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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO Unidade 4 Aspectos históricos e as tendências da educação CEO DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ALESSANDRA FERREIRA Gerente Editorial LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria IRIA HELENA DUARTE 4 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A U TO RI A Iria Helena Duarte Olá. Meu nome é Iria Helena Duarte. Sou formada em Pedagogia, especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira, com uma experiência técnico- profissional na área de ensino híbrido há mais de dez anos. Iniciei minha carreira como docente em diversas escolas nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, na área da educação infantil e ensino fundamental I. Amo a minha profissão e sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos conhecimentos porque acredito no poder da educação e da formação continuada. Adoro poder transmitir minha experiência para todos que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens para integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo! 5FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 ÍC O N ES OBJETIVO DEFINIÇÃO NOTA IMPORTANTE EXPLICANDO MELHOR VOCÊ SABIA? SAIBA MAIS ACESSE REFLITA RESUMINDO ATIVIDADES TESTANDO 6 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Legado dos pensadores dos séculos XVIII, XIX, XX ................. 9 Pensadores do século XVIII ..............................................................................10 Jean Jacques Rousseau (1712-1778) ................................................11 Johann Friedrich Herbart (1776-1841) ............................................12 Pensadores do século XIX ................................................................................12 John Dewey (1859-1952) ....................................................................12 Maria Montessori (1870-1952) .........................................................13 Jean Piaget (1896-1980) .....................................................................13 Lev Semyonovitch Vygotsky (1896-1934) ........................................15 Pensadores do século XX .................................................................................15 Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) ............................................15 Paulo Freire (1921-1997) ...................................................................16 Emília Beatriz Maria Ferreiro Schavi (1936) ....................................17 Howard Gardner (1943) .....................................................................18 Phillippe Perrenoud (1944) ...............................................................19 José Carlos Libâneo (1945) ................................................................19 Concepções e tendências pedagógicas no Brasil ................. 21 Tendências liberais ............................................................................................22 Tendências progressistas .................................................................................24 Educação x Ideologia ............................................................... 26 Os princípios éticos na escola .........................................................................28 O compromisso ético ........................................................................................31 Educação e tecnologia ............................................................ 34 A escola e a TIC ..................................................................................................36 A problematização das tecnologias na sala de aula ....................................38 O uso das tecnologias .......................................................................................40 SU M Á RI O 7FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A PR ES EN TA ÇÃ O Chegamos na última etapa. Esperamos que nessa unidade, você possa ter uma visão um pouco mais detalhada sobre alguns aspectos históricos e a importância da história e seus pensadores na pedagogia e também na educação. Só conhecemos como chegar a um determinado caminho, quando compreendemos todas as suas trilhas, o percurso percorrido e assim é com a nossa história. Conhecendo o que aconteceu, podemos ter uma visão mais clara sobre o nosso presente e um planejamento efetivo para o nosso futuro. Portanto, a história de faz presente para a pedagogia. Estudaremos também as principais tendências pedagógicas em nosso país dentro de um contexto histórico e suas concepções. Quais as ideologias da educação? E o que é ética na educação? O que podemos fazer e o que não podemos, pois como a pedagogia trata de uma gama de valores, compreender a sua ética é muito mais do que uma necessidade, é uma obrigação. E as tendências tecnológicas para sala de aula? Quais os recursos que podemos utilizar? Qual o papel da tecnologia dentro do ambiente educacional? Sabemos que esse tema está muito presente nos dias de hoje, porque a tecnologia faz parte do dia a dia de cada um. Do mesmo modo que ela pode trazer melhorias para a educação, se não houver um bom planejamento e gestão, o uso das tecnologias pode ser algo bastante desastroso. Seja proativo, reflita e compartilhe suas ideias com seus colegas! Esperamos que tenha uma unidade muito proveitosa! Bons estudos! 8 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 O BJ ET IV O S Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 4 , e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Apontar os principais pensadores e as suas contribuições para a tecnologia. 2. Analisar as concepções e tendências pedagógicas no cenário brasileiro. 3. Interpretar as definições de educação e a sua ética. 4. Definir a importância da tecnologia na educação atual- mente. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! 9FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Legado dos pensadores dos séculos XVIII, XIX, XX OBJETIVO Ao final deste capítulo, você será capaz de enten- der como os principais pensadores dos séculos XVIII, XIX e XX estabeleceram as bases intelectuais que influenciaram o desenvolvimento da tecnolo- gia como a conhecemos hoje. Isto será fundamen- tal para o exercício da sua profissão, uma vez que muitos princípios e métodos modernos de ensino, gestão e comunicação têm suas raízes nas ideias desses pioneiros. E então? Motivado para desen- volver essa competência? Vamos lá. Avante! Compreender a história, é também compreender nosso presente e procurar encontrar algumas respostas para o nosso futuro, ou seja, tudo está interligado, não há uma separação. Na história da educação o processo não é diferente. Ao longo dos séculos, muitos pensadores tiveram contribuições significativas e colaboraram para que a educação pudesse ter oportunidades de mais olhares e que através desses olhares, fosse analisada, compreendida e até mesmo repensada. A jornada através da história da educação é marcada pelo legado indelébil de notáveis pensadores que, entre os séculos XVIII e XX, pavimentaram os caminhos por onde hoje percorre- mos na busca por conhecimento e desenvolvimento humano. A compreensão da complexidade e da beleza inerentes ao processo educativo nos séculos XVIII, XIX e XX demanda uma imersão nas mentes de filósofos, pedagogos e psicólogos cujas ideias revolu- cionárias reformularam os contornos do que entendemos por en- sinar e aprender. 10 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 RE FE RÊ N CI A S Essa tapeçaria rica e multifacetada de teorias e práticas que nos foi legada pelos séculos XVIII a XX constitui não apenas a herança sobre a qual a educação contemporâneafoi construída, mas também o substrato do qual novas e revolucionárias ideias sobre educação certamente surgirão. Ao revisitarmos seus legados, reafirmamos nosso compromisso com uma educação que não apenas informa, mas transforma; não apenas transmite conhecimento, mas também inspira mudança e promove a realização do potencial humano. Pensadores do século XVIII No Século XVIII, figuras como Jean-Jacques Rousseau e Johann Friedrich Herbart desafiaram o status quo, propondo uma educação que respeitasse a natureza inata do ser humano e promovesse a moralidade, respectivamente. Seus pensamentos representaram o nascer de uma visão onde o aluno era visto não como uma tabula rasa, mas como um ser complexo e dotado de potencialidades únicas. Avançando para o Século XIX, a cena educacional foi trans- formada por luminárias como John Dewey, Maria Montessori, Jean Piaget e Lev Vygotsky. Eles defenderam, com vigor, metodologias que enfatizavam a aprendizagem ativa, a experiência prática, a importância do desenvolvimento cognitivo e o papel crucial do ambiente social no aprendizado. Esses pensadores não apenas reinterpretaram a relação entre o aluno e o conhecimento, mas também forneceram os alicerces para a construção de práticas pe- dagógicas mais inclusivas e eficazes. No alvorecer e durante o decorrer do Século XX, a educa- ção foi profundamente influenciada por Emília Ferreiro, Howard Gardner, José Carlos Libâneo, Paulo Freire, Philippe Perrenoud e B.F. Skinner. Com suas contribuições abrangendo desde a psico- 11FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 gênese da língua escrita até a teoria das inteligências múltiplas, da didática crítica à pedagogia da libertação, e do construtivismo ao behaviorismo, estes pensadores diversificaram e enriqueceram as abordagens educativas, demonstrando que a educação poderia ser simultaneamente rigorosa e humanizada, estruturada e cria- tiva, tradicional e inovadora. Figura 1 - Pensadores da antiguidade Fonte: Freepik Na linha do tempo temos: 12 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Figura 2 - Linha do tempo com os pensadores Fonte: Criado por telesapiens no canvas. Jhoann Friedrich Herbart (1776-1841) Herbart foi percursor da psicologia experimental e visava a educação como uma ciência. Suas contribuições para a pedagogia foram métodos sistematizados, objetividade e analise, rigor e psicometria. 13FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A ação pedagógica é direcionada em três procedimentos: • O governo • A instrução • A disciplina Para Herbart, os seres humanos nasciam desprovidos de qualquer conteúdo e que seria adquirido através da aprendizagem. Ele denominou como “tábulas rasas”. Jean Jacques Rousseau (1712-1778) Rousseau foi um filósofo francês cujas ideias exerceram uma influência profunda na educação durante o Iluminismo. Sua principal obra foi o “Do Contrato social” no qual defendia que o ser humano nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Para Herbart, os indivíduos são organizados e concedem direitos ao Estado na troca de organização e proteção. Ele foi um dos primeiros a enfatizar a importância da infância e a sugerir que a educação deveria ser adaptada às necessidades e interesses da criança, não aos do adulto. Pensadores do século XIX 1.2.1 John Dewey (1859-1952) Dewey foi um filósofo e pedagogo americano que se destacou por suas ideias sobre educação progressista. Ele enfatizava a importância da experiência prática e do pensamento reflexivo na educação, argumentando que a escola deveria ser uma extensão da comunidade e promover a democracia e a cidadania ativa. 14 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Dewey foi o criador da Nova Escola. Reforçou que a educação é feita pela ação e criticou a educação tradicional, o intelectualismo e a memorização. Teve influências behavioristas, materialistas no qual fundamentou suas pesquisas na filosofia pragmática. A escola deveria ser a própria vida e não somente uma preparação para ela. Maria Montessori (1870- 1952) Montessori foi uma educadora e médica italiana que desenvolveu o método Montessori de educação, que se caracteriza pelo seu enfoque no desenvolvimento natural das crianças. Seu método enfatiza a autoeducação em um ambiente preparado onde as crianças têm liberdade de escolher e realizar atividades a seu próprio ritmo. Montessori foi a primeira mulher na Itália a se formar em medicina. Depois que se formou também em pedagogia, se dedicou a trabalhar com crianças excepcionais em um hospital psiquiátrico. Criou o sistema Montessoriano, que apoia o trinômio: Atividade Individualidade Liberdade Deu ênfase ao desenvolvimento na aprendizagem de jogos e atividades que continham uma certa autonomia. Para Montessori, a criança tem liberdade para lidar com objetos preestabelecidos. A coordenação motora desenvolve o movimento. São jogos montessorianos ainda usados nos dias atuais como: o material dourado e o alfabeto móvel. 15FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Jean Piaget (1896-1980) Piaget foi um psicólogo suíço conhecido por sua teoria do desenvolvimento cognitivo das crianças. Ele propôs que as crianças passam por quatro estágios de desenvolvimento mental e que o aprendizado ocorre quando elas interagem com o meio ambiente e resolvem problemas. Piaget foi o representante principal na psicologia da aprendizagem. Estudou o pensamento da infância até a adolescência. Para Piaget, a criança é um ser dinâmico no qual interage com a realidade. Criou a “Epistemologia Genética” no qual refere as fases do desenvolvimento cognitivo que estão divididos em 4 estágios: Sensório Pré-operacional Operacional concreto Operacional formal Criou os termos de acomodação e assimilação. Lev Semenovitch Vygotsky (1896- 1934) Vygotsky foi um psicólogo russo que enfatizou o papel do contexto social e da linguagem no desenvolvimento cognitivo. Fundamentou sua teria no papel da linguagem e do processo histórico no desenvolvimento do ser humano. O sujeito é um ser ativo, porém também interativo. Existe uma troca de conhecimento através das funções sociais e eles passam a ser assimilados. 16 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Existem dois níveis e desenvolvimento para Vygotsky: o real e o potencial. Foi criador da Zona de Desenvolvimento Proximal. O desenvolvimento cognitivo é produzido através da interação social com subsídios fornecidos pela cultura, seria um processo que se constrói de fora para dentro. Pensadores do século XX 1.3.1 Emília Beatriz Maria Ferreiro Schavi (1936) Ferreiro é uma psicóloga e pedagoga argentina que trouxe contribuições significativas para a compreensão da alfabetização. Influenciada por Piaget, ela investigou profundamente o processo pelo qual as crianças aprendem a ler e escrever, desafiando concepções tradicionais e propondo novas abordagens no ensino da leitura e da escrita. Emilia Ferreiro foi aluna de Jean Piaget e juntamente com Ana Teberosky, escreveu o livro “Psicogênese da Língua Escrita” o qual fez sérias críticas referente ao uso da Cartillha, método preconizado por Comenius. Aponta que a construção do conhecimento da língua escrita deve ser individual e também pela interação com o meio. A criança então, passa por processos e etapas até o domínio completo do código linguístico. De acordo com Ferreiro e Teberosky, todas as crianças passam por quatro fases no processo de alfabetização: Pré-silábica Silábica Silábico- alfabética Alfabética 17FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Em 1980 seus ensinamentos tiveram forte influência no Brasil e também auxiliou nos conceitos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Howard Gardner (1943) Gardner é um psicólogo cognitivo americano conhecido pela teoria das inteligências múltiplas. Ele propôs que a inteligência não é um traço único, mas um conjunto de habilidades cognitivas distintas, que incluem, por exemplo, a inteligência musical e a inteligência lógico-matemática.Também com fortes influências de Piaget, em 1983 criou, juntamente com a sua equipe a Teoria das inteligências múltiplas. Concluiu que há sete níveis de inteligência: Lógico- matemática Linguística Espacial Físico-cinestésica Interpessoal Intrapessoal Musical Anos depois, criou as teorias das inteligências: Natural Existencial Já as teorias interpessoal e intrapessoal foram agrupadas. 18 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 As inteligências se combinam em diferentes maneiras, em cada um. José Carlos Libâneo (1945) Libâneo é um pedagogo brasileiro que contribuiu com estudos importantes sobre didática e prática de ensino. Seus trabalhos abrangem as dimensões técnica e política da educação e enfatizam a importância de um ensino estruturado que promova a formação cidadã. Criador do Termo Pedagogia Crítico social dos conteúdos e atualmente desenvolve algumas pesquisas da teoria histórico e cultural. Suas teses estão ligadas a educação, formação de professores, didática e ensino aprendizagem. Paulo Freire (1921-1997) Freire foi um educador e filósofo brasileiro cujo trabalho teve um impacto global. Ele é mais conhecido por sua abordagem crítica à educação, que é centrada na ideia de conscientização e na promoção da educação como uma prática de liberdade, onde o diálogo aberto entre professor e aluno é essencial para a aprendizagem. Paulo Freire foi totalmente oposto às ideias da classe dominante, por esse motivo suas principais ideologias foram: A pedagogia do dominante e A pedagogia do Oprimido. Para Freire, o sujeito da educação é o educador. Teve a sua atuação na educação de jovens e adultos, no qual privilegiava o trabalho em grupos e desenvolveu uma metodologia para educação de jovens e adultos. [[ACESSE]] 19FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/ conteudo/conteudo.php?conteudo=340. Acesso: 22/05/19. Podemos refletir com os passos utilizados para Educação de Jovens e Adultos: Levantamento do universo vocabular dos grupos, para a escolha das palavras geradoras Organização dos círculos de cultura, formados por pequenos grupos, sob a coordenação de uma pessoa, que não precisa necessariamente ser um professor A representação de uma das palavras, já que estas pertencem ao universo vocabular dos educandos, aliada à sua experiência de vida, gerará temas correlatos, descobrindo-a como suma situação problemática Reúne-se todo o material possível para ampliar a consciência e a experiência dos educandos Passa-se à visualização da palavra e ao processo de decodificação em unidades menores, para reconstituí-la posteriormente. Phillippe Perrenoud (1944) Perrenoud é um sociólogo suíço que focou em práticas pedagógicas e formação de professores. Criador dos temas: Competências e Habilidades. Estudou a evasão escolar e as desigualdades sociais e se dedicou as práticas pedagógicas em Genebra. A proposta de Perrenoud é que as crianças sejam avaliadas de três em três anos, ao invés de ano a ano. Para ele, a