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Vitória Leal- T6 ANATOMIA E EMBRIOLOGIA DO OLHO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO São as ondas que decodificamos no cérebro, o cérebro que interpreta a imagem. O que é captado por nós humanos é uma pequena faixa (espectro visível = 10 -6) Quanto maior a frequência menor o comprimento de onda Olho humano capta comprimento de ondas entre 390 e 760nm – cada um desses comprimentos de onda tem uma luz, correspondente a uma cor. DEFICIÊNCIA VISUAL – EPIDEMIOLOGIA Em uma população de 160 milhões no mundo, 124 milhões tem baixa visão e 37 milhões são cegos (projeção hoje de 76 milhões), sendo que, a maioria dos casos, 90%, ocorre em países em desenvolvimento (maioria evitável) A maior causa de cegueira é a catarata, e a segunda causa são “outras causas” No Brasil 14,5% da população tem alguma deficiência e os deficientes visuais representam 48,1% (11,8 milhões) As doenças dos olhões representam 9% do atendimento médico global 5% das urgências médicas EQUIPAMENTOS BÁSICOS: Alguns equipamentos necessários para o diagnóstico oftalmológico básico são a tabela, lanterna e oftalmoscópio... funções cognitivas estão intimamente ligadas ANATOMIA DO OLHO O olho humano é uma estrutura composta por diversos tipos de tecido, parte deles especializado nas propriedades da refração da luz, focalizando os raios luminosos no plano da retina Anatomia da parte externa é constituída pela pálpebra, pupila, esclerótica, íris e sobrancelha: Sobrancelha (evita q o suor entre no olho), pálpebras e cílios tem função de proteção contra poeira, substâncias irritantes e auxiliar a regular a exposição a luz do olho (pálpebra está associada as glândulas lacrimais e aos músculos responsáveis pelo movimento do globo ocular) Lagrimas- lubrifica e protege, ajudam a retirar substancias e associada as emoções MÚSCULOS DO BULBO OCULAR Seis músculos extra oculares controlam o movimento de cada olho, quatro retos e dois oblíquos RETOS: reto superior, reto inferior, reto lateral e reto medial --aduzir, abduzir, deprimir e elevar o globo ocular OBLÍQUOS: Obliquo superior e obliquo inferior -- controlam principal mente o movimento de torção e, em menor extensão, o movimento para cima e para baixo do globo ocular ANATOMIA INTERNA CAMADA EXTERNA (tecido conjuntivo denso/colágeno) – Túnica Fibrosa É composta pela córnea e esclera-- camada contínua que reveste o globo ocular (proteção) Esclera é contínua com a córnea anterior mente e com a bainha dural do nervo óptico posteriormente (dura- máter) – parte branca do olho Na parte anterior do olho a esclera se transforma em um tecido transparente formando a córnea – limite entre as duas camadas = limbo do olho CAMADA MÉDIA – Túnica Vascular É formado pelo trato Uveal, a qual se divide em 3 partes, íris, corpo ciliar e coróide Vitória Leal- T6 Pigmentada (rica em melanócitos) e extremamente rica em vasos (coloração arroxeada – semelhante a uma baga de uva – tecido Uveal) – suprimento sanguíneo Dividida em 3 parte: A. Coroide: localizada no fundo do olho --suprimento da retina B. Corpo ciliar: parte anterior do olho --formação do humor aquoso, mantem a pressão ocular e o formato C. Íris: extensão anterior do corpo ciliar, cor do olho, apresenta uma abertura redunda central , a pupila --define a cor dos olhos e faz controle da luz através da pupila CAMADA INTERNA/ÍNTIMA – Túnica nervosa É formada principalmente pela retina (parte nervosa associada ao nervo óptico – captura e transforma a luz em impulso elétrico para o SNC) Retina é rica em neurônios, formação da imagem – extensão do SNC Células da retina: fotorreceptores – cones e bastonetes Mácula é o centro da retina (cones no centro e bastonetes na periferia) Descolamento de retina – embriologicamente era uma vesícula que se junta formando uma cavidade virtual == mais fácil de descolar...se separa da coróide OUTRAS ESTRUTURAS: Corpo Vítreo: humor vítreo (liquido incolor gelatinoso que preenche a parte interna e ajuda a manter a forma do globo ocular) Cristalino (lente dos olhos): acomodação visual - lente (+) = convergente DIVISÃO DO OLHO- SEGMENTOS O globo ocular, também, pode ser dividido em dois segmentos, o segmento anterior e o segmento posterior: 1. Segmento anterior: pequena porção convexa dividida em câmara anterior (espaço entre a córnea e a íris – humor aquosos), câmara posterior (íris ao cristalino – humor aquoso) – divididas pela íris 2. Segmento posterior: cavidade vítrea, retina, macula e raiz do nervo óptico EMBRIOLOGIA DOS ÓRGÃOS DA VISÃO Os órgãos dos sentidos são um conjunto de receptores que conseguem perceber estímulos sensoriais externos transformando-os em impulsos nervosos que são transportados através das células nervosas para o cérebro, onde serão traduzidos interpretados. A formação dos olhos tem como base a criação de diversas estruturas através da diferenciação e invaginação dos tecidos, que tornam possível a visão Formação das células que dão origem ao cérebro - surgimento de agrupamentos de células que formam duas vesículas oculares (vesículas óticas , responsáveis por originar todas as estruturas do olho) DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento embrionário dos olhos inicia-se no 22º dia da embriogênese e finaliza-se em torno do 5º mês de gestação. A formação de tais estruturas provem de quatro fontes embrionárias: 1. Neuroectoderma do prosencéfalo: associado a diferenciação de células responsáveis pela formação da retina, íris e nervo óptico 2. Ectoderma epidérmico: associado a formação do cristalino e da córnea 3. Mesoderma: forma as túnicas fibrosas e vasculares do olho 4. Crista neural: associada a formação do coróide, esclerótica e endotélio da córnea A placa embrionária é o primeiro estágio no desenvolvimento fetal durante o qual as estruturas oculares podem ser diferenciadas. Com 2 semanas, as bordas do sulco neural se espessam para formar as pregas neurais, que então se fundem para formar o tubo neural, na 3 semana as pregas neurais (células do prosencéfalo) começam a se fechar formando o sulco óptico que, por consequência crescem e formam as vesículas ópticas, essas vesículas entram em contato com a epiderme vizinha gerando a diferenciação dessas células e a formação dos placóides do cristalino, os quais sofrem invaginações diferenciando o cristalino em forma de cálice o que induz a posterior formação da retina e demais estruturas oculares... DIFERENCIAÇÃO DA RETINA O cálice óptico é dividido em duas camadas, a camada pigmentar (mais interna) e a camada sensorial (mais externa) onde se localizam os fotorreceptores – cones e bastonetes. A partir dessas células de origem neural os axônios se projetam na base do olho penetrando no pedúnculo para se conectar ao nervo óptico (formado pelo diencéfalo) O mesênquima invade a cavidade do cálice óptica se diferenciando em um tecido conjuntivo rico em ácido hialurônico dando origem ao humor vítreo – preenche o espaço entre a retina e o cristalino Diferenciação do nervo óptico Composto pelos axônios de células ganglionares que se juntam na retina conectando o cálice óptico ao diencéfalo DIFERENCIAÇÃO DAS PÁLPEBRAS Se tornam aparentes na 7º semana de vida embrionária: Se desenvolvem como pregas ectodérmicas que possuem mesoderme (mesênquima) no seu interior, no final do processo de formação, antes de se abrirem, se diferenciam em cílios e glândulas sebáceas através do ectoderma superficial – abertura ocorre entre o 6 e 7º mês de vida intrauterina, entretanto, nesse momento o bebe ainda não enxerga Vitória Leal- T6 DIFERENCIAÇÃO DA CÓRNEA A córnea é a abertura redonda do cálice óptico, dá origem a pupila, é formada por uma camada ectodérmica de revestimento após a invaginação dos placóidesdo cristalino gerando a córnea Córnea possui 6 camadas, sua transparência ocorre devido a desidratação do estroma (tecido conjuntivo) associada a fatores mecânicos, como a pressão do liquido intraocular, induzem a forma convexa da córnea que se ajusta ao cristalino A forma conduz os raios luminosos para a retina (irregularidades da curvatura = astigmatismo) DIFERENCIAÇÃO DA ÍRIS Íris e o corpo ciliar se diferenciam através das células da borda do cálice óptico apresentando duas camadas, uma externa e uma interna não pigmentada O estroma da íris é superficial e tem origem da crista neural, assim como os melanócitos que migram e dão origem a cor dos olhos, assim, a camada mais externa se torna pigmentada e, de acordo com a concentração de melanócitos e melanina determina a cor dos olhos – melanina restrita ao epitélio da íris = azul/verde; melanina no epitélio e estroma = castanhos Cor definitiva é dada entre o 6 e 10 mês de vida pós- natal DIFERENCIAÇÃO DOS MÚSCULOS OCULARES Os músculos pupilares, responsáveis pela contração e dilatação da pupila, tem origem neuroectodérmica, são derivados do interior do estroma da íris nascendo na camada epitelial anterior da íris O musculo ciliar, responsável pela acomodação visual, tem origem do mesênquima da borda do cálice óptico Glândulas lacrimais são glândulas exócrinas compostas, surgem da invaginação do ectoderma epidérmico, após a completa formação há a produção de lágrimas, a partir do 2º de vida intrauterina ESTRUTURA DA RETINA Tecido de origem neuroectodérmica que reveste a parte mais interna do olho; o nervo óptico se estende do centro do cérebro até próximo do centro da retina (mácula) e se ramifica Responsável pela transformação da energia luminosa em elétrica (neuronal) = transmissão neuronal até a área cortical do SNC responsável pela visão (capta e envia) Mácula: região que contém a maior densidade fotorreceptores – melhor resolução visual Fundo de olho: Área central vista pelo oftalmoscópio é a mácula= parte central da macula é a fóvea CAMADAS DA RETINA A retina é constituída por três tipos de camadas, os neurônios bipolares, os neurônios ganglionares e as células fotossensíveis, possui 10 camadas; 1. Epitélio pigmentado 2. Cones e bastonetes 3. Membrana limitante externa 4. Nuclear externa 5. Plexiforme externa 6. Nuclear interna 7. Plexiforme interna 8. Ganglionar 9. Fibras nervosas 10. Limitante interna MECANISMO Luz atravessa várias camadas da retina até atingir os fotorreceptores (cones e bastonetes), que são as células que efetivamente respondem ao estimulo luminoso, gerando impulso elétrico (PA) por meio de sinapses pelas outras camadas Fotorreceptores transformam o estímulo luminoso em estímulo elétrico (transdução) Os neurônios bipolares promovem a união das células fotossensíveis com os neurônios ganglionares, que se juntam com as fibras nervosas e, assim, origina o nervo óptico, o qual transporta os impulsos nervosos até ao cérebro “Luz incide na retina (bate até o final e volta...)= fotorreceptores (cones e bastonetes) = células bipolares (neurônio sensorial primário) = células ganglionares (neurônio sensorial secundário)= nervo óptico = SNC” FOTORRECEPTORES A retina possui dois tipos de fotorreceptores, os cones e os bastonetes 1. Cones (cores primárias): responsáveis pela visão das cores (luz vermelha, amarelo-verde ou azul-violeta – variação dos comprimentos de onda), são estimulados pela luz brilhante, determinam detalhes (alta definição) e estão localizados na parte central da retina (fóvea = foco/nitidez) – 60milhões Vitória Leal- T6 2. Bastonetes (preto e branco): contem rodopsina, são muito sensíveis à luz (noite/escuro) e apresentam-se em maior densidade na periferia da retina – vê melhor movimento – 120milhões OBS: ponto cego, não a cones nem bastonetes – insensível a luz (ora serrata, local onde só possui bastonetes) Cones e bastonetes perdem o contato com o epitélio pigmentar da retina = descolamento de retina. Muito comum ocorrer em lesões em periferia, relação com a DM... Antes dos 4 anos a fóvea ainda não está bem formada = imagem prejudicada movimento: bastonetes para focar: mácula mácula on é mais grave que mácula off na fóvea só tem cones, não tem bastonetes Vitória Leal- T6 EXAME OFTALMOLÓGICO ACUIDADE VISUAL E ERROS DE REFRAÇÃO Acuidade visual é a medida do menor objeto que uma pessoa pode identificar a uma determinada distância – refere-se a quão refinada é a visão - capacidade de enxergar objetos com nitidez O que é baixa acuidade visual (AV)? É um pouco subjetiva, luz diurna pode ser melhor ou pior para pessoas diferentes, assim como a luz noturna pode ser melhor eu pior de acordo com cada pessoa... TESTE DE VISÃO Tabela de Optotipos / Tabela de Snellen É o critério usado para se dizer o quanto a pessoa enxerga, é baseado no conceito de 20/20 (visão adequada). Deve-se ter um padrão para a realização do exame: 1. Tabela de OPTOTIPOS 2. Distância de 20 pés ou 6 metros (sem necessidade de esforço de acomodação – zoom) 20/20 = paciente sentado a 6m ou 20 pés consegue ler o que uma pessoa normal deveria ler a 20 pés 3. Boa iluminação (ambiente claro ou tela iluminada e sala escura) 5. Com as correções necessárias (lentes) Visão é dada por um ângulo da imagem no olho, ou seja, dependendo da distância e do tamanho do objeto teremos um ângulo diferente desse objeto formando na retina Medida de visão: ângulo que o objetivo faz em relação a retina = Cada letra da tabela imprime um ângulo visual Quanto mais perto maior o ângulo EXEMPLOS 20/15: paciente sentada a 20 pés leu o que uma pessoa normal conseguiria ler somente se estivesse sentada mais para frente, a 15 pés (capacidade de visão acima do normal) 20/50: quer dizer que a pessoa não conseguiu ler a 20 pés o que uma pessoa normal conseguiria ler a 50 pés Acuidade Visual corrigida: AV < 20/30 = considerada normal – depende da idade (prof. não considera – investigar) AV < 20/60 = visão “subnormal” AV < 20/200 = “cegueira legal” Para que a acuidade visual esteja normal a mácula deve estar saudável e os meios ópticos devem estar transparentes (transmitem e focalizam a energia visual) + função cognitiva == Precisam estar funcionando corretamente 1. Mácula: é o centro da visão, define as formas e cores, é uma área rica em fotorreceptores (cones e bastonetes) FÓVEA: região central da mácula – exclusivamente formada por cones PERIFERIA – rica em bastonetes 2. Meios ópticos (diópticos): tudo que a luz atravessa até que chegue/impacte nas células da retina – córnea, humor aquoso, pupila, cristalino e humor vítreo OBS: Quando um feixe de luz atravessa um meio de uma densidade diferente, existe de reflexão e refração (mudança do ângulo do feixe de luz). Reflexão: ângulo específico? Luz deve incidir na mácula e fóvea... Refração: mudança de densidade Na Retina (fóvea): A luz incide na retina (bate até o final e volta...) fotorreceptores (cones e bastonetes) células bipolares (neurônio sensorial primário) células ganglionares (neurônio sensorial secundário) nervo óptico SNC OBS: Depois de ir na fóvea = neurônio == diferenças de potencial de membrana== transdução (passagem de um estimulo sensorial) é feito pelos fotorreceptores == passagem de um estimulo sensitivo para uma linguagem que possa ser interpretado pelas vias cerebrais - estimulo eletromagnético ACOMODAÇÃO VISUAL A acomodação visual é a capacidade do cristalino aumentar ou diminuir sãopoder de refração de acordo com a distância do objeto, através da ação do musculo ciliar. No repouso (6m ou 20 pés) o musculo ciliar está relaxado, mantendo os ligamentos/fibras da zônula tracionados, reduzindo assim o seu diâmetro anteroposterior e seu poder refrativo Reflexo de acomodação visual: capacidade do músculo ciliar em aumentar o poder refrativo do cristalino quando o objeto se aproxima do olho, de convergência ocular e miose (contração – diminui o campo de visão) Reflexo dependente de fibras parassimpáticas (colinérgicas) – aplicação de colírios cicloplégicos impedem esse reflexo de acomodação (muito usado no exame visual) OBS: SNA simpático/adrenérgico age ao contrário, causando midríase (dilatação) da pupila – aumenta o campo de visão CRISTALINO Lente biconvexa (positiva/convergente) responsável pela acomodação visual, lente muda de formato e se adequa conforme a focalização do objeto (perto e longe), essas mudanças de formato que ajudam no princípio da dioptria/grau... Quando mais espessa a lente mais potente, mais positiva = enxergar de perto ( ) Quanto mais fina menos potente, menos positiva = enxerga de longe () Calouros Unc amaurose = cegueira total/legal Calouros Unc transdução = transformação de um sistema de estímulos para ser percebido pelo cérebro por estímulos elétricos joelm Nota ponto cego: ponto que desaparece no campo de visão por não ter transdução e o cérebro compensa com o outro olho, senão veríamos uma mancha negra joelm Nota coloboma (cat eye) = não fecha o cálice óptico, fica com uma abertura na parte de baixo. se for na parte inferior da íris, causa fotofobia porque entra muita luz Vitória Leal- T6 Então, quando contrai/miose o musculo ciliar vai aumentar o poder de refração do cristalino porque ele vai ficar mais convexo (mais gordinho) Ao olhar para perto = Tríade do reflexo conjugado: contração do musculo ciliar (acomodação), miose (contração esfíncter da pupila), convergência dos olhos EXAME OFTALMOLÓGICO BÁSICO A finalidade do exame físico oftalmológico é avaliar tanto a função quanto a anatomia dos dois olhos. A função inclui a visão e as funções não-visuais, como movimentos e alinhamento oculares. Anatomicamente, problemas oculares podem ser subdivididos em três áreas: 1. Pálpebras e tecido periocular 2. Globo ocular 3. Órbita VISÃO A boa visão resulta de uma combinação de uma via visual neurológica íntegra, um olho estrutural mente saudável e focalização adequada do olho. Para tornar a refração estática, por meio da paralisação do cristalino – impedir o reflexo de acomodação visual, além de melhorar a visualização do fundo de olho CICLOPLEGIA Relaxamento do esfíncter ciliar, vai paralisar a acomodação, dilatada = refração estática As drogas usadas bloqueiam a resposta dos músculos ciliares, aos estímulos colinérgicos, algumas drogas são usadas como: Atropina: parassimpático lítico, bloqueia o efeito muscarínico da acetilcolina – causando cicloplegia e midríase (não muito usado – longa duração) Ciclopentolato: bloqueia a resposta do corpo ciliar a acetilcolina – ação em 30 min e pode durar até 24h Tropicamida: é o medicamento mais usado, faz o bloqueio do musculo ciliar por pouco tempo – causa cicloplegia e midríase OBS: Pilocarpus/Jaborandi estimula o parassimpático – parassimpático mimético == medicação para o glaucoma, causa miose/contração da pupila e musculo ciliar SNP AUTONOMO E MUSCULOS CILIARES 1. Parassimpático: acomodação, ler (enxergar para perto) é um estímulo parassimpático (acetilcolina = acetilcolina) – miose (contrai) pupilar e musculo ciliar, relaxamento dos ligamentos 2. Simpático: de luta ou fuga, enxergar de longe, (acetilcolina = noradrenalina) – midríase (dilata) pupilar e musculo ciliar, contração dos ligamentos . LENTES As lentes são compactas estruturas transparentes que, por terem a superfície curva, refratam os raios de luz que nela incidem, mudando a sua direção. 1. LENTES CONVEXAS – converge os feixes de luz para um foco (convergente/+), podem ser esféricas ou cilíndricas 2. LENTES CONCAVAS – divergem os raios luminosos (divergente/-), são sempre cilíndricas Lentes convergentes (+) foco se formará mais pra frente, perto da lente (convexa) Lentes divergentes (-) foco se formará mais pra trás, longe da lente (côncava) DISTURBIOS DA ACOMODAÇÃO PRESBIOPIA Comum após os 40 anos É a dificuldade de enxergar de perto, incapacidade do cristalino de realizar a acomodação visual. Com o avançar da idade, o cristalino sofre mudanças degenerativas, tornando-o menos complacente e, portanto, mais difícil de “acomodar”, ou seja, aumentar a sua dioptria. Redução da amplitude de acomodação visual com o dificuldade com a visão de perto (como o ato de ler um jornal), que se torna borrada Sintomas se agravam pela manha e o problema é bilateral e simétrico OBS: A presbiopia pode ocorrer precocemente em indivíduos com quadros de hipermetropia e tardiamente (ou pode não ocorrer) em indivíduos com miopia TRATAMENTO É feito com a prescrição de lentes positivas/convergentes (biconvexas) que garantem uma amplitude de acomodação suficiente para permitir a nitidez da leitura ou quaisquer atividades que necessitem a visão de perto. Por meio de óculos ou lentes bi/multifocais para não prejudicar a visão de longe, técnica de báscula também é usada (apenas no olho não dominante) ou cirurgia refrativa Diagnósticos diferenciais: quadro semelhante à presbiopia aparece em pessoas com menos de 40 anos, suspeitar de hipermetropia e colírios cicloplegicos/midriáticos, drogas anticolinérgicas e síndrome de Adie (desordem no gânglio ciliar comum em mulheres) Causas de acomodação exacerbada (melhoram a visão pata perto, ao contrário da presbiopia): Síndrome de Horner, espasmo acomodativo... DISTURBIOS DA REFRAÇÃO/ ERROS REFRACIONAIS EMETROPIA olho emetrope) é a ausência de distúrbio de refração, sendo definido quando objetos à distância, que emitem raios paralelos (teoricamente no infinito) são focalizados no plano retiniano, sem nenhum auxílio da acomodação. Vitória Leal- T6 AMETROPIA (ANISOTROPIA): refere-se à presença de algum distúrbio de refração O ser humano normalmente não nasce emetrope, mas sim hipermetrope, a emetropia só se desenvolve entre 5-12 anos de idade... MEDIDA DO ERRO DE REFRAÇÃO O erro de refração é medido em dioptrias (“graus”), sua medida significa quantas dioptrias positivas ou negativas, são necessárias para corrigir a nitidez da visão O grau está diretamente relacionado com o poder refrativo do olho, sendo assim, depende basicamente de três fatores: 1. Refração da córnea (ou do complexo córnea-humor aquoso) 2. Refração do cristalino 3. Eixo longitudinal do olho – formato do olho/cristalino Tamanho/formato do olho + dioptros do olho/potência das lentes (córnea e cristalino) = grau OBS: A distância focal sem correção varia entre os indivíduos normais, dependendo da forma do globo e da córnea... AMETROPIA Anormalidade óptica, pode ser chamada de erro refrativo. O diagnóstico é feito por meio da medida da refração, é o procedimento pelo qual qualquer erro refrativo é caracterizado e quantificado Função da refração: distinguir entre a visão embaçada causada por erro refrativo ou por anormalidades clínicas do sistema visual. Além de ser a base para a prescrição de óculos ou lentes de contato corretivas... 