias 
chilenas: “Cresci embalada pela história da 
carochinha, segundo a qual não há problemas 
raciais no Chile. Não falamos de racismo, mas 
de ‘sistemas de classes’ (agradam-nos os 
eufemismos) que são praticamente a mesma 
coisa”. 
EEuma descrição histórica e autobibliográfica a 
respeito de elementos estruturais da população 
andina: “O Chile é um país moderno com quinze 
milhões de habitantes, mas com ressaibos 
de mentalidade tribal. Isto não mudou muito, 
apesar da explosão demográfica, sobretudo 
nas províncias, onde cada família continua 
fechada no seu círculo [...]”. 
 
9
Questão 11 
Em 2022, celebramos 100 anos da Semana de Arte 
Moderna-festival realizado entre os dias 13 e 17 de 
fevereiro de 1922, no Teatro Municipal ele São Paulo, 
que contou com a exposição de cerca de 100 obras 
e 3 sessões lítero-musicais noturnas. A Semana de 
Arte Moderna teve como objetivo principal:
 
AAa) celebrar obras de artistas como Anita Malfatti, 
evidenciando, como bem pontuou Monteiro 
Lobato, o lado anormal da arte moderna.
BBromper, a exemplo do poema "Porquinho da 
Índia", de Manuel Bandeira, com o tradicionalismo 
cultural presente em obras românticas e 
parnasianas. 
CCreconhecer a importância do estrangeirismo 
na cultura brasileira, como se vê no romance 
"Canaã", de Graça Aranha. 
DDrecusar o ideário futurista, valorizando as raízes 
brasileiras, a exemplo de "Manifesto da Poesia 
Pau-Brasil", de Oswald de Andrade. 
EEidentificar na arte acadêmica a potência da 
literatura, como se vê em "Ode ao Burguês", de 
Mario de Andrade.
 
 
Questão 12 
Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou 
por
mim?
[…]
 ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 
2002 (fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que 
é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, 
ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma 
escola de samba e a situação emocional em que se 
encontra o autor da mensagem, com o coração no 
ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a) 
AAestrangeirismo, uso de elementos linguísticos 
originados em outras línguas e representativos 
de outras culturas. 
BBneologismo, criação de novos itens linguísticos, 
pelos mecanismos que o sistema da língua 
disponibiliza. 
CCgíria, que compõe uma linguagem originada em 
determinado grupo social e que pode vir a se 
disseminar em uma comunidade mais ampla. 
DDregionalismo, por ser palavra característica de 
determinada área geográfica. 
EEtermo técnico, dado que designa elemento de 
área específica de atividade. 
 
10
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 
Questão 13 
A linguagem rebuscada utilizada nos três primeiros 
quadrinhos pode ser observada, dentre outros 
fatores, pela utilização de 
AAinversão sintática e vocabulário erudito. 
BBvocativo e coordenação. 
CCsubordinação e exclamação. 
DDvocabulário erudito e aposto. 
EEaposto e inversão sintática. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o poema “Cristais”, de Cruz e Sousa.
Cristais
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguidaespiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
De cantos voluptuosos como rondas
De silfos leves, sensuais, lascivos...
Como que anseios invisíveis, mudos,
Da brancura das sedas e veludos,
Das virgindades, dos pudores vivos.
(Obra completa: poesia, 2008.) 
Questão 14 
O uso reiterado de frases nominais colabora no 
poema para a produção de 
AAuma ideia de verdade absoluta que só pode ser 
atingida pela argumentação racional. 
BBuma atmosfera onírica, sugerida por imagens 
que se sobrepõem sem ordenamento temporal. 
CCimagens nítidas de objetos isolados, que passam 
a ideia de concretude e solidez. 
DDdescrições exatas que visam reproduzir com 
perfeição os objetos do mundo real. 
EEuma linha de tempo que organiza e esclarece 
para o leitor os fatos expostos pelo eu lírico. 
 
11
Questão 15 
Leia o poema de AdéIia Prado. 
Exausto 
Eu quero uma licença de dormir, 
perdão pra descansar horas a fio, 
sem ao menos sonhar 
a leve palha de um pequeno sonho. 
Quero o que antes da vida 
foi o sono profundo das espécies, 
a graça de um estado. 
Semente.
Muito mais que raízes. 
PRADO, A. Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
O eu lírico do põem “Exausto”, de Adélia Prado, 
manifesta a necessidade de um descanso profundo. 
Em relação à interpretação do texto, é possível 
afirmar que 
AAno poema, o eu lírico alude ao desejo do outro 
aparecimento existencial, proveniente de um 
descanso profundo e necessário. 
BBa necessidade da morte apresenta-se como a 
resolução para a exaustão descrita na construção 
do poema. 
CCo eu lírico menciona o desejo de ser, apenas, 
uma potência da existência, uma promessa, na 
tentativa de recolher-se, apequenando-se. 
DDao mencionar o desejo de voltar ao início de tudo, 
o eu lírico metaforiza o ciclo vital do homem. 
EEa autora constrói versos que com a possibilidade 
de um recomeço, a ideia de um retorno à infância. 
 