criança tem tempo suficiente para gerar as habilidades. Suas ideologias http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=340 http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=340 20 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 serviram como base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA). Burrhus Frederic Skinner (1904- 1990) Burrhus Frederic Skinner, mais conhecido como B.F. Skinner, foi um psicólogo, comportamentalista e autor americano, considerado um dos líderes do behaviorismo e notável por seus trabalhos em análise do comportamento e por desenvolver a técnica conhecida como condicionamento operante. Skinner teve sua prática baseada em teorias behavioristas. O princípio do behaviorismo é a mudança do comportamento manifesto, ou seja, as mudanças do comportamento são respostas aos estímulos que acontecem no meio social, desta forma, o indivíduo estará condicionado a reagir. Ele denomina um Estímulo- Respostas (S-R) no qual é sempre reforçado ou compensado. Esse reforço ou compensação, é a peça chave da teoria de Skinner, pois é ele que irá fortalecer a respostas desejada. Pode ser um elogio, uma nota ou um sentimento de satisfação. Na educação, as teorias de Skinner têm sido aplicadas através de técnicas de ensino programado e do uso de máquinas de ensinar. A ideia é que, ao quebrar a informação em pequenos pedaços e fornecer reforço imediato, os estudantes possam aprender de maneira mais eficiente e eficaz. Skinner também abordou o conceito de “aprendizagem autogerida”, onde o aluno tem mais controle sobre o ritmo de aprendizagem. Skinner enfrentou críticas de várias frentes, especialmente daquelas correntes psicológicas que enfatizam a cognição e os processos mentais internos, que ele optou por não incluir em suas análises. No entanto, a precisão e praticidade de suas teorias 21FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 continuam a influenciar não apenas a psicologia educacional, mas também áreas como terapia comportamental, design instrucional e gestão organizacional. B.F. Skinner é um marco na psicologia e na educação, representando a busca contínua pelo entendimento científico do comportamento humano e suas aplicações para melhorar a sociedade. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que cada pensador contribuiu de forma única para a construção do pensamento educacional. Herbart e Rousseau lançaram as bases para a educação moderna, ressaltando a importância da experiência e do desenvolvimento natural do indivíduo. Dewey, Montessori e Piaget, influentes no século XIX, focaram na aprendizagem ativa e no desenvolvimento cognitivo, enquanto Vygotsky enfatizou o papel do contexto social e da linguagem. No século XX, Ferreiro revolucionou nossa compreensão do processo pelo qual as crianças aprendem a ler e escrever, e Gardner expandiu a noção de inteligência com sua teoria das inteligências múltiplas. Libâneo ofereceu perspectivas críticas sobre a prática pedagógica, e Freire defendeu uma pedagogia voltada para a conscientização e a libertação. Perrenoud focou nas competências como eixo da prática educativa, e Skinner, com seu behaviorismo, influenciou as técnicas de ensino e a gestão da sala de aula. Esses pensadores forneceram ferramentas valiosas para compreender e enfrentar os desafios educacionais contemporâneos, influenciando diretamente a maneira como ensinamos e aprendemos hoje. Com esses conhecimentos, você 22 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 está mais equipado para aplicar as teorias educacionais em sua prática profissional. 23FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Concepções e tendências pedagógicas no Brasil OBJETIVO Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam as diversas concepções e tendências pedagógicas que têm moldado o cenário educacional no Brasil. Este conhecimento é fundamental para o exercício da sua profissão, pois permite que você compreenda e faça intervenções de maneira crítica e consciente na realidade educativa brasileira. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! As tendências pedagógicas foram fortemente influenciadas por movimentos culturais e políticos ao longo de vários anos. Essas tendências, levaram às práticas mais utilizadas em todo o nosso país. Segundo Libâneo (1990) e Saviani (1997), algumas tendências evidenciam uma mudança significativa no cenário educacional brasileiro e são divididas em dois pensamentos pedagógicos: Tendências Liberais e Tendências Progressistas. IMPORTANTE O cenário educacional brasileiro é um mosaico de tendências pedagógicas, desde o tradicionalismo até as abordagensconstrutivistas e tecnicistas. É o que podemos verificar na figura abaixo: FIGURA 3 - Tendências pedagógicas 24 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Fonte: Disponível em: https://educador.brasilescola.uol. com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras. htm. Acesso: 24/05/19 É imprescindível que os docentes possam se apropriar dessas tendências para que essas possam melhorar nas suas práticas pedagógicas. Por essa razão, faremos uma síntese das principais tendências. REFLITA https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm 25FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Como as diferentes tendências pedagógicas coexistem e se manifestam nas escolas brasileiras hoje? Tendências Liberais Sustenta o ideal que o aluno deve estar preparado para atuar na sociedade de acordo com as suas habilidades e aptidões. O indivíduo deve aprender a viver em harmonia com a sociedade, porém ele tem uma cultura individual. A tendência liberal na educação enxerga o aluno como uma tela pronta para receber as cores do conhecimento e as habilidades que lhe permitirão navegar pela sociedade. Esta corrente é vibrante e otimista, acreditando no potencial ilimitado de cada estudante para encontrar o seu lugar no mundo, um lugar onde sua cultura individual e talentos únicos são tanto seu guia quanto seu presente para a comunidade. As tendências liberais na educação compreendem uma série de abordagens pedagógicas que, historicamente, têm sido influenciadas pela filosofia liberal, a qual valoriza a autonomia individual, o livre mercado e, em alguns casos, a manutenção do status quo social. Tendência Tradicional Essa tendência foi a primeira a ser refletida no Brasil. O professor é a figura central e o aluno o receptor passivo das informações. As atividades são feitas por exercícios de memorização. Ela é como o clássico quadro-negro e giz, onde o professor é o maestro e os alunos a orquestra, seguindo cada movimento de 26 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 sua batuta. Mas não se engane, há beleza na estrutura e na ordem, e enquanto essa abordagem tem sido reimaginada, seu núcleo permanece: o respeito pelo conhecimento transmissível através da disciplina e dedicação, o eco de um passado educacional que ainda ressoa em muitas salas de aula. A tendência tradicional na educação, também conhecida como pedagogia tradicional, é caracterizada por um modelo educacional que esteve predominante, sobretudo, nos séculos XIX e grande parte do XX, sendo ainda prevalente em muitos sistemas educacionais ao redor do mundo. Essa tendência baseia- se em princípios e práticas que enfatizam a transmissão de conhecimentos de maneira linear e autoritária, do professor para o aluno. Características da Tendência Tradicional: Centralidade do professor: o professor é a figura central do processo educativo, detentor do conhecimento, responsável por transmitir as informações aos alunos. O papel do aluno é passivo; ele é visto como um receptor que deve absorver e memorizar o conteúdo apresentado. Currículo fixo: o currículo é rígido e baseia-se em uma grade curricular pré-definida, com pouco espaço para adaptação ou inovação. Os conteúdos são estruturados de forma sequencial e disciplinar, com ênfase em áreas de conhecimento tradicionais como matemática, história e língua materna. Método expositivo: a metodologia de ensino é predominantemente expositiva, com aulas centradas em palestras e demonstrações do professor, enquanto os alunos tomam notas e memorizam informações para reprodução em avaliações. 27FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Avaliação sumativa: a avaliação é tipicamente sumativa, ou seja, centrada em testes e provas que medem a capacidade do aluno de reter e reproduzir o conhecimento adquirido, frequentemente sem considerar o processo de aprendizagem. Disciplina e ordem: a disciplina é um aspecto crucial, e espera-se que os alunos sigam regras estritas de comportamento e comunicação em sala de aula, o que reflete uma visão de educação como um processo de formação moral e social. Críticas à tendência tradicional: A pedagogia tradicional tem sido criticada por diversas razões: Falta de contextualização: o conhecimento é muitas vezes descontextualizado da experiência do aluno, tornando o aprendizado menos significativo e relevante para sua vida real. Desencorajamento ao pensamento crítico: ao priorizar a memorização em detrimento da análise e da reflexão crítica, esta abordagem pode limitar o desenvolvimento de habilidades de pensamento superior. Desconsideração da individualidade: a tendência tradicional frequentemente não leva em conta as diferenças individuais entre os alunos, como estilos de aprendizagem, interesses e necessidades educacionais. Embora a tendência tradicional ainda tenha presença em muitos ambientes educacionais, atualmente existe um movimento para métodos de ensino mais construtivistas e estudante- centrados, que procuram superar as limitações desse modelo tradicional. 