1. Miopia: dificuldade de enxergar de longe – imagem se forma antes da fóvea 2. Hipermetropia: dificuldade de enxergar de perto – imagem se forma depois da fóvea 3. Astigmatismo: alteração da curvatura da córnea – imagem na retina surge distorcida MIOPIA Na miopia, objetos distantes, que emitem raios paralelos, são focalizados àfrente do plano retiniano, fazendo a imagem perder a sua nitidez O eixo longitudinal do globo ocular é grande em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho “olho longo” Caracteriza-se pela dificuldade de enxergar de longe, a imagem se forma antes da retina, os raios paralelos se unem no vítreo SINAIS E SINTOMAS O principal sintomas é a dificuldade para a visão de longe, quando os objetos perdem a sua nitidez O blefaroespasmo (contração do músculo palpebral) é um achado frequente A miopia “protege” contra a presbiopia, pois os raios luminosos estão focalizados à frente da retina, não necessitando (ou necessitando menos) da acomodação do cristalino para atingir o foco CAUSAS DE MIOPIA 1. Poder de refração do olho aumentado por curvatura da córnea ou cristalino ou pela alteração do índice de refração 2. Diâmetro ântero-posterior aumentado TRATAMENTO Correção do erro de refração, por meio de óculos, lentes de lente bicôncava (divergente/negativa), com grau determinado pela medida objetiva e subjetiva do erro de refração A lente bicôncava (divergente/negativa) age divergindo os raios de luz, enfraquecendo o poder óptico do olho o suficiente para que o foco seja desviado para trás e sobre a retina Quanto ao grau, a miopia é classificada em: 1. Leve: até -3,00D 2. Moderada: -3,00 a -6,00D 3. Grave: > -6,00D VARIANTES CLÍNICAS 1. Congênita – alto grau de miopia desde o nascimento 2. Simples ou do desenvolvimento (mais comum) 3. Patológica ou Degenerativa – miopia de alto grau instalada tardiamente associada ao globo ocular extremamente alongado 4. Adquirida ou secundária – relação com catarata nuclear, trauma ou pós cirúrgico de glaucoma CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA 1. Miopia axial ou estrutural: globo ocular alongado, com diâmetro anteroposterior maior que o normal (mais comum) 2. Miopia por aumento da curvatura da córnea ou cristalino – poder de refração excessivo (ceratocone, DM, espasmos de acomodação e subluxação) 3. Miopia Posicional 4. Miopia de Índice – aumento do índice de refração 5. Miopia por excesso de acomodação (espasmo) Miopia patológica – degenerativa (inicio 5-10 anos): Miopia progressiva > – 6d ou olhos com eixo axial > 26mm -- possuem alterações estruturais no polo posterior, aumenta o risco de deslocamento de retina Se aumento A-P é absoluto, devido ao alongamento do segmento posterior: Podem ocorrer lesões retinianas... OBS: pode estar associada com catarata, glaucoma, deslocamento de retina, retinopatia da prematuridade, síndrome de Marfan e Ehlers Danrlos... Prevenção: intervenções terapêuticas (colírio de atropina e perenzepine) e medidas gerais de exposição a danos... HIPERMETROPIA Vitória Leal- T6 Objetos distantes, que emitem raios paralelos, são focalizados atrás do plano retiniano, quando não há auxílio da acomodação. Portanto, a imagem perde a sua nitidez O eixo longitudinal do globo ocular é pequeno em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho - “olho curto”, pode ser comum e fisiológico em crianças Caracteriza-se pela dificuldade de enxergar de perto, a imagem se forma após a retina, raios paralelos se reúnem atras da retina OBS: A hipermetropia é o distúrbio de refração mais comum em adultos (considerando os casos leves e os casos de hipermetropia latente). SINAIS E SINTOMAS Principal sintomas é a dificuldade para a visão de perto, quando os objetos perdem a sua nitidez (hipermetropia manifesta) Fadiga, sensação de peso, dor ocular, cefaleia, lacrimejamento e hiperemia conjuntival (sintomas astenópicos) quando fazem muito esforço/acomodação visual Pacientes hipermétropes apresentam presbiopia precocemente OBS: A hipermetropia leve e moderada passa despercebida até os 40 anos de idade, devido ao efeito compensatório da acomodação do cristalino, isto é, embora seja hipermetrope, o indivíduo consegue enxergar nitidamente (hipermetropia latente), pois a acomodação pode trazer a imagem para o plano da retina (acomodação compensatória). CAUSAS 1. Hipermetropia axial ou estrutural: encurtamento do globo ocular/olho (1mm do diâmetro ocular = 3D) 2. Hipermetropia por diminuição da curvatura da córnea ou cristalino: aplanamento da córnea ou do cristalino (1mm de raio de curvatura = + 6D) 3. Hipermetropia de Índice – diminui o índice de refração do cristalino (esclerose cortical, DM em tratamento) 4. Hipermetropia Posicional (lente posteriorizada) trauma TRATAMENTO Correção do erro de refração, por meio de óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa corretiva -- lente biconvexa (convergente/positiva) com grau determinado pela medida objetiva e subjetiva do erro de refração A lente biconvexa (convergente /positiva) age convergindo mais a imagem trazendo o feixe de luz para a fóvea, compensando a hipermetropia Lente espessa no centro = Olho grande Os raios podrão ser focalizados na retina por esforço e acomodação visual = compensa o grau Quanto ao grau, a hipermetropia é classificada em: Leve: até +3,00D Moderada: +3,00 a +5,00D Grave: > +5,00D HIPERMETROPIA PATOLÓGICA- FORMAS Diminuição do índice de refração (n) do cristalino (cataratas incipientes): normalmente ao nascimento, o globo ocular é relativamente curto (+2 ou +3 de Hipermetropia) Aos 5- Permanece assim, até os 50 anos, aproximadamente “Tamanho do olho” não tem nada a ver com aparências externas... É o tamanho do globo, o que importa! Diminuição de curvatura – córnea aplanada (ex: por cicatrização): Cristalino - Paralisia da acomodação ou por perda brusca de H2O (tratamento do Diabético) – hidratação do cristalino Diminuição do índice de curvatura: afasia, ausência de cristalino Diminuição de eixo: microftalmia ou por espessamento da retina (desc. Retina incipiente, tu. Coroide, Tumor Orbital...) Raios paralelos do infinito se formam atrás da retina, consegue ver longe (se usar a acomodação). Para perto, geralmente há sintomas (astenopia, borramento visual)... OBS: Altas hipermetropias possuem altas chances de ter glaucoma aguda pela incapacidade do humor aquoso ser filtrado – Glaucoma de ângulo fechado – diminuição da câmera anterior rasa ASTIGMATISMO Alteração na curvatura da córnea O astigmatismo em geral é um problema da córnea, que não é mais esférica, mas sim elíptica. A córnea normal é uma lente esférica, possuindo a mesma curvatura em todos os seus eixos (meridianos). A córnea astigmata possui curvaturas diferentes em pelo menos dois meridianos (horizontal e vertical), dessa forma, os feixes de luz não se encontram num mesmo ponto da retina, impedindo a formação adequada da imagem Imagem na retina surge distorcida forma-se em vários pontos, alguns raios focalizam e outros não ao em vez de formar um estigma (.) forma-se astigma (vários pontos) OBS: Na maioria dos casos de astigmatismo, os meridianos com curvaturas diferentes são opostos, separados em 90 graus (astigmatismo regular). Numa minoria, os meridianos de curvaturas diferentes não são opostos ou existem mais de dois diferentes, determinando três ou mais focos na retina (astigmatismo irregular – ângulos retos), este último mais associado à ceratocone, trauma ou cirurgia de córnea. SINAIS E SINTOMAS O paciente apresenta dificuldade tanto para visão de longe quanto para a visão de perto, o distúrbio visual clássico do astigmatismo é o borramento heterogêneo da imagem, algumas partes da imagem estão mais nítidas ou mais borradas do que outras TRATAMENTO Correção do erro de refração, por meio de óculos, lentes de lente cilíndrica, atua fazendo com que um dos meridianos seja anulado/compensa a curvatura e cai no mesmo ponto Quanto ao grau, o astigmatismo é classificado em: Leve: até 1,50D Moderada: 1,500 a5,00D Grave: > 5,00D CLASSIFICAÇÃO De acordo com a regularidade da córnea, posição do meridiano mais curvo simétrico ou não e quanto a refração de cada olho 1. Astigmatismo Miópico: um ou mais meridianos principais criam um ponto focal sobre a superfície da retina e outro antes da retina, causando dois erros de refração: astigmatismo e miopia. 2. Astigmatismo Hipermetrópico: um ou ambos principais meridianos tem um ponto de foco na superfície da retina e outro atras da retina, causando astigmatismo e hipermetropia. Vitória Leal- T6 3. Astigmatismo Misto: diversos pontos focais antes e depois da retina (mais de 2 pontos, irregular) CERATOCONE – ASTIGMATISMO PATOLÓGICO Doença da córnea, de causa desconhecida, é uma alteração progressiva do formato da córnea, como se fosse uma ectasia corneana, na qual a córnea sofre um afinamento e deformação ganhando a forma de um cone irregular O paciente com ceratocone geralmente possui um alto grau de miopia (de índice ou refrativa) e principalmente astigmatismo irregular que, com o progredir da doença, tornam-se incorrigíveis por óculos ou lentes de contato Nos casos refratários aos métodos anteriores, a opção mais indicada é o transplante de córnea, apresentando excelentes resultados. LEGENDA DA RECEITA OD: Olho Direito | OE: Olho Esquerdo. ESFÉRICO: Dioptria correspondentes a Hipermetropia, Miopia e Presbiopia. CILÍNDRICO: Dioptria correspondente ao Astigmatismo. EIXO: Determina a localização do Astigmatismo. DP: Distância Pupilar, espaço entre uma pupila e outra. Essa medida servirá para que as pupilas estejam alinhadas ao centro ótico da lente dos óculos Vitória Leal- T6 CÓRNEA CÓRNEA – TUNICA FIBROSA A córnea é camada mais externa do olho, localizada na porção anterior do globo ocular, que faz parte da túnica externa/fibrosa e, tem a mesma composição que a esclera (parte branca do olho). Funciona como uma membrana protetora e uma “janela” através da qual os raios luminosos passam para a retina. Tecido transparente, avascular (nutrida pelas lagrimas e humor aquoso) e ricamente inervado (muito sensível – dor), localizado na frente da íris (parte colorida dos olhos) – deve ser transparente e resistente (refração e proteção)...variam de acordo com a hidratação A córnea possui um grande poder de refração da luz, sendo a estrutura mais importante para o poder refrativo do olho � funciona como uma lente biconvexa, que focaliza o feixe luminoso em direção à pupila. Tem um formato esférico quase perfeito (astigmatismo fisiológico) CAMADAS DA CÓRNEA Os tecidos da córnea estão dispostos em três camadas básicas, com duas camadas mais finas, ou membranas, entre elas. Cada uma destas cinco camadas tem uma função importante, e cada uma está sujeita a riscos e doenças únicas. 1-EPITÉLIO Camada mais externa da córnea, tem como função bloquear a passagem de materiais estranhos como poeira, água e bactérias (proteção) e fornecer uma superfície lisa para absorver O2 e nutrientes das lagrimas passando para os tecidos subsequentes Tecido estratificado não queratinizado Altamente inervado = relação com a dor Alto poder de renovação celular (regenera fácil) 2-MEMBRANA DE BOWMAN Película transparente composta de colágeno, tecido ricamente inervado e com pouco poder de renovação celular Regeneração mais difícil – pode notar a presença de cicatrizes e perda de visão por essas 3-ESTROMA Camada mais espessa, composta basicamente por H2O e colágeno, garantindo as força, elasticidade e forma A forma e disposição única das proteínas são essenciais para produzir a transparência condutora de luz da córnea 4-MEMBRANA DE DESCEMET Membrana fina, porém extremamente resistente, que serve como barreira protetora contra infecções e ferimentos Alto poder de reparação 5- ENDOTÉLIO É a camada mais interna e mais fina da córnea, composta pelas células endoteliais, as quais mantem a córnea desobstruída (bombeia o excesso de fluido para fora do estroma) – equilíbrio osmolar e hidroeletrolítico Não se regeneram - as células endoteliais que foram destruídas por doença ou trauma não são reparadas ou substituídas pelo corpo FUNÇÕES DA CÓRNEA Atua como uma barreira contra a sujeira, germes e outras partículas que podem prejudicar o olho (proteção), desempenha um papel fundamental na visão, ajudando a luz que entra no olho (focalização/refração) e filtração da luz ultravioleta (UV) prejudicial do sol. Córnea é extremamente fina, quando danificada, os raios de luz que entram no olho são dispersos de forma irregular, diminuindo a qualidade da visão. Os problemas de córnea podem ser causados por lesões, alergias ou doenças. Sintomas inespecíficos dentro da oftalmologia – se tem dor é um sinal muito característico da córnea, fotofobia e lacrimejamento (tecido sensível) LÁGRIMA X CÓRNEA Sempre que piscamos, as lágrimas são distribuídas pela córnea para manter os olhos úmidos, ajudar a cicatrizar as feridas e proteger contra infecções. As lágrimas formam-se em três camadas: 1. Camada EXTERNA, OLEOSA (lipídica) que impede que as lágrimas evaporem demasiado depressa e ajuda as lágrimas a permanecerem no olho 2. Camada MÉDIA (AQUOSA) que nutre a córnea e a conjuntiva - a membrana mucosa que cobre a parte frontal do olho e o interior das pálpebras/glândula lacrimal 3. Camada INFERIOR (MUCINA) que ajuda a espalhar a camada aquosa pelo olho para garantir que o olho permaneça molhado EXAME DA CÓRNEA O principal método de examinar a córnea é pela lâmpada de fenda (biomicroscopio), espécie de lente de aumento com boa iluminação que permite a visualização de todas as estruturas do olho Vitória Leal- T6 Corantes: Podemos fazer o uso de corantes, como o azul de cobalto - visualização de lesões que se evidenciam após o uso do corante Anestésicos tópicos: usa-se muito nos PA, mas nunca devem ser prescritos para casa – uso abusivo pode levar a cegueira, com perfuração corneana (ceratoconjuntivite tóxica), inibe metabolismo celular, mitose e migração; toxicidade por anestésico aparece após 2 dias de uso (quadro semelhante à queimadura química) NÃO prescrever como medicação OBS: Olho não pode ficar exposto (pálpebra entre aberta) se não vai acabar tendo problemas sérios. PATOLOGIAS DA CÓRNEA As condições mais comuns envolvem lesões, alergias e doenças. As opções de tratamento dependem da causa do problema, mas podem incluir opções desde lentes de contato até cirurgia a laser e transplante de córnea. Sinais e sintomas: são variáveis, podem incluir dor no olho, sensibilidade à luz, visão reduzida ou desfocada, vermelhidão ou inflamação no olho, ou dor de cabeça, náusea ou fadiga HALO SENIL Processo degenerativo, no qual forma-se um anel opaco esbranquiçado na parte periférica da córnea do olho Não é considerado uma patologia, é da idade Não afeta a capacidade de enxergar – não precisa tratar ALERGIAS As alergias mais comuns que afetam o olho são as relacionadas com o pólen, particularmente quando o tempo está quente e seco. SINTOMAS: vermelhidão, prurido, lacrimejamento, ardor, picadas e descarga aquosa TRATAMENTO: anti-histamínicos descongestionantes de gotas oculares reduzem eficazmente estes sintomas. OLHO SECO Condição em que o olho produz menos lágrimas ou de menor qualidade e é incapaz de manter a sua superfície lubrificada Principal sintoma do olho seco é geralmente uma sensação de arranhão, picadas, queimaduras, corrimento, dor e vermelhidão Visão embaçada, pálpebra pesada Períodos de lacrimejamento e secura alternando ALTERAÇÕES NA PALPEBRA O excesso de retirada da pálpebra pós blefaroplastia é uma condição que pode afetar a córnea – ressecamento Importante avaliar o ressecamento através do Teste de Schirmer, ver se é necessário o enxerto ACNE ROSÁCEA OCULAR Inflamação que causa vermelhidão, queimação e coceira nos olhos, consequente da rosácea BLEFARITE Inflamação da pálpebra, pode cursar com o aumento da secreção lipídica. Apresenta borda dos cílios avermelhadas, olhos vermelhos com crosta, hiperemia e olho seco Ocorre por disfunção da glândula de Melbomius (comum pelo uso de maquiagem que entope as glândulas) Uso de colírios lubrificantes ajudam no alivio da dor e no equilíbrio da osmolaridade Se tem excesso de gordura na região da pálpebra, as bactérias colonizam mais que o normal SINDROME DE SJOGREN É uma das principais causas de síndrome do olho seco grave, trata-se de uma doença do colágeno autoimune caracterizada pela infiltração linfocítica das glândulas exócrinas - limita a produção de secreções Olho seco (xeroftalmia) e boca seca (xerostomia) Relação com artrite reumatoide e LES LESÃO POR LENTE DE CONTATO O uso de lentes de contato (especialmente durante a noite) aumenta o risco de infecção da córnea. CERATITES – INFLAMAÇÃO / INFECÇÃO As ceratites formam um grupo de doenças que provocam lesão inflamatória da córnea, muitas delas apresentando um potencial destrutivo e ameaçador à visão, especialmente as causas infecciosas (causa mais comum de ceratite) 1. CERATITE NÃO INFECCIOSA: inflamação da córnea, pode ser causada por uma lesão menor, ou por usar lentes de contato 2. CERATITE INFECCIOSA: infecção do epitélio da córnea por infiltração de microrganismos no estroma epitelial = uma das principais causas de cegueira no mundo Tipos de ceratite: A profundidade da lesão corneana também é importante...Neste caso, as ceratites podem ser classificadas em: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sinais e sintomas das ceratites são mais dramáticos que os das conjuntivites e episclerites. Na presença desses sintomas, o clínico deve o paciente para oftalmologista em caráter emergencial!! A história de uso de lentes de contato, especialmente na falta de cuidados adequados, é um fator que sugere a possibilidade de ceratite, sempre indicando encaminhamento oftalmológico! SINAIS E SINTOMAS: costuma se manifestar com olho devido à injeção conjuntival reativa, localizada na área perilímbica (flush ciliar) ou então por apresentar uma conjuntivite associada (ceratoconjuntivite) Vermelhidão na área perilimbica Dor ocular Intensa fotofobia Sensação de corpo estranho provocando fechamento palpebral reflexo (blefaroespasmo) e redução recente da acuidade visual Secreção mucopurulenta branco-amarelada pode ser vista nas ceratites bacterianas Vitória Leal- T6 Relação com as lentes de contato: Lentes de contato diminuem o oxigênio ofertado; aumenta ácido lático e o excesso do metabólito induz edema (por aumento da osmolaridade) � Microscopia especular (endotélio) – lentes de contato – uso incorreto. Ótimo usar a lente, mas desde que entenda que não é algo que posso usar de qualquer jeito 100 casos de úlcera córnea que necessitaram internamento – 100 eram por lentes de contato e quase 20% precisa fazer transplante de córnea Lentes podem causar edema epitelial e sofrimento endotelial CERATITES INFECCIOSAS Podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Infecções menores são geralmente tratadas com colírios antibacterianos. Se o problema for grave, pode requerer um tratamento antibiótico ou antifúngico mais intensivo para eliminar a infecção, bem como gotas oculares esteróides para reduzir a inflamação. É uma das principais causas de cegueira Principais fatores desencadeantes: traumas (países pobres) e lentes de contato (países ricos) Pode agravar pelo uso de corticoides (cipro + dexa) é um fator de risco para infecção viral, pois diminui a inflamação mas também diminui a imunidade local Principais agentes etiológicos são a Pseudômonas Aeruginosas e Acanthamoeba (parasito) OBS: podem evoluir para quadro de ulcera � olho vermelho unilateral, dor ocular, baixa visão e presença de ponto branco no olho Úlcera bacteriana (Staphyococus aureus) Úlcera fúngica Ceratite por ameba: comum quando mergulha, por isso não é o ideal nadar com lente porque vai ter um meio ótimo para cultura TRATAMENTO Ceratites infecciosas: os antimicrobianos tópicos são a base da terapia e devem ser iniciados o quanto antes! Ceratites não infecciosas: na síndrome do olho seco, na ceratite herpética neurotrófica e nas abrasões da córnea, colírios lubrificantes podem auxiliar no reparo tecidual e no alívio do desconforto ocular. Ceratites dolorosas: são utilizados colírios cicloplégicos CERATITES BACTERIANAS Úlcera bacteriana, é uma infecção grave, deve ser tratada por um oftalmologista e a referenciação deve ser urgente! Pode evoluir para leucoma com diminuição significativa da acuidade visual. Agentes mais comuns: Cocos Gram positivo: staphylococcus aureus, pneumoniae e epideridis Gram negativa: pseudômonas sp FATORES DE RISCO Uso de lentes de contato, trauma corneano, alterações palpebrais, cirurgias corneanas, uso de corticóides, olho seco severo, conjuntivites bacterianas... As bactérias aproveitam a ruptura do endotélio através da alterações do mecanismo de defesa TRATAMENTO Tratadas por meio da aplicação de antimicrobianos tópicos (ATB – Doxiciclina/Cipro) OBS: Nos casos de leucomas cicatriciais que prejudicam a visão, pode-se tentar a terapia intervencionista � ceratectomia fototerapêutica (PTK) CERATITES VIRAIS HERPES OCULAR Infecção por herpes zoster, quando acomete um lado só (unilateral) tem que pensar em infecções herpéticas. Quando acomete o 3º ramo do trigêmeo/nervo oftálmico, temos herpes oftálmico. Mas não precisa acometer o olho para chamarmos de oftálmico. Se afetou essa área afetou o nervo e já vou chamar de herpes