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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA 
NÚCLEO DE PESQUISA DE FUNDAMENTOS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM – 
NUCLEARTE 
 
 
ESTILOS DE CUIDAR NA TERAPIA INTENSIVA EM FACE 
DAS TECNOLOGIAS: UMA CONTRIBUIÇÃO À CLÍNICA 
DO CUIDADO DE ENFERMAGEM 
 
 
 Rafael Celestino da Silva 
 
 
Rio de Janeiro 
AGOSTO- 2012 
 
 
 
RAFAEL CELESTINO DA SILVA 
 
 
ESTILOS DE CUIDAR NA TERAPIA INTENSIVA EM FACE DAS 
TECNOLOGIAS: UMA CONTRIBUIÇÃO À CLÍNICA DO CUIDADO 
DE ENFERMAGEM 
 
 
Tese de Doutorado* apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação e Pesquisa 
da Escola de Enfermagem Anna Nery- 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Doutor em 
Enfermagem. 
 
 
Orientadora: 
Profª. Drª. Márcia de Assunção Ferreira 
 
 
 
Rio de Janeiro 
AGOSTO- 2012 
*Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq 
através de bolsa doutorado sanduíche na Université de Provence-França (Laboratoire de Psychologie 
sociale), sob tutoria do Prof.º Dr.º Thémis Apostolidis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SILVA, Rafael Celestino. 
 Estilos de cuidar na terapia intensiva em face das tecnologias: 
uma contribuição à clínica do cuidado de enfermagem. / Rafael Celestino da 
Silva. Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2012. 
 xiv, 266 f: il; 31 cm. 
 
 Orientadora: Márcia de Assunção Ferreira. 
 Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade Federal do 
Rio de Janeiro – UFRJ - Escola de Enfermagem Anna Nery – EEAN - 
Programa de Pós Graduação e Pesquisa em Enfermagem, 2012. 
 Referências Bibliográficas: f. 250-260. 
 
 1. Tecnologia biomédica. 2. Unidades de Terapia Intensiva. 3. 
Enfermagem. 4. Cuidados de Enfermagem. 5. Psicologia social - Tese. I 
Ferreira, Márcia de Assunção. II Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-Graduação e 
Pesquisa em Enfermagem. III Título 
 CDD: 610.73 
 
 CDD: 
 
 
ESTILOS DE CUIDAR NA TERAPIA INTENSIVA EM FACE DAS 
TECNOLOGIAS: UMA CONTRIBUIÇÃO À CLÍNICA DO CUIDADO DE 
ENFERMAGEM 
 RAFAEL CELESTINO DA SILVA 
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa da 
Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Enfermagem. 
APROVADA POR: 
_________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Márcia de Assunção Ferreira – Presidente 
________________________________________ 
Prof.º Dr.º Luiz Fernando Rangel Tura - 1º Examinador 
________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Angela Arruda - 2ª Examinadora 
________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Mara Ambrosina de Oliveira Vargas - 3ª Examinadora 
________________________________________ 
Prof.º Dr.º Marcos Antônio Gomes Brandão - 4º Examinador 
________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Ana Beatriz de Azevedo Queiroz - Suplente 
________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Lolita Dopico da Silva - Suplente 
 
Rio de Janeiro 
AGOSTO- 2012 
 
 
 
 Terraço do café na Place du Forum (Arles-sul da França)-Van Gogh 
 
 DEDICATÓRIA 
 
 “Não sei se viajei nos seus sonhos, se sonhei 
 seus desejos, mas aqui cheguei, guiado pelo 
 amor que vocês me impulsionaram. Porém, se 
 algum dia sentir que a terra cede a meus pés, 
 que minhas conquistas desmoronam, que não 
 há ninguém para me estender a mão, esquecerei 
 a maturidade, passarei pela mocidade, voltarei 
 à infância e chamarei por vós, meu pai, minha mãe!!" 
 Dedico essa tese a vocês!! 
 
 
 
 
 Agradecimentos............ 
 
-Agradeço em primeiro a Deus por esta etapa concluída, de onde recebi força quando sentia-me 
fraco, e apoio quando pensava em desistir. “Porque dele, por ele e para ele são todas as 
coisas”! 
-A minha “quase-esposa” Alanna Fersi, com quem divido uma vida “quase-matrimonial”. Você 
é o meu aconchego e meu porto-seguro aqui no Rio de Janeiro. “Na alegria e na tristeza” você 
faz parte dessa tese! Amo muito..... 
-Prof.ª Márcia de Assunção Ferreira, 
Querida orientadora e amiga, ainda lembro do nosso primeiro encontro nos corredores do 
subsolo do Centro de Ciências da saúde, quando conversávamos as primeiras ideias para uma 
pretensa pesquisa de mestrado. Quase 6 anos se passaram e hoje estou aqui defendendo uma 
tese de doutorado sob sua orientação. Muitas histórias aconteceram, horas de trabalho, viagens 
juntos, dificuldades pessoais, provas de concurso e até na França acabei indo parar!!! Assim, 
não tenho como deixar de agradecer o carinho e a confiança sempre em mim depositada. Você 
sabe e não canso de ressaltar a admiração que tenho por ti, pois para mim és a titular das 
titulares, exemplo de competência e ética. 
Muito idealizei para este momento, construído com muita dedicação e esforço. Enfim ele chegou! 
Agradeço a você por te me desafiado a atravessar essa estrada e ter me conduzido pelos 
melhores caminhos!! 
-Aos meus familiares e amigos, de perto e de longe, que ansiosos e alegres aguardavam a 
realização deste momento tão especial.....Gostaria de dizer a vocês: “......que ainda há tempo, 
para trocar o silêncio pelo sorriso, os punhos fechados pelos braços abertos, para dispensar a 
distância e acolher a cumplicidade, ainda há tempo....porque temos a vida inteira para 
continuarmos amigos....”!! 
 
 
-Ao Prof.º Dr.º Thémis Apostolidis da Université de Provence, pelo carinho com que me recebeu 
em Aix-Marseille e pelos ensinamentos teóricos, fundamentais no processo de desenvolvimento 
da pesquisa. Sua presteza e receptividade foram os ingredientes para o sucesso do estágio 
sanduíche. Saiba que a este período devo um grande progresso pessoal e profissional. Não 
esquecerei também os belos encontros franceses, sempre alegres, divertidos e regados a bons 
vinhos; 
-Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq, pelo financiamento 
que possibilitou 6 meses de intercâmbio científico e cultural na Europa, de grande importância 
para meu desenvolvimento acadêmico; 
-Aos colegas do Laboratoire de Psychologie sociale, em especial Lionel Dany, Séverin Guignard 
e Anna Liguouri, pelo compartilhamento de experiências e conhecimento diários. Aos colegas 
brasileiros Renata Aléssio, Filipe Aléssio e Lenira Haddad, que me acolheram e foram 
verdadeiros amigos durante a estada na França, neste desafio de estar longe de casa; 
-À chefia do Departamento de Enfermagem Fundamental- DEF/EEAN, na pessoa da Prof.ªLúcia Helena Corrêa Lourenço, que não mediu esforços para a realização de todos os trâmites 
necessários à efetivação do estágio sanduíche. Muito Obrigado!! Agradeço também ao Corpo 
deliberativo do DEF pelo incentivo constante à qualificação profissional e acadêmica, 
fornecendo meios e recursos ao aperfeiçoamento docente; 
-À diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery, Prof.ª Neide Aparecida Titonelli Alvim, 
pelo apoio ao intercâmbio científico na França, e nos trâmites acadêmicos envolvidos na sua 
ocorrência; 
-Ao NUCLEARTE, pela possibilidade de realização do estudo alinhado a uma de suas linhas 
de pesquisa; 
-Aos professores do Programa Curricular Interdepartamental VII, Juliana Faria Campos, 
Marta Sauthier, Graciele Oroski e Flávia Pacheco pela parceria e ajuda frente às demandas 
das atividades profissionais vinculadas à disciplina; 
-Às alunas de graduação em enfermagem, Zaira Andressa e Rute Almeida pela ajuda 
primordial no processo de transcrição das entrevistas que integram a pesquisa; 
-Agradeço ainda, em especial e com muito carinho aos meus alunos, fonte de inspiração e 
energia na busca constante por uma Enfermagem- ciência e arte- de vanguarda. 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
SILVA, Rafael Celestino. Estilos de cuidar na terapia intensiva em face das 
tecnologias: uma contribuição à clínica do cuidado de enfermagem. Rio de 
Janeiro, 2012. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna 
Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia 
de Assunção Ferreira 
 
