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Assistência ao Paciente em Estado Grave (Primeira Parte) Prof. Sara Cardoso dos Santos Valim ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RENAL • rins, • ureteres, • bexiga • uretra, função participar a eliminação dos produtos finais do metabolismo e no controle do equilíbrio hídrico. Rins • órgãos pares, • cada um pesando de 125g a 140g, • localizados um de cada lado da coluna vertebral • em nível da terceira vértebra lombar. • Cada rim, sendo um réplica do outro. • E o esquerdo é mais baixo que o direito. • Em posição vertical, cada rim mostra uma reentrância na borda medial, chamada de hilo renal, por onde entram e saem os vasos, os nervos e a pelve renal. • O sangue é fornecido a cada rim através da artéria renal • drenado através da veia renal. • As artérias renais originam-se da aorta abdominal • e as veias renais levam o sangue de volta à veia cava inferior. • Na parte superior de cada rim, localiza-se a glândula supra-renal • Cada rim é composto por três camadas: • Externa – cápsula fibrosa; • Média – camada cortical ou córtex renal; • Interna – camada medular. Néfron • unidade anatômica e funcional do rim. • Os dois rins juntos contêm cerca de 2.400.00 néfrons • cada um deles tem a capacidade de formar urina. • A urina formada no interior desses néfrons passa para os dutos coletores, os túbulos, que se unem para formar a pelve de cada rim. • Cada pelve renal origina um ureter. • O ureter é um tubo longo com uma parede composta por músculo liso, que conecta cada rim à bexiga e funciona como um conduto para a urina. • A bexiga é um órgão oco, situado anterior atrás da sínfese púbica. • Atua como reservatórios temporários para a urina, • paredes consistem em músculo liso • O néfron é basicamente constituído de: • Glomérulos • Túbulos renais • Os quais são compostos de um filtro e um sistema de túbulos responsáveis pela concentração da urina Glomérulos • A artéria renal distribui-se pela estrutura renal e de suas ramificações são originadas arteríolas aferentes • formam os minúsculos novelos capilares, denominados glomérulos denominada cápsula de Bowman • O glomérulo se estende para formar o túbulo, que é dividido em três partes • Um túbulo proximal, • alça de Henle, • um túbulo distal, • Os túbulos distais coalescem para formar dutos coletores. • Os dutos passam através do córtex renal e medula para desembocarem na pelve renal). • A função específica dos glomérulos é de filtrar a água e os solutos do sangue. Túbulos renais • São tubos longos, contorcidos, que se originam na cápsula de Bowman e seguem após a alça de Henle até o túbulo coletor. • A função dos túbulos renais é reabsorverem, e transformar o líquido filtrado em urina em seu caminho para a pelve renal. FISIOLOGIA RENAL • As principais funções do rim são: • a regulação da composição hidroeletrolítica dos líquidos corporais; • A remoção de produtos finais do metabolismo e do sangue; • regulação da pressão sangüínea. • Os néfrons secretam a urina através de dois mecanismos: • a) filtração glomerular • b) reabsorção e secreção nos túbulos renais Filtração glomerular • Os glomérulos filtram o sangue arterial, originando a urina primária existente na cápsula de Bowman. • Esta se assemelha ao plasma sangüíneo, mas sem proteínas e outras substâncias de grande peso molecular. • A filtração ocorre pela diferença de pressão entre os capilares e a cápsula de Bowman. • Dois fatores alteram a formação da urina: • Alteração do volume sangüíneo, porque a urina é derivada do sangue; • Alteração da pressão arterial, irá interferir na propulsão do sangue pelos capilares e na diferença de pressão entre o capilar arterial e a capsula de Bowman. Reabsorção e secreção nos túbulos renais • Os glomérulos filtram o sangue arterial, originando a urina primária existente na cápsula de Bowman, • essa (urina primária) passa da cápsula de Bowman para os túbulos renais, onde haverá uma reabsorção seletiva de água, sais e outros elementos. • Este produto final passa para os cálices renais, e acumula-se na pelve renal, de onde é conduzido para os ureteres, de forma ininterrupta. Há dois hormônios que aumentam ou diminuem a reabsorção tubular: • Hormônio antidiurético (HDA) – formado na hipófise, aumenta a reabsorção da água dos túbulos renais para a circulação sangüínea; • Aldosterona - secretada pela supra- renal, estimula a reabsorção de água e sódio, e a eliminação de potássio. • • são os rins que regulam com precisão o ambiente químico interno do organismo, • que estabelecem o equilíbrio iônico do sangue, • o que chega aos rins é filtrado nos glomérulos e aí o líquido filtrado passa aos túbulos. • Nos túbulos proximais, boa parte do líquido é reabsorvida, e o que não é, constitui a urina. • A função excretora renal é necessária para a manutenção da vida. • Entretanto, ao contrário dos sistemas cardiovascular e respiratório, a disfunção renal total pode não causar morte imediata. • Pois existem outras modalidades de tratamento que podem ser utilizados, como substitutos para determinadas funções renais. PATOLOGIAS RENAIS INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) • perda reversível súbita e completa da função renal. • Podendo ser definida como a rápida • deterioração da função renal por acúmulos de resíduos nitrogenados (uréia, creatinina). • A deterioração da função renal é um desequilíbrio do metabolismo que pode não ser normal. • O acúmulo de resíduos nitrogenados é uma das marcas da IRA que se determina laboratorialmente entre outras anormalidades metabólicas. • Acompanham a perda de função renal. • A função renal refere-se à filtração glomerular. • A IRA é um diagnóstico