oftálmico � encaminhar para o oftalmologista (acometimento ocular, cegueira...) Herpes simples tipo 1 (vírus predominante HSV- 1): tipo mais frequente, ocorre um recrudescimento perante a redução da imunidade, geralmente unilateral, comprometendo a pálpebra, conjuntiva e úvea Herpes Zooster: típico do idoso e imunodeprimido, sempre acompanhado de lesão de pele, unilateral OBS: A ceratite herpética tende a tomar um curso mais grave quanto maior for o número de Recidivas O herpes ocular recidivante na maioria das vezes se apresenta com ceratite isolada, enquanto que o herpes ocular primário frequentemente se manifesta com ceratoconjuntivite folicular, adenopatia pré-auricular APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNOSTICO As lesões corneanas são bastante características e o diagnóstico é clínico + avaliação de um ofltalmo. As diversas formas de ceratite herpética podem simular a ceratite por quase todos os agentes microbianos: Ceratite epitelial ativa – dendrítica: trata com antivirais tópicos Ceratite estromal e endotelite: trata com corticoides tópicos TRATAMENTO NÃO se pode fazer o uso de corticoides, pois eles aumentam a replicação viral...o tratamento é feito com Aciclovir VO e tópico CERATITES FUNGICAS É uma ceratite mais comum no meio rural, após abrasões corneanas com elementos vegetais, os agentes mais comuns neste caso são fungos filamentosos (Fusarium e Aspergillus sp), tem relação com imunodeficiência (Candida sp) Manifesta-se de forma crônica/insidiosa Unilateral e com sintomas dolorosos leves - exame mostra uma ceratite ulcerada necrosante TRATAMENTO É feito a base de antifúngicos tópicos, como a anfotericina B CERATITE AMEBIANA (ACANTHAMOEBA) A Acanthamoeba é um protozoário de vida livreque habita coleções de água, a ceratite por este parasita é típica de usuários de lente de contato gelatinosa, que não seguem as recomendações adequadas de cuidado com a lente, especialmente quando as lavam em água corrente Ceratite unilateral de evolução insidiosa/crônica, porém com potencial de destruição do estroma corneano e perda visual Dor ocular de grande intensidade, desproporcional aos achados clínicos oculares TRATAMENTO Feito com amebicidas tópicos, que precisam combater tanto os trofozoítas quanto os cistos... Vitória Leal- T6 CERATITES POR SIFILIS As características que apontam para uma ceratite sifilítica congênita intersticial são: opacidades esbranquiçadas fluoresceína-negativas e neovascularização. A presença ao nascimento de surdez neurossensorial e dentes de Hutchinson facilitam o diagnóstico Tríade de Hutchinson: ceratite intersticial, surdez neurossensorial e malformações dentárias típicas (dentes de Hutchinson) Acometimento bilateral assimétrico Presença de mancha salmão de Hutchinson ALTERAÇÕES NÃO INFECCIOSAS DA CORNEA Existem diversas entidades classificadas como ceratites não infecciosas crônicas, de causa idiopática. Estas entidades exigem sempre avaliação e tratamento pelo especialista, necessitando muitas vezes de corticoides e drogas imunomoduladoras para o seu controle Ocorre tipicamente em adolescentes, com progressão até 40 anos, aumento progressivo do grau, insatisfação com a visão � relação com atopia OLHO VERMELHO POR CAUSAS FISÍCAS Corpo estranho Abrasões da córnea – trauma mecânico, lentes de contato ou corpo estranho Queimadura química ou térmica Ceratite por raios ultravioleta (“cegueira da neve”) CERATOCONE Trata-se de uma rara doença da córnea, de causa ainda desconhecida, a ceratocônia é uma alteração progressiva do formato da córnea, como se fosse uma ectasia corneana, na qual a córnea sofre um afinamento e deformação ganhando a forma de um cone irregular. Associada a fatores genéticos e abrasivos � coçar os olhos É uma doença progressiva, bilateral e não inflamatória (pode ter relação alérgica), leva a distorção do formato com afilamento estromal Alterações atingem todas as camadas Pode ocorrer formação de cicatrizes (Roturas na Descemet) DIAGNÓSTICO Pode ser feito por meio da topografia de córnea, os tipos de ceratocone são baseados no formato do cone: 1. Oval (tipo mais comum): deslocado inferiormente, com diâmetro > 5 mm 2. Pequeno monte: forma arredondada com diâmetro < 5 mm 3. Globosa: afeta mais de 75% da córnea, com diâmetro > 6 mm Em relação à gravidade, o ceratocone pode ser: discreto, moderado, avançado e grave, de acordo com a ceratometria TRATAMENTO Na fase inicial, a miopia e o astigmatismo podem ser corrigidos com óculos. Com o tempo, não é mais possível e o paciente deverá utilizar LC rígidas para promover o aplainamento corneano e permitir uma visão satisfatória. Tardiamente, as lentes de contato rígidas poderão não mais corrigir o defeito visual. Objetiva-se estabilizar a doença e melhorar a visão: 1. Estabilizar: Cross Linking do colágeno (S/N) – parar o crescimento 2. Melhorar a visão: óculos, lentes de contato rígida, anéis intra-estromais e transplante de córnea OBS: A cirurgia refrativa ainda é contraindicada para o ceratocone! TRANSPLANTE DE CÓRNEA Nos casos refratários aos métodos anteriores, a opção mais indicada é o transplante de córnea, apresentando excelentes resultados Pode ser penetrante (espessura total) ou lamelares (apenas algumas camadas da córnea) Principal causa de transplante de córnea é CERATOCONE! TOPOGRAFIA DE CÓRNEA – MAPA DA CÓRNEA Quando olhamos para baixo se a córnea estiver bicuda podemos ver pois quando olha para baixo aparece o biquinho OBS: Transplante de córnea vai ser o último recurso para ceratocone – não é o melhor tto, não é o tto de escolha – é quando é o último recurso – outro motivo para transplante de córnea é perfuração ou trauma Glóbulos brancos – leucocitos – então leucoma é uma cicatriz branca Transplante de córnea – penetrantes: espessura total; lamelares: apenas uma camada da córnea Bloqueio peribulbar (anestesia) Pode rejeitar mas não é necessário fazer análise de compatibilidade Vitória Leal- T6 CONJUNTIVA INTRODUÇÃO O segmento anterior do olho é composto por diversas estruturas anatômicas, como a córnea, a íris, o corpo ciliar, o cristalino e a porção anterior da esclera. Essas estruturas são revestidas por membranas vascularizadas, como a conjuntiva e a episclera. pálpebras, cílios, ângulos, limbo (junção córneo-escleral) e conjuntivas tarsais. A inflamação primária ou secundária de qualquer um destes elementos da anátomo-histologia do olho pode se apresentar como vermelhidão ou hiperemia ocular ou “síndrome do olho vermelho”. É fundamental que o clínico saiba diferenciar as patologias benignas das patologias que podem acarretar a perda visual, de forma direta ou indireta (malignas) Malignas: doenças de alto poder lesivo, devem ser abordadas por um oftalmologista Várias das entidades causadoras de olho vermelho podem ser secundárias a doenças sistêmicas CONJUNTIVA A conjuntiva é uma membrana mucosa transparente que reveste o globo ocular anterior até o limbo córneo-escleral (conjuntiva bulbar), refletindo-se anteriormente para revestir também a face anterior das pálpebras (conjuntiva tarsal ou palpebral) Na reflexão superior e inferior, entre o globo ocular e as pálpebras, a conjuntiva forma um fundo de saco, denominado “fórnice”, que é a junção da conjuntiva tarsal com a bulbar Por isso não é possível que a lente perdida no olho vá para o cérebro, ela estará nesse fundo de saco... FUNÇÕES DA CONJUNTIVA Forma barreira mecânica (proteção ocular) Participa da composição a lágrima (mucina) Rica em vasos sanguíneos e linfáticos e células imunocompetentes (defesa imunológica e celular) A conjuntiva é firmemente aderida às pálpebras, frouxamente aderida ao globo ocular e encontra-se livre na região dos fórnices. Portanto, inflamações podem causar edema (quemose) na região dos fórnices e da conjuntiva bulbar (globo ocular) A inflamação da membrana conjuntiva determina vasodilatação, provocando vermelhidão ocular e o aparecimento de vasos visíveis na superfície ocular (“injeção conjuntival”) O limbo é rico em vasos e se alguma informação imunológica chega no limbo ele começa a migrar para área transplantada – a taxa de rejeição é baixa joelm Nota não tem conjuntiva sobre a córnea, se tiver é uma conjuntivalização da córnea e pode causar diversos problemas (córnea é uma janela e a conjuntiva "tampa") Vitória Leal- T6 CONJUNTIVITES – INFLAMAÇÃO As conjuntivites são as causas mais comuns de “síndrome do olho vermelho”, na maioria dos casos, podem ser facilmente reconhecidas e tratadas pelo clínico geral. Diversas podem ser as causas de conjuntivite, infecciosas ou não infecciosas, podem ser classificadas em: 1. Conjuntivite viral 2. Conjuntivite bacteriana 3. Conjuntivite alérgica 4. Conjuntivite não infecciosa, não alérgica A causa mais comum de conjuntivite é a conjuntivite viral, sendo uma doença de alta incidência em todo o Mundo, o principal agente etiológico é o adenovírus. MANIFESTAÇÕES CLINICAS E DIAGNÓSTICO O diagnóstico de conjuntivite é clínico, o paciente apresenta, de forma aguda, hiperemia (vermelhidão) ocular difusa, devido a inflamação da conjuntiva bulbar. Sinais característicos: presença de secreção ocular, crostas matinais aderindo às pálpebras e a inflamação da porção interna da pálpebra (conjuntiva tarsal) Normalmente ocorreo acometimento de um olho (unilateral), seguindo com o acometimento bilateral EXAME FÍSICO A inspeção a olho nu ou Lâmpada de fenda (confirma o diagnostico, deferência as causas e tipos e entre conjuntivite não complicada e complicada): Hiperemia conjuntival e “injeção conjuntival” de predomínio periférico Diversos tipos de secreção, dependendo da causa ou tipo de conjuntivite Blefarite associada (edema a inflamação palpebral) Conjuntiva tarsal inflamada, apresentando algumas reações: PAPILAS: pontinhos vermelhos encontrados na conjuntiva tarsal superior – inespecíficas FOLÍCULOS: pequenas protuberâncias arredondadas (parecem bolhinhas) encontradas na conjuntiva tarsal inferior – comum nas conjuntivites virais, por clamídia e tóxica PAPILAS GIGANTES: hipertrofia das papilas (bolhas maiores) tornando-se elevadas e achatadas – comum nas conjuntivites alérgicas crônicas, primaveril e por lentes PSEUDOMEMBRANAS E MEMBRANAS: camadas de leucócitos e fibrina formando uma membrana amarelada – comum nas conjuntivites bacterianas, ceratoconjuntivite por adenovírus, sd. SJ e queimaduras químicas OBS: A pseudomembrana pode ser removida sem sangrar e a membrana deixa uma zona sangrante quando removida. ATENÇÃO: Na conjuntivite não complicada, o paciente refere desconforto ocular (sensação de “areia nos olhos” ou de corpo estranho), mas NÃO há dor ocular, não há redução da acuidade visual, nem fotofobia acentuada e as pupilas são normais e foto reagentes. TRATAMENTO Varia de acordo com a causa e o tipo de conjuntivite, embora algumas medidas gerais sejam indicadas, como: Compressas de água gelada 4x/dia Colírios lubrificantes 4-6x/dia Colírios vasoconstrictores 2-4x/dia = para diminuir a inflamação, porém com cautela devido ao efeito rebote Medidas de afastamento, lavagem frequente das mãos, evitar o contato próximo e o compartilhamento de fômite CONJUNTIVITE VIRAL COMUM É a causa mais comum de conjuntivite, quase sempre causada pelo adenovírus, é bastante contagiosa, transmitindo-se pelo contato, pode acometer crianças e adultos. Pode ser diagnosticada e tratada pelo clínico. Inflamação conjuntival de início agudo – refere vermelhidão, desconforto ocular, lacrimejamento, remela aderente matinal e secreção mucoide Exame ocular – observa-se reação folicular tarsal (presença de bolhinhas na pálpebra inferior) e acumulo de secreção mucoide no canto do olho Pode ocorrer o aumento do volume dos gânglios linfáticos na região pré-auricular (adenopatia pré- auricular) TRATAMENTO Consiste na aplicação de compressas de água gelada e colírios lubrificantes para aliviar os sintomas, em casos mais sintomáticos podemos usar vasoconstrictores, com cuidado! OUTRAS CONJUNTIVITES VIRAIS (COMPLICADAS) FEBRE FARINGOCONJUNTIVAL Causada pelo adenovírus, é a forma mais comum de conjuntivite na criança (2-4 anos). Caracterizada pela tríade de conjuntivite + faringoamigdalite + febre de 38°C, havendo também rinite e adenite cervical e pré-auricular. Tratamento é o mesmo da conjuntivite viral comum, com o acréscimo de antitérmicos CERATOCONJUNTIVITE ADENOVIRAL EPIDÊMICA Causada pelo adenovírus, é uma forma mais grave de conjuntivite adenoviral, por afetar também a córnea. Mais comum em adultos, o quadro se manifesta com os sinais e sintomas de conjuntivite viral + sintomas de ceratite (dor ocular...) Dor ocular, fotofobia acentuada, incapacidade de manter o olho aberto e borramento visual com tais sintomas, o paciente deve sempre ser encaminhado para o oftalmologista, pois pode gerar comprometimento visual a curto prazo! joelm Nota hiperemia: "branco" do olho está vermelho - pode ser a esclera ou a conjuntiva, que fica na frente da esclera. É sangue acumulado entre a esclera e a conjuntiva. joelm Nota rotina para abordar a hiperemia: questionar sobre a dor, coceira (onde, como), lanterna, ver reflexo pupilar, secreções joelm Nota é uma complicação da conjuntivite, normalmente da viral. se não sangrar é uma pseudomembrana, se sangrar é membrana. joelm Nota folículos: lesões múltiplas, pouco elevadas, amareladas, discretas, mais proeminentes no fórnix (fundo de saco da palpebra inferior) nódulos linfóides geralmente conjuntivites virais ou chlamydia (causa conjuntivite crônica), síndrome oculoglandular de Parinaud, hipersensibilidade a medicações joelm Nota reação papilar: menos especifica: epitelio conjuntival hiperplasico, vasos telangiectásicos dilatados no centro blefarite cronica, conjuntivite alérgica e bacteriana papilas sao estruturas sobrelevasdas, separadas por áreas palidas, podendo ser encontradas em toda conjuntiva e inclusive no limbo. nao é sinal especifico de inflamação. joelm Nota sinais e sintomas: - secreção: aquosa (lacrimejamento), mucoide, mucopurulenta ou purenta - prurido - queimação - na viral, clamidia ou gonococos: linfadenopatia pré auricular sintomas inespecíficos: lacrimejamento, sensação de areia, ardência, queimação prurido: conjuntivite alérgica joelm Nota IMPORTANTE conjuntivites - secreções: - aquosa: conjuntivites virais ou alergicas (lacrimejamento) - mucoide: conjuntivite alergica cronica e olho seco - mucopurulenta: conjuntivite bacteriana ou por chlamydia - purulenta: infecções gonocócicas (pus que não para) joelm Nota viral: olho inchado, vermelho e com lacrimejamento ou seja: - edema palpebral, linfadenopatia pré auricular - conjuntivite folicular - pode haver: hemorragia conjuntival, quemose e pseudomembrana deve afastar a pessoa por pelo menos 7 dias, pois é muito contaminante após inicio dos sintomas, contagio até 12 dias pode virar bilateral em até 3 dias, mas o que começa é o pior avaliação clinica: - febre? quadro gripal? (se acompanha gripe normalmente é mais leve) cefaleia? alergias? linfonodos cervicais e pré-auriculares? joelm Nota conjuntivite e adenovirus: - viral, normalmente unilateral - progride por 1 semana e pode durar 3 - muito contagiosa - pode evoluir para bacteriana, conjuntivite pseudomembranosa e queratite com infiltrados subepiteliais (ceracoconjuntivite viral) exemplo de adenovírus: - olho vermelho unilateral há 3 dias - desconforto, lacrimejo - edema periorbitário - adenopatia pré-auricular ipsilateral complicações: quando ocorre ceratite, pode evoluir para: infiltrados estromais anteriores (respostas imunes ao vírus - subepiteliais) - se atenuam gradualmente por meses ou anos, causam baixa visual joelm Nota pode usar antiinflamatório VO (conforme queixas) corticoide: pode aumentar a replicação viral. então só pode dar depois dos primeiros 5 dias, quando acaba a replicação viral. melhor não usar. não usar água boricada (cuidado com SF contaminados) - evitar vasoconstritores - não usar antibiótico colírios que possuem corticóide (cort, dex, dexa, pred...): - depois de 5 dias pode usar Vitória Leal- T6 Exame ocular: quemose, papilas hipertrofiadas, pseudomembrana e ceratite (punctata, epitelial focal e opacidades corneanas que persistem por longo tempo) TRATAMENTO Deve ser diagnosticada, tratada e acompanhada pelo oftalmologista! É o mesmo da conjuntivite viral comum, com o acréscimo de colírio corticoide nos casos em que há opacidade A confirmação diagnóstica por um oftalmologista é essencial, pois o colírio de corticoide é totalmente contraindicado na ceratite ou ceratoconjuntivite herpética CERATITE – EVOLUÇÃO: 1. Ceratite punctata difusa – pequenos pontos difusos na córnea visualizados com fluoresceína 2. Ceratite epitelial focal – pequenas ulceras corneanas 3. Opacidades subepiteliais (fruto da resposta imunológica tardia) SIMBLÉFARO = aderência entre a conjuntiva tarsal e a bulbar, sequela comum da presença de membranas e pseudomembranas CONJUNTIVITE BACTERIANA AGUDA Inflamação da conjuntiva, contagiosa, na qual o agente mais comum é o Staphylococcus aureus, acometendo mais comumenteos adultos. Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influenzae, estes últimos mais comuns em crianças. Pseudomonas aeruginosa é um agente comum da conjuntivite em usuários de lentes de contato Caracterizada por acometimento unilateral e posteriormente bilateral, o paciente apresenta um quadro de vermelhidão ocular, desconforto, remela aderente matinal e eliminação contínua de secreção purulenta (branca, amarela ou esverdeada) Exame ocular – observa-se reação papilar (pontinhos vermelhos na pálpebra superior) e formação de pseudomembranas ou membranas Pode estar associada a ceratites, com opacidade corneanas TRATAMENTO Pode ser diagnosticada e tratada por um clínico, tem como o alivio dos sintomas, com compressas e colírios lubrificantes, associado a colírios antibióticos (cipro/norfloxacino; tetraciclina; tobramicina...) 4-6x/dia durante 5-7 dias. CONJUNTIVITE BACTERIANA HIPERAGUDA (GONOCÓCICA) Forma grave e potencialmente lesiva para a visão de conjuntivite bacteriana, sendo causada pela Neisseria gonorrhoeae (gonococo). Esta conjuntivite é uma DST, sendo transmitida pelo contato mão - genitália - mão - olho. Acomete adultos jovens sexualmente ativos ou recém nascidos de mães com blenorragia. Se manifesta 12h após a inoculação e evolui de forma hiperaguda – conjuntivite intensamente purulenta, dor ocular, eliminação contínua de secreção, quemose acentuada e blefarite Pode apresentar adenopatia pré-auricular dolorosa (comum), pode evoluir para ceratite periférica ulcerada (ceratoconjuntivite por gonococo), que pode provocar rotura corneana e endoftalmite, com perda da visão. OBS: O paciente deve ser diagnosticado, tratado e acompanhado pelo oftalmologista! É uma das poucas manifestações de conjuntivite que indica a coleta de secreção para Gram e cultura (presença de diplococos Gram- negativos) TRATAMENTO É realizado por meio de antibiótico sistêmico (Ceftriaxone 1g IM, seguido de Eritromicina VO 2-3 semanas) Em caso de secreção copiosa/catarral, uma lavagem com soro fisiológico deve ser realizada BLEFAROCONJUNTIVITE BACTERIANA CRÔNICA (ESTAFILOCÓCICA) Causada pelo Staphylococus aureus (mais comum) ou pela Moraxella lacunata. A blefaroconjuntivite crônica estafilocócica manifesta-se com inflamação da pálpebra (blefarite), com crostas purulentas na base dos cílios, ordéolo (terçol) de repetição, perda de cílios, telangiectasias e uma conjuntivite papilar com hiperemia difusa e mínima secreção purulenta Pode haver ulceração periférica da córnea (no limbo inferior). O S. aureus infecta a conjuntiva por contiguidade após colonizar e infectar cronicamente o tecido palpebral... OBS: A infecção pela M. lacunata é chamada blefaroconjuntivite angular crônica, caracterizando-se por inflamação, maceração e crostas no ângulo ocular. TRATAMENTO Exige a escovação e desinfecção diária da pálpebra, utilizando xampu neutro, com aplicação de pomadas de antibiótico e corticoide, além de compressas de água quente nos intervalos. Nos casos graves ou refratários, associa-se um antibiótico sistêmico por via oral na dependência do agente. CONJUNTIVITE DE INCLUSÃO POR CLAMÍDIA Causada pela Chlamydia trachomatis, acometendo adultos jovens sexualmente ativos, que podem apresentar também uma uretrite ou cervicite associadas. É uma DST, transmitida do mesmo modo que a conjuntivite gonocócica. Caracteriza-se por uma conjuntivite crônica com reação folicular tipicamente unilateral, com hiperemia acentuada, secreção mucoide ou mucopurulenta, folículos proeminentes e hipertrofia papilar Pode ocorrer eventual ceratite e suas evoluções... TRATAMENTO Deve ser diagnosticada, tratada e acompanhada pelo oftalmologista. Não tem boa resposta a colírio antibiótico, necessitando de antibioticoterapia sistêmica (Eritromicina ou doxi...) joelm Nota pode haver: quemose, fotofobia e dor características: hiperemia tem secreção mucopurenta não tem adenopatia pré auricular dura até 3 semanas reação papilar exames laboratoriais: nas neonatais e nas graves (não responsivas) bacteriana aguda grave: - neisseria sp e neisseria gonorrhoeae (a ultima atinge córnea) - haemoplilus influenze joelm Nota neisseria gonorrhoeae: invade o epitélio corneano, perfurando facilmente. sintomas: secreção aguda e copiosa, edema palpebral, quemose, hiperemia conjuntival intensa, psudomembranas, linfadenopatia 40% dos casos evolui para ceratite exame: bacterioscopia - diplococos gram negativo Vitória Leal- T6 TRACOMA – CERATOCONJUNTIVITE POR CHLAMYDIA É uma ceratoconjuntivite granulomatosa crônica recidivante causada pela Chlamydia trachomatis, não é uma DST, é uma doença de alta contagiosidade, endêmica em algumas áreas com precárias condições socioeconômicas. É a causa mais comum de cegueira em países pobres. Transmitida pelo contato próximo ou através de insetos veiculadores (moscas), trata-se de uma infecção ocular crônica, acometendo principalmente crianças com menos de 2 anos. Caracteriza-se por vermelhidão, fotofobia, blefarospasmo, sensação de “areia nos olhos”, lacrimejamento, com ou sem secreção mucopurulenta Ao exame, há uma conjuntivite folicular bilateral, com pannus, ceratite ulcerativa, opacidade corneana e cicatrização deformante da conjuntiva tarsal superior, levando ao entrópio e à triquíase (inversão do cílios), que contribuem para uma grave lesão de córnea, que provoca cegueira em alguns casos TRATAMENTO Deve ser diagnosticado, tratado e acompanhado pelo oftalmologista. Se tratado na fase precoce, é possível curar a doença sem deixar sequelas. Terapia com antibiótico sistêmico - dose única de azitromicina 20 mg/Kg ou 1g para adultos A triquíase e o entrópio devem ser tratados com cirurgia corretiva das pálpebras OUTRAS CONJUNTIVITES BACTERIANAS CONJUNTIVITE FLICTENULAR Decorrente da hipersensibilidade (tipo IV) a produtos da degradação bacteriana. A blefaroconjuntivite estafilocócia e a tuberculose primária na infância são os exemplos mais importantes deste tipo de conjuntivite. Conjuntivite sem a presença de microrganismos ativos na conjuntiva, porém causando reação inflamatória conjuntival SÍNDROME OCULOGLANDULAR DE PARINAUD: conjuntivite infecciosa subaguda/crônica por inoculação direta, associada à adenite pré-auricular. A Bartonella hanselae é o agente mais importante e a síndrome, na verdade, é uma complicação da febre da arranhadura do gato, geralmente associada à adenopatia generalizada. CONJUNTIVITE ALÉRGICA COMUM Inflamação conjuntival que ocorre pela exposição ocular a aero antígenos capazes de desencadear uma hipersensibilidade tipo I (imediata, medida por IgE e mastócitos). As fontes principais são ácaros, contato com gatos, mofo... Caracteriza-se por início abrupto, presença de prurido intenso, concomitância entre ambos os olhos, quemose e secreção mucoide, além da história prévia de alergia O paciente pode apresentar somente conjuntivite ou um quadro de rinite + conjuntivite TRATAMENTO Pode ser diagnosticada e tratada pelo clínico. Utiliza-se colírios de anti-histamínico H1 ou vasoconstrictores, o colírio deve ser aplicado 4x/dia por até 2 semanas. TIPOS ESPECIAIS DE CONJUNTIVITE ALÉRGICA: 1. Conjuntivite alérgica crônica: frequentemente associada à dermatite atópica e outras alergias, tem caráter sazonal é caracterizada pela presença de papilas hipertrofiadas 2. Conjuntivite primaveril (vernal): conjuntivite inflamatória recidivante que predomina nos meses da primavera, é caracterizada pela formação de papilas gigantes na pálpebra ou no limbo (manchas de Horner-Trantas) OBS: devem ser diagnosticadas e tratadas por um oftalmologista! Requerem o uso de AINES e corticoides além de colírios anti-histamínicos CONJUNTIVITES NÃO INFECCIOSAS E NÃO ALÉRGICASExistem importantes entidades neste grupo, entre elas a conjuntivite tóxica folicular, a conjuntivite mecânica e a conjuntivite das lentes de contato, assim como as conjuntivites associadas a doenças sistêmica. 