A problemática do estudo em tela situa-se nos indicativos de existência de duas 
perspectivas/linhas condutoras da ação da enfermeira na terapia intensiva junto ao 
cliente que se utiliza do maquinário, o “cuidado tecnológico” e a “ação tecnológica”, 
as quais trazem implicações diretas na assistência de enfermagem prestada. Neste 
sentido, levanta-se o pressuposto de que a tecnologia (maquinário) inerente aos 
ambientes de terapia intensiva possa estar orientando a formação de estilos de 
cuidar na enfermagem. Objetivou-se identificar as representações sociais de 
enfermeiras que atuam na terapia intensiva sobre as suas práticas de cuidado, face 
à tecnologia; descrever os elementos que integram as práticas de cuidado das 
enfermeiras intensivistas, à luz de suas RS; analisar as práticas de cuidado das 
enfermeiras tendo em vista suas RS sobre tais práticas. Pesquisa de campo, do tipo 
descritivo-explicativa, de abordagem qualitativa e cunho etnográfico, com aplicação 
da Teoria das Representações Sociais. O campo de estudo foi um hospital federal 
localizado no município do Rio de Janeiro, e o lócus foi a Unidade de Terapia 
Intensiva. Os participantes foram 21 enfermeiros, 17 mulheres e 04 homens 
atuantes diretamente na assistência ao cliente internado na UTI. Os dados foram 
coletados através de observação etnográfica e entrevista individual. Os dados 
provenientes das entrevistas foram analisados através do software Alceste, e da 
técnica de análise de conteúdo temático, enquanto aqueles oriundos dos registros 
de observação passaram por análise etnográfica. Evidencia-se que as práticas de 
cuidado no CTI se apresentam como um fenômeno complexo, o qual gera 
representações sociais nas seguintes dimensões: tecnologia, paciente e trabalho. 
Tais dimensões compõem uma rede de significados articulados que abarcam o 
sentido funcional da tecnologia aplicada ao CTI; os afetos produzidos pelo paciente 
no profissional e a imagem do paciente ideal organizada durante a formação; a 
experiência subjetiva do trabalhador. A maneira como tais representações se 
elaboram dá forma a dinâmica da prática dos sujeitos frente o objeto, a qual, 
considerando seus aspectos constituintes, delimita estilos de cuidar. Defende-se, 
portanto, a tese de que a tecnologia orienta a organização de estilos de cuidar das 
enfermeiras na terapia intensiva - cuidado e ação tecnológica, que se constroem e 
se reconstroem no cotidiano da assistência, onde estão o cliente hospitalizado e o 
contexto do trabalho, os quais, por sua vez, influenciam nos sentidos atribuídos por 
tais profissionais às suas práticas, permitindo-os elaborarem e (re)elaborarem os 
seus modos de fazer profissional em face das tecnologias, e constituindo, por fim, 
 
 
uma clínica que responde pela especificidade da terapia intensiva. Estes resultados 
alcançados contribuem para a geração potencial de políticas públicas acerca da 
contratação de pessoal para atuar no CTI, e reforçam a importância do perfil 
profissional congruente ao cenário por ocasião desta contratação, alinhando-se às 
exigências da especialização do conhecimento. Além disso, suscitam intervenções 
voltadas à mudança no modelo de organização da assistência de enfermagem, e a 
formação permanente das enfermeiras intensivistas. Recomenda-se ainda maior 
investimento em ações da Política Nacional de Humanização que valorizem a 
enfermeira como (co)partícipe do processo de saúde. 
Palavras-chave: Enfermagem. Cuidados de enfermagem. Tecnologia biomédica. 
Unidades de Terapia Intensiva. Psicologia social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
SILVA, Rafael Celestino. Different Styles of care in intensive therapy facing the 
technology: a contribution to the clinical in nursing care. Rio de Janeiro, 2012. 
Thesys (Doctorate in Nursing) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, 2012. Advisor: Prof.ª Dr.ª Márcia de Assunção Ferreira. 
 
The issue of the study on a screen is situated in the indicatives of the existence of 
two perspectives/conductive lines of the nurse actions when applying an intensive 
therapy to the patient who uses the machinery, the “technological care” and the 
“technological action”, which bring direct implications to the nursing care provided. In 
this sense, it comes up the presumption that the technology (machinery) inherent to 
the intensive therapy environment may be guiding the formation of care styles in 
nursing. The objective was to identify the social representations (SR) of nurses that 
work with intensive therapy, their care practices, facing the technology; describe the 
elements that integrate the care practices from the intensivists nurses, according to 
their SR; analyze the care practices from the nurses based on their SR about such 
practices. Field research was descriptive-explanatory, with a qualitative and 
ethnographic approach, based on the Social Representations Theory. The field study 
was a federal hospital located in the municipality of Rio de Janeiro, and the locus 
was the Intensive Care Unit. The subjects were 21 nurses, 17 women and 4 men that 
provide directly the care to the patient at the ICU. Data were collected through the 
ethnographic observation and individual interview. The data from the interviews were 
analyzed through the Alceste software, and the technique of thematic content 
analysis, while those from the records of observation passed by ethnographic 
analysis. It is evident that the practices of care in the ICU are presented as a 
complex phenomenon, which generates social representations in the following 
dimensions: technology, patient and work. Such dimensions are composed by a 
network of meanings articulated covering the functional sense of the technology 
applied to the ICU; affections produced by the patient at the professional and image 
of the ideal patient organized during the training; the subjective experience by the 
worker. The way such representations are elaborated shapes the dynamics of the 
practice from the subjects facing the object, which, considering their constituents 
aspects, delimit care styles. It is argued, therefore, the thesis that technology guides 
the organization of carestyles by the nurses at intensive therapy – care and 
technological action that are constructed and reconstructed on an everyday care, 
where the patient is hospitalized and the context of work, which, on the other hand, 
influence the meanings attributed by these professionals to their practices, allowing 
them to develop and (re) develop their ways of training a professional facing the 
technologies, and building, finally, a clinic that is responsible for the specificity of 
intensive therapy. These reached results contribute to a potential generation of public 
policies regarding the hiring of personnel to work at ICU, and reinforce the 
 
 
importance of a professional profile congruent to the scenario due to this hiring and 
aligning itself to the demands in specialization of knowledge. Besides, interventions 
come up focused to the change of the organization format in nursing care, and the 
permanent training for intensivists nurses. It is also recommended a higher 
investment in actions of National Humanization Policy that give the proper value to 
the nurse as (co) participant in the health process. 
Keywords: Nursing. Nursing Care. Biomedical Technology. Intensive Care Units. 
Social Psychology. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMEN 
 
SILVA, Rafael Celestino. Estilos de cuidar en terapia intensiva frente a las 
tecnologías: una contribución a la clínica del cuidado de enfermería. Rio de 
Janeiro, 2012. Tesis (Doctorado en Enfermería) - Escola de Enfermagem Anna Nery, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia de 
Assunção Ferreira 
 
La problemática del estudio en evidencia se sitúa en los indicativos de existencia de 
dos perspectivas/líneas conductoras de la acción del enfermero en la terapia 
intensiva junto al cliente que se utiliza de la maquinaria: el “cuidado tecnológico” y la 
“acción tecnológica”. Ambas las perspectivas poseen implicaciones directas en la 
asistencia de enfermería prestada. En este sentido, se acrecienta la premisa de que 
la tecnología (maquinaria) inherente a los ambientes de terapia intensiva pueda 
estar orientando la formación de estilos de cuidar en la enfermería. Se objetivó 
identificar las representaciones sociales de enfermeros que actúen en la terapia 
intensiva sobre sus prácticas de cuidado delante de la tecnología; describir los 
elementos que integran las prácticas de cuidado de las enfermeras intensivistas, a la 
luz de sus RS; analizar las prácticas de cuidado de los enfermeros teniendo en 
cuenta sus RS sobre tales prácticas. Se trata de una investigación de campo, del 
tipo descriptivo-explicativa, de abordaje cualitativo y cuño etnográfico, con aplicación 
de la Teoría de las Representaciones Sociales. El campo de estudio fue un hospital 
federal localizado en el municipio de Rio de Janeiro, y el locus fue la Unidad de 
Terapia Intensiva (UTI). Los participantes fueron 21 enfermeros, 17 mujeres y 04 
hombres, que actuaban directamente en la asistencia al cliente ingresado en la UTI. 
Los datos fueron recolectados por medio de observación etnográfica y entrevista 
individual. Los datos provenientes de las entrevistas fueron analizados por el 
software Alceste y por la técnica de análisis de contenido temático, mientras 
aquellos originarios de los registros de observación pasaron por análisis etnográfico. 
Evidenciase que las prácticas de cuidado en el CTI se presentan como un fenómeno 
complejo, el cual genera representaciones sociales en las siguientes dimensiones: 
tecnología, paciente y trabajo. Tales dimensiones componen una red de significados 
articulados que combinan el sentido funcional de la tecnología aplicada al CTI; los 
afectos producidos por el paciente en el profesional y la imagen del paciente ideal 
organizada durante la formación; la experiencia subjetiva del trabajador. El modo 
como tales representaciones se elaboran da la forma a la dinámica de la práctica de 
los sujetos frente al objeto, la cual, considerando sus aspectos constituyentes, 
delimita estilos de cuidar. Se defiende, por lo tanto, la tesis de que la tecnología 
orienta la organización de estilos de cuidar de los enfermeros en la terapia intensiva 
– cuidado y acción tecnológica, que se construyen y se reconstruyen en el cotidiano 
de la asistencia, donde están el cliente hospitalizado y el contexto del trabajo, los 
 
 
cuales, por su parte, influencian en los sentidos atribuidos por tales profesionales a 
sus prácticas, permitiéndolos elaborar y (re)elaborar sus maneras de hacer 
profesional frente a las tecnologías, y constituyendo, por fin, una clínica que 
responde por la especificidad de la terapia intensiva. Estos resultados alcanzados 
contribuyen para la generación potencial de políticas públicas sobre la contratación 
de personal para trabajar en el CTI, y refuerzan la importancia del perfil profesional 
congruente al escenario por ocasión de esta contratación, alineándose a las 
exigencias de la especialización del conocimiento. Además de eso, suscitan 
intervenciones vueltas al cambio en el modelo de organización de la asistencia de 
enfermería, y la formación permanente de los enfermeros intensivistas. Se 
recomienda aún mayor inversión en acciones de la Política Nacional de 
Humanización que valoren el enfermero como (co)partícipe del proceso de salud. 
Palabras clave: Enfermería. Atención de enfermería. Tecnología biomédica. 
Unidades de Terapia Intensiva. Psicología Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Págs. 
CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 15 
1.1 O começo.................................................................................................. 16 
1.2 Tecnologia e práticas de cuidado da enfermagem na terapia 
intensiva......................................................................................................... 
 
