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AULA 1 TOMADA DE DECISÃO E INTUIÇÃO Prof. Fábio Eduardo da Silva 2 INTRODUÇÃO Olá, estamos começando a disciplina de Tomada de Decisão e Intuição, na qual você conhecerá essas áreas, em seus aspectos neurológicos e sociais. Vai ter acesso a estudos que sugerem que certas experiências conhecidas como intuição talvez sejam parte de sua forma comum de funcionar no dia a dia, enquanto, em outras situações, expressam fenômenos não bem compreendidos pela ciência – e, por isso, chamados de anômalos. Verá como podemos nos enganar com uma simples decisão, e os atalhos que frequentemente tomamos ao decidir. Vai pensar sobre o papel da intuição no meio organizacional, em particular com relação ao empreendedorismo e à inovação. Vai, ainda, conhecer os resultados de estudos que se propuseram a treiná-la! Nesse primeiro momento, vamos oferecer uma introdução à tomada de decisão e intuição, entendo a intuição como emoção e como uma experiência não- local. Finalizamos com uma estrutura integrada sobre a intuição, que mostra um panorama geral sobre ela. Iniciemos essa aventura que, em última análise, é sobre a fantástica e complexa forma como nós mesmos funcionamos! TEMA 1 – TOMADA DE DECISÃO Podemos pensar na Tomada de Decisão (TD) como um processo de escolha de uma ou mais opções entre algumas possíveis. O tipo de decisão faz muita diferença, seja para uma decisão muito importante, como decidir sobre nosso futuro acadêmico, profissional ou afetivo, ou menos importante, como o tipo de bebida que vamos tomar. Podemos considerar os resultados de uma decisão com referência ao fato de ele estar ou não acertada, mas nem sempre isso é possível e/ou válido. Há uma história de um cirurgião que teria dito: “Essa operação foi um sucesso. Infelizmente, o paciente morreu. ” Isso soa como uma piada de mau gosto. Entretanto, de fato, uma decisão pode ser boa, considerando-se as informações disponíveis na ocasião de sua tomada, mesmo parecendo ruim em termos de suas consequências. (Eysenck, 2017, p. 547) Os primeiros modelos de TD não foram elaborados por psicólogos, mas por economistas, estatísticos e filósofos. Homem e mulher econômicos é um modelo clássico, que considerava os seguintes pontos: 3 1. Os decisores são totalmente informados sobre todas as opções possíveis para as suas decisões e de todos os possíveis resultados das suas opções de decisão. 2. Eles são infinitamente sensíveis às distinções sutis entre as opções de decisão. 3. Eles são totalmente racionais em relação à escolha de opções. (Sternberg; Sternberg, 2011, p. 489) Como pode ser observado, a subjetividade não era considerada neste modelo, e a racionalidade era superestimada. Esses fatos destoam dos resultados de pesquisa atuais (Sternberg; Sternberg, 2011). Outro modelo, que permite mais espaço para aspectos psicológicos dos tomadores de decisão, é a "teoria da utilidade esperada subjetiva". A ideia básica aqui é que decidimos buscando prazer e evitando a dor. Mas, ao fazê-lo, usamos cálculos de utilidade subjetiva, ou seja, julgamentos pessoais com critérios não objetivos. É uma estimativa pessoal de probabilidade, e não envolve cálculos. Nessa abordagem, as características pessoais influenciam a TD; por exemplo, se a pessoa que decide é mais otimista ou o pessimista. Porém, estudos posteriores indicaram que a TD humana é bem mais complexa do que a abordagem sugeria (Sternberg; Sternberg, 2011). Pesquisas posteriores evidenciaram ainda mais as limitações da razão para a TD, visto que faz uso de atalhos mentais e vieses. Quando decidimos, mesclamos desejos (valores pessoais, utilidades e objetivos) e crenças, tais como expectativas, conhecimento prévio, entre outras (Souza, 2010). O processo é ainda mais sutil porque, frequentemente, decidimos sob condições de incerteza, ou seja, quando não temos todas as informações sobre as alternativas possíveis, sobre suas probabilidades de ocorrência, ou seus resultados. E, para ficar ainda “mais interessante”, usualmente fazemos isso sem percepção clara, de forma não consciente, o que nos leva frequentemente ao equívoco (Souza, 2010). Outro aspecto importante é que, antes de decidirmos, fazemos um julgamento ou avaliação, uma estimativa/dedução das consequências que serão geradas por nossa TD. Também estimamos qual se será nossa reação neste contexto imaginário. Assim, o julgamento é essencial à TD, visto que vai orientá- la. Frequentemente, fazemos esse julgamento de forma rápida, com base em experiência anterior, sem raciocinarmos de forma consciente e intencional. A esse tipo de julgamento chamamos de intuitivo, e ele produzirá uma TD Intuitiva! Assim, vemos que a TD pode ser tanto consciente (racional) como não consciente (intuitiva) (Souza, 2010). 4 Um modelo de estudo de tomada de decisão é a teoria de decisão comportamental, na qual se observa a diferença entre as previsões obtidas por modelos normativos e os julgamentos e decisões observáveis. O processo normativo é aquele ideal, uma solução racional, enquanto a perspectiva descritiva procura observar como a tomada de decisão realmente acontece (Souza, 2010). A perspectiva da tomada de decisão por normas (normativo), com base na razão, não contempla as tomadas de decisões intuitivas. Esse modelo racional parte do princípio de que os tomadores de decisão estão de posse de todas as informações sobre as alternativas, podendo avaliá-las quanto à sua utilidade, escolhendo a mais útil (Souza, 2010). Como observamos, a racionalidade é limitada, e o modelo proposto por Simon indica esse limite em termos do processamento de informações. Sob condições de incerteza, essas limitações levam a heurísticas, ou regras práticas: O estudo sistemático destas regras, por Kahneman e Tversky, na transição entre os anos 60 e 70, constituiu-se num marco da pesquisa da TD, mostrando que, em condições de incerteza, o julgamento é baseado em “atalhos” que simplificam os processos de TD, levando frequentemente a acertos, mas também a equívocos. Tais procedimentos reduzem as informações necessárias a uma decisão e, por isto, são econômicas e eficazes, mas também podem conduzir sistematicamente a erros. (Silva, 2014, p. 4) Segundo Kahneman (2012), as três principais meta-heurísticas identificadas são: • Representatividade – na qual a probabilidade de um elemento pertencer a uma população é estimada com base no grau de semelhança que se tem em relação à mesma população. • Disponibilidade – a frequência de ocorrência de um fato se dá pela facilidade com que as ocorrências vêm à mente, ou seja, pela disponibilidade em nossa memória. • Ancoragem e ajustamento – aqui usamos um valor de referência para uma quantidade desconhecida, mesmo antes de estimar a quantidade. Quando fazemos as estimativas, finais ajustamos esse valor (âncora), mas de forma insuficiente. As heurísticas e outras estratégias serão melhor apresentadas e exploradas na sequência. 