Questão 16 
Examine a tirinha de André Dahmer.
Na tirinha, o personagem que fala ao microfone 
AApretende tornar o mundo mais solidário. 
BBmostra-se empenhado em tornar o mundo menos 
egoísta. 
CCestá preocupado com a própria sobrevivência. 
DDmostra-se empenhado na difusão do egoísmo. 
EEestá preocupado em tornar-se menos egoísta. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
E a indústria de alimentos na pandemia?
O editorial da edição de 10 de junho do British 
Medical Journal, assinado por professores da Queen 
Mary University of London, na Inglaterra, propõe 
uma reflexão tão interessante que vale provocá-la 
entre nós, aqui também: a pandemia de Covid-19 
deveria tornar ainda mais urgente o combate à outra 
pandemia, a de obesidade.
O excesso de peso, por si só, já é um fator de 
risco importante para o agravamento da infecção 
pelo Sars-CoV 2, como lembram os autores. A 
probabilidade de uma pessoa com obesidade severa 
morrer de Covid-19 chega a ser 27% maior do que 
a de indivíduos com obesidade grau 1, isto é, com 
um índice de massa corporal entre 30 e 34,9 quilos 
por metro quadrado, de acordo com a plataforma de 
registros OpenSAFELY.
O editorial cita uma série de outros dados e possíveis 
razões para a associação entre a má evolução de 
certos casos de Covid-19 e a obesidade. No entanto, 
o que mais destaca é o ambiente obesogênico que o 
novo coronavírus encontrou no planeta.
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, para citar 
dois exemplos, entre 65% e 70% da população 
apresentam um peso maior do que o recomendado 
para o bem da saúde. E, assim, os autores apontam 
o dedo para a indústria de alimentos que, em sua 
opinião, em todo o globo não parou de promover 
produtos ultraprocessados, com muito açúcar, uma 
quantidade excessiva de sódio e gorduras além da 
conta. 
A crítica do editorial é mesmo cortante: “Fica claro que 
a indústria de alimentos divide a culpa não apenas 
pela pandemia de obesidade como pelos casos 
mais graves de Covid-19 e suas consequências 
devastadoras”, está escrito.
E os autores cobram medidas, lembrando que o 
confinamento exigido pela Covid-19 aparentemente 
piorou o estado nutricional das pessoas, em parte 
12
pela falta de acesso a alimentos frescos, em outra 
parte porque o pânico fez muita gente estocar itens 
ultraprocessados em casa, já que esses costumam 
ter maior vida de prateleira, inclusive na despensa.
Mas o que deixou os autores realmente 
desconfortáveis foram as ações de marketing de 
algumas marcas nesses tempos desafiadores. Todas, 
claro, querendo demonstrar o seu envolvimento com 
iniciativas de responsabilidade social, mas dando 
tiros que, para olhos mais atentos, decididamente 
saíram pela culatra. Por exemplo, quando uma 
indústria bem popular na Inglaterra distribuiu nada 
menos do que meio milhão de calóricos donuts para 
profissionais na linha de frente do National Health 
Service britânico.
A impressão é de que as indústrias de alimentos 
verdadeiramente preocupadas com a população, 
cada vez mais acometida pela obesidade, 
deveriam aproveitar a crise atual para botar a mão 
na consciência, parar de promover itens pouco 
saudáveis e reformular boa parte do seu portfólio. 
As mortes por Covid-19 dão a pista de que essa é a 
maior causa que elas poderiam abraçar no momento.
Fonte: Adaptado de https://abeso.org.br/e-a-industria-de-alimentos-na-
pandemia. Publicado em 30 de junho de 2020. Acessado em 09 Mar 21.
GLOSSÁRIO: O termo “ambiente obesogênico” 
foi criado pelo professor de Bioengenharia da 
Universidade da Califórnia, nos EUA, Bruce 
Blumberg. Segundo ele, são os Obesogênicos 
os responsáveis por contribuir no ganho de peso 
sem que o indivíduo tenha consciência de que 
está engordando. 
Questão 17 
De acordo com o texto, a probabilidade de uma 
pessoa morrer de Covid-19 chega a ser 27% maior 
entre os indivíduos com 
AAobesidade grau 1 em comparação com os 
indivíduos com obesidade severa, isto é, com 
índice de massa corporal entre 30 e 34,9 quilos 
por metro quadrado. 
BBíndice de massa corporal entre 30 e 34,9 quilos 
por metro quadrado em comparação com os 
indivíduos com obesidade grau 1. 
CCíndice de massa corporal maior do que 34,9 
quilos por metro quadrado em comparação com 
os indivíduos com obesidade severa. 
DDobesidade severa em comparação com indivíduos 
com índice de massa corporal superior a 34,9 
quilos por metro quadrado. 
EEíndice de massa corporal bem superior a 34,9 
quilos por metro quadrado em comparação com 
indivíduos com obesidade grau 1. 
Questão 18 
Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; 
menina; (Brasil), meretriz.
Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada
no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever 
este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. 
Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do 
café,
a menina do café, para que a reputação da pobre 
rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, 
não
fique estragada para sempre quando este poema 
atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto 
tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
13
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu 
queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma 
rapariga se
pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.
O texto traz em relevo as funções metalinguística e 
poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela 
AAdiscussão da dificuldade de se fazer arte 
inovadora no mundo contemporâneo. 
BBdefesa do movimento artístico da pós-
modernidade, típico do século XX. 
CCabordagem de temas do cotidiano, em que a artese volta para assuntos rotineiros. 
DDtematização do fazer artístico, pela discussão do 
ato de construção da própria obra. 
EEvalorização do efeito de estranhamento causado 
no público, o que faz a obra ser reconhecida. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Rios sem discurso
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralitica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra. 
Questão 19 
A partir da leitura do poema, é correto afirmar: 
AAO sentido de uma palavra é construído em 
situação discursiva, no ato comunicativo, e resulta 
da interação entre emissor e receptor. 
BBPara a comunicação, o emissor faz escolhas 
lexicais que estão ao alcance do receptor da 
mensagem. 
CCO sentido de um texto só está ao alcance do 
receptor se as palavras utilizadas estiverem em 
situação dicionária. 
DDAs palavras isoladas não têm significado e não 
podem ser compreendidas pelo receptor de uma 
mensagem. 
EENa produção de um enunciado, o emissor precisa 
fazer uso do dicionário para dar maior sentido ao 
seu discurso. 
 
