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OEM ascensão mundo ocidental Paul Kennedy_20211108_0001

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lb /)
ASCENSAO E QUEDA
DAS
GRANDES POTENCIAS
Ncste irnl)()rtente e lúciclo estudo,
o lris(ori:rrkrr contemporâneo Paul
hcrrnctlv trlrq:l rt ascensão e c1:ecla
tLrs gl'lrnrlcs potênci:rs murtcliais
rrrrrr 1'rcr'íorkr cle cinc«t séculos.
(.ortrcq'ltnclo nr> século XVI, com a
;rst t'rrsi«r rlo lrnpério Habsburgo, e
t otrt Irrinrlt) c()nt Lrma brilhante
,rr r:ilist' tLrs tcnclências econômicas
(' l('( lt( tlr'rgit :ts tlt' Itr ljc l)aflt ( )
r',prrilllrrio tlt' lirr'çus no século )C(,
|1.' rrr, )sl r ,t ( ( )Íll( ) 1t intefaçãO daS
liltt .t:, ('( ( )n( )ntit'lts c rlrilitares
)i{ r\ ( t lt.t I ) l)l( }1ll('s,\( I clas naçóes.
',r'l.t il' ):,('( illr I \\'l ()u n() SéCUlCl
i. \ rilil,t il.1(..trl 1lt rtjt'llt o lloder
ttttltl,tt ,1, .t,,,lrlo tt)lll SSLIS
tr r ilt ,| , ( r r )tt, rnlir'r ls. () altO CLIStO
'I r rrr rlul( r' ,tr r 11.1 \lll)l('lll;l('ill
Irrrlrl rr Ir|t( ilr r.trlt;l(1il('('C a LlaSe
, i , rl, rnnr .t \,, rir.trtrlt^s lttltênCiaS
r lr rlr , lrrr,, t('.tti('ttrq;tsl:tnclo rnais
, ,,lr | ,1, lr ,,,t , ,lt't,:;r' ttttltlo
lrrl' il.rlt,,trrr,r'il lr11 v1 ('SS() (l('
, rrlr r, lrr', ilrr. Irlrr,,lt'l,tt;ttttltI
lr ' tll .r r r ',',r llr l.ll', (ll )1,
iil., llt'ri ||l, r', il|\,,', . lrtOrltttivttS.
\,,,1, , t' 1r | .t .t',{( tt,,,l()(,
I', ,r'rr, 'r ,llt',1r,1,,', 1'1 1111 11r.t1:
l,tl , rr, ' r,t iltrl( ,t,,1( nt.t (l('l)()(l('l'
,l' rlr rrriiltrrrrl.r lrttlr; r.t
rr, l,l,rrt rl tr,,,"u1,"'.\l ,lr,
r r, ,,' . ,,rr., t l ,1,11rlr.r l l,,l,tlt,l,t,
I r trr, r ltrr1,, tl,, littl.l|tr r r('
rlrr rlrr, lli , r I ,t t, 1, ,, I trt,l, ,',
l'.tttl 1., tttt, ,lt il tr ,',lt LI t r rt tr l,t, ,1, ,
KTNNEDY
À,
ASCENSAO
E QUEDA
DAS GRANDES
POTÊNCIAS
Transformação Econômica
e Conflito Militar de 1500 a 2000
Tradução
Waltensir Dutra
edilata Ca,rptu
,
I
I
A Ascensão do
Mundo Ocidental
N,, ,,,-r,, cle 1500, data escolhida por numerosos estudiosos para rt^tarcar
r ,lrvi:;rro c'ntre a época moderna e a pré-modernar, não era de modo algum
',\r(l(.nl(. los habitantes da Europa que o seu continente estava destinado a
, l, ,r r r i n; r r glande parte do resto da Ten-a. O conhecimento que os contemporâneos
Il rlr.lrI ,lrrs grancles civilizações do Oriente era fragmentário e, com demasiada
Irrr;rit'rrci:r, crrônco, baseado que estava nas histórias de viajantes que-nada
; ,,.r,li:urr rr t'rrcla vez que efam Contadas. Não obStante, a imagem generalizada
,1, (.\t('r)s()s in.rpérios orientais dotaclos de riqr"reZa fabulosa e enormes
' l1r( il(,r.',',, ,az,raveltnente precisa, e à primeira l'ista aquelas sociedades
rlr,\r.nr tt,r'p:rr-ccickr tnr.rito mais favoravelmente dotadas do que os povos e
,',r,r(l():, tl:r liuropa ociclental. Na verdade, colocaclas junto desses outros
yir.rrr,lt.s ( (.r)tr'()s cie atividade cultural e econômica, as clebilidades relativas da
I 1r( )l).1 r'rrl2, tpuis cviclcntes do que os seus pontos fortes. Para cotneçar, ela
rr.t,,, r,r ;r :ilclt rrtais 1t<tptt1<)sa, netrl a mais fértil, clo mundo: India e China
,,, rl,.r\,.un os lugarcs principais sob tais aspectos. Geopoliticamente, o
, ,,r'rrrrr, llr' ('ur()l)eu tinha uma forma desajeitada, lirnitado pelo gelo e pela
.rllrr,r .r n()r1('('ot's(c', rtltc:rto a invasijes freqüentes pelo leste e r'rrlnerável à
( rr' un.r\'('ll;r(:io t'stntlí'git'lt pelrl sr-rl. Em 1500, e por muito tempo antes e
r l! l r( rf ',, ( :\:,;ls ( ( )nsi(lt'r:t(.irt's nli<t cram abstratas. Só oito anos antes Gtanada,
.r irltrrrr.r rt.11i:ro trrrrçrrlrtt;ttlt cllt ltsltanha, tinha sucumbido aO exércitO de
lr1r.1r(1,r t ls;tlrt'l; isso, ;rot'«ittt, sigllifi({)tl o fim de Llma campanha regional,
,1,r,(l,r lrrl:t lrt'tttttt:trs:ttttpl:t ('ttlt'(':t (,ristanclaclecasforçasdoProfeta'Sobre
1,,r,rn,1,'1r:rrlr'tlo rtturttlo o<itlt'ttl:tl, 1-xtit-:tv:l ztincla cl choque da queda de
I rrr,,l ,utlltol rl.r r.nr I tiJ,:rcorrlt'r'itttcttlo <;ttt'Jt1t1(jciit ttlttito meis ilnportante
lr,t,l1r. n.t() nt.tr(,ru, ,lt ltto«lo :tllgttltt, os lirttitt's C[<l aVltnç<> CIOS tUfCOS
;rlrrtlt.Uto., l.rrrlilt:,(l():,((rrl,r,t'lcslittlt:tlttltltttlttltl:r (ili'ti:tt'lrsillras.fônicas,
l')
Bósnia, Albânia e grande parte do resto dos Bálcãs. o pior estava ainda para
acontecer na década de t520, quando seus formidáveis exércitos de janízaros
marcharam sobre Budapeste e Viena. No sul, onde as galeras otomanas
atacavam os portos italianos, os papas começavam a temer que o destino de
Roma fosse, sem demora, igual ao de Constantinopla.2
Embora tais ameaças parecessem parte de uma estratégia ampla e
coerente, dirigida pelo sultão Mehmet II e seus sucessores, a reação dos
europeus foi desconexa e esporádica. Ao contrário dos impérios otomano e
chinês, ao contúrio do domínio que os mongóis dentro em pouco estabeleceriam
na indía, não houve nunca uma nuropã unida, na qual todas as partes
reconhecessem um líder secular ou religioso. Em lugar disso, a Europa era uma
mistura de pequenos reinos e principados, senhorias fronteiriças e cidacles-
estados. Algumas monarquias poderosas estavam surgindo no oeste,
notadamente Espanha, França e Inglaterra, mas nenhuma estaia livre das
tensões intemas e todas consideravam as outras como rivais, e não como
aliadas na luta contra o Islã.
Nem se poderia dizer que a Europa dispusesse de vantagens acentuadas
no campo da cultura, matemâtica,engenharia, navegação ou outras tecnologias,
se.comparada às grandes civilizações da Ásia. Parte considerável do legãdo
cultural e científico da Europa foi, de qualquer modo, ,,tomada emprestã<lo,,
do Islã, tal como as sociedades muçulmanas haviam bebido, duranté séculos,
da China, através do comércio mútuo, da conquista e colonização. Em
retrospecto, podemos ver que a Europa estava avançando, comercial e
tecnologicamente, em fins do século v. Mas talvez o comentário mais justo seja
que cada um dos grandes centros da civilização mundial estava, naquela
época, numa fase parecida de desenvolvimento, alguns mais adiantados numa
ârea, e menos em outras. Tecnologicamente e, portanto, militarmente, o
Império Otomano, a China da dinastia Ming, um pouco depois o norte daindía
sob os mongóis, e o sistema de estados europeus com seu rebento moscovita,
eram todos muito superiores às sociedades dispersas da ͧrica, América e
oceania. Embora isso signifique que a Europa em 1500 era um dos centros de
cultura e poder mais importantes, não era evidente que ela um dia surgiria
acima de todos. Antes de investigar as causas de sua ascensão, portanto, é
necessário examinar os pontos fortes e fracos dos outros contendores.
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A China Ming
De todas as civilizações do período pré-moderno, nenhuma parecia mais
adiantada, nenhuma se sentiu tão superior quanto a China.3 Sua popr,rlação
considerável, de 100 a 130 milhões de habitantes, em comparação corn os 50-
55 milhôes da Europa no século xv; sua cultura notável; suas planí<:ies r.nr-rito
férteis e irrigadas, ligadas por esplênclido sistema de canais clcs<.lc o sécrrl«l XI;
e sua administraçâo unificada, hierárqr-rica, gcricll lx)r url:r lrrrrrxrrrti;r
trrnfitci:tnaltem-eclttcacla,tinhattrc[:rclolisocictluclcclrirrr.s:r unr:l((x.s:l()('unr
I'tx;ttittlt'(l(l('c()llsLitLtírt rttolivo tlc invr:jlr p;rr:r Iorl<l visit;rnlt.t.slr.;rrrgr.irrr. li
( ('ll( ) (Jtl(' :t<1ttcl;t < iviliz:tqlt«r tittlt:t si<lo srrlrrrrt'li<l;r ;t llu s('v(.to rlr.s«.r;rrilillrirr
;rt'l;t:;lt,)t(l:t.\tttottlloist'1x'lotlotttittio(llt('r,(.st.1irrirr :r irrv.r:,.rork'l(ulrl:ri l(:1r.
A
\
§
Mas a china tinha o hábito de influir muito mais sobre seus conquistadores
do que estes sobre ela, e quando a dinastia Ming surgiu em 1Jg6 para reunificar
o império e derrotar finalmente os mongóis, grancle parte da velha orclem e
cultura permaneceu.
Para os leitores educados no respeito à ciência "ocidental,', o aspecto
mais surpreendente da civllização chinesa deve ser a sua preco.iclode
tecnológica.Existiram ali, desde o começo, bibliotecas enormes. i impr-essão
com tipos móveis jâ surgira na china do século xI, e dentro em poucograncle
número de livros passava a existir. o comércio e a indúrstria, estimuladõs pela
construção dos canais e pelas pressÕes. demográficas, eram igualmànte
reqr-rintados. As cidades chinesas eram muito maiores do que suas equivalentes
na Europa medieval, e as rotas comerciais chinesas eram extensas-. o papel-
rnoeda tinha facilitado o fluxo do comércio e o crescimento clos mercadós. Nas
última.s dêcadas do século )c, havia uma enorme indústria do ferro no norte
cla china, produzindo cerca de t25.ooo tonelaclas por ano, principalmente
para uso militar e governamental 
- o exército de mais de um mihâo de ho-
lncns era, por exemplo, um enorrne mercado para produtos de ferro. vale no-
txr (Fle essa produção era muito maior que a da Inglaterra nas primeiras fases
cla tlevolução Industrial, sete séculos depoisl os cúneses também foram pro-
vavelmente os inventores da verdadeira pôlvora; e os canhões foram usados
p«'los Ming para derrotar seus governantes mongóis em fins do século KV.a
Ante essas provas de avanço cultural e tecnológico, também não
srrr'lrrcencle saber-se que os chineses se tinham voltado §arn a exploração e. r'.rnércio do além-mar. A bússola magnética foi outrâ invençãc, chinesa,
rrlgrrns cle seus juncos eram tào grandes qllanto os galeões espànhóis mais
lrrrrle , c <r comércio com as Índias e as ilhas áo pacífico er.apotenZialmente tão
I.t'ativr> qlranto o das rotas das caravanas. A guerra navaftambém tinha siclcr
plrrticucla no Yangtsé mnitas décadas antes - a fim cle dominar os barcos da(.lrinrr cle sung na década de 1260, Kublai Kan foi obrigaclo a constmir sua
l'»*ipria grande frota de navios de combate, equipaãos com máquinas
l:rnç'arloras de projéteis 
- e o comércio costeiro dê cereais florescia em
lrrirr< ípios clo século KV. Em l4Z0 a marinha Ming possuía I.350 navios cle
trrrrrlxrtc:, ürclusive 400 grandes fortalezas flutuantes e 250 navios clestinados
:r virrgcns cle longo curso. Essa força obscurecia, mas nào incluía, os rnuitos
rr:rvi.s rrtllrr.inistredos privadamente. que já comerciavam com a coréia,Japâ.,
sr rtlt'stc'tl:r Asi:r c lté mesmo a Áfr-ica oriental. nrlquela epoca, e proporcionavanl
l.t'r't'ilrs rro est;rclo chinês, que procurou tributar essc comércio marítimo.