5 1.1 Uma mente, dois sistemas? Acrescentam-se às heurísticas a evidência de dois sistemas de tomada de decisão (Souza, 2010, Kahneman, 2012, p. 29): O Sistema 1 opera automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e nenhuma percepção de controle voluntário. O Sistema 2 A loca atenção as atividades mentais laboriosas que o requisitam, incluindo cálculos complexos as operações do sistema 2 são muitas vezes associadas com a experiência subjetiva de atividade, escolha e concentração. Apresentamos mais detalhes desses dois sistemas no quadro. Quadro 1 – Sistemas 1 e 2 Sistema 1 Intuitivo ou experiencial Sistema 2 Analítico, explícito ou deliberativo Inconsciente Consciente Automático, sem esforço consciente Controlável, com esforço consciente Aparece já em espécies mais antigas, na escala evolutiva, talvez centenas de milhares de anos Evoluiu tarde, talvez dezenas de milharesde anos Comum entre várias espécies Deve ser unicamente humano Pragmático, modular, depende de conteúdo (ex. parceiros sexuais; reconhecimento de faces) Lógico, descontextualizado, representações abstratas (ex. resolução de problemas matemáticos; teorização filosófica) Processamento paralelo e simultâneo de múltiplas fontes (ex. expressão facial, postura corporal e entonação vocal) Processamento serial, sequencial de representações abstratas descontextualizadas (ex. esquema de resolução passo a passo de um problema) Processamento paralelo resulta em alta capacidade de processamento de informação, sem necessidade de esforço cognitivo consciente Processamento sequencial é limitado pelos Recursos de atenção e memória, sendo necessário grande esforço cognitivo consciente Não se relaciona com inteligência geral Relaciona-se com inteligência geral Fala na linguagem dos sentimentos Fala na linguagem das palavras Aprende lentamente mas opera rapidamente Aprende rapidamente mas opera lentamente Fonte: Elaborado com base em Souza, 2010, p. 48; Sadler-Smith, 2011, p. 15-6; 2008, p. 15-16. Adivinhe, qual sistema usamos mais ao decidirmos no dia a dia? O 1, é claro, pois não há tempo para decidir de forma lenta! O sistema 2 pode até supervisionar as decisões do sistema 1, aceitando- as, negando-as ou, ainda, corrigindo-as conforme o caso. Mais uma vez, adivinhe: 6 o sistema 2 participa ou supervisiona a maioria das decisões? Claro que não! Nem seria possível! Contudo, o sistema 1 é suficientemente bom para decidir sozinho, na maior parte do tempo. Mas, em contrapartida, é o sistema em virtude do qual mais erramos. Por isso o sistema 2 é mais indicado para decisões importantes em nossas vidas (Souza, 2010). De fato, os dois sistemas podem funcionar de forma integrada, mas, mesmo quando trabalham juntos, o sistema 2 é fortemente influenciado pelo 1. Assim, frequentemente o sistema 2 não consegue corrigir o 1, e as distorções deste parecem mediar a maioria, senão todos os julgamentos e TDs (Khneman; Frederick, citados por Souza, 2010). Você percebeu que o sistema 1 está relacionado à intuição, correto? Passemos então a refletir mais sobre ela; antes, que tal descobrir qual é a sua preferência?1 No geral, você prefere usar sua mente analítica ou intuitiva? No quadro abaixo, leia cada um dos pares de x e y, e, sem refletir, muito faça um círculo indicando sua preferência para cada uma das alternativas [X ou Y, uma ou a outra, não marque duas para um tema]. Por exemplo, se você prefere ser “espontâneo” a ser “reservado” marque o Y, no lado direito da tabela. (Sadler-Smith, 2011, p. 50) Quadro 2 – Teste X Y 1. Ser reservado Ser espontâneo X Y 2. Gratificação imediata Gratificação posterior X Y 3. Fatos e números Impressões e hipóteses X Y 4. Pequenos detalhes Quadro geral X Y 5. Ser criativo Ser conservador X Y 6. Meus pensamentos Meus sentimentos X Y 7. O futuro O presente X Y 8. Coisas concretas Coisas abstratas X Y 9. Realidade Possibilidades X Y 10. Ser convencional Romper com as convenções X Y Soma total: Fonte: Elaborado com base em Sadler-Smith, 2010, p. 50. 1 O teste a seguir serve como referência básica para a observação da sua preferência sobre os dois modos indicados. No entanto, não se trata de um teste acadêmico elaborado com metodologia científica. Tampouco implica que o modelo no qual se baseia (dois sistemas) seja consenso científico nas pesquisas sobre intuição. Ele serve como referência para autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, mas não deve ser usado para se tomar decisões de qualquer natureza. 7 Circule suas escolhas de x e y no Quadro 2, faça a soma de ambos, e marque os resultados na Figura 1, traçando uma linha reta entre os dois extremos X e Y. Figura 1 – Teste: resultado M en te a na lít ic a X ....................................................,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,............. Y M en te in tu iti va 1 . . 1 2 . . 2 3 . . 3 4 . . 4 5 . . 5 6 . . 6 7 . . 7 8 . . 8 9 . . 9 Escala de preferência de pensamento Fonte: Elaborado com base em Sadler-Smith, 2011, p. 50. TEMA 2 – INTUIÇÃO Como visto, julgamentos e decisões não conscientes abrem a porta para o que, até o momento, estamos chamando de intuição. Adentremos essa porta, inicialmente tentando definir melhor o que seja a intuição. Tarefa nada fácil! 2.1 Conceitos de intuição Parece não existir consenso sobre um conceito de intuição entre os pesquisadores e teóricos que a estudam. Em parte, isso se deve pelas diferentes áreas nas quais os estudos são conduzidos: filosofia; administração; neurociência cognitiva; biologia evolutiva; neuroeconomia; neuropsicologia; psicologias cognitiva, profunda, social, humanista, organizacional, transpessoal e anomalística; entre outras. Apresentamos dois conceitos para iniciar a discussão sobre o tema: • Intuição como um processo de pensamento no qual a entrada (input) é provida em sua maioria por conhecimentos adquiridos automaticamente de forma não consciente, enquanto a saída (output) é um sentimento que 8 serve como base para julgamentos e decisões (Plessner; Betsch; Betsch, 2008). • É um reconhecimento ou julgamento involuntário e difícil de articular, carregado de influência, baseado em aprendizado e experiências prévias, que chega rapidamente, através de associações holísticas e sem pensamento racional consciente ou deliberativo (Sadler-Smith, 2008, p. 31). Esses conceitos foram escolhidos por integrarem alguns aspectos dos estudos contemporâneos. O primeiro refere-se à intuição como processo de pensamento, ou seja, cognitivo, com baseado em conhecimentos adquiridos automaticamente, ou de forma não consciente. Estamos na área das ciências cognitivas; seus pesquisadores sugerem que muito de nossos processos de cognição e memória são inconscientes. Alguns argumentam que 95% de nossos pensamentos são inconscientes. Neste prisma, temos percepção, aprendizado e memória implícitos (involuntários, não conscientes), bem como um sentimento de saber (feeling of knowing – FOK), também não consciente. Tais aspectos estariam relacionados à intuição; no prisma neurocientífico, são observados nos estudos de imageamento dos processos de tomada de decisão. O segundo conceito também indica a intuição como processo cognitivo não consciente, com base em aprendizado e experiências prévias. Teríamos, sob tal prisma, um processamento duplo e complementar de informações. Um intuitivo e inconsciente, automático, rápido, holístico, baseado em experiências prévias; outro racional, analítico, lento e “mais livre” de influência (Plessner; Betsch; Betsch, 2008; Sadler-Smith, 2008). 