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Farmacologia do Sistema Gastrointestinal Profa Dra Cristiane Luchesi Tipos de fármacos com ação no Sistema Gastrointestinal • Estimulantes do apetite • Protetores de mucosa • Adsorventes • Carminativos, antifiséticos, antiflatulentos e antiespumantes • Antizimóticos ou antifermentativos • Pró-cinéticos • Antiácidos • Bloqueadores da secreção de ácido clorídrico ou de seus efeitos • Eméticos • Antieméticos • Antidiarreicos ou constipantes • Catárticos • Digestivos ou eupépticos • Hepatoprotetores SISTEMA DIGESTÓRIO Funções : preensão mastigação deglutição maceração decomposição do alimento degradação enzimática pelo organismo ou por microrganismos absorção através do epitélio para dentro do organismo eliminação do material que não foi aproveitado SISTEMA DIGESTÓRIO Abordaremos medicamentos capazes de modificar uma ou várias funções desse sistema! Variações interespécies : Produtos de degradação enzimática semelhantes. Processos digestivos variam (e muito!) Prócinéticos Pró-cinéticos • Estimulam, coordenam motilidade • Fisiologia complexa: controle por sistema miogênico, neural, químico e células intersticiais Pró-cinéticos • Metoclopramida • Ésteres derivados da colina ( betanecol, carbacol) • Domperidona • Anticolinesterásicos: neostigmina • Cisaprida • Antagonistas de receptores histaminérgicos H2 • Eritromicina • Antagonistas opioides Fármacos pró-cinéticos: • Há os antidopaminérgicos • Há aqueles com efeitos colinérgicos muscarínicos • Há os serotoninérgicos Metoclopramida atuação sobres vários tipos de receptores. O mais importante é o antagonismo do receptor da dopamina do tipo 2 (D2). O efeito da dopamina sobre esses receptores do sistema digestório é a redução da pressão no esfíncter esofágico inferior e reduçãooda motilidade gastrintestinal. Metoclopramida- mecanismo de ação variado bloqueio de receptores D2 pré e pós-sinápticos estimulação de receptores excitatórios pré-sinápticos da serotonina do tipo 4 (5- HT4), liberação de acetilcolina de neurônios colinérgicos intrínsecos motores antagonismo da inibição pré-sináptica de receptores muscarínicos, permitindo o aumento adicional da liberação de acetilcolina Metoclopramida • aumento do tônus e amplitude das contrações gástricas • contração do esfíncter esofágico inferior, • relaxamento do esfíncter pilórico • aumento do peristaltismo do duodeno e jejuno. Metoclopramida • Favorece o esvaziamento gástrico • previne ou reduz o refluxo gastresofágico • acelera o trânsito das primeiras porções do intestino • pouca alteração é observada na motilidade do colón. Betanecol ou Carbacol: Colinérgicos de ação muscarínica Outros agentes com atividade colinérgica muscarínica, atuando como agonista colinérgico de ação direta ou inibindo a enzima acetilcolinesterase, poderiam ser usados como pró-cinéticos. Entretanto, esse uso é limitado pelo fato de que a ação não se restringe ao sistema digestório. É o caso dos ésteres derivados da colina, betanecol e carbacol (denominado também de carbamilcolina), e do anticolinesterásico neostigmina Betanecol Colinérgico de ação muscarínica O betanecol atua predominantemente em receptores muscarínicos, com alguma seletividade no sistema digestório e também na motilidade vesical. Os efeitos adversos causados por esses agentes estão relacionados à estimulação parassimpática (broncoconstrição, sialorreia, cólicas abdominais, bradicardia e hipotensão). Carbacol Colinérgicos de ação muscarínica O carbacol (produto de uso veterinário: Colentim®) atua tanto em receptores muscarínicos quanto nicotínicos, principalmente nos gânglios autônomos. Os efeitos adversos causados por esses agentes estão relacionados à estimulação parassimpática (broncoconstrição, sialorreia, cólicas abdominais, bradicardia e hipotensão). Neostigmina A neostigmina tem efeito menos restrito ao sistema digestório do que o betanecol. Os efeitos adversos causados por esses agentes estão