sindrômico • Classificação da IRA IRA pré-renal • (Processo Adaptativo) por hipoperfusão renal • É a diminuição da filtração glomerular por hipoperfusão renal sem lesão renal intrínseca • reversível com a interrupção do insoluto (liquido: água, sangue incapaz de ser dissolvido). As causas podem ser: • Agudas • Hipovolemia - diminuição do volume sangüíneo circulante: perdas gastrintestinais por vômitos, diarréia, fístulas e trauma, queimaduras, esmagamentos, hemorragias por perdas externas ou cirúrgicas. • Diminuição do fluxo sangüíneo renal efetivo • (por perdas renais com uso de diuréticos, nefropatias perdedoras de sal, hipotensão maligna, doenças valvulares, tamponamento pericárdio, sepse, anestesia, insuficiência hepática Crônicas - Cardiovasculares (diminuição do débito cardíaco). - Miocardiopatias (isquêmicas, infarto, arritmias). - Disfunções valvulares. - Hipertensão pulmonar. - Embolia pulmonar. - Ventilação mecânica em pressão positiva. IRA pós-renal • obstrução do trato urinário. • É a diminuição da infiltração glomerular produzida por obstáculos diversos. • - Deposição intra - renal de cristais (ácido úrico) • - Obstrução de ureter (cálculos, coágulos e tumor de pelve). • - Obstrução de uretra (aumento prostático, cálculos, traumatismo tubular IRA renal • lesão instalada • por necrose tubular aguda (NTA), nefrite intersticial, glomerulopatias ou doenças vasculares renais, • Distúrbios isquêmicos. • Hipovolemia, • hemorragia maciça; • Hipoperfusão renal; • - Choque séptico; • Distúrbios nefrotóxicos (drogas imunossupressoras). • - Antibióticos e quimioterápicos (estreptomicina, gentamicina, cefalosporinas, sulfonamidas); - • Meios de contrastes radiográficos; • - Metais pesados (mercúrio, arsênico, urânio, bismuto, chumbo e outros); • - Inseticidas; - Infecciosas.(infeção grave). • - Infiltração (linfomas e leucemias). • - Imunológicas (uretrite, nefrite intersticial). • - Inflamatórias (vasculites). • - Choque elétrico, alcoolismo ou ingestão de tóxicos. Manifestações clínicas da disfunção urinária e renal • dor, • alterações na micção • sintomas gastrointestinais.• Dor • A dor genitourinária nem sempre está presente na doença renal. • Mas geralmente é observada nas condições mais agudas. • A dor na nefropatia é causada por obstrução, subsequente distensão súbita renal. • A dor no flanco (a região entre as costelas e o íleo) • irradia-se para a porção inferior do abdome ou epigastro e freqüentemente está associada a náuseas e vômitos podendo indicar cólica renal. Alterações da Micção • (micturição) • A micção é uma função indolor que ocorre de cinco a seis vezes ao dia e, ocasionalmente, uma vez à noite. • A pessoa produz e elimina 1.200 a 1.500 ml de urina em 24 h. • Esta quantidade é modificada pela ingestão de líquido, sudorese, temperatura externa, vômitos ou diarréia. • Os problemas comuns associados à micção incluem em disúria, incontinência, enurese noturna, poliúria, oligúria e hematúria. Sintomas gastrointestinais • os tratos gastrointestinal e urinário possuem uma relação anatômica • a proximidade entre o rim, o cólon, estômago, pâncreas e baço também pode resultar em sintomas intestinais. • Podendo incluir náusea, vômitos, diarréia e desconforto abdominal. • A apendicite também pode ser acompanhada por sintomas urinários. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES LABORATORIAIS DA IRA • Aumento de uréia. – • Aumento de creatinina. • Aumento de potássio (alterações no eletrocardiograma – ECG). – • Diminuição de bicarbonato (acidose). DIAGNÓSTICO • Anamnese – na história deve-se enfocar os distúrbios passíveis de causar descompensação renal aguda. • A azotemia (presença de quantidades excessivas de compostos nitrogenados no sangue - U/Cr) pode ser acompanhada de uma variedade de sinais e sintomas: • - Sintomas sistêmicos – fatigabilidade fácil, cansaço, franqueza, sonolência, letargia e desorientação; • - Sintomas gastrintestinais – anorexia, náuseas e vômitos; • - Sobrecarga de líquidos – ortopnéia (dificuldade para respirar, exceto sentado ou ereto), dispnéia de esforço e dispnéia paroxística noturna; • - Prurido. Exame físico • revela palidez e tonalidade amarelada da pele. • Pode-se verificar a presença da respiração de Kussmaul e hipertensão. • É possível também que haja sinais de sobrecarga de volume. Exames laboratoriais • - Urina tipo I; • - Uréia e Creatinina; • - Gases arteriais (gasometria). Outros exames • - Ultra-sonografia; • - Pielografia retrógrada; • raios-X simples do abdômen; • - Tomografia computadorizada; • - Arteriografia renal • biópsia renal. • Os pacientes portadores de insuficiência renal com oligúria, que não sejam tratados com rigor na fase inicial da doença, apresentam sobrecarga de volemia e, conseqüentemente, hipoxemia. • Cerca de 70% dos pacientes com IRA passam por uma fase oligúrica, tem duração média de 10 dias, sendo seguida por poliúrica, na qual o débito urinário atinge, em média, 1 a 3 litros por dia, com recuperação gradual de função renal. • Cerca de 30% dos pacientes com insuficiência renal aguda não apresentam fase oligúrica detectável. • Apesar de o débito urinário ser superior a 1 litro por dia, ocorre deterioração progressiva da função renal. TRATAMENTO • Durante a fase oligúrica, • o tratamento deve estar orientado no sentido de se minimizarem e corrigirem os distúrbios metabólicos: Controle de volemia • - Restrição hídrica; • - Peso diário; • - Administração de diurético (furosemida) como tentativa de transformar insuficiência renal oligúrica em poliúrica; • - Diálise peritonial Controle de distúrbios metabólicos • Correção dos níveis de uréia e creatinina elevados através de diálise peritonial • Suporte