2.2 Cognição implícita: percepção, aprendizado e memória não conscientes Existem fortes evidências de que podemos aprender sem esforço consciente, e pensar de forma rápida e complexa sem perceber os processos envolvidos e os resultados alcançados. Em síntese, é plenamente possível que saibamos mais do que podemos perceber. Isso foi chamado de cognição implícita, envolvendo a percepção, a aprendizagem e a memória. Quando percebemos algo de forma explícita, podemos distinguir presença, localização, forma, características e movimento. Por exemplo, você pode perceber o ambiente onde está inserido neste momento. Eu consigo perceber o 9 cursor no texto, na tela do computador, para o qual estou ditando as frases que você está lendo neste momento. Se podemos perceber muitos estímulos à nossa volta, ou mesmo distantes de nós, como ouvir o barulho de um avião passando, é notório que há uma grande quantidade de estímulos que nos são imperceptíveis conscientemente. De fato, a maior parte dos estímulos que sensibilizam nossos sentidos sensoriais não são percebidos conscientemente.Mesmo não sendo percebidos dessa forma, eles podem nos influenciar (percepção implícita). Imagens agressivas e não agressivas foram mostradas aleatoriamente para sujeitos de uma pesquisa. O tempo de exposição (5 milissegundos) foi mais rápido do que aquele necessário para a percepção consciente; ou seja, os participantes não conseguiram identificar a imagem mostrada. Logo após a exposição subliminar, era mostrada uma imagem neutra, que deveriam avaliar. Os resultados indicaram que os julgamentos foram enviesados pela exposição anterior, não consciente. Tal efeito ficou conhecido como mera exposição, com estudos pioneiros tendo sido realizados por Robert B. Zajonc (citado por Sadler-Smith, 2008). Outro exemplo, mais cotidiano, ocorre quando estamos conversando com alguém em um ambiente barulhento, por exemplo em uma festa, e algum assunto de nosso interesse nos chama a atenção. Neste momento, focamos nossa atenção para ouvir mais daquela conversa. Até antes desse momento, o estímulo não estava sendo percebido conscientemente, mas ainda assim estava sendo avaliado, por nós, de forma implícita. Tal como a percepção, a memória também pode ser implícita. Quando pensamos em memória, podemos lembrar que ela pode ser entendida em termos de curta e longa duração. Pode ser dividida em dois: a chamada explícita ou memória declarativa, que inclui a memória episódica (de eventos) e a semântica (fatos); e aquela conhecida como implícita ou não declarativa, que inclui a memória de procedimentos, como habilidades cognitivas e motoras, e o sistema de representação perceptual, como o prime (priming) perceptual. O termo priming refere-se a processos hipotéticos subjacentes ao efeito priming, isto é, o achado empírico de que a identificação de um objeto ou a produção de um item é facilitada pelo encontro prévio do indivíduo com o mesmo ou um objeto ou item similar. Geralmente, os testes que foram usados para medir os efeitos de priming podem ser amplamente classificados em perceptivos e semânticos [...]. Os testes de priming perceptual são caracterizados por uma relação perceptiva - geralmente visual - entre a sugestão de recuperação e o item alvo. [...] Os participantes estudam uma lista de palavras e, posteriormente, no teste, são apresentados com [...] iniciais de três letras dos itens estudados e não estudados e são solicitados a dizer a primeira palavra que vem à mente. [...] Os efeitos de priming são indicados por uma diminuição na 10 latência para tomar uma decisão ou pela tendência crescente de completar [...] fragmentos com itens previamente estudados. Em contraste, testes de priming semântico podem ser caracterizados pelo fato de que a relação entre a sugestão de recuperação e o item alvo se refere ao significado em vez da forma física. Por exemplo, na categoria tarefa de geração de exemplares, os participantes estudam uma lista de palavras (por exemplo, águia) e, posteriormente, no teste, eles são obrigados a gerar instâncias de nomes de categorias (por exemplo, aves). Diz-se que o priming ocorre quando mais palavras previamente estudadas são geradas como exemplos de novas instâncias. (Plessner; Betsch; Betsch, 2008, p. 75, tradução nossa) A memória implícita pode ocorrer quando uma experiência recente produz influência sobre o comportamento, mas a pessoa não consegue reconhecer que a memória está sendo usada, ou que intencionalmente recorda daquelas experiências. O priming é o paradigma principal desse tipo de memória. Por fim, chegamos na aprendizagem implícita, que, como o próprio nome sugere, refere-se àquela que ocorre sem o intermédio da consciência, ou seja, sem a intenção e a percepção de se aprender algo. O termo aprendizagem implícita foi cunhado por Reber (1989) para se referir ao processo pelo qual as pessoas adquirem conhecimento sobre as complexidades regidas por regras de um ambiente de estímulo, independentemente das tentativas conscientes de fazê-lo. Reber (1993) e Berry e Dienes (1993) mostraram que pessoas expostas a várias situações estruturadas artificiais, sem serem informadas de que havia alguma estrutura, foram posteriormente capazes de identificar instâncias do fenômeno ou prever as ocorrências futuras. Consequentemente, o estudo sobre aprendizado implícito foi considerado para ajudar na compreensão dos mecanismos de aprendizagem que ocorrem sem consciência, isto é, não como resultado do teste de hipóteses conscientes. [...] a aprendizagem implícita é incluída como uma forma de memória implícita, apesar das pesadas objeções dos pesquisadores ao aprendizado implícito. No entanto, operacionalmente, os dois conceitos não podem ser avaliados separadamente, pois a implicação da aprendizagem é medida com base na implícita recuperação da memória. (Plessner; Betsch; Betsch, 2008, p. 76-7, tradução nossa) O ambiente da pesquisa experimental é importante para conseguir controlar variáveis, o que em ambiente espontâneo é muito difícil ou até impossível. Complementando, esse ambiente artificial pode imitar aquele natural, se inspirando nos aspectos espontâneos das experiências estudadas. Aprendizagem implícita foi observada em ambientes naturais, sugerindo estar relacionada a comportamentos de ajuda, cooperação e controle de agressão. Tais observações sugerem que as memórias e aprendizagens implícitas são muito poderosas, relacionadas às “instituições sociais”. As observações inspiraram estudos sobre o papel da memória implícita na aprendizagem de tarefas cruciais ao ambiente de negócios, como habilidade de negociação (Sadler-Smith, 2008). 