28 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Tendência Tecnicista Fundamentada por Skinner, nessa teoria de cunho behaviorista, o aluno é passivo na produção do conhecimento e esse conhecimento acaba sendo acumulado na mente através de associações. A tendência tecnicista na educação surgiu em meados do século XX e teve um impacto significativo no sistema educacional, particularmente durante as décadas de 1960 e 1970. Este modelo pedagógico é influenciado pela teoria do behaviorismo e pelos princípios da eficiência e da produtividade originados no contexto industrial. A educação tecnicista é caracterizada por tratar a educação como uma ciência aplicada, enfatizando a necessidade de preparar os indivíduos para atender às demandas do mercado de trabalho e da economia. Características da tendência tecnicista: Educação como tecnologia: a educação é vista como uma tecnologia, um conjunto de técnicas e procedimentos que podem ser cientificamente desenvolvidos e aplicados para alcançar resultados específicos, como se fosse uma linha de produção. Neutralidade e objetividade: a tendência tecnicista promove uma visão de que a educação deve ser neutra e objetiva. Os professores são considerados técnicos, e o processo educacional é sistematizado de forma a minimizar a subjetividade e maximizar a eficácia. Planejamento e controle: existe um forte enfoque no planejamento sistemático e no controle do processo de ensino, com uso de métodos padronizados e avaliações objetivas para garantir que os objetivos educacionais sejam atingidos. 29FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Instrução programada: a instrução programada e o ensino assistido por máquinas são exemplos de metodologias associadas a esta tendência, onde os alunos progridem através do material de estudo de maneira sequencial e controlada. Desenvolvimento de competências específicas: o currículo é orientado para o desenvolvimento de habilidades e competências específicas, com ênfase na qualificação profissional e na preparação para o mercado de trabalho. Críticas à tendência tecnicista: Desumanização da educação: críticos argumentam que a abordagem tecnicista pode levar à desumanização da educação, transformando-a em um processo frio e mecânico. Negligência das dimensões sociais e críticas: a tendência tecnicista é frequentemente criticada por negligenciar as dimensões sociais e críticas da educação, ao se concentrar excessivamente em metas quantificáveis e habilidades técnicas. Resistência a mudanças e inovações: o modelo pode ser resistente a mudanças e inovações, devido à sua rigidez e à ênfase em procedimentos padronizados. A tendência tecnicista teve seu apogeu durante uma época em que a eficiência educacionalera vista como crucial para o desenvolvimento econômico. No entanto, à medida que as teorias educacionais evoluíram e a necessidade de habilidades de pensamento crítico, criatividade e adaptabilidade se tornou mais evidente, muitos sistemas educacionais começaram a se afastar dessa abordagem em favor de modelos mais holísticos e centrados no aluno. 30 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Tendência Renovadora Progressista Na tendência renovadora progressista, a sala de aula é um palco para a curiosidade, onde cada aluno é o protagonista de sua jornada de aprendizado. Aqui, o professor passa a ser o diretor, aquele que ilumina o caminho, mas são os alunos que dançam, experimentam, tropeçam e, finalmente, aprendem a coreografia do conhecimento pela prática e pela experiência vivida. Essa foi a segunda tendência a aparecer no Brasil depois da tradicional. Esta, centraliza o aluno no qual ele deve ser ativo e curioso no processo ensino aprendizagem. O professor é apenas um facilitador enquanto o aluno “aprende fazendo”. A tendência renovadora progressista na educação, também conhecida como pedagogia progressista, surge como uma reação às abordagens mais tradicionais e tecnicistas de ensino. Ela se desenvolve a partir do princípio de que a educação deve ir além da mera transmissão de conhecimento e deve ser um instrumento de transformação social e pessoal. Esta tendência se apoia em teorias pedagógicas que enfatizam a importância da experiência, do pensamento crítico e do aprendizado significativo para o estudante. Principais características da tendência renovadora progressista: Aluno no centro: o aluno é colocado no centro do processo educativo, o que significa que suas experiências, necessidades e interesses são considerados essenciais para o seu desenvolvimento cognitivo e social. Aprendizado ativo: a pedagogia progressista promove a ideia de aprender fazendo. Valoriza-se a experimentação, a 31FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 pesquisa e a resolução de problemas como métodos-chave para o aprendizado, em vez de memorização e repetição. Currículo integrado: ao invés de seguir um currículo rígido e fragmentado, a tendência renovadora progressista favorece um currículo integrado que relaciona diferentes áreas do conhecimento e conecta a aprendizagem com a vida real dos alunos. Relação democrática: busca-se uma relação mais horizontal entre professores e alunos, onde o diálogo e o respeito mútuo são fundamentais. O professor atua mais como um orientador ou facilitador da aprendizagem do que como um transmissor de conhecimentos. Crítica social: há um forte compromisso com a formação cidadã e a consciência social. A educação é vista como um meio de promover a igualdade e a justiça social, incentivando os alunos a questionarem e transformarem a realidade em que vivem. Exemplos de pedagogos associados à tendência renovadora progressista: John Dewey: um dos principais nomes associados a esta tendência, Dewey via a educação como uma ferramenta fundamental para a democracia, enfatizando a importância da experiência prática e da interação social no aprendizado. Paulo Freire: outro grande expoente do progressismo, Freire destacou-se pelo seu trabalho em educação popular e alfabetização, promovendo a ideia de que a educação deve ser um ato de libertação, não de domesticação. A tendência renovadora progressista desempenhou um papel significativo na reforma das práticas educacionais e continua a influenciar as políticas educacionais contemporâneas, 32 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 especialmente aquelas que buscam uma educação mais justa, relevante e emancipadora. Parte superior do formulário Tendência não diretiva (Escola Nova) A tendência não diretiva, ou Escola Nova, semeada por Anísio Teixeira, transforma a sala de aula em um jardim onde cada estudante é uma semente única, destinada a crescer em seu próprio ritmo e forma. Aqui, a educação é um ecossistema onde cada personalidade floresce, guiada pela luz do autoconhecimento e regada pelo respeito mútuo e a cooperação. Método é centrado no aluno e foi trazido por Anísio Teixeira para o Brasil. O papel da escola é de formação social, psicológica e pedagógica e também como formadora de comportamentos. Está inteiramente ligado às percepções e suas possíveis modificações. Tendências progressistas E as tendências progressistas, elas são o sopro de renovação, a voz que desafia o status quo, que vê cada aula como um ato de revolução pacífica, onde a educação não é apenas transferência de conhecimento, mas um catalisador para a mudança social. Seja libertando mentes com as ideias de Paulo Freire, fomentando a transformação integral do indivíduo na libertária, ou entrelaçando a teia da história com as experiências pessoais na crítico-social, esta corrente é a força da educação como ferramenta de emancipação e progresso. 33FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Parte do pressuposto de uma análise crítica às realidades sociais e não está centrada a ideia do capitalismo. Essa tendência é subdividida em três partes: Tendência libertadora: também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire que luta pela pedagogia do oprimido. Há uma preocupação de se libertar de uma manifestação crítica. Está centralizada na discussão e temas sociais e políticos. O docente participa ativamente das atividades. Tendência libertária: tem como principal objetivo a transformação do sujeito na sua totalidade. Tem ênfase na livre expressão, no contexto cultural e na educação estética. Tendência crítico- social (Histórico- crítica): Apareceu no Brasil nos fins dos anos 70 e enfoca que deve ter conteúdos históricos por meio de conteúdos e processos de socialização. O professor é mediador no processo de desenvolvimento e os conhecimentos são construídos pela experiência subjetiva e pessoal. Cada uma dessas tendências representa um encontro fascinante de ideais e práticas, um verdadeiro mosaico de possibilidades educacionais que prepara os alunos não apenas para o mercado de trabalho, mas também para uma vida de participação ativa e significativa na sociedade. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo 34 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 o que vimos. Você deve ter aprendido que as tendências liberais e progressistas delinearam o panorama educacional brasileiro, cada uma com suas particularidades e aplicações práticas. A tendência tradicional, com sua ênfase na memorização e no papel central do professor, contrasta com a tecnicista, que vê a educação como uma ferramenta de eficiência produtiva. A tendência renovadora progressista e a não diretiva (Escola Nova) surgem como respostas a esses modelos, propondo práticas mais centradas no aluno e na aprendizagem significativa. Por sua vez, as tendências progressistas desafiam as concepções anteriores e buscam promover uma educação mais crítica e transformadora, focada na realidade social do aluno e na promoção da cidadania ativa. Essas tendências formam um mosaico complexo de práticas educativas que influenciaram e continuam a influenciar as políticas educacionais e o desenvolvimento curricular no Brasil. Compreender essas tendências é essencial para qualquer profissional da educação que deseja atuar de forma consciente e crítica dentro do contexto educacional brasileiro. 35FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Educação X Ideologia, limites éticos OBJETIVO Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como as definições de educação estão intrinsecamente relacionadas a questões éticas e ideológicas. Este discernimento será fundamental para o exercício da sua profissão, pois permite que você navegue e medie os valores e crenças que permeiam o ambiente educacional, mantendo uma prática justa e equitativa. E então? Motivado paradesenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! A presença de ideologia na educação é uma realidade inescapável e uma fonte de debate constante. Ideologias são sistemas de crenças que influenciam nossa percepção do mundo e guiam nossas ações. Na educação, elas podem moldar o currículo, as práticas de ensino, as políticas educacionais e até mesmo as expectativas sobre o papel da educação na sociedade. O ensino permeado por ideologias pode ter tanto efeitos positivos quanto negativos. Por um lado, pode inspirar uma educação que promove a igualdade, a justiça social e o pensamento crítico. Por outro lado, pode levar à doutrinação, se a educação for usada para impor um conjunto específico de crenças ou para marginalizar perspectivas alternativas. No contexto da sala de aula, a ideologia pode influenciar: Conteúdo curricular: quais temas são ensinados e como são abordados. Por exemplo, a história pode ser ensinada 36 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 de maneiras que enfatizem certos eventos e perspectivas em detrimento de outros. Métodos de ensino: a forma como os professores são encorajados a interagir com os alunos e o tipo de aprendizado que é valorizado podem refletir crenças ideológicas sobre o que é considerado “bom ensino”. Avaliação e expectativas: o que é avaliado e como isso é feito pode ser baseado em normas que refletem valores ideológicos específicos sobre o sucesso educacional. O desafio ético na educação é como abordar a ideologia de forma a respeitar a diversidade de opiniões e promover uma educação equitativa. Isto envolve a promoção de um ambiente onde diferentes pontos de vista possam ser expressos e discutidos de maneira aberta e crítica. O reconhecimento de que a educação não pode ser separada da ideologia leva à necessidade de transparência e reflexão crítica por parte dos educadores. Professores e instituições educacionais devem se esforçar para: Reconhecer suas próprias perspectivas ideológicas e como elas podem influenciar sua prática. Encorajar os alunos a desenvolver habilidades de pensamento crítico para que possam analisar e entender diferentes ideologias. Assegurar que o ensino não seja dogmático, mas que fomente a curiosidade, a investigação e a compreensão mútua. Portanto, lidar com a ideologia na educação requer um equilíbrio cuidadoso, promovendo a inclusão e o respeito por 37FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 múltiplas perspectivas enquanto se mantém comprometido com princípios educacionais éticos e democráticos. Parte superior do formulário A intersecção de educação e ideologia é um campo minado de controvérsias, debates e, inevitavelmente, de limites éticos. A sala de aula, em sua essência, é um palco onde diferentes visões de mundo e valores se encontram e, por vezes, colidem. Nesse contexto, a educação pode ser tanto um instrumento de libertação quanto um meio de perpetuação de ideologias específicas. Educação e ideologia estão intrinsecamente ligadas; a primeira muitas vezes serve como um canal para a segunda. Currículos, livros didáticos, métodos de ensino — todos carregam impressões das visões ideológicas da época e do contexto cultural em que estão inseridos. A pedagogia pode ser utilizada para reforçar estruturas de poder existentes ou para questioná-las e desafiá-las. Por exemplo, o educador pode intencionalmente ou inadvertidamente enfatizar certos valores e crenças, moldando assim as perspectivas dos alunos. Aqui, os limites éticos são postos à prova: até que ponto a educação deve influenciar o pensamento do aluno e onde começa a lavagem cerebral? O debate sobre a possibilidade de uma educação neutra é antigo e complexo. Muitos argumentam que a neutralidade é uma falácia, pois escolher não tomar partido já é, em si, uma posição ideológica. Por outro lado, um enfoque pluralista pode ser defendido, onde múltiplas perspectivas são apresentadas e discutidas, permitindo que os alunos desenvolvam seu próprio pensamento crítico. 38 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A ética entra em jogo quando consideramos o respeito pela diversidade de opiniões e o direito dos alunos a uma educação que expanda, e não limite, suas visões de mundo. O papel do educador é, portanto, crucial e delicado. Ele deve estar ciente de suas próprias inclinações ideológicas e refletir sobre como elas influenciam sua prática pedagógica. A ética profissional demanda que o educador promova um ambiente de aprendizagem onde o questionamento seja encorajado, e que ele próprio seja um modelo de pensamento crítico e reflexivo. Isso significa também proteger o espaço educativo de ser cooptado por agendas políticas ou econômicas que buscam usar a educação como ferramenta para seus próprios fins, muitas vezes em detrimento de uma educação mais holística e humanística. A educação ideal, em um sentido ético, deveria equipar os alunos com as ferramentas para entender e criticar as ideologias que encontram, tanto dentro quanto fora da sala de aula. Isso requer uma abordagem que vá além do conteúdo programático e engaje os alunos em uma aprendizagem que é socialmente relevante e politicamente consciente. A relação entre educação e ideologia é complexa e repleta de desafios éticos. Educadores devem navegar este terreno com cuidado, esforçando-se para promover um ensino que respeite a integridade intelectual e a autonomia dos alunos, enquanto prepara cidadãos engajados e capazes de participar de maneira crítica e informada na sociedade. O debate sobre educação e ideologia envolve questões como: Até que ponto a educação pode ou deve ser influenciada por ideologias particulares? 39FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Como os educadores podem equilibrar suas próprias crenças com a necessidade de proporcionar uma educação equitativa e não partidária? De que maneira as escolas podem garantir que diferentes perspectivas sejam respeitadas e representadas no ambiente educativo? Os limites éticos na educação são essenciais para navegar essas questões, exigindo dos educadores não só a conscientização de suas próprias perspectivas ideológicas, mas também um compromisso com práticas pedagógicas que sejam justas, baseadas em evidências e abertas ao diálogo. Isso envolve ensinar os alunos a reconhecerem e analisarem criticamente as ideologias, incentivando-os a desenvolverem suas próprias opiniões informadas e a respeitarem as diferenças. Em resumo, a educação, quando conduzida dentro de limites éticos claros, tem o poder de transcender as barreiras ideológicas, promovendo uma sociedade mais crítica, consciente e, por fim, mais livre. Os princípios éticos na escola Os princípios éticos na escola servem como bússola moral para a conduta dentro do ambiente educacional, guiando tanto educadores quanto alunos na construção de um espaço de respeito mútuo, integridade e busca pelo conhecimento. A ética escolar permeia todas as ações, decisões e relações interpessoais, moldando a cultura educacional e influenciando o desenvolvimento dos estudantes como cidadãos. 