nutricional • - Dieta hipoproteica; • - Ingestão calórica adequada. Critérios para indicação de Diálise peritonial • - Controlar a expansão de volume do liquido extracelular; • - Controlar a azotemia e suas complicações; • - Controlar a hipercalcemia • - Permitir nutrição adequada; • - Ajustar a ingestão de líquidos para igualar o débito urinário. • Durante a fase poliúrica, o tratamento deve ser orientado no sentido de se evitar a excessiva depleção de líquidos e eletrólitos e controlar a diminuição dos metabólitos tóxicos (uréia e creatinina). INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC) • (IRC) • refere-se a um diagnóstico sindrômico de perda progressiva e irreversível da filtração glomerular. • É a falência renal ocasionada por uma patologia crônica, normalmente com evolução avançada. • costuma-se usar os qualificativos como: • leve, • moderada • grave ou terminal, • conforme o grau de diminuição da filtração glomerular. • O termo uremia • (anomalia que ocorre na IR, caracterizada por azotemia, anemia e diversos sintomas) é, usado quando surgem as manifestações clínicas da IRC. • Acredita-se que o estado urêmico seja o resultado do acúmulo de moléculas de diferentes pesos moleculares. • A redução da filtração glomerular na IRC ocorre após perda significativa da massa renal, determinando uma dificuldade de homeostasia do organismo. • À medida que o paciente perde a função renal, surgem as manifestações clínicas e laboratoriais da IRC Principais Manifestações Clínicas da IRC • - Iniciais: Manifestações clínicas mínimas ou ausentes • - Inespecíficas: Fadiga, anorexia, emagrecimento, prurido, náuseas e sonolência. • – Especificas: Anemia, hipertensão arterial, nictúria, hematúria, edema. • Freqüentemente, os pacientes procuram atendimento médico com quadro clínico relacionado às fases mais avançadas, ou seja, quando a filtração glomerular cai abaixo de 25 ml/min. • Na medida em que ocorre progressão da insuficiência renal, as conseqüências começam a manifestar-se, comprometendo vários sistemas, ocasionando sintomatologia variável, mas, em geral, progressiva Manifestações Séricas • - Uremia: Os sinais e sintomas de uremia são os aumentos visíveis dos níveis de U, Cr e K; sendo o tratamento dialítico. • - Creatinina: A creatinina é parcialmente secretada pelos túbulos renais, sua produção ocorre em nível muscular. • - Hiperpotassemia; • - Anemia: produção inadequada de eritropoetina; redução da vida das hemácias; deficiências nutricionais; e a tendência de o paciente apresentar sangramento, principalmente pelo trato gastrintestinal. • - Níveis Aumentados: De fósforo, ácido úrico, magnésio, colesterol e triglicerídeo. Manifestações Respiratórias: • - Insuficiência respiratória; • - Respiração de Kussmaul. Manifestações Urinárias: • - Isostenúria: Quando a urina apresenta densidade semelhante à do sangue; • - Nictúria: É freqüente na IRC devido à perda da capacidade de concentração urinária. Manifestações Digestivas: • - Anorexia: A uréia aumentada, ocasionando gosto de urina na boca, levando à anorexia; • - Náuseas, vômitos, diarréia; • - Diminuição do fluxo salivar, sede, perda do olfato e paladar. Manifestações Neurológicas: • - Crises convulsivas; • - Coma urêmico. Manifestações Radiológicas: • Rins diminuídos de tamanho (contraídos), • são constatados através de RX de abdome, ecografia, urografia excretora, tomografia computadorizada ou ultra-sonografia de rins e vias urinárias. • Quatro situações freqüentemente causam IRC sem provocar contração renal (pelo menos inicialmente): • diabetes melitos (Tipo I e II), hipertensão arterial, rins policísticos e glomerulopatias, pielonefrite. • Essas manifestações ocorrem em graus diferentes dependendo da gravidade, duração e causa da insuficiência renal. • A presença de 01(um) ou mais sinais podem não indicar um tratamento dialítico, é necessário um conjunto de exames. Diagnóstico diferencial entre insuficiência renal crônica e aguda • Não é possível estabelecer claramente, na abordagem inicial, a presença de doença crônica. • Nessa situação, a evolução e o acompanhamento do paciente serão esclarecedores. • Resolvidas às situações agudas e/ou emergênciais,aborda-se o diagnóstico etiológico. • São elementos importantes: • - a história (anamnese); • - o exame físico; • - exames laboratoriais (hemograma, plaquetas, urocultura, glicose, Na, K, Cl, CO2, Ca, fósforo e ácido úrico); • - a imagem renal(preferencialmente ecografia); • - sedimento urinário; • - a quantificação da proteinúria; • - a punção biópsia renal(eventualmente). HISTÓRICO DA DIÁLISE • 1837 – Thomas Grahan utilizou o termo diálise para o fenômeno de difusão de cristalóides através de membranas semipermeáveis. • 1913 – Desenvolvimento do rim artificial experimental em cães. • 1923 – Ganter realizou as primeiras tentativas de diálise peritoneal no ser humano. • 1926 – Na Alemanha, aconteceu a primeira diálise em humanos. O paciente era um jovem de 20 anos com IRC. • Ainda em 1926, iniciou-se a utilização da heparina purificada. • 1940 – Willin Kolf criou um rim artificial que consistia em uma tubulação de celofane colocada em espiral em torno de um tambor que girava com a metade sempre mergulhada em líquido de diálise. • 1960 – Quinton e Scribneu criaram o primeiro shunt arteriovenoso. • 1966 – Brescia Cimino, criação da fístula arteriovenosa UNIDADE DE DIÁLISE • Portaria n° 82/GM Em 03 de Janeiro de 2000. • Todo serviço de diálise deve ser assistido por uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e seguir as normas e rotinas por ela estabelecidas, conforme disposto na Portaria GM/MS n. º 2616, de 12 de Maio de 1998, ou instrumento legal que a substitua. • INFRA - ESTRUTURA FÍSICA • A Unidade de Diálise deve possuir, no mínimo, os seguintes ambientes para o desenvolvimento de suas atividades: • Área de registro (arquivo) e recepção de paciente; • Sanitários para pacientes de ambos os sexos; • Consultório médico; • Sala de recuperação de pacientes • Sala de tratamento hemodialítico, • Sala para Diálise Peritoneal ambulatorial contínua – DPAC; • Sala para Diálise Peritoneal intermitente – DPI, • Sala de reprocessamento de dialisadores de pacientes não contaminados por vírus de hepatite; • Sala de reprocessamento de dialisadores de pacientes não contaminados por vírus de hepatite C; • Posto de enfermagem e serviços; • Sala de utilidades; • Sala para o tratamento e reservatório de água tratada para diálise; • Depósito de material de limpeza; • Sala para armazenagem de concentrados, medicamentos e material médico hospitalar; • Sanitários para funcionários (ambos os sexos); • Copa; • Sala administrativa; • Área para guardar macas e cadeiras de rodas; • Vestiários de funcionários; • Abrigo reduzido de resíduos sólidos de serviços de saúde; • Área de processamento de roupa (lavanderia) ou contrato com serviços de terceiros, desde que estes serviços atendam aos requisitos mínimos exigidos. • Dentre os citados acima são considerados como opcionais: • Os serviços intra-hospitalares podem compartilhar os seguintes ambientes com outros setores do hospital, desde que estejam situadas em local próximo, de fácil acesso e possuam dimensões compatíveis: • - Área de registro (arquivo) e recepção de paciente; • - Sanitários um para os pacientes e um para os funcionários, (ambos os sexos); • - Depósito de material de limpeza • - Sala de utilidades; • - Copa; • - Sala administrativa; • - Área para guardar macas e cadeiras de rodas; • - Vestiário de funcionários; • - Abrigo reduzido de coleta de resíduos sólidos de serviços de saúde; • - Área de processamento de roupa. • O serviço deve contar com local apropriado para a guarda de pertences pessoais dos pacientes durante o turno de diálise. • As salas de hemodiálise, DPAC e DPI constituem-se em ambientes exclusivos que requerem iluminação e ventilação naturais e não podem servir de passagem ou circulação de acesso a qualquer outro ambiente que não pertença ao serviço. • As salas de tratamento hemodialítico devem possuir, nelas próprias ou em ambiente contíguo e de fácil acesso, lavatórios exclusivos ao uso de pacientes para a limpeza e higienização da fístula. • É obrigatória a existência de lavatórios para uso exclusivo da equipe de saúde, dotados de torneiras com dispositivos que permitam seu acionamento sem contato manual, devendo dispor de agente anti-séptico e recursos adequados para secagem das mãos. • As salas de DPAC e DPI devem ser providas de pias de despejos no próprio ambiente, ou em local anexo, para descarte dos resíduos líquidos. • As salas de reprocessamento de dialisadores devem ser contíguas e de fácil acesso às salas de tratamento hemodialítico. • O posto de enfermagem e serviços deve atender à relação de 01(um) posto de enfermagem para cada 25 poltronas/leitos nas salas de tratamento hemodialítico e de 01(um) posto de enfermagem para cada 08(oito) leitos para a sala de DPI, devendo possibilitar a observação visual total das poltronas/leitos. • A sala de tratamento e reservatório de água tratada para diálise deve constituir-se num ambiente exclusivo para esta atividade, é vedada sua utilização para qualquer outro fim. Deve dispor de acesso facilitado para sua operação e manutenção. • Os serviços de diálise devem possuir, pelo menos, 01(um) sanitário adequado ao uso de indivíduos portadores de deficiência ambulatória. • As paredes, pisos, tetos e bancadas do serviço de diálise devem apresentar acabamento liso, resistente, impermeável, lavável e de fácil higienização. • Os reservatórios de água tratada para diálise, quando imprescindíveis, devem ter as seguintes características: • - Constituídos de material opaco, liso, resistente, impermeável, de forma a não possibilitar a contaminação química e microbiológica da água, e a facilitar os procedimentos de limpeza e desinfecção; • - Possuir sistema de fechamento que impeça contaminações provenientes do exterior; • - Permitir o acesso para inspeção e limpeza; • - Possuir sistema automático de controle da entrada da água e filtro de nível bacteriológico no sistema de suspiro; • - Sistema de recirculação continua de água; • - Ser mantidos ao abrigo da incidência direta da luz solar. RECURSOS HUMANOS DO SERVIÇO DE DIÁLISE • Os serviços de Diálise devem possuir como Responsáveis Técnicos: • 01 médico nefrologista que responde pelos procedimentos e intercorrências médicas; • 01 enfermeiro, especializado em nefrologia, que responde pelos procedimentos e intercorrências de enfermagem; • Obs: médico e o enfermeiro só podem ser os Responsáveis Técnicos de um serviço de diálise. • Os médicos nefrologistas dos serviços de diálise devem ter o título de especialista ou certificado reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina. • O treinamento formal dos enfermeiros é comprovado por título conferido pela Sociedade Brasileira de Enfermagem ou por certificado de treinamento prático emitido pela mesma ou por serviço de treinamento reconhecido pelo Conselho Federal de Enfermagem. • Cada serviço de diálise deve ter a ela vinculada, no mínimo: • - 02(dois) médicos nefrologistas; - 02(dois) enfermeiros com treinamento formal em diálise; • - 02(dois) auxiliares ou técnicos de enfermagem; • - 01(um) funcionário, exclusivo para serviços de limpeza. • O programa de hemodiálise deve integrar no mínimo em cada turno os seguintes profissionais: • - 01(um) médico