Questão 20 
O excerto abaixo é retirado de Ponciá Vicêncio, de 
Conceição Evaristo. Considere-o, no contexto do enredo 
do romance.
Ponciá Vicêncio gostava de ficar sentada perto da janela 
olhando o nada. Às vezes, se distraía tanto que até se 
esquecia da janta e, quando via, o seu homem estava 
chegando do trabalho. Ela gastava todo o tempo com 
o pensar, com o recordar. Relembrava a vida passada, 
pensava no presente, mas não sonhava e nem inventava 
nada para o futuro. O amanhã de Ponciá era feito de 
esquecimento. Em tempos outros, havia sonhado tanto! 
Quando mais nova, sonhara até um novo nome para si. 
Não gostava daquele que lhe deram. Menina, tinha o 
hábito de ir para a beira do rio e lá, se mirando nas águas, 
gritava o seu próprio nome. Ponciá Vicêncio! Ponciá 
Vicêncio! Sentia-se como se estivesse chamando outra 
pessoa. Não ouvia seu nome responder dentro de si. 
Inventava outros. Pandá, Malenga, Quieti; nenhum lhe 
pertencia também. Ela, inominada, tremendo de medo, 
temia a brincadeira, mas insistia. A cabeça rodava no 
vazio, ela vazia se sentia sem nome. Sentia-se ninguém. 
Tinha então vontades de choros e risos.
Assinale a alternativa correta sobre o excerto. 
AAA voz narrativa em terceira pessoa descreve Ponciá 
Vicêncio a partir de uma focalização onisciente, 
que não permite entrar no universo psicológico da 
personagem. 
14
BBPonciá Vicêncio assim era chamada porque 
herdara o nome de seu avô Vicêncio, com quem 
tinha grande semelhança física. 
CCA frase “O amanhã de Ponciá era feito de 
esquecimento” diz respeito à perda de memória 
da personagem, devido a traumas provocados 
por separações familiares, maus-tratos e trabalho 
escravo na fazenda. 
DDO vazio sentido por Ponciá no início da narrativa 
é preenchido quando sua mãe e seu irmão Luandi 
deixam a fazenda e vão se encontrar com ela na 
cidade. 
EEA atitude da personagem de ficar parada na janela 
olhando para o nada está associada ao tempo da 
memória, ao trabalho de “acordar-se para dentro”. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Meu ideal seria escrever...
Rubem Braga
 Meu ideal seria escrever uma história tão 
engraçada que aquela moça que está doente 
naquela casa cinzenta quando lesse minha história 
no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar 
e dissesse – "ai meu Deus, que história mais 
engraçada!". E então a contasse para a cozinheira 
e telefonasse para duas ou três amigas para contar 
a história; e todos a quem ela contasse rissem 
muito e ficassem alegremente espantados de vê-la 
tão alegre. Ah, que minha história fosse como um 
raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, 
em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. 
Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio 
riso, e depois repetisse para si própria – "mas essa 
história é mesmo muito engraçada!".
 Que um casal que estivesse em casa mal-
humorado, o marido bastante aborrecido com a 
mulher, a mulher bastante irritada com o marido, 
que esse casal também fosse atingido pela minha 
história. O marido a leria e começaria a rir, o que 
aumentaria a irritação da mulher. Mas depois 
que esta, apesar de sua má vontade, tomasse 
conhecimento da história, ela também risse muito, 
e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para 
cara do outro sem rir mais; e que um, ouvindo 
aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo 
de namoro, e reencontrassem os dois a alegria 
perdida de estarem juntos.
 Que nas cadeias, nos hospitais, em todas 
as salas de espera a minha história chegasse – e 
tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida 
e tão pura que todos limpassem seu coração com 
lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, 
depois de ler minha história, mandasse soltar 
aqueles bêbados e também aquelas pobres
mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – 
"por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto 
de prender ninguém!" E que assim todos tratassem 
melhor seus empregados, seus dependentes 
e seus semelhantes em alegre e espontânea 
homenagem à minha história.
 E que ela aos poucos se espalhasse pelo 
mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse 
atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, 
em Dublin, a um japonês em Chicago – mas que 
em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, 
a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que 
no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito 
pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca 
ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa 
em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até 
hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido 
inventada por nenhum homem, foi com certeza 
algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de 
um santo que dormia, e que ele pensou que já 
estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu 
que se filtrou por acaso até nosso
conhecimento; é divina."
 E quando todos me perguntassem – "mas 
de onde é que você tirou essa história?" – eu 
responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por 
acaso na rua, de um desconhecido que a contava 
a outro desconhecido, e que por sinal começara a 
contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma 
história..."
 E eu esconderia completamente a humilde 
verdade: que eu inventei toda a minha história em 
um só segundo, quando pensei na tristeza daquela 
moça que está doente, que sempre está doente e 
sempre está de luto e sozinha naquela pequena 
casa cinzenta de meu bairro.
Fonte: As cem melhores crônicas brasileiras/ Joaquim Ferreira dos 
Santos, organização e introdução. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
15
Com base no texto, responda às questões que se 
seguem. 
Questão 21 
Sobre o narrador, pode-se afirmar que a característica 
pessoal mais evidente é 
AAa resiliência 
BBo altruísmo. 
CCa ambição. 
DDa honestidade. 
EEa autoconfiança. 
 
Questão 22 
Com base na tirinha Mamu e Le Fan, de autoria de 
Digo Freitas, assinale a alternativa correta. 
AAOs personagens discutem sobre as inovações 
tecnológicas e como a Internet tem facilitado o 
acesso a conteúdos, antes encontrados apenas 
em livros raros e estrangeiros. 
BBA facilidade de acesso à informação por parte 
das novas gerações, por si só, justifica a falência 
do sistema educacional independentemente da 
plataforma utilizada. 
CCHá ironia na fala do personagem, no segundo 
quadrinho, ao apresentar uma alternativa de 
estudo que possa suprir as necessidades de 
aprendizado de seu interlocutor. 
DDUm dos personagens deveria ser excluído da 
cena e suas falas canceladas, uma vez que sua 
opinião contraria a expectativa do colega e torna 
a tirinha politicamente incorreta.EEÉ evidente o preconceito dos personagens em 
relação à educação a distância, pois ambos 
assumem que é impossível aprender algo de 
qualidade pela Internet, por mais que se assistam 
aos vídeos tutoriais. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho inicial de uma crônica de Machado de 
Assis, publicada originalmente em 17.07.1892.
 Um dia desta semana, farto de vendavais, 
naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de 
ver como se descompõem os homens, acionistas e 
diretores, importadores e industriais, farto de mim, de 
ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio 
sem quietação, peguei de uma página de anúncios, 
e disse comigo:
 – Eia, passemos em revista as procuras 
e ofertas, caixeiros desempregados, pianos, 
magnésias, sabonetes, oficiais de barbeiro, casas 
para alugar, amas de leite, cobradores, coqueluche, 
hipotecas, professores, tosses crônicas...
 E o meu espírito, estendendo e juntando as 
mãos e os braços, como fazem os nadadores, que 
caem do alto, mergulhou por uma coluna abaixo. 
Quando voltou à tona, trazia entre os dedos esta 
pérola:
 “Uma viúva interessante, distinta, de boa 
família e independente de meios, deseja encontrar por 
esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, 
e também com meios de vida, que esteja como ela 
cansado de viver só; resposta por carta ao escritório 
desta folha, com as iniciais M.R...., anunciando, a fim 
de ser procurada essa carta.”
 Gentil viúva, eu não sou o homem que 
procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, 
possuir o teu retrato, porque tu não és qualquer 
pessoa, tu vales alguma coisa mais que o comum 
das mulheres. Ai de quem está só! dizem as sagradas 
letras, mas não foi a religião que te inspirou esse 
anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico. 
Positivo também não, porque o positivismo é infenso 
às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, 
longa e aborrecida experiência? Não queres amar; 
estás cansada de viver só.
 E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, 
farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, 
nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos 
os sonhadores, os que amem o mistério e procurem 
justamente esta ocasião de comprar um bilhete na 
loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, 
é claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, 
zona em que as paixões arrefecem, onde as flores 
vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não 
há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de 
salvação, pois que exiges que também possua. E 
16
há de ser instruído, para encher com as coisas do 
espírito as longas noites do coração, e contar (sem 
as mãos presas) a tomada de Constantinopla.
 Viúva dos meus pecados, quem és tu que 
sabes tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo 
capitão da guarda de Nero. Rico, interessante, 
aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave 
Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do 
tédio que sentia, e explicava-se por figura: “Não é a 
tempestade que me aflige, é o enjoo do mar”. Viúva 
minha, o que tu queres realmente, não é um marido, 
é um remédio contra o enjoo. Vês que a travessia 
ainda é longa – porque a tua idade está entre trinta 
e dois e trinta e oito anos –, o mar é agitado, o 
navio joga muito; precisas de um preparado para 
matar esse mal cruel e indefinível. Não te contentas 
com o remédio de Sêneca, que era justamente a 
solidão, “a vida retirada, em que a alma acha todo 
o seu sossego”. Tu já provaste esse preparado; não 
te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um 
companheiro que uma companhia.
(Machado de Assis. Crônicas escolhidas, 2013.)
 
Questão 23 
Para o cronista, a viúva 
AAainda não se mostra preparada para um novo 
relacionamento amoroso. 
BBrevela, sobretudo, receio de se mostrar uma 
mulher vulnerável. 
CCrevela, sobretudo, receio de passar o restante da 
vida sozinha. 
DDprocura um novo companheiro que a faça perder 
o medo de amar. 
EEainda não encontrou, ao longo da vida, um amor 
verdadeiro. 
 