40 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Figura 4 - A ética escolar Fonte: Freepik h t t p s : / / b r . f r e e p i k . c o m / f o t o s - p r e m i u m / e s t u d a n t e s - d e - e n s i n o - d o - p r o f e s s o r - d e - e s c o l a - q u e - aprendem-o-concei to_3342765.htm#query=turma%20 escola&position=23&from_view=keyword&track=ais Respeito Um princípio ético fundamental nas escolas é o respeito pela dignidade de cada indivíduo. Isso se traduz em tratar todos os membros da comunidade escolar com consideração, independentemente de suas origens, crenças ou habilidades. O respeito também se estende à propriedade comum e às regras estabelecidas para o bem-estar coletivo. Justiça e equidade As escolas são chamadas a promover a justiça e a equidade, oferecendo oportunidades iguais para todos os alunos aprenderem e se desenvolverem. Isso inclui a adaptação de práticas pedagógicas paraatender às necessidades de aprendizagem diversificadas e a garantia de que políticas e procedimentos não discriminem ou favoreçam injustamente qualquer grupo ou indivíduo. Integridade Integridade envolve a adesão a princípios morais, como honestidade e responsabilidade. No contexto escolar, isso significa que alunos e professores são esperados para agir com 41FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 honestidade acadêmica, não engajando em plágio ou fraude, e assumindo responsabilidade por suas ações. Responsabilidade A responsabilidade é um princípio ético chave que se refere à obrigação de cada pessoa de cumprir suas funções e contribuir para um ambiente de aprendizagem positivo. Educadores têm a responsabilidade de fornecer instrução de qualidade e apoio, enquanto os alunos têm a responsabilidade de se engajar ativamente no processo de aprendizagem. Empatia e compaixão A empatia e a compaixão são vitais para criar um ambiente acolhedor e solidário na escola. Estes princípios éticos envolvem a habilidade de entender e compartilhar os sentimentos de outros, o que pode levar a ações que apoiam e ajudam colegas e membros da comunidade escolar que podem estar enfrentando desafios. Cidadania A promoção da cidadania através da educação ética prepara os alunos para serem participantes ativos e conscientes na sociedade. Isso envolve ensinar sobre direitos e responsabilidades civis, encorajando o engajamento com questões comunitárias e globais e cultivando um sentido de responsabilidade social. Autonomia e liberdade de pensamento O respeito pela autonomia dos alunos incentiva a liberdade de pensamento e expressão, enquanto assegura que essa liberdade não infrinja os direitos dos outros. Educar para a autonomia envolve encorajar os alunos a pensar de forma crítica, tomar decisões informadas e desenvolver suas próprias opiniões. Confidencialidade 42 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A confidencialidade é um aspecto crítico da ética escolar, especialmente no que se refere à informação pessoal e acadêmica dos alunos. Professores e pessoal escolar devem proteger a privacidade dos alunos, garantindo que suas informações não sejam compartilhadas indevidamente. Ao aderir a estes princípios éticos, as escolas não apenas criam um ambiente seguro e propício ao aprendizado, mas também modelam valores e comportamentos que os estudantes levarão consigo ao longo da vida. A ética escolar, portanto, tem um papel crucial não apenas na formação acadêmica, mas também no desenvolvimento do caráter e na preparação dos jovens para os desafios morais do mundo fora da sala de aula. O compromisso ético O compromisso ético na educação transcende a mera transmissão de conhecimento; é a espinha dorsal que sustenta o propósito e a prática educacionais, enfatizando a responsabilidade coletiva de educadores, alunos e instituições para com a sociedade. Para educadores, o compromisso ético significa cultivar um ambiente onde o respeito e a integridade são vivenciados, não apenas ensinados. Eles devem esforçar-se para serem modelos de comportamento ético, demonstrando através de suas ações o valor de ser honesto, justo e confiável. A sala de aula deve ser um espaço onde valores éticos são discutidos e onde o diálogo sobre dilemas morais é encorajado, permitindo aos alunos desenvolverem a sua própria compreensão ética e a habilidade de aplicá-la em situações reais. Os alunos, por sua vez, estão comprometidos com a ética ao engajar-se de maneira honesta com o seu aprendizado, 43FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 tratando colegas e professores com respeito, e ao adotar um comportamento que reflete integridade tanto dentro quanto fora da escola. Eles devem aprender a considerar as consequências éticas de suas ações e a tomar decisões baseadas em princípios morais sólidos. As instituições educacionais têm o dever ético de garantir que suas políticas e práticas promovam equidade, justiça e igualdade de oportunidades para todos os estudantes. Devem também fornecer os recursos necessários para que o aprendizado ocorra em um ambiente seguro e acolhedor, e que seja conducente ao desenvolvimento intelectual e moral dos alunos. Além disso, o compromisso ético se estende à comunidade mais ampla, na medida em que a educação é vista como um meio de promover o bem social e contribuir para uma sociedade mais justa e democrática. Isso significa que as escolas e os educadores têm a responsabilidade de ensinar os alunos a se tornarem cidadãos ativos e conscientes, equipados com a capacidade de pensar criticamente sobre questões sociais e de agir de maneira ética no mundo. REFLITA Sobre o impacto das suas ações e palavras, não apenas nas pessoas mais próximas a você, mas também na sociedade como um todo. O que você ensina e como você age tem o potencial de ressoar muito além das paredes da sala de aula. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo 44 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 o que vimos. Você deve ter aprendido que os princípios éticos na escola são fundamentais para a construção de um ambiente educacional justo, respeitoso e inclusivo. O compromisso ético do educador vai além do ensino acadêmico; é uma prática diária que implica respeitar a dignidade e os direitos de todos os estudantes, fomentando um clima de confiança mútua e de cooperação. Você também deve ter reconhecido que a educação não é uma prática neutra e que as ideologias presentes na sociedade permeiam o ambiente escolar. Portanto, é essencial que os educadores estejam cientes de suas próprias crenças e de como elas podem influenciar sua prática pedagógica, sempre se esforçando para manter um equilíbrio que promova uma educação crítica e reflexiva. Assim, ao fim deste capítulo, espera-se que você tenha uma compreensão clara da interação entre educação, ideologia e ética, e esteja preparado para navegar essas águas, mantendo sempre a ética como o norte de suas ações educativas. 45FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Educação e Tecnologia, o estado da arte e as tendências OBJETIVO Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como a tecnologia se integra e potencializa a educação no cenário atual. Isto será fundamental para o exercício da sua profissão, pois a habilidade de incorporar recursos tecnológicos de forma efetiva é essencial para o engajamento e sucesso dos estudantes em um mundo cada vez mais digital. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Todos sabemos que a tecnologia se faz cada vez mais presente em nosso cotidiano, não somente no ambiente educacional, mas em todas as áreas. As informações chegam até nós de uma forma muito rápida e também mudam o tempo todo. As mídias sociais como Facebook, Twitter, Instagram dentre outros são partes integrantes na vida da maioria das pessoas. O mundo todo está globalizado e age sempre diante do futuro. Pensando nessas inovações, a escola também precisa de adequar às inúmeras tendências, não só porque vivemos a tecnologia, mas para proporcionar nossas aulas muito mais atrativas. Instituições e profissionais que acabam não seguindo as tendências, tendem a cair no esquecimento ou desmotivar seus alunos. Figura 5 - Educação e as TICs Fonte: Freepik 46 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 https://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-de-criancas- multietnicas-usando-fones-de-ouvido-de-rv-e-o-professor-os- observando_13996172.htm A educação contemporânea passa por um processo de transformação contínua e acentuada pela introdução e evolução da tecnologia. Neste sentido, explorar o estado da arte e as tendências em educação e tecnologia implica uma análise crítica e uma visão prospectiva sobre como as práticas pedagógicas e as ferramentas tecnológicas convergem para moldar novos paradigmas educacionais.A inserção da tecnologia no ambiente educativo não é um fenômeno recente, mas sua influência nunca foi tão abrangente e crucial. Comenius, em sua “Didática Magna” (COMENIUS, 1985), já vislumbrava a importância do uso de múltiplos sentidos na aprendizagem, o que hoje poderíamos associar ao uso de recursos multimídia e interativos fornecidos pela tecnologia educacional. A concepção atual de alfabetização, conforme discutido por Ferreiro (1984), estende-se para além da capacidade de ler e escrever, englobando também a alfabetização digital, que é fundamental na sociedade da informação. A fluência no uso de ferramentas digitais e na navegação por ambientes virtuais de aprendizagem torna-se, portanto, um aspecto essencial da educação. Hein (2014) argumenta que os fundamentos da educação devem evoluir para integrar as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) de modo que preparem os alunos para as demandas do século XXI. Isso implica uma reconfiguração do papel do educador, que, como Robbins (2015) ressalta, deve ser mais um facilitador do conhecimento do que um detentor do saber. 47FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Vygotsky (2001), com sua teoria sobre o desenvolvimento sociocultural, destaca a importância do contexto social e cultural na aprendizagem, algo que as tecnologias digitais potencializam ao permitir o acesso a uma pluralidade de contextos e interações. Diante dessas considerações, é evidente que a tecnologia redefine tanto o “como” quanto o “o que” é ensinado e aprendido. A tendência é a customização da aprendizagem, o uso de analytics para entender e melhorar o processo educativo e a implementação de metodologias ativas que empregam tecnologia para engajar os estudantes de maneira significativa. 4.1 A escola e a TIC Definimos por TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação). A informatização mudou o mundo de tal maneira que passou a também dominar novas tecnologias. REFLITA Como podemos utilizar os recursos tecnológicos em sala de aula? Quais seriam as ferramentas que você mais utilizaria? Faça uma discussão com seus colegas. Compartilhe suas informações. A relação entre a escola e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é um aspecto central na educação contemporânea. A integração das TIC no ambiente escolar tem o potencial de transformar profundamente o ensino e a aprendizagem, oferecendo novas possibilidades para professores e alunos. A integração das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no contexto escolar representa uma das mudanças mais significativas no cenário educacional das últimas décadas. A escola, 48 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 como um espaço de aprendizagem e desenvolvimento humano, enfrenta o desafio de incorporar essas tecnologias de forma a enriquecer o processo educativo, respeitando os princípios pedagógicos e adaptando-se às novas realidades sociais. Com as TIC, a escola pode expandir seus horizontes além das paredes físicas da sala de aula, proporcionando acesso a uma vasta gama de recursos educacionais digitais, como bibliotecas virtuais, cursos online, jogos educativos e plataformas de colaboração. Isso permite que os alunos não apenas consumam conhecimento, mas também participem ativamente de sua construção, colaborando e compartilhando informações em redes mais amplas. O uso das TIC na escola também estimula o desenvolvimento de competências digitais essenciais no século XXI, como a capacidade de buscar, avaliar e sintetizar informações de diversas fontes digitais, a habilidade de comunicar-se eficazmente em múltiplos meios digitais e a competência para usar ferramentas tecnológicas de maneira criativa e inovadora. Além disso, as TIC permitem a personalização da aprendizagem, adaptando-se às necessidades individuais de cada aluno, e promovem práticas pedagógicas inclusivas que podem apoiar estudantes com necessidades especiais através de tecnologias assistivas. No entanto, para que a escola aproveite plenamente os benefícios das TIC, é essencial que os educadores estejam preparados para integrá-las de maneira pedagogicamente sólida. Isso envolve formação contínua dos professores, infraestrutura adequada, suporte técnico e uma reflexão constante sobre as implicações éticas e sociais do uso da tecnologia na educação. 49FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A escola contemporânea, portanto, é chamada a ser um espaço de inovação constante, onde as TIC são vistas como aliadas na promoção de uma educação mais dinâmica, interativa e conectada com o mundo atual. As TIC possuem o potencial de transformar a maneira como os alunos acessam informações, interagem com o conteúdo e desenvolvem habilidades críticas para o século XXI. Conforme Hein (2014), as TIC podem facilitar abordagens pedagógicas inovadoras, incentivando métodos de ensino que promovem a aprendizagem ativa, colaborativa e centrada no aluno. Este paradigma está em alinhamento com teorias construtivistas de aprendizagem, como as propostas por Vygotsky (2001), que enfatizam o papel da interação social e do contexto cultural na construção do conhecimento. A incorporação efetiva das TIC no ambiente escolar traz consigo uma série de desafios. Primeiramente, há a necessidade de infraestrutura adequada, que não se limita à disponibilidade de dispositivos eletrônicos, mas também inclui acesso à internet de alta velocidade e plataformas digitais seguras e confiáveis. Além disso, a capacitação dos professores é fundamental para que possam utilizar as TIC de maneira pedagogicamente eficaz, algo ressaltado por Melo (2014), que enfatiza a importância do desenvolvimento profissional contínuo no contexto das mudanças tecnológicas. As TIC têm o poder de democratizar o acesso ao conhecimento. Por meio de recursos como a educação a distância e os MOOCs (Massive Open Online Courses), barreiras geográficas e socioeconômicas podem ser superadas, oferecendo oportunidades de aprendizado a um espectro mais amplo de estudantes. Nogueira (2013) sublinha a importância de compreender as TIC não apenas como ferramentas, mas como 50 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 espaços de interação cultural e social que ampliam as fronteiras da sala de aula tradicional. 4.2 A problematização das tecnologias na sala de aula A problematização das tecnologias na sala de aula é uma reflexão crítica sobre como essas ferramentas são integradas e utilizadas no processo de ensino e aprendizagem. Esse exercício vai além do simples uso de dispositivos e aplicativos; trata-se de questionar e analisar o impacto pedagógico das tecnologias e como elas podem melhor servir aos objetivos educacionais. Quando problematizamos a tecnologia, questionamos quem tem acesso a essas ferramentas e como esse acesso pode perpetuar ou mitigar desigualdades sociais. Além disso, investigamos como as tecnologias podem influenciar a dinâmica da sala de aula, o papel do professor e o envolvimento do aluno. Isso inclui avaliar se as tecnologias estão sendo usadas de maneira passiva — como substitutas dos métodos tradicionais — ou se estão promovendo uma aprendizagem ativa e construtiva, incentivando a colaboração, a criatividade e o pensamento crítico. Problematizar também significa olhar criticamente para a qualidade dos conteúdos digitais e a confiabilidade das fontes de informação, desenvolvendo nos alunos a competência de literacia digital. Professores e alunos devem estar preparados para navegar no vasto mar de informações disponíveis online, discernindo o que é útil, válido e credível. A problematização inclui a conscientização sobre questões de privacidade e segurança digital, entendendo as implicações 51FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 do uso de dados na educação e como proteger as informações pessoais dos alunos. Em essência, problematizar as tecnologias na sala de aula é um processo contínuo de questionamento e adaptação que busca garantir que o uso da tecnologia estejaalinhado com práticas pedagógicas que são éticas, inclusivas e eficazes. Parte superior do formulário A integração das tecnologias na sala de aula não é um processo livre de desafios ou controvérsias. A problematização dessa integração pode ser entendida como um questionamento crítico sobre o uso, eficácia, implicações e abordagens das tecnologias no contexto educacional. Desafios de implementação A problemática começa com questões práticas de implementação. Mesmo com o potencial de enriquecer o ensino, a tecnologia em sala de aula pode ser um obstáculo quando a infraestrutura é inadequada ou quando há falta de capacitação técnica e pedagógica dos professores (Hein, 2014). Investimentos significativos são necessários para garantir que dispositivos sejam não apenas disponibilizados, mas também atualizados e mantidos. Divisão digital Outro aspecto crítico é a divisão digital, que se refere às disparidades no acesso e na habilidade de usar as TIC entre diferentes grupos sociais e econômicos (Michaliszyn e Tomazetti, 2014). Enquanto algumas escolas e alunos têm acesso a tecnologia de ponta, outras sofrem com recursos obsoletos ou nenhum acesso, aprofundando as desigualdades existentes. Pedagogia versus tecnologia 52 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A tecnologia pode ser sedutora e levar à tentação de utilizá- la por seu valor de novidade, em vez de seu valor pedagógico. Nogueira (2013) enfatiza a importância de não permitir que a tecnologia dite a pedagogia, mas sim que a pedagogia informe o uso apropriado da tecnologia. O ensino não deve ser subjugado às ferramentas disponíveis, mas as ferramentas devem ser integradas em uma estratégia pedagógica coerente. Impacto na atenção e no aprendizado As tecnologias em sala de aula também trazem preocupações sobre o impacto na atenção e no processo de aprendizado dos alunos. Existe o risco de as tecnologias digitais dispersarem a atenção dos alunos, fragmentando o foco e promovendo a superficialidade em vez da profundidade do entendimento (Carmo, 2012). Privacidade e segurança A questão da privacidade e segurança é outra preocupação. O uso da tecnologia em sala de aula gera grandes quantidades de dados sobre os alunos, levantando questões sobre quem tem acesso a esses dados e como eles são usados (Robbins, 2015). A proteção da privacidade dos alunos é um assunto ético e legal de importância crescente. Qualidade do conteúdo Com a vastidão de informações disponíveis online, garantir que o conteúdo ao qual os alunos estão expostos seja preciso, relevante e de alta qualidade é outra preocupação. Ferreiro (1984) discute a importância da alfabetização crítica na era digital, onde os alunos devem ser capazes de avaliar a qualidade e a veracidade das informações encontradas online. Autonomia do professor e personalização do ensino 53FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 A adoção de tecnologias padronizadas pode limitar a autonomia do professor em personalizar o ensino de acordo com as necessidades de seus alunos (Melo, 2014). A personalização é fundamental para atender às diversas maneiras pelas quais os alunos aprendem, uma visão apoiada pela teoria de Vygotsky (2001) sobre o desenvolvimento sócio-cultural individual. A problematização das tecnologias na sala de aula é um aspecto vital do discurso educacional moderno. O debate contínuo e a reflexão sobre esses desafios são essenciais para assegurar que a integração das TIC na educação seja realizada de forma ética, equitativa e eficaz, aprimorando a experiência de aprendizagem sem comprometer a integridade pedagógica ou o bem-estar dos alunos. 