18 
1.3 Focalizando as práticas de cuidado da enfermagem na terapia 
intensiva como objeto de representação social........................................ 
 
21 
1.4 Questões norteadoras............................................................................ 27 
1.5 Objetivos.................................................................................................. 
1.6 Relevância e Contribuições do estudo ................................................ 
28 
 29 
 
CAPÍTULO 2 BASES TEÓRICO-CONCEITUAIS 33 
2.1 Sobre a ideia dos estilos de cuidar na enfermagem: uma 
aproximação inicial em vista à clínica do cuidado..................................... 
 
34 
2.1.1 O estilo nos campos do saber............................................................. 34 
2.1.2 Dos estilos de cuidar à clínica do cuidado de enfermagem............. 39 
2.2 A tecnologia no ambiente da terapia intensiva e a emergência de 
estilos de cuidar que conformariam uma clínica....................................... 
 
48 
2.2.1 O ponto de partida: o significado do termo tecnologia em saúde e 
suas relações com a terapia intensiva........................................................ 
 
48 
2.2.2 A chegada: a tecnologia e as dimensões subjetivas e objetivas 
do cuidado de enfermagem – os estilos..................................................... 
 
52 
2.3 A teoria das representações sociais..................................................... 58 
 
CAPÍTULO 3 REFERENCIAL METODOLÓGICO 63 
3.1 Tipo de estudo ........................................................................................ 64 
3.2 Campo de pesquisa................................................................................. 65 
3.3 Participantes da pesquisa...................................................................... 67 
3.4 Produção dos dados...............................................................................67 
3.5 Análise dos dados .................................................................................. 72 
3.6 Aspectos éticos ...................................................................................... 80 
 
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
4.1 Dados sociodemográficos...................................................................... 
4.2 Análise textual através software Alceste (parte I)................................ 
4.2.1 O sentido da tecnologia na terapia intensiva e a organização dos 
estilos de cuidar............................................................................................ 
4.2.1.1 Classe 1: Funcionalidades da tecnologia....................................... 
4.2.1.2 Classe 2: Elementos organizativos dos estilos de cuidar............. 
4.2.1.3 Classe 4: Fatores estruturais externos ao cuidado....................... 
4.2.2 Discussão............................................................................................. 
 
CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
5.1 Análise textual através do software Alceste (parte II).......................... 
5.1.1 A condição do cliente e suas repercussões nas práticas de 
cuidar das enfermeiras.................................................................................. 
5.1.1.1 Classe 3: Cotidiano assistencial..................................................... 
82 
83 
86 
 
91 
92 
101 
109 
115 
 
140 
141 
 
141 
142 
 
 
5.1.1.2 Classe 5: Prática de cuidar com a tecnologia................................ 
5.1.1.3 Classe 6: As características do paciente como indicador do 
trabalho no CTI.............................................................................................. 
5.1.2 Discussão.............................................................................................. 
 
5.2 Análise de conteúdo............................................................................... 
5.2.1 Elementos da prática de cuidar das enfermeiras na terapia 
intensiva......................................................................................................... 
5.2.1.1 A enfermeira e o lidar com as tecnologias nas práticas de 
cuidar na terapia intensiva........................................................................... 
5.2.1.2 As formas de assistir ao cliente na terapia intensiva.................... 
5.2.2 A complexidade do trabalho na terapia intensiva............................. 
5.2.2.1 Os sentidos atribuídos pela enfermeira ao trabalho na terapia 
intensiva ........................................................................................................ 
5.2.2.2 Requisitos profissionais para o trabalho no CTI............................ 
5.2.3 Discussão.............................................................................................. 
 
CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 
150 
 
157 
164 
 
192 
 
194 
 
194 
203 
211 
 
211 
216 
218 
 
234 
 
250 
 
APÊNDICES .................................................................................................. 261 
Roteiro de observação sistemática............................................................. 262 
Roteiro de coleta dos dados sociodemográficos...................................... 263 
Roteiro de entrevista semiestruturada........................................................ 264 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........................................... 266 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
QUADROS 
Quad.1: Classif. dos participantes 2º variáveis psicos. e demog....... 
Quad.2: Classes do discurso associadas ao bloco 1.......................... 
Quad.3: Classe 1 Alceste........................................................................ 
Quad.4: Classe 2 Alceste........................................................................ 
Quad.5: Classe 4 Alceste........................................................................ 
Quad.6: Classes do discurso associadas ao bloco 2.......................... 
Quad.7: Classe 3 Alceste........................................................................ 
Quad.8: Classe 5 Alceste........................................................................ 
Quad.9: Classe 6 Alceste........................................................................ 
Quad.10: Análise cruzada 2º a variável turno de trabalho................... 
Quad.11: Análise cruzada 2º a variável tempo de formação............... 
Quad.12: Análise cruzada 2º a variável sexo........................................ 
Quad.13: Unidades de registro: tecnologias no CTI............................ 
Quad.14: Unidades de registro: formas de assistir na TI.................... 
Quad.15: Unidades de registro: trabalho no CTI.................................. 
Quad.16: Unidades de registro: requisitos profissionais.................... 
 
FIGURAS 
Fig. 1: Dendograma da CHD do Alceste................................................ 
Fig. 2: Repartição das uce nas classes Alceste................................... 
Fig. 3: Nº de palavras analisadas por classe Alceste.......................... 
Fig. 4: CHA da classe 1........................................................................... 
Fig. 5: Composição da classe 1 Alceste................................................ 
Fig. 6: CHA da classe 2........................................................................... 
Fig. 7: Composição da classe 2 Alceste............................................... 
Fig. 8: CHA da classe 4........................................................................... 
Fig. 9: Composição da classe 4 Alceste............................................... 
Fig. 10: Esquema explicativo 1 das RS................................................. 
Fig. 11: CHA da classe 3......................................................................... 
Fig. 12: Composição da classe 3 Alceste............................................. 
Fig. 13: CHA da classe 5......................................................................... 
Fig. 14: Composição da classe 5 Alceste............................................. 
Fig. 15: CHA da classe 6......................................................................... 
Fig. 16: Composição da classe 6 Alceste............................................. 
Fig. 17: Esquema explicativo 2 das RS................................................. 
Fig. 18: Esquema explicativo 3 das RS................................................. 
Fig. 19: Esquema explicativo do campo das RS.................................. 
Fig. 20: Modelo explicativo da clínica na TI.......................................... 
 
 
 
 
85 
91 
92 
101 
109 
141 
142 
150 
157 
186 
188 
190 
194 
203 
211 
216 
 
 
89 
90 
90 
95 
100 
104 
108 
112 
115 
139 
145 
149 
152 
156 
160 
164 
183 
233 
241 
245 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Torre Eifel- Paris) 
 
CAPÍTULO 1 
Considerações Iniciais
16 
 
1.1 O COMEÇO 
O ponto de partida para a realização deste estudo que ora se apresenta, foi 
a dissertação do Curso de Mestrado em Enfermagem sobre as representações 
sociais da tecnologia no ambiente de terapia intensiva. Na dissertação evidenciou-se 
que a ideia que as enfermeiras atuantes em cenários de terapia intensiva constroem 
sobre a tecnologia lá inserida implica em uma ação (cuidado) marcada pelos 
elementos que expressam este pensamento sobre a tecnologia (SILVA; FERREIRA, 
2009; 2011). 
Deste modo, no estudo supracitado, a análise de conteúdo aplicada aos 
dados empíricos mostrou vários elementos que, articulados,delinearam uma 
tipologia específica de cuidado que ocorre na dependência da utilização da 
tecnologia no cliente, e outra forma diferenciada de cuidar dirigida aos demais 
clientes (SILVA; FERREIRA, 2009; 2011). 
Este cuidado específico foi categorizado na dissertação como “cuidado 
tecnológico”, e caracterizou-se no discurso das enfermeiras por ser diferenciado, 
marcado pela aplicação de um conhecimento especializado, o qual orienta sua 
atenção na busca de dados objetivos e subjetivos oriundos do cliente, bem como 
objetivos provenientes do uso do maquinário. 
Nesta perspectiva, é o tipo de conhecimento empregado pela enfermeira 
para cuidar de tais clientes que diferencia o cuidado daquele que precisa de 
tecnologia para o que não precisa. Assim, a enfermeira demanda um aporte de 
conhecimentos especializados, em quantidade e qualidade, que lhe possibilite não 
somente manusear as aparelhagens, como também interpretar as informações 
emitidas por estas, associando-as ao conjunto de sinais e sintomas que o cliente 
apresenta. 
17 
 