Questão 24 
AS SINHÁS PRETAS DA FOLHA
Começo a ler o artigo e pauso. Verifico a data do 
jornal: não é o século 19.
Thiago Amparo
Abro este jornal. Nele, um artigo sobre "negras prósperas 
no ápice da escravidão". Eu pauso. Verifico a data do 
jornal: não é o século 19. Continuo a leitura. O autor 
promete "complicar as narrativas de ativistas"; afirma 
que a "culpada é a época e seus valores diferentes dos 
nossos"; e que nos traria "maturidade e conciliação" 
com as "lindas histórias de vida das sinhás pretas".
Munido da falácia reacionária que lhe é característica, 
Narloch usa histórias individuais para mascarar a 
brutalidade do seu argumento: legitimar a escravidão 
ao relativizá-la. Imagino como se sentiriam as escravas 
diariamente estupradas lendo seu texto; ou os escravos 
doentes jogados ao mar: faltou-lhes capitalismo?
É peculiar da branquitude discutir o horror tomando 
chá: imagino as horas que serão gastas para se 
debater, com calma, se a linha editorial da barbárie 
foi ou não cruzada. Não há zona cinzenta aqui. O 
problema não é fazer referência a "negras minas" 
— que eventualmente enriqueceram — ou a outras 
figuras históricas, o problema é, de forma ao mesmo 
tempo risível e desonesta, utilizá-las para suavizar a 
brutalidade da escravidão.
O que está em jogo é se a pluralidade que este jornal 
preza inclui racismo. Jornais são documentos históricos: 
eu me reservo a dignidade derradeira de dizer com 
todas as letras que a coluna de Leandro Narloch é 
racista; que publicá-la faz do jornal conivente; e que 
em algum momento a corda do pluralismo esticou a tal 
ponto que nos enforcará.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/thiago-
amparo/2021/09/as-sinhas-pretas-da-folha.shtml?origin=uol . Acesso 
em: 15 out. 2021 (adaptado).
Assinale a alternativa que apresenta a análise correta 
sobre o texto. 
AAO texto de Amparo é conivente com as ideias 
contidas no texto de Leandro Narloch, publicado pela 
Folha, que deslegitima a escravidão ao mostrar que 
ela tem um lado bom. 
BBO autor questiona se a pluralidade de opiniões, 
adotada pela Folha, não resultaria na aceitação da 
publicação de artigos com conteúdo racista. 
CCO artigo mostra como Narloch usa uma argumentação 
ad-hominem para se posicionar contra a escravidão 
e denunciar as inescrupulosas práticas do trabalho 
escravo. 
DDO autor relativiza o tráfico negreiro, um dos maiores 
mercados do século XIX, e desapoia a abolição da 
escravidão e seus percalços. 
EEAs sinhás pretas são personagens que, segundo o 
autor, complicam narrativas de ativistas, pois negras 
prósperas, no ápice da escravidão, são pedras no 
sapato de quem acredita que o regime capitalista 
atual é racista. 
17
 Questão 25 
João/Zero (Wagner Moura) é um cientista genial, 
mas infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado 
publicamente durante uma festa e perdeu Helena 
(Alinne Moraes), uma antiga e eterna paixão. Certo 
dia, uma experiência com um de seus inventos 
permite que ele faça uma viagem no tempo, 
retornando para aquela época e podendo interferir no 
seu destino. Mas quando ele retorna, descobre que 
sua vida mudou totalmente e agora precisa encontrar 
um jeito de mudar essa história, nem que para isso 
tenha que voltar novamente ao passado. Será que 
ele conseguirá acertar as coisas?
Disponível em: http://adorocinema.com. Acesso em: 4 out. 2011.
Qual aspecto da organização gramatical atualiza os 
eventos apresentados na resenha, contribuindo para 
despertar o interesse do leitor pelo filme? 
AAO emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 
20 anos atrás foi humilhado”. 
BBA descrição dos fatos com verbos no presente do 
indicativo, como “retorna” e “descobre”. 
CCA repetição do emprego da conjunção “mas” para 
contrapor ideias. 
DDA finalização do texto com a frase de efeito “Será 
que ele conseguirá acertar as coisas?”. 
EEO uso do pronome de terceira pessoa “ele” 
ao longo do texto para fazer referência ao 
protagonista “João/Zero”. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:Da Violência
Hannah Arendt
Estas reflexões foram causadas pelos eventos 
e debates dos últimos anos comparados com 
o ¹background do século vinte, que se tornou 
realmente, como Lênin tinha previsto, um século 
de guerras e revoluções; ²um século daquela 
violência que se acredita comumente ser o 
denominador comum destas guerras e revoluções. 
Há, todavia, um outro fator na situação atual que, 
³embora não previsto por ninguém, é pelo menos 
de igual importância. O desenvolvimento técnico 
dos implementos da violência chegou a tal ponto 
que nenhum objetivo político concebível poderia 
corresponder ao seu potencial destrutivo, ou 
justificar seu uso efetivo num conflito armado. 
⁴Assim, a arte da guerra ⁵– desde tempos imemoriais 
o impiedoso árbitro final em disputas internacionais 
⁶– perdeu muito de sua eficácia e quase todo seu 
fascínio. O ⁷“apocalíptico” jogo de xadrez entre as 
superpotências, 8ou seja, entre os que manobram 
no plano mais alto de nossa civilização, está sendo 
jogado segundo a regra “se qualquer um ‘ganhar’ 
é o fim de ambos”; é um embate sem qualquer 
semelhança com os outros embates militares 
precedentes. Seu objetivo ⁹“racional” é intimidação 
e não vitória, e a corrida armamentista, 10já não 
sendo uma preparação para a guerra, só pode ser 
justificada agora pela ideia de que quanto mais 
intimidação houver maior é a garantia de paz.
(Extraído e adaptado de: Arendt, H. Crises da República. SP: 
Perspectiva, 2017.) 
Questão 26 
Assinale a alternativa que recupera a tese central do 
texto de H. Arendt. 
AAPara a filósofa Arendt, o século XX, de guerras e 
revoluções como previu Lênin, foi o século mais 
violento da humanidade. 
BBPara a autora, a resolução dos conflitos armados 
dispensa objetivos políticos que não justifiquem o 
uso de material bélico tecnológico. 
CCSegundo a filósofa, a arte da guerra perdeu sua 
eficácia porque ficou esquecida pelos tempos 
imemoriais e consequentemente perdeu seu 
fascínio. 
DDAs superpotências internacionais são 
responsáveis, segundo a pensadora, por garantir 
a civilização no seu plano mais alto. 
EESegundo a filósofa alemã, Hannah Arendt, o que 
move os embates violentos contemporâneos é a 
demonstração de força por intimidação. 
 