4.3 O uso das tecnologias E por fim, falamos sobre avanço das tecnologias em sala de aula. Qual o papel que elas exercem na vida dos nossos alunos e como podemos nos favorecer utilizando esses recursos tecnológicos? Você acredita que podemos utilizar de todas as ferramentas a favor da educação? Quais as TICs que você mais utilizaria dentro da sala de aula? Todos esses questionamentos devem ser feitos por você durante todo o seu processo de formação. As tecnologias existem e não podemos simplesmente fingir que elas não fazem parte do nosso cotidiano, porém, infelizmente há ainda um grande número de pessoas que não tem acesso a alguns recursos, o que dificultaria ainda mais a aula de um professor. 54 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 O uso das tecnologias na educação representa uma mudança paradigmática que transcende a simples inclusão de novas ferramentas no ambiente educativo; ele sinaliza uma transformação na maneira como o conhecimento é construído, compartilhado e aplicado. Ampliação do acesso e diversificação de recursos Tecnologias como a Internet, dispositivos móveis e plataformas digitais ampliaram drasticamente o acesso à informação. Agora, recursos que antes estavam confinados a livros e bibliotecas estão disponíveis online, muitas vezes gratuitamente. Este acesso democratizado pode contribuir para uma educação mais inclusiva e equitativa, desde que haja esforços para mitigar a divisão digital (Michaliszyn & Tomazetti, 2014). Flexibilidade e personalização Tecnologias digitais oferecem oportunidades sem precedentes para a personalização da educação. Softwares e aplicativos podem ser ajustados às necessidades individuais de aprendizagem, permitindo que os alunos progridam no seu próprio ritmo. Isso reflete a visão de Vygotsky (2001) sobre a zona de desenvolvimento proximal, onde a educação é mais eficaz quando alinhada com a capacidade do aluno de aprender com a assistência adequada. Colaboração e Compartilhamento Plataformas digitais e redes sociais educativas facilitam a colaboração e o compartilhamento de conhecimento entre alunos e professores, tanto dentro como fora do ambiente da sala de aula tradicional. Isso encoraja um ambiente de aprendizado mais interativo e social, em consonância com as teorias construtivistas 55FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 da educação, como as propostas por Piaget e Vygotsky (Robbins, 2015). Desenvolvimento de habilidades digitais O uso de tecnologia na educação não apenas facilita a aprendizagem de conteúdos tradicionais mas também ajuda os alunos a desenvolverem habilidades digitais essenciais para a cidadania no século XXI. Isso inclui pensamento crítico, alfabetização em mídia e tecnologia, e ética digital (Hein, 2014). Ensino Híbrido e aprendizagem móvel Modelos de ensino híbrido e aprendizagem móvel são tendências emergentes, combinando instrução presencial com aprendizagem online e uso de dispositivos móveis. Esses modelos oferecem flexibilidade e conveniência, além de permitir que os alunos apliquem o que aprenderam em diferentes contextos (Carmo, 2012). Gamificação e simulações A gamificação e o uso de simulações em educação são métodos inovadores que aplicam elementos de design de jogos no contexto educacional para aumentar o engajamento e a motivação dos alunos. Tais estratégias podem tornar a aprendizagem mais atraente e eficaz, especialmente para conteúdos complexos ou abstratos (Ferreiro, 1984). Inteligência Artificial e análise de dados A inteligência artificial (IA) e a análise de dados estão se tornando cada vez mais relevantes na educação. Sistemas de IA podem fornecer feedback personalizado e adaptativo aos alunos, enquanto a análise de dados pode ajudar educadores a entender 56 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 melhor os padrões de aprendizagem e ajustar suas abordagens de ensino de acordo (Nogueira, 2013). Desafios éticos e práticos Entretanto, o uso das tecnologias não está isento de desafios. Questões de privacidade de dados, equidade no acesso e a necessidade de manter um equilíbrio saudável entre tecnologia e interações humanas são críticas (Melo, 2014). O uso das tecnologias na educação, portanto, é um campo dinâmico que promete enriquecer a experiência de aprendizagem, mas que também exige uma abordagem reflexiva ecrítica para garantir que seus benefícios sejam maximizados e seus riscos, gerenciados com responsabilidade. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a integração das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na escola é um processo complexo e multifacetado. O papel da escola evoluiu para não apenas incluir a TIC, mas também para refletir sobre como essas ferramentas podem ser utilizadas para enriquecer a aprendizagem. Você também viu a importância de problematizar as tecnologias na sala de aula, o que significa analisar criticamente como elas influenciam o processo educativo, desde a pedagogia até a avaliação da aprendizagem. Discutimos sobre o uso adequado das tecnologias, reconhecendo-as como ferramentas poderosas que, quando utilizadas corretamente, podem transformar a educação, tornando-a mais interativa, acessível e personalizada. 57FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Portanto, ao término deste capítulo, você deve compreender não apenas como utilizar a tecnologia na educação, mas também como fazê-lo de maneira reflexiva e eficiente, garantindo que seu uso contribua para o desenvolvimento integral dos alunos e para a inovação contínua das práticas pedagógicas. 58 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Bibliografia BRASIL ESCOLA. Tendências pedagógicas. https:// educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias- pedagogicas-brasileiras.htm Acesso 22 nov. 2023 CARMO, J.S. Fundamentos psicológicos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2012. COMENIUS, J.A. Didática Magna.: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 3.ed. Lisboa:Fundação Calouste Gulbekian, 1985 FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1984 HEIN,A.C.A. Fundamentos da Educação. São Paulo: Pearson, 2014 NOGUEIRA, J. Aprendendo a ensinar: uma introdução aos fundamentos filosóficos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2013 MELO. A. Fundamentos socioculturais da educação. Curitiba: Intersaberes, 2014 https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm 59FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 MICHALISZYN,M.S. Fundamentos socioantropológicos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2014 ROBBINS, S. Comportamento organizacional. 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Metodologia de estudo e de pesquisa em administração / Liane Carly Hermes Zanella. – 2. ed. reimp. – Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2004. 60 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 61FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 62 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 63FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 64 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 65FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 66 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 67FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 68 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 69FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 70 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 71FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 72 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 73FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 74 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 75FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 76 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 77FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 78 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 79FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 80 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 81FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 82 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 83FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 84 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO U ni da de 4 Legado dos pensadores dos séculos XVIII, XIX, XX Pensadores do século XVIII Jean Jacques Rousseau (1712-1778) _Hlk149907807 _Hlk1396534 _Hlk149905079