1. Conjuntivite tóxica folicular – hipersensibilidade a substâncias em contato com o olho/pálpebras (eliminação do agente + colírio corticoide) 2. Conjuntivite mecânica – efeito irritativo de produtos químicos, corpo estranho ou xeroftalmia 3. Conjuntivite da lente de contato (papilas gigantes) – uso continuo das lentes de contato 4. 4. Conjuntivites associadas a doenças sistêmicas PROCESSOS DEGENERATIVOS DA CONJUNTIVA PTERÍGIO Degeneração do tecido fibroproliferativo da superfície anterior do olho que nasce no limbo e estende-se para a conjuntiva bulbar nasal e para a córnea. Tem formato triangular, comum acima dos 40 anos, relacionada a exposição solar e histórico familiar. Caracteriza-se pela presença de uma massa vermelha, associada à inflamação conjuntival localizada podendo provocar sintomas de irritação ou desconforto ocular – FASE ATIVA Depois de uns meses a lesão se estabiliza e forma uma placa branca e achatada COMPLICAÇÕES Potencial para invadir a superfície da córnea a partir do limbo, a ponto de acarretar dois tipos de problema visual = astigmatismo irregular e avanço sobre o eixo pupilar causando déficit visual importante não corrigível com óculos e lentes. TRATAMENTO Vitória Leal- T6 Pacientes com sintomas oculares irritativos ou inflamatórios devem ser tratados com o uso regular de colírios lubrificantes. Excisão é indicada em casos de astigmatismo secundário ou bloqueio do eixo pupilar, as taxas de recidivas são altas – uso de técnicas adjuvantes (retalho/autoenxerto...) Prevenção: a proteção contra os raios solares, por meio do uso de óculos escuros PINGUÉCULA Lesão degenerativa análoga ao pterígio, diferenciando- -se do primeiro por não invadir a córnea, mantendo-se estável e assintomática, constituindo-se apenas um leve problema estético. LESÕES PRÉ-MALIGNAS DA CONJUNTIVA Muito mais elevada, com os vasos calibrosos Tecido elevado Pode confundir com pterígio, tem que tomar cuidado – essa hiperplasia vai se tornar uma neoplasia Causa de tumores HEMORRAGIA SUBCONJUNTIVAL Coleção de sangue circunscrita entre a conjuntiva e a esclera, trata-se de um evento extremamente comum, na maioria das vezes decorrente de um pequeno trauma ou esforço. O sangramento se dá pela rotura de pequenas veias da conjuntiva ou da episclera, observa-se uma mancha vermelho vivo na região branca do olho, tipicamente assintomática e circunscrita = não há necessidade de tratamento e a evolução é sempre benigna. Vitória Leal- T6 ÓRBITAS, PÁLPEBRAS E VIAS LACRIMAIS INTRODUÇÃO A órbita é o local onde o olho repousa, as pálpebras são pregas móveis de tecido que servem para recobrir e proteger o olho, é uma estrutura complexa, de várias camadas, formada por: 1. Pele (tecido cutâneo) 2. Tecido subcutâneo 3. Músculos estriados esqueléticos 4. Musculo liso (musculo de Mueller) 5. Tarsos – placas de tecido 1. fibroelástico denso, localizados na face interna da pálpebra (consistência e estrutura) 6. Cílios 7. Glândulas pálpebras – glândulas de Meibomius, glândulas de Zeis e glândulas de Moll OSSOS DA ÓRBITA A órbita é um conjunto de 7 ossos e todos eles vão formar esse quebra cabeça que é a estrutura para o nosso olho funcionar lá dentro. É importante saber a anatomia para conseguir diagnosticar casos mais complexos... CONE ORBITÁRIO Tem fissuras posteriores que passam o nervo óptico, vascularização, que faz comunicação com o cérebro... Nervo trigêmeo – sensitiva, nervo óptico – motor A órbita tem um formato que lembra um cone em forma quadrada Existe esse cone e todas essas estruturas podem impactar no meu olho. Lembrar que tem vasos que circulam lá dentro e não é algo totalmente desvinculado. Então você tem a ligação direta do olho com o nervo óptico. Seio cavernoso: drenagem da região ocular Fístula da artéria carótida e seio cavernoso (fistula carotido cavernosa): Aumento da pressão do sistema venoso, vai ter veias dilatadas no olho. Pode-se auscultar sopro arterial na região ocular. Lâmina papirácea - osso etmoide: Drenagem venosa Cálice óptico Fratura – pode seccionar o nervo óptico e cegar a pessoa Espaços aerados no nosso crânio que podem estar preenchidos no caso da secreção RELAÇÃO ANATÔMICA ENTRE OS SEIOS DA FACE E A ÓRBITA Esse seio maxilar estando cheio de secreção tem uma relação direta com a órbita – o osso do etmoide que tá junto com seio etmoidal – espaço aerado – o osso etmoide é fininho – tem uma ligação nesse espaço e tem uma relação muito grande entre nariz, seios da face e órbita ALTERAÇÕES DA ÓRBITA A órbita é um pequeno espaço piramidal no esqueleto da face, com base anterior e quatro paredes ósseas. Nela se encontram muitos tipos de estruturas e tecidos, que, quando a sua função está alterada, são responsáveis por uma grande variedade de sintomas e sinais. Reconhecer os padrões fisiopatológicos e os padrões anatómicos da doença orbitária – precisão diagnóstica Na órbita e sua vizinhança, podem ocorrer 5 processos fisiopatológicos, que podem surgir de forma independente ou de forma associada: 1. Inflamação – oftalmopatia de graves, pseudotumor, celulite orbitária... 2. Neoplasia – benignas e malignas Vitória Leal- T6 3. Anomalia estrutural – teratoma, microftalmia, assimetria facial... 4. Lesão vascular – malformações arteriovenosas, fistula sinusal arteriocarotideocavernosa 5. Lesão degenerativa ou por depósito - miopatia progressiva e deposito subs. Amiloide PTOSE PALPEBRAL Condição em que a margem palpebral, em posição primária do olhar, cobre mais que 2mm do limbo superior, é a famosa, que de pálpebra . Além de ser um problema estético, pode causar restrição do campo visual superior ou oclusão do eixo visual DISTÚRBIOS INFLAMATÓRIOS – PROPTOSE Condição em que o olho está anteriorizado em relação ao que seria normal, ocorre uma protrusão anormal do globo ocular projetando o olho para fora, pode ocorrer por lesão retrobulbar Oftalmopatia de Graves – é a causa mais comum de proptose uni ou bilateral, relação intima com a tireoide e miastenia gravis Pseudotumor inflamatório – outra causa frequente de proptose em adultos e crianças, indica um processo não-neoplásico que produz um sinal que simula uma neoplasia orbitária (linfoma), normalmente é unilateral e pode estar associado a vasculites ENOFTALMIA É o afundamento/retro deslocamento anormal do olho, pode se dar pro lesão/fratura traumática da base do crânio ou da órbita DISTOPIA Desalinhamento das órbitas, podendo causar diplopia (visão dupla), pode ser consequência de uma massa orbitária (tumores), resultando em globos oculares desalinhados a níveis diferentes TRAUMATISMO OCULAR E ORBITÁRIO O traumatismo ocular é uma causa comum de cegueira unilateral em crianças e adultos jovens, as pessoas nesses grupos etários sofrem a maioria das lesões oculares graves pode causar vários danos às pálpebras, ao globo ocular e aos tecidos moles orbitários. Exame inicial: deve-se estimar a acuidade visual, suspeitar de corpo estranho, teste de motilidade ocular, inspeção de todas as estruturas oculares (olho nu e com lâmpada de fenda), palpação ao entrono e testes sensitivos...realizar exames de imagem! Tratamento imediato Evitar manipulação, não administrar colírios cicloplegicos e antibióticos. Colocar um protetor não compressivo (copo de café) e iniciarATB sistêmico de amplo espectro (cipro) analgésicos, antieméticos e vacina antitetânica devem seradministrados, quando necessário FRATURA EM “BLOW-OUT” As fraturas orbitárias frequentemente acompanham o traumatismo facial, quando a entrada da órbita recebe um golpe, as forças compressivas podem fraturar as finas paredes medial e inferior, com prolapso e possível encarceramento de tecidos moles. Pode haver lesão intraocular associada, incluindo hifema, recessão angular e descolamento de retina. Se a explosão (blowout) for grande, pode haver desenvolvimento imediato de enoftalmia A diplopia pode ser causada por lesão neuromuscular direta ou edema de conteúdo orbitário O olho atingido vai sair da posição normal, pede para o paciente olhar para um objeto e vai ver que um olho não vai, ou vai dizer que quando olha para um lado tem visão dupla (olho atingido fica virado para cima) SINTOMAS: diplopia (visão dupla), limitação do movimento ocular, enoftalmia (aprofundamento da orbita) Fratura de osso frontal causando estrabismo divergente e afundamento do globo ocular Olhar os olhos do paciente – ver se tem politrauma e ver se tem assimetria OBS: Se a pessoa não teve trauma, podemos pensar em uma massa orbitária extraconal que possa estar empurrando o olho... INFECÇÕES ORBITÁRIAS É a causa mais comum de proptose em crianças, ocorre uma inflamação dos tecidos que circundam o olho, seu diagnóstico e tratamento deve ser imediato (risco de acometimento do SNC) A órbita é circundada pelos seios paranasais, e parte de sua drenagem venosa ocorre através da órbita � maioria dos casos de celulite surgem a partir de uma sinusite etmoidal Microrganismos mais comuns: Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, outros estreptococos e estafilococos As pálpebras são separadas da orbita pelo septo orbital, dessa forma, as infecções podem ser dividas em dois tipo, de acordo com a localização a partir do septo orbitário: 1. Celulite orbitária: é a infecção dos tecidos da órbita posteriores ao septo orbitário 2. Celulite pré-septal (periorbitária): Infecção anterior ao septo orbitário OBS: é de suma importância saber diferenciar uma da outra, pois a gravidade e a conduta a se tomada são diferentes! Os exames de imagem, como TC e RNM são uteis Ambas se manifestam por edema, eritema, hiperemia, dor e leucocitose (rubor, dor e calor), paciente geralmente tem febre alta! A presença de quemose, proptose, limitação da movimentação ocular e redução da visão indicam acometimento orbitário profundo � celulite orbitária Quando tem compressão do nervo óptico, oculomotor, vai ter alteração dos reflexos pupilares - se eu não aliviar essa pressão a tempo pode perder a visão Vitória Leal- T6 MANEJO DA CELULITE ORBITÁRIA OU PRÉ-SEPTAL Estabelecer uma estrutura anatômica que nos de o limite do que é o que não é orbita, podemos identificar isso através de exames de imagem (tecido fibrótico vai separar o que é órbita e o que não é) Internar o paciente (presença de secreção no cone orbitário) Iniciar antibioticoterapia de amplo espectro Drenagem? Encaminhar para o otorrino? TUMORES ORBITÁRIOS A órbita também é sítio de alguns tumores, normalmente são fáceis de identificar, podem ser primários, metastáticos ou secundários: 1. Primários: hemangioma capilar, hemangioma cavernoso, linfangioma , rabdomiossarcoma, neurofibroma, glioma, tumores da glândula lacrimal, linfoma e histiocitose O hemangioma cavernoso e o linfangioma são tumores benignos muito comuns e semelhantes, o que os difere é que o hemangioma não se infiltra, já o linfangioma é um tumor invasivo, se infiltra nos tecidos adjescentes! Linfoma é um tumor maligno que causa lesão com efeito massa e destrutivo Rabdomiossarcoma =tumor maligno primário da órbita mais comum na infância, crescimento rápido e característico – destruição do osso orbitário e disseminação para o cérebro 2. Metastáticos: comum por metástase de mama e pulmão, nas crianças o mais comum é o neuroblastoma 3. Secundários: carcinomas basocelulares, espinocelulares e de glândulas sebáceas, carcinomas nasofaringeos e meningiomas OBS: lesões císticas também podem acometer a órbita – cistos epidermoides, dermolipomas, mucocele sinusal, meningocele... INFLAMAÇÃO DAS PÁLPEBRAS E SACO LACRIMAL As pálpebras são pregas móveis de tecido que servem para recobrir e proteger o olho, como vimos anteriormente, além de ter diversas funções, a pálpebra é uma estrutura complexa, composta por diversas camadas. Lesões e inflamações palpebrais devem ser cuidadosamente tratadas, pois podem afetar a acuidade visual! – encaminhar para um especialista se necessário ACOMETIMENTO DA BOMBA LACRIMAL 1. EPÍFORA (EXCESSO DE LÁGRIMA) – por hipersecreção, drenagem deficiente ou falência da bomba lacrimal...pode ser pro obstrução das vias lacrimais (teste de Milder – sondagem) 2. SÍNDROMES DO OLHO SECO – redução da secreção lacrimal, redução da produção de mucina, aumento da exposição da superfície ocular, lentes de contato...pode causar ceratoconjuntivites OBSTRUÇÃO CONGÊNITA DO DUCTO LACRIMAL Devido a canalização tardia (comum RN com epífora com resolução espontânea até 1 ano) Diagnostico diferencial pode ser glaucoma congênita Obstrução congênita pode causar uma dacriocistite aguda (incomum) TRATAMENTO Pode ser feita uma massagem na via lacrimal, compressão sobre o canal, supero inferior ou ao contrário...delicadamente; ou através de sondagem de 12m a 18m (1 a 2 anos), pra quem apesar das massagens e da idade não melhoram... Crianças maiores de 2 anos a sondagem não funciona, o tratamento deve ser mais invasivo... Antibióticos somente se houver conjuntivite bacteriana associada CALÁZIO Inflamação granulomatosa não infeciosa de uma das glândulas palpebrais, como as de Meibomius (calázio profundo) ou de Zeis (calázio superficial). Decorrente do entupimento do orifício de drenagem da glândula, levando ao extravasamento de lipídios para o tecido circunjacente, gerando uma reação inflamatória crônica contendo células epitelioides, células gigantes de Langhans e linfócitos (granuloma) ROSÁCEA E BLEFARITE CRÔNICA são importantes fatores de risco, embora na maior parte das vezes o calázio seja um achado isolado APRESENTAÇÃO CLÍNICA Área de edema e eritema na pálpebra, evoluindo para a formação de um nódulo de tonalidade amarelada na superfície interna ou externa da pálpebra. O calázio é tipicamente indolor e persistente Desenvolve-se de forma aguda, com edema e eritema, podendo ser confundido com um hordéolo TRATAMENTO Deve ser tratado apenas em casos de maior tamanho ou refratários – incisão ou curetagem e injeção intralesional de corticoide ou drenagem cirúrgica Vitória Leal- T6 HORDÉOLO (TERÇOL) Infecção aguda purulenta do folículo ciliar (glândulas de Zeis ou Moll – externo ou Meibomius – interno). Normalmente causada pela bactéria Staphylococcus aureus. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Manifesta-se com inflamação aguda da pálpebra (geralmente a superior), com eritema, dor, calor e edema evoluindo para um pequeno abcesso que se abre com um ponto de pus A dor e a formação de pus diferencia o hordéolo de um calázio Na maioria dos casos, o tratamento é conservador, com involução espontânea em até 5-7 dias, pode-se fazer compressas quentes, pomadas antibióticas e drenagem em casos refratários. Se houver celulite periorbitária associada ou adenopatia pré-auricular, antibioticoterapia sistêmica está indicada BLEFARITE –ESTAFILOCOCCUS Causa mais comum é a blefarite crônica estafilocócica, manifesta-se com edema inflamatório palpebral, eliminação de secreção purulenta, calázio ou hordéolo de repetição. Associada a uma conjuntivite por hipersensibilidade à toxinas bacterianasliberadas, que pode se converter em uma conjuntivite flictenular crônica. Bléfaro conjuntivite bacteriana crônica TRATAMENTO É feito com escovação e desinfecção diária da pálpebra com xampoo neutro, além de pomadas de antibiótico e corticoide Uma outra causa clássica de blefarite crônica é a rosácea, com eritema e telangiectasias, como achados típicos DACRIOCISTE É a infecção bacteriana aguda (dacriocistite aguda) ou crônica (dacriocistite crônica) do saco lacrimal e/ou ducto naso-lacrimal, a infecção é causada mais comumente por S. aureus Infecção secundária a obstrução total ou parcial do ducto nasolacrimal, relação com epífora COMPLICAÇÃO: celulite orbitária O quadro clínico da dacriocistite aguda é marcado por edema inflamatório do canto nasal do olho (pericistite), epífora, borramento visual (pelo aumento da película lacrimal) e conjuntivite por hipersensibilidade. TRATAMENTO Após a coleta da secreção proveniente dos pontos lacrimais iniciar ATB sistêmico, após a resolução do quadro clínico o tratamento cirúrgico é indicado dacriocistorrinostomia (ligação entre a conjuntiva do nariz e do saco lacrimal - desobstrução) DEMATOCÁLAZE – BLEFAROPLASTIA Pele caída, não a pálpebra (ptose), é diferente...ocorre com o avançar da idade ECTRÓPIO Eversão da pálpebra (para fora), normalmente a causa é senil, mais pode ser consequência de uma ceratite por exposição queratinização e lacrimejamento BLEFAROESPASMO ESSENCIAL Diferenciar do secundário, origem neurológica. Trata com toxina botulínica (relaxamento/bloqueio) muscular ALTERAÇÕES DOS CÍLIOS Cicatrização do tarso e conjuntiva podem alterar a posição e direção dos cílios: 1. TRIQUIASE: Pode ter cílios para dentro, a raiz voltada para dentro, pode ocorrer isoladamente ou por cicatrização � pode ser sequela de tracoma crônica ou herpes zoster oftálmico 2. DISTIQUÍASE: Raiz dos cílios estão posicionadas em várias alturas diferentes, causa sintomas quando ta posicionada mais internamente, vários pontos diferentes... TRATAMENTO ● Eletrólise (se poucos cílios) ● Crioterapia (se muitos cílios) ● Cirurgia (quando refratária ao tratamento) HERPES ZOSTER OFTÁLMICO (HZO) – VIRUS VARICELA ZOSTER O herpes ocular recidivante na maioria das vezes se apresenta com ceratite isolada, enquanto que o herpes ocular primário frequentemente se manifesta com ceratoconjuntivite folicular, adenopatia pré-auricular e blefarite vesiculosa. Acometimento das fibras nervosas dos nervos oftálmico e trigêmeo olho seco + ceratite neurotrófica SINTOMAS Dor e inflamação ocular de intensidade variável e lacrimejamento – presença de rash maculopapular e formação de vesículas, pústulas e crostas OBS: As lesões corneanas são bastante características e o diagnóstico é clínico, porém exige a avaliação de um oftalmologista com exame da lâmpada de fenda e aplicação de corantes Mesmo com o tratamento pode voltar - latente nos nervos COMPLICAÇÕES Invasão direta pode causar ceratite epitelial ou conjuntivite Vitória Leal- T6 Inflamação secundária: ceratite, uveíte, esclerite e episclerite Lesões em forma de arvores – dendríticas Necralgia pós herpética e complicações neurológicas TRATAMENTO Aciclovir 800 mg vo 5x ao dia, 7 dias (referenciar ao oftalmologista) TUMORES PALPEBRAIS As pálpebras são os lugares mais comuns para ocorrência de tumores na região do olho e podem ser diagnosticados precocemente. Uma série de tumores benignos e malignos podem afetar esta região, as causas são variadas (genética e exposição solar). Tumor de pálpebra mais comum é o papiloma de células epidermoides (benigno), normalmente afetam pacientes jovens, acometem mais as pálpebras superiores TUMORES MALIGNOS Acomete pacientes com mais idade, geralmente acomete as pálpebras inferiores (medial), a maioria dos pacientes são brancos e tipicamente tem história de exposição solar ao longo da vida. -- Tumores malignos geralmente alteram os cílios, ou nele não tem Carcinoma basocelular é o mais comum – crescimento lento, localmente invasivo (não metastático) A face geralmente tem sinais de lesões actínicas/manchas de sol Carcinoma espinocelular: Carcinoma de células escamosas, é menos frequente, porém mais agressivo = faz metástase de linfonodos regionais Pálpebra inferior em ambos os tumores é mais acometida ESCLERA E TRATO UVEAL INTRODUÇÃO A esclera (parte branca do olho) faz parte da túnica fibrosa do olho, compõe a camada mais externa e tem função de revestimento e proteção do globo ocular. Já a úvea faz parte da túnica vascular do olho, é composta pela íris, corpo ciliar e coroide. A inflamação primária ou secundária de qualquer um destes elementos da anátomo-histologia do olho pode se apresentar como vermelhidão ou hiperemia ocular ou “síndrome do olho vermelho”. A esclerite/episclerite e uveíte podem estar relacionadas a alguma doença sistêmica! É importante que o clínico peça uma bateria de exames para investigação dessa possibilidade, como hemograma, VHS, proteína C reativa e fator reumatoide são geralmente solicitados ESCLERA E EPISCLERA A episclera é um delgado tecido conjuntivo frouxo vascularizado que se localiza entre a conjuntiva bulbar e a esclera, tecido mais superficial, recoberto por uma capa de tecido elástico, a cápsula de Tenon. EPISCLERITE É uma inflamação aguda da episclera, de evolução benigna e autolimitada, não trazendo risco á acuidade visual do paciente. Na maioria das vezes é idiopática, mas pode estar relacionada com doenças sistêmicas inflamatórias. Relação com resposta imunológica de hipersensibilidade = causa edema, vasodilatação e infiltrado de linfócitos para a episclera QUADRO CLÍNICO Mais comum em mulheres jovens, se apresenta como uma quadro agudo de olho vermelho, unilateral, com desconforto ocular e lacrimejamento. Tipicamente, NÃO há dor ocular, fotofobia, borramento visual ou secreção. Diagnostico é clínico – avaliar a presença de uma doença sistêmica! Geralmente resolve espontaneamente em poucos dias (2-21 dias) TRATAMENTO Apenas para alivio dos sintomas, com colírios lubrificantes e, em casos mais sintomáticos pode se usar colírios anti- inflamatórios AINES até a melhora do quadro clínico. EXISTEM DOIS TIPOS CLÍNICOS: 1. Episclerite nodular – apresenta uma inflamação nodular localizada, é o tipo mais comum, geralmente idiopático, mas pode estar associado a artrite reumatoide 2. 