As nrais f:unosas clas expedições marítirnas oficiais ao além-mar foram
r»s st'tt'r'nrzciros a longa clistância empreencliclos pelo almirante cheng FI<r
t'rrt|t' l/t05 r' llt33.llormztclas por vezes cle centenai <le navios e clezcpas cler
rrrillr;r|c's tlr.' Ir1;11r"r't., essas fl'otas visitaram pofios clesclc Malaca e ccilll1; atír
:rs t'rrlr':rrl:rs clo rnlrr vclrnclho e Zanz.ibar. Fazenclo cloaçires a Ía()vcfn:1rt(,sItx;ris rlt'Ít'tc'tltt's, <lt: ttttr l:tclo, eles obrigzrvzrm r>s rec:alcitiantes,r r-c,,'<,,r1r..«."r.
l'«'<ltriltt' «lo ott(trr. (Ittt I'trtvio v«rltou conr gilrrtlrs cla ÁÍiic:a ()ricntrrl Plrr rlislr.lrir.
o itttlrt't:ttlt»t < lrirri's; ()tllr(), (()llr urn t'ltt'Íir tt'illrrrclês rltrc tiplyr sirIr lrlrstlrplt,
ttttlrtrtrl«'ttlt'lItr-:r n:t() t(.(()nll(.(.(.r it:iUl)I(,lt|it«.i:r clo I;illr() rl() (,í.rr. (I)(.V(.il1()s
ll,l.ll,lxrl('lll, (ltl('()ri t'ltittt'st's,:l() (lu('ltrrkr ittrlir':r, nur)(lt s;r(11(.ílr.i11 1(,llr
lll.ll ll'llll ,lo r oltll:llio thrs llr)l-luilu(':i('s, ltol:ttttlt,st's (. ()lll11 )s 1l\,.t,\()t.(,,\
lrrr()Deus do oceano Índico.) Pelo que os historiadores e arqueólogos nos
i;;iãã;, o irÀnrno, poder e návegabilidade da marinha de Cheng Ho
elguns dos navios q.,. i"rru\ru- os tesouros pafecem ter.medido cerca de
ll0 ríetros de compririento e deslocaclo mais dê 1.500 toneladas - 
eles bem
j-,,f..iÀ1.r.ra,regudo em volta da AÍrica e "descoberto" Portugrralvârras
r l('t'uclas antes que as expedições de Henrique o Navegaclor começassem a
;rv('ntLlrar-se ouiadamente ao sul de Ceuta'5
Mas a expedição chinesa de 1'433 foi a última delas' e três anos depois
,,,rr 
".iliã1Ãf.iirt 
pioibln a construção- de navios de alto-mar; e um pouco mais
trrl1lc, uma àrdem específica proibia a existência de navios de mais de dois
,,r,i-itrrt. O pessoal naral pass'ria, a partlt cle então' a ser empregado em
r|lrvios menores no Grande Canal. Ás grandes belonaves de Cheng Ho foram
,,i,,,n.i""raur. upodr"..ram. Apesarãe todas as oportunidades que se ofe-
rt.t.irrrn no além-mar, a china tinha clecidido voltar as costas pafa o mundo'-- --U-iu, 
sem dívida, urna razáo estratégica plausivel .para isso. As
Irrrnteiras setentfionais do império estavam novamente sob pressão dos
i,r,,rrgóir, e pode ter sido prudànte concentfar os recursos militares naquela
ir,.,, irriá r,rtneráve1. Nessàs circunstâncias, uma marinha grande era um luxo
,1,,,,r, . de qtralquer modo a tentativa de expansão chinesa para Ãnam
i Vi,,inr*> foi infrutlfer a e caÍa. Não obstante, esse raciocínio perfeitamente
vírlirl<) não parece ter sido reexaminado quando as desvantagens de uma
lirrritação nárral to.nnram-se claras mais tarde: dentro de um século aproxi-
,,,,,,i"*.",", o litoral chinês e mesmo as cidades do Yangtsé estavam sendo
,rtirt.rrclas por pifatas japoneses, mas nào houve qualquer reconstrução sêtia da
r,,,,rinha impàrial. Nem mesmo o repetido aparecimento dos portugueses ao
l,;;;,; .i, iitá.al chtnês forçou uma ràavaliaçâo.* A defesa terrestre era tudo o
,1,,1 ,. fazia necessârio, iaciocinaram os man<larins' pois não tinha todo o
r rrr[úrcio marítimo por súditos chineses sido proibido, de qualquer modo?
AIémdosCustoseoutrosdesincentivos,portanto,umelementochave
,( ) r.c(.Lro chinês foi t-simpt.s conservantism; da burocracia confuciana,c
i,,r.,ioiii.r.to no períoclo Ming pelo ressentimento com as modificações que
llrrs tinham siclo imptsàs"atttet pelos mongóis' .Nessa atmosfera de
:r,'r,r,'",i^çàà", a burocràcia (que era muitoimportante) liTlt'"i:"." preservar
r, l.(.(.lrptLlrar o purruáà, e nào criar um futuro mais brilhante, baseado na
;,_;;,,;il;^; 
"á 
áomercio de além-mar. De acordo com o código confuciano,
,r gu('rra em s1 e uma atividade deplorável, e as forças armadas eram
||t.t.t.ssirrias apenas pelo medo dos ataques bárbaros ou das revoltas internas'
A .,v..rsio ck>r r'rrn.raà.ins pelo exército (à a marinha) era acompanhacla de uma
rlr.r;t.rrrÍ.ia,ça pnra com à comerciante. A acumulação de capltal.privado, a
r,r.rti. :r .1,., .l,rrnorr,r barato e vender cafo, a ostentação do comerciante novo-
It,,r, Ltrrl. iss. .fenclia a elite, a burocracia en-rdita - 
quase tanto quanto
I ,,, ,u, ,. ,,u" ,, rcrscntirn.*., .trt mâssas trabalhadoras' Embora não deseiando
l,.rr.rlir,lrr l«rclrr :t c(:.n.ttti:t clc ttrcrcaclo, os ntandarins interwinham com
Itr
*1,,,,.,,,,,' trttt lrt.rt l)( ll(xl() tt't rltr 'ttl t rlr' li()o' ttlttlt lttÍlt tlrsltirlt tltiltts:t tttltis tltt tttctt<ls
Ir,1l'{t.t(l,t.r1rr,l,rrr.r,(ot(..111.,,tt(.,t,,llr(.ll.t(lll,l\l(lll.lli\':tl,Ilt ittvlts:tt'i:t1lottçs:t;lll:15lll('slIl()
,',',r ',lrtr,,l.t ttt.tttttlt.t A,lrrrt' '1" lttrlrt rl' 1"'t "lt "rt
lr
freqüência contra os comerciantes indiüduais, confiscando-lhes as proprieclades
ou proibindo seus negócios. o comércio exteúorpor súclitos cirineses deve
ter parecido ainda mais sr-rspeito aos olhos dos maÀclarins, simplesmente por
estar menos sob o seu controle.
A aversâo ao comércio e capital privado não se choca com as enormes
realizações técnicas mencionadas acima.A reconstrução, pelos Ming, da Gran-
de Muralha da china e o aperfeiçoamento cro sistemâ de'canais, as=funclições
e a_marinha imperial erampara as finalidades do estado, porque a burocàcia
tinha aconselhado ao imperador a sua necessidade. IVIas ,rri- a,r-o .r"..
empresas podiam ser criaclas, assim também podiam ser negligenciadas. os
canais entraram em decadência, o exército passava falta, perioàicamente, de
equipamentos novos, os relógios astronômicos (construídos cerca de 1090)
foram postos de lado, as fundições cairamaos poucos em clesuso. E não f-oram
apenas esses os desincentivos ao crescimentoeconômico. A imprensa foi
limitada às obras de erudição, não sendo empregada para a clisseminaçãcr
ampla do conhecimento prático, e muito menos paraacrítica social. o r_rsodo
papel-moeda foi suspenso. As cidades chinesas nâo tiveram nunca a autonomia
das ocidentais; não havia burguesia chinesa, com tuclo o que essa palavra
implica; quando a localização da corte imperial era mocliiica da, a capital
também era transferida. Além disso, sem esiímulo oficial, os cornerciantes e
olrtros empresários não podiam florescer; e mesmo os que adquiriam riqueza,
tendiam_ a dispendê-la em terÍas e educaçào, em lugar ãe investir no
desenvolvimento proto-industrial. Da mesma formu, n p.olbição do comércio
exterior e da pesca afastou outro estímulo potencial á expansão econômica
continuada; o comércio com os port.g.eses e holan<ieses, nos séculos
seguintes., foi de artigos de luxo e (embora hollvesse sem clÍrvida muita evasão)
controlado pelas autoridades.
Em conseqüência, a china Ming foi ur, país mr-rito menos vigoroso e
empreendedorclo que na dinastia sung, quatro séculos antes. sem dãvida, as
técnicas agrícolas aperfeiçoaram-se no períoclo Nling, mas depois de certo
tempo até mesmo essa agricultura mais intensiva e o uso de terras marginais
tiveram dificuldades em acompanhar o crescimento da população. E este só
foi contido pelos instrumentos maltusianos cra peste, dri 
"rrtn..rtes 
e da
gueÍira, todos muito difíceis de serem enfrentaclos. Nem mesmo a substituição
dos Mings pelos Manchus mais vigorosos, clepois de 1644, pôcle cletei o
constante declínio relativo.
um detalhe final pode resumir esta história . Em 1736 
- quando as
fundições cle Abraham Darby, em coarbroo<iale, estavam comlçanclo u
prosperaf 
- os altos-fofnos e os fornos a cawão de Honan e Hopei foram
totalmente abandonados. Tinham sido grandes antes que GuiiheÍrne o
conquistador desembarcasse em Hastings. sua produção só seria reiniciadzr
no stir'ulo )C(.
O mundo muçulmano
Alt ttlcstlto os lll ilttt'itrrs ltt:ttittltt'itr)s ('ul)l)r.us.r r istl.rrt rrr .t (.ltit1t, t.ttr
I'ltlr( tllt,,'. (l() ('( Ul, \Vl, r'lrrlr.r:t ilillrtt':;sir)n;t(l(),\ ( ()nt :;(.u l;ln,ltll(), sltit
lli
l,' 'lr1l.rr. .ro (' su:ls ri<1uezas, poderiam ter observado que aquele vasto país se
i,,., lr.rrlr s.lrre si mesmo. Tal comentârío nào poderia ser feito,
|, rl,!!, lr,, soll.c o Lnpério Otomano, então nas fases intermediárias de sua
r Ep1r.,.t,r (.(lll(,, cstando mais pertO da EUrOpa, era pgfianto muitO maiS
.11, r,..rr l(,r l):1.:r :r Cristandade. Sob a perspectiva histórica e geográfica mais
.url'1,r, ,ll l.rlo, st'ria mais exato afitmar que os Estados muçulmanos é que
, ,,l:rltui,ll ,rs lirrç.as em mais râpida expansão no rnundo, no século X\rI. Os
Iqrl r,, .l11r,1r()s trlr<> só estavam avançando pata o ocidente, como também
,r ,ll1.r',tt.r l'.rl.rvirl:r cla l,érsia desfrutavaum ressurgimento de poder, prosperidade
r ,rlr,r , r rltr rr,r, «,rrr «'special nos reinados de Ismail I (1500-1.524) e de Abbas I
r I ,tt ' l{,.'r ) ) I lrnrr <'acleia de fortes principados muçulmanos ainda controlava
,r lrrtll,r l'',lr.rtl;t tlrr Seda, via Kashgar e Turfan, paru a China, semelhante à
,.rrlr Lr ,ll r':,lrtrIrs islâmicos africanos, como Bornu, Sokoto e Timbuktu; o
lr I I I '. I l' , lrrrr, lr r t.rrr .f :rva foi derrubado pelas forças muçulmanas em princípios
,1,,',r, rrl,, \Vl; t'ir rci clo Cabul, Ba6ur, entrando naindia pela estrada do
, rr rr p rt,,t,rr l, rr , :r prrltil clo noroeste, ali eStabeleCeU o ImpêriO MOngol em 1'526.
I 1rl ,, ,r ,r r.,,,,(. ( l, rir tínio fosse frágil a princípio, foi consolidado com êxito-pelo
rrr r,, ,l, ll.rl,rrr, Aklxrr (1556-Lõ}5),iriadór de um império no norte daÍndia
!, r ,r r "t.nr lr.r tlo lllrlr-rquistão, no oeste, até Bengala, no leste. Durante todo
ir.,irrrlr, \Vll,()r,st t('essoresdeAkbaravafiçaÍarnmaisparaosul,contraos
nl.rr rr r,. lrrr, lrr,, ('x:rtlultente na êpoca em que os holandeses, ingleses e
11.1;1,,',,', r'nlr.tv:ull rla península indiana vindos do mar, e ceftamente de
1,,11r 111to pt(.1()s sul)stancial. A esses indícios seculares do crescimento
lrr,.rrlnr.rn'r(hv('rll()sllcrescentarograndeaumentononúmerodosfiéisna
.1lrt, r ,, n.r., lrr, li;rs, r.rrr comparaçào com o qual o proselitismo das missões
r tl,l i,,L',.llr.ll('( ('.