11 Nadler e seus colegas realizaram um experimento utilizando mais de cem participantes para comparar a eficácia de aprender a negociar por observação e imitação com três outros métodos de treinamento (os participantes foram divididos em quatro grupos experimentais de acordo com o método de treinamento). O grupo de aprendizagem observacional assistiu a um videotape de uma negociação "ganha-ganha" e, quando testados, alcançaram os resultados mais altos de todos os grupos. No entanto, eles foram incapazes de articular os princípios aprendidos que estão envolvidos e que eles realmente praticaram na negociação bem- sucedida. Eles adquiriram conhecimento implícito de como negociar com sucesso pela observação do desempenho em vídeo, ajudou-os a ter um bom desempenho, mas não conseguiram articular por que ou como. Os aprendizes observacionais não apenas "sabiam mais do que poderiam dizer", como não sabiam como aprenderam o que aprenderam. O quadro que emerge dessa breve pesquisa de cognição implícita está muito distante da visão convencional na administração e em outros contextos profissionais do conhecimento como uma entidade tangível e explícita, pensada como mais consciente e da aprendizagem como um processo controlado e muitas vezes trabalhoso. A educação e a formação em gestão convencional preocupam-se principalmente com a aprendizagem explícita e em sala de aula, e tendem a fixar-se em resultados tangíveis (Sadler-Smith, 2008, p. 143-4, tradução nossa). Como pode ser visto, as implicações práticas para o ambiente, tanto organizacional como educacional, são muito importantes, sugerindo novas abordagens de percepção, aprendizagem e memória, até então pouco exploradas conscientemente – mas, como sugerem os estudos e as observações, muito utilizadas por todos nós. Sobre as formas convencionais de aprendizagem explícita, seja em ambiente organizacional ou escolar, duas questões emergem se considerarmos aprendizagem e memória implícitas (Sadler-Smith, 2008, p. 144, tradução nossa): (1) Os processos de aprendizagem e seus resultados podem estar implícitos e explícitos - podemos conhecer e aprender mais do que somos capazes de dizer e somos capazes de nos comportar de maneiras que demonstrem domínio de conhecimento e habilidade, mas que não podem ser facilmente expressos em palavras.Torna-se tangível apenas no ato de fazer. (2) Os programas educacionais e de treinamento convencionais podem negligenciar o aprendizado (bom ou ruim) que ocorre através dos mecanismos muito poderosos associados à observação e à imitação, e também desvalorizar a multiplicidade de oportunidades para práticas intensas e disciplinadas que existem no local de trabalho e que são as chaves para o desenvolvimento de altos níveis de especialização e excelente desempenho (incluindo a capacidade de fazer julgamentos intuitivos e eficazes). Os estudos sugerem que tanto a memória como a aprendizagem podem ocorrer de forma explícita e implícita. Na perspectiva organizacional, a aprendizagem implícita é muito importante em termos da cognição não consciente. Podemos integrar e executar regras, algoritmos e habilidades cognitivas muito complexas sem qualquer esforço e percepção conscientes. Por 12 outro lado, podemos ter processos de raciocínio não consciente quando percebemos nossos sinais corporais, como as sensações intestinais, que acompanham as comissões implícitas, e que podem, de forma consciente, orientar o julgamento e a tomada de decisão. Porém, a “esperteza não consciente” e os atalhos cognitivos de reduzido esforço têm também suas limitações em determinados contextos (Sadler-Smith, 2008), como veremos adiante nesta disciplina. Para finalizar essa abordagem da intuição como percepção, memória e aprendizado implícitas, apresentamos um quadro que sintetiza esses elementos. Quadro 3 – Percepção, memória e aprendizagem Explícita Implícita Percepção Percepção consciente em que o sujeito é capaz de discernir presença, localização, movimento, forma e outros. atributos palpáveis do estímulo Ex. palavras na página à sua frente. Experiência, pensamento e ação na ausência de percepção consciente do evento. Ex. a imagem do sorriso ou da testa franzida exposta por 5 milissegundos pode influenciar se o estímulo alvo subsequente é desejado / não apreciado ("preparo emocional subliminar"). Memória Lembrança consciente ou reconhecimento de informações, regras ou eventos. Ex. memórias episódicas: lembrar o que você estava fazendo no dia de Natal do ano passado. Qualquer efeito no pensamento e ação da experiência atribuível a eventos passados na ausência de lembranças conscientes desses eventos. Ex. dirigindo para casa do trabalho em rota familiar. Memórias implícitas podem estar disponíveis para a percepção consciente (isto é, podem estar em estado pré-consciente). Outras podem estar indisponíveis para a percepção consciente, mas podem afetar o pensamento consciente e a ação. Aprendizagem Conhecimento e habilidade adquiridos como resultado de eventos de que o sujeito está consciente e cujos resultados estão disponíveis em consciência. Ex. aquisição de regras processuais de aritmética, ou conhecimento de fatos. Conhecimento e habilidade adquiridos independentemente de tentativas conscientes de aprender e na ausência de conhecimento explícito sobre o que foi aprendido. Ex. reconhecer e usar regras de gramática em nossa língua nativa; aprendendo por mera exposição ao modelo Fonte: Elaborado com base em Sadler-Smith, 2008, p. 132. 2.3 Sentimento de saber (feeling of knowing – FOK): estado intermediário de recuperação Jamais lhe ocorreu ser indagado sobre algo que você não consegue responder, mas tem a sensação de que sabe? É como se você soubesse que tem 13 a resposta e que, portanto, vale a pena procurar na memória. Esse sentimento de saber, ou feeling of knowing – FOK, é justamente um estado intermediário de recuperação. Em termos de pesquisa, duas perspectivas básicas são utilizadas: os participantes são questionados sobre conhecimentos gerais e precisavam indicar se sabiam ou não a resposta – quando não sabiam, se tinham um FOK da resposta certa na presença de alternativas; participantes primeiro estudavam certos conteúdos, nos quais posteriormente eram testados. Por exemplo, os participantes precisavam codificar pares de palavras e posteriormente recuperar esses pares, tendo somente uma das palavras de cada par como referência. A ativação relacionada à recuperação [de memória] foi encontrada dentro do giro frontal inferior esquerdo (IFG), de modo que os ensaios em que as palavras foram recordadas suscitaram maior ativação do que os testes FOK, que, por sua vez foram associados a respostas maiores do que os ensaios em que as palavras não foram lembradas [...] Assim, o FOK é concebido como um estado intermediário de recuperação (Plessner; Betsch; Betsch, 2008, p. 81). Sabemos assim que, mesmo que não seja possível lembrar, vale a pena insistir. TEMA 3 – INTUIÇÃO E EMOÇÃO Bem, até agora temos explorado aspectos da intuição como um processamento não consciente cognitivo. Mas, seria a intuição um processo