É requerido então que a enfermeira seja capaz de deter um conhecimento 
em relação às máquinas (manuseio/domínio), aos aspectos fisiopatológicos da 
doença em curso, bem como um conhecimento semiológico. Isto possibilitará 
estabelecer as interfaces entre os sinais e sintomas com as informações enviadas 
pela máquina e as manifestações clínicas da doença, aliando-os aos elementos 
fundamentais do cuidado de enfermagem que incluem o toque, a audição, a 
observação. Ao reunir tais habilidades, ela consegue realizar o cuidado 
caracterizado na pesquisa-dissertação pelas enfermeiras como “cuidado 
tecnológico”. 
Este cuidado se dá através da articulação do saber inerente ao maquinário 
(tecnológico) aos saberes próprios dos cuidados de enfermagem, conformando a 
ação de cuidar das enfermeiras intensivistas (SILVA; FERREIRA, 2009; 2011). 
Contudo, uma linha de ação possível destacada pelos entrevistados, que 
também sobressai quando se pensa o cuidado nestes cenários, refere-se a uma 
“supremacia da máquina”, ou seja, ao direcionamento das ações da enfermeira 
pelas informações advindas do aparato tecnológico, deixando-se de observar os 
dados fornecidos pela atenção dirigida ao cliente. 
Sob esta ótica, identifica-se a hierarquização do saber tecnológico sobre o 
agir da enfermeira, sendo esta orientada somente tendo em vista a máquina, na 
crença de que apenas seu manuseio correto e as respostas que ela dá são 
suficientes para cuidar do cliente. Neste caso, não se teria propriamente o ‘cuidado 
tecnológico’ mas uma ‘ação tecnológica’, uma vez que esta mostra ser destituída de 
elementos que constituem os saberes próprios ao cuidado de enfermagem. 
Na ação tecnológica não existe uma interlocução entre o olhar que se volta 
ao cliente e aquele que se dirige para a aparelhagem, o que pode trazer malefícios, 
18 
 
uma vez que a máquina também falha. Além disso, o cuidar instruído estritamente 
pela tecnologia não responde pela totalidade do indivíduo, não sendo, portanto, 
integral (SILVA; FERREIRA, 2009; 2011). 
Logo, é negligenciada a busca por necessidades originadas a partir da 
vivência de sentimentos como medo da morte, susto, estranhamento, as quais 
podem interferir no estado de doença, já que abarcam subjetividades que não são 
captadas pela máquina. Desta maneira, o cliente não consegue comunicar todas as 
suas demandas à enfermeira, e esta, por sua vez, não o atende integralmente, 
resultando numa ação que não se configura como cuidado. 
Considerando os resultados deste estudo, é possível pensar que os 
elementos destacados apontam indícios da existência de estilos de cuidar na terapia 
intensiva, compostos de aspectos característicos. Tais estilos de cuidar, numa noção 
primeira, podem ser entendidos como as diferentes perspectivas de ação adotadas 
pela enfermeira em determinados ambientes de cuidado. 
 Além disso, os dados apresentados levam à reflexão acerca das 
repercussões que as tecnologias exercem no âmbito das práticas de cuidado em 
saúde em geral e no de enfermagem em particular, sobretudo, na terapia intensiva. 
 
1.2 TECNOLOGIA E AS PRÁTICAS DE CUIDADO DA ENFERMAGEM NA 
TERAPIA INTENSIVA 
 Ao refletir então sobre as influências da tecnologia nas práticas de cuidado 
da enfermagem, destaca-se o pensamento de Silva (2006), quando ressalta que o 
uso dos recursos tecnológicos pode colocar o cliente em risco se eles não forem 
corretamente “vigiados”. Assim, reitera-se a importância de que se “assista” e se 
cuide também da máquina, com o propósito final de manter a vida dos clientes. Este 
19 
 
cuidado envolve conhecimentos técnicos e racionais, que possibilitem fundamentar 
as ações perante as tecnologias. 
De acordo com este autor (op. cit.), a Enfermagem, ao acompanhar o 
avanço tecnológico, necessitou aprender a trabalhar com muito mais aparelhos. 
Contudo, a atividade realizada, por exemplo, pelas bombas infusoras, do controle 
preciso do número de gotas e do volume infundido, não dispensa a presença do ser 
humano, capaz de detectar através de sua sensibilidade e perícia técnica que algo 
não está bem com o cliente ou com o maquinário. Portanto, é fundamental que se 
supervisione e se cuide também das máquinas usadas na assistência ao cliente. 
Para Barbosa (1999), muito embora as máquinas se expressem através de 
valores objetivos, os mesmos precisam ser complementados com aqueles referentes 
à subjetividade humana, denotando o papel do profissional no sentido de interpretar 
tais informações. Vargas e Ramos (2008) situam a Unidade de Terapia Intensiva 
(UTI) como um setor em que as atividades de enfermagem estão sucessivamente 
sendo alteradas e suplantadas. O conhecimento que era aceito hoje como válido 
acaba deixado numa segunda instância ou abandonado, ao tempo em que um novo 
conhecimento é validado. 
Referem ainda, que a cada dia é aprimorada a capacidade da equipe em 
observar o paciente. A enfermagem “conectada” aos aparatos tecnológicos tem 
conseguido traduzir o “profundo” do corpo do paciente em informações, que 
conseguem direcionar o cuidado prestado a eles. Para as autoras (op. cit.), para que 
esta tradução não tenha erros, o corpo da enfermeira precisa estar interagindo com 
a máquina, sendo, portanto, fundamental se ter múltiplas aprendizagens. 
Nesta discussão, Sibília (2002) afirma que as ferramentas tecnológicas com 
as quais os profissionais convivem nos ambientes tecnológicos tornaram-se um 
20 
 
segundo doente, precisando serem assistidas, tocadas e cuidadas, de modo a 
assegurar um desempenho adequado. Com isso, passam a exigir novas habilidades, 
destrezas e modos de conceber o cuidado, o ambiente, o cliente, e as relações que 
se estabelecem entre eles. 
Contudo, apesar destes requisitos, não significa dizer que o foco de atenção 
seja somente a máquina, relegando o cliente, sujeito do cuidado, a segundo plano. 
Sobre isso, Silva (2006) nos diz que a utilização de aparatos tecnológicos que 
facilitam a assistência ao cliente crítico e que requerem vários cuidados para garantir 
a fidedignidade dos dados não deve invalidar uma compreensão acerca dos 
cuidados de enfermagem, considerando o uso de tecnologias como uma ação 
humana. 
Conforme relata Oliveira (2002), há expressões de cuidado humano mesmo 
em um setor repleto de tecnologias. O fato de a enfermeira em determinados 
momentos atribuir maior atenção à máquina, não significa necessariamente falta de 
dedicação ao cliente, mas pode refletir uma preocupação com seu bem-estar e 
manutenção de suas funções vitais. Nesta perspectiva, entende-se que a essência 
da enfermagem no âmbito dos cuidados intensivos está centrada no processo de 
tomada de decisões, e este, por conseguinte, deve basear-se nas condições 
fisiológicas e psicológicas do paciente. 
Acredita-se, portanto, que as práticas de cuidar da enfermagem nestes 
cenários, ao tempoem que se apresentam como tecnológicas, na medida em que 
envolvem conhecimento e sua aplicação no domínio das máquinas, abarcam 
elementos do cuidado humano, uma vez que representam toda a expressividade de 
cuidar neste momento de encontro, intermediado pelas máquinas. Estas 
peculiaridades implicam na necessidade de se empreender esforços para manter um 
21 
 
equilíbrio entre tais elementos expressivos do cuidar e os aspectos 
técnicos/instrumentais, principalmente no que se refere a aplicação de tecnologias 
no cuidado. 
 
1.3 FOCALIZANDO AS PRÁTICAS DE CUIDADO DA ENFERMAGEM NA 
TERAPIA INTENSIVA COMO OBJETO DE REPRESENTAÇÃO SOCIAL 
Face o exposto, é possível perceber que as características das práticas de 
cuidado inerentes a ambientes marcados pelas tecnologias avançadas, repercutem-
se de imediato no sujeito que cuida – a enfermeira. Isso em sua tentativa de atender 
às diferentes demandas que se apresentam neste processo numa perspectiva 
holística. Afirma-se deste modo, que os requisitos das práticas de cuidado da 
enfermagem em terapia intensiva, pelos seus atributos, mormente por serem 
intermediadas pelas máquinas, suscitam diálogos nas enfermeiras, internos e 
externos, que acabam por produzir sentidos de ação diferenciados frente ao cliente. 
Então, as enfermeiras elaboram representações sociais sobre suas práticas 
de cuidado na terapia intensiva, que acabam por orientar as ações perante o cliente, 
constituindo-se assim num objeto de conhecimento psicossociológico. Isto porque, 
os modos de agir da enfermeira neste contexto, em vista das características dos 
clientes, é alvo de debates, gerando posicionamentos, reflexões, ideias contrárias, 
enfim, conformando opiniões. 
Estes debates se pautam no fato de ter que cuidar de clientes 
frequentemente em risco de morte, os quais se utilizam de aparelhos que mantêm 
ou ajudam no funcionamento de vários órgãos, e que suscitam saberes para o seu 
correto manuseio e interpretação dos dados produzidos, aliado à necessidade de se 
preservar os aspectos humanos. 
22 
 
