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A construção do conceito de cultura Durante muito tempo e até mesmo nos dias atuais, encontramos pes- soas que acreditam que todos os grupos sociais deveriam seguir uma for- ma linear (linha única) de evolução cultural. Se houvesse essa linha única de desenvolvimento, seria possível hierarquizar as culturas em inferiores e superiores, atrasadas e avançadas. Essa era a linha de pensamento ado- tada pelos antropólogos evolucionistas do século XIX, como o estaduniden- se Lewis Henry Morgan (1818-1881) e os britânicos Edward Burnett Tylor (1832-1917) e James Frazer (1854-1941). Para elaborar a teoria evolucio- nista, de cunho linear, eles se basearam nas ideias de evolução do britâni- co Charles Darwin (1809-1882), bastante adequadas a estudos biológicos, mas não culturais. Esses antropólogos acreditavam que as sociedades deveriam ser classifi- cadas de acordo com sua forma de organização e de produção material e ti- nham a sociedade europeia como um exemplo do estágio máximo do que seria uma sociedade civilizada – tratava-se de uma visão eurocêntrica. De acordo com essa ideia, os demais grupos sociais estariam destinados a se desenvol- ver e a alcançar o modelo europeu, desconsiderando as particularidades de cada grupo cultural. No entanto, essa visão linear de evolução foi abandonada após o desen- volvimento do trabalho de vários antropólogos, principalmente o de Franz Boas (1858-1949). Segundo Boas, em seu livro Antropologia cultural, cada cultura é construída conforme o espaço geográfico, sua forma de produ- ção material e organização social. De acordo com o pensamento desse antropólogo, os grupos sociais desenvolvem-se considerando as próprias particularidades e não há estágios de desenvolvimento. Cada grupo deve ser estudado em si mesmo, sem tomar outra sociedade para comparação de desenvolvimento. Nesse sentido, não se poderia falar em uma cultura, mas, sim, em diversas culturas.mas, sim, em diversas culturas. Aaron Vincent Elkaim /The New York Times/Fotoarena BOAS, Franz. Antropologia cultural. Tradução: Celso de Castro. 6. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2010. Eurocêntrico: termo que se refere ao que tem como centro os valores da cultura europeia. 39 V1_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap1_016a043.indd 39V1_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap1_016a043.indd 39 9/14/20 6:10 PM9/14/20 6:10 PM NÃO ESCREVA NO LIVRO DIÁLOGOS 1. O texto abaixo é de Toumani Kouyaté (1965-), um djéli originário de Burkina Faso, na África ocidental. Com base nele, explique a importância da tradição oral para as sociedades ágrafas. Eu sou uma árvore de palavra. A palavra é toda sabedoria e todo segredo da família, levamos tudo para a grande árvore. A sabedoria de cada pessoa e cada família é uma folha, o djéli é uma árvore que vai guardar todas essas folhas, ele tem a raiz no mandê, no vestibular da palavra, mas os galhos vão a todo lugar no mundo. KOUYATÉ, Toumani, 2017. In: PESSOA, Mónica. Existe um segredo entre nós: a trajetória do djéli Toumani Kouyaté. História Oral, v. 22, n. 1, jan./jun. 2019. Disponível em: http://revista. historiaoral.org.br/index.php?journal=rho&page=article&op=download&path%5B%5D=889&path %5B%5D=pdf. Acesso em: 4 maio 2020. 2. Forme dupla com um colega e, juntos, observem a charge abaixo. a) Examinem a charge e transcre- vam, no caderno, um trecho do texto didático que pode ser usa- do para elucidar o conteúdo dela. b) Criem novos balões para as per- sonagens imaginando como po- deria ser um diálogo entre elas baseado no logos. c) Criem uma história em quadri- nhos em que duas personagens debatem um tema polêmico bus- cando fundamentar suas posi- ções. Vocês podem escolher um tema de que gostem, desde que pesquisem dados e informações que deem sustentação às falas das personagens. Para isso, pode- rão utilizar qualquer dispositivo eletrônico. A história em quadri- nhos deve ser feita em papel A3. Veja respostas e orientações no Manual do Professor. Rafael Corrêa. Disponível em: https://m.migalhas. com.br/imagem/1B69739F407005ABAEF470A5F39 BBBD206E4_charge.jpg. Acesso em: 20 maio 2020. © R a fa e l C o rr ê a /A c e rv o d o c a rt u n is ta 40 V1_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap1_016a043.indd 40V1_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap1_016a043.indd 40 9/14/20 6:10 PM9/14/20 6:10 PM