apenas cognitivo, e o processo analítico (consciente) seria realmente mais livre de influências não conscientes? O primeiro conceito sugere que não, ao indicar que a saída da intuição é um sentimento que serve como base para julgamentos e decisões. De fato, há farta evidência (advinda principalmente de estudos neurocientíficos) de que os sentimentos, conscientes ou não (sendo a maioria não conscientes), influenciam nossos julgamentos e decisões. Lent (2004, p.671) afirma: "De um modo ou de outro nossos atos e pensamentos são sempre criados ou influenciados pelas emoções." Uma das vantagens desta influência seria os marcadores de decisão para processar a informação mais rápida e eficientemente. Segundo Damásio (Bechara; Damásio, 2005; Lent, 2004; Damásio, 2004; 2000), a razão precisa da memória para funcionar, e estaria associada a "marcadores somáticos", que representam os padrões mentais e de comportamento e as correspondentes características fisiológicas geradas por elas no momento em que foram registradas. Esses marcadores seriam especialmente 14 importantes quando existem emoções negativas relacionadas a uma determinada informação; eles ainda seriam cruciais no processo de tomada de decisão, essencialmente caracterizado pelo uso da razão. Pacientes que tiveram lesões em partes do córtex pré-frontal medial e orbital, ou com lesões ou doenças na amígdala, apresentaram prejuízos em seus processamentos emocionais, além de uma incapacidade de tomar decisões vantajosas para si mesmos (Purves et al., 2005). As emoções emergem de sistemas neurológicos voltados a avaliar a valência ou o significado dos estímulos que nos chegam – se eles estão de acordo ou desacordo com nossas metas e necessidades, se são relevantes / importantes ou não. Por isso, modulam nossa atenção, percepção e avaliação (julgamento); modulam nossa tomada de decisão; e nos preparam ou direcionam (motivação) para uma resposta adequada (ação) (Gazzaniga; Ivry; Mangun, 2014; Gazzaniga, 2009). Tudo isso pode ocorrer na maioria das vezes de forma não consciente, de maneira que a emoção (e os sentimentos que pode gerar) constitui parte do que se pesquisa como intuição. Sentimentos [viscerais] e pressentimentos são elementos indispensáveis para uma tomada de decisão eficaz; eles podem ser induzidos por processos de reconhecimento de padrões inconscientes e pela ativação de estados corporais (ou seus substitutos) e podem ser submetidos a avaliação por meio de simulação mental (Sadler-Smith, 2008, p. 212, tradução nossa). As emoções podem ser entendidas como programas de tomada de decisão intuitiva, impondo ao tomador de decisão inclinações para ação que sirva de maneira mais adequada às atuais tentativas (Plessner; Betsch; Betsch, 2008, p. xii). TEMA 4 – INTUIÇÃO NÃO-LOCAL OU ANÔMALA (PSI-INTUIÇÃO)? Até o momento, vimos que processos “cognitivos” e “emocionais” não conscientes se relacionam com o que chamamos de intuição. Porém, se este prisma estiver completo, a intuição é algo ligado ao passado (experiênciabiográfica cognitiva, emocional, sendo naturalmente afetada por processos culturais, sociais etc.). Poderia ela então ser útil para circunstâncias novas e complexas, em que referências passadas talvez não sejam apenas válidas, como também prejudiciais a uma eficaz tomada de decisão (algo frequente num mundo organizacional extremamente dinâmico e complexo, onde inovar é tão crucial), como sugere o relato de administradores que por ela se guiam? Resultados de 15 linhas de pesquisas da Psicologia Anomalística2 sugerem que sim, que não estaria restrita a informações do passado, integrando também informações do futuro, de caráter extra-sensorial (Radin, 1997; 2006; 2008; 2011). Há também a possibilidade intrigante, implícita em teorias subjacentes à intuição não-local, de que nenhum processamento de informações ocorre - já que recebemos informações 'pré-empacotadas' de algum lugar. A intuição local pressupõe que respostas intuitivas são resultado de informações processadas que já contemos na forma bruta (como esquemas mentais ou memórias afetivamente codificadas; ou com as quais estivemos em contato (através da leitura, aprender, perceber nosso ambiente ou outra forma de exposição superficial). Mas e se, em alguns casos, recorrermos a uma fonte externa de informações que não exija nenhuma modificação adicional? (Sinclair, 2011, p. 24-25) Estudos sobre o “efeito pressentimentos” têm mostrado que, quando certos alvos ameaçadores (imagens estáticas) são apresentados a sujeitos, eles reagem fisiologicamente alguns segundos antes de o alvo ser mostrado, indicando perceberem nesse nível a ameaça potencial, antes que ela seja apresentada. Para os alvos neutros, ou seja, que não representam ameaças, as reações fisiológicas não ocorrem (Radin, 1997; 1998; 2006; 2008; 2011; Bierman, 2000; Silva, 2014). Os estudos do efeito pressentimento (ou precognição fisiológica) são muito semelhantes aos conduzidos por Damásio3 para verificar sua hipótese de marcadores somáticos. Bierman (2004) revisou os dados de Damásio, procurando 2 Psicologia Anomalística designa um campo área de pesquisa da psicologia que investiga evento e experiências associadas com experiências humanas, que são difíceis de explicar dentro dos parâmetros científicos vigente, as Experiências Anômalas (EAs). Elas incluem as experiências fora-do-corpo, de quase morte, alucinatórias, sinestésicas, de sonhos lúcidos, relacionadas à psi, de contato e/ou abdução por alienígenas, de curas anômalas, experiências místicas ou espirituais, entre outras. A Psicologia Anomalística as estuda, sem considerar, a priori, que existam fenômenos anômalos causais relacionados a elas. Segundo a Associação Psicológica Americana (APA), anômalo não indica disfunção ou patologia, de modo que as EAs podem ocorrer sem psicopatologia e mesmo ser indicadoras de saúde psicológica acima da média. Estudos em várias culturas sugerem que cerca de 50% das pessoas relatam ter tido ao menos uma dessas experiências na vida. No Brasil este índice sobe para a casa dos 85%, com uma amostra de cerca de 1000 pessoas de SP, PR e SC. Ainda, a maior parte destas pessoas indica ter sido influenciada pelas EAs em termos de suas atitudes, crenças e tomadas de decisões (Cardenã, Lynn, Krippner, 2013; Machado, 2009; 2010). Uma categoria específica, as EAs relacionadas à psi, sugere a possibilidade de que a organismos interajam entre si ou com o seu meio sem o intermédio dos sentidos sensoriais (trocando energia e/ou informação), ou que obtenham informações do futuro. Essas e outras possibilidades têm sido avaliadas cientificamente, através de estudos de casos espontâneos, levantamentos e, principalmente, laboratório (pesquisa experimental), mostrando fortes evidências estatísticas para a existência dos fenômenos psi, tais como telepatia, precognição e influência mental direta sobre sistemas físicos e biológicos (Radin, 1997; 2006; 2008). 