Significa dizer, que as diferentes formas que o cuidado do cliente no Centro 
de Terapia Intensiva – CTI - pode assumir, gera uma mobilização de informações 
junto ao grupo das enfermeiras intensivistas, e naquelas que lá irão atuar. Logo, já 
que a representação é elaborada coletivamente a partir das trocas e práticas 
cotidianas de um determinado contexto histórico, ela acaba fornecendo subsídios 
para os julgamentos e atitudes. A representação funciona como pano de fundo das 
atitudes dos indivíduos, dando sentido ao universo vivido (ESPÍNDULA; SANTOS, 
2004). 
À luz desta compreensão, considera-se que as representações sociais sobre 
as práticas de cuidado da enfermagem na terapia intensiva possuem uma dimensão 
do afeto (psi) e outra social, ou seja, elas se amparam nas experiências prévias, 
conhecimentos acumulados, valores, cultura, os quais, a partir das relações sociais, 
onde se processa a troca de informações e ideias tais elementos se transformam e 
contribuem para a organização do pensamento que conduz às perspectivas de ação 
da enfermeira. 
Acrescenta-se ainda que a representação é uma estrutura que medeia a 
relação entre o sujeito-outro, sujeito-objeto, através da ação comunicativa. Assim, a 
representação social está imersa na ação comunicativa, isto é, a ação comunicativa 
a forma, ao mesmo tempo que forma em um mesmo e único processo, os 
participantes da ação comunicativa. O trabalho comunicativo da representação gera 
símbolos que fornecem sentido. Desta forma trabalha colocando algo no lugar de 
algo, promovendo um deslocamento simbólico (JOVCHELOVITCH, 2004). 
Conclui-se que as representações sociais (RS) são uma forma de 
conhecimento prático, que estabelece os nexos entre o pensamento e as ações dos 
sujeitos, ajudando-os a se orientarem no mundo (JODELET, 2001). Os objetos de 
23 
 
RS são socialmente relevantes e fazem parte das discussões e conversas cotidianas 
dos sujeitos sociais (SÁ, 1998). As práticas de cuidado da enfermagem no universo 
da terapia intensiva importam para as enfermeiras, sobretudo para aquelas que 
lidam com elas no cotidiano profissional. Há um imaginário sobre os modos de agir 
da enfermeira frente ao cliente na terapia intensiva, com destaque para a relação 
que esta estabelece com a tecnologia no cuidado. Consideradas complexas, 
desafiadoras, admiradas ou temidas, as práticas de cuidado na terapia intensiva se 
configuram em objeto de RS para o grupo de enfermeiras. 
 
E então a problemática 
Como parte da discussão sobre as práticas de cuidado da enfermagem na 
terapia intensiva, reconhece-se a partir do debate, o forte impacto da incorporação 
de tecnologias no campo da saúde, incidindo nos modos de agir dos indivíduos. 
Acerca destas repercussões, Maftum (2004, p.116) cita que nas últimas cinco 
décadas o acirrado desenvolvimento biotecnológico vem acontecendo numa 
“velocidade avassaladora que mal conseguimos acompanhá-lo e fazermos uma 
reflexão profunda dos significados e da importância das várias consequências 
advindas desse crescente processo de evolução”. 
Como afirma Dias (1996), a escolha e a adoção de tecnologias não é algo 
isolado, tem a ver com a ordem política, econômica e social e, na soleira de um novo 
século, essa escolha e adoção têm indícios de mutação, fazendo brotar uma 
renovação de valores humanos fundamentais. Desta forma, o avanço tecnológico 
produziu mudanças no modo como as pessoas passaram a entender e a agir diante 
das questões relativas ao cuidado em saúde. 
24 
 
Um estudo pioneiro nesta área foi feito por Peixoto (1994) abordando tal 
temática. Esta pesquisadora considera que a partir da difusão de uma ideologia 
revestida por uma noção de eficiência e qualidade, a qual nem sempre é verdadeira, 
as tecnologias acabaram por criar falsas expectativas na sociedade de resolução 
dos problemas de saúde. Tal concepção trouxe implicações de vulto nos 
profissionais e nos usuários dos serviços. 
Peixoto (1994) então, ao investigar o uso da tecnologia no processo 
diagnóstico terapêutico, destacou a perspectiva do cliente que as utiliza, assim como 
a dos profissionais. Um dos pontos positivos apontados refere-se ao fato da 
tecnologia proporcionar precisão, rapidez e segurança. Além disso, os usuários 
indicaram como fator favorável a possibilidade dela “salvar vidas” ou “garantir a vida” 
em determinados momentos. 
Alguns dos clientes reconheceram ainda que as tecnologias possuem uma 
positividade em si, ou seja, seu uso é sempre bom e vantajoso, sendo entendida 
como fundamental no cuidado. Já quanto aos aspectos negativos sobressai o 
distanciamento na relação profissional/cliente, no qual o profissional torna-se um 
sujeito “frio” e o cuidado marcado por ações mecanizadas e repetitivas. 
Segundo a autora (op. cit.), embora estes fatores negativos tenham sido 
mencionados, os resultados denotam uma tendência de valorização da tecnologia 
no cuidado. Isto porque dos 338 aspectos elencados relativos ao seu emprego nos 
procedimentos diagnósticos e terapêuticos, cerca de 64% eram positivos. 
No momento em que se busca uma explicação para tal tendência de 
avaliação positiva, vê-se que ela está amparada no sistema capitalista, que 
internaliza nos indivíduos através da socialização e educação formal o valor da 
25 
 
tecnologia, uma vez que ela gera lucro e produtividade. Assim, este valor é 
estimulado por um “marketing” leigo e profissional. 
Entende-se, portanto, que existe uma vinculação entre os interesses 
capitalistas na saúde e a incorporação tecnológica no processo de produção dos 
serviços. Os avanços tecnológicos fazem parte da dinâmica do setor saúde, sendo 
possível observar a expansão industrial na produção de instrumentos e o 
crescimento da importação de tecnologia para suprir a demanda. Tal questão é 
basicamente de ordem político/econômica que, sepor um lado é sustentada por 
posições ideológicas de atores sociais que detêm o poder no setor, por outro é 
analisada e questionada face às inúmeras contradições que acarreta no plano social 
(PEIXOTO, 1994). 
Na sustentação desta linha de pensamento, verifica-se que, cotidianamente, 
através dos meios de comunicação, evidências de pesquisas demonstram os pontos 
positivos de novas tecnologias, novos meios diagnósticos e de tratamento, com uma 
disseminação precoce dos dados. Esse processo de legitimação da tecnologia 
atinge tanto aqueles que convivem diretamente com elas (os profissionais), quanto 
indiretamente aos consumidores dos serviços. 
Essa difusão dos seus “atributos” termina por produzir, de acordo com 
diversos autores, uma fé cega na ciência e na tecnologia. Como consequência, os 
indivíduos acreditam que a qualidade do tratamento depende da utilização de 
recursos sofisticados, recém-lançados, o que se reflete em ações de cuidado que 
reproduzem essa lógica. 
Na interface destas considerações pautadas na positividade da tecnologia 
com os resultados da pesquisa-dissertação emerge a problemática do estudo em 
tela, situada nos indicativos de existência de duas perspectivas/linhas condutoras da 
26 
 
ação da enfermeira na terapia intensiva junto ao cliente que se utiliza do maquinário: 
o “cuidado tecnológico” e a “ação tecnológica”. Estas linhas trazem implicações 
diretas na assistência de enfermagem prestada, e parecem ter relação com o modo 
pelo qual a enfermeira elabora a ideia sobre as práticas de cuidado, mediada, 
obviamente, pela presença da tecnologia. 
Tomando como referência estas primeiras aproximações com a questão que 
se coloca, levantou-se o pressuposto de que a tecnologia (maquinário) inerente aos 
ambientes de terapia intensiva possa estar orientando a formação de estilos de 
cuidar na enfermagem. Torna-se fundamental investigar, que elementos integram as 
representações sociais das enfermeiras sobre suas práticas de cuidado em face às 
tecnologias no CTI, no intento de melhor conhecer como se conformam 
determinadas ações/estilos de cuidado diante do cliente neste cenário, às quais por 
sua vez impactam na qualidade assistencial. 
Deste modo, parte-se do princípio que estas práticas de cuidado assumem 
uma importância para estes sujeitos, impregnando-se de tal maneira no seu 
cotidiano que terminam por gerar um trânsito de informações acerca do cuidado do 
cliente, da participação da enfermeira e sobre a aplicação de estratégias neste 
cuidado. 
Corrobora-se com as afirmações de Wagner (1998, p.03), quando define o 
termo “representação social” como um conteúdo mental estruturado - isto é, 
cognitivo, avaliativo, afetivo e simbólico - sobre um fenômeno social relevante, que 
toma a forma de imagens e metáforas, e que é conscientemente compartilhado com 
outros membros do grupo social. Portanto, diz o autor (op. cit.), representações 
sociais surgem apenas mediante a objetos ou questões socialmente relevantes, ou 
27 
 
seja, que promovem uma mudança no padrão de comportamento dos indivíduos ou 
grupos. 
Sob esta ótica, reforça-se a compreensão de que os objetos de pesquisa em 
RS são psicossociológicos, guardando relações entre o universo subjetivo e social 
dos sujeitos. Uma das premissas desta teoria é que, na formação das RS, os 
sujeitos processam as informações advindas do universo científico com as que 
circulam nas conversações cotidianas e com os saberes de suas próprias 
experiências sensíveis. Reelaboram o conhecimento que o ajuda a orientar suas 
ações (JODELET, 2001). 
Então, o imaginário que circula no meio profissional acerca da figura da 
enfermeira de terapia intensiva e dos seus modos de atuar, a ideia de complexidade 
que se organiza durante a formação profissional sobre os cuidados intensivos de 
enfermagem, a concepção da tecnologia articulada ao cuidado do cliente, o avanço 
do conhecimento científico próprio deste local são elementos que contribuem para 
gerar a necessidade de se pensar sobre as práticas de cuidar pelas enfermeiras que 
com elas se interrelacionam. Isto, por sua vez, se dá mediado pela esfera cognitiva e 
social. No final, há sua reinterpretação possibilitando conduzir os atos e operações 
de cuidar. 
Baseando-se no exposto, o objeto desta pesquisa se delineia em torno das 
práticas de cuidado em face das tecnologias ao cliente hospitalizado na terapia 
intensiva, tendo em vista as representações sociais das enfermeiras que dele cuida. 
 