Nl r', , r 1r.rror r['srtÍio muçulmano à incipiente Europa moderna foi feito,
r r I 1,, Ir'1,', 1111r ( )s ()l()tt1an()s, ou, antes, pelo seu formidável exército e pelo
rrl llr,,r t {lrrl),rn('rrlo tlt: síti<l da época. Jâ em início do século X\rI seus
rlrr,rirt, ',, (':,1('q(li;rtrt st' tla Criméia (onde tinham conquistado os postos
,,1,r r, t.rr., p,r'rrov«'sr.s) c'<l Egeu (Onde estavam deSmantelandO o ImpériO
\' ilr -ji,ilr,r) .rl| r) l.('vllntc. Em 1516, as forças otomanas tinham tomado
It,lrr,r',,,r ( n(, .ttto st'gLtinte entraram no Egito, esmagando as forças
rrr,urrr lrr, .r., r r )ln o rrsr» clo c.anhão turco. Tendo fechado dessa maneiÍaatota
,1,r.,, .,1, , t,ur.r.,,l.rs lrrrli:rs,t'llrssubiramONilOe avArrçAfAmpelornarVermelho
{rr= rr ,.,.,1rr) lrt.li,'o, rrt'ttlralizanclo as incursôes portuguesas ali. Se isso
1,r rlrllr rl ,, , nt.lr itrltcinrs iltéric<tS, nada efa Se COmparado aO temof que OS
r e.1 llr,', lurr r )r, (':,1:tv:ltll lllovocanclo nos príncipes e povos do leste e sul da
lrl,lr,r I )., tuÍ(o:, 1:t «lt»tttilt:tv:ttll a Ilulgária e a SéfVia, e efam a inflUênCia
1,r,,l,,rrrirr,rrrl,' tt.t V.tl.tt;tti:t t'li vtllta cle todo o mar Negro. Mas, depois do
111, 111rrllr,, lr.1,r i ) slrl, ( ()tltlil () Ilgittl t'a Arábia, a pressão contra a Europa foi
,rtrrl1,1l,r ;r,t l,ttlctttt:ttt ( l52O-15(r(r). A IIungria, <l grande bastião leste da
I tl;,t,yr, l,r,[.rr.rrpr<'lr.tr'lr1lo, j;irriolrocli:tc'<tntcrosexércitosturcossuperiores
r.frrl rlrrrrrlrt.trl.t r['p6ts tl:t lr;tl:tlll;t <lt' M6ltacs, en 1526 
- 
o mesmo ano,
' i irlrrr lrlltrlçtttr'ttlt', ('ltl (lll(' ll:tlrrtr ol rf t'vc' e vitíltia ell-r l)anipat, pela qual o
,. li1g,rrl,,Í\l,rrg,,l lrrr r.:,l.tlrr'lt'titlo'li'r'i;r (<xl:t ltlirtrolr:t,sClnClCttr<>ra,OClestino
'l r;r tr,tlr. ,l.r l1, lr.r: l,rrr l'r.l(), ( ()rn ()s lurl ()s silitttttlo Vic'ttlt, iss<l dcve ter
trrl!.rllllrrrrr,r,l.rr,r 1r,.,.,rl,rlr. l.t,lt';t .tlllttttsol rst'tv:ttlot<'s. N;tr<'ltlitlltcle, ltlit1ha
l()
estabilizou-se então no norte da Hungria e o Sacro Império Romano foi
preservado. Mas a pafiir de então os turcos representaram um perigo constante
e exerceram uma pressão militar que nunca pôde ser totalmente ignorada.
Ainda em 1683, eles voltavam a sitiar Viena.T
Quase tão alarmante, sob muitos aspectos, foi a expansão do poderi<r
naval otomano. Como Kublai Kan na China, os turcos tinham criado uma
armada apenas para sujeitar uma forialeza inimiga cercada pelo mar - no
caso, Constantinopla, que o sultão Mehmet bloqueou com grandes galeras e
centenas de navios menores, para ajudar o ataque de 1,453. f)epois disso, as
formidáveis frotas de galeras foram usadas em operações no mar Negro, no
avanço meridional contra a Sirla e Egito, e em toda uma série de choques com
Yeneza pelo controle das ilhas do Egeu, Rodes, Creta e Chipre. Durante
algumas décadas, em princípios do século X\ll, o poderio naval otomano foi
mantido a pouca distância pelas frotasveneziana, genovesa e dos Habsburgos;
mas em meados do século as forças navais muçulmanas atuavam por todo o
litoral norte-africano, atacavarÍr portos na ltâlia, Espanha e nas Baleares, e
finalmente conseguiram tomar Chipre em1570-157L, antes de serem contidas
nabatalha de Lepanto.s
O Império Otomano foi, é claro, muito mais do que uma máquina militar.
Elite conquistadora (como os Manchus na China), os otomanos tinham esta-
belecido uma unidade de religião, cultura e língua oficiais numa área maior
do que o Império Romano, e sobre um vasto número de povos sujeitos.
Durante séculos, antes de 1500, o mundo do Islã esteve cultural e
tecnologicamente à frente da Europa. Suas cidades eram grandes, bem
iluminadas, com esgotos, e algumas delas tinham universidades e bibliotecas,
e mesquitas de espantosabeleza. Nas matemáticas, cartografia, medicina e em
muitos outros aspectos da ciência e da indústria - nos moinhos, fundiçâo de
canhões, faróis, criação de cavalos - os muçulmanos vinham ocupando a
liderança. O sistema otomano de recrutamento dos futuros )anizatos entre a
juventude cristã dos Bálcãs produziu um corpo de soldados dedicados e
unifor:rne. A tolerância em relação às outras raças tinha levado muitos gregos,
judeus e gentios de talento ao serviço do sultão - um húngaro era o principal
fundidor de canhões de Mehmet no sítio de Constantinopla. Sob um líder bem-
sucedido como Suleiman I, uma burocracia forte supervisionava 14 milhÕes
de súditos - isso numa época em que a Espanha tinha 5 milhões e a Inglaterra,
apenas dois e meio milhões de habitantes. Constantinopla, em sua fase âurea,
era maior do que qualquer cidade européia, tendo mais de 500 rnil habitantes
em 1600.
Mesmo assim, também os Lurcos otonlanos irianr fechar-se em si mesnl( )s
e perder a oportunidade de dominar o mundo, embora isso só se tivessc
tornado claro um século depois do declínio Ming, notavelmente semelhanttr.
Podia-se argumentar, até certo ponto, qlle esse processo foi a conseqtiêrrc:irr
natural dos sttcessos tllrcos anteriores: o exército otontano, por mais llcrrt
trchninistrackr que fosse, pocleria manter as extensas Íi'onteiras, mas cliflcilrt.rclrt«'
st. 1'roclcri:r cxltanclir rltlLis scnr urn cn()rmc cLlst() em h<>tnens c clir-rltciro. l'l <r
irrrpclirrlisrrrr) ()l()nl11Ít(), lto «:ontrÍri<t cl<t csltaultol, ltol:rntlôs t' irrglC's, ttr:tis
t.rrrlt., rr:i<» Íiri r'<olrorrri(lllr('r'rl('nrrrito 1'rt-ovcitos«r. N:t st'gtttttl:t tttt'llttlt'tkr
'.r'r 1lo \Vl, o itttllr:tt,) ttt(,slt:tv:t ,rs ltlitttt'itrrs sitt:tis,lt't \,r'ssir',1 ('\l('lls:l()
,',tr,rtril.lir'rr, com um grande exército estacionado na Europa central, uma
,,r('lr )sir rnarinha operando no Mediterrâneo, soldados em atividadena Africa
,1, r Noltt', tigeu, Chipre e o mar Vermelho, e com a necessidade de reforços
l',r,r nriu)tcr a Criméia contra um cresc:ente poderio russo. Nem mesmo no
I rl('nt(' I'r<iximo havia um flanco tranqüilo, devido a uma desastrosa divisão
r, lr1lros:r rro lnundo muçulmano, ocorrida quando a facção xiita, baseada no
Ir,rrlrrt'r'clepois na Pérsia, desafiou as práticas e ensinamentos Sunitas
l,r.rLrrrirrruttes. Por vezes, a sitr.raçào assemelhou-se à das lutas religiosas
' ')!rt('ntl)()fâneas na Alemanha, e o sultâo só pôde manter o seu domínio
, ',rrr.rli.rrr<lo os xiita clissidentes pela força. Do outro lado da fronteira, porém,
, , l, ur( ) xritrrs da Pérsia, governado porAbbas o Grande estava preparadopara
rlr,rr :,r'rros l,]stados europeus contra os otomanos, tal como a França teve de
.,',rl r('r:u (()ll () turco "infiel" contra o Sacro Império Romano. Com essa
, ur, rl.rrlt'rlt: eclversários, o Império Otomano necessitava de uma liderança
rr, ,t.rvr'l l):u.rr nr:rnter seu crescimento;mas antes de 1566reinaram ali 13 sultões
lilr , rnrlx'l('nlc:i) ctn sucessão.
I r r irr r igos cxternos e deficiências pessoais, porém, não explicam tudo. O
,t ,t' nr.r ( ( )ln() r.lrn todo, da mesma forma qr:e o sistema da China Ming, sofria
, rrl.r vr'u rrr:risrlcalgunsdosdefeitos dacentralizaçâo,dodespotismoedeuma
, rrt, rr lo\ i,l s('v('r'u e nl sua atitude para com a iniciativa, a clissensão e o comér-
, r,, I rrr srrll;ro icliota podia paralisar o Império Otomano de uma forma que
,, r r. r r r r l)ossrvc,l lr Lun papa, ou um imperador do Sacro Império Romano, fazer
' rr i.l,r(;r( ) :r t()(l1l litrropa. Sem clireção clara do alto, as artérias da burocracia
, , rrrlur('( ('r':un, prcf-erindo o conservantismo à mudança, e sufocando a
irr"\.rr.rr A lrrltl clc expansão territorial e a pilhagem que a acolnpanhava,
,1, 1,, ,r., ,l, l550, ,ulttamente com o grande aumento nos preÇos, levaram os
Jrrr.'.r,.. rlcst «»ttcl-ltcs ao saque interno. Comerciantes e empresários (quase
t,,, l,r, , r.t r;rntit'irrrs) que antes tinharn sido estimulados, viram-se sufeitos a
nrl', ',t, r:, irnprt'r,isívcis e cctnfiscos diretos cle suas propriedades. Tarifas cada
! ' llf ,lr.r( ,.. :u n rinlu ltr-u o comércio e despovoaram as cidades. Talvez os mais
;,r,1rr,lr,,rrlos lt'rrluun sickt os camponeses, cujas terras e rebanhos eram
,,,1 ,1,.rrl,,r, pclos s«rl<llrclos. Com o agravamento da situação, os funcionários
, rr r. Lrrrl)('nr ri(' vollararn paru o saque, exigindo propinas e confiscando
',r,', lur',,,1,'rrrt'r'trrckrrias.()scllstosdaguerraedaperclad<>comércioasiático
,lrr.rrrtr'.r lrrt:r (()nr u ])('rsia intensificaram a br:sca desesperada de novas
r,, ' rt.r', 1r,'lo tI)v('r'n(), () (lue pof su2t vez atribuiu maiores pocleres aos
ir' ., rrl,rl, r:;o:i t olt'totcs clc irnp<tstc>s.9
",1 
r r ctlr) :tsl)('('t(), rr vi«rlenta reação aos religiosos xiitas refletiu e
l'r' rrn( r(,u urn t'rrrlrrr-r'« irttc't'tto clas atitucles oficiais para com todas as formas
,1, lrl,, rrl.rrI tlt' pt rrs:u)t('Í)t(). A imltressão cle textos foi proibida p()rque
;,,,, 1, 11,1 ,lr:,:'r'rrrirr:rr olrirriocs Pt'rigoslts. As noções econôtnicas continuavam
.,,r1l,,prrrrllir;lsr itsilnl)otllt(,'r'>r'sclt'1tt'ocltttosociclentaiscramdesejadas, lnas
.r,, 11,)rl.r(()( s lor:rrrr proilri«l:rs; :t1roi:tt':tnt scr lts gttiltllts cl11 scus esfttrços c1<
Ir'ttlr | .t ll)\"t(,11) ( :t.ts(tt)slo tlt'I)r()(((lilttt'tttos "t;tltit:tlistas", zts clíttcits
t ll11ir,.,,r',.t( ):,r i )lrr('t( r,lrl( :, ill( n:;ilii ,u:rl :;t . I )t's1rtr'z:ttttl<l:ts icl('ilsc 1l'íttit:as
r tltill ,r r.l.. í).,lUt((rr,r( ( |r,.lt:ilil:;( .1,t(l()l;il ilt('l(lrltlsltt:tisll()\'()sl)lllil «rllttlxttcr
,t.r l[ ,lr ', 1 ilt ( r )il.,,( ( lU( r)( r.r. :iU.r l)o1rUl.t1;to S()Í tt'tt ltt:tiS < ortt t'llitlt'ltties
rlllr'rrl,r', Nunr.tl.r(lur'(:,lr.rnlo:,r,,1, ,,l r:.r ut,tttli:,tl(), ttlrt:t lotr,;l rlt i.rttiz:ttrrs
,{ l .al
destruiu um observatório do estado em 1580, alegando que ele era a causa da
peste.l0 As forças armadas se tinham transformado, na verdade, num bastião
do conservantismo. Apesar de conhecerem as novas armas das forças
européias, e de serem por elas ocasionalmente castigados, os janízaros só se
modernizaram lentamente. seus pesados canhões não eram substituídos pelos
modelos mais leves, de ferro fundido. Depois da derrota de Lepanto, elei não
construíram navios maiores do tipo europeu. No sul, as frotas muçulmanas
simplesmente receberam ordens de permanecer nas águas mais calmas do mar
vermelho e do golfo Pérsico, contomando dessa forma a necessidade de
fabricar navios de alto-mar, do modelo português. Razões iêcnicas talvez
ajudem a explicar tais decisões, mas o conservantismo cultural e tecnológico
também teve um papel (em contraste, os corsários irregulares da Barbâria
adotarum logo a belonave do tipo fragata).
