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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA RELAÇOES INTERNACIONAIS ISADORA NASCIMENTO MACHADO AVALIAÇÃO INDIVIDUAL Formação e Evolução do Ambiente Internacional I Belo Horizonte 2024 Questão 01: Sistema-Mundo Moderno O Sistema-Mundo Moderno (durante o século XVI e século XIX) apresenta alguns processos históricos que o caracterizam de forma marcante. Diante disso, é instigante perceber que mesmo havendo o estabelecimento de diferentes ordens internacionais no transcurso desse período não se alterou as principais estruturas do Sistema-Mundo Moderno. Como a Modernidade constituiu a dinâmica internacional a partir da promessa humanista de uma racionalidade que garantiria o bem-estar social e o progresso científico-tecnológico cada vez maior, mas com uma perspectiva perversa, estruturante e constituinte do Sistema-Mundo Capitalista-Patriarcal-Racista-Ocidentalocêntrico-Cristianocêntrico-Moderno-Colonial? Questão 02: Modelo vestfaliano da dinâmica internacional Leia as informações contidas nos três itens abaixo: A - Definição de Sociedade Internacional: Hedley Bull (representante da escola realista inglesa e também chamado de neogrociano) define o sistema internacional como um sistema de Estados “quando dois ou mais Estados têm suficiente contato entre si, com suficiente impacto recíproco nas suas decisões, de tal forma que se conduzam, pelo menos até certo ponto, como partes de um todo” (BULL, 2002, p. 15). Na análise de Bull, o conceito central é o de Sociedade Internacional, como resultante da evolução da política internacional além das concepções do realismo hobbesiano (Estado de Natureza) e do idealismo kantiano. A Sociedade Internacional se constitui “quando um grupo de Estados, conscientes de certos valores e interesses comuns formam uma sociedade no sentido de se considerarem ligados no seu relacionamento por um conjunto comum de regras e participam de instituições comuns” (BULL, 2002, p. 19). B – Cronologia A evolução da sociedade internacional (na perspectiva da anarquia internacional) Período Região Geopolítica 500-100 a.C. Grécia Antiga ou Helênica 1300 – 1500 Renascença Italiana 1500 – 1650 Sociedade Cristã / Europa Pré-Moderna 1650 – 1950 Sociedade Europeia Ocidental A partir de 1950 Sociedade Global BULL, Hedley. A sociedade anárquica. Brasília/ São Paulo: Ed. UnB/ IPRI: Imprensa Oficial do Estado, 2002; JACKSON, Robert H. and OWENS, Patricia. The evolution of international society. In: BAYLIS, John, & SMITH, Steve (Ed). The globalisation of world politics; an introduction to International Relations. Oxford: OUP, 2005, 3rd Ed, pp. 45-62. C – Modelo Vestfaliano: Historicamente, as duas principais escolas das RIs – Liberalismo e Realismo – partiram do princípio de que o Estado é o principal ator no Sistema Internacional, devido à sua legitimidade. As teorias tradicionais argumentam que, desde a Paz de Vestfália - a série de tratados de paz, assinados entre maio e outubro de 1648, nas cidades vestfalianas de Osnabruk e Munster, terminavam efetivamente com as guerras europeias de religião. Esses tratados, acabavam com a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), estabelecendo um novo sistema de ordem política na Europa Central, mais tarde, denominada soberania de Vestfália, baseada no conceito de Estados soberanos coexistentes. Ela é considerada objeto constitutivo do Sistema Internacional e mito fundador das Relações Internacionais como disciplina. Dessa soberania, os Estados teriam emergido como entes legítimos de soberania sobre certa porção territorial livre da intervenção de outras entidades soberanas estrangeiras. Após a leitura dos itens acima, apresente e caracterize três elementos que passaram a constituir o Sistema Internacional a partir dos Tratados de Vestfália (1648). Resposta em três tópicos. RESPOSTAS Questão 1: Uma avaliação crítica do mundo globalizado de hoje revela um contexto complexo e diversificado, permeado por diferenças e desequilíbrios que têm implicações profundas nas interações globais. Hoje, a formação e o apoio deste sistema são facilitados por vários fatores inter-relacionados, cada um dos quais deixa a sua marca única na trajetória da humanidade. O capitalismo, principal motor da economia, desenvolveu-se devido à exploração implacável dos recursos humanos e naturais. A busca incessante pelo lucro e pela acumulação de riqueza concentrou o poder nas mãos de uns poucos privilegiados, enquanto a maioria da população enfrenta uma crescente desigualdade económica e social. A supremacia masculina, que constitui a base da sociedade, continua a oprimir as mulheres, a colocá-las numa posição inferior e a privá-las de oportunidades iguais. Estes sistemas patriarcais de dominação não só limitam as oportunidades para as mulheres, mas também reforçam as hierarquias de género que ainda existem hoje. A segregação racial, um legado obscuro do colonialismo e do trabalho escravo, mina os princípios de igualdade e justiça, excluindo e oprimindo grupos não-brancos em muitas partes do globo. Os preconceitos institucionalizados encontrados nas bases políticas, económicas e culturais apoiam visões hierárquicas de raça que continuam a influenciar as interações sociais. Uma visão do mundo centrada no Ocidente que enfatiza a superioridade da cultura ocidental sobre a cultura não-ocidental é usada em todo o mundo para justificar a colonização e a imposição de valores eurocêntricos. Além da exploração dos recursos naturais, esta mentalidade imperialista suprimiu a cultura e as tradições locais para criar uma perspectiva global. O Cristianismo tornou-se uma influência cultural e religiosa dominante, preservando e mantendo estruturas opressivas de controlo baseadas em valores morais e éticos. A superioridade desta religião não só influencia as instituições sociais, mas também molda a mentalidade dos indivíduos, criando a hegemonia cristã em muitas partes do mundo. Questão 2: · A soberania nacional é um dos princípios básicos do sistema internacional. Isto significa que o Estado é reconhecido como uma entidade política independente com autoridade suprema sobre o seu território e população. A soberania nacional significa que um Estado tem o direito exclusivo de tomar decisões dentro das suas fronteiras sem interferência de outras entidades soberanas. Embora o conceito de soberania tenha evoluído ao longo dos séculos, continua a ser um dos princípios fundamentais das relações internacionais modernas. · Equilíbrio de poder O Tratado de Vestfália também ajudou a consolidar o sistema europeu de equilíbrio de poder. Após a Guerra dos Trinta Anos, os países europeus reconheceram a importância de manter um equilíbrio de poder entre eles para evitar conflitos futuros. A estabilidade regional requer alianças diplomáticas, pactos de não agressão e alianças temporárias entre estados rivais. O equilíbrio de poder tem sido um elemento fundamental da política europeia durante séculos e teve um impacto profundo nas relações internacionais em todo o mundo · Princípio da não interferência: A terceira característica principal do Tratado de Vestfália é o princípio da não interferência nos assuntos internos dos Estados soberanos. Ao reconhecerem a soberania nacional, os países concordam em não interferir nos assuntos internos de outros países, incluindo religião e assuntos públicos. Isto cria normas de respeito mútuo pela integridade territorial e autonomia política de cada país. No entanto, a aplicação deste princípio tem sido historicamente e continua a ser controversa, particularmente em relação a intervenções humanitárias e de direitos humanos.