relacionados à estimulação parassimpática (broncoconstrição, sialorreia, cólicas abdominais, bradicardia e hipotensão). Domperidona é também um antagonista dopaminérgico com propriedades pró-cinéticas semelhantes às da metoclopramida, porém não apresenta atividade colinérgica. Tem menos efeitos centrais que a metoclopramida (ver adiante o seu uso como antiemético). Cisaprida ⮚ Receptores serotoninérgicos ⮚ Ligação é feita em receptores inibitórios 5HT1 e 5HT3, ⮚ Receptores excitatórios 5HT2 e 5HT4. ⮚ Eficaz em gatos e é o tratamento de escolha para o retardo do esvaziamento gástrico. ✔ A cisaprida foi retirada do comércio : associado à arritmias cardíacas fatais em seres humanos; ✔ Em animais não foram observados efeitos adversos com o uso da cisaprida, ✔ não existe produto veterinário disponível no mercado brasileiro. ✔ Muito recomendada para hipomotilidade GI em lagomorfos, caviomorfos A eritromicina também demonstrou ter um efeito pró-cinético gástrico em gatos. Antagonistas de receptores histaminérgicos H2 ranitidina nizatidina efeitos pró-cinéticos no músculo liso intestinal. a secreção de ácido clorídrico inibe as contrações do estômago e, em cães cimetidina normaliza as contrações do estômago que foram inibidas pela estimulação da secreção de ácido. antagonistas do receptor H2 podem ter papel relevante na promoção do esvaziamento do estômago a ranitidina e a nizatidina estimulam motilidade e aumentam esvaziamento gástrico e a motilidade por meio tb de uma ação anticolinesterásica Anti-ácidos Antiácidos • São medicamentos que aumentam o pH gástrico, neutralizando o ácido clorídrico (HCl) liberado pelas células do estômago (células parietais); ANTIÁCIDOS • Tratamento e na prevenção da acidose ruminal; • Acidose ruminal: indigestão aguda por carboidratos, sobrecarga aguda por grãos, impactação ruminal aguda, sobrecarga ruminal, acidose láctica) provocada pela sobrecarga de grãos. Antiácidos sistêmicos e não sistêmicos • Os antiácidos sistêmicos podem ser absorvidos no sistema digestório e exercer este efeito no organismo do animal, ao passo que aqueles não sistêmicos exercem seu efeito fundamentalmente no estômago. Antiácidos sistêmicos e não sistêmicos • O antiácido sistêmico mais utilizado é o bicarbonato de sódio (NaHCO3), capaz de reagir com uma molécula de ácido clorídrico (HCl), formando cloreto de sódio (NaCl), água (H2O) e gás carbônico (CO2 – pode causar distensão abdominal e eructação com refluxo ácido): Antiácidos ✔Bicarbonato de sódio (NaHCO3): NaHCO3 + HCl → NaCl + H2O + CO2 ✔Hidróxido de magnésio (Mg(OH)2): Mg(OH)2 + 2 HCl → MgCl2 + 2 H2O ✔Carbonato de cálcio (CaCO3): CaCO3 + 2 HCl → CaCl2 + CO2 + H2O ✔Hidróxido de alumínio (Al(OH)3): Al(OH)3 + 3 HCl → AlCl3 + 3 H2O ANTIÁCIDOS Além da propriedade antiácida, alguns desses agentes apresentam características farmacológicas úteis: Sais de magnésio e alumínio: efeito protetor de mucosa adsorvente Magnésio: laxante Alumínio: constipante Bloqueadores da secreção de ácido clorídrico ou de seus efeitos Bloqueadores da secreção de ácido clorídrico ou de seus efeitos • Fisiologia: mecanismo de liberação do HCl pelas células parietais •Por liberação de gastrina •Via nervo vago ( liberação de acetilcolina) •A acetilcolina atua em receptores muscarínicos NERVO VAGO GASTRINA Fisiologia: Controle de secreção de HCL •Nervo vago e gastrina: •levam a liberação de histamina, que age em receptores H2 que promove liberação de HCL NERVO VAGO GASTRINA Fig 2 : Regulação fisiológica da secreção de ácido clorídrico (HCl) no estômago e locais de ação de alguns medicamentos. M: receptor colinérgico muscarínico; PG: receptor de prostaglandina; H2: receptor da histamina do tipo H2; G: receptorde gastrina; as setas tracejadas indicam antagonismo ou neutralização, as setas mais largas indicam a via preferencial. Fonte: Spinosa(2017) Bloqueadores de secreção HCL ou de seus efeitos a)Antagonistas muscarínicos do tipo M1: pirenzepina e a