2. Episclerite difusa – apresenta uma inflamação difusa, periférica, com injeção episcleral, associada a vasculites, síndrome de Reiter e artrite enteropática. Vitória Leal- T6 ESCLERITE (ESCLERA) A esclera (“branco do olho”) faz parte da túnica fibrosa do olho, unindo-se à córnea no limbo córneo-escleral. É uma camada constituída de tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas, sendo nutrida por vasos emissários provenientes dos vasos episclerais. 1. Esclerite anterior: responsável por 80-90% dos casos de esclerite, acometendo a porção escleral do segmento anterior do olho 2. Esclerite posterior: mais rara, acomete a parte posterior do olho � cursa com dor ocular, deslocamento da retina, pregas coroideias e perda de visão (causa rápida de cegueira), pode estar associada a anterior OBS: É mais grave, acomete todas as camadas da esclera, apresenta maior inflamação, hiperemia mais intensa, causa dor severa e está mais associada a doenças sistêmicas. ESCLERITE ANTERIOR Desordem ocular potencialmente grave, acometendo a porção escleral do segmento anterior do olho – envolve a íris (parte colorida dos olhos). Condição ameaçadora da visão, pelo risco de ulceração ou perfuração escleral, envolvimento corneano secundário e associação com esclerite posterior. A associação com doenças inflamatórias sistêmicas está presente em 50% dos casos, predominando a artrite reumatoide A patogênese da esclerite parece ser uma vasculite imunomediada, gerando uma reação inflamatória crônica de caráter granulomatoso Nas formas mais graves, há necrose fibrinoide da parede vascular que pode provocar trombose luminal e, consequentemente, isquemia e necrose do tecido local. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A esclerite anterior predomina em adultos, na faixa etária entre 30-60 anos. Pode ser unilateral, bilateral ou alternante (ora num olho ora no outro). Manifesta-se com um quadro subagudo ou insidioso de olho vermelho e importante dor ocular, o que a difere das conjuntivites, hemorragia subconjuntival e da episclerite. A dor costuma ser contínua e de forte intensidade, impedindo as atividades diárias e atrapalhando o sono do paciente. Fotofobia e lacrimejamento também podem ocorrer Ao exame da lâmpada de fenda, o oftalmologista percebe vermelhidão difusa ou localizada, associada a “injeção conjuntival e episcleral” e descoloração violácea do “branco do olho” (importante sinal semiológico!). Ao toque, a lesão é dolorosa e a aplicação de um colírio vasoconstrictor reduz a vermelhidão proveniente da injeção conjuntival-episcleral, permitindo uma melhor visualização da lesão escleral. A esclerite anterior pode vir associada à uveíte (esclerouveíte) TIPOS 1. Difusa: forma mais comum, o paciente se apresenta com o olho vermelho doloroso e com sinais de esclerite – melhor prognostico, normalmente não evolui para complicações 2. Nodular: segunda forma mais comum, o olho do paciente apresenta uma massa nodular vermelha próxima ao limbo – tem curso recidivante e maiores chances de complicações 3. Necrosante: forma rara e extremamente grave (ameaça a visão), predomina em mulheres > 60 anos e está associada com doenças sistêmicas. Além dos sinais de esclerite surgem áreas de necrose escleral (azul/negras), pode formar estafiloma (abaulamento da úvea) com maior risco de perfuração escleral (complicação mais temida), pode ocorrer lesão corneana 4. Performante: forma necrosante não inflamatória, mais comum em mulheres mais velhas portadoras de artrite reumatoide de longa data, é uma forma bilateral e indolor. Pode causar borramento visual, presença de áreas branco-amareladas que evoluem para necrose escleral. Não há vermelhidão associada. DIAGNÓSTICO É clínico e realizado sempre por um oftalmologista, por meio da inspeção desarmada e pela lâmpada de fenda. Tal como na episclerite, uma bateria de exames e um parecer de um clínico ou reumatologista são medidas necessárias para avaliar a presença de doenças sistêmicas associadas. COMPLICAÇÕES Déficit visual, estafiloma, perfuração escleral, ceratite ulcerativa, glaucoma secundário e catarata precoce. TRATAMENTO Terapia tópica não possui efeito, portanto estes pacientes merecem terapia com drogas sistêmicas, até a resolução dos sinais de atividade da doença (vermelhidão ocular e dor ocular), o que geralmente necessita de meses a anos Esclerite leve (não necrosante e com inflamação branda): anti-inflamatórios AINE Casos graves ou refratários aos AINES: corticoides sistêmicos Os imunossupressores devem ser acrescentados ao esquema terapêutico nas seguintes situações: refratariedade ao corticoide (inflamação persistente após 2-3 semanas da terapia), formas necrosantes de esclerite, pacientes que necessitam de altas doses de esteroides para a manutenção Cirurgia na esclerite: é indicada nos casos de perfuração escleral ou estafiloma TRATO UVEAL - ÚVEA O trato uveal corresponde à túnica vascular ou média do olho, composta pela íris, corpo ciliar e coroide. As uveítes são a inflamação da parte vascular do olho, pode ser externa Vitória Leal- T6 (anterior), média ou interna (posterior) dependendo da parte acometida 1. Uveíte anterior – acomete a íris (irite) 2. Uveíte média – acomete o corpo ciliar (ciclite) 3. Uveíte posterior – acomete a coroide (coroidite) � envolvimento com a retina (retinocoroidite ou coriorretinite) 4. Panuveíte – acomete todo o trato uveal UVEÍTE ANTERIOR (IRITE) Uveíte anterior é a inflamação da íris, sendo também conhecida como irite, representa 70-80% dos casos de uveíte na prática médica, sendo uma das causas mais importantes de síndrome do olho vermelho. Deve, portanto, ser diferenciada das conjuntivites, ceratites, episclerites e esclerites. Pode ser acompanhada ou não de inflamação da corona ciliar (pars plicata) do corpo ciliar, quando então é chamada de iridociclite. A uveíte anterior é uma complicação da cirurgia de catarata Frequentemente associada com doenças sistêmicas, especialmente as doenças reumáticas, a doença inflamatória intestinal e a sarcoidose! (requer avaliação de um reumatologista) Clinicamente a uveíte anterior se parece com a episclerite e a esclerite, síndromes oculares também associadas comumente com doenças sistêmicas reumáticas CAUSAS Em cerca de 50% dos casos, a uveíte anterior é idiopática, sem causa definida, sendo unilateral na maioria dos casos e predominando em indivíduos entre 25-50 anos. Nos outros 40-50% o antígeno HLA-B27 está presente e aumenta a probabilidade da associação com doenças sistêmicas. Idiopática (50%) Espondiloartropatias soronegativas (20%) Artrite reumatoide (10%) Ceratoconjuntivite herpética (7%) Sarcoidose e a doença de Behçet respondendo por quase todos os casos restantes (13%) PRINCIPAIS CAUSAS DE UVEÍTE ANTERIOR SECUNDÁRIA Espondiloartropatias soronegativas hla-b27 positivas Responsável pela maior parte dos casos Ceratouveíte herpética Uveite como complicação de uma ceratite herpética endotelial Doença Inflamatória intestinal Doença de Crohn + uveite Sarcoidose Presença de adenopatia hilar bilateral simétrica Artrite reumatoide juvenil Causa mais comum em crianças Doença de behçet (vasculite) Tríade: ulceras orais+ ulceras genitais + uveite Outras causas menos comuns de uveíte anterior são: sífilis, tuberculose, hanseníase, síndrome TINU (uveíte + nefrite túbulo-intersticial aguda) TIPOS 1. Aguda (não granulomatosa) – mais comum, podendo ser idiopático ou associado a espondiloartropatias soronegativa ou artrite reumatoide juvenil Acometimento unilateral, olho vermelho, dor ocular intensa e opressiva, fotofobia acentuada, lacrimejamento e borramento visual de grau variado (não há secreção, hiperemia tarsal e nem sensação de corpo estranho – conjuntivites e ceratites) Autolimitada, porém com altas taxas de recidiva 2. Crônica (granulomatosa) – normalmente tem relação com sarcoidose ou sífilis (HLA-B27) Manifesta-se como borramento visual e leve vermelhidão ocular, dor e fotofobia discretas ou inexistentes. Começa unilateral e evolui para bilateral DIAGNÓSTICO O exame da lâmpada de fenda (biomicroscopia) é essencial para o diagnóstico de uma uveíte anterior = confirmar o diagnóstico, pois os achados específicos não são observados à inspeção desarmada!! Observa-se uma “reação da câmara anterior” � extravasamento de proteínas e células inflamatórias para o humor aquoso AGUDA: intensa dor ocular tipo opressiva, fotofobia, miose e exame da lâmpada de fenda demonstrando “células” + “flare” (achados confirmatórios) com ou sem hipópio na câmara anterior CRÔNICA: Nódulos inflamatórios na íris (Koeppe ou Busaca) + Precipitados ceráticos tipo “gordura de carneiro” + Sinéquias posteriores COMPLICAÇÕES Ocorrem nas uveítes agudas recidivantes e nas uveítes crônicas, como a catarata secundária, glaucoma secundário e ceratopatia em faixa TRATAMENTO Inclui dois tipos de fármaco: corticoides tópicos, injeções perioculares, dilatação pupilar com colírios cicloplégicos tópicos e tratamento com outras especialidades... VitóriaLeal- T6 UVEÍTE INTERMEDIÁRIA – CICLITE Uveíte intermediária (1% dos casos de uveíte) indica uma inflamação da pars plana do corpo ciliar (parsplanite), quase sempre é idiopática. Normalmente é bilateral com os sintomas clássicos de uma vitrite – moscas volantes ou corpos flutuantes, fotopsia e borramento visual difuso reduzindo a acuidade visual Presença de opacificações brancas em “bola de neve” (snowballs) na retina periférica, aderidas à pars plana ou à ora serrata sela o diagnóstico COMPLICAÇÃO: edema macular cistoide UVEÍTE POSTERIOR – COROIDITE Uveíte posterior (5% dos casos de uveíte) é a inflamação da coroide (coroidite), estando frequentemente associada à vitrite (inflamação do corpo vítreo) e à retinite (inflamação da retina). Quando associada a inflamação da retina, pode ser denominada coriorretinite ou retinocoroidite, com alto potencial de perda visual – acomete a coroide e a retina A causa mais comum de uveíte posterior é a toxoplasmose A coriorretinite se caracteriza pela presença de infiltrado inflamatório mononuclear, frequentemente do tipo granulomatoso (células gigantes). As lesões podem ser isoladas (coriorretinite focal) ou múltiplas ou difusas, sendo constituídas por exsudatos com ou sem hemorragias e áreas de cicatriz. Quando atingem a mácula, causam grave déficit visual Eventualmente, a uveíte posterior ocorre de forma combinada com uveíte anterior, piorando o prognóstico desta última. QUADRO CLÍNICO A uveíte posterior pode ser unilateral ou bilateral, seu curso pode ser agudo, subagudo ou crônico: UVEÍTES GRANULOMATOSAS (toxoplasmose, tuberculose, sífilis, histoplasmose, sarcoidose, oftalmia simpática, síndrome de Vogt-Koyanagi- Harada) são as causas mais comuns e apresentam via de regra um curso crônico. Paciente apresenta sensação de moscas volantes ou corpos flutuantes e fotopsia (vitreíte) associada à redução indolor progressiva da acuidade visual (aguda, subaguda ou insidiosa) COMPLICAÇÕES – glaucoma e catarata Achado clássico no exame de lâmpada de fenda: manchas branco-amareladas (lesões exsudativas) na fundoscopia, algo obscurecidas pela turvação vítrea PANUVEÍTE (CORIORRETINITE, VITRITE E IRIDOCICLITE) Panuveíte (menos de 1% dos casos de uveíte) indica a inflamação de todo o trato uveal, sendo uma forma particularmente grave de uveíte. A forma idiopática, a sarcoidose e a doença de Behçet são suas causas mais comuns O paciente apresenta os achados típicos de uma uveíte posterior, com vitreíte acentuada, bem como sinais de uveíte anterior � dor ocular, fotofobia, olho vermelho, hipópio, reação inflamatória na câmara anterior, precipitados ceráticos em “gordura de carneiro”, nódulos irianos de Koeppe e Busaca OBS: A uveíte posterior e a uveíte intermediária não se manifestam com olho vermelho TOXOPLASMOSE OCULAR É a causa mais comum de uveíte posterior e também uma importante causa de panuveíte. O agente etiológico é o protozoário Toxoplasma gondii. Tendo como hospedeiro definitivo o gato e mamíferos/homem como hospedeiros acidentais. A infestação humana adquirida ocorre pelos seguintes modos: 1. Adquirida � Pela ingestão ou inalação de oocistos presentes no solo, água, leite ou vegetais contaminados ou pelo consumo de carne mal cozida (principalmente suína e ovina) contaminada com cistos 2. Transmissão congênita � através da placenta de mães portadoras de uma infecção toxoplásmica aguda (IgM positivo), podendo ser neonatal (TORCH) ou tardia Os principais tecidos que contêm os cistos são o cérebro, músculo esquelético, miocárdio e tecido ocular. Na imensa maioria das vezes, a infecção toxoplásmica adquirida é assintomática e o indivíduo só saberá que foi infectado se tiver uma sorologia IgG positiva para o T. gondii. Quando sintomático, pode se apresentar como uma síndrome de mononucleose (febre, faringite, adenopatia) de curso autolimitado. FORMAS DA TOXOPLASMOSE OCULAR 1. Congênita: costuma ser bilateral, ocorre ao nascimento ou nos primeiros meses de vida (síndrome TORCH), ou se manifesta como sequela ou reativação na infância ou adolescência TORCH: coriorretinine, estrabismo, microcefalia, calcificações cerebrais, retardo psicomotor, hepatoesplenomegalia... Sequela ou reativação tardia (coriorretinite), na infância ou adolescência 2. Adquirida: ocorre após a primo-infecção em um adulto, na fase aguda ou crônica, sendo geralmente unilateral OBS: A coriorretinite toxoplásmica pode ser um achado casual na fundoscopia em um indivíduo assintomático ou se apresentar com sintomas... O acometimento ocular mais Vitória Leal- T6 comum é a uveíte posterior (coriorretinite necrosante focal) com vitreíte Paciente refere sensação de moscas volantes ou corpos flutuantes, fotopsia e redução indolor subaguda ou insidiosa da acuidade visual Sintomas unilaterais - forma adquirida Sintomas bilaterais assimétricos - forma congênita O encontro de uma única lesão branco-amarelada com bordos irregulares, com áreas periféricas de hiperpigmentação (cicatriciais) praticamente confirma o diagnóstico! A sorologia é solicitada para complementar a investigação, sendo fundamental nos casos duvidosos � Se o IgG for negativo, o diagnóstico está descartado, se IgG for positivo, um IgM deve ser solicitado para confirmá-lo TRATAMENTO O esquema terapêutico de escolha é a combinação sulfadiazina 1 g a cada 6h + pirimetamina 100 mg de ataque e 25-50 mg/dia de manutenção, durante 4-6 semanas. Uma alternativa seria a clindamicina 300 mg a cada 6h durante 3 semanas. A associação de corticoide sistêmico (prednisona 40 mg/dia) é recomendada por muitos especialistas para o controle da inflamação. OBS: A toxoplasmose ocular em pacientes imunodeprimidos geralmente por reativação, costuma ter uma forma mais agressiva de coriorretinite, com lesões mais extensas, comprometimento ocular bilateral e recidivas frequentes = toxoplasmose sistêmica e cerebral = terapia prolongada OUTRAS DOENÇAS QUE PODEM TER MANIFESTAÇÕES OCULARES DE UVEÍTE AIDS – MANFESTAÇÕES OCULARES Os pacientes HIV positivos, por serem imunocomprometidos, podem apresentar algumas manifestações oculares mais graves – retinopatia pelo HIV é a principal Presença de exsudatos algodonosos e/ou micro hemorragias oculares em pacientes HIV em fases avançadas com CD4 < 250/mm3 A incidência dessas doenças vem diminuindo com o uso da terapia antirretroviral combinada DOENÇAS OCULARES EM PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS RETINITE POR CITOMEGALOVÍRUS (CMV) Vírus DNA da família herpesviridae, a transmissão pode ocorrer através do contato direto entre crianças ou por transmissão sexual entre adultos. Também pode ser transmitido pelas vias perinatal, transfusão sanguínea e transplante de órgãos Via de regra, a infecção pelo CMV é assintomática em indivíduos imunocompetentes O grande problema do CMV é nos pacientes imunodeprimidos, como os transplantados e os indivíduos com AIDS. Somente na AIDS, o este vírus pode provocar a manifestação ocular denominada retinite por CMV (ou coriorretinite por CMV). O vírus se prolifera em qualquer região do tecido retiniano, produzindo uma retinite necrosante focal progressiva. A retinite por CMV é uma complicação da fase avançada de imunodeficiência na infecção pelo HIV, associada a níveis de CD4 < 50/mm3 e eventualmente < 100/mm3 A doença geralmente é assintomático, começa unilateral, mas costuma evoluir para o acometimento bilateral, pode estar associada a manifestações sistêmicas da citomegalovirose (esofagite, colite, pneumonite). A oftalmoscopia indireta revela uma lesão bastante característica (e diagnóstica) da doença: mancha branco-amarelada contendo hemorragias focais (famosa imagem do “QUEIJO-COM-KETCHUP”) Lesão na retina periféricade tamanho variado e bordos irregulares COMPLICAÇÃO: descolamento de retina regmatogênico A lesão da retinite por CMV pode surgir no próprio nervo óptico, se apresentando como uma papilite exsudativa-hemorrágica, com extensão peripapilar. O DIAGNÓSTICO é clínico, confirmado pelo aspecto típico da lesão num paciente com AIDS e CD4 < 100/ mm3. O TRATAMENTO visa conter a progressão da retinite, melhorando o prognóstico visual e reduzindo a incidência do descolamento de retina � terapia com antiretro virais tríplice O déficit visual que já ocorreu não reverte com a terapia, por se tratar de necrose retiniana! Acompanhamento com fundoscopias seriadas é extremamente necessário – as drogas virostáticas, contém a progressão, não matam o vírus! SÍFILIS OCULAR Doença infecciosa crônica sistêmica causada pela espiroqueta Treponema pallidum, é um exemplo clássico de DST, a sífilis ocular pode se apresentar de diversas maneiras: Em pacientes HIV positivos, a sífilis toma um curso mais grave e pode causar acentuada vitreíte sem coriorretinite, ou uma coriorretinite extensa com manchas placoides justapapilares e angiografia fluoresceínica demonstrando um padrão tipo “manchas de leopardo”. O DIAGNÓSTICO da sífilis é aventado por uma sorologia não-treponêmica positiva (VDRL positivo) e confirmado pela sorologia anti-treponêmica (FTA-ABS positivo). O exame do liquor é indicado em todos os casos de coriorretinite ou vitreíte sifilítica, para avaliar a presença de neurossífilis (VDRL positivo no líquor), dada a associação entre uveíte posterior e neurossífilis. O exame também é indicado em pacientes HIV positivos, naqueles sem resposta sorológica ao tratamento da sífilis não ocular não neurológica e na presença de qualquer sinal ou sintoma neurológico. O TRATAMENTO depende da forma clínica e do tempo de ocorrência (precoce ou tardia). As opções são a penicilina G benzatina 2,4 milhões U ou a penicilina G cristalina 3-4 milhões U a cada 4h. CORIORRETINITE HERPÉTICA Síndrome de coriorretinite ou retinite causada pelo vírus da herpes (HSV e VZV), a necrose retiniana aguda, se manifesta pela rápida e indolor perda da visão em 7-10 dias após o início dos sintomas O DIAGNÓSTICO é clínico e a terapia deve ser instalada em caráter de urgência, com intuito de prevenir a expansão da necrose e o envolvimento do outro olho, descrito em 1/3 dos casos. O esquema de escolha é o aciclovir venoso na dose de 1.500 mg/ m2 a cada 8h por 7 dias, seguido por aciclovir oral 2-4 g/dia por 4-6 semanas Vitória Leal- T6 TUBERCULOSE – MANIFESTAÇÃO OCULAR A tuberculose pode acometer os olhos sob a forma de coroidite tuberculosa, se apresenta na fundoscopia pela presença de tubérculos ou tuberculomas coroideanos. Os tubérculos são múltiplas lesões arredondadas branco- amareladas e o tuberculoma é uma lesão grande branco-amarelada que pode ocupar grandes extensões O DIAGNÓSTICO pode ser claro em um paciente que possui outro sítio de TB no organismo e PPD positivo. Na dúvida, o melhora método é a biópsia retinocoroidal (graniloma caseoso) TRATAMENTO: esquema RIP por 6 meses + prednisona 60-80 mg/dia por 2-3 meses. UVEÍTE POR TOXOCARA CANIS Os ovos deste verme (“lombriga do cão”) podem ser ingeridos acidentalmente por uma criança (geralmente entre 2-5 anos) brincando no solo contaminado com fezes de filhotes de cães. Quando ocorre, manifesta-se com uveíte posterior + vitreíte, com o aparecimento de um granuloma coroideano, localizado na retina ou no nervo óptico O TRATAMENTO é baseado no uso de corticoide tópico e sistêmico OUTRAS CORIORRETINITES NÃO INFECCIOSAS Sarcoidose – doença granulomatosa sistêmica autoimune idiopática que pode cursar com manifestações oculares como a panuveíte Doença de Behçet – vasculite HLA-B51 associada, caracterizada pela presença de ulceras orais e genitais recorrentes, pseudofoliculite cutânea e panuveíte grave com hipópio Oftalmia simpática – panuveíte granulomatosa bilateral pós trauma ocular perfurante Retinocoroidopatia birdshot – coriorretinite idiopática bilateral relacionada com HLA-A29 OFTALMOPEDIATRIA INTRODUÇÃO O acompanhamento oftalmológico na infância é importantíssimo para a saúde da criança, mesmo após o obrigatório teste do olhinho, realizado logo nos primeiros dias do recém-nascido, ou até mesmo na maternidade, a visão da criança deve ser monitorada regularmente. A visão é o mais importante órgão sensorial para o desenvolvimento global da criança O aparelho visual precisa ser desenvolvido desde os primeiros anos de vida, o RN enxerga somente luz e vultos, com o passar dos meses desenvolve progressivamente a visão até por volta dos 8 anos de idade Os RN nascem com hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto), pois os olhos são muito pequenos, porém isso vai sendo compensado de acordo com o crescimento do bebe – fóvea imatura OBS: Muitas vezes, quando a criança manifesta uma queixa visual, pouco ou quase nada poderá ser realizado pois já está no final do desenvolvimento visual, o tempo que temos para amadurecer a visão dessa criança é muito curto (2-6 anos) FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS OCULARES Idade gestacional no nascimento Falta de nutrição da mãe Consumo de álcool e/ou drogas na gravidez Doenças contraídas ou ativas durante a gestação: meningites, sarampo, encefalites, rubéola, sífilis, AIDS, toxoplasmose, citomegalovírus VISÃO DA CRIANÇA Nessa fase, estão se desenvolvendo os neurônios que conectam o sistema nervoso central à visão, por isso a importância de constante supervisão profissional ajuda a identificar características particulares da saúde da criança e Vitória Leal- T6 possibilita a aplicação de um tratamento preventivo específico, contribuindo para a educação visual e proporcionando um crescimento saudável. Então, em relação à visão, é importante se atentar: 1. Movimento dos olhos dela diante de objetos e ao redor e luzes (estrabismo) 2. Se ela aparece em fotos com o olho brilhante e branco (catarata, lesões de córnea...) 