nefrologista para cada 35 pacientes; • - 01(um) enfermeiro para cada 35 pacientes; • - 01(um) auxiliar ou técnico de enfermagem para cada 04(quatro) pacientes por turno de Hemodiálise. • Todos os membros da equipe devem permanecer no ambiente de realização da diálise durante o período de duração do turno. • O programa de Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC) deve ser integrado por: - 01(um) médico nefrologista responsável; - 01(um) enfermeiro para cada 50(cinqüenta) pacientes. • O programa de Diálise Peritoneal Intermitente (DPI) deve ser integrado por: • - 01 médico nefrologista durante o dia, para avaliação dos pacientes e atendimentodas intercorrências, desde que não ultrapasse 35 pacientes; • - 01 médico para atendimento de urgências no período noturno para cada 35 pacientes; • - 01 enfermeiro, com treinamento em diálise para cada 35 pacientes, durante o dia; e 01 no período noturno; • - 01 auxiliar de enfermagem em todos os turnos, para cada 02(dois) pacientes, ou para cada 04(quatro), no caso de todos os postos de atendimento contarem com máquinas para diálise. Os procedimentos de diálise pediátrica, que abrangem a faixa etária de 0 a 12 anos completos, devem ser acompanhados por médicos nefrologistas pediátricos. • - Em municípios que não contem nefrologista pediátrico, o tratamento deverá ser acompanhado por um Pediatra, não sendo vinculado com o serviço de diálise; • - paciente pediátrico terá direito ao acompanhamento de um membro da família ou de um responsável durante o atendimento dialítico; • - A proporção de auxiliar ou técnico de enfermagem deve ser de 01(um) para cada 02(dois) pacientes por turno; Cada nefrologista pode prestar serviços em diferentes locais de serviços de diálise ou em diferentes turnos, desde que sua responsabilidade não ultrapasse o total de 50(cinqüenta) pacientes inscritos em programa de tratamento dialítico. • O serviço de diálise deve garantir aos pacientes a assistência profissional de nutricionista, assistente social, psicólogo ou psiquiatra, sempre que necessário. EQUIPAMENTOS • As máquinas de hemodiálise devem apresentar um desempenho que resulte na eficiência do tratamento e na minimização dos riscos para os pacientes e operadores. • Todos os equipamentos em uso no serviço de diálise devem estar limpos, em plenas condições de funcionamento e com todos os alarmes operando. • Para o controle da eficácia do processo de descontaminação do número de unidades formadoras de colônias, na solução para diálise colhida na saída da máquina ao final da sessão. • Este mesmo controle deve ser realizado sempre que ocorrem manifestações pirogênicas ou quadros de septicemia nos pacientes em hemodiálise. • Os equipamentos de hemodiálise devem estar devidamente isolados dos fluidos corporais do paciente mediante uso de isolador descartável de pressão, a fim de evitar a sua contaminação. • Os serviços de diálise devem possuir, no mínimo, 01(uma) máquina de hemodiálise de reserva. • O equipamento de reserva deve estar pronto para o uso ou efetivamente em programa de manutenção. • Os serviços de diálise devem dispor, em local de fácil acesso e em plenas condições de funcionamento, dos seguintes materiais e equipamentos para atendimento de emergência médica: • - Eletrocardiógrafo; • - Carro de emergência composto de monitor cardíaco e desfibrilador; • - Ventilador pulmonar manual (ambú com reservatório); • - Medicamentos para atendimento de emergências; • - Ponto de oxigênio ou cilindro com carrinho; • - Aspirador portátil; • - Material completo de intubação • A rotina de manutenção preventiva dos equipamentos deve obedecer à periodicidade e ao procedimento indicado pelos fabricantes dos mesmos, visando a garantir o seu funcionamento dentro dos padrões de projeto estabelecidos. • As intervenções realizadas nos equipamentos, tais como instalação, manutenção, troca de componentes e calibração, devem ser acompanhadas e/ou executadas pelo responsável técnico pela manutenção, documentadas e arquivadas. • As atividades de manutenção preventiva e de aferição dos monitores e alarmes devem ser registradas por escrito, com identificação do técnico responsável. PROCEDIMENTOS DO SERVIÇO DE DIÁLISE • Todo serviço de diálise deve estabelecer, por escrito, em conjunto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unidade, uma Rotina de Funcionamento, assinada pelo diretor clínico e enfermeiro responsável pelo serviço, compatível com as exigências técnicas previstas. • Todo serviço de diálise deve manter um prontuário para cada paciente, com todas as informações sobre o tratamento dialítico e sua evolução. • Os prontuários dos pacientes devem estar adequadamente preenchidos, de forma clara e precisa, atualizados, assinados e datados pelo médico responsável por cada atendimento. • Todo concentrado químico deve ser mantido armazenado em local adequado, ao abrigo da luz, calor e umidade, em boas condições de ventilação e higiene ambiental, e com controle do prazo de validade; • Os dialisadores e as linhas arteriais e venosas podem ser utilizadas para o mesmo paciente até 12(doze) vezes, quando utilizando máquina automática de reprocessamento que realize teste de integridade das fibras; - • Só podem ser reutilizados dialisadores que apresentem capilares construídos com material biocompatível; - • O reuso de dialisadores e das linhas não é permitido para os pacientes portadores de HIV; • - A utilização de um novo dialisador e linhas devem ser devidamente registradas e assinadas pelo paciente; • É obrigatória a medida do volume interno das fibras “priming” em todos os dialisadores antes do primeiro uso e após cada reuso, mantendo-se um registro dos dados referentes