3 Nos estudos de Damásio, a resistividade elétrica da pele é medida como indicador da influência da emoção na tomada de decisão; nos estudos de pressentimento, essa medida fisiológica também é utilizada, porém é dada atenção não somente para o momento posterior à apresentação do estímulo (como no caso dos experimentos de Damásio), mas também aos momentos anteriores a ele. 16 o mesmo efeito pressentimento, vindo a encontrá-lo em nível significativo. Ou seja, nos estudos da influência da emoção na tomada de decisão (hipótese dos marcadores somáticos) feitos por Damásio, há indícios significativos de que as decisões mediadas pelas emoções (reações corporais) não foram apenas influenciadas pelo passado, mas também pelo futuro! Assim, este e outros pesquisadores sugerem que essa reação orgânica prévia poderia estar também na base de certas emoções, sensações ou sentimentos associados a pressentimentos-intuição, e que essas experiências orgânicas estariam afetando a tomada de decisão (Borgeois; Palmer, 2003; Bierman, 2004; Radin, 2011). Isso parece coerente com os relatos dos participantes de estudos psi Ganzfeld (Silva; Pilato; Hiraoka, 2003; Silva, 2002), e também com a pesquisa de doutorado de Silva (2014), sobre como o efeito hipotético antecipatório anômalo para estímulos aparentemente imprevisíveis poderia afetar a tomada de decisão humana. Com esta abertura para outras fontes de informação e influência no processo da intuição, refletimos que os fenômenos psi (telepatia, clarividência, precognição e ação direta da mente sobre sistemas físicos ou biológicos) têm sido evidenciados em estudos de laboratório (incluindo pesquisas neurocientíficas), como sendo amplamente não conscientes, ou sendo melhor observados em reações orgânicas do que em percepções e descrições cognitivas (Radin, 1997, 2011). Em complemento, um estudo clássico de levantamento de experiências psi (coleção de casos), feito pela doutora L. E. Rhine, com mais de 10.000 relatos, verificou que, em 26% dos casos, a forma subjetiva pela qual a informação psi ou extra-sensorial chega à consciência do experimentador é a impressão intuitiva, ou um pressentimento ou conhecimento súbito sobre um evento distante (no tempo ou no espaço) (Targ; Schlitz; Irvin, 2000). Importante notar que a possibilidade de se obter informações ou impressões (cognitivas ou fisiológicas) por vias extra-sensoriais do futuro, passado ou presente (fenômenos anômalos relacionados a psi) não exclui a influência daquelas pré-existentes no organismo; ou seja, as novas informações- impressões terão que concorrer com as anteriores na influência dos processos de tomada de decisão, julgamento e resolução de problemas, ou ainda de direcionamento. 17 TEMA 5 – UMA ESTRUTURA INTEGRADA DE INTUIÇÃO Até agora observamos diferentes perspectivas e/ou tipos de intuição, e ainda existem vários outros. Não é o escopo desse texto explorar todos os tipos e abordagens; em vez disso, apresentamos a seguir uma perspectiva integrada sobre a intuição, proposta por Sinlclair (2011), em seu livro Handbook of intuition research. Ela engloba todos os elementos expostos e integra outros ainda não abordados. 5.1 Sistemas de processamento experiencial e deliberativo Como apresentado anteriormente, a perspectiva do processamento duplo sugere que as informações são processadas por dois sistemas Independentes que interagem entre si. Um sistema é rápido, não consciente, experiencial, automático, holístico, não verbal e relacionado às emoções (sistema 1). Se contrapondo ao primeiro, o sistema 2 é consciente, deliberativo, analítico e lento; dessa forma, convencionou-se que qualquer processamento que implique caminhos neurológicos relacionados à deliberação não pode ser classificado como intuitivo. Mas não precisa necessariamente ser dessa forma. Os proponentes da tomada de decisão naturalista sugerem, por exemplo,que a experiência intuitiva se baseia em uma correspondência rápida de padrões, que é muito rápida para que possamos registrar conscientemente. [...] A informação poderia então muito bem ser processada através do sistema deliberativo. Além disso, a teoria do pensamento inconsciente [...] implica que nossa mente processa informações quando desviamos nossa atenção consciente em outro lugar, o que não exclui o emprego de um sistema racional / deliberativo (Sistema 2). De alguma forma, assumimos que a deliberação requer consciência - mas sempre? Pesquisas sugerem que os seres humanos são capazes de comportamentos e atividades complexas sem consciência [...]. Ainda está para ser determinado se a deliberação é uma delas. (Sinclair, 2011, p. 4) Alguns tipos de intuição talvez possam utilizar o sistema deliberativo. Seria o processamento delas estruturado da mesma forma que os processos de deliberação consciente? Poderia, por exemplo, ser mais holístico, sem seguir regras lógicas impostas por processos mais conscientes? E a cultura teria algum papel dessa forma de estruturação? Curiosamente, esse argumento pode ser adaptado às culturas ocidentais, onde a ênfase é colocada no raciocínio lógico. O condicionamento social em algumas culturas não ocidentais em que a intuição é ensinada desde tenra idade [...] pode resultar em uma dependência de diferentes estruturas de conhecimento para processos 18 conscientes e não conscientes. Isso levanta questões sobre a universalidade da intuição e os possíveis efeitos do condicionamento social em seu uso. Infelizmente, falta uma visão cultural comparativa sobre a intuição na literatura ocidental sobre administração. (Sinclair, 2011, p. 5) 5.2 Tipo e estilo de processamento inferencial holístico Em termos o estilo de processamento intuitivo, podemos fazer uma distinção básica entre aquele inferencial e o holístico. O processamento inferencial, ou a “análise congelada no hábito”, é assim chamado, por vezes, por se basear “em respostas automatizadas baseadas no rápido reconhecimento dos padrões de memória acumulados pela experiência” (Sinclair, 2011, p. 5). Esse tipo de processamento se relaciona à especialização (expertise), sendo resultado da prática extensiva, frequentemente acumulada ao longo dos anos. Seu processamento pode ser bem complexo e caracterizado por duas possibilidades: (1) Ele pode ter uma rápida impressão desencadeada por experiências anteriores (estilo associativo), que pressupõe processamento mínimo e sua natureza associonística implica o envolvimento do sistema experiencial. Ou (2) pode ser mais complexo, na medida em que compara a situação atual com esquemas mentais armazenados e procura uma correspondência ou uma anomalia (estilo de correspondência). Isso requer um nível mais profundo de processamento que poderia muito bem usar o sistema deliberativo adequado para extrair inferências. (Sinclair, 2011, p. 5) Em contrapartida ao processo inferencial, o processamento holístico não é sequencial; ele se assemelha à síntese ou integração de fragmentos desconectados de memória na construção de uma nova estrutura de informação, semelhante à montagem de um quebra-cabeças. Ele integra informações muito complexas, não podendo ser explicado por deliberações conscientes rápidas. Esse tipo de processamento produz um resultado novo, e por isso precisa ser mais sofisticado do que a “simples” correspondência com experiências anteriores. No caso holístico, os resultados podem ser considerados empreendedores e ou criativos, relacionados à intuição incremental e intuição radical, respectivamente (Sinclair, 2011, p. 6): A intuição incremental parece conectar informações de uma maneira nova, mas previsível, que se baseia no conhecimento do domínio existente, o que abre a possibilidade de que ela possa ser mediada pelo sistema deliberativo. É acessível a especialistas que dependem de esquemas extensos [...]