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Provas no Direito Civil

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DIREITO CIVIL 
PROVAS
PROVAS
Prova é o “conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de negócios jurídicos.” (Clovis Beviláqua)
*São utilizadas para demonstrar um fato e não um direito.
No direito Civil, estão previstas nos artigos 212 ao 232.
As provas podem ser produzidas tanto na esfera judicial quanto na extrajudicial.
DO ÔNUS DA PROVA 
Art. 373 do CPC
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Essa sistemática é conhecida como teoria estática da prova. A função de cada parte e preestabelecida. 
DO ÔNUS DA PROVA 
A regra geral é a teoria estática, mas pode ocorrer a inversão do ônus da prova, conforme estabelece o § 1º do art. 373 do CPC (teoria dinâmica):
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
DO ÔNUS DA PROVA 
Prova diabólica ou Prova negativa 
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
Prova convencional
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
PROVA 
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
CONFISSÃO 
Confissão é conduta de alguém que admite/confessa a veracidade de um fato jurídico alegado por si ou por outrem.
Enunciado 157 CJF: O termo "confissão" deve abarcar o conceito lato de depoimento pessoal, tendo em vista que este consiste em meio de prova de maior abrangência, plenamente admissível no ordenamento jurídico brasileiro.
CONFISSÃO 
Apenas direito disponível 
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
Representado 
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado
Anulação da confissão
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação.
DOCUMENTO 
Os documentos a serem juntados no processo devem guarda relação e se mostrarem pertinentes ao fato jurídico que se pretende provar.
Provas unilaterais – produzidas exclusivamente por uma das partes. Ela precisa ser “confirmada” por uma outra prova.
Prints – servem como provas, mas precisam ser reforçadas por outros elementos.
Escritura Pública – documentos lavrados em tabelionatos possuem fé pública e maior força probante.
ESCRITURA PÚBLICA
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.
§ 1 o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
ESCRITURA PÚBLICA
§ 2 o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo.
§ 3 o A escritura será redigida na língua nacional.
§ 4 o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
§ 5 o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade.
DOCUMENTOS 
Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários.
Art. 408. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou somente assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência de determinado fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em sua veracidade.
DOCUMENTOS 
O instrumento público serve com prova documental (ex: contrato)
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.
OUTROS TIPOS DE PROVAS DOCUMENTAIS 
Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante conferência com o original assinado.
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original.
Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o português para ter efeitos legais no País.
OUTROS TIPOS DE PROVAS DOCUMENTAIS 
Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão.
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
PERÍCIA
Perícia é uma análise realizada por um perito nas questões que envolvam o objeto da prova a ser produzida, para esclarecimento através de opinião técnica e científica no chamado laudo pericial.
Art. 464 - A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Exame: Inspecionar as pessoas e coisas móveis com o objetivo de se verificar certos fatos relacionados com o objeto da lide (assinaturas, documentos).
PERÍCIA
Art. 464 - A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Vistoria: Inspeciona o estado ou situação de imóveis (terrenos, prédios...).
Avaliação: Atribuição de uma estimativa do valor das coisas e dos direitos e obrigações que constituem o objeto da perícia (avaliação de um imóvel para fins de divórcio)
PROVA TÉCNICA SIMPLIFICADA
A prova pericial costuma ser de grande complexidade. No entanto, existem situações que não precisão da extensão de uma prova pericial, mas demanda conhecimento de experto acerca do tema que se discute nos autos.
Nestes casos, ojuiz pode autorizar que se produza uma prova técnica simplificada, conforme dispõe o art. 464, § 3º do CPC.
A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico.
PROVA TÉCNICA SIMPLIFICADA
Art. 464, § 4º - Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa.
Não precisa formação acadêmica (jurisprudência) se não tiver pessoa com formação acadêmica.
PROCEDIMENTO PROVA PERICIAL
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
PROCEDIMENTO PROVA PERICIAL
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.
PROCEDIMENTO PROVA PERICIAL
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95 .
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários.
SUBSTITUIÇÃO PERITO 
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.
SUBSTITUIÇÃO PERITO 
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código , com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário.
APRESENTAÇÃO DE QUESITOS
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos.
Art. 470. Incumbe ao juiz:
I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa.
DISPENSA DA PROVA PERICIAL
O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes (Art. 472).
INDICAÇÃO DE PERITO
471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.
O QUE DEVE CONTER NO LAUDO
 a exposição do objeto da perícia;
 a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
 a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou;
 resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
O QUE DEVE CONTER NO LAUDO
No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
TESTEMUNHA
A prova testemunhal será utilizada de forma complementar ou para fornecer subsídios ao juiz para que analise a veracidade das alegações alegadas acerca do negócio jurídico.
Art. 227. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
NÃO PODEM SER OUVIDAS COMO TESTEMUNHAS
Não podem ser ouvidas como testemunhas (art. 228 do CC)
Os menores de 16 anos;
O interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.
As pessoas acima mencionadas, em regra, não podem ser ouvidas como testemunhas, mas podem ser ouvidas como informante.
MAS...
§ 1 o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo. 
PRESUNÇÃO
Presunção é um processo racional do intelecto, pelo qual do conhecimento de um fato infere-se com razoável probabilidade a existência de outro ou o estado de uma pessoa ou coisa (Cândido Rangel Dinamarco).
A presunção pode ser: juris et de juris (absoluta) ou juris tantum (relativa). 
O art. 232 do Código Civil é um exemplo de presunção relativa:
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.

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