a todos os testes. • E devem ser registrados e assinados pelo responsável pelo processo, permanecer disponíveis para consulta dos pacientes. • A medida do volume interno das fibras deve ser feita por técnico treinado; • Todos os dialisadores e linhas reutilizáveis devem ser acondicionados separadamente em recipientes limpos, desinfectados, com identificação clara e precisa do nome do paciente, data da primeira utilização e grupo de reprocessamento, ou seja, dialisadores de pacientes sem Hepatite, com Hepatite B ou C; • Todos os funcionários, ao realizarem procedimentos nos pacientes, reprocessarem dialisadores e linhas ou manipular produtos químicos, devem estar devidamente protegidos com Equipamentos de Proteção Individual (EPI). • É obrigatória a divisão do pessoal que manipula pacientes por salas. A vacinação contra o vírus de hepatite B é obrigatória para todo o pessoal susceptível, equipe de saúde do serviço e para o pessoal que atua nas atividades de limpeza; Qualidade da Água QUALIDADE DA ÁGUA • A segurança do tratamento dialítico tem como um de seus determinantes a qualidade da água empregada no processo de diálise. • As diversas etapas do tratamento da água devem ser realizadas em sistemas especificados e dimensionados, de acordo com o volume e características da água que abastece o serviço de diálise. • A água utilizada na preparação da solução para diálise nos serviços deve ter a sua qualidade garantida em todas as etapas do seu tratamento, mediante o monitoramento dos parâmetros microbiológicos e físico-químicos, dos próprios procedimentos de tratamento. • A água de abastecimento dos serviços de diálise, independentemente de sua origem ou tratamento prévio, deve ser inspecionada pelo técnico responsável pela operação do sistema de tratamento de água do serviço. • A qualidade da água é de responsabilidade do diretor clínico do serviço de diálise ou de responsável técnico contratado para esta finalidade. • A verificação da qualidade bacteriológica deve ser, realizada toda vez que ocorrer manifestações pirogênicas ou quadros de septicemia nos pacientes. • Durante os procedimentos de manutenção e desinfecção do sistema de tratamento e distribuição da água tratada para diálise, deve ser colocado um alerta junto às máquinas de Hemodiálise, vedando sua utilização MÉTODOS DIALÍTICOS • Todo distúrbio do organismo que acarrete uma deficiência temporária ou irreversível na função renal, seja aguda ou crônica, comprometendo a manutenção da vida. • A perda total da função renal leva o indivíduo ao óbito, se não houver um tratamento que recupere o desequilíbrio. • Indica - se diálise, quando a função renal for menor que 5% a 10%, • deve ser tratado com três procedimentos: • diálise peritoneal, hemodiálise e transplante renal. • Destes três,a diálise peritoneal e a hemodiálise são as que podem ser classificadas como métodos dialíticos. • O tratamento baseia-se na síndrome de retenção de água e sal, além dos produtos do metabolismo humano que estes pacientes desenvolvem. • Os métodos dialíticos realizam a função de eliminar o excesso de água, solutas e excretas orgânicos mediante o contato da solução de diálise com o sangue, separadas por uma membrana semipermeável. • Portanto, podemos afirmar que jamais sangue e solução se misturam, mas apenas fazem suas trocas hidroeletrolíticas por meio da difusão e de ultrafiltração. • Na difusão ou condução, o fenômeno ocorre pela diferença de concentração, tendo interferência conforme o tamanho da molécula do soluto e do poro da membrana e a concentração do soluto nos meios. • Na ultrafiltração, a água passa para a solução mais concentrada, carregando consigo o soluto de tamanho compatível com o do poro da membrana envolvida. • A diálise peritoneal intermitente, conhecida como a primeira forma descrita de terapêutica de substituição dos rins, e a hemodiálise intermitente representa os métodos clássicos mais utilizados para o tratamento da IRA em unidade de terapia intensiva. • Novas técnicas de diálise, como a hemodiálise lenta contínua, entre outras, tem sido descritas nos últimos anos, sendo cada vez mais utilizadas em pacientes hemodinamicamente instáveis. • Ressaltamos apesar de inúmeros relatos positivos destas novas modalidades dialítica sobre a mortalidade de pacientes com IRA, não há ainda consenso definitivo quando à superioridade sobre os métodos convencionais. MÉTODOS DIALÍTICOS (TRATAMENTO da IRA) • Métodos intermitentes • Diálise peritoneal intermitente (DPI) • Hemodiálise intermitente (HI) • Métodos contínuos DP ambulatorial contínua (DPAC) • DP cíclica contínua (DPCC) ou DP automática (DPA) • Ultrafiltração contínua lenta Hemofiltração A-V contínua • Hemofiltração V-V contínua • Hemodiálise A-V contínua • Hemodiálise V-V contínua • Hemodiafiltração A-V contínua • Hemodiafiltração V-V contínua • A-V(arteriovenosa) V-V(veno-venosa) TIPOS DE MÉTODOS DIALÍTICOS • DIÁLISE A diálise é um processo utilizado para remover líquido e produtos do metabolismo do corpo quando os rins são incapazes de faze-lo. • Seus objetivos são manter a vida e o bem estar do paciente até que a função renal seja restabelecida. • Na diálise, moléculas de soluto difundem-se através de uma membrana semipermeável, passando do lado da maior concentração para aquele de menor concentração. • Os líquidos atravessam a membrana semipermeável através de osmose ou ultrafiltração (aplicação de pressão externa à membrana). • A diálise é utilizada na insuficiência renal para remover substâncias tóxicas e produtos do metabolismo normalmente excretados por rins saudáveis e no tratamento de pacientes com edema intratável (não responsivo ao tratamento), coma hepático, hiperpotassemia, hipertensão