3. Se aperta os olhos e demonstra muito esforço para assistir TV ou tentar enxergar qualquer coisa (ametropias) 4. Se, mesmo após seis meses de vida, ela continua estrábica SINAIS E SINTOMAS DE PROBLEMAS VISUAIS Lacrimejamento Olho vermelho Secreção/purgação, crostas nos cílios Apertar ou arregalar os olhos para enxergar melhor Aproximar-se muito da TV ou o papel Necessita afastar os objetos do rosto Inclinação da cabeça Visão embaçada Fotofobia Dores de cabeça Visão dupla Desvio ocular CUIDADOS COM OS OLHOS DO RECÉM-NASCIDO Ao nascimento a fixação visual está presente, mas o alinhamento ocular e fixação binocular são ainda limitados, sendo comum o estrabismo (melhora com 4-6 meses) – desvio persistente em um olho requer avaliação O olho do RN, ao nascer, tem ¾ do tamanho do olho de um adulto (cresce rapidamente até 3 anos e daí lentamente, até a puberdade) – hipermetropes O teste do olhinho é o primeiro a ser realizado no criança, é feito ainda na maternidade. O exame é importante para detectar sinais de opacidade do cristalino, da córnea e do vítreo. Pode, inclusive, diagnosticar problemas como catarata e glaucoma, entre outras. O médico deve avaliar a assimetria dos olhos, aspecto externo e aparelho psicomotor Um atraso no diagnóstico e no encaminhamento precoce ocasiona danos importantes no desenvolvimento visual e global da criança. Por isso, é fundamental a realização do TESTE DO REFLEXO VERMELHO em todas as crianças O que é teste do reflexo vermelho ou teste do olhinho? Mais importante teste de triagem visual, tendo como objetivoidentificar alterações na transparência das estruturas oculares tais com córnea, cristalino, vítreo e problemas na retina. O médico observa, através do oftalmoscópico o reflexo da retina situada no fundo do olho Deve ser realizado de rotina em todo RN antes da alta da maternidade e deve ser repetido nas consultas pediátrica e/ou oftalmológica Quando não existe nenhuma alteração na transparência dos meios ópticos, esse reflexo é vermelho e portanto o exame é considerado normal É capaz de identificar as principais causas de cegueira na infância importante de cegueira infantil) e o Retinoblastoma (tumor intraocular mais frequente na infância) Outras doenças são a Retinopatia da Prematuridade, Glaucoma Congênito, Persistência do Vítreo Primário Hiperplásico, Doença de Coats, Toxoplasmose, Toxocaríase, Hemorragia Vítrea, Coloboma e Altas Ametropias. CONSULTASOFTALMOLÓGICAS De acordo com a SBOP, após, um exame oftalmológico completo deverá ser realizado pelo Oftalmologista a cada 6 meses durante os dois primeiros anos de vida. Nas crianças normais, um exame anual completo deverá ser realizado até o completo desenvolvimento da visão, isto é, até os 10 anos de idade Os erros refrativos são responsáveis por até 69% dos problemas visuais, podendo causar deficiência A ambliopia corresponde a 2ª doença ocular mais tratável, acometendo cerca de 2 a 4% da população pediátrica Exames/avaliação a ser realizada: RN: Teste do Reflexo Vermelho (TRV) deve ser realizado pelo pediatra na primeiras 72 horas de vida ou antes da alta da maternidade e repetido nas consultas de puericultura Inspeção dos olhos e anexos (pálpebras, córnea, conjuntiva, íris e pupila), avaliação da função visual apropriada para a idade, fixação ocular e alinhamento dos olhos MARCOS DE DESENVOLVIMENTO VISUAL PARA BEBÊS SAUDÁVEIS: Um mês: presença de fixação visual; Dois meses: presença de movimentos oculares verticais; Três meses: presença da fixação e seguimento de objetos e de movimentos sacádicos adequados; Seis meses: presença de tentativa de alcançar os objetos apresentados e do alinhamento ocular apropriado; Nove meses: presença do reconhecimento de rostos e expressões. AMBLIOPIA “OLHO PREGUIÇOSO” Mecanismo neurológico desencadeado por uma importante diferença acuidade visual entre os dois olhos em crianças de até 6 anos de idade - problema de ligação entre olho afetado e cérebro. Baixa visão que não é corrigida com óculos. A causa do déficit não está especificamente no olho, mas sim na região cerebral que corresponde à visão e que não foi devidamente estimulada no momento certo FISIOPATOLOGIA A queda significativa da acuidade visual em um dos olhos faz com que as informações dele não cheguem ao sistema visual central (cérebro ignora), impedindo o seu desenvolvimento (atrofia e perda de função): 1. Privação de estímulo sensorial 2. Interação binocular anormal (erros refracionais ou estrabismo) Associado a isso, a visão no olho melhor acentua este mecanismo, convertendo toda informação visual para um só lado do encéfalo CAUSAS Catarata congênita (complicação mais grave) ou consequência de um estímulo visual inadequado nos primeiros anos de vida, erros de refração assimétricos (graus diferentes) e estrabismo Catarata congênita: nistagmo, microftalmia e alterações na fundoscopia Vitória Leal- T6 Se a visão no olho ruim não for corrigida até 3 anos de idade, este olho nunca mais terá uma visão totalmente normal, e se a correção não ocorrer até os 6 anos de idade, o déficit visual neste olho será grave, podendo chegar a amaurose. TRATAMENTO Consiste na prescrição de óculos (correção do grau) associada ao tratamento de oclusão (tampão), objetivo: 1. Oferecer a imagem mais nítida possível à retina 2. Estímulo forçado do olho amblíope – coloca-se um tampão no olho “bom” ara que o olho “fraco” possa treinar a sua ligação com o cérebro AMETROPIAS (ERROS DE REFRAÇÃO) Nas crianças com ametropias, a hipermetropia é mais comum (formação da imagem atrás da retina, dificuldade de enxergar de perto) falta de correção óptica (óculos) , pode comprometer aptidões intelectuais e psicomotoras e podem ocasionar: Ambliopia Ametróp erros de refração não corrigidos Anisometrias: diferença de vício de refração maior que 1,5 D entre os olhos (imagens de um objeto terão tamanhos diferentes) ATENÇÃO! A criança poderá ter uma boa visão, mas mesmo assim deve ser avaliada, pois pode estar enxergando bem mesmo que haja diferença na acuidade visual entre um olho e outro... Mesmo não observado suspeitas de má visão, a criança deve ser levada à consulta com oftalmologista com a frequência adequada Erro refrativo mais comum: hipermetropia “O uso dos óculos não estabiliza a refração, não aumenta ou diminui o grau, mas melhora a acuidade visual e evita a astenopia/ambliopia” ESTRABISMO –MÚSCULOS EXTRAOCULARES Qualquer desvio do alinhamento ocular perfeito é chamado de “estrabismo”, até os 2-3 anos pode ser normal, alinhamento instável devido a imaturidade do sistema de acomodação-convergência. Anormalidade comum nas crianças (4% nas crianças abaixo de 6 anos) Um dos principais responsáveis pela ambliopia (por mau desenvolvimento da área corticais) Diferente do adulto, na criança a visão dupla (diplopia) ocorre e logo já é suprimida (neuro remodelação), evolui para ambliopia O desalinhamento pode ser em qualquer direção – para dentro, para fora, para cima, para baixo ou torcional Estrabismos podem ser intermitentes: a detecção e tratamento precoce dos estrabismos é fundamental (não evoluir para ambliopia) Atenção às queixas dos pais, se os responsáveis informam estrabismo ou qualquer alteração ocular referida encaminhar ao oftalmologista, mesmo que você não detecte alterações no exame básico PSEUDO-ESTRABISMO: Falsa impressão de desvio ocular (variações anatômicas podem causar a impressão) – epicanto proeminente e ponte nasal larga e plana Ao examinar com uma lanterna, o oftalmologista percebe que os reflexos luminosos ficam bem no centro CLASSIFICAÇÃO 1. DESVIOS VERTICAIS: hipertropia (para cima) ou hipotropia (para baixo) 2. DESVIOS HORIZONTAIS: convergente ou divergente - Esotropia (desvio convergente) Exotropia (desvio divergente) 3. DESVIOS TORCIONAIS TRATAMENTO Consiste em desenvolver o máximo de visão em cada olho e conseguir o melhor alinhamento possível. A cirurgia é necessária em muitos casos, especialmente nos estrabismos congênitos (precocemente, para permitir desenvolvimento visual) ESTEROPSIA (VISÃO EM 3D) São fundamentais para o sentido de profundidade - depende do desenvolvimento visual normal em cada olho – visão binocular; manutenção do alinhamento dos eixos visuais; integração neuronal das imagens dos 2 olhos (afetada na ambliopia e o estrabismo) CATARATA CONGÊNITA Forma de catarata presente ao nascimento, embora possa se formar ou progredir até 6 meses de idade. Segundo dados da OMS, a catarata congênita é uma das causas mais comuns de cegueira ou visão subnormal tratável entre crianças O grande problema da catarata congênita é o risco de ambliopia, especialmente quando unilateral – prognostico depende da idade Relação com herança genética e associadas a doenças infecciosas (TORCH – toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes, CMV...) A catarata congênita não corrigida precocemente acarreta ambliopia, sendo unilateral, bilateral assimétrica ou bilateral simétrica. Entretanto, esta complicação é mais acentuada nos casos unilaterais e bilaterais assimétricos, bem como nos casos com menor acuidade visual no pior olho e quando a correção é feita num período tardio. Daí a extrema necessidade de se fazer o diagnóstico o mais precocemente possível, de preferência no recém-nascido!! SINAIS DE CATARATA CONGÊNITA: nistagmo, miscroftalmia e alterações na fundoscopia (reflexo vermelho alterado) Casos de leucocoria: quando o reflexo vermelho não é encontrado e vejo no lugar a pupila branca – quando joga a luz para obter o reflexo e fica esbranquiçado CIRURGIA: o mais precocemente possível, quando oclui a objetivo: prevenir ambliopia Vitória Leal- T6 OUTRAS PATOLOGIAS OCULARES DA INFÂNCIA Quando realizamos o teste do olhinho (teste do reflexo vermelho) e ele se encontra anormal, devemos encaminhar a criança imediatamente para o oftalmologista! Inspeção de pálpebras, conjuntiva, córnea, íris e pupila + teste do reflexo vermelho: todos devem ser submetidos antes da alta da maternidade Alteração no teste do reflexo vermelho pode ser: retinoblastoma, catarata congênita. DISTÚRBIOS DO SISTEMA LACRIMAL O mais comum é a obstrução congênita do canal nasolacrimal, acarretando em um quadro de lacrimejamento constante (epífora), secreção mucoide ou amareladas (se infecção), ressecamento da secreção nos cílios e hiperemia conjuntival TRATAMENTO Tem como base massagem na via lacrimal, compressão sobre o canal, sondagem (1-2 anos) em casos refratários ao tratamento + ATB se necessário . RETINOBLASTOMA Tumor intraocular mais comum em crianças, é uma das importantes causas de alteração do reflexo vermelho (leucocoria – reflexo branco). Pode estar presente na catarata e ROP 1. Esporádico (60%): tumor unilateral, sem histórico familiar, em crianças maiores de 2 anos 2. Hereditários (40%): mutação já existente nas células da retina e em todas as células do corpo (podem nascer com tumor e ser bilateral) OBS: A alteração na posição dos olhos é um outro sinal de alerta, como o desvio ocular (estrabismo) ou tremor nos olhos == encaminhar ao oftalmologista GLAUCOMA CONGÊNITO Importante causa de cegueira e ambliopia na criança, embora seja menos comum do que a catarata congênita. O glaucoma primário da infância (que tem como um dos tipos o glaucoma congênito) é o mais comum, porém existem diversas outras causas de glaucoma secundárias a outras doenças oculares. A criança nasce com um defeito na formação do ângulo de filtração iridocorneano, entre a córnea e a íris (disgenesia angular) O ângulo encontra-se aberto (glaucoma de ângulo aberto), mas possui alterações estruturais que dificultam a drenagem do humor aquoso Pode ser uni ou bilateral e sempre é assimétrico A doença é congênita (malformação orgânica durante a vida fetal) e não hereditária! SINAIS E SINTOMAS 1. Lacrimejamento excessivo crônico (epífora) 2. Fotofobia 3. Blefaroespasmo 4. Aumento da córnea (diferença notável de um olho para o outro) – provoca astigmatismo 5. Aumento do globo ocular devido a pressão (buftalmo) – miopia secundária 6. Córnea opalescente – edema + opacidade 7. Injeção conjuntival Os sinais e sintomas podem aparecer ao nascimento (glaucoma congênito verdadeiro) ou durante os primeiros 2-3 anos de vida (glaucoma infantil) DIAGNÓSTICO O diagnóstico do glaucoma congênito é suspeitado clinicamente e deve ser confirmado pela medida da pressão intraocular (PIO), por meio da tonometria e da fundoscopia (oftalmoscopia), que irá revelar a escavação da papila óptica, característica principal de qualquer glaucoma TRATAMENTO O tratamento deve ser programado o mais precoce possível, caso contrário, o risco de cegueira ou de ambliopia é muito alto (evolui mais rápido nas crianças) Diferente dos adultos, nas crianças da normalização da PIO pode gerar a redução da escavação papilar O tratamento é sempre cirúrgico, mais precoce possível, evitando passar de 1 ano (reduz a taxa de sucesso) Terapia com betabloqueadores e colinérgicos mióticos tópicos no pós-cirúrgico Glaucoma congênito secundário: relacionada a síndrome de Sturge-Weber, aniridia, disgenesia do segmento anterior e retinopatia da prematuridade... RETINOPATIA DA PREMATURIDADE (ROP) Doença vasoproliferativa secundaria a inadequada vascularização da retina imatura dos RNPT, que pode levar a cegueira ou a graves sequelas visuais. É uma das principais causas de cegueira previnível na infância Altamente influenciada pelos níveis de cuidados hiperoxigenação – a retina imatura é muito suscetível aos danos oxidativos, levando a alterações vasculares que podem causar descolamento da retina O risco é maior quando menor a IG e o peso (1500g) Apresenta-se como uma vascularização incompleta da retina, e não com leucocoria DIAGNÓSTICO O diagnóstico depende de uma fundoscopia cuidadosa (exame de fundo de olho), que deve ser feita na maternidade Se não tratada, pode evoluir para descolamento de retina e cegueira Nos estágios mais leves da retinopatia de prematuridade pode haver regressão natural, exigindo apenas o acompanhamento frequente de um oftalmologista TRATAMENTO DE CASOS GRAVES Vitória Leal- T6 Laser (interromper a produção de VEGF), medicamentos antiangiogênicos e vitrectomia em casos de deslocamento de retina Prevenção: mapeamento da retina, visita do oftalmologista nas UTIs neonatais e pré-natal adequado CONJUNTIVITE NEONATAL (OFTALMIA NEONATORUM) Conjuntivite que se manifesta dentro do primeiro mês de vida, geralmente transmitida através do canal do parto por uma infecção genital da mãe. A Chlamydia trachomatis é a causa mais comum desta afecção, seguida pela Neisseria gonorrhoeae. A ceratoconjuntivite herpética também é uma entidade importante deste grupo. Presença de secreção purulenta – pode ser química ou bacteriana Deve ser prontamente reconhecida e tratada, pois pode evoluir rapidamente para ceratite com sequelas irreversíveis para a visão (úlcera, perfuração, endoftalmite) O DIAGNÓSTICO é clínico, mas pode incluir a coleta de swab conjuntival, cultura, microscopia e teste de antígenos TRATAMENTO: depende do agente causador... Profilaxia (“método Credé”): todo RN deve receber profilaxia tópica para conjuntivite gonocócica na 1ª hora após 0,5% ou colírio de tetraciclina 1% CONJUNTIVITE QUÍMICA NEONATAL: o nitrato de prata tópico pode causar uma conjuntivite química, que não deve ser confundida com uma conjuntivite infecciosa neonatal. 90% dos RN que recebem a profilaxia com esta substância desenvolvem uma conjuntivite, geralmente leve, que se inicia poucas horas após o nascimento e dura por 24-36h O início precoce ajuda diferenciar a conjuntivite química da conjuntivite por clamídia ou herpética CATARATA INTRODUÇÃO Doença muito comum na população idosa, caracterizada pela opacidade/perda de transparência progressiva do cristalino (lente situada atrás da íris), provocando perda parcial ou total da visão. Normalmente é bilateral, embora assimétrica A catarata adquirida é considerada a causa mais comum de cegueira (perda visual completa – 20/400) e de perda visual parcial FISIOPATOLOGIA Cristalino é uma lente biconvexa convergente transparente (avascular), responsável pela acomodação e refração visual. Para exercer suas funções corretamente, o cristalino deve estar transparente, dependendo de propriedades das proteínas cristalinas, presentes no interior de suas células (fibras). Relação com o envelhecimento – proteínas/fibras do cristalino não sofrem apoptose eregeneração (não se renovam), portanto são células muito suscetíveis a desgaste devido ao envelhecimento � estresse oxidativo Vitória Leal- T6 Estresse oxidativo constante promove a degeneração das proteínas cristalinas, que aumentam de tamanho e perdem suas propriedades que garantem a transparência da lente... TIPOS DE CATARATA 1. Nuclear – associadaa miopia devido ao estado de hiper-hidratação nas fases iniciais, grau de perda da diferenciação das cores 2. Cortical – mais branda, que menos compromete a acuidade visual 3. Subcapsular posterior – associado ao DM e ao uso de corticoides, possui uma progressão rápida (meses) e é o tipo mais grave (sensibilidade a luz/glare) CAUSAS E FATORES DE RISCO Idade avançada, tabagismo (catarata nuclear), exposição solar, diabetes mellitus, corticoides... Congênita (rubéola e CMV, erros inatos do metabolismo) Traumática Secundaria a doença sistêmica (DM, dermatite atópica, distrofia miotonica) Tratamento com corticoide Secundária a uveíte Catarata senil CATARATA SENIL Opacidade/perda de transparência progressiva do cristalino resultando de um processo oxidativo relacionado com a idade, muito comum em indivíduos acima de 50 anos (2,4% dessa população), é a principal causa de cegueira no mundo e está associada a diversos fatores de risco. Todo o Ser Humano terá catarata, se viver o suficiente para isso (todos os velhinhos) QUADRO CLÍNICO Visão borrada progressiva por meses ou anos, ausência de dor ou vermelhidão e opacificação dos cristalinos (pode ser visível a ectoscopia). Como a catarata é uma doença bilateral, embora geralmente assimétrica, à medida que o cristalino vai se opacificando, a visão vai ficando lenta e progressivamente borrada, de forma totalmente indolor. Borramento visual para longe (miopia secundária a hiper-hidratação) melhorando o quadro de presbiopia (visão de perto) – condição transitória conhecida como miopização Cristalino denso aumenta o índice de refração deslocando a imagem para a frente e, por consequência melhorando a visão de perto e piorando a de longe Perda de definição do contrate das letras e objetos (dificuldade para diferenciar tons parecidos) Visão nublada ou enevoada Alteração da visão de cores Sensibilidade ao brilho forte (glare) EXAMES COMPLEMENTARES A biomicroscopia (Lâmpada de Fenda), de preferência com a pupila dilatada, é o melhor exame para o diagnóstico, embora a simples observação