As observações acima sobre o conseryantismo aplicam-se com a mesma,
ou maior, força ao Império Mongol. Apesar das grandes proporções do reino,
no seu auge, e do gênio militar de alguns de seus imperadores, apesar do
brilho de suas cortes e do esmero afiesanal de seus produtos de luxo, apesar
até mesmo de uma sofisticada rede bancária e creditícia, o sistema era débil,
em seu núcleo. Uma elite muçulmana conquistadora se impunha sobre uma
vasta massa de camponeses pobres, partidários principalmente do hinduísmo.
Nas cidades, havia um número considerável de comerciantes, mercados
animados e uma atitude para com a manufatura, o comércio e o crédito, entre
as famílias hindus, que faria delas exemplos excelentes da ética protestante de
lweber. Em contraposição a esse quadro de uma sociedade empresarial pronta
paraa"partida" econômica antes de servítima do imperialismo britânico, estão
os retratos mais sombrios dos muitos fatores indígenas retardatários , na vida
indiana. A rigidez dos tabus religiosos hindus agia contra a modernização: os
roedores e os insetos não podiam ser mortos, o que provo cava aperda de uma
enorme quantidade de alimentos; os costumes sociais sobre o manuseio do
lixo e dos dejetos levavam a condições peÍÍnanentemente insalubres, um
campo de cultivo para as pestesbubônicas; o sistema de castas sufocava a
iniciativa, impunha o ritual e restringia o mercado. E a influência exercida
pelos sacerdotes brâmanes sobre os governantes indianos locais significava
que esse obscurantismo se fazia sentir no mais alto nível. Eram obstáculos
sociais, dos mais profundos, a quaisquer tentativas de modificações radicais.
Nâo é de espantar que mais tarde muitos ingleses, tendo primeiro saqueado
e depois tentado governar a india de acordo com princípios utilitários,
deixaram-na finalmente com o sentimento de que o país continuava sendo um
mistério para eles.11
Mas o governo mongol dificilmente poderia ser comparado com a
administração do serviço Público Indiano. As coftes brilhantes eram centr()ri
de consumo ostensivo numa escala que o Rei Sol, em Versalhes, teria
considerado excessiva. Milhares de servos e clependentes, roupzrs e jílias
extravagantes, haréns e zoológicos, nLlmer()sos guarda,costus, s(r po<li:rrn scr
<'ttstcaclos pela criaç:ão cle ttma máquina cle pilhagern sislcrn:it iclr . ( lol<.lolt's ck'
ittlltoslos, <;ttc linlt:tt-tr cle entrcgar s()r)llls prcrk'tcrntilr:rtl;rs :ros sr.rrs st,lrlrort's,
< :tí;tltl st'ltt ltrist'ri< írrtli:t l:tttto s«rllrt' o clrnrlrottC's t orno sol rrr. ( ) ( r )lu(.t( i:ullr..
(.)tt:tisrllt('l (ltt('Íirsst'ttr;ts <onrliçrx's rl:t collrcil;t orr rlo corrr,.t, io, o tliltltt,it11
rrrlr,r r lr' :,('r. l)lll(). Não havendo garantias constitucionais, ou quaisqueroutros
r, , r r',, ," ('x( ct() a rebelião contra tais depredações, não era cle surpreender
'lr, .r lrrlrul:rt,rio firsse conhecida como "a comida". Em tfoca desse tributo
rrrrr,rl ,,l,sSll, a população não recebia quase nada. poucos foram os
111, lllr 11,1p11r'111()s nrts comunicaçôes, e nenhum mecanismo de assistência no
, r ,, , ,l, l.rrrt', irrrrnclação e peste 
- que eram, naturalmente, acontecimentos
,Ir, ,,r'rr'1 r|li:Urr c'om regularidade. Tudo isso faz com que a dinastia Ming
| , r rr r. .r I 'r'n illtr:r, ( lUaSe pfogfessista, em comparação. Tecnicamente, o Império
\ f , ,1 lyrr rl r lrt lirr:r r-i:r lx)r se ter tornado cacla vez mais difícil mantê-lo contra os
r,il.rr.r.. rr,r:,rrl, ()s alêgãos no norte e, finalmente, a Companhia das Índias
r rrtr rt.il,, N,r lr';rlirlacle, porém, as causas de sr-ra decadência foram muito mais
llrl' lll,l', {11 ) (lll(' ('XtCrnas.
D«ris estranhos 
-lapío 
e Rússia
ILrr r.r rr, sr't trlo XVI dois outros estaclos que, embora estivessem longe
, l, , r rrrr 111l1. r' P,lrr rllrç'ào dos irnpérios Ming, otomano e Mongol, demonstravam
rr r ,l! , 'rn:,()li(l;t(.riop<tlíticaecrescimentoeconômico.NoExtremoOriente,,, 1r1,1,, r",t.r\,r rlrrnrlo passos à frente com a mesma rapidez com que seu
r;r ,r, l' \ r.,rrlr,, r'lrlti'ri começava a atrofiar-se. A geografia dava uma grande
. rrr n'( rrr r"'r r.rlt'r1it:r los japoneses (como aos ingleses), pois a insularidade
ll l I 'r, ,l )' l ( to1.t v:l t tttte 1>rOteCãO Contra a invaSãO por terra, C()m que a China
r,r,,,,,rr.r\.r ÀtlrslrrrrciaentreasilhasdoJapãoeocontinenteasiáticonão
,, 1,,,r, rrr r,r.rl,r'rrrrritoclaculturaedareligiãojaponesastinhasicloadaptado
,lr , i\ rlr..r{,r, nr.ri ;uttiglr. Mas enquanto a China efa governada por uma
1,,,r,,' 1 s, r.r rrrrrlrr:rtlrr, <> pocler noJapào estava nas mãos de senhores feudais
I'r ' r,l,,,(,r,l.r:,,t'.irrrlrcracloreraapenasLlmzero.ogovernocentralizado
,1, ' , , rrl,, \lY trrrlr:r sitlo strltstituíclo por uma luta constante entre os clãs 
-I',i , r, l r ,,,rrr ,r llrlll ('ntrc ()s seus equivalentes, na Escócia. Nâo era uma
,lr, ilil,r Ir, r.r r(lt.rl P;U.r trrmcrciJntes e mercadores, mas não infpediu r.rm
,,,lrttrr' , r,11.1111 1,111'l r13 lttit,iclacle eCOnômiCa. NO mar, COpO em terra, OS
' ilrl,r, rr, ,, ( (,n( ()il('r':lD) c()t11 ()s senhores guerreiros e os aventureiros
rrllir rr, . 1,,,r',.rrrrlrrs vi:rrrr o ltrr-to rto c«>mércio marítimo do ieste asiático. os
l,{r rr I lrl,(,ilr',,(:, l,r'r<ol|ilrrrr lrs c()stas da china e corêta saqueando, ao
r, rl, t, !!rl)r ) ('nr (1r('()ull()s jltl>oncses saudavam a oportr-rnidade de trocar
,,r r, r, 1,,1 1.1',, ( )ír ( )s l)( )r'lugu('rics er holandeses que vinham do ocidente. As
rrr , |.,t,t,,(.os:il1ir',r)\(.U11 )P(.Usl)cnetrafzul.lnasociedade japonesacom
rrll,,rrtt l.r,tlt,l.trlt'rlr)(lu('llurrllrrrPcrioMingaltaneiroeauto-suficiente.l2
l . ., , , rr.rr, , .urin):rt lr r, t,rrrlror':r ttu'lrtrlento, scrizr moclificado logo cotn o
1,, rlr unr.r', r'rrro;rt i.rs irnlrorllrrl;rs. (,otn«r cslltva ecr()ntecrcnclo em outras
l,rrr ,1,,11111111 l,,,r,1x,tl«'r 11rrr,ilrrr,:r n:t <lit«'('ri<ltl:isyrcss<las,()LlÍrlrl)os,que
,ll.,l,rrrlr.rrrr ,1, r, , lr:.r):, l).1:l < ortr:rrrtl:u- rtttt t]l'ltntlt. t.xi'x'it<t (.()nl 1ll()si(lttcttcs
. r' 'lr. ' r,r rr.u" irrrlxrrl,rrrlr' :tilrl:r, t:tttltot's. Nrl.f:r1r;i<1, rl rt'sLtlllttl<l Í<ti a
,,,rr ,,lr,l r,,trr rl.r ,rrrl.rirl.rtlr. ,1,, 1,1.111,1r" scrrlror. liur.l.rt.irrr llirl<.yoslri. r.rrjlts
.t l,lrr,,r,..rr.tl,.l.rnr l,\,urrloo.t rlu.t:, 1(.nl.tli\:tsrlt r.oltrluislttt :t(.rlt.t:itt.(l<lttt
',lr.r, r,.',,1r.,1.r,.r'1i,nr,t nl()tl( (l, llr,l,.\,r:.lri r.rrr I,r)l'j,,r t:U(.1:lt.ivil t,ollott
.t.1il|l.tr-11 r,l,t1r.trr l]r'trltrrrlcrilrr(),tilr)t,,lrí)t(,ilt,lrrrlrrrr;rotlr.t :,r.rrrn:,rrlirltn:t
na mãos de Ieyasu e seus companheiros xoguns do clã Tokugawa. Desta vez,
o governo militar centralizado não podia ser abalado.
Sob muitos aspectos, o Japão Tokugawa tinha as características das
"novas monarquias" surgidas no Ocidente no século anterior. A grande
diferença era o repúdio do xogunato à expansão exterior, na verdade a
praticamente todo contato com o mundo exterior. Ym L636, foi suspensa a
construção de navios de alto-mar e os súditos iaponeses foram proibidos de
realizar esse tipo de viagens. O comércio com os europeus foi limitado aos
navios holandeses autorizados que faziam escala em Deshima, no porto de
Nagasaki; os outros, foram afastados. Antes mesmo, praticamente todos os
cristãos (estrangeiros e nativos) tinham sido impiedosamente mofios por
ordem do xogunato. Evidentemente, o principal motivo dessas mediclas
drásticas foi a disposição do clãTokugawa de conseguiro controle indisputado:
os estrangeiros e os cristãos foram considerados, pottanto, como potencialmente
subversivos. Mas também o eram os outros senhores feudais, razão pela qual
lhes foi exigido qlle passassem metade do ano na capital e que nos seis meses
que podiam permanecer em suas teffas, as respectivas famílias continuassem
em Yedo (Tóquio), praticamente como reféns.
Essa uniformidade imposta não sufocou, por si mesma, o desenvolvimento
econômico - nem impediu reabzações artísticas destacadas. A paz por todo
o pais eraboa para o comércio, as cidades e a população getal cresciam, e o
uso cada vez mais freqüente de pagamentos em dinheiro tornavam os
comerciantes e os banqueiros mais importantes. Estes ílltimos, porém, não
gozaramnunca do destaque social e político que tiveram naltâlia, Holanda
e Inglaterra, e os japoneses obviamente não puderam aprender e adotar os
progressos tecnológicos e industriais que ocorriam em outros lugares' Como
a dinastia Ming, o xogunato Tokugawa preferiu, com polrcas exceções, isolar-
se deliberadamente do resto do mundo. Isso pode não ter retardado as
atividades econômicas no próprioJapão, mas prejudicou o poder relativo do
Estado japonês. Desdenhando o comércio, e proibidos de viajar ou exibir
armas, exceto em ocasiÕes solenes, os guerreiros samurais depenclentes de
seus senhores viviam uma vida de rituais e tédio. Todo o sistema militar
anquilosou-se durante dois séculos, de modo que quando os famosos "navios
negros" do Comodoro Perry chegaram em 1853, o atemorizaclo governo
japonês pouco pôde fazer, além de atender ao pedido americano de
fornecimento de carvão, e outras facilidades.