e uremia. • A diálise aguda é indicada quando há um elevado e crescente nível de potássio sérico, sobrecarga hídrica ou edema pulmonar, acidose, pericardite e confusão mental grave. • Também pode ser utilizada para remover determinadas drogas ou outras toxinas (envenenamento ou superdosagem de drogas). • A diálise crônica ou de manutenção é indicada na IRC (doença renal terminal) e nas seguintes circunstâncias: ocorrência de sinais e sintomas urêmicos afetando todos os sistemas corporais (náuseas e vômitos, anorexia grave, letargia e confusão mental), elevação do nível sérico de potássio, sobrecarga hídrica que não responde aos diuréticos e restrição hídrica e uma ausência geral de bem- estar. • A decisão de iniciar diálise deve ser tomada após discussão cuidadosa entre o paciente, a família e o médico. • Aspectos críticos estão associados com a necessidade de diálise e geralmente requerem alterações drásticas no estilo de vida. • A enfermeira pode ajudar o paciente e a família respondendo a suas perguntas, esclarecendo informações e apoiando sua decisão. Diálise Peritoneal • A diálise peritoneal remove os líquidos mais lentamente do que outras formas de diálise. • Na DP, a superfície do peritôneo, atua como a superfície de difusão. • Um líquido de diálise estéril apropriado (dialisador) é introduzido, por meio de um cateter abdominal, na cavidade peritoneal periodicamente. • A uréia e a creatinina, são removidas (depuradas) do sangue por difusão e osmose à medida que as escórias passam de uma área de alta concentração (suprimento sangüíneo peritoneal) para uma área de baixa concentração (cavidade peritoneal) através de uma membrana semipermeável (a membrana peritoneal). • A creatinina é removida mais lentamente, que a uréia. • Geralmente são necessárias 36 a 48h para atingir com a diálise peritoneal o que a hemodiálise realiza em 6 a 8h. • A diálise peritoneal pode ser intermitente (várias vezes por semana, cada 6 a 48h) ou contínua. • A diálise peritoneal contínua proporciona uma lenta remoção do líquido, o que é considerado uma de suas vantagens. • Portanto, os pacientes com diabetes ou doença cardiovascular, vários pacientes idosos e aqueles que podem correr risco de efeitos colaterais com o uso sistêmico de heparina são candidatos a diálise peritoneal para o tratamento de sua insuficiência renal. • Além disto, a hipertensão grave, a insuficiência cardíaca congestiva e o edema pulmonar que não respondem aos regimes de tratamento habituais foram tratados com sucesso por diálise peritoneal. Preparação do Paciente para Diálise Peritoneal • O paciente submetido a uma diálise peritoneal pode apresentar doença aguda, exigindo portanto tratamento a curto prazo para corrigir distúrbios graves do estado hidroeletrolítico ou pode ser submetido a um dentre vários tratamentos. • Portanto, o preparo para diálise peritoneal depende da condição física e psicológica do paciente, nível de vigília, experiência prévia com diálise e compreensão e familiaridade com o procedimento, esse procedimento é explicado ao paciente e obtido um consentimento assinado. • Quando não for possível pelo paciente, deve ser por um membro da família. Preparação do Equipamento para Diálise Peritoneal • Além de reunir o equipamento para diálise peritoneal, a enfermeira consulta o médico para determinar a concentração do dialisador a ser usado e os medicamentos a serem adicionados ao dialisado. • A heparina pode ser adicionada para evitar formação de coágulos de fibrina e conseqüente oclusão do cateter peritoneal. • O cloreto de potássio pode ser prescrito para prevenir a hipocalcemia. • Podem ser adicionados antibióticos para tratar a peritonite. • Antes da adição destes medicamentos, o dialisador é aquecido até atingir a temperatura corporal, para prevenir o desconforto e a dor abdominal e para aumentar a depuração de uréia através da dilatação dos vasos do peritônio. • Soluções muito frias poderão causar dor e vasoconstrição e reduzir o clearence (avalia o desempenho da função excretora renal). • As soluções muito quentes irão queimar o peritônio. O equipamento de aquecimento deve ser monitorado cuidadosamente para assegurar de que a temperatura desejada foi alcançada. Solução de diálise • A solução de diálise peritoneal apresenta as seguintes características: • - Armazenagem - embalagens de plástico transparente, que comportam 1; 1,5; 2; 2,5; 3 ou 6 litros da solução estéril . • - Composição – elementos eletrolíticos, dextrose . Utilizado para o aumento temporário da volemia, como diuréticos e outros fins) ou glicose, e água. • - Concentração - atualmente encontram-se concentrações de 1,5%, 2,5%, 4,25% e 7%. A porcentagem é calculada a partir da concentração de glicose na solução. • - pH – os preparados possuem um pH por volta de 3,5, ou seja, um pH ácido, para impedir a caramelização da glicose. • - Temperatura - ao infundir deve-se manter a soluçãode diálise em temperatura ambiente ou aquecida, próxima da temperatura corpórea. Para esse aquecimento são utilizadas estufas, forno de microondas ou placas aquecidas (evitar banho-maria /exceto quando contar com um termostato). • - Aplicação – com cateteres especiais e equipo de diálise composta de duas conexões: uma para o paciente e outra para a drenagem. • - Uso de drogas na solução - deve-se adicionar heparina na solução para evitar a obstrução do cateter por presença de coágulos ou fibrinas. • Quando ocorre obstrução, pode-se usar estreptoquinase (enzima catalítica, ativa o sistema fibrinolítico presente no sangue) ou uroquinase para a retirada do coágulo. Em casos de peritonite, é comum o uso de antibiótico. Vias de acesso • Existem basicamente dois