telenzepina, b)Antagonistas histaminérgicos do tipo H2: cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina. c)Inibidor da bomba gástrica de HCl (inibidor da bomba de prótons): omeprazol (linha veterinária: Equiprazol®, Petprazol®) e lansoprazol (Diprox®, Lanzol®, Ogastro®, Prazol®) d)Prostaglandinas: sintetizadas pela mucosa gástrica,PGE2 e PGI2 e)Sucralfato a)Antagonistas muscarínico tipo M1 Pirenzepina e telenzepina Desuso por reduzirem apenas em 40 a 50% a secreção gástrica basal de HCl e retardarem o esvaziamento gástrico, além de causarem efeitos colaterais típicos do bloqueio de receptores muscarínicos (boca seca, dificuldade visual, constipação intestinal) b)Antagonistas histaminérgicos do tipo H2 • cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina. • A cimetidina: efeitos colaterais que ocorrem com o uso prolongado (efeito antiandrogênico e ginecomastia em homens), tem sido substituído pelos anti-histamínicos H2 mais modernos, • bem absorvidos por via oral • eliminados principalmente pela urina • cerca de 60% desses agentes podem ser excretados de forma inalterada por esta via. c) Inibidor da bomba gástrica de HCl (inibidor da bomba de prótons): • Omeprazol (linha humana: Gaspiren®, Loprazol®, Losec®, Ulconar®; linha veterinária: Equiprazol®, Petprazol®) e lansoprazol (Diprox®, Lanzol®, Ogastro®, Prazol®). • Bloqueiam reversivelmente uma bomba localizada na membrana das células parietais responsáveis pela secreção de HCl, chamada H+, K+- ATPase; esta bomba troca íons H+ por K+ (ver Figura 34.2). A dose de omeprazol para cães e gatos é 0,7 mg/kg, 1 vez ao dia, por via oral; equinos, 0,5 a 2 mg/kg, 1 a 2 vezes ao dia, por via intravenosa, ou 0,7 mg/kg, 1 vez ao dia, por via oral Fig 2 : Regulação fisiológica da secreção de ácido clorídrico (HCl) no estômago e locais de ação de alguns medicamentos. M: receptor colinérgico muscarínico; PG: receptor de prostaglandina; H2: receptor da histamina do tipo H2; G: receptor de gastrina; as setas tracejadas indicam antagonismo ou neutralização, as setas mais largas indicam a via preferencial. Fonte: Spinosa(2017) d) Prostaglandinas (PG): as principais, sintetizadas pela mucosa gástrica, são a PGE2 e a PGI2 Inibem a secreção de HCl estimulam a secreção de muco protetor (efeito citoprotetor). O misoprostol é um análogo sintético da PGE1 para estados de hipersecreção gástrica Efeito colateral: aumento da motilidade uterina e intestinal. Misoprostol cães: 2 a 5 mg/kg, 2-3 vezes/dia, via oral e) Sucralfato: sacarose sulfatada e hidróxido de alumínio. Sucralfato: Forma um complexo com o exsudato do tecido lesado, produzindo uma barreira protetora sobre a mucosa; estimulação da produção de prostaglandina, que, por sua vez, aumenta a produção de muco pelas células epiteliais superficiais da mucosa gástrica; tb inativa a pepsina. •Cães: 0,5 a 1 g, por via oral, 2 a 3 vezes/dia; •gatos, 0,25 a 0,5 g, por via oral, 2 a 3 vezes/dia; •equinos, 2 a 4 g/450 kg, por via oral, 2 a 4 vezes/dia. Este medicamento pode ser útil também na prevenção de úlceras gástricas induzidas pelos anti-inflamatórios não esteroidais. Eméticos e Antieméticos Êmese • Mecanismo de defesa do organismo para remover material deglutido; • É acompanhada de uma série de alterações orgânicas: • Inicia-se pela abolição da motilidade gástrica, • Fechamento do piloro, • Abertura da cárdia, • Contração simultânea do diafragma e musculatura abdominal, permitindo a expulsão do conteúdo gástrico pela boca. • Em algumas espécies animais, a êmese não ocorre: como em equinos, ruminantes, roedores, cobaias e coelhos. EMÉTICOS • Em todas situações de êmese, existe o controle pelo sistema nervoso central por intermédio do centro do vômito (formação reticular lateral do bulbo); • Todos estes estímulos, atingindo o centro do vômito, podem desencadeá-lo. EMÉTICOS • Empregados em animais que conseguem vomitar, como os carnívoros, primatas, alguns pássaros e répteis. • Usados, em cães e