No início de seu período de consolidação e crescimento político, a Rútssia
parecia-se com o Japão sob cefios aspectos. Geograficamente muito distante
do Ocidente - em pafie devido àprecariedade das comunicações, e em parte
porque os choques periódicos com a Lituânia,Polônia, Suécia e o hnpéritl
Otornano inter:rompiam as estradas existentes - o Reino de Moscóvia foi, nào
obstante, profundamente inflttenciado pelo seu legado europeu, inclgsivc
pelalgreja Ortodoxa Russa. Foi do Ocidente, além disso, que veio a solttçãrr
duradoura para a vulnerabilidade da Rússia aos cavaleiros das planícies asiít-
ti(:1rs: rlrosqLletcs e canhões. C<>tn essas novas arfilas, Most'<ltt lloclia :rgora esl:t-
lrt.k'r't.r--sc ('(»l)() Llrn clos "impórios cla p<ilvora" c cotll iss«r t'x1r:ttttlit--sc. Iirtt
rlilí« il rrrrrlr r.x1'xrrrs:io 1'r:u':r ocstt:, 1;ois sttcr'os c 1.lolottt'st's l;ttttlr«'ttt «lisltttrtltltttl
,1,'ss:ls iilnr:ls, ltl:ls:l ('xl):tlls:i, trrlotti:tl (()l)ll':l:ts lt-ilxrs «'lrlitlt il,:r.l,rs tlo sttl
r lr,,,tr. lr )l nltva-se muito mais fácil com essa vantagem militar-tecnológica' Em
l=r-,(r, l)t,r.t,xcmplo, os solclados fLlSSoS tinham chegaclo ilo [Iar Cáspio. Esse
, u l,,rrrsi,,rrisrno inilitar foi acompanhado, e freqüenternente eclipsado, pelos
, *i,l,,r,r,l,rrt.scpioneirosqueCo;stantementeavançavampar:rlestedosUrais,
,rtr,rr,,.r, .l:r SilÉiia, e tinham até mesmo chegado ao Pacífico em 1638.13 Apesar
rlr ,,1,r srrgl,ri<triclacle sobre acavalaria mongol, conseglticla zi Clttras penas, o
, r, ,,( Iil(.nt() ckr Lnpério Russo nada teve de fácil ou inevitável. Quantr.r mrrior
' , nlnr(.r'(, .1t' pt>vos conquistado, maiof a probabilicl;rcle cle clisseusào intefna
I rl|t(,v(,lt,,.<)snobresúroteram,Comfreqüência,iuqttietos, lnesmoclcpOis
r [,,r.u (.\ l)r.n.l]() por Ivã o Terrível. O principad() táÍtaro da criméia continuava
,,r rrrIrrrrriiniini[opocleroso; seussolcladossaqueafamMoscoltern1571,eele
,r,urt('v(. ,, irrrlepeÁdênciaatê fins do século XVII. Os clesafios cio oeste eram
,rlrr, l,r rrr:ris,r,rrciçadores: os poloneses, porexemplo, octtparam Moscou entre
ltrol{ (. l()1.J.
r lrrllrr clçlriliclade estava no fato cle que, apesar de certas ir-rÍl-lêncizrs clo
I r' tr [.nt(., :r llússia Continuava tecnOlogicamente atrarsada e econotnicamente
,,il|,,h.:,r.trvolvicla. Os Climas extremgs e aS distânciaS enOrures, alét'n cla
1,r, r,rrit tl:trlt'<llt c<>rnunicações, em parte explica isso, mas zl olltrzl parte cla
, ,l,lr,,r*r,r t.stír n<>s sérios defeitos sociais: o absolutisrno militat clcls czares,
r r r ir,rr,i x rlio rlrr cclucação pela Igrela Ortodoxa, avenaliclacle e imprevisilliliciacle
rl.r lrrrrr,,.r,r..i,r, além cla initituiçao da servidão, que tofnava feudal e estática
I r|,r rr rrltrrr.1l. Apesar cieSSe atraSO relativo, e dOS retfocessos, zr RútSSia
, , ,,,,,,,,,,,rr :r .'xpanclir-se, impondo aos §ells novos territórios a mesna força
rrrrfrt,rr r.g()vcilt():rutocráticO que usava parà afrancàr a Obediência aOs
111r r.,, r rVil,lS. l.cvltntar:r na EUrOpa empréStimos SufiCientes pataclat eo lcgime
r l, ,11 ,1 ,q 1 rrrrrr l:t ncc:cssária à sua preserwação, ao mesmo temp() em qlle resistia
lr, ,,,,1r, r,'rrt.. r lr >cll possibilidaclé cle "modernrzação social e política ociclental.
r )..',.tr.illri('irirstraRÍtssia,porexemplo,estavamsegregadosclosnativospara
Irrl, rln .rs lrrllttl'ttci:rs súverSivas. Ao contrário dos outros clcspotismos
,,,,',,,,,,rr.1r1,,s rrt.sttíclpítg[o. o império clos czarcs t'clnscgr.tiri:t sr_rllreyivcr. c
r l(rr,,:,r,r , rt'st.t,r-iu utó ihegar a ser uma potência mundial. Não obstaute, etn
l ,l1r. r..rirrrlrr c.rrt l(t50, isJo clificilmente seria previsto pormuitcls frzrnceses,
lr, ,1.1r, lt.:.r.s t. ipglcscs, que talveZ SOLlbeSSem tanto Sobfe o governante russo
r p r,r r r l( , 'olrr'«' o lcrtclítrkr Prester John.* 
1"
O "milagfe eufoPeu"lt
l,or rlrr«. liri cntrc Os clispersos e felativamente poLlCO adiantados
Ir,r I ,rt,r r rtr':, t l: rs P:trtcs ociclcntais da tnassa terrestre da Eurásia qlle ocol-feLr um
l.t,,, r..,.,o irrr t.ss:lt)tt,t[,<['scnVr>lvitnentO eCOnômiCO e inOVaçãO teCnOlógiCa
,,rr l.rrr.rr[.:;s:lt('Í]l:l()«rlítlercgnrcrci'.rlemilitarClOmun<lO?Éumapcrgllnta
,itr, t,.lrr,.st itrrrrl:rtlo ()S ('slu(li()s()s c <>l>seryaClOreS há SéCUIOS, e IUCIO O qUe
t,,,, 1,,,.,t,, 1,,.t,,, r,,lr.r,rryr lcrrrl:rrio:r (lu( r1r n;r Iirnrllt Ittulit'v:tl_st':rlrillttitt <lcl<lulínirlcle tlut
l,,t,rrl, r rl,,t,tr, (.,( r.r\,.t,1{} lr. lrrrrrr,l,r rurrqrrlrrr:rrr,,, llir Asi:l,,tt tl;t Âltit:t, t liglr<kr:t tt;trrltlivlts «lc
r llll tr', l,rl,rrlr,,,r', ( l"l , lo I )
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a
podemos fazer, nos parâgrafos seguintes, é apresentar uma síntese do
conhecimento existente. Por mais imperfeito, porém, que esse sumário tenha
de ser, ele dispõe da vantagem incidental de expor as principais linhas da
argumentação deste livro, ou seja, a de que havia no caso uma dinâmica,
impulsionada principalmente por avanços econômicos e tecnológicos, embora
sempre interagindo com outras variáveis como a estrutura social, a geografia
e o acidente ocasional; de que para compreender o curso da política mundial
é necessário focalizar aatenção nos elementos materiais e a longo prazo, e nào
nas imprecisões da personalidade ou nas oscilações semanais da diplomacia
e da política; e de que esse poder é relativo, só podendo ser descrito e medido
por freqüentes comparações entre os vários estados e sociedades.
Uma característica da Europa que atrai imediatamente o olhar ao
examinarmos um mapa dos "centros de poder" do mundo no século XVI é a
sua fragmentação política (ver Mapas 1 e 2). Não foi uma situação acidental ou
passageira, como acoilteceu rapidamente na China depois do colapso de um
império e antes que a dinastia sucessora pudesse recolher novamente as
rédeas do poder centralizado. A Europa foi sem.prepoliticamente fragmentada,
apesar mesmo dos grandes eslorços dos rclmanos. quc nào conseguiram
conquistar muito além do norte do Reno e clo Danítbio; durante mil anos,
depois da queda de Roma, a unidade básica do poder político foi pequena e
localizada, em contraste com a constante expansão da religião e da cultura
cristãs. Concentrações ocasionais da autoridade, como a de Cados Magno no
Ocidente, ou da Rússia de Kievan no Oriente, foram apenas acidentes
temporários, encerrados coln uma mudança de governante, rebelião interna
ou invasões externas.
Por essa diversidade política a Europa deve agradecer, em grande parte
à sua geografia. Não há nela planícies enormes pelas quais um império de
cavaleiros pudesse impor um domíno rápido; nem há áreas fluviais amplas e
férteis, como as que acompanham o Ganges, o Nilo, o Tigre e Eufrates, o
Amarelo e o Yangtsé, alimentando massas de camponeses trabalhadores e
facilmente conquistáveis. A paisagem da Europa é muito mais fraturada, com
cadeias de montanhas e grandes florestas que separam centros populacionais
dispersos pelos vales; e seu clima varia consideravalmente de norte para sul
e de oeste para leste. Isso teve várias conseqüências importantes. Para
começar, tornou difícil a imposição cle um controle unificado, mesmo por um
senhor guerreiro poderoso e decidido, e minimizou a possibilidade de ser cr
continente conquistado por uma força externa, como as hordas mongólicas.
Inversamente, essa paisagem variada estimulou o crescimento e a existência
contínua do poder descentralizado, com reinos locais e senhorias de fronteirlr,
com clãs dos altipianos e confederação de cidades nas terras baixas, fazencltr
com qlie o mapa político da Europa, em qualquer momento após a queda clc
Roma, se parecesse a uma colcha de retalhos. Os desenhos cla colchl
poderiam variar de século para sécttlo, mas nenhuma cor ítnica pôclc jarrlrris
ser lrsacla para inclicztr um irnpé:rio ltnific:rclo.rt'
() clinta vlrria<.lo cl:r lirrr-op..r lcvotr u proclrrtos tetnl rénr vlttiltclos, :ttlt't 1tt:trl«,s
;t lrrrt';t; ( ()nr () tcrnlro, tlt'st'nvolvc'rtckr-sc rrs t't'lltçoc's clc' ttrr'tllttlos, t'lt's lirt:tltr
lr:llsl)orlrr<los lrt'los li«rs orr lrt'krs r'lrtninltrts r'or(:t<los tt:t ílrtlcsl:t, t'ttltt'ttttt:t
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importante desse comércio era a de consistir principalmente de produtos
transportáveis a granel 
- madeha, cereais, vinho, lã, arenques e outros,
atendendo à crescente populaçâo da Europa do século xv, e não os artigos
de luxo levados pelas caravanas orientais. Mais uma vez, u g"ogrãfi^
desempenhou papei.crucial, pois o transpofie dessas mercadorias por-água
era muito mais econômico, e a Europa dispunha de muitos rios navegávéis.
o fato de estar cercada por mares foi mais um incentivo pata a vital indústria
de construção naval, e em fins da Idade Média um florescente comércio
marítimo processava-se entre o Báltico, o mar do Nofie, o Mediterrâneo e o
mar Negro. Esse comércio era, previsivelmente, afetado em parte pela guerra
e pelos desastres locais, como destruição das colheitas e pestes. Em geral,
porém, continuou a expandir-se, aumentando a prosperidãde cla Eurõpa e
enriquecendo sua dieta, levando à criação de novos centros de riqueza, como
as cidades hanseáticas ou as italianas. As trocas regulares de mêrcadorias a
longas distâncias, por sua vez, estimularam o crescimento das letras de
câmbio, de um sistema creditício e bancário de escala internacional. A simples
existência do crédito mercantil, e em seguida das cartas de seguro, indicavam
umaprcuisibilidadebâsica das condições econômicas, até entáo só raramente
desfi'utada pelos comerciantes privados, se é que chegou a existir, em
qualquer lugar do mundo.17
Além disso, como grande parte desse comércio era feita pelas águas mais
agltadas do mar do Norte e Baia de Biscaia 
- e também porque a pesca de
alto-mar tornou-se uma fonte impofiante de alimentos e de 
-rique 
za 
- os
construtores de navios foram obriga dos a fazer barcos resistenteó (apesar de
lentos e deselegantes), capazes de transportar grandes cargas e ter nos ventos
aínica força motriz. Embora com o tempo aperfeiçoassem mais as velas e os
mastros, e lemes de popa, e pofianto se tornassem mais manobráveis, os
barcos bojudos e de duas frentes do mar do Norte e seus sucessores podiam
não ter a aparência dos navios mais leves que percorriam o litõral clo
Meciiterrâneo oriental e o oceano Índico, mas 
- como iremos ver acliante 
-viriam a ter vantagens claras a longo prazo.ls
As conseqüências políticas e sociais desse crescimento descentralizado,
e em grande parte não dirigido, do comércio, dos mercadores e dos portos e
mercados foram da maior significação. Em primeiro lugar, não havia corno
sufocar totalmente a evolução econômica. Isso não quer dizer que o
crescimento das forças de rnercado não perturbou muitos dos que tinham
autoridade. os senhores feudais, desconfiados das cidades como centros cle
dissidência e santuários de serwos, tentaram muitas vezes reduzir-lhes os
privilégios. como em outras áreas, os comerciantes eram com freqüência
atacados, suas merca<lorias roubadas, suas proprie<lades confiscaclas. os
pronunciamentos papais sobre a usura faziam eco, sob muitos aspectos, ri
aversâo confuciana pelos intermediários e agiotas em busca de lucro. Mas <r
fato básico era a inexistência cle uma autoriclacle unifornre, na Fiuropa, (lu(i
puclesse deter com eficácia estâ oll :.tc1ucla cvoluÇâo ckr c<>r-nérci6;- cl., L,rrr
g()vcrno central c'ujas variaçÔes n.ts 1'»'i<lr'i<lu<l.c's 1-rr.rrl,-'sscrrr l)r()v()(';ll. 1 strlric[r
«rtt t;ttc'tllt <lc tture clctcrtttinlt<l:t irr<lústlie; rk: rrr»lr pillr:rgt^lrr sislt.rrr;illc.:r t.