1.4 QUESTÕES NORTEADORAS 
Tal objeto será explorado a partir das seguintes questões centrais, 
norteadoras da pesquisa: O que pensam as enfermeiras sobre a sua prática em 
28 
 
face das tecnologias presentes no cenário da terapia intensiva? A partir daí, como 
agem no cuidado aos clientes hospitalizado neste cenário? 
As questões secundárias são: As práticas de cuidado das enfermeiras nos 
ambientes tecnológicos apresentam características que conformariam 
perspectivas/linhas de ação diferenciadas? As representações sociais das 
enfermeiras sobre a sua prática na terapia intensiva implicam em estilos de cuidar, 
característicos de tais ambientes? 
 
1.5 OBJETIVOS 
Tais questões serão respondidas através do atendimento dos seguintes 
objetivos: 
Geral: 
-Identificar as representações sociais de enfermeiras que atuam na terapia 
intensiva sobre as suas práticas de cuidado, face à tecnologia. 
 
Específicos: 
 -Descrever os elementos que integram as práticas de cuidado das 
enfermeiras intensivistas, à luz de suas RS; 
-Analisar as práticas de cuidado das enfermeiras tendo em vista suas RS 
sobre tais práticas; 
 -Caracterizar os estilos de cuidar das enfermeiras da terapia intensiva, 
tomando como referência suas representações e práticas de cuidado de 
enfermagem. 
 
 
29 
 
1.6 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES: 
O “cuidado terapêutico” possui dimensões científicas e tecnológicas, éticas e 
filosóficas, estéticas e interacionais cujo objeto é o ser humano, considerado como 
organismo físico, social, cultural e sensível. Nesse sentido, o que diferencia o 
cuidado de enfermagem de outras formas de cuidar é que ele representa um ato 
com intenção terapêutica que exige competência técnica, compromisso e ética dos 
seus agentes que interagem entre si. 
Conforme cita Leopardi (2001), quando se fala em cuidado, existe uma 
perspectiva terapêutica sobre um sujeito que tem uma natureza física e mental 
sendo, portanto, uma ação com a finalidade de transformar um estado de 
desconforto ou dor em outro de mais conforto e menos dor. 
Tal cuidado sustenta-se basicamente na interação mútua e na relação 
estabelecida entre enfermeira e cliente, sem as quais ele não ocorre. Por outro lado, 
demanda um profissional para desenvolvê-lo baseado em conhecimento técnico-
científico e prático. Deste modo, é fundamental uma concepção de cuidado na qual 
valorize-se o envolvimento entre profissionais e clientela, e que não seja reduzida 
nem ao seu aspecto relacional, nem ao técnico (LEOPARDI; SANTOS; SENA, 
2000). 
No caso dos setores de cuidados intensivos, a assistência de enfermagem 
requer, além desses aspectos, uma capacidade para lidar com situações complexas, 
com velocidade e precisão que geralmente não são necessárias em outras partes do 
hospital. Logo, exige competência para integrar as informações, construir 
julgamentos e estabelecer as prioridades. Isso porque existem particularidades em 
Unidades de Terapia Intensiva (UTI), uma vez que além da utilização de 
30 
 
equipamentos e materiais, os clientes possuem características que lhes são 
inerentes, diferentes dos clientes internados em outras unidades hospitalares. 
Assim, as práticas de cuidado da enfermagem nestes cenários abarcam 
diferentes dimensões relacionadas à presença da tecnologia, ao acompanhamento 
da velocidade de avanço do conhecimento, ao equilíbrio entre o humano e o 
tecnológico,à interpretação dos dados sobre o cliente, as quais impactam sob a 
forma de exigências na atuação profissional da enfermeira. 
O sentido conferido a cada uma de tais dimensões pode influenciar de 
variadas maneiras os sujeitos que prestam os cuidados, refletindo-se nos modos de 
agir profissional. À luz disso, compreende-se as práticas de cuidado da enfermagem 
na terapia intensiva como um fenômeno multifacetado, que determina requisitos à 
atuação profissional no intuito de atender ao cliente integralmente e conforma 
comportamentos diversificados que podem trazer benefícios ou prejuízos à 
assistência que é prestada. 
Desta feita, conhecer o modo como as enfermeiras representam suas 
práticas em face das tecnologias fornece subsídios para entender que elementos 
integram seu pensamento sobre tais práticas, e os nexos que guardam com a forma 
como agem diante do cliente que encontra-se hospitalizado. 
Além disso, possibilita debater sobre a objetividade e a subjetividade 
envolvidas no cuidado da enfermagem no CTI, muitas vezes colocadas em 
oposição. No contexto em destaque, alguns resultados de investigações vêm 
demonstrando implicações da objetividade/subjetividade relacionadas ao uso da 
tecnologia nas práticas de cuidado da enfermagem como é o caso de Oliveira 
(2007); Silva (2008); Cunha e Zagonel (2008); Ramos e Vargas (2008); Silva (2009) 
dentre outros, os quais apontam sejam para a desvalorização da esfera expressiva 
31 
 
do cuidado que é mediado pela presença da tecnologia, sejam para os riscos 
trazidos pelo seu uso inadequado pelos profissionais de saúde, ocasionando danos 
à vida do cliente. 
Então, a caracterização dos estilos de cuidar específicos à terapia intensiva 
proporciona desvelar, a partir dos sujeitos que realizam este cuidado, quais aspectos 
compõem tais estilos, que importância a objetividade/subjetividade assumem para a 
efetivação da assistência, e como isso se traduz em qualidade no âmbito destes 
cenários. Deste modo, será possível pensar acerca do conhecimento especializado, 
da figura da enfermeira-tipo ideal, da gestão do cuidado, da formação profissional 
dentre outros. 
Estas reflexões acerca dos estilos são de grande relevância na atualidade, 
uma vez que um número significativo dos estudos veiculados na literatura brasileira 
nesta área detém-se em abordar a questão da humanização, isto é, a estreita inter-
relação da tecnologia com a ideia de desumanização, dita característica, da 
assistência na terapia intensiva. Sob esta ótica, é deveras interessante propiciar 
meios a uma discussão mais ampla acerca dos processos que conformam os estilos 
de cuidado na terapia intensiva. 
Vale acrescentar que, conforme diz Carvalho (2003, p. 669), “o cuidado se 
estabelece como essência do que seja fundamental na enfermagem”. De acordo 
com Ferreira (1999, p. 03), o cuidado fundamental é aquele que traduz “a verdadeira 
essência da enfermagem”, ou seja, “visa promover a preservação e proteção da 
vida, a promoção do conforto e bem-estar ao ser humano”. Nesta linha é 
experimentado pelo cliente como uma ação técnica e sensível, pois implica em um 
encontro entre pessoas – quem cuida e quem participa do cuidado (FERREIRA, 
32 
 
2002). No caso em tela, este cuidado se dá com o auxílio de aparelhos e máquinas 
que mantêm suporte à vida do cliente. 
Nesta pesquisa investe-se em delimitar as características e peculiaridades 
dos modos como as enfermeiras cuidam dos clientes, contribuindo para um melhor 
delineamento da prática assistencial neste campo de atuação, na interface com os 
cuidados fundamentais. Alinha-se, portanto, aos estudos da Enfermagem 
Fundamental, sobretudo na Linha de Pesquisa que trata acerca dos Cuidados 
Fundamentais e Tecnologias de Enfermagem, trazendo avanços teóricos para o seu 
marco conceitual. 
Espera-se ainda como contribuição demarcar uma clínica do cuidado de 
enfermagem que responda pela especificidade da terapia intensiva, isto é, intenta-se 
a partir dos resultados da pesquisa poder descrever a forma habitual de agir das 
enfermeiras frente ao cliente, na tentativa de aprofundamento do cuidado de 
enfermagem, “pedra de toque” da enfermagem fundamental, e crescimento científico 
nesta área do saber. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Gioconda-Louvre) 
CAPÍTULO 2: 
Bases teórico-conceituais
34 
 