da pupila iluminada possa detectar a presença de catarata nos casos avançados (presença do reflexo vermelho). Além disso, são feitos outros exames a fim de descartar outras alterações oculares e complicações: Teste de Snellen Testes para sensibilidade ao contraste, como o teste de Pelli-Robson EVOLUÇÃO O grau de perda visual, depende da densidade e tipo da catarata, com o passar do tempo catarata vai aumentando de volume e endurecendo cada vez mais o cristalino: 1. Catarata imatura: há turvação do cristalino embora seja possível observar a retina e o reflexo vermelho pupilar = perda parcial da acuidade visual 2. Catarata madura: o cristalino está totalmente opaco, não sendo possível ver a retina e nem o reflexo pupilar = pupila esbranquiçada (leucocoria) e cegueira (20/400) 3. Catarata hipermadura: o cristalino sofreu desidratação e possui aspecto enrugado CATARATA MORGANIANA, na qual o córtex está totalmente liquefeito e o núcleo solto dentro da cápsula. Além de observar a presença de opacidade do cristalino, confirmando o diagnóstico, o exame da lâmpada de fenda pode revelar o tipo de catarata (nuclear, cortical ou subcapsular posterior) COMPLICAÇÕES Uma complicação rara, porém temida da catarata madura ou hipermadura é o glaucoma secundário (facoglaucoma). O paciente deve ser tratado prontamente com medidas clínicas para reduzir a pressão intraocular e evitar a perda visual irreversível. A cirurgia para extrair a catarata deve ser programada o quanto antes! TRATAMENTO Não existe tratamento clínico para a catarata, sendo a única opção a cirurgia, de caráter curativo, de acordo com a limitação da visão do paciente! Indicada se a queixa for pertinente (visão ruim, cristalino entumecente) Entumecente: cristalino aumentando de tamanho, fazendo com que aumente a pressãorisco de glaucoma secundária Cirurgia de catarata: eletiva, deve ser realizada em ambos os olhos, com pequeno espaço de tempo, a anestesia é local (retro/peribulbar) e o paciente se recupera rápido, uso de tampão apenas por 24h. Cirurgia delicada – a parte da capsula do cristalino deve permanecer intacta enquanto o conteúdo critaliniano é retirado FACOEMULSIFICAÇÃO: pequena incisão de 2-4 mm, o córtex e o núcleo do cristalino doente são fragmentados pela energia do ultrassom e, em seguida, aspirados. Uma lente Vitória Leal- T6 intraocular artificial de silicone dobrável é introduzida por esta incisão e posicionada sobre a cápsula posterior deixada intacta. Fragmentação ultrassônica do núcleo do cristalino + substituição por implante (lente) Cirurgia de alta precisão e com riscos associados OBS: Cataratas avançadas prejudicam o resultado cirúrgico, pois não pode ser utilizado muita energia durante a cirurgia. Para realizar a cirurgia de catarata precisa de uma estrutura integra O objetivo é a volta da transparência dos meios – não objetiva deixar o paciente sem óculos, no entanto, com as novas tecnologias em lentes multifocais e tóricas, melhores resultados tem sido obtidos em relação a independência do óculos Pacientes tem possibilidade de ficar sem óculos após a cirurgia de catarata, porém vai depender da córnea, pois cristalino perde mobilidade. Pode ser colocado lentes intraoculares durante a cirurgia de catarata, geralmente funcionam, retirando o uso de óculos. Essa lente intraocular ficam dentro da capsula do cristalino, próximo as fibras ciliares. Caso não seja possível colocar uma lente ou realizar transplante do cristalino pode-se fazer um implante secundário de lente intraocular � lente fica grudada como carrapato na córnea. Geralmente não é possível colocar lente e fazer transplante da córnea devido rompimento da capsula do cristalino. COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA: Opacificação da cápsula posterior do cristalino Astigmatismo iatrogênico Endoftalmite (mais temida) – rompimento da capsula do cristalino com a ida de humor vítreo para frente PREVENÇÃO: Não existem medidas comprovadamente efetivas para prevenir a catarata, embora estudos tenham sugerido que o uso de óculos escuros (proteção contra os raios UV) e o uso prolongado de vitaminas antioxidantes possam retardar o aparecimento da doença. Parar de fumar e dosar o uso dos corticoides são importantes medidas. Detectar precocemente Operar, se necessário Todo o Ser Humano terá catarata, se viver o suficiente para isso OBS: A catarata senil pode ser prevenida através do bloqueio do efeito oxidativo nas lentes através da ingestão de vitamina A, C e E diariamente CATARATA CONGENITA Forma de catarata presente ao nascimento, embora possa se formar ou progredir até 6 meses de idade. Segundo dados da OMS, a catarata congênita é uma das causas mais comuns de cegueira ou visão subnormal tratável entre crianças O grande problema da catarata congênita é o risco de ambliopia, especialmente quando unilateral – prognostico depende da idade7Relação com herança genética e associadas a doenças infecciosas (TORCH – toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes, CMV...) A catarata congênita não corrigida precocemente acarreta ambliopia, sendo unilateral, bilateral assimétrica ou bilateral simétrica. Entretanto, esta complicação é mais acentuada nos casos unilaterais e bilaterais assimétricos, bem como nos casos com menor acuidade visual no pior olho e quando a correção é feita num período tardio. Daí a extrema necessidade de se fazer o diagnóstico o mais precocemente possível, de preferência no recém-nascido!! SINAIS DE CATARATA CONGÊNITA: nistagmo, miscroftalmia e alterações na fundoscopia (reflexo vermelho alterado) Casos de leucocoria: quando o reflexo vermelho não é encontrado e vejo no lugar a pupila branca – quando joga aluz para obter o reflexo e fica esbranquiçado CIRURGIA: o mais precocemente possível, quando oclui a pupila (fazer cirurgia nas primeiras semanas de vida) objetivo: prevenir ambliopia PREVENÇÃO: imunização para rubéola, acompanhamento pré-natal correto e detecção precoce e encaminhamento imediato para o oftalmologista GLAUCOMA INTRODUÇÃO É uma neuropatia óptica potencialmente progressiva, com alterações características do disco óptico, e um padrão específico de defeitos de campo visual que está frequentemente, mas não obrigatoriamente, associado à elevação da PIO Grupo de doenças causadas por neuropatia óptica, altamente caracterizada pela presença de uma Vitória Leal- T6 escavação anormal/aumentada da papila óptica (ponto cego – região do nervo óptico, formado pela junção das células ganglionares da retina) É a segunda causa de cegueira reversível no mundo, perdendo apenas para a catarata FATORES DE RISCO O risco de Glaucoma aumenta com a idade (degeneração das células ganglionares) � aumento da expectativa de vida = população mais idosa, aumenta os índices de glaucoma. *História familiar aumenta as chances de ter glaucoma – hereditariedade Aumento da PIO (não é obrigatório para o diagnóstico) Miopia elevada Idade avançada Doença de causa desconhecida caracterizada pela degeneração/atrofia e posterior apoptose dos axônios das células ganglionares na papila do nervo óptico, antes de cruzarem a amina cribiforme, podendo levar à cegueira irreversível. Dessa forma, a papila torna-se tipicamente escavada e afilada, deformando a lâmina cribiforme.. Visão – a lesão ocorre nas células ganglionares, não nos cones e bastonetes: OBS: é muito importante lembrar que Glaucoma NÃO é o aumento da PIO e, sim uma neuropatia óptica caracterizada pelo aumento da escavação do nervo óptico = a pressão elevada é um fator de risco para glaucoma. TIPOS DE GLAUCOMA O glaucoma é classificado em quatro tipos, na verdade, quatro entidades clínicas diferentes 1. Glaucoma primário de ângulo aberto (mais comum) 2. Glaucoma agudo de ângulo fechado 3. Glaucoma secundário 4. Glaucoma congênito. NERVO ÓPTICO é formado pela junção dos axônios das células ganglionares da retina, a cabeça do nervo óptico é chamada de papila óptica, ponto cego da retina, pode ser dividido em: Rima neural: tecido nervoso entre a borda da papila e a margem do nervo � onde tem fibras neuronais (quando tem escavação total não tem mais rima) Escavação óptica: ou escavação papilar é a área sem fibras nervosas, área central do nervo óptico FISIOPATOLOGIA O ângulo é o recesso formado pela junção irido-córnea, o esporão escleral, a rede trabecular e a linha de Schwalbe ficam dentro desse ângulo. O humor aquoso é produzido pelo corpo ciliar, flui pela pupila, atinge o ângulo da câmara anterior e sai do olho, o equilíbrio entre a produção e a drenagem de fluidos determina a pressão intraocular. Importância da Espessura corneana (paquimetria) na medida da PIO, quanto maior a espessura maior a pressão, já a córnea fina, por deformar fácil, hipoestima a pressão PRESSÃO INTRAOCULAR (PIO) É determinada pela taxa de secreção e de fluxo do HA, o fluxo de saída depende de alguns fatores como: resistência nos canais de drenagem e da pressão venosa episcleral – Tonometria é a medida da PIO Na População em geral a PIO vária de 11-21mmHg, mas podemos observar glaucoma em pressão menor que 21mmHg, nesses casos trata-se com medidas para reduzir a PIO A patogênese de ambos os tipos de glaucoma acarreta em atrofia progressiva da cabeça do nervo óptico, com a progressão da condição, surge uma depressão central no disco óptico que corresponde à área antes ocupada por fibras nervosas. As manifestações dependem da evolução da Doença, e da intensidade da PIO, o mecanismo de perda visual de dá através da atrofia das células ganglionares, as quais levam ao: afinamento das fibras da retina e perda dos axônios do nervo óptico. GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO (GPAA) A fisiopatologia não está clara, a perda de axônios do nervo óptico pode estar relacionada à suscetibilidade das células ganglionares, deficiência micro circulatória na cabeça do nervo óptico ou fatores da matriz extracelular. A variação na suscetibilidade do axônio pode explicar por que o estado da doença não se correlaciona bem com a PIO elevada. Drenagem do HA pelo trabeculado é diminuído (por fatores não bem esclarecidos ainda) É o “Glaucoma Crônico Simples” Crônico não tem nada passando =não passa por fatorMnão esclarecido Redução do fluxo de saída do HA por anormalidades do sistema de drenagem GLAUCOMA PRIMARIO DE ÂNGULO FECHADO (GPAF) A lente está localizada muito para a frente anatomicamente e fica encostada na íris, isso resulta em bloqueio pupilar, uma condição na qual o humor aquoso não consegue mais fluir normalmente através da pupila. A pressão aumenta atrás da íris, em relação à câmara anterior, fazendo com que a íris periférica se curve para frente e cubra toda ou parte do ângulo da câmara anterior. A PIO elevada acarreta, nesses casos, a neuropatia óptica progressiva. Resistência na drenagem se deve a obstrução do trabeculado pela periferia da íris Agudo: olho vermelho e doendo = pensar em “Glaucoma Agudo – ângulo fechado” (por fechamento da íris HA não consegue ir embora) Redução do fluxo de saída do HA por dificuldade no acesso do HA ao sistema de drenagem GPAA GPAF Idade Avançada Idade avançada Historia família Sexo feminino Raça Negra História familiar positiva GPAF PIO elevada Ascendencia asiática Miopia Ângulo oclusivel Espessura central corneana fina (ECC) Câmara anterior rasa Pequeno diâmetro corneano Vitória Leal- T6 Cristalino espesso Pequeno comprometimento axial do olho/hipemetrope QUADRO CLÍNICO Neuropatia óptica que cursa com o aumento da escavação da papila óptica, associada a perda progressiva do campo visual, cujo o principal fator de risco (mas não único e nem obrigatório) é o aumento da PIO GPAF – os sintomas são determinados pela rapidez e o grau de aumento da PIO a partir do fechamento do ângulo Aumento rápido da PIO: visão diminuída, dor intensa nos olhos, eritema conjuntival, edema corneano, halos em torno de luzes, além de dor de cabeça, náusea e vômito GPAA – raramente apresenta sintomas, detectado incidentalmente. A perda do camponvisual central é uma manifestação tardia (irreversível) DIAGNÓSTICO Somente o exame ocular realizado por um médico oftalmologista é capaz de detectar alterações suspeitas de glaucoma. Dentre eles estão a tonometria, oftalmoscopia direta e indireta, gonioscopia, campimetria, fundoscopia, tomografia de coerência óptica e paquimetria. Avaliação e Acompanhamento é feito através de uma ação em tripé, avaliando, assim: 1. Pressão intraocular – tonometria 2. Estrutura do nervo óptico – OCT ou campimetria 3. Função Visual: feito com o exame campimetria TRATAMENTO GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO Forma mais comum de Glaucoma, acomete 1% da população adulta (3% nos acima de 70 anos) e é 4x mais comum e agressiva em Negros e possui tendência familiar (hereditária). Normalmente é assintomática, descoberta incidentalmente. A perda do campo visual central é uma manifestação tardia (irreversível), quando já há lesão no nervo óptico e perda das células ganglionares TRATAMENTO Inicialmente é clínico, por meio da associação de colírios até atingir a pressão alvo, pressão que, para aquele indivíduo, não leve a aumento da escavação ou perda de visão (estrutura e função), não tem um valor específico. PIO alvo tem que ser uma pressão que não aumente o nível de glaucoma Cada paciente tem uma PIO alvo individual!! PIO definida pelo acompanhamento a longo prazoMecanismo medicamentoso dos colírios – atua de duas maneiras: age na diminuição da produção de HA e no aumento da drenagem de HA A droga de escolha para iniciar o tratamento é o colírio de betabloqueador, na ausência de contraindicações. Se a PIO alvo não for atingida, deve- -se associar outra droga ou trocar. Betabloqueadores, análogos da prostaglandina, alfa- 2-agonistas, inibidores da anidrase carbônica, colinérgicos (mióticos – pilocarpina) Não precisa saber nome de colírio, só saber os tipos Sempre ver se o paciente não tem outra doença!! Timolol desencadeia crises asmática. TRATAMENTO INTERVENCIONISTA Caso o tratamento clínico mostre ineficácia, outras possibilidades incluem tratamento com laser (trabeculoplastia a laser) ou procedimentos cirúrgicos. A trabeculoplastia que se trata da aplicação de laser diretamente na malha trabecular. O procedimento cirúrgico mais frequentemente realizado é a trabeculectomia. Casos avançados ou não respondedores ao colírio Cirurgia não é o tratamento de eleição para glaucoma de ângulo aberto (só para algumas opções) Também pode fazer laser = adia a cirurgia; pensar em pacientes mais jovens Não se pode perder de vista que o objetivo final do tratamento do GPAA é estabilizar a lesão glaucomatosa, contendo a sua progressão!! Infelizmente, a visão que já foi perdida não pode ser mais restaurada... GLAUCOMA DE ÂNGULO FECHADO – AGUDO O glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF) representa cerca de 10% dos adultos com glaucoma idiopático, sendo definido pela presença de um ângulo iridocorneano (ângulo de filtração) estreito na vigência da lesão neuropática glaucomatosa. Pode se manifestar de forma aguda (considerada uma emergência médica), subaguda ou crônica. Comprometimento da drenagem do HA devido a um bloqueio pupilar (parcial ou total), PIO significativamente elevada (40-60 mmHg), resultando em lesão isquemia da íris, edema de córnea e lesão do nervo óptico. 1. Bloqueio pupilar total – crise aguda de glaucoma 2. Bloqueio pupilar parcial – glaucoma subagudo de ângulo fechado 3. Formação de sinequias anteriores periféricas – glaucoma crônico de ângulo fechado CRISE AGUDA DE GLAUCOMA Tipo de glaucoma mais importante para o clínico! Trata-se de uma emergência médica que, se não reconhecida e prontamente e adequadamente tratada, acarreta a perda completa e irreversível da visão do olho afetado, o que pode ocorrer ao longo de poucas horas. PATOGÊNESE: relacionada com o bloqueio pupilar - crise de fechamento total do ângulo de filtração, desencadeando a crise aguda de glaucoma, geralmente provocada por situações que provocam a meia-midríase (estresse, meia luz, colírios cicloplégicos...) – importância do teste de iluminação oblíqua/Van Herick antes de aplicar o colírio A midríase pode ser prontamente revertida com o colírio alfa-adrenérgico dapiprazol MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O “ataque” quase sempre acomete somente um olho, iniciando-se de forma abrupta e bastante dramática Dor ocular e retro orbitaria Vitória Leal- T6 Cefaleia frontal Fotofobia e lacrimejamento Náuseas e vômitos Borramento visual Visão de halos em volta de luzes “Olho vermelho”, com injeção conjuntival perilímbica (em volta da córnea) Haze corneano (certa opalescência da córnea decorrente do edema corneano) Pupilas em meia-midríase, não fotorreagentes ou pouco fotorreagentes, devido à isquemia iriana PIO extremamente elevada, entre 40-90 mmHg (quando possível medir) TRATAMENTO DA FASE AGUDA Deve ser realizado no hospital, geralmente na sala de emergência, a demora no seu início pode ter consequências graves e irreversíveis para a visão do olho comprometido. O objetivo é baixar o mais rapidamente possível a PIO, para o controle da crise e a prevenção de um dano glaucomatoso imediato. Após a crise ser devidamente controlada com terapia farmacológica, o paciente deve receber a intervenção a laser (iridotomia periférica a laser), como medida definitiva para o tratamento deste glaucoma. Todas as medidas devem ser tomadas em conjunto, usa-se terapia farmacológica tópica e sistêmica... FÁRMACOS UTILIZADOS Agentes osmóticos sistêmicos (Manitol) Inibidores da anidrase carbônica sistêmicos (Acetazolamida) Colírio de Betabloqueador (Timolol) Colírio de Alfa2-adrenérgico (apraclinidina) Colírio de Colinérgico (Miótico – Pilocarpina) Identação corneana: um swab ou uma lente de gonioscopia é forçada gentilmente no centro da córnea para provocar uma identação. Este procedimento rechaça o humor aquoso da câmara anterior para o ângulo iridocorneano, facilitando a sua drenagem, além de eventualmente desfazer o bloqueio pupilar TERAPIA ADJUVANTE: Realizada com colírio esteroide, analgésicos sistêmicos e antieméticos Iridoplastia periférica a laser de argônio: também chamado de gonioplastia periférica a laser de argônio. É indicado em situações de emergência, para abortar a crise aguda não resolvida com os medicamentos, já que não exige a claridade da córnea = não é via de regra considerado um tratamento definitivo, não desfaz o bloqueio pupilar LASERTERAPIA: Um procedimento para corrigir em definitivo o distúrbio de drenagem no glaucoma de ângulo fechado é sempre necessário! O procedimento de escolha é a iridotomia periférica com YAG laser (realizada 2-7 dias após o controle da crise, quando retorna a transparência corneana), mostrando-se um excelente método para a correção definitiva do problema básico destes pacientes: o bloqueio pupilar CIRURGIA Indicado nos casos refratários à laserterapia, raramente, uma crise aguda de glaucoma não consegue ser abortada mesmo com o uso do laser, necessitando de cirurgia de urgência. Outras vezes, mesmo após a iridotomia a laser, o paciente volta a elevar a PIO, necessitando da cirurgia. A cirurgia mais indicada é a iridectomia periférica, na qual é retirado um diminuto fragmento da íris, desfazendo o bloqueio pupilar Trabeculectomia se não responder GLAUCOMA CONGÊNITO Importante causa de cegueira e ambliopia na criança, embora seja menos comum do que a catarata congênita. O glaucoma primário da infância (que tem como um dos tipos o glaucoma congênito) é o mais comum, porém existem diversas outras causas de glaucoma secundárias a outras doenças oculares. A criança nasce com um defeito na formação do ângulo de filtração iridocorneano, entre a córnea e a íris (disgenesia angular) O ângulo encontra-se aberto (glaucoma de ângulo aberto), mas possui alterações estruturais que dificultam a drenagem do humor aquoso Pode ser uni ou bilateral e sempre é assimétrico A doença é congênita (malformação orgânica durante a vida fetal) e não hereditária! SINAIS E SINTOMAS 1. Lacrimejamento excessivo crônico (epífora) 2. Fotofobia 3. Blefaroespasmo 4. Aumento da córnea (diferença notável de um olho para o outro) – provoca astigmatismo 5. Aumento do globo ocular devido a pressão (buftalmo) – miopia secundária 6. Córnea opalescente – edema + opacidade 7. Injeção conjuntival Os sinais e sintomas podem aparecer ao nascimento (glaucoma congênito verdadeiro) ou durante os primeiros 2-3 anos de vida (glaucoma infantil) DIAGNÓSTICO O diagnóstico do glaucoma congênito é suspeitado clinicamente e deve ser confirmado pela medida da pressão intraocular (PIO), por meio da tonometria e da fundoscopia (oftalmoscopia), que irá revelar a escavação da papila óptica, característica principal de qualquer glaucoma. TRATAMENTO O tratamento deve ser programado o mais precoce possível, caso contrário, o risco de cegueira ou de ambliopia é muito alto (evolui mais rápido nas crianças) Diferente dos adultos, nas crianças da normalização da PIO pode gerar a redução da escavação papilar O tratamento é sempre cirúrgico, mais precoce possível, evitando passar de 1 ano (reduza taxa de sucesso) = goniotomia e beculotomia Terapia com betabloqueadores e colinérgicos mióticos tópicos no pós-cirúrgico Glaucoma congênito secundário: relacionada a síndrome de Sturge-Weber, aniridia, disgenesia do segmento anterior e retinopatia da prematuridade... GLAUCOMA SECUNDARIO Existe um sem número de doenças oculares que podem provocar glaucoma, tanto de ângulo fechado como de ângulo aberto: Síndrome da Pseudo-exfoliação (ângulo aberto) Síndrome da Dispersão Pigmentar (ângulo aberto) Glaucoma traumático com Recessão angular (ângulo aberto) Glaucoma Pós-Uveíte (ângulo aberto ou fechado) Facoglaucoma (Secundário à Catarata) (ângulo aberto ou fechado) Glaucoma Neovascular (Glaucoma da Retinopatia Diabética Proliferativa) (ângulo fechado) Vitória Leal- T6 RETINANOPATIAS INTRODUÇÃO