ttttit't'ts:tl tlos l)otttt'l-ts clc ttt'13oc'ios t't'r»1rrt's:ilios 1lt^los t olt.lolr.s tlt. irrrposlls,
(Jll( l:llll.l l't'l:tl'tlott it ('(í)rtottti;t tl:r Írrtlr.t rrt,rlrlytl. l,t'rrrll.rrrrl,r urrr r.xr.1r1rlrr
r ,:1rr , tlt, , r {. I )l )vi(), cra inconcebível, nas fragmentadas circunstâncias políticas
,1.,'l ,,,, 
'1 
,,r rl.r l(t'lirrtna, que toclos aceitassem a divisão, em1'494 e pelo papa'
,1,, rrirr, l,,,lt' ;rl(''rn-mar'em esferas de Espanha e de Portugual - 
e ainda
. r, r, , . , , ,r r, , l rrvt'l tltte uma proibição do comércio exterior (como a promulgada
n.r I lrlrrr l\lrn1l t'rl«rJztpão Tokugawa) tivesse qualquer efeito'
r ) Lrl,),',1,,., lrarrte na Europa, sempre, príncipes e senhores locais
rlr;,,,.tr,..r loltjtltt'os mercadores e sells usos, mesmo quando outros os
f ,illr ri rilr r' ('\l)ttlsltvam; e colno a história lnostra, comerciantes iudeus
i ,1 ,r rrrrlr l, r',, lt, tl ,,,ll,,rtl,rrcs tâKeis, flamengos arruinados, huguenotes perseguidos
Irrr,l r,ilil ',( , l,'vltttcl<l consigo os seus-conhecimentos' Um barão cla Renânia
,grr. trrl,ill.r',',('('!r)('xcessoosviajantescomerciaisveriaqueasrotastnercantis
,, rr rll,lr il.ilil l)ilril ()tltros lugares, e com isso, as suas rendas Um monarca
il,r, r' I'r(lr,r,t(' strrrs clíviclaã teria dificuldades imensas em levantar um
ilill,rr,.lilrr()(1il:lt)(l()apróximaÉ]uerraseconfigurasse-eeleprecisasserapida-
r rr, I ri, , l, r( ( r r:.( ,, 1r,,,', eq,"riparieus exércitos e armadas Banqr'reiros' negoci-
,rtr rlr ,,,r,r. (,iu1csii()s eram essenctats, e não acessórios, na estn-ttura da
', ,, rr ,l,rr 11 [,s lx )tl('()s, e c1e maneira desigual, a maioria dos regimes c|:r Euro-
1, r , r rlrr l.r .rr ,,,,t,, t'.,íaçào sirnbiótica coP a econ<>mia c1e mercado' clando-
tl,, rrril.rr)r1l(.ilrirr(r.rnaeumsistemaiurídiconão-arbitrário(mesmoparaos
, rr ilrl,' 1;r,',), r'r'.'tolllcnclo em impostos uma parcela dos lucros crescentes
,li, ' r,rrr r, r,, l\{ttito ltntes cle ter Adam Smith criado as palavras exatas' os
Ii,,. , ilr rrrtr ,,r lr.r r.r.l:tss«rc'ieClaCleSdaEurOpaOCidentalreCOnhecefamtacitamente
' 1,r, I' r.r lr'\',rt trtrl listirclo ao mais altcrgrau cle opulência' pafiindo do rnais
.,rl' il,,r l,,ill,.tti:'ttt.,, l)()Llcl()maisénecessàrioaiémclapaz,tribut<lsmoderados
r r,rrrr t,rlr t,tVt'l ;rtltttit'tistração da iustiça"'"'eDe tempos em tempos' líderes
ilr, r,, ,' il',r\'( l:' ,,,,.,,,, à, aclministraclores espanhóis de Castela' ou uln
, ', r r, ,r.rl r.r li rtttlxrll cla França -- lnatavam, realmente, a galinha dos ovos
,1, .irr,, rr.r' () tlt'tlírlio cle'riqueza, e portanto de poder militar' disso
, rllnl{ ( \ r(l( tt( i:lv1l sc rapidamente a todos os qlle não fossem cegos'
l,ril\ .r \ r.lrr rt.rrlt' < I úr-ricct tàtor que pclderia ter levaclo a ulna centraltzação
'lr rrrt,,rr,l,rrlr':,,ti.t rttttllclcscobefii,porumestado,tàograndenatecnologia
, l r rr rrr.r', , 1. 1.1',o, r 1r lt' lotlos os aclversários fossem esmagaclos ou aterrorizados
:i,,ilrilr,,,l, r.r1,trl,r:tct'lt'l'lLlrlclntoemquesedesenrolouodesenvolvimento
, i ',r,,rr( , r' l.r rrit o tlrt l'lttropa clo sécllo XV, à medida que a população se
r, ! ,1 ,. , r .r , l.r l,r.slt. Nt.g'r . ir Re nascirnenttt italiano florescia, isso não seria
r.rl,,, r\ r I l r rt,,,,,,,,,,lirr",rxls a<litna, nesse amplo períoclo <le 1450 a 1600'
it'r! ' , ,l.rl,, l|r, l:tltl ('lll ()tltr()s p()ntos c-ts "irnpérios da pólvora"' Moscóvia'
,, lr1,r,, lr,ll 111'.111';1 , rr Írltlilt úc'ngc'l sào excelentes exemplos de como
,,, ,,,, l, .,',t.r,1,,:'porli:ttltst't'triltclospilrlícleresqllcconsegttissemasarmasde
1,r,,,,', ( .urlri)(':. ('()lll os t;ttltis Íirrçltt <ls rivais à obediência'
I rlr rrrrl.t,,lis,,.r,rrr,,liri ryrltttt'rllllr,CtnfinSClaeramedievaleprinCípiOS
rlr 1r,,, l, rr,t, rlrl( .t:, llor';ts lí't ltitlts <lt'gtrcrt'a sttrgiram com mais.freqüência'
ilr,,r lilrIr(!\,1\(.1 (lU(.Uilliltlt'ss:tsitt()Vlt(<)C'sllLtCleSSepermitir,aCletefminaCla
Ir.r,. t,,,1ilil||n,lt .,r'rr:,rir,1il. ()sitltlttiostlt'lrr:titlt'ttltrCCntfaçàCldeprldef militaf
i,.,,,t(1r,,(t.t\,rrn'"N.rll;rlitr,ottsotlt'tlrtttll:tltlti:tstlcltrtlr.tcirtls,pr<ltegidos
rItlilrl,,ilrr(.,,,,.11t1 rl)()t :,(,l,l.rtl0s(()nll.ll)(:ls,titllt:t llosl<lÍ'illlltcra«l:tcavalaria
, ir il ,til rilllr,lnlt,iln(.rrlo rlr. t( ( iltl.t:, lIttrl:tis tttltl ltt'itllttl(}s. Mlts t'r;t cviclcntc
1.ilil1( ilr illlt',() r,:, (r,l.ltlo' ltl'll:'ll( r)", ( oltlo Vtllt/':l t'Mil;rtl'lrtxliltttt (tlst('ílf
,,'\ )
os novos exércitos comandados pelos famos os condottieri. Alémclo mais, emcerca de 1500 os reis de Françaê Inglaterra tinham 
" *"""pãii" inrerno daartilharia, e dessa forma eram ,upuré" cre, se necessário, esmagar um sírditopoderoso, mesmo que ele se protãgesse atrás clas muralhas clo se"u castelo. Masnão levaria essa tendêrrcia, finalménte, a um monopólio transnacional maior,estendendo-se por torra a Europa? Essa pergunta deie ter sido feita por muitosem cerca de 1550, ao observarem a vastà coincentração de terra e exércitos sobo imperador Cados V.
um exame mais detalhado da tentativa específica, e do fracasso, dosHabsburgos em conse{auir o domínio da Europ 
^ ".rá feito no próximo
capítulo' Mas a razão mais gerar pela qual era impossíver impor a unicrade perocontinente pode sermencionada rapiãamente aqui. Mais uÁa vez, a existência
de uariadoscentros de poder econômico e militar foi fundamental. Nenhuma
cidade-estado italiana podialutar paraafirmar-se sem que outras intelwiessem
pafa preselvar o equilíbrio: nenhuma "nova monarquiá" podia aumentar seusdomínios sem provocar os rivais a buscarem compensações. euando aReforma jâ estava realmente em processo, os antagonismos religiosos foramsomados às rivalidades tradicionàis do equilíbrio ãe p"d;;, ;;;ndo aindamais. remotas as perspectivas de centralização poliiica. ú", , vercladeira
explicação é um pouco mais profunda, afinaide á".rt^, u;ir";I., exisrênciade competidores e os amargos sentimentos entre os grupos em guerra eramevidertes ool-apão, na ÍndiJe em.outros lugares, mas isso, em si, não impediua unificação final. A Europa era,diferente fo.qrr. cada uma das forças rivaisfoi capaz de ter acesso às novas técnicas militares, de modo que nenhum pocrerisolado possuiu jamais avantagem decisiva. os serviços dás suiços, e outrosmercenários, por exemplo, estavam ao alcance 
_d. qü"_ p"a"rr. pagat poreles. Não havia um centro único de produção de arcos, ,.* a. canhões 
-seja.dos mais_ antigos, de bronze, .,,, ào, ..rãi, .ro.ror, e mais baratos, de ferrofundido Em lugar clisso, tais amamentos estavam sendo fabricados próximo
das jazidas de minérios 
1o )vgat!, na Europa central, em »láraga, em Milão,em Liàge, e mais tarde na suécia. Da mesmaiornra, a prolife."ã;a eshleirosem portos que iam do Bártico ao mar Negro tornou muito àifícil a um paísisolado o monopólio do poder marítimo, ã q.r. po. sua vez contribuiu paraqlre se evitassem a conquista e a eriminação di céntros rivais de proauçaà acarmas do outro lado do mar.
Dizer que o sistema de estados descentralizados da Europa foi o granclcobstáculo à centrallzação não é, portanto, uma tautologia. como havia várirsentidades políticas em competilão, a maioria cta qiais poriuà, ou po,iacomprar, os meios militares de preserl)ação de sua iiAepeidancia, nenhtrr,rr
delas pôde jamaisrealizarnr.o.r.liçÕ., qle levariam ao clomíno clo continenrc..
Embora essa interação competitivá dos Estados 
".r.op..,, 
p-e*ça expl ic.,rra ausência de um "império da pórvora" unificaclo, ari, ela iraiilrt.....,, i,primeira vista, a raz.ã<> da firme ascensão cla Europn á li.J.r^.,ç,r gloS:rl. AÍ-inrrrcle contlls, nãO teriam as f<rrças cle <1r-re clispr-rnh:rm as n()v1rs,r,,r,,,,.,1.,i,,r,,,.,,
l5(x) lllrrcciclr> insignificltnt.cs, sc crrnlrastlrcllrs c()nr ()s r.n()r-n)('s t.xc,*.il.s rk rsrrll:lrr t' :r.s r11)l)1rs rrr:r< i1,':rs rlo lrrrlri'r.io Mingi Isso ()(.()1.r.(.u t,rrr ;.rrirrt.r,r.s tl,:'r'r rrlo \Vl r'. solr <t'r'rr)s:rsl)('(r()s, lll(,snl() lro srir.(rlo xVIr N,r:rs !11 ) r)(,r(xr()lro',lcti0r,ot.rlttiltlrrilltl;tltlr.1.;t rnilil;trr.sl:trr:l(.()ilt(.(.:il1(1,,.t 
;,1 
.11, 1,.rt,r;rirl;t,tt(.ttl(.