. E possivelmente a empreendedores com experiência em identificar oportunidades [...]. A intuição radical, por outro lado, se afasta drasticamente dos padrões de conhecimento existentes e gera uma novidade surpreendente em um verdadeiramente "estilo criativo" [...], que requer certa predisposição e talento. 19 5.3 Modo de recepção (percepção) do resultado A questão abordada aqui é como a intuição emerge na nossa consciência. Através de um pensamento, sentimento ou de algum dos nossos sentidos sensoriais? Através de uma sensação corporal mediada por uma emoção? Ou através de um comportamento involuntário e até mesmo incomum? Como tomamos consciência da intuição, como resultado de um processamento de informações que ocorre sem que tenhamos consciência? Todas essas formas podem representar possibilidades (Sinclair, 2011; Silva, 2006). E seria possível criar uma condição psíquica orgânica que facilitasse o processo intuitivo? Outra distinção deve ser feita entre a falta de consciência de como ocorre a intuição e nossa capacidade de facilitar o processo conscientemente ou até mesmo acioná-lo. Parece haver quatro níveis de consciência a esse respeito, variando de uma situação não consciente acidental (quando a intuição surge por capricho) a uma abordagem conscientemente ativa (quando entramos em um estado mental relaxado com uma clara intenção de intuir o resultado desejado) Parece, portanto, que "podemos aprender a invocar a intuição à vontade sem saber como isso gera a resposta". (Sinclair, 2011, p. 7) Voltaremos a esta polêmica questão, se de fato é possível treinar a intuição (Silva, 2009), em textos posteriores. Por ora, podemos sintetizar alguns dos aspectos apontados, indicando que a intuição, como conhecimento direto, utiliza um processamento experimental (sistema 1) ou deliberativo (sistema 2), pode ser inferencial ou holística, e inclui a recepção de informações através de fontes externas, por meios anômalos. Ela pode ser percebida através de vários canais ou até mesmo comportamentos, sendo que tais processos podem ser mediados por sensibilidades e preferências individuais, o que chamaríamos de uma “assinatura intuitiva” ou “assinatura psi”. Se de fato existir tal padrão individual, talvez ele possa ser reconhecido por uma pessoa que treine sua percepção para isso. Alguns estudos conduzidos por nós (Silva, 2006; 2009; Itice; Pianaro; Silva, 2011) sugerem a existência dessa possibilidade; no entanto, outros estudos precisam confirmá-la, sistematicamente. 5.4 Afeto nos estilos de processamento Como foi indicado, o afeto ou as emoções são importantes no processo da intuição. O estilo associativo é baseado em respostas afetivas a estímulos semelhantes daqueles vividos em experiências anteriores. 20 Esse mecanismo pode ser atribuído a marcadores somáticos que são memórias codificadas afetivamente reativadas em uma situação congruente ao contexto [...]. O estilo associativo parece, portanto, funcionar como uma "correspondência afetiva" simples entre o estímulo recebido e sua contraparte no "banco somático". Curiosamente, os estados somáticos parecem ativar diferentes partes do cérebro, dependendo da proveniência do estímulo [...], o que implica que o mecanismo subjacente pode ser menos direto do que parece à primeira vista. (Sinclair, 2011, p. 8) Interessante notar que a intensidade do afeto no processo intuitivo pode depender do grau de novidade da questão considerada. Uma situação nova pode exigir a presença mais forte do afeto, pois a informação viaja através de uma rica via afetiva, um loop corporal. Mas se a situação for menos desconhecida, o processamento segue uma via afetiva pobre. Existe ainda a possibilidade de o afeto não estar presente em algum tipo de processamento inferencial ultrarrápido, como no estilo de correspondência baseado em esquemas mentais habituais (Sinclair, 2011). 5.5 Afeto como antecedente ou atributo Outro aspecto importante dainfluência da emoção no processo intuitivo é que ela pode ser um fator influente no estágio que antecede a intuição. Inclui-se a influência do humor geral da pessoa, em particular a intensidade desse humor, sua valência (se positiva ou negativa), além das emoções vividas. Como exemplo, a raiva intensa ou o medo mediando o processamento de informações pode dificultar a intuição se o tomador de decisão ficar completamente envolvido por suas emoções, podendo resultar numa deliberação abaixo do padrão, ou paralisia. Mas, se a pessoa conseguir ativar sua intuição afetiva, ou seja, canalizar a carga emocional na intenção de atingir uma meta desejada, poderá haver um resultado alternativo (Sinclair, 2011). Isso nos faz lembrar de processos de regulação ou inteligência emocional. Numa perspectiva clássica, a intuição serve principalmente para duas funções: tomar decisões e resolver problemas. A maior parte das pesquisas têm sido dirigida para a perspectiva da tomada de decisão. Isso ocorre provavelmente em função do tempo despendido no processo. No entanto, a pesquisa sobre a tomada de decisão pode oferecer uma visão restrita sobre a intuição. A solução de problemas complexos usualmente é mais demorada; requer incubação, e por essa razão destoa da questão da velocidade rápida associada ao processo intuitivo (Sinclair, 2011). 21 Outra perspectiva, usualmente negligenciada, diz respeito ao papel da intuição nas interações interpessoais. São características não verbais dos relacionamentos, como expressões faciais, gestos ou tom de voz, que podem ser captadas de forma não consciente. Usualmente, são expressões do afeto subjacente à interação em curso; ou seja, teríamos aqui uma intuição relacionada à emoção (Sinclair, 2011). Aqui também cabe refletir sobre a possibilidade de interações intuitivas não locais, ou anômalas entre pessoas, usualmente com vínculos afetivos entre si. Estudos sobre a observação da distância de outra pessoa, sem que ela saiba de tal observação, sugerem que aspectos fisiológicos da pessoa observada são alterados durante os momentos de observação, em contraste com os momentos de controle (Radin, 1997). 