tipos de cateteres peritoneais: • os agudos (rígido ou temporário) e • os crônicos (flexível - Tenckoff ou permanente). • Feito por punção percutânea peritoneal, com a colocação de cateter rígido ou temporário e cateter flexível (Tenckoff) ou permanente. Cateter agudo (rígido ou temporário) • Para acesso temporário, o cateter mais usado é o cateter rígido, reto ou ligeiramente curvo, com diversos orifícios laterais na extremidade distal, trazendo em seu interior um fio-guia de metal. • Este cateter não deve permanecer mais de 48h, mas às vezes é removido no máximo em três dias de uso consecutivo, pois o risco de infecção aproxima-se de 100%. • Em alguns casos, põe-se em seu lugar uma prótese chamada prótese de Deane, para se manter o orifício abdominal aberto para a instalação de nova diálise peritoneal. • Este tipo é utilizado em DPI. Cateter crônico (flexível - Tenckoff ou permanente) • Para aceso permanente, o mais usado é o cateter flexível ou cateter de Tenckoff. • É um cateter de borracha siliconizada, com um ou dois cuffs. • Como o agudo, é composto de diversos orifícios lateralizados na porção distal. • Sua instalação se dá por processo cirúrgico usando anestesia local, o que diminui o risco de infecção. • Estes cateteres podem permanecer indefinidamente, podendo ser aproveitado em casos de cronificação da IRA na diálise peritoneal ambulatorial contínua – CAPD. • Pré-Implantação do cateter peritoneal • a) Recebimento do paciente na Unidade: • - Preparo psicológico do paciente e familiares; • - Cateterismo vesical (ACM); • - Verificar peso, altura, parâmetros vitais(T,P,PA,R) e glicemia digital; • - Tricotomia da região abdominal; • - Não há necessidade de jejum; • - Assepsia da região abdominal; • - Colocar o paciente no leito em decúbito dorsal. • b) Preparo da Unidade e do Material para recebimento do paciente. • c) Bandeja para implantação do Cateter Peritoneal. • Durante a Implantação do Cateter Rígido ou do Cateter de Tenckoff – • Solicitar a colaboração do paciente; • - Reorientar o paciente sobre o procedimento; • - Escovar a região abdominal na linha média do abdome, com PVPI degermante por cinco minutos (antes da passagem do cateter); • - Auxiliar o nefrologista ou cirurgião na montagem da mesa e do campo cirúrgico, durante todo o procedimento. • Após a Implantação do Cateter Rígido ou do Cateter de Tenckoff • - Coletar amostra do líquido ascítico antes da infusão e após o último banho, para exames de rotina (cultura e citológico quantitativo); • - Fazer curativo compressivo para fixação do cateter peritoneal; • - Anotar início da infusão e drenagem em impresso próprio; • - Observar e relatar aspecto do banho drenado: • a) Líquido hemorrágico • – reavaliar a quantidade de heparina, evitando obstrução do cateter, a critério médico. • b) Líquido turvo • – diminuir o tempo de permanência da solução de diálise; fazer banhos contínuos frios até clareamento do líquido drenado; administrar antibióticos (cpm). • c) Líquido escuro – interromper a infusão; aguardar conduta médica; administrar antibióticos (cpm); manter o paciente aquecido e confortável. Complicações: • - Perfuração de vísceras; • - Sangramento; • - Obstrução do cateter; • - Dificuldade na infusão e na drenagem; Peritonite • - – a mais comum e a mais grave, ocorre em 60 a 80% dos pacientes submetidos em DP. • Para reduzir o risco de peritonite, tem-se um cuidado meticuloso para evitar a contaminação do cateter, líquido ou tubo e a desconexão acidental do cateter do tubo. • O cateter é protegido da manipulação e o local de entrada é cuidadosamente tratado conforme o protocolo padronizado. • Os sinais e sintomas: dor abdominal, febre, náuseas, vômitos e diarréia; - Alterações eletrolíticas e hiperglicêmicas;. • - Hipovolemia – decorre da perda excessiva de líquidos através de vômitos, diarréia; • - Hipervolemia com sinais de sobrecarga hídrica cardiopulmonar – o paciente ingere uma quantidade de líquido e sódio maior que a sua capacidade de eliminação. Sinais e sintomas: hipertensão, dispnéia e anasarca; • - Hérnias abdominais – resultantes do aumento constante de pressão intra-abdominal; • - Alterações pulmonares; • - Extravasamento – trocar os curativos ao redor do trocarte; ter cuidado para não desalojar o cateter. O extravasamento ao redor do cateter predispõe à peritonite. • - Doença cardiovascular – permanece como a maior causa de morte; • - Riscos de infecção – o controle de infecção é essencial e alta, a infecção do local de acesso e a pneumonia são as mais comuns Técnica da Diálise Peritoneal • a) Passagem do cateter peritoneal, com técnica asséptica. • Material necessário: • - Anti – sépticos; - Adesivo poroso para curativo oclusivo (10cm); - Bisturi com lâmina pontiaguda; - Campo fenestrado e campos simples; - Cateter de diálise; - Equipo de diálise; - Fio para sutura (algodão); - Gazes; - Frascos para drenagem (esterilizados); - Instrumental para pequena cirurgia; - Seringa (10ml) e agulhas; - Trocarte; - Xylocaína a 2% sem vasoconstritor. • A introdução do cateter de diálise, feita pelo médico, é precedida de alguns cuidados de enfermagem: • - Pesagem do paciente, com registro do dado obtido; - Tricotomia abdominal (regiões supra e infra-umbilicais); - Anti-sepsia da pele (área tricotomizada) com um composto iodado, durante dois minutos (escavação), dando-se especial atenção à cicatriz umbilical; - Esvaziamento da bexiga (micção espontânea ou cateterismo vesical). • Ao médico é oferecido paramento cirúrgico, após a degermação das mãos, feita já com o uso de máscara facial e gorro: avental e luvas esterilizados. A fixação do cateter é feita com um ponto na área de inserção, seguida de curativo oclusivo.