gatos, em situações de intoxicação pela ingestão de agentes tóxicos. • Os eméticos podem ser irritantes ou de ação central: ✔soluções a 1% de sulfato de cobre ou sulfato de zinco; sais como o cloreto de sódio, na forma sólida, colocado sobre a base da língua ou fornecido em solução concentrada levemente aquecida podem também produzir este efeito; ✔A Ipeca apresenta dois alcaloides, emetina e a cefalina, que induzem êmese; ✔A água oxigenada 10 V (peróxido de hidrogênio a 3%) administrada por via oral, causa o vômito reflexo, por distensão estomacal. ✔DOSE: 1 a 2 mℓ/kg, o vômito ocorre após 10 min; a dose pode ser repetida caso não ocorra o vômito no período de 20 min após a primeira administração. ✔Não deve ser negligenciada a possibilidade de aspiração da espuma do peróxido de hidrogênio e, com isto, levar à morte do animal. EMÉTICOS • Os eméticos podem ser irritantes ou de ação central: ✔Apomorfina: potente agonista de receptores dopaminérgicos, que atua na zona deflagradora dos quimiorreceptores. ✔Dose : 0,04 a 0,08 mg/kg ✔O vômito ocorre em cerca de 2 a 3 min, após a administração por vias parenterais, podendo continuar por 5 a 15 min; posteriormente, segue-se um período de depressão que, em parte, deve-se ao efeito depressor da apomorfina. ✔Os cães são mais suscetíveis ao vômito induzido pela apomorfina do que os gatos, porque esses últimos possuem menor número de receptores dopaminérgicos na zona deflagradora dos quimiorreceptores. • Os eméticos podem ser irritantes ou de ação central: • Xilazina: quando administrada por via subcutânea ou intramuscular, pode também causar vômito dentro de poucos minutos após a administração, particularmente em gatos. • Acompanhada de sedação. • A xilazina é um agonista de receptores α2- adrenérgicos. • A dose de xilazina para indução de vômito em gatos é de 0,05 mg/kg. EMÉTICOS ANTIEMÉTICOS • A êmese prolongada: exaustão, desidratação, hiponatremia, hipocloremia e, quando grave, até mesmo alcalose - perda excessiva do ácido clorídrico gástrico; • Geralmente a definição da causa do vômito agudo é bem simples e direta. • Na maioria das vezes está associada: indiscrições alimentares, doenças infecciosas ou parasitárias, corpos estranhos e bolas de pelos em gatos jovens; • No caso de êmese indesejada, faz-se necessário o emprego de antieméticos, que podem atuar tanto localmente, reduzindo à irritação gástrica, como no sistema nervoso central; • Alimentos de fácil digestão, de consistência pastosa e frios podem exercer um certo efeito sedante sobre a mucosa gástrica. ANTIEMÉTICOS • Agentes anticolinérgicos: reduzem as secreções e a motilidade do sistema digestório, podem também apresentar efeito antiemético. • recomenda-se o uso de escopolamina, principalmente para o controle da cinetose. Em cães emprega-se a dose de 0,03 mg/kg de escopolamina, 4 vezes/dia. • A piridoxina (vitamina B6) tem mostrado também exercer efeito antiemético, porém não se conhecem os mecanismos envolvidos; • Anti-histamínicos H1: dimenidrinato (Dramin®), difenidramina (Benadryl®) e meclizina (Meclin®) reduzem os impulsos provenientes do aparelho vestibular (onde há receptores H1), que atingem o centro do vômito e também bloqueiam receptores H1 da zona deflagradora dos quimiorreceptores. ANTIEMÉTICOS • Antagonistas de receptores dopaminérgicos: agentes como a metoclopramina, bromoprida e domperidona (Motilium®) potentes antieméticos, além de favorecerem o esvaziamento gástrico. • Antagonistas de receptores da serotonina do tipo 3 (5- HT3): antieméticos mais potentes que os anteriormente citados: ondansetrona (Vonau®). • Dose cães: de 0,1 mg/kg intravenosa, 2 a 3 vezes/dia, ou 0,5 a 1 mg/kg, por via oral. • Gatos:0,1 a 0,2 mg/kg, por via subcutânea, 3 vezes/dia, ou 0,1 a 1 mg/kg, por via oral, 1 ou 2 vezes/dia. • A mesma dose de infusão usada em cães pode ser também utilizada em gatos. ANTIEMÉTICOS • Antagonistas de receptores de neurocinina-1 (NK1): O receptor NK1 faz parte