Questão 27 
Assum preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
18
Furaro os óio do assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mio
Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil veiz a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em: www.luizgonzaga.mus.br. 
Acesso em: 30 jul. 2012 (fragmento).
As marcas da variedade regional registradas pelos 
compositores de Assum preto resultam da aplicação 
de um conjunto de princípios ou regras gerais que 
alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o 
léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra a 
AApronúncia das palavras “vorta” e “veve”. 
BBpronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”. 
CCflexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”. 
DDredundância nas expressões “cego dos óio” e 
“mata em frô”. 
EEpronúncia das palavras “ignorança” e “avuá” 
 
Questão 28 
 
O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego 
nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por 
suas ilustrações.
Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, 
Kuczynskiego usa sua arte para 
AAdifundir a origem de marcantes diferenças sociais. 
BBestabelecer uma postura proativa da sociedade. 
CCprovocar a reflexão sobre essa realidade. 
DDpropor alternativas para solucionar esse 
problema. 
EEretratar como a questão é enfrentada em vários 
países do mundo. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho inicial do ensaio “Saber para quê?”, do 
neurocientista Sidarta Ribeiro.
Vem da Antiguidade a metáfora de que o 
conhecimento se acumula como o volume de uma 
esfera em expansão. Por meio da observação e 
da experimentação ampliamos nosso saber sobre 
o universo. A superfície da esfera representa os 
pontos de contato com o desconhecido. À medida 
em que ela se expande, surgem as novas perguntas 
que vamos formulando. Por essa razão, o incógnito 
– aquilo que sabemos que ignoramos – cresce junto 
com o conhecimento. Lá fora, além da superfície da 
esfera, jaz o insabido verdadeiro: todas as coisas que 
nem sabemos que não sabemos. Mas saber para 
quê? Parafraseando o dito popular, pouca ciência 
com sabedoria é muito, muita ciência sem sabedoria 
é nada.
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.) 
Questão 29 
De acordo com o autor, o verdadeiro insabido seria 
AAo desprezo pela sabedoria resultante da ciência. 
BBa ignorância daquilo que não sabemos. 
CCo desprezo por aquilo que não sabemos. 
DDo conhecimento de nossa própria ignorância. 
EEa ignorância de nossa própria essência. 
 
Questão 30 
 A pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
19
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.
Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se 
com um projeto ideológico em construção na Primeira 
República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa 
esse projeto, na medida em que 
AAa paisagem natural ganha contornos surreais, 
como o projeto brasileiro de grandeza. 
BBa prosperidade individual, como a exuberância 
da terra, independe de políticas de governo. 
CCos valores afetivos atribuídos à família devem ser 
aplicados também aos ícones nacionais. 
DDa capacidade produtiva da terra garante ao país a 
riqueza que se verifica naquele momento. 
EEa valorização do trabalhador passa a integrar o 
conceito de bem-estar social experimentado. 
Questão 31 
Tarefa
Morder o fruto amargo e não cuspir
Mas avisar aos outros quanto é amargo
Cumprir o trato injusto e não falhar
Mas avisar aos outros quanto é injusto
Sofrer o esquema falso e não ceder
Mas avisar aos outros quanto é falso
Dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a não pulsar
– do amargo e injusto e falso por mudar –
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
Na organização do poema, os empregos da 
conjunção “mas” articulam, para além de sua 
função sintática, 
AAa ligação entre verbos semanticamente 
semelhantes. 
BBa oposição entre ações aparentemente 
inconciliáveis. 
CCa introdução do argumento mais forte de uma 
sequência. 
DDo reforço da causa apresentada no enunciado 
introdutório. 
EEa intensidade dos problemas sociais presentes 
no mundo. 
 
Questão 32 
Há aqui o desejo de contar e cantar episódios, ao 
modo de uma rapsódia, em torno de uma figura 
lendária que fascinara o escritor pelos mais 
diversos motivos e que trazia em si os atributos do 
herói, entendido no senso mais aberto possível de 
um ser entre humano e místico, que desempenha 
vários papéis e vai em busca de um bem essencial.
Essas considerações do crítico e historiador Alfredo 
Bosi referem-se a Macunaíma, em que Mário de 
Andrade busca 
AApensar no caráter do povo brasileiro, da nossa 
gente, percorrendo as trilhas da imaginação à 
procura de uma identidade plural. 
BBpintar o retrato típico do colonizador europeu 
que chega em nossa terra e a coloniza segundo 
os princípios de umacivilização aristocrática. 
CCcriar, segundo uma lenda indígena, a figura de 
uma deusa branca que se vale de seus dons 
mágicos para atrair os homens maus e corrigi-
los. 
DDrepresentar entre nós a imagem mítica de um 
artista clássico que, uma vez entrado numa 
cultura dos trópicos, corrige os excessos das 
práticas selvagens. 
EEalinhavar fábulas trazidas da África pelos 
escravos, de modo a sugerir a superioridade 
de uma cultura que pouca circulação alcançava 
entre nós. 
 
20
Questão 33 
Bons dias!
14 de junho de 1889
Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos 
jornais velhos! Conhece-se um homem diante de 
um deles. Pessoa que não sentir alguma coisa ao 
ler folhas de meio século, bem pode crer que não 
terá nunca uma das mais profundas sensações da 
vida, – igual ou quase igual à que dá a vista das 
ruínas de uma civilização. Não é a saudade piegas, 
mas a recomposição do extinto, a revivescência do 
passado.
ASSIS. M. Bons dias! (Crônicas 1885-1839).
Campinas Editora da Unicamp, São Paulo: Hucitec, 1590.
O jornal impresso é parte integrante do que hoje 
se compreende por tecnologias de informação e 
comunicação. Nesse texto, o jornal é reconhecido 
como 
AAobjeto de devoção pessoal. 
BBelemento de afirmação da cultura. 
CCinstrumento de reconstrução da memória. 
DDferramenta de investigação do ser humano. 
EEveículo de produção de fatos da realidade. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho inicial do conto “História interrompida”, 
de Clarice Lispector.
Ele era triste e alto. Jamais falava comigo que não 
desse a entender que seu maior defeito consistia na 
sua tendência para a destruição. E por isso, dizia, 
alisando os cabelos negros como quem alisa o pelo 
macio e quente de um gatinho, por isso é que sua 
vida se resumia num monte de cacos: uns brilhantes, 
outros baços, uns alegres, outros como um “pedaço 
de hora perdida”, sem significação, uns vermelhos e 
completos, outros brancos, mas já espedaçados.
Eu, na verdade, não sabia o que retrucar e lamentava 
não ter um gesto de reserva, como o seu, de alisar 
o cabelo, para sair da confusão. No entanto, para 
quem leu um pouco e pensou bastante nas noites 
de insônia, é relativamente fácil dizer qualquer coisa 
que pareça profunda. Eu lhe respondia que mesmo 
destruindo ele construía: pelo menos esse monte de 
cacos para onde olhar e de que falar. Perfeitamente 
absurdo. Ele, sem dúvida, também o achava, porque 
não respondia. Ficava muito triste, a olhar para o 
chão e a alisar seu gatinho morno.
Assim passavam as horas. Às vezes eu mandava 
buscar uma xícara de café, que ele bebia com muito 
açúcar e gulosamente. E eu pensava um pensamento 
muito engraçado: é que se achasse que andava a 
destruir tudo, não teria gosto em beber café e não 
pediria mais.
(A bela e a fera, 1999.) 
Questão 34 
A resposta da narradora à alegação do homem, de 
que ele tinha uma tendência à destruição, 
AAmostrava para ele o quanto era positivo admitir 
os próprios defeitos em vez de, como a maioria 
das pessoas, escondê-los. 
BBpropunha uma mudança de perspectiva, segundo 
a qual os restos de uma destruição poderiam ser 
de certo modo valorizados. 
CCbuscava consolá-lo com a ideia de que todas as 
pessoas têm pontos fracos, mesmo aquelas que 
aparentemente são fortes. 
DDdesmentia-o, argumentando que ele estaria 
enganado, que não era verdade que ele era uma 
pessoa destrutiva. 
EEapontava a contradição de uma pessoa 
melancólica, aparentemente desanimada, gostar 
de café com tanta avidez. 
 