,,rrr l,rv()| cl<> Ocidente. Para explicar essa transformação temos, mais uma vez'
, 1,' r rt'rrt ionar a clescentr alizaÇão clo poder na Europa' O que ela fez' acima
r[.trrtl(), liri criar uma forma primitiva de corrida armamentista entfe as
, l,l,rr lr's-r'staclos e, em seguida, ôs reinos maiores' Até cerlo ponto, isso tinha
;,r, ,r,,rvt.ll,cnte raizes soãoeconômicas. Quando os exércitos em choque na
ir.,lr., ,l.,ixrrram cle ser constituíclos cle cavaleiros feudais e seus dependentes,
,,',," ;,,,rr,,.r,n a formar-se cle lanceiros, arqueiros e da cavalaria (de flanco)'
1,,,g,J, 1r.'1,r, comerciantes e supervisionados pelos- magistrados de uma
, r,i,,,t.','liri quase inevitável q,r. "tt"t exiplissem o bom empreÉlo de seu
,lrrrlrt.irrr -apesarcletodasasmanobras doscondottieripata nãosetornarem
1,r,",, intlívcis. As ciclacles queriam, em outras palavras, as armas e táticas que
I rrr rl )( )11.i( )nlssem uma vitôriarâpida,de^modo a reduzir as despesas de guerra.
| , , ,,,,'*,,,,, lirrma, quando os -ó.tntc" franceses de fins <1o séculoXVtiveram
rrilr Ixt,rc.it«l "naciônal" sob seu controle e estipêndio direto, mostraram-Se
nr"r() ()s l)1lra qtle tal força produzisse resultados decisivos'2r
l1r l,esrú forma, esse sistema de livre mercado não só forçou os
, | | I I I r(.r1 )s( )s crmclottieri acompetir pelas contratações, como também estimulou
".,.ul('sit()ri c inventores a melhorar SeuS produtos, para ConSeguir novaS
| ilr I )ilt(.n(lrrs. Quando essa espiral de armamentos já podia ser viSta na manu-
Irtrrr.r tlt':lr'('()s e armacluras, no começo do século XV, o mesmo princípi9
, .,tr.n(l(.U sc lis experiências com armas de pólvora nos 50 anos seguintes.E
rnp,rliurl(' lemllrar aqui que, quando os canhões foram empregados pela
I ,r i, r(.,. v(,2, eram p.q.r..rnr as cliferenças n() seu desenho e eficiência entre
, t r h r( l(..tc c a Asia. Gigantescos tubos de ferro que disparavam uma bala de
1,,,1r.r t. lrrziurn um enorme barulho evidentemente impressionavam, e por
, , ,,.,, , rl rl irrlLrr-n resultados: foi <t tipo usa<lo pelos turcos para bornbardear as
rrrrrr,rllr:rs tlc (irnstantinopla, em1,453. Não obstante, só na Europa parece ter
I r.rr r, l, I r I t,stírntrlo para melhoramentos Constantes: noS gràoS de.pólvora, na
tr, r, lr( :t. t1' r':rnhôtàs muito menores (mas com a mesma potência) de ligas de
l{,r||,zr.t,t.st:rnlro, na forma e textufa clo cano e do míssil, nas plataformas e
r, lr.u1)s tlos t lttthõcs. Tuclo isso aumentou, em proporçÕes enormes' o poder
, ,r ilrol rilitlrrclc cla artilharia, clanclo ao usuárk> de tais armas oS meios de
,I,,nil1r,il. :rs rn:.ris l'esistentes fortalezas - COmO aS cidades-eStados italianas
,1,',,,r1 rtit:tttt, l)1lr1l scll susto, quando um exército francês equipado com
l'lr nr(l.rv('isr':rrrlt<)csclel-rrun.invacliuaItáliaem1494 Nãoéc1esurpreender'
I,r ,rt,||rl( ), (llt(. ()s inventores e oS hOmens cle letras cstivessem sendo instadoS
r, I t,il ,tlllUillrr lrr.rrrrr ncutralizacloraclessescanhÕes(eaindamenoSSurpreendente
rlrr ()r,.i,,,1.',,,,,, cltt l,crlnarclc)' para essa-época, tenham desenhos de uma
r,r, tr.rllr.rrl,,t:t, tlt'ull] tllll(lll.. priinitiv<l e <le um canhão avapot)'22
1,,r, , rr:r,, r.<;rriu,,l.,,, ,liz.ri1.c.utrzts civilizaçÕes não tenham aperfeiçoado
,' *', .rrr.rlrr('tlt,s, :t ,:trtil'clei clcse.htls primitivos, grosseiros; algumas o
li.'r'r,iln, t'ttr 1.1,'t:tl t()Pi:trttl() ttt«rclcltls c[lr()pclls ou convencendo visitantes
I iltrrl l(.il),(,,.,rrr,,<,s jt'srrit:rsrr:r(,ltit-Lt)lrllrestransmitiremSeUSCOnhecimentOS'
J\l.r', r otttr) () ll()v('llltl Mirrg lirtltlt tl ttt<ltl<lllirlio c[O cltnhàr>' e tls impetuosos
Ir, l,-r,.r, tl.r llrr:rsi:r, l:r1r:ro t, lrrrli;r M()ltli()l log() o Cstltlrclccerat'n, hevia mUit<l
,tr,,,,, l.(('1lt\,()sl):ltit ttt, llt,t;ttl;lis:lllllils,tllltll V('Zt'slltllc'lt't'iCl:tltettt<lfiClaCle
,1,r,. 1i,r\t.ilt.ilrlr.:, li.r lr,rlrrkr:,r. t.trr :.i tttt'slttos. lrs <ltitrt'st's t' i:tl),ttlcst's
,,,.111'11..,,, i.rr,rrrr ,, rlr.:'r.n\',rltirrtt.rrlo rl't lrt()tltt(:t() (l(':lllll;ls. À1rt'11;rrttltl st'lis
ili( r 3-
suas formas tradicionais de luta, os janizaros do Islã não se interessaram muito
pela artilharia, até ser tarde demais para alcançar os progressos realizados pela
Europa. Frente a povos menos adiantados, os comandantesdos exércitos
russo e mongol não tinham necessidade premente de melhores arrnamentos,
já que as armas de que dispunham aterrorrzavam seus adversários. Assim
como no campo econômico geral,também nessa área específica da tecnoiogia
militar, a Europa, alimentada por uma vigorosa corrida aimamentista, assumiu
uma dianteira decisiva em relação a outras civilizações e centros de poder.
Dr,ras outras conseqüências dessa espiral de armamentos devàm ser
mencionadas aqui. A primeira assegurou a pluralidade política daEuropa, a
seguncla o seu domínio final dos mares. A primeira é uma história basiante
simples e pode ser contada rapidamente.23 Dentro de um quarto de século da
inr.asão francesa de 1494, e sob certos aspectos até mesmo antes, alguns
italianos tinharn descoberto que as fortificações de terra levantadas por dé=ntro
das murztlhas da cidade podiam reduzir em muito os efeitos do bombardeio
da artilharia: ao cak sobre montes de terra compactada, as balas de canhão
perdiam o impacto devastador que tinham sobre as muralhas externas. se
essas fortificações de terra tivessem também uma vala bem inclinacla à sua
frente (e mais tarde uma série sofisticada de bastiões protegidos, dos quais
mosquetes e canhôes podiam despejar seu fogo), constituíam um obstáiul<r
quase insuperável à infantaria sitiante. Isso restabeleceu a segurança das
ciclades-estados italianas, ou pelo menos das qtie nâo tinham àído ante o
conquistador estrangeiro, e que tinham a numerosa mão-<le-obra necessária
para construireÍluameceressas fofiificações complexas. Tambémproporcionou
vantagem aos exércitos que se empenhavam em conter os turcos, como as
guarniçÕes cristâs em Malta e no norte da Hungria descobriram logo. Acima
de tudo, impediu a dominação fácil de rebeldes e rivais po. ,-rrru.-potência
esmagadora na Europa, como a prolongada guerra de sítio que acompanhou
a Itevolta da Holanda demonstrou. As vitórias obtidas em campo-abefio,
digamos, pela formidável infantaria espanhola, não eram deciiivas sc o
inirnigo dispusesse de bases muito fortificaclas para as quais pu<lesse recuar.
A autoridade proporcionada pela pólvora ao xogunato de Tokugawa, o..r :r
Akbar na Índia, não aconteceú no 
-ociclente, 
que continuou a carãcterizar-se
pelo pluralismo político e sua letal conseqüência, a corricTa armamentista.
O impacto da "revolução da pólvora,, no mar foi ainda mais amplo.2.í
como aÍrtes, surpreende-nos a dativa semelhança entre o noroeste clu
Europa, o mundo islâmico e o Extremo oriente na construÇâo e poderio naval
durante fins da Idade Média. As grandes viagens cle cheng Ho e ó rápiclo avan
ço da frota turca no lnar Negro e Mediterrâneo oriental bem pocleriater sugcr.i
do a r-rrrr observador, ern cerca de 1400 e 1450, que o futuro áo p..g."rr. ,,,,,,.,
timo t:stava com aquelas duas potências. Também nào l-ravia rnuitrr cliÍcrcnç.rr,
suspeitamos, entre todas as três regiÕes no que se relaciona conl 1r crrrt()grilÍiir,
astronrltlia e o uso de instmmentos colro a bússola, o 2rstr()lábi() c «l «luliclr-rrrr,
tc. As clitclcnÇas estavaln na rtryqan izotç'ào t'ttttstc.tnte. Otr, c<lrn« r olrst.r vlr 9 pr.« r
Ícssor'.f oncs, "clecllrs lrs clistâncilrs <:<l[crt:ts p<y.«lgl.r()s n1lv(.Í]1t)l(.s, ( ).\ I16Iili:si6s
Por r'xt'rrrltl«r, lrs vilrgcns ltl«rs illcrrsl s:io nit.rros inrPr.t.ssir)n.url(.s rlo <1rr<.:r
(;rl);r(i(l:rrlt'rl:t lirrrrryr:r clt'r':rtion:rliz:i,l:ts t'tlt,st'r'tvolv(,r ():i r('(.lus()s:r() s(,u
.ll,.llt,, "'"Atol<'l:lsislt'ttt:tlit:t tlt'tl:trlosgt'ogl:tÍi<os1lt,l,sl)()rllrllu(.:i(.s,;r t'
1rr llrl.l rlr',1xrsi1.rto clas casas mercantis de Gênova em Íinanciar viagens
.rrlrrrti, ,', ,1,,.' 1r,,.lessem compensá-las da perda do comércio do mar Negro
I ilr.il,, .r( ) ll()ftc 
- 
o desenvolvimento metódico cla pesca do bacaihau na
l,rrrl.l,,r.t,ltlrloiss()mostraumadisposiçãoconstantededesbravar'quenào
r t.r , \ t, l, rrlc t'rtt ()tltras sociedacles da época'
I rlr |z rI rrLris importante ato de "racionalizaÇão" tenha sido, porém, <l
r;,r rlr rlr,1r('lll().,,r^ràat" dos armamentos de navi<ls' A cotrocação do ca-
,,i , i, , ,,, r', n,rvios :r vcla foi uma evolução bastante natural numa época em qlle
I lrr, r.r n( | nr:rl :tsscmelhava-se à da terra' Assim clomo os castelos medievais
rrlruu,u,lu('i11 rsltolongodasmuralhasenastorres,afimderepelirumexér-
, rt,, ..ltr,urtr., .rssirrt tttmbém Os maciçoS naviOs de cOmércio genoveses, vene-
. i r ri ' , , . u. u1( )r)('scs tlsavam homens, armados de arcos e colocados nos "cas-
r, 1,, ,l' lr().r ('l)()pzt, para se clefen<lerem dos piratas muçulmanos no Me-
,lirr , ,r,,,,, 1,,r., 1-,.,.iir'à.-rru. severas baixas entfe as tripulaçÕes das galeras,
. | r,l ,' 'r . r n.t( ) n('( ('ss1tt'iamente o bastante para salvar um navio mercante numa
, rllr rrr r. ,( ( )rr :tlit(':tntes estivessem realmente diSpoStos Quando, porém, oS
llrirrlr, r,', l)('r'( ('l)cr:rm o proÉaresso realizado nos canhÕes em terra 
- 
istcl
,1,r, , ,', n.v( rs t :tttltires dê bronze eram tluit<l menores, mais poderosos e
r,. r, , l,r ilr,( )r.( )s l)1ll'11 seus artilheiros clo que as enormes bombardas de ferro
lr il r, lr, l, , I.r, t t lt. llrcver que tais armamentos seriam colocados a bordo. Afi-
rrrl,l, ','nt.r',,(,rt,rirrrltaseLalestraseoutrostiposdeinstnrmentosdearremes-
,,,1, rilr,..r.r., 1.r lilrlrrrrnsickrmontaclosemnaviosdeguerraI1achinaenooci-
,1, ilt, À1, ,,nr(),1t[rrrcl<t <> canhão tornou-se 11]en()s explosivcl e peligoso aos
, r r rrtrllrr'rr.r,, :titltllr lpresentava consideráveis problemas: tendo em vista
I l,'!l\,,í .r rrr,'llt,,, ,,,rr.'a.,r.,ou"coice"potliasertremendo, fazendo comqLle
.,, rrrlr.r,,l,i.t(()t rt.ssr'(6dO<lCOnVéS,ienãOeStiVeSSealrarradO; alérndiSSO,
rri ililrr',.iln(l.t t t;tttt llcsadasLlastanteparaclesequilillrarobarco' se umnú-
,,, r,, rrlr, rr.rrtr.l,ss.trrl,Ctclonumcloshordos(eSpeCialmentenoscastelOs)
Irrilr ..,,,lU( r, tt:tr.'ior-le cclnstruçãorobusta,detrêsmastroseparaqualquer
r,,r1r,r trrlr.r rttrt;t ,',,,',1"g",, ineànte sobre as esguias galeras de remos das
ii,rr*rt, r,.r.,,1,, N,,l..clitc]r-râ.eo, Bálticct e mar Negro, sobre o dbou.t árabe e
,,,, r,, .,,1,r,, r ;rtttt o t ltitrôs. Poclia, em qualquer caso, clisparar uma descarga
, , ,rlrrt r ( l r( ,r.tll('( t'r t'stítvel, embora tàmbém ocorresse* desastrcs ocasio-
rrrlrr, rrl, , ,l.rro. Mttstlttlttrcltlse colnPreendeuqueacoloca.çãoclessasannas
r ,r. r', r r\ r(,, ( ,,.,,, ,,,,, t;tstel<ls, proporcionava Llflla platafbrma nruito mais
, ,:rr r l, r,r ( ) ( .tttltrto, <t lxrleúctpcttencialciessas caravelas e -galeões 
foi for-
irrl, lr'.rllrrr,,rttt1r:ttlt{.:tt»,t-tltvi.snlen()fessofriamdadupladesvantagemde
ilr, il,,1 , r1,.1, 1, 1.1r1,.,1,.1..v:rr.r.unhircse rnairlrl.ulnerabiliclacleaosprojéteispor
,l' ,lr lrt.rlr,.