da classe de receptores de superfície celular com afinidade maior para a substância P, que é um neuropeptídio que facilita processos inflamatórios, vômito, ansiedade e nocicepção. • Benefícios adicionais: analgesia visceral e atividade antiinflamatória. O maropitant Cerenia®: é indicado na prevenção de náuseas induzidas pela quimioterapia, Prevenção da cinetose e na prevenção e no tratamento do vômito. Os bloqueadores de NK1 podem ser utilizados em combinação com antagonistas de 5-HT3. ANTIDIARREICOS • Diarreia é o sinal clínico mais importante de doença intestinal em cães e gatos, promovendo perdas importantes de íons e eletrólitos e consequentemente desequilíbrio hidroeletrolítico. • O tratamento da diarreia é feito considerando-se a necessidade imperiosa da hidratação do animal (por via intravenosa em diarreias graves e/ou via oral), identificação e combate do agente infeccioso ou parasitário responsável pelo processo e, se necessário, o emprego de antidiarreicos (também chamados de constipantes); • Como adjuvantes para o tratamento das diarreias têm sido usados probióticos Estimulantes do apetite, Adsorventes antiflatulentos ESTIMULANTES DE APETITE • Orexígenos ou orexigênicos; Diversas Enfemidades • Mecanismo reguladores do apetite: ✔Longo prazo: relacionado ao estoque de nutrientes; ✔Curt prazo relacionado a ingestão de alimentos/ fome • A ingestão alimentar é controlada também por um conjunto de fatores cognitivos e emocionais que envolvem a mecanismo cerebral de recompensa. ESTIMULANTES DE APETITE • Os primeiros medicamentos : amargos ou tônicos amargos; • Ao entrarem em contato com as papilas gustativas da boca, estimulavam a produção de saliva e, assim, o efeito estimulante do apetite ocorria. • Utilizados como estimulantes de apetite em bovinos e equinos com aparente sucesso, • cães e gatos : sem sucesso • Não há estimulação do apetite porque esses animais evitam o sabor amargo; • Alimentos altamente palatáveis: • Forrageiras tenras para os herbívoros, • Carne para os carnívoros. • Alimentos úmidos ESTIMULANTES DE APETITE • Vitaminas do complexo B: possuem função essencial no metabolismo de aminoácidos, ácidos graxos e carboidratos; • Podem atuar nas reações do metabolismo energético e da glicose (vit. B1 /tiamina), de oxidação para liberação de energia (vit. B2/riboflavina), composição da coenzima A (no caso da vit. B5/ácido pantotênico) da NAD e NADP (vit. B3/niacina), na síntese de proteínas ESTIMULANTES DE APETITE • Antihistamínicos-H1 : O mecanismo não está bem determinado, mas parece ser devido a um possível efeito hipoglicemiante e consequente estimulação do centro do apetite, no hipotálamo. • A ciproeptadina é recomendada para cães e gatos na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg, por via oral, 10 a 20 min antes da alimentação; ESTIMULANTES DE APETITE Mirtazapina (Remeron R Mirtz R): antidepressivo Aumento da norepinefrina, serotonina- antagonismo ao receptor 5HT3 é responsável pelos efeitos anti-náusea e antiemético do fármaco. Gatos com insuficiência renal crônica estabilizada Dose : Cães: 1.1–1.3 mg/kg p.o. q24h. Gatos : 1.9 mg/cat p.o. q48h _ podendo dobrar a dose ou fazer a cada 24 h Capromorelina: foi recentemente aprovada para uso em gatos com doença renal crônica (DRC) nos Estados Unidos e pode ser considerada como estimulante do apetite para gatos Estimula a secreção do hormônio do crescimento ESTIMULANTES DE APETITE • Benzodiazepínicos : administração do elfazepam em bovinos e ovinos foi capaz de aumentar a ingestão de alimentos, sendo este efeito observado também com clordiazepóxido e diazepam em gatos. • Este efeito é atribuído à supressão do centro da saciedade no SNC. ADSORVENTES • São substâncias que atraem outras fixando- as sobre sua superfície. • carvão ativado • Empregado: intoxicação em que o animal ingeriu um agente tóxico e pretende-se impedir a absorção gastroentérica desse agente, fazendo com que este seja adsorvido pelo