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Victor Rodrigues de Freitas – Nº USP 11239445 Fichamento 12 - Capítulo 5 – Processo de trabalho e processo de valorização MARX, Karl (1983) O Capital - Crítica Da Economia Política. Coleção “Os Economistas”, São Paulo, Abril Cultural 1. Objetivo do texto Nessa seção Marx tem como objetivo definir o processo de trabalho (objeto de trabalho, meios de produção etc.) e contextualizá-lo dentro de uma lógica capitalista. Marx afirma que o processo de trabalho além de produzir mercadorias é o responsável por produzir mais-valor. 2. Pontos principais Na primeira parte do capítulo, Marx aponta que a força de trabalho representado nas mercadorias, representa valores de uso, destinados a satisfazer a alguma necessidade. O autor descreve o trabalho como um processo entre o homem e a natureza, em que o primeiro atua sobre a primeira modificando-a e ao mesmo tempo modificando-se. O trabalho tem também como objetivo obter um resultado anteriormente idealizado pelo trabalho, o que diferencia o trabalho do homem do de outros animais presentes na natureza. O autor faz a diferenciação entre o objeto de trabalho o meio de trabalho. O primeiro é fruto da atividade de trabalho orientado para um fim. Caso o próprio objeto de trabalho seja filtrado de um trabalho anterior, denomina-se matéria-prima. Já o meio de trabalho é um conjunto de coisas que o trabalhador utiliza e servem como condutor de sua atividade sobre o objeto de trabalho. Processos de trabalho mais desenvolvidos demandam meio de trabalho já trabalhados. Por essa razão, os meios de trabalho são marcadores de épocas econômicas e indicam as condições sociais nas quais o trabalho se desenvolve. Além de contar com os meios de trabalho, o processo de trabalho também conta com as condições objetivas para se desenvolver, condições essas sem as quais o trabalho não consegue decorrer, tais como a própria terra ou meios de trabalho mediados pelo próprio trabalho (canais, estradas etc.) O processo de trabalho se extingue no produto, que é um valor de uso: natureza adaptada às necessidades humanas e transformada pela ação do homem. O mesmo valor de uso pode ser meio de produção para outro. Portanto, produtos não são somente resultados, mas ao mesmo tempo condições para o processo de trabalho de outros. Como cada coisa tem diferentes propriedades, o mesmo produto pode ser matéria-prima e/ou meio de trabalho para diversos processos de trabalho. O autor atribui ao trabalho vivo o papel de despertar e transformar o valor de uso potencial das coisas em valores de uso reais e efetivos. Mesmo os produtos já existentes, dado como resultados, são capazes de serem meios de trabalho através de seu contato com o trabalho vivo. Trabalho é também, portanto, processo de consumo. Retomando a perspectiva do capitalista, Marx descreve que o processo de consumo da força de trabalho pelo capitalista revela duas situações: (1) que o trabalhador trabalha sob o controle do capitalista, o qual se certifica de que o trabalho se realize em ordem, nenhuma matéria-prima seja desperdiçada e que o meio de trabalho seja preservado o máximo possível; (2) o produto do trabalho é propriedade do capitalista, dado que ele comprou a força de trabalho. Em resumo, o processo de trabalho é consumo da mercadoria força de trabalho acrescida de meios de produção. Na segunda parte, Marx discorre sobre o processo de valorização. O capitalista produz a mercadoria não somente devido seu valor de uso, mas devido seu papel como portador de valor de troca. O capitalista tem dois objetivos: (1) produzir um valor de uso que tenha valor de troca, um objeto destinado à venda e, (2) produzir uma mercadoria com um valor maior do que a soma dos valores de suas matérias-primas, meios de produção e força de trabalho. Marx, através de exemplos numéricos, mostra que quantidades de produtos são capazes de representar quantidades de trabalho socialmente necessário, massa de tempo de trabalho solidificado. No entanto, na produção de mercadorias o valor adiantado pelo capitalista na produção em momento algum produziu mais-valor, o dinheiro não se transformou em capital, o valor da mercadoria é apenas a soma dos valores dos produtos preexistentes, meios de trabalho e força de trabalho usados para produzi-lo. Marx identifica qual fenômeno que acontece para a produção de mais-valor: 1. O valor de um dia de força de trabalho objetiva meia jornada de trabalho, pois trata-se apenas do custo dos meios de subsistência necessários diariamente pela força de trabalho. 2. Isso não impede o trabalhador de trabalhar uma jornada inteira e produzir o dobro de valor de uso para o capitalista. O trabalhador realiza seu valor de troca e aliena seu valor de uso. A mercadoria trabalho é, portanto, fonte de valor e de mais valor. Marx descreve que o fato da força de trabalho custar para o capitalista apenas metade da jornada de trabalho, enquanto o trabalhador opera durante o dia todo, é “grande sorte para o comprador, mas, de modo algum, uma injustiça contra o vendedor”. Por fim, o autor discorre que o processo de trabalho como processo de produção produz mercadorias, valores de uso e valor. No entanto, como processo de valorização é processo de produção capitalista.