',, ,,,,, , . , ,l rr tt',:t,l,rs lt t'ttllttizlrt' lts palavras "poderio potencial" porqlle a
, . , ,1rr, r, , , l, r.r\ r ) :t \r('l:l <lt' lotlgo al<'ince, clotado de canhões, foi lenta' p<;r
., , ,1, .,r1,rr.rl \l,it,s ti,.rs lrílti.itl,s litram c.nstruíclos, alguns de mastros
rrrrlrl,l, ' . , ,rrlr(,, r ,',,',,,1,r. N:tvi.s till. gale.a ainda eram vistos no canal da
tt,,r, lr.r ,r,',( ( rtl.XVI Alt'ttt«liss., lr,irrvc'ltrglllll.lntoscclnsicleráveisemfav.r
,l.r , rrrrlilril,t(.,t(, ,l:rs rl.rlCLrs rr() Mt'rlitt'l't'lltlt'tl ,-' n() tTlar Negr<l: er]m meis
r r1,1,11,, I,t,,,1.t:,,,..,ri,,,,r,rrr:tisttt:ttlol ll'liVt'isclttligtrlrsÍ'CC:hltCl:tSC',COtniSSO,
,1, rr.,,rrr.rr., l.r,rl r.rrr,r)nllill(:l()(()1il()l)(,tit((x.slt't'tCstl'c'slttlltlngtltlac«lsta
rr,lili lr,il.t ot,llilro:,,,,,,,,1,,."r.,t.t,|t'tttttilo:ts<l(sv:tltl:lgt'ltsclt'setllx)tlc()
.,1,,tt,,, r lll(.ll,.t, t,l,ttlt rlC t llltt ttl lt ltt'ttt':' lrt:l\'ios '"
-th
hr-
Da mesma maneira,,âo devemos pensar que mal os navios portllgueses
contomaram o cabo. da_Boa Esperança teve início uma era de domi-naçao
ocidental incontesrada. o que oi historiadores chamam de "cpoc, de vasco
da Gama" e "era de colombo" 
- isto é, os três ou quatro secutosã hegemonia
européia depois de 1500 
- foi um processo muiio graduar.os explãradores
portugueses poderiam ter chegado ao litoral indianõna clêcada<le t490, mas
seus navios ainda eram pequenos (com freqüência, de apenas 300 toneladas)
e nâo estavam bem r.Tld_._, . ep comparação, sem dúücla, .á_ o, podero_
sos navios da Companhia Holandesa dai Índlas Orientais, qr. ,rrr.gn. am na_quelas águas um sécuro depois. De fato, os portugueses não pucleram entrarno mar vermelho por muito tempo, e só o fLerari de maneirà precária, nempuderam conquisrar uma boa báse na china. E em fins do seàlo XVI, per-
deram alguns de seus postos no reste africano,ante a contra-ofensiva árabe.z7
seria um e,'o também.supor que as potências não-européias sÀplesmente
desabaram como Lrm castero ãe.ártrs aàs primeiros sinat ào expansionismo
ocidental. Foi precisamente o qr. u.o.rie.eu no México, penr e ouffas
sociedades menos desenvorvidaJdo Nor.o Mundo, q.ra.rdo'o, aventureiros
espanhóis desembarcaram. Em outros lugares, a história foi diferente. comoo governo chinês tinha voltado as coriur, voluntariamente, ao comércio
marítimo, ele não se importava que este caísse nas mãos dos bárbaros. Atémesmo o semi-oficial posto de comércio que os pofiugueses abriram em Ma_cau em 7557, por mais lucrativo que deva ier si<ió pr.ior comerciantes locais
de seda e os administradores coniventes, nâo-parece ter perturbado a tranqüi_
lidade de pequim. os japoneses, por sua vez, fàram muttá *ri, à;;;r. euandoos portugueses mandaram uma missão, em 7640, para protestar contÍa aexpulsão dos estrangeiros, quase todos os s.u, m.mt.o, foan* mofios; nãopodia haver qualquer tentativa de_revide por Lisboa. ei"rrr"à"t., o poderiomarítimo otomano estava resistindo no Àiecriterrâneo orientai, . o poa..io
terrestre otomano continuava a seruma considerável ameaça à Europa central.
No século XVI, na verdade, "para a maioria dos estaclista"..,.ãf.rr, a perdada Hungria teve muiro maiôr irnportãncia do que 
" "r,núãiàmento defeitorias no oriente, e aameaçaa viêna foi mais significativa clo que os desafios
ocidentais a Aden, G9a e Malaca. Só os governos à margem do ,ttlânticopodiam, como seus historiadores mais hrJe, ignorar talfalo.,,28
Não obstante, feitas todas essa ressarvis, não há dúvicla de que oprogresso do navio avela.de longo alcance, armado, prenunciava um avanço
fundamental na posição-cla Europa ro *,rrráo. com esses navios, as potências
navais do ocidente podiam conirolar as Íotas comerciais oceânicas e aterro_rizar todas as sociedades l.r.rlneráveis ao poclerio marítimo. Até mesmo os pri_
1",'.r"r choques entre os pofiugueses e séus inimigos muçulmanos, no oceanoIndico, deixaram claro isso,. Rãffospectivamente,-pode*or.,.. que el.s .,.r,dúvida exageraram, mas a leitura cios diários e relatórios cle vasco cla Gama
e Albuquerque, descrevendo como seus navios de guerra abriraÀ crminh, atiros em meio às frotas cre ríbows árabes_ e outros navi.s ligcir.s quccncontraram ao largo da costa cle Malabar c clos estreitos cle ()rrntiz t, Mrrluc.rr,ttos tlÍ:t itlrprcssittl cÍc'<1ttc trtttrt firrçrt erxtnllcrrcstrc, soll.r'lrtrrrr:ur:r, linlr:r
«lt's< i<lo solrt't'st'tts illÍi'lizt's.:r<lvcrsl.irios. St'guintlo,, ,r,ru,, í:ilir.:r rlc rlrrr,.,rr;irr,l.r'i;rrrr:rll.t tl;tt, nl:rs (,rrtlr:rlt.r'(()nl:r rirlt illrrrri:r,,, ()s lx)rrnjll(.:.(.:r (.r.;r,
lri,lilr 11ü.il1(. invt.ncíveis no mar.29 Em terra, as coisas eram diferentes, como
,,., 1,,,,.,,', lr;rlrtllurs (e ocasionais derrotas) de Aden, Jidâ, Goa e outras'
rrr,,,.tr ! ilil N:ro oltstante, eSSeS invaSores OCidentaiS eram tãO brutaiS e
i lr .1,, r ,t, ,,, I lr r(. (.il) rneaclos do século xvl tinham construído uma cadeia de
1,,,r,,,t,,1i,',ll,,tLt(iltinéatêomardaChinadoSul'Emboranãoconseguissem
I rçp, | 1r, 11( ,p,lizlr1 6 comérCio Cle eSpeCiarias das Índias 
- 
grande parte do
,lürl r r,rrtrilr|(,tr rr lluir através doS canaiS tradiCionais até VeneZa 
- 
Os
li, ,r 1,,,u,,,,r'., ( (.rlililtcnte Obtiveram partes COnsideráveiS do ComérCiO, e muito
ll, r rr rrrl,rrr ;t vltÍ-ltztgem que tiarhaan na corrida pelo império'3o
r\. l,rol rrrlrilitllrclcs ds lucros eram ainda maiores, é claro, no vasto
lrrl,' ri', t, rrrl,rti:tl tlttc <ls conquistadores estabeleceram rapidamente no
lI rrri.lr 11r r I x itk.rrl:ll. I)escle os piimeiros povoados em Hispaniola e cuba, as
, . 
1 
,, , lt, , ,, ', ,'s1r:t trlt()lltsi avançaram para o continente, conquistando o México
r|tr ,l', r,l.r rlC 1520, c tl Peru, na de 1530. Dentro de poucas décadas, esse
,1,,,ri,tr,,,.,lr.rrrlirr st.clo rio Prata, no Sul, até O riO Grande, nO norte. GaleõeS
, ;, rrrlr0r'., l,('r('()trt'tt(l<l o litoral ocidental, faziam ligação com os navios que
. r,',1, ,,,, , 1.r,, l iliPirLrs, com sedas ChinesaS pAta Írocaf pela ptata peruana. Em
,1I TIr11 ,,IUrrrrrkr",oscspanhóisdeixaramclaroquepretendiamficar,criandO
,ril I r,lilililr:.t r.r(ir() i,rrperial, construindo igrejas e dediCando-se à pecuária e
I ,rlr, I r, ,r, l,ix,l,r.l,,,alar arr.aaaarrsos natgrais-g, 62i5 aínda,amão-de-Obra
r, rlli I r1r..,.,t.:, tt.r.r'itírrios, OsConquistadOresmandaramde vOltapataapâtria
,,,r llrr.',, ,.tt:,I;ltll(' cle açúcar, côchonilha, peles e outras mercadorias' E'
l,rr., rl,rlrrrtrlt, ,,,,,,t,leratn prata da mina de Potosi, que por mais de um
, , ,1,, l,,r .r ttt.ti,r' jlzicla <lãsse rnetal, no mundo' Tudo iss<l levou a um
, t, , rrilr rrt,, r|l:rrrrP:rgo clo comérCio tranSatlântiCO, cujo volume aumentou
,.il,, \. .', , i illr( l5lo c' 1550, e três vezes, novamente, entre 1550 e 1610"'31
Iilrl,, ilr(ltt rtt'rt, l)()rtanto, que esse irnperialismo pretendia ser perma-
,r ,t, \,, , , r.lt.,i, rllis rírpiclar rriritnr 6e Chen Ho, os atos dos exploradores
l,,,rrI|il,..,.,,r.,.,,l,,rrrlroissirnltolizavamumempenhoemmodificaroequilíbrio
1,,,t,,,,,, ,rr11l,.rÍ (l.,rrr scr-t canhão levado pelos navi<ls e seu soldado com
,,,,, ,1,,, t, r l,:, lrzt'l:lltt(^xlttalnente()quepfetendiam'Emretrospecto,parece
'lrtr, rl l"'r \(./(:', tolttllrccncler que um país com a limitada população e
r,, ur ,,, ,l, t',)rlrrll:tl l)tl(lcsse chegar tão longe e conquistar- tanto' Nas
, rr, ilil.t,l|r, r.t., (.r,1)(,( i;Us rla superioriclacle militar e naval européia descritas
r, lf , r r . ,Í, n,r( ) r't.t itttlrossívcl, cle nloclo algum. lJmavezrcalizado o feito, os
r , rrli rrtr , lrr, r,,:',1,, irirp('rio e <l clesej<> de mais simplesmente aceleraram o
l,r, " . .,, ,1. t trl',t.ttttlt't irtttlllt«r.
ll.r I l( nr( nl{rs ll('sl:l lristírria <la "expansão da Europa" que não foram
l, . r,1,,. ' nr( r,nl,t,,,tt Íirt:trtt lllx'll1ls menciclnacl<ls rapiclamente até agora' O
r 1r, r tr, 1,, ,',,,.t1 rt.to loi ,'*tttt,itr,tcl,,, c nãrl obstante 
- 
como em todos <ls
,I ilr,1,.,, rrr;rrr.r.rrrlrrrrt.rrlt,s t,lcIiri rllarCantC:n()implllsodadOpOrhOmenS
,,,,r,,11, rrrrr1rrr.lN,ryt.11;rtl()r'ilt:l('ll.q,('lllrgsiclacle CklSarteSãOSC|OSnaViOS,dOS
ililr,il,,.,,1,,',1|lt.t,l,,s.tl('(sl)llilot'trl1r|1't'lltlt'tl0rtltls(()nler('iantes:c'at'ima
,1, tn,l,' n,r (írt.t1'i('lll tl,,:;,1tl«'llltllitil'r:ll':tlll illts viagens para além-mar e
r, .l .1r,r,rl1rl{r.(lltr'(,,,,,,,,,,', lrt:tr'ilrs,ostlitttltsllrlstis, ltsl-lltisltgensinírspi-
I t, r r,,.r,lr, t,,.ril,,r,1,.r,)/(.:. l)()(li:Urr tolor'ril t'lll st'rt t:tlttittlt«1. (lrlt('as lt Lltllll
,,,1111r11 \.r 1lr',l rrt,t,lcrtt,,l tt,,r, ti.tttltr'1"'ss":tl,liloti:ttt:ttiott:ll'zt'lort'ligi<lsrl'
l.tlrr ,.rs11;,,r nl||n(.nlorlr',rtCtrlttt.l o', ll()lll('ll:':;t'rlil,lrtttlltltttt;t:ttliS<:tf ltttl<1,
ir
como na verdade fizeram em muitos casos. Também não nos detivemos nas
crueldades terríveis que esses conquistadores eLrropeus praticaram contra as
suas muitas vítimas na Africa, Ásia e América. se tais aspãctos quase não sâomencionados aqui, é porque muitas sociedacles aá epoc" produzirarn
indivíduos e grupos dispostós a ousar tudo e tudo fazer fara transformar o
mundo em sua ostra. o_ que distinguia os capitães, tripulaçàes e exploradores
europeLrs era a posse de navios de poder de fogo .o- oi quais ráa[zar suas
ambições, e o fato de virem de um ambi.rrt. pãríti.o.o q.rrt á competição,
o risco e o espírito

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