5.6 Uma estrutura integrada: funcionalidade baseada em informações Passamos agora a detalhar mais alguns aspectos da estrutura integrada da intuição proposta por Sinclair (2011), para depois apresentar a tabela que integra todos esses elementos. Em sua abordagem, são considerados: (i) o tipo de informação; (ii) o momento em que a informação foi adquirida; e (iii) a localização da informação. Combinando os dois primeiros aspectos, a pesquisadora agrupa as funções intuitivas em: experiência intuitiva, criação intuitiva e previsão intuitiva. “A experiência intuitiva baseia-se principalmente em padrões específicos de domínio armazenados localmente, acumulados no passado” (Sinclair, 2011, p. 13, grifos do original). Trata-se de aprendizado aperfeiçoado pela prática, e que se converte em eficácia no processamento de informação e na ação decorrente. A criação intuitiva pode também relacionar-se com informações específicas de domínio, ainda que nem sempre. Incorpora experiência ampla da pessoa e exposição superficial (rápida) a informações. Frequentemente são originadas em experiências prévias, mas integram os elementos da situação presente. “Sendo de natureza local, resta saber se ele também pode explorar fontes não-locais [anômalas], como está implícito nas descobertas de pesquisas empresariais” (Sinclair, 2011, p. 13). Talvez a mais compreendida em termos de seu funcionamento interno seja a previsão intuitiva. Ela parece usar um conjunto grande de informações, incluindo conhecimento, experiência e exposição superficial. As pesquisas relacionadas à intuição estratégica sugerem que esses dados relacionados ao 22 passado são integrados aos estímulos presentes, ou situacionais. Por outro lado, os estudos relacionados ao empreendedorismo sugerem a possibilidade de detectar o futuro, abrindo a possibilidade de percepção intuitiva não local, ou anômala. Não se sabe ainda se essa previsão em Curitiba é mais bem explicada pelo estilo construtivo – com base na experiência, identificam-se oportunidades – ou pelo estilo criativo, que combina diferentes estilos ao longo do tempo (Sinclair, 2011). Com relação ao tipo de informação ou à sua procedência, Sinclair (2011) considera: (i) conhecimento específico de domínio; (ii) experiência geral; e (iii) exposição superficial. O conhecimento específico diz respeito àquele de domínio delimitado, como a química ou a física, por exemplo. A experiência geral inclui as informações e experiências de vida acumuladas ao longo dos anos. Complementarmente, a exposição superficial diz respeito à percepção não consciente de estímulos, que podem catalisar processos criativos, por exemplo. O processo da intuição seria então combinar diferentes conjuntos de informações de profundidades variadas (Sinclair, 2011). A autora também considera a aquisição de informações do tempo, ou seja, o momento em que as informações processadas são integradas à nossa estrutura de conhecimento. Como referência, Sinclair (2011) indica o passado, integrando informações e experiências práticas vividas anteriormente, armazenadas em esquemas ou marcadores somáticos em nosso cérebro e em outras regiões corporais. As informações do presente também fazem parte dos processos intuitivos, podendo se constituir na peça do quebra-cabeça que estava faltando para desvendar, resolver ou criar algo. Por fim, considerando a possibilidade da não localidade (ou, como preferimos, intuições anormais), a pesquisadora inclui o futuro como fonte de informações. Em termos de localização das informações, Sinclair (2011) também trabalha com três categorias: (i) local interno, (ii) local externo e (iii) não local. A primeira, talvez a principal, diz respeito ao nosso próprio sistema, considerando que temos grandes quantidades de informações armazenadas. A segunda, o local externo, inclui o ambiente no qual a experiência ocorre no momento presente. Ali os estímulos externos são incorporados ao processamento intuitivo. Por fim, Sinclair (2011) apresenta a possibilidade de obter informações que estão fora da nossa presença física e mental, e ainda fora do ambiente que nos é acessível pelos sentidos sensoriais. São estímulos de caráter não local. 23 Quadro 1 – Estrutura integrada da intuição: tentativa de categorização Experiência intuitiva Criação intuitiva Previsão intuitiva Tipo de informação Experiência (expertise) em domínio específico xx x xx Experiência geral x xx xx Exposição superficial (rápida) ? xx xx Aquisição de informações no tempo Passado xx x x Presente x xx xx Futuro ? ? ?? Localização da informação Local interno xx xx x? Local externo x xx xx Não-local ? ? ?? Estilo de processamento Associativo x ? ? Coincidindo xx ? ? Construtivo xx x? x? Criativo ? xx x? Tipo de processamento Inferencial xx ? x? Holístico x xx x? Sistema de processamento Deliberativo xx ? x? Experiencial x xx x? Envolvimento do afeto (emoção) Baixo a nenhum xx ? ? Algum x x x Dominante ? xx xx Função principal Tomada uma decisão xx x? x? Solução de problemas x xx x? Interação pessoal x ? x? Tipo de resultado Decisão sobre problema/dilema existente xx x? n/a Solução para problemas existentes xx x n/a Criação de novos conhecimentos ? xx x? Impacto no relacionamento ? ? ? Informações sobre o futuro ? ? xx Área de aplicação Domínio e / ou prática profissional Criação Inovação Invenção Questões e/ou oportunidades futuras Antecedentes influentes Complexidade etc. Novidade etc. Atenção Apaixonada ? Atributos de resultado Velocidade etc. Momento ahá etc. ? Experiência intuitiva Criação intuitiva Previsão intuitivaxx = altamente provável; x = provavelmente; x? = talvez; ? = a ser determinado; ?? = a ser determinado, mas teorizado Fonte: Elaborado com base em Sinclair, 2011, p. 14-5. 24 Muito bom, chegamos ao término dessa primeira aula, durante a qual apresentamos a você uma visão introdutória sobre a tomada de decisão e a intuição. Como é possível observar, o tema é complexo e muito importante, visto que essa forma de funcionar (intuitiva) é mais comum do que poderíamos supor. Juntamente por implicar mecanismos usualmente não conscientes, não nos damos conta dela, na maior parte do tempo. Não a percebemos e, possivelmente, não a compreendemos, mas ela é muito importante, visto que está muito presente quando tomamos decisões, resolvemos problemas e nos relacionamos com outras pessoas. Não fosse isso suficiente, ela tem se evidenciado crucial na prática profissional, na liderança e na gestão, na criação, no empreendedorismo e na inovação (Parikh; Neubauer; Lank, 2003; Itice; Pianaro; Silva, 2011; Pillay, 2011; Sadler-Smith, 2011, 2010, 2008; Barros, 1998). 25 REFERÊNCIAS BARROS, A. G. Psi na administração de empresa: pesquisa realizada na cidade de Recife, PE, Brasil. Tercer Encuentro Psi, p. 27-33,1998. BECHARA, A.; DAMÁSIO, A. The somatic marker hypothesis: A neural theory of economic decision. Games and Economic Behavior. n. 52, p. 336–372, 2005. BIERMAN, D. Anomalous baseline effects in mainstream emotion research using psychophysiological variables. In: THE PARAPSYCHOLOGICAL ASSOCIATION ANNUAL CONVENTION, 43., 2000, Freiburg. Proceedings of presented papers... Freiburg: Parapsychological Association, 2000. p. 34-47. BIERMAN, D. Non conscious processes preceding intuitive decisions. In: SIMPÓSIO DA FUNDAÇÃO BIAL: AQUÉM E ALÉM DO CÉREBRO, 5., 2004, Porto. Atas... 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