A retina forma a túnica neural ou interna do olho, tendo como função primordial receber o estímulo luminoso, convertendo-o em estímulo elétrico, para que possa ser carreado pelas fibras do nervo óptico até os centros nervosos encarregados da percepção e reconhecimento visual. Embora tenha uma espessura de apenas 0,5 mm, a retina é um tecido altamente especializado e complexo, sendo formado por 8 camadas, além disso tem irrigação de vasos que podem sofrer diversas alterações, essas alterações devem ser observadas ao analisar exame de fundo de olho Vitória Leal- T6 EXAME DE FUNDO DE OLHO (FO) Consiste na observação das estruturas do segmento posterior do olho (cabeça do nervo óptico, retina, vasos retinianos e coroide). O principal aparelho utilizado pelo clínico para realização do exame de fundo de olho é o oftalmoscópio direto; já o oftalmologista se vale de outros aparelhos, como o oftalmoscópio indireto e a lâmpada de fenda. O calibre das vênulas é maior do que das arteríolas A relação arteríola e vênula é A/V = 2/3 (proporção do calibre) O oftalmoscópio direto não vê essa imagem ampla, para analisar a retina na sua totalidade precisamos de outras ferramentas como o retinógrafo. Principais alterações de FO associadas a hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes melito e as oclusões vasculares da retina, que são as alterações mais importante no dia-a-dia do médico generalista: HIPERTENSÃO ARTERIAL SITÊMICA (HAS) A retinopatia hipertensiva resulta de alterações sofridas pelos vasos da retina em doentes com hipertensão arterial. As mudanças observadas na retina, resultantes da retinopatia hipertensiva, são mudanças ocorridas na circulação arterial e arteriolar como consequência da pressão arterial elevada. Nas fases iniciais, a retinopatia hipertensiva pode não apresentar sintomas, portanto, a fundoscopia de olho deve ser realizada anualmente em pacientes hipertensos SINAIS E SINTOMAS: diminuição da acuidade visual (ver pior), a fotofobia (sensibilidade à luz) e cefaleias...por si só não costuma causar déficit visual FISIOPATOLOGIA O aumento da pressão leva a diminuição focal ou generalizada do calibre das arteríolas retinianas, que, por períodos prolongados levam há uma quebra da barreira hematorretiniana (edema macular) Lesões observadas na FO: espasmo arteriolar (diminuição da relação 2/3), presença de exsudatos moles (infarto) e duros (edema), hemorragias retinianas e edema de papila O achado clássico da retinopatia hipertensiva crônica é o cruzamento arteriovenoso patológico, observado na oftalmoscopia e sendo considerado confirmatório de diagnóstico CLASSIFICAÇÃO DE SCHEIE Existem diversos sistemas de classificação das alterações retinianas induzidas pela HAS. Uma classificação bastante utilizada é a de Scheie (1953), que consiste na descrição de alterações oftalmoscópicas divididas em 2 grupos: A. ALTERAÇÕES ESCLERÓTICAS – CRÔNICA (EMBAINHAMENTO DAS ARTERÍOLAS) 0. FO com reflexo dorsal normal 1. Reflexo dorsal aumentado – mais grosso e menos brilhante podendo haver mínima compressão AV 2. Mesmas alterações do estágio I porém mais proeminentes 3. Presença de fios de cobre e compressão AV 4. Presença de fios de prata e cruzamentos AV patológicos graves OBS: as veias e as artérias sempre se cruzam em algum lugar, sem patologias elas não sofrem alterações, se apresentar alteração durante o cruzamento av é definido como patológico... SINAL DE SALUS: Vênula ao cruzar por cima de uma arteríola se faz com uma deflexão SINAL DE GUNN: Impressão de que arteríola esmaga a vênula (imagem de “bico de flauta”) B. ALTERAÇÕES HIPERTENSIVAS – AGUDA: 0. Diagnóstico de HAS com FO normal 1. Estreitamento arteriolar difuso 2. Estreitamento arteriolar mais acentuado com áreas de constrição focal 3. Estágio II mais severo associadas a hemorragias retinianas 4. Estágio III associado a edema retiniano, exsudatos duros e edema de papila (estrela macular) A hipertensão maligna está relacionada à diminuição da acuidade visual, já que temos graves variações no fluxo sanguíneo ocular que levam a alterações da retina, coroide e nervo óptico. O quadro caracteriza-se por: Vasoconstrição, exsudatos duros e edema, exsudatos algodonosos e hemorragias e edema de papila DIAETES MELLITUS (DM) O diabetes é uma doença muito prevalente, sendo a primeira causa de cegueira evitável em indivíduos de 20 a 74 anos de idade. Esta doença traz uma série de complicações oculares, como catarata, distúrbios refracionais, distúrbios neuro-oftalmológicos e retinopatia. Fatores de risco: duração da diabete, controle metabólico, gestação, presença de hipertensão associada, nefropatia associada e outros... RETINOPATIA DIABÉTICA É a principal complicação, desenvolvida por 60% dos pacientes após 15 a 20 anos de doença. O exame de fundo de olho deve ser feito prontamente em todo paciente diagnosticado com DM tipo 2 e após 5 anos de diagnóstico no paciente com DM tipo 1. A lesão da retina é consequente à combinação da oclusão e do extravasamento microvascular, sendo estas alterações visualizadas na fundoscopia Existem duas situações diferentes em que o paciente diabético pode ter comprometimento da visão, ambas associadas com perda visual severa: 1. Presença de edema macular clinicamente significativo (EMCS) 2. Complicações da retinopatia diabética proliferativa (RDP) – microaneurismas, exsudatos duros, hemorragias, manchas algodonosas (infartos)... 3. Vitória Leal- T6 Uma vez instalada a retinopatia e detectada a potencialidade de perda de visão, a fotocoagulação da retina, com a utilização de laser de vários comprimentos de onda, é o tratamento de escolha. CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO A retinopatia diabética divide-se basicamente em dois grandes tipos: RD não-proliferativa e RD proliferativa, pela presença ou não de neovasos. Esses, por sua vez, subdividem-se de acordo com a gravidade do quadro. É também enquadrado na classificação da RD o edema de mácula, podendo ser clinicamente significante ou não. RETINOPATIA DIABÉTICA NÃO-PROLIFERATIVA: Presença de microaneurismas, as hemorragias puntiformes, as anormalidades microvasculares intrarretinianas (IRMA) e/ou veias em rosário. De acordo com o aparecimento desses achados ao exame de fundo de olho, a RD não-proliferativa pode ser dividida em leve, moderada, grave ou muito grave RETINOPATIA DIABÉTICA PROLIFERATIVA: Estágio mais avançado da doença, podendo apresentar neovasos no disco óptico e na retina, hemorragia vítrea e pré-retiniana e descolamento tracional da retina. Pode-se subdividir em RDP precoce, de alto risco ou avançada, dependendo da severidade das alterações. EDEMA MACULAR CLINICAMENTE SIGNIFICATIVO SIGNIFICATIVO:é classificado como clinicamente significativo quando há a presença de: Espessamento retiniano dentro de 500 micra da fóvea Exsudatos duros dentro de 500 micra da fóvea, se associados a espessamento retiniano adjacente Espessamento de retina maior do que 1 área do disco óptico, parte do qual está dentro do diâmetro de 1 disco óptico da fóvea O edema macular é a principal causa da diminuição na acuidade visual da RD não-proliferativa, causado pela disfunção na barreira hematorretiniana, na qual células endoteliais de microaneurismas, nos capilares e arteríolas, tornam-se hiperpermeáveis, acarretando extravasamento do plasma. O espessamento retiniano focal ou difuso normalmente está associado a exsudatos duros. A cegueira está associada à fase avançada da RD, representada pela RD proliferativa e suas manifestações: hemorragia pré-retiniana ou vítrea, proliferação fibrovascular, descolamento tracional de retina, neovasos de íris e glaucoma neovascular. TRATAMENTO DA RETINOPATIA DIABÉTICA É realizado com LASER para induzir involuções de novos vasos, prevenindo a perda visual em mais de 50% dos pacientes Objetivos da fotocoagulação para RDP: Redução do risco de hemorragia vítrea e/ou descolamento tradicional da retina, involução de tecido neovascular e prevenir futuros neovasos EDEMA DE PAPILA X PAPILEDEMA A denominação papiledema é frequentemente usada, de forma errônea, como sinônimo de edema de papila, mas deve ser reservado apenas para descrever o edema de papila da hipertensão intracraniana. Assim, outros tipos de edema devem ser nominados de acordo com a sua causa como por exemplo: edema de papila da neurite óptica, edema de papila da neuropatia óptica isquêmica Edema do disco óptico (papila) secundário a elevação do aumento da pressão intracraniana, é bilateral simétrico e considerado edema cerebral (massa intracraniana) até que se prove o contrário. DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA A IDADE (DMRI) Doença que ocorre em uma parte da retina chamada mácula e que leva a perda progressiva da visão central devido a degeneração das células fotorreceptoras da região macular, é a causa mais comum de perda visual irreversível em pessoas com mais de 50 anos, no mundo desenvolvido. Doença bilateral que afeta a macula de forma progressiva Idade é o principal fator de risco, sendo mais prevalente em Caucasianos FATORES DE RISCO História familiar positiva, tabagismo, baixa ingesta de vitaminas, exposição solar sem proteção ocular MÁCULA Pequena região no centro da retina, que permite que uma pessoa possa ver detalhes, as células sensíveis à luz da mácula, conhecidas como fotorreceptores, convertem a luz do campo visual em impulsos elétricos e, em seguida, transferem os impulsos para o cérebro através do n. óptico. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Nos estágios iniciais, a DMRI não apresenta sintomas, mas algumas pessoas apresentam um embaçamento na visão central, especialmente durante as tarefas como leitura ou costura. Conforme a DMRI progride, algumas manchas podem se formar no campo visual central. Na maioria dos casos, se um olho é afetado pela DMRI, o outro olho também irá desenvolver a doença A extensão da perda da visão central varia dependendo do tipo de DMRI (seca ou úmida) e da rapidez para diagnóstico e início do tratamento: 1. SECA (DMRI ATRÓFICA) – 80% dos casos, causada pelo envelhecimento e desgaste dos tecidos da mácula e normalmente afeta menos a visão Acúmulo de proteínas e gorduras (drusas) nas células sob a retina causando degeneração progressiva dos fotorreceptores e, posteriormente afinamento e perda de função macular 2. ÚMIDA (DMRI NEOVASCULAR OU EXSUDATIVA) – 20% dos casos, presença de membrana neovascular com hemorragias, condição mais grave, podendo progredir rapidamente e causar perda substancial da visão central TRATAMENTO DA DMRI Atualmente, existem tratamentos capazes de barrar a progressão da DMRI e, em alguns casos, até recuperar parte da visão perdida. Determinados medicamentos anti-VEGF, por exemplo, foram desenvolvidos e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) especificamente para o tratamento da DMRI e para o uso intraocular, pois oferecem segurança e eficácia aos pacientes. Complemento vitamínico Recursos ópticos de visão subnormal, como lupas... PROFILAXIA: Uso regular de altas doses de multivitamínicos e antioxidantes. TÓPICOS IMPORTANTES Vitória Leal- T6 O exame de fundo de olho é de grande valia em pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial e diabetes melito, já que pode, muitas vezes, diferenciar um paciente com doença mais recente de um outro com quadro mais antigo. O exame de FO pode e deve ser feito por qualquer médico, no entanto, caso quaisquer alterações sejam encontradas, um especialista deve ser consultado, pois muitas das alterações descritas ao longo do capítulo merecem tratamento específico, que se estende além do tratamento das doenças de base. URGÊNCIA E EMERGÊNCIAS INTRODUÇÃO Uma emergência em oftalmologia é o efeito de uma violência física ou química sobre o globo ocular, pálpebras e órbitas, consiste em uma causa comum de cegueira entre crianças e jovens, principalmente os homens. Vitória Leal- T6 Corresponde a cerca de 13% das queixas em geral no Pronto Socorro, sendo que 90% dos casos são preveníveis. SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS Olho vermelho, dor, rebaixamento da acuidade visual, sinais de infecção,corpos estranhos Deve-se lembrar sempre que o atendimento ao problema ocular só será iniciado no paciente estável, sendo o ABCDE priorizado TRAUMAS OCULARES Os traumas oculares podem ser subdivididos em contusão, ruptura, laceração, laceração lamelar, penetração e perfuração. Em todos os casos de traumatismo, mesmo sem lesão aparente, os olhos devem ser cuidadosamente examinados. 1. CONTUSÃO (LESÃO FECHADA): a parede córneo-escleral do globo permanece intacta. Quadros não complicados podem ser manejados somente com bolsas de gelo por 24 a 48 horas. 2. RUPTURA (LESÃO ABERTA): o ferimento envolve toda a espessura de globo, e é resultante de trauma contuso. 3. LACERAÇÃO: a lesão ocorre em toda a espessura do globo ocular, produzida por ferimento em rasgo (impacto direto). 4. LACERAÇÃO LAMELAR: afeta apenas uma parte da espessura. 5. PENETRAÇÃO: é um ferimento simples que afeta toda a espessura, geralmente associado à retenção de corpo estranho. 6. PERFURAÇÃO: dois ferimentos que afetam toda a espessura do globo ocular, um de entrada e outro de saída. O exame inicial no traumatismo ocular deve valorizar a história e o mecanismo do trauma, como ocorreu a perda visual (se súbita, lenta ou progressiva), devendo-se estimar a visão antes e imediatamente após o trauma. No exame físico, é importante a realização dos reflexos pupilares, testes de motilidade ocular e também o exame periocular. Antes da chegada de um oftalmologista, está indicado aplicar um revestimento protetor e antibioticoterapia sistêmica. ABRASÃO CORNEANA Consiste em uma lesão do epitélio corneano de forma aguda, que gera dor ocular. As principais causas gerais incluem: unhada de criança, jardinagem, escovas de cabelo, após uso de álcool, fechamento palpebral inadequado durante o sono e presença de corpos estranhos subtarsais. O diagnóstico se dá através de teste com Proximetacaína 0,5% colírio + Fluoresceína 0,25% colírio. TRATAMENTO O tratamento inicial da abrasão corneana pode ser realizado com colírio Ciclopentolato 1%, pomada de antibiótico e curativo oclusivo por 24 horas Na alta hospitalar, o pacientedeve ser orientado a fazer uso de Cloranfenicol 1% pomada, 4 vezes por dia durante 5 dias, iniciando após 24 horas A Analgesia no quadro agudo poderá ser oral ou sistêmica CORPO ESTRANHO NA CÓRNEA Os corpos estranhos corneanos metálicos (CEC) são os mais comuns e, geralmente, advém do uso de furadeiras, esmeris e soldas. Há também os CEC por tinta seca e também CEC orgânicos, o corpo estranho na córnea provoca quadro de dor ocular, fotofobia e vermelhidão. Através da aplicação de colírio anestésico com fluoresceína é possível identificar a presença da lesão. O corpo estranho deve ser removido com uso de cotonete ou agulha de insulina, sempre promovendo a eversão da pálpebra superior. Após a retirada, é realizado curativo oclusivo com pomada e colírio cicloplégico. Analgésicos orais podem ser empregados para alívio de dor. CORPO ESTRANHO SUBTARSAL Nesses casos, o paciente descreve dor ao piscar e uma sensação de “areia nos olhos”. No exame ocular, abrasões lineares são visualizadas com fluoresceína na parte superior da córnea. O corpo estranho subtarsal pode ser removido com cotonete e, em seguida, são realizados curativo e analgesia. PERDA DE LENTE DE CONTATO Pode ser espontaneamente ou após trauma, é difícil o exame diagnóstico a olho nu. Verifique se o paciente retirou a lente. Realizar exame com colírio anestésico com fluoresceína. Examine o fórnice conjuntival inferior. Inverta a pálpebra superior. Verifique se a LC está íntegra. A conduta na Lesão por lente de contato é a aplicação de pomada de antibiótico quatro vezes ao dia por 5 dias (o paciente deve ser orientado a não usar as lentes durante esse período). Se houver abrasões, está indicado permanecer com curativo oclusivo durante 24 horas. HIFEMA – HEMORRAGIA SUBCONJUNTIVAL É um sangramento da câmara anterior do olho, os sintomas advêm das lesões relacionadas, mas em alguns casos, pode ser grande a ponto de obstruir a visão. Pode ocorrer de forma espontânea ou estar relacionado a manobra de Valsalva, hipertensão arterial, ato de coçar, reflexo fotomotor direto e consensual OBS: caso a pupila esteja dilatada e fixa, pode ser sinal de lesão direta no globo ocular, aumento da pressão intracraniana ou lesão no III par craniano (oculomotor) CONDUTA Está indicado repouso com cabeça elevada, aplicação de tampão ocular, aumento da ingesta de líquidos, suspender medicações anticoagulantes ou anti-inflamatórios não esteroidais, aplicação de esteroides tópicos, controle da pressão intraocular (timolol e/ou brimonidina) A limpeza cirúrgica depende do nível da PIO. QUEIMADURA QUÍMICA A gravidade das lesões se relaciona com o tipo de agente, a área afetada e a superfície de exposição. As lesões com álcalis (amônia, cimento, cal, soda cáustica) são duas vezes mais comuns e tendem a ser mais graves, pois são agentes que penetram rapidamente. Nas lesões com ácidos, o acometimento ocular geralmente é menos intenso. A lesão consiste em necrose do epitélio corneano e conjuntival com oclusão dos vasos, alteração da lubrificação ocular e opacificação do estroma. Vitória Leal- T6 CONDUTA: Lavar imediatamente no local do acidente. Instilar anestésico tópico. Irrigar olhos com de SF ou Ringer Lactato por 10-20 min (ou água) Everter as pálpebras e certificar-se de não haver partículas superior e inferiormente Realizar desbridamento das áreas necróticas Instilar Ciclopentolato 1% e pomada de antibiótico Ocluir o olho mais afetado por 24 horas ou até cicatrização Aplicar pomada de Cloranfenicol 1% por 5 dias Lesões químicas irritantes leves não exigem encaminhamento na urgência; após o tratamento inicial, orientar o uso de lubrificantes oculares e encaminhar ao oftalmologista se necessário. Já nas lesões graves, é indicado encaminhar imediatamente ao oftalmologista após o tratamento inicial. OUTRAS PATOLOGIAS RETINOPATIA DE PURTSCHER É uma baixa súbita da visão, associa-se a trauma cranioencefálico grave, compressão torácica, embolia gasosa, gordurosa ou do líquido amniótico; descrita em casos de pancreatite, insuficiência renal, nascimento (parto e pós parto) e doenças do tecido conjuntivo. Nessa condição, ocorrem infartos arteriolares por êmbolos, que podem ser notados no exame de fundo de olho como placas e manchas algodonosas, com hemorragias peripapilares. Não há um tratamento ocular específico. Em geral, há recuperação da acuidade visual, mas podem permanecer sequelas. HEMORRAGIA RETROBULBAL Hematoma que surge após traumas do tipo “cair de cara no chão”. O olho acometido apresenta-se inchado, há hemorragia de expansão rápida. O manejo adequado envolve realizar descompressão (campotomia lateral). CONJUNTIVITE NEONATAL Na infecção por gonococo, há penetração no epitélio corneano íntegro, bilateralmente de maneira hiperaguda e severa. É registrada em recém-nascidos de 7-10 dias de vida. Se não tratada, evolui rapidamente para perfuração em 24-48 horas. A conduta consiste em antibioticoterapia específica (cloranfenicol ou tobramicina colírio, de 4 em 4 horas, por 5 a 7 dias) . CONJUNTIVITE Incidência Alta, secreção presente, boa, dor baixa, hiperemia alta- difusa, córnea normal,, pupila normal, pressão- normal IRITE Incidência moderada, secreção ausente, visão ruim, dor mod, hiperemia periceratica, córnea normal, pupila miose fixa, resposta pupilar leve, pressão normal GLAUCOMA Raro, não tem secreção, visão baixa, dor intensa, hiperemia perilimbar, circuncorneana; córnea edemaciada, pupila fixa- midríase media fixa, pressão aumentada TRAUMA/INFECÇÃO CÓRNEA Incidência moderada, secreção pode ter, visão depende a causa, dor – depende a causa, hiperemia presente, pupila depende, pressão depende. PATOLOGIAS RELACIONADAS AO HUMOR VÍTREO Reflexos luminosos: Miose da pupila iluminada = R. F. DIRETO Miose da pupila contralateral = R.F. CONSENSUAL FLASHES LUMINOSOS Descolamento do Vítreo provoca pontos de tração com a Retina, estimulando fotorreceptores. Respostas descritas como: Clarões ou flashes Exame pra retina: binocular indireta! Exame oftalmológico pode detectar Roturas Retinianas e descolamento de Retina. MOSCAS VOLANTES Processo de degeneração vítrea, causa perda de sustentação das moléculas de colágeno. Elas se agrupam e ficam flutuando no vítreo, com o movimento ocular. Também Associadas ao Descolamento do Vítreo. Podem significar coisas graves: descolamento vítreo, é diferente de retina. Mas casos de vítreo podem evoluir pra retina 10% Alguns casos, podem sugerir roturas retinianas e descolamento de Retina. Sangue ou processos inflamatórios também causam ENXAQUECA CLÁSSICA É a enxaqueca com AURA Crise precedida por aura visual que dura aprox. 20min (pontos brilhantes, ziguezagues, embaçamentos, escotomas...) Antes de iniciar a dor de cabeça, pode-se perceber um escotoma ~imagem se derretendo, após 30 min começa dor de cabeça Recuperação visual total em 30 minutos é a regra Cefaléia segue-se após a aura (hemicraniana) + náuseas e fotofobia Aura visual sem dor não é rara, acima dos 40 anos CEFALEIA EM SALVAS (TIPO CLUSTER) “Neuralgia Enxaquecóide” É associada a achados oculares Cefaléia Oculo-Temporal com FENÔMENOS AUTONÔMICOS Lacrimejamento unilateral Injeção conjuntival Rinorréia Dor de cabeça mais intensa descrita na medicina Aguda e profunda. Causa agitação. Dura até 3 horas Melhora com OXIGÊNIO Neurite pode ser uma antecipação da esclerose múltipla. Não é papiledema pois não é causado por aumento de HIC, e na imagem pois teria que ser bilateral. Se durante o exame, nota-se perfuração ocular: Suspender exames adicionais e deixar em repouso e jejum Uso de concha rígida como curativo (principalmente em crianças) Antibiótico profilático (ex.: Cefalotina Ev)