carvão e, assim, seja eliminado do organismo. ADSORVENTES • No caso de intoxicação, uma preparação consiste em 8 g de carvão para 40 mℓ de água; • Administra-se essa preparação, por via oral, considerando até 40 ml/ 20kg. • O tratamento com carvão é limitado a 48 h devido ao risco de ocorrência de formação de concreções intestinais. ANTIFLATULENTOS • Facilitam a eliminação de gases contidos no sistema digestório ou dificultam a formação de espuma nos líquidos digestivos que aprisiona os gases no seu interior. • Dimeticona (ou simeticona) ANTIFLATULENTOS • Em pequenas quantidades, alteram a tensão superficial dos líquidos digestivos, impedindo a formação de bolhas ou rompendo as já formadas; assim, favorecem a eliminação de gases do sistema digestório; • Timpanismo espumoso nos ruminante • SC: distensão acentuada do flanco esquerdo, agitação, taquipneia, escoiceamento, extensão do pescoço. A morte decorre da parada respiratória por compressão da musculatura torácica. • Trocanter- diretamente no rumén • Para o tratamento inicial da diarreia, deve-se definir, com base em dados de anamnese, se esta é aguda ou crônica. • A diarreia aguda: início súbito e curta duração deve ser tratada de maneira de suporte ou sintomática, com ênfase no suporte do equilíbrio e no estado hídrico do paciente; • A diarreia é considerada como crônica quando persistente (três a quatro semanas ou mais) A cronicidade geralmente exclui uma simples imprudência dietética, intoxicação ou enterite viral como causas; ANTIDIARREICOS 3 grupos: - Depressores de motilidade - Adsorventes e/ou protetores de mucosa - -Adjutantes: pró-bióticos ANTIDIARREICOS ANTIDIARREICOS Depressores de motilidade • Opioides- efeitos constipantes • Há receptores MOP no Ileo, DOP no intestino • Ex: elixir paregórico,loperamida • Anticolinérgicos pelos efeitos parassimpatolíticos • Atropina, escopolamina propantelina, metantelina e glicopirrolato Adsorventes /protetores de mucosa • Pectina • Caulim • Sais de bismuto • Carvão ativado • Os constipantes opiáceos/opioides, atuam aumentando o tônus da musculatura circular do intestino e do esfíncter, bem como redução da secreção. Exemplos: • Elixir paregórico (tintura de Papaver somniferum L) • Loperamida (Imosec®): dose usada é de 0,05 a 0,1 mg/kg/dia para as diferentes espécies animais. ANTIDIARREICOS • Associação entre antibióticos e protetores de mucosa: ANTIDIARREICOS • São medicamentos que favorecem a eliminação das fezes. • Chamados de purgantes quando promovem a eliminação de fezes de consistência diarreica e de laxantes quando as fezes têm consistência normal; • Catárticos emolientes ou lubrificantes: lubrificam e amolecem as fezes, impedindo a sua dessecação, exercem efeito sobretudo laxante. Neste grupo encontram-se os óleos mineral e vegetais ✔Óleo mineral: administrado por via oral, tem efeito laxante; não é digerido e praticamente não é absorvido pelo organismo. Quando usado por 2 a 3 dias, este óleo penetra nas fezes, amolecendo-as, e, por recobrir a mucosa intestinal, pode reduzir a absorção de água e de vitaminas lipossolúveis. ✔Óleos vegetais: são hidrolisados pela lipase intestinal e absorvidos. A dose deve superar a capacidade de hidrólise desta enzima para que o efeito seja observado. CATÁRTICOS • Catárticos formadores de massa: são usados principalmente para pequenos animais e exercem efeito essencialmente laxante. • Polissacarídeos naturais (de plantago – planta do gênero Psyllium), são indigeríveis, têm também propriedades hidrófilas, promovendo amolecimento das fezes e aumentando seu volume e, consequentemente, distendendo as fibras musculares do intestino, induzindo aumento da motilidadeintestinal e efeito laxante. CATÁRTICOS CATÁRTICOS Catarticos osmóticos ou salinos: Atividade osmótica no local atraindo água para a região Com isso há distensão das fibras musculares aumentando o peristaltismo produzindo efeito laxante ou purgante dependendo da dose CATÁRTICOS Os sais