Questão 35 
Levantados do chão
Chico Buarque
Como então? Desgarrados da terra? 
Como assim? Levantados do chão? 
Como embaixo dos pés uma terra 
Como água escorrendo da mão?
Como em sonho correr numa estrada? 
Deslizando no mesmo lugar? 
Como em sonho perder a passada 
E no oco da Terra tombar?
Como então? Desgarrados da terra? 
21
Como assim? Levantados do chão? 
Ou na planta dos pés uma terra 
Como água na palma da mão?
Habitar uma lama sem fundo? 
Como em cama de pó se deitar? 
Num balanço de rede sem rede 
Ver o mundo de pernas pro ar?
Como assim? Levitante colono? 
Pasto aéreo? Celeste curral? 
Um rebanho nas nuvens? Mas como? 
Boi alado? Alazão sideral?
Que esquisita lavoura! Mas como? 
Um arado no espaço? Será? 
Choverá que laranja? Que pomo? 
Gomo? Sumo? Granizo? Maná?
Fonte: http://www.chicobuarque.com.br/letras/levantad_97.htm
O poema-canção de Chico Buarque, produzido 
para o livro de fotografias de Sebastião Salgado 
sobre o cotidiano do Movimento dos Trabalhadores 
Sem-Terra e gravado por Milton Nascimento em 
1997, mobiliza a seguinte figura de estilo na sua 
constituição: 
AAIronia, marcada pelas interrogações reiteradas. 
BBPersonificação, ao indagar se choverá laranja.
CCMetonímia, representada pelo “mundo de pernas 
pro ar”. 
DDCatacrese, pelo emprego de “aéreo” para 
qualificar o pasto. 
EEAntítese, pela combinação de “celeste” e “curral”. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Examine a tirinha do cartunista André Dahmer.
Questão 36 
Depreende-se da fala do personagem no primeiro 
quadrinho que 
AAcertas guerras são produzidas apenas por 
aberrações. 
BBtodas as aberrações são produzidas pela guerra. 
CCcertas aberrações acabam por produzir guerras. 
DDtodas as guerras são produzidas por aberrações. 
EEcertas aberrações são produzidas apenas pela 
guerra. 
 
Questão 37 
“D. Carolina é o prazer em ebulição; se é inquieta e 
buliçosa, está em sê-lo a sua maior graça; aquele 
rosto moreno, vivo e delicado, aquele corpinho, 
ligeiro como a abelha, perderia metade do que vale, 
se não estivesse em contínua agitação. O beija-flor 
nunca se mostra tão belo como quando se pendura 
na mais tênue flor e voeja nos ares. D. Carolina é um 
beija-flor completo.”
MACEDO, J.M. de. A moreninha. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. p.77.
A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, é 
o primeiro romance do Romantismo brasileiro. 
Nessa passagem, evidenciam-se as seguintes 
características desse movimento: 
AASentimentalismo exacerbado e linguagem 
próxima ao coloquial. 
BBAproximação da leitora e ambientação no 
contexto burguês. 
CCNarrador em primeira pessoa e predomínio do 
sonho. 
DDIdealização feminina e metaforização da natureza. 
EEEu lírico introspectivo e representações vagas. 
 
Questão 38 
Considere a tirinha de André Dahmer.
22
No sentido global da tirinha, a fala do terceiro quadro 
indica que o personagem situado à direita 
AAacha improvável que a pessoa que se aproxima 
seja “legal fora da internet”. 
BBmudou de opinião em relação ao que disse no 
primeiro quadro. 
CCentende que as pessoas podem ser muito 
diferentes na internet e fora dela. 
DDdesconfia que o personagem situado à esquerda 
esteja mentindo. 
EEconsidera que o personagem situado à esquerda 
é um “chato de rede social”. 
Questão 39 
Considere estes versos do poeta Ferreira Gullar: 
Onde está 
a poesia? indaga-se 
por toda parte. E a poesia 
vai à esquina comprar jornal.
Nesses versos sintetiza-se a compreensão de que a 
poesia 
AAvive da busca de um repertório que se alimenta 
nas fontes clássicas. 
BBé uma interrogação cuja resposta depende do 
favor das musas e dos mitos. 
CCse banalizou a tal ponto que já não se encontra 
em lugar nenhum. 
DDparticipa naturalmente de um cotidiano pessoal, 
comum, dessacralizado. 
EEvale-se do cotidiano rebaixado para melhor 
sugerir sua elevação mística. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o artigo “Pó de pirlimpimpim”, do neurocientista 
brasileiro Sidarta Ribeiro.
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo 
poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco 
mais que estofo de macela1. Emília, a sabida boneca 
de Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente 
após engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo 
o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No 
filme Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida 
faz o personagem Neo descobrir que todo o mundo 
em que sempre viveunão passa de uma simulação 
chamada Matriz, dentro da qual é possível programar 
qualquer coisa. Poucos instantes depois de se 
conectar a um computador, Neo desperta e profere 
estupefato: “I know kung fu”.
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e 
osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” 
O aprendizado de comportamentos complexos é 
difícil e demorado, pois requer a alteração massiva 
de conexões neuronais. Há consenso hoje em dia 
de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva 
dos padrões de ativação de vastas redes neuronais, 
impossibilitando a aquisição instantânea de memórias 
intrincadas.
Mas nem sempre foi assim. Há meio século, 
experimentos realizados na Universidade de 
Michigan pareciam indicar que as planárias, vermes 
aquáticos passíveis de condicionamento clássico, 
eram capazes de adquirir, mesmo sem treinamento, 
associações estímulo-resposta por ingestão de um 
extrato de planárias já condicionadas. O resultado, 
aparentemente revolucionário, sugeria que os 
substratos materiais da memória são moléculas. 
Contudo, estudos posteriores demonstraram que a 
ingestão de planárias não condicionadas também 
acelerava o aprendizado, revelando um efeito 
hormonal genérico, independente do conteúdo das 
memórias presentes nas planárias ingeridas.
A ingestão de memórias é impossível porque 
elas são estados complexos de redes neuronais, 
não um quantum de significado como a pílula da 
Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a 
consolidação das memórias por meio da otimização 
de variáveis fisiológicas envolvidas no processo. 
Uma linha de pesquisa importante diz respeito ao 
sono, cujo benefício à consolidação de memórias já 
foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães 
publicaram um estudo sobre os efeitos mnemônicos 
da estimulação cerebral com ondas lentas (0,75 
Hz) aplicadas durante o sono por meio de um 
estimulador elétrico. Os resultados mostraram que 
a estimulação de baixa frequência é suficiente para 
melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao que 
parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de 
pirlimpimpim.
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.)
¹macela: planta herbácea cujas flores costumam ser 
usadas pela população como estofo de travesseiros.
 