2.1 Sobre a ideia dos estilos de cuidar na enfermagem: uma 
aproximação inicial em vista à clínica do cuidado 
 
2.1.1 O estilo nos campos do saber 
Numa retrospectiva histórica, é possível perceber a evolução do significado 
da palavra estilo. Cipiniuk (1997) diz que o termo estilo provém do latim stylus, que 
na Antiguidade Clássica era usado para nomear um mecanismo de redação escrita. 
Na Antiguidade, escrever de uma determinada forma foi aplicado para se referir ao 
modo de falar: a ciência da retórica. A expressão genres ou genera foi utilizada nas 
artes visuais por Plínio e Vitrúrio para classificar os estilos dórico, jônico e coríntio. O 
gênero ainda perdura até a atualidade com o mesmo sentido de classificar classes 
biológicas. 
No século XVI, Vasari usava a palavra maniera para nomear o que hoje em 
dia o senso comum designa como estilo, ou seja, o estilo de um artista, período ou 
de uma nação. O termo genre foi adotado pela cultura francesa no fim do século XVI 
e durante o XVII como equivalente ao estilo, no campo da pintura em particular e 
arte em geral. No século XVIII, Winckelman estabeleceu como o estilo era 
compreendido pela história da arte, o qual significava a expressão de toda uma 
cultura em um determinado período de desenvolvimento (CIPINIUK, 1997). 
O autor (op. cit.) refere ainda, que no século XVIII e em especial no XIX, o 
termo adquiriu uma função heurística, passando a ser visto como um instrumento de 
classificação e valoração dos artefatos artísticos. Desta forma, assinalava as 
manifestações artísticas provenientes de diferentes procedências, bem como 
permitia julgar ou avaliar os padrões de beleza de acordo com sua proximidade com 
35 
 
o estilo clássico. Assim, quanto mais próximo ou derivado das formas clássicas, 
mais belo era o estilo. 
Embora venha sendo incorporado no âmbito das artes para indicar uma 
coerência entre obras de arte que são fruto de uma escola ou grupo de artistas, de 
certo período de tempo ou região geográfica, o conceito de estilo é muito empregado 
para descrever fenômenos e ações em diversas áreas das ciências. A ideia dos 
paradigmas nas ciências pode ser concebida como um estilo de pensamento 
científico, afirma Thomas Kuhn (1991). 
Quando define-se um estilo, na verdade reúne-se elementos para organizar 
ou classificar objetos e ações humanas que estariam distribuídos de forma 
desorganizada pelo mundo fenomenal. Somente é possível falar em objetos 
individuais, quando existe uma classe a qual ele pertenceria, estabelecendo um 
limite conceitual para sua existência enquanto indivíduo. Caso não haja classe para 
incluí-lo, supõe-se sua originalidade e talvez o início de uma nova classe de objetos 
(CIPINIUK, 1997). 
No campo da linguística, Brait (2005) comenta que a noção do estilo gera 
interesse de correntes preocupadas com as particularidades expressivas de 
determinados autores, poetas, artistas em geral, ou nos conjuntos de características 
que delimitam os movimentos artísticos – estilos de época - caso do romantismo, do 
impressionismo, do cubismo etc. Embora não esteja ligado apenas às artes, há uma 
estreita relação entre estilo e individualidade, ou seja, refere-se às idiossincrasias, à 
maneira de se expressar de uma pessoa. Sob a ótica da linguística, os estudos 
sublinham que a ideia de estilo sinaliza para seu entendimento em função do texto e 
de suas formas de organização em relação às possibilidades oferecidaspela língua. 
36 
 
A autora (op. cit) pontua que nesta área há duas vertentes para se pensar o 
estilo, isto é, por um lado está diretamente relacionado às produções individuais ou a 
um conjunto de produções de determinados momentos, vinculados à arte em geral 
ou exclusivamente à personalidade de alguém. Por outro lado, articula-se, de 
maneira mais ousada, com as diferentes instâncias textuais que implicam escolhas, 
no que tange às opções oferecidas pelo sistema linguístico. 
No dicionário de termos literários, Shaw (1982, p. 187-188) aborda estilo 
como “a maneira de traduzir os pensamentos em palavras; modo característico de 
construção e de expressão na linguagem escrita e oral; característica de uma obra 
literária, mais no que respeita a sua forma de expressão do que às suas ideias”. Ela 
cita (op. cit.) que não se pode definir satisfatoriamente estilo, embora diversos 
peritos já o tentaram, tratando-o como “o traje do pensamento”; “a moralidade mais 
elevada do espírito”; “o pensamento em linguagem”; “as palavras próprias nos 
lugares próprios”; “o estilo é o homem”. 
Segundo Shaw (op. cit.), a maioria dos críticos está de acordo em que 
“aquilo que alguém diz”, a “maneira como o diz” são elementos básicos do estilo. 
Pode-se considerar, então, o estilo como sendo a marca (influência) da 
personalidade do escritor na matéria por ele versada. 
No dicionário Enciclopédico das Ciências da Linguagem, Ducrot e Todorov 
(1977, p. 287-288) denominam o estilo como as escolhas que são realizadas em um 
texto a partir dos aspectos disponibilizados pela língua. À luz disso equivale aos 
registros da língua, a seus subcódigos; configura-se numa das explicações para as 
expressões “estilo figurado”, discurso emotivo etc; permite captar as propriedades 
verbais a partir da descrição estilística de um enunciado. 
37 
 
Pacheco (2008) acrescenta que na Arqueologia, a acepção de estilo também 
vem sendo amplamente debatida, em virtude da infinita variabilidade de 
características dos artefatos resgatados nos sítios arqueológicos. Esta autora 
propõe uma discussão ampla amparando-se em diversos teóricos, no sentido de 
mostrar que a descrição física dos objetos é condição essencial para o seu estudo, 
pois somente por meio dela é possível o desenvolvimento de terminologias e 
princípios classificatórios, que possam ser de compreensão e utilização generalizada 
entre os diferentes pesquisadores. No processo de categorização de tais artefatos, 
arqueólogos, antropólogos e os historiadores podem utilizar a referência de estilo. 
Porém, tal concepção é alvo de intensos embates nesta área, seja porque 
existe uma variedade de abordagens não integradas sobre o estilo, que são usadas 
por pesquisadores para análise e interpretação do registro arqueológico, seja no que 
tange às discordâncias sobre os fatores que determinam o estilo (PACHECO, 2008). 
Como parte deste processo, alguns estudiosos demarcam o estilo na linha 
da Arqueologia. Para Roe, por exemplo, (apud Pacheco, 2008, p. 397) estilo 
é um sistema estruturado e intencional de seleção de certas 
dimensões de forma, processo ou princípio, função, significância e 
influência, dentre as possibilidades conhecidas, na criação da 
variabilidade dentro de um corpus comportamental/artefatual. 
 
Hegmon (1998, p.518) contribui dizendo que o estilo pode ser conceituado 
“como um modo de fazer algo [...] e envolve uma escolha feita dentre várias 
alternativas”. Numa revisão de estilo entre os etnoarqueólogos, destaca-se: “Estilo é 
a designação de um evento individual a uma maneira geral de se fazer algo”; “Estilo 
é a variação formal na cultura material que transmite informações sobre a identidade 
pessoal e a social”; “Estilo é uma maneira altamente específica e característica de 
se fazer algo [...] sempre peculiar a específicos tempo e espaço [...]”; “Estilo é a 
parte da variabilidade formal, na cultura material, que pode ser relacionada à 
38 
 
participação dos artefatos nos processos de troca de informação; “O estilo é uma 
manifestação formal e extrínseca do padrão intrínseco [...] a expressão manifesta, 
na categoria comportamental, do padrão cultural que, frequentemente, não é nem 
cognitivamente conhecido, nem mesmo reconhecível por membros de uma 
comunidade cultural, exceto por artistas” (WOBST, 1977; SACKETT, 1977; 
LECHTMAN, 1977; WIESSNER, 1983; HODDER, 1990a APUD DAVID; KRAMER, 
2001, p. 170-171). 
Na saúde, investe-se também nos estudos acerca do estilo, principalmente 
quanto ao estilo de vida dos sujeitos na questão do processo saúde/doença. Desta 
feita, tal estilo de vida está ligado aos hábitos que se constroem ao longo do 
processo de socialização, que, via de regra, têm a ver com o livre arbítrio, no âmbito 
do qual as pessoas exercem certo controle sobre suas opções. A adoção de 
determinados modos de cuidar do corpo, a atividade, o sedentarismo, higiene, tipos 
de alimentos ingeridos e maneiras de se alimentar, respeito aos horários, sono e 
repouso, uso e abuso de bebidas alcoólicas, fumo e outras drogas, formas de 
relacionamento, uso de medidas de segurança para prevenção de acidentes são 
alguns dos exemplos que compõem os estilos de vida das pessoas e que guardam 
importantes nexos com as condições de saúde da população. 
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (2009), o estilo de 
vida remete a forma como as pessoas vivem e as escolhas que fazem, as quais são 
influenciadas pelo contexto situacional, cultura regional, hábitos familiares e sociais, 
bem como pelo conhecimento acumulado acerca da saúde. Estilo de vida denota, 
então, distinguir os modos pelos quais o sujeito se relaciona consigo próprio, com a 
natureza e com os outros. Logo, a construção de uma vida saudável tem estreita 
relação com os hábitos adotados pelo indivíduo no cotidiano. 
39 
 