de magnésio (sulfato, hidróxido, citrato) e sais de sódio (sulfato, fosfato, tartarato), são encontrados na forma sólida ou como soluções A lactulose é um dissacarídeo sintético não absorvível, que age como laxante osmótico moderado. A glicerina, além de exercer efeito osmótico, lubrifica a passagem de fezes endurecidas, sendo por isto usada em supositórios. O sorbitol tanto pode ser usado por via oral como retal, produzindo efeito laxante. • Catárticos estimulantes ou irritantes: promovem a irritação da mucosa intestinal, inibindo a absorção de água, eletrólitos e nutrientes, e ainda estimulam os plexos nervosos, aumentando a motilidade intestinal e causando, consequentemente, o efeito catártico. CATÁRTICOS CATÁRTICOS • Óleo de rícino: efeito observado em pequenos animais entre 4 e 8 h e em equinos entre 12 e 18 h; em cães usam-se 4 a 30 ml , enquanto em potros, bezerros e suínos, 30 a 180 ml de óleo de rícino; • Bisacodil (Dulcolax®, Lacto-Purga®): Para cães a dose oral é de 5 a 20 mg por animal ao dia e para gatos, 5 mg por animal ao dia; • Picossulfato (Guttalax®). DIGESTIVOS • São medicamentos que favorecem os processos digestivos, substituindo ou complementando as secreções do sistema digestório: • Enzimas digestivas: a papaína (encontrada no mamão) e a bromelina (presente no abacaxi) são proteases; a pancreatina e a pancreolipase (obtidas de pâncreas de suínos) contêm principalmente amilase, tripsina e lipase, que auxiliam na digestão de proteínas e lipídios; e pepsina que é uma enzima proteolítica; DIGESTIVOS • Coleréticos: estimulam a secreção de bile. Os principais agentes são os próprios ácidos e sais biliares (ácido ursodesoxicólico). Contra indicação : Oclusão do trato biliar Dose cães e gatos: 10 a 15 mg/kg PO a cada 24 horas HEPATOPROTETORES • Medicamentos ditos hepatoprotetores ou também chamados de protetores hepáticos ou antitóxicos, seu uso é bastante controverso; • Fazem parte deste grupo os agentes hepatotrópicos (possuem afinidade especial pelo fígado) e os agentes lipotrópicos (apressam a remoção de lipídios ou reduzem sua deposição no fígado); • Colina: um agente considerado lipotrópico, acredita- se que possa promover a conversão da gordura hepática em fosfolípídios que contêm colina, os quais podem ser transferidos mais rapidamente do fígado para o sangue, evitando, assim, a esteatose hepática. A dose preconizada de colina, por via oral, em equinos é de 3 a 4 g, bovinos 1 a 8 g, cães 45 mg/kg e gatos 100 mg. Metionina: é doadora do radical metila, favorecendo, desta maneira, a metilação de diferentes substâncias químicas (medicamentos, agentes tóxicos etc.), visando facilitar sua eliminação do organismo. ✔ Doa radical metila inclusive para a síntese de colina. ✔ contem também um grupo sulfidrila, que se acredita tenha efeito antinecrótico no fígado Lecitina e betaína: são agentes lipotrópicos que contêm colina, liberandoa por hidrólise Silimarina (Silybum marianum L.): age como estabilizador das membranas dos hepatócitos, inibindo a lipoperoxidação desencadeada por radicais livres (ação antioxidante) Hepatoprotetores Hepatoprotetores Vitamina B12 (hidroxicobalamina): é agente lipotrópico, que favorece a síntese proteica hepática. Esta vitamina está envolvida, também, na formação de colina e na biotransformação de radicais metílicos lábeis Vitamina E (αtocoferol) e selênio: acreditase que ambos teriam efeito antioxidante e, por isso, seriam medicamentos antinecróticos. Neste particular, vale ressaltar que são chamados de antioxidantes moléculas ou reações químicas que protegem os sistemas biológicos contra os efeitos lesivos da oxidação excessiva. Hepatoprotetores S- Adenosil-metionina (SAMe) : ⮚ Nutracutico ⮚ Essencial em mais de 40 reações ⮚ Açãp antiinflamatória e antioxidante ⮚ Reparação celular Indicações: ✔ Lesão necro-inflamatória ✔ Prevenção ou tratamento de hepatotoxidade ✔ Processos inflamatórios Dose 20mg/kg PO sid Gatos 90 mg PO sid Add em jejum Toxicidade: sem efeitos adversos Cães : 12 semanas Gatos : 16 semanas Referências • SHERDING, R.; JOHNSON, S. Doenças Intestinais. In: BICHARD, S.J. Manual Sauders de clínica de pequenos animais. 