23
Questão 40 
Por se tratar de um artigo de divulgação científica 
(e não um artigo científico propriamente), 
predomina no texto uma linguagem 
AAtécnica. 
BBacessível. 
CCinformal. 
DDfigurada. 
EEhermética. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O barroco é estilo ou será a alma do Brasil?
O chamado Século de Ouro, que vai de fins do 
século XVI a fins do seguinte, é um dos momentos 
dourados e mais radiantes do Barroco, um estilo 
artístico que é também uma expressão de vida, 
uma visão de mundo, uma maneira de sentir, de 
ver, de se vestir e até de ser. Por isso, volta e meia 
a gente recorre a esse movimento procurando 
decifrar o país: será o Brasil um país barroco e, 
portanto, meio difícil de entender?
Parece que sim. O Brasil não só nasceu culturalmente 
barroco, como o barroco é “a alma do Brasil”, para 
citar o livro de Affonso Romano de Sant‟Anna sobre 
o tema. Graças ao estilo, o país foi capaz de criar 
esplendores como Ouro Preto, erguer obras-primas 
como algumas igrejas de Minas, Salvador, Recife e 
Olinda, e dar ao mundo um gênio como Aleijadinho. 
É por causa do barroco que o visitante sente aquela 
vertigem, um quase delírio, uma febre do ouro ao 
entrar na Igreja de São Francisco, em Salvador, e 
olhar para as paredes.
O barroco não foi. Ele ainda é, continua presente 
em quase todas as manifestações da cultura 
brasileira, da arquitetura à pintura, da comida à 
moda, passando pelo futebol e pelo corpo feminino. 
[...] Barroca é a técnica de composição que Villa-
Lobos usou para criar suas nove “Bachianas”. 
Barroco é o cinema de Glauber Rocha, é nossa 
exuberante natureza, é o futebol de Pelé e de 
todos os que, driblando a racionalidade burra dos 
técnicos, preferem a curva misteriosa de um chute 
ou o esplendor de uma finta. Afinal, o barroco 
é o estilo em que, ao contrário do renascentista, 
as regras e a premeditação importam menos que 
a improvisação. Quer coisa mais barroca que o 
Guga?
Há ainda certa resistência em aceitar o barroco 
como expressão de nossa alma. [...] Às vezes se 
toma depreciativamente o estilo por seus excessos 
– confusão, ênfase e paradoxos. Mas isso é 
barroquismo, não é barroco. A evolução etimológica 
ajuda a entender. Barroco, na origem, designa uma 
pérola grande e com defeito – assim como um país 
que a gente conhece.
Zuenir Ventura. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/
Epoca/0,,EMI156437-15518,00.html. Acesso em: 16 ago. 2021. 
Adaptado. 
Questão 41 
Para defender seu ponto de vista, o autor do 
texto estabelece semelhanças entre o movimento 
Barroco e o Brasil/o brasileiro. Segundo o autor, 
eles têm em comum o fato de 
AAserem muito complexos para explicar e 
valorizarem a improvisação. 
BBproduzirem artistas geniais e gostarem da 
confusão e dos paradoxos. 
CCterem muita resistência e raiz etimológica com 
sentido de "pérola defeituosa". 
DDexplorarem a exuberância da natureza e 
produzirem cidades esplendorosas. 
EEtenderem aos excessos e provocarem vertigem 
e delírios nos visitantes. 
 