2.1.2 Dos estilos de cuidar à clínica do cuidado de enfermagem 
Na enfermagem, a compreensão do estilo se aglutina em torno dos 
diferentes estilos de cuidar adotados pela enfermeira nos setores de cuidado em 
saúde. Cruzalegui (2003), em sua tese de doutorado, buscou investigar quais são e 
como são os estilos de cuidar/cuidados que desenvolvem as enfermeiras e sua 
equipe de enfermagem para o cliente com crise asmática aguda. 
 Tal pesquisadora percebeu inicialmente, com base em observações 
empíricas, que existem diversos estilos de cuidar/cuidados realizados pela 
enfermeira para o cliente com crise asmática. Segundo a autora (op. cit.), há 
enfermeiras que realizam o cuidado seguindo estritamente o protocolo de cuidados 
de enfermagem para clientes com insuficiência respiratória, enquanto existe outro 
grupo de profissionais que além de cumprir o protocolo desenvolvem um cuidado 
personalizado, sustentado pela sensibilidade e empatia, respeitando a pessoa; e um 
terceiro grupo de profissionais que aplica apenas uma parte do protocolo. 
Nesta discussão, afirma (op. cit.) que para cuidar de um cliente em quadro 
emergencial, a enfermeira necessita dominar o conhecimento científico, 
principalmente aquele que se refere ao avanço tecnológico, bem como ter 
habilidades para lidar com os aspectos expressivos do cuidado de enfermagem, os 
quais possibilitam o respeito à dignidade humana e sensibilidade frente ao 
sofrimento do cliente e família. 
Os resultados revelaram que as enfermeiras têm formas concretas e 
maneiras de pensar, sentir e agir no cuidar e nos cuidados cotidianos na Unidade de 
Emergência. Essa situação determina estilos de cuidar e cuidados que realizam as 
enfermeiras, os quais se configuram em um processo dinâmico, de simultaneidade e 
complementaridade. Nos achados da pesquisa referenciada (op. cit.) foram 
40 
 
encontradas cinco vertentes ligadas ao estilo de cuidar e cuidado pela enfermeira e 
equipe para o cliente: conhecendo o cliente; os sinais e sintomas do corpo; o 
cuidado como ação terapêutica clínica; o diálogo como cuidadoe o toque como 
cuidado terapêutico. 
Defende, portanto, a tese de que há um estilo de cuidar e de cuidado que 
fazem as enfermeiras e sua equipe de enfermagem na Unidade de Emergência para 
o cliente com crise asmática aguda, o qual envolve dimensões subjetivas (sensíveis) 
e objetivas (concretas) e que contribui para melhorar a evolução do quadro clínico 
do cliente asmático (CRUZALEGUI, 2003). 
Em outra pesquisa, Moreno (1999) descreveu os estilos de ensinar o 
cuidado de enfermagem ao cliente hospitalizado em situações de maior 
complexidade no Brasil e no Peru. Deste modo, estava de acordo com a ideia de 
que existiam semelhanças e diferenças nos estilos de ensinar-cuidar em 
enfermagem para o cliente hospitalizado em situações de maior complexidade no 
Brasil e Peru, e que o modo como o ensino era desenvolvido nas duas realidades 
concretas, socialmente definidas, determinava profissionais distintos. Partiu-se do 
entendimento de estilo como algo dinâmico, libertador e em constante 
reorganização. 
Evidenciou-se, com base na análise (op. cit.), que os diferentes estilos de 
ensino, através de sua dinâmica, geram diferentes estilos de cuidado do cliente 
hospitalizado com problemas de maior complexidade, os quais, no entender de 
professores e alunos, se configuram como complexo, emergente, situacional e por 
competências no Brasil/Escola de Enfermagem Anna Nery-Programa Curricular 
Interdepartamental (PCI) IX, enquanto no Peru é complexo, especializado e por 
funções. 
41 
 
O cuidado complexo é definido no PCI IX como as ações voltadas aos 
clientes que estão em estado crítico com maior risco de morte, demandando dos 
acadêmicos conhecimentos específicos e manuseio de técnicas sofisticadas. Na 
disciplina de Enfermagem Médico-Cirúrgica Especial (EMCE), no Peru, é 
compreendido como as ações dirigidas ao cliente, do ponto de vista biopsicossocial, 
em casos complexos e críticos (médico-cirúrgicas), de emergência e/ou desastres 
(MORENO, 1999). 
A diferença do ensino no Brasil e Peru reside nos outros dois estilos de 
cuidado, ou seja, no PCI IX eles são emergente/situacional e por competências, 
enquanto na disciplina EMCE o cuidado é especializado e por funções. O cuidado 
por competências abrange além das habilidades psicomotoras, as cognitivas, isto é, 
a capacidade de desenvolver consciência crítica, reflexiva e transformadora, 
considerando as necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais dos 
clientes e família. Em contrapartida, o cuidar por funções reproduz as rotinas 
instituídas pelos serviços médicos. 
Moreno (op. cit.) conclui que o cuidado por competências no PCI IX 
proporciona ao aluno desempenhar os diferentes papeis envolvidos na prática 
profissional, através da atenção direta, atividades educativas, liderança e de 
pesquisa, manifestadas como habilidades cognitivas, afetivas e psicomotoras. Há 
um foco nas atitudes e valores que permeiam o cotidiano pessoal e profissional. O 
cuidado por funções capacita o aluno para a realização das diferentes funções como 
futuro profissional, através da atenção direta, atividades educativas, de liderança e 
pesquisa, desenvolvendo basicamente atividades e tarefas. 
No bojo desta discussão acerca dos estilos de cuidar, Cabral e Tyrrel (1995) 
declaram que o estilo de cuidar das mães para atender às demandas de seus filhos 
42 
 
e socializá-los, integrando-os ao mundo dos adultos, é resultado de um processo de 
acumulação de informações que são transmitidas de geração em geração. A 
transmissão de conhecimentos varia em razão do contexto social, cultural e dos 
valores presentes numa determinada sociedade num momento histórico específico. 
Então, as enfermeiras precisam aprender a trabalhar com as crenças e práticas dos 
clientes, respeitando as atitudes, os comportamentos, no sentido de rastrear as 
lógicas que permeiam o estilo de cuidar da mãe, no intento de evitar avaliações 
depreciativas ou de menosprezo. 
Percebe-se, desta forma, que o processo de socialização é marcado por 
diferenças, relacionadas às divergências culturais inerentes aos grupos sociais nos 
quais as pessoas estão inseridas. Isto significa dizer, que os grupos sociais 
socializam seus filhos de forma coerente às suas regras de sobrevivência e 
interesses sociais particulares. Afirma-se, então, que o estilo de cuidar emerge como 
um produto da cultura em que a criança interagiu, socializou-se e educou-se. Logo, 
o trabalho da enfermagem que cuida de crianças deve respeitar as diferenças 
culturais existentes dentro dos grupos sociais, e, sobretudo, aliando-se ao estilo de 
cuidar da mãe (CABRAL; TYRREL, 1995). 
Ainda contribuindo ao debate, Silva (2009), ao estudar as representações 
sociais das enfermeiras sobre a tecnologia existente no ambiente da terapia 
intensiva, pôde evidenciar que na dependência do domínio do saber especializado, 
inerente à enfermagem e ao maquinário, as enfermeiras adotam formas particulares 
de agir frente ao cliente portador de aparatos tecnológicos. Sendo assim, as 
enfermeiras se diferenciam em duas categorias de acordo com o tempo de 
experiência profissional, as novatas e veteranas, com características opostas, tais 
como: afastamento/aproximação; medo/segurança; malefícios/benefícios; 
43 
 
desconhecido/familiaridade. Estes elementos, por sua vez, produzem repercussões 
positivas e negativas, e parecem conformar a possibilidade de existência de estilos 
de cuidar também no ambiente da terapia intensiva. 
Com base no exposto, é possível situar a noção dos estilos de cuidar na 
enfermagem. O cuidado de enfermagem configura-se no objeto de trabalho da 
profissão, e pertence a duas dimensões distintas, uma objetiva e outra subjetiva. A 
objetiva relaciona-se à esfera dos saberes especializados, das técnicas e dos 
procedimentos instrumentais. Já a subjetiva, diz Figueiredo, Machado e Porto (1995) 
ampara-se na sensibilidade, criatividade e intuição para cuidar do outro ser. São 
fundamentais ao cuidado a forma, o jeito de cuidar, a sensibilidade, a intuição, o 
‘fazer com’, a cooperação, a disponibilidade, a participação, o amor, a interação, a 
cientificidade, a autenticidade, o envolvimento, o vínculo compartilhado, a presença, 
a empatia, o comprometimento, a compreensão, a confiança mútua, o 
estabelecimento de limites, a valorização das potencialidades, a visão do outro como 
único, o toque delicado, o respeito ao silêncio, a receptividade, a observação, a 
comunicação, o calor humano, o sorriso. 
Ressalta-se também, a sua dimensão ético-política e histórico-filosófica. Na 
dimensão política, releva-se sua importância na promoção da cidadania, ou seja, o 
cuidado de enfermagem deve visar a manutenção ou restauração de um estado 
ótimo de saúde, no intuito do indivíduo exercer o seu direito de cidadão, 
potencializando a sua existência social. Deve buscar a autonomia do sujeito em sua 
vida social, num processo de humanização da vida. Assim, o cuidado de 
enfermagem agrega ações profissionais da natureza própria da profissão, fruto de 
um preparo teórico e filosófico, que se pauta também em outras ciências, e que se 
materializa numa prática multidisciplinar (SOUZA et al, 2005). 
44 
 
Destarte, ao refletir sobre os estilos de cuidar em enfermagem, conforme diz 
Souza et al (2005), ganha força a análise do sentido e significado que é conferido a 
este cuidado, que dimensão do ponto de vista político e social assume, como implica 
na vida dos cidadãos. Logo, o cuidado não se constitui apenas como um ato 
instrumental, mas um processo que possui uma finalidade para a vida humana. 
Nesta ótica, os estilos de cuidar em enfermagem não são neutros, devendo 
ser pensados a partir de um referencial teórico-filosófico, o qual deriva-se de 
reflexões pessoais e coletivas, bem como perpassa a relevância do cuidado no 
contexto sócio-político que se insere. Estes referenciais terminam por orientar as 
escolhas

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