3 ed. São Paulo: Roca, 2008. • BAUER, J.E. Therapeutic use of fish oils in companion animals. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 239, n. 11, p. 1441-1451, 2011. • VANDEWEERD, J.M. et al. Systematic review of efficacy of nutraceuticals to alleviate clinical signs of osteoarthritis. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 26, n. 3, p. 448-456, 2012. • IBRAHIM, W.H. et al. Effects of carnitine and taurine on fatty acid metabolism and lipid accumulation in the liver of cats during weight gain and weight loss. American Journal of Veterinary Research, v. 64, n. 10, p. 1265-77, 2003. Referências • SPINOSA, Helenice de Souza; GÓRNIAK, Silvana Lima; BERNARDI, Maria Martha. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. • SHERDING, R.; JOHNSON, S. Doenças Intestinais. In: BICHARD, S.J. Manual Sauders de clínica de pequenos animais. 3 ed. São Paulo: Roca, 2008. • GOLAN, David E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. • Damiani, D. Sinalização cerebral do apetite. Rev Bras Clin Med., v. 9, n. 2, p. 138-45, 2011.; • Brasil. Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. 1. ed. Brasilia, DF: Anvisa; 2016. Slide 1: Farmacologia do Sistema Gastrointestinal Slide 2: Tipos de fármacos com ação no Sistema Gastrointestinal Slide 3: SISTEMA DIGESTÓRIO Slide 4: SISTEMA DIGESTÓRIO Slide 5: Prócinéticos Slide 6 Slide 7: Pró-cinéticos Slide 8: Pró-cinéticos Slide 9: Fármacos pró-cinéticos: Slide 10: Metoclopramida Slide 11: Metoclopramida- mecanismo de ação variado Slide 12 Slide 13: Metoclopramida Slide 14: Metoclopramida Slide 15 Slide 16: Betanecol ou Carbacol: Colinérgicos de ação muscarínica Slide 17: Betanecol Colinérgico de ação muscarínica Slide 18: Carbacol Colinérgicos de ação muscarínica Slide 19: Neostigmina Slide 20 Slide 21: Domperidona Slide 22: Cisaprida Slide 24: Antagonistas de receptores histaminérgicos H2 Slide 25 Slide 26: Antiácidos Slide 27: ANTIÁCIDOS Slide 28: Antiácidos sistêmicos e não sistêmicos Slide 29: Antiácidos sistêmicos e não sistêmicos Slide 30: Antiácidos Slide 31: ANTIÁCIDOS Slide 32: Bloqueadores da secreção de ácido clorídrico ou de seus efeitos Slide 33: Bloqueadores da secreção de ácido clorídrico ou de seus efeitos Slide 34: Fisiologia: controle da secreção de HCL Slide 35: Fisiologia: Controle de secreção de HCL Slide 36 Slide 37: Bloqueadores de secreção HCL ou de seus efeitos Slide 38: a)Antagonistas muscarínico tipo M1 Slide 39: b)Antagonistas histaminérgicos do tipo H2 Slide 40 Slide 41: c) Inibidor da bomba gástrica de HCl (inibidor da bomba de prótons): Slide 42 Slide 43: d) Prostaglandinas (PG): Slide 44: e) Sucralfato: sacarose sulfatada e hidróxido de alumínio. Slide 45: Eméticos e Antieméticos Slide 46: Êmese Slide 47: EMÉTICOS Slide 48: EMÉTICOS Slide 49: EMÉTICOS Slide 50: EMÉTICOS Slide 51: ANTIEMÉTICOS Slide 52: ANTIEMÉTICOS Slide 53 Slide 54: ANTIEMÉTICOS Slide 55: ANTIEMÉTICOS Slide 56: ANTIDIARREICOS Slide 57 Slide 58 Slide 59: Estimulantes do apetite, Adsorventes antiflatulentos Slide 60: ESTIMULANTES DE APETITE Slide 61: ESTIMULANTES DE APETITE Slide 62: ESTIMULANTES DE APETITE Slide 63: ESTIMULANTES DE APETITE Slide 64: ESTIMULANTES DE APETITE Slide 65: ESTIMULANTES DE APETITE Slide 66: ADSORVENTES Slide 67: ADSORVENTES Slide68: ANTIFLATULENTOS Slide 69: ANTIFLATULENTOS Slide 70: ANTIDIARREICOS Slide 71: ANTIDIARREICOS Slide 72: ANTIDIARREICOS Slide 73: ANTIDIARREICOS Slide 74: ANTIDIARREICOS Slide 75: CATÁRTICOS Slide 76: CATÁRTICOS Slide 77: CATÁRTICOS Slide 78: CATÁRTICOS Slide 79: CATÁRTICOS Slide 80: CATÁRTICOS Slide 81: DIGESTIVOS Slide 82: DIGESTIVOS Slide 83: HEPATOPROTETORES Slide 84 Slide 85: Hepatoprotetores Slide 86: Hepatoprotetores Slide 87: Referências Slide 88: Referências