Questão 42 
A partir da análise da imagem, é correto afirmar 
que, para compreender a mensagem do outdoor, 
24
AAo domínio da norma-padrão da língua é 
determinante. 
BBa linguagem não verbal é indiferente. 
CCé preciso saber conjugar verbos no imperativo. 
DDo leitor precisa recuperar uma intertextualidade. 
EEa linguagem verbal é condição suficiente. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho do romance Memórias póstumas de Brás 
Cubas, de Machado de Assis.
A propósito das botas
Meu pai, que não me esperava, abraçou-me cheio de 
ternura e agradecimento. “— Agora é deveras?, disse 
ele. Posso enfim...?”
Deixei-o nessa reticência, e fui descalçar as botas, 
que estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei à 
larga, e deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e 
todo eu atrás deles, entrávamos numa relativa bem-
aventurança. Então considerei que as botas apertadas 
são uma das maiores venturas da Terra, porque, 
fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. 
Mortifica os pés, desgraçado, desmortifica-os depois, e 
aí tens a felicidade barata, ao sabor dos sapateiros e de 
Epicuro1. [...] Quatro ou cinco dias depois, saboreava 
esse rápido, inefável e incoercível momento de gozo, 
que sucede a uma dor pungente, a uma preocupação, 
a um incômodo... Daqui inferi eu que a vida é o mais 
engenhoso dos fenômenos, porque só aguça a fome, 
com o fim de deparar a ocasião de comer, e não 
inventou os calos, senão porque eles aperfeiçoam a 
felicidade terrestre. Em verdade vos digo que toda a 
sabedoria humana não vale um par de botas curtas.
Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca; 
foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna 
e do amor, triste como os enterros pobres, solitária, 
calada, laboriosa, até que vieste também para esta 
outra margem...
(Memórias póstumas de Brás Cubas, 2008.)
¹Epicuro: Filósofo grego (341 a.C. – 271 a.C.). 
Questão 43 
O trecho exemplifica um procedimento típico de 
Machado de Assis: 
AAo cientificismo, em que o narrador defende uma 
tese com argumentos de caráter científico. 
BBo mistério, em que o narrador faz afirmações pouco 
claras, produzindo uma reflexão de sentido obscuro. 
CCo sarcasmo, em que o narrador fere a sensibilidade 
de outros personagens com a sua zombaria. 
DDa metalinguagem, em que o narrador faz 
considerações sobre a linguagem e a construção do 
livro. 
EEa digressão, em que o narrador se afasta do fluxo 
da narrativa para fazer uma reflexão sobre temas 
diversos. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Um universo sem fim
Fomos alfabetizados para poder ler tudo o que 
quisermos. Descobrir o que os outros pensam ou 
pensaram, saber o que jáaconteceu e o que pode vir a 
acontecer. Entender melhor o mundo em que vivemos 
e imaginar como poderia ser melhor do que é. Um 
universo sem fim espera por nós nos livros. Basta abri-
los e deixar-nos levar pelas palavras, que se encadeiam 
nas folhas finas. [...]
Os miseráveis, do romancista francês Victor Hugo, 
foi publicado, pela primeira vez, na França, em 1862. 
Transformou-se logo em grande sucesso. Foi traduzido 
para diversas línguas. Percorreu o mundo. É uma 
história com forte cunho social, mas o enredo, em que 
um ex-prisioneiro é perseguido sem tréguas por um 
inspetor fanático, tem fortes elementos de trama policial.
Jean Valjean, o herói, foi condenado a trabalho forçado 
por roubar um pão para a família faminta. Cumpriu 
pena. Mesmo assim, para fugir de seu perseguidor 
e se reabilitar, precisou trocar de identidade. Sob 
disfarce, tornou-se um grande empresário. Promoveu 
o desenvolvimento da cidade, ajudou a todos que 
precisavam dele.
Mas Javert, o policial, não desistia de lhe seguir os 
rastros. Vivia no encalço de Jean Valjean. Criava 
espertas armadilhas para que a verdadeira identidade 
do ex-condenado fosse revelada. [...] A sucessão dos 
acontecimentos e as difíceis circunstâncias vividas 
pelas personagens levantam questões sobre lei, justiça 
e solidariedade.
25
Acima de tudo, Os miseráveis mostra como uma 
pessoa pode se transformar graças à ação de outra. No 
caso, a mudança ocorre quando um homem injustiçado 
recebe de alguém compreensão e generosidade. 
História de fugas, trapaças e armadilhas, esta também 
é uma história de amor entre jovens. Aqui são relatados 
interesses e atitudes muito mesquinhos, mas também 
grandes gestos de desprendimento e bondade.
CADEMARTORI, Lígia. In. HUGO, Victor. Os miseráveis. Tradução e 
adaptação de Walcyr Carrasco. São Paulo: FTD, 2001. (Coleção Literatura 
em minha casa; v. 4). Adaptado do texto de apresentação. 
Questão 44 
Quanto aos papéis dos interlocutores na construção do 
texto, assinale a afirmativa CORRETA. 
AAPara apresentar a obra de Victor Hugo, Lígia 
Cademartori opta por, no primeiro parágrafo, 
defender as vantagens da leitura; este é um dos 
momentos de maior saliência da voz da autora. 
BBÉ a partir do segundo parágrafo do texto que se 
sobressai a voz do escritor francês Victor Hugo, 
narrador da história de Jean Valjean e Javert, em 
Os miseráveis. 
CCO resumo do romance de Victor Hugo, num texto 
que pretende levar um jovem leitor a entender 
por que a leitura é importante, mostrou-se uma 
estratégia inadequada. 
DDNo último parágrafo, Lígia Cademartori conta o final 
de Os miseráveis e, assim, cumpre o seu propósito 
de antecipar para o leitor o desfecho feliz da história 
de Victor Hugo. 
EESó no último parágrafo, quando é revelado que 
o tema do romance é uma história de amor entre 
jovens, o leitor entende que esse é o público a 
quem se destina o romance. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o texto de Eduardo Bueno.
No Brasil, como no restante do Novo Mundo, o que 
separa a história da pré-história é mais do que um mero 
prefixo. Existe, entre os dois períodos, um abismo de 
desconhecimento e incompreensão. Embora o trabalho 
dos arqueólogos literalmente se aprofunde cada 
vez mais, restam ainda imensas lacunas a respeito 
dos habitantes que, em tempos remotos, ocuparam 
o território que viria a ser o Brasil. O que já se sabe, 
porém, permite afirmar que a herança “pré-histórica” – 
ou seja, o legado dos povos que por no mínimo dez 
milênios aqui viveram – é bem mais sólida e está muito 
mais presente do que o senso comum em geral supõe.
É preciso não esquecer, afinal, que, por pelo menos 
cem séculos, esses povos ancestrais – cuja própria 
origem ainda não pôde ser inteiramente esclarecida – 
testaram um repertório de alternativas e um leque de 
possibilidades alimentares, ecológicas e logísticas que 
os conquistadores europeus, sob risco de colocarem 
em perigo a própria sobrevivência, não puderam 
descartar desde o instante em que desembarcaram no 
então “novo” e desconhecido território, oficialmente em 
abril de 1500.
Pode-se afirmar que as trilhas e os caminhos pelos 
quais o país se expandiu, os sítios onde se erguem 
suas grandes cidades, inúmeros produtos agrícolas 
que hoje saciam a fome da nação, bem como vários 
hábitos e costumes nacionais, são fruto direto de um 
conhecimento milenar – que, embora esteja dessa 
forma preservado, na essência se perdeu. É preciso 
ter em mente, portanto, que uma compreensão mais 
plena do Brasil impõe um mergulho no passado – e que 
esse passado é muito mais profundo do que apenas os 
últimos cinco séculos.
(Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção, 2012.) 
Questão 45 
Segundo o autor, 
AAa cultura dos povos nativos era útil para a 
sobrevivência no ambiente inóspito, mas 
incompatível com a construção de uma civilização 
europeia no Brasil. 
BBa cultura dos europeus tinha mais recursos para 
explorar o território do que a cultura dos povos 
nativos, o que levou à expansão europeia no 
território brasileiro. 
CCo encontro entre os povos nativos e os europeus 
que chegaram ao Brasil produziu um intercâmbio 
cultural que beneficiou ambos os grupos. 
DDos europeus, ao chegarem ao Brasil, a fim de melhor 
se adaptarem às condições locais, incorporaram 
conhecimentos e hábitos dos povos nativos. 
EEos povos nativos tinham uma rica cultura que, 
apesar da riqueza, foi descartada pelos europeus 
que chegaram ao Brasil e acabou por desaparecer. 
 
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INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na própria folha, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o 
número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada "texto insuficiente".
 4.2 fugir do tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto. 
TEMA: DESAFIOS PARA O COMBATE À VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES NO BRASIL 
TEXTOS MOTIVADORES
Texto 01
Fonte: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
Texto 02
Precisamos falar sobre abuso e violência sexual de crianças e adolescentes
Coação, manipulação e medo. Essa é uma triste realidade vivenciada por milhares de crianças e 
adolescentes vítimas de exploração e violência sexual. Um retrato cruel traduzido em números: 70% das 
vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes. A maioria possui entre 7 e 14 anos. 
Além disso, ressalta-se que o país está entre um dos primeiros no ranking internacional com mais casos 
de exploração sexual de crianças e adolescentes. Foram 175 mil casos entre 2012 e 2016, de acordo com 
dados de denúncias recebidas pelo Disque 100.
Violação de direitos humanos e denúncia
O principal canal para denúncias é o Disque 100, serviço da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) que as 
examina e encaminha aos serviços de atendimento, proteção e responsabilização do Sistema de Garantia 
de Direitos da Infância e Adolescência (SGDCA). As situações são normalmente endereçadas a Conselhos 
Tutelares, Ministério Público e órgãos da segurança pública – Delegacias de Proteção à Criança e ao 
Adolescente, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal. Os dados gerados com base nos 
registros feitos revelam o panorama dos casos de abuso e exploração contra crianças e adolescentes e 
ajudam a orientar ações de combate e prevenção.
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,

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