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Doc. 1 Mudança social: entre a continuidade e o novo “Os modos de vida produzidos pela modernidade nos desvencilharam de todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma maneira que não tem preceden- tes. [...] As transformações envolvidas na modernidade são mais profundas que a maioria dos tipos de mudança característicos dos períodos precedentes. [...] Elas ser- viram para estabelecer formas de interconexão social que cobrem o globo (e) [...]vieram alterar algumas das mais íntimas e pessoais características de nossa exis- tência cotidiana. Existem, obviamente, continuidades entre o tradicional e o moderno, e nem um nem outro formam um todo à parte; é bem sabido o quão equívo- co pode ser contrastar a ambos de maneira grosseira. Mas as mudanças ocorridas durante os últimos três ou quatro séculos – um diminuto período de tempo histórico – foram tão dramáticas e tão abrangentes em seu impacto que dispomos apenas de ajuda limitada de nosso conhecimento de períodos precedentes de transição na tentativa de interpretá-las.” GUIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991. p.10. Doc. 2 M U S E U N A C IO N A L D O P A LÁ C IO D E V E R S A LH E S Pintura do século XVIII, que retrata a queda da Bastilha, ocorrida em 14 de julho de 1789. Doc. 3 “Os fatos históricos só têm importância, um sentido, quando relacionados com algo geral e por meio de sua junção com ele; ter diante dos olhos esse algo geral é, por- tanto, compreender a significação dos fatos da história.” HEGEL, Georg W. F. Lecciones sobre la historia de la filosofía. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1985. p. 12. v. 1. (Tradução do autor). Atividades Compreender Doc. 1 1. De acordo com Anthony Giddens, por que as trans- formações vividas na modernidade são mais pro- fundas do que as vividas em outros períodos? Doc. 2 2. Observe e examine o documento 2. A pintura é uma representação da tomada da Bastilha em 1789. Descreva a imagem dando atenção à maneira como o pintor caracterizou o edifício da Bastilha e a batalha nas ruas pela sua invasão. Doc. 3 3. Para Hegel, o conhecimento histórico poderia ser definido como a narração de uma sucessão de fatos no tempo? Justifique. Analisar Doc. 1 4. Tendo em mente seus estudos neste capítulo, identi- fique elementos que contribuíram para a aceleração dos processos de mudança das sociedades modernas. Em seguida, dê exemplos de mudanças recentes que tenham afetado a vida privada dos indivíduos. Docs. 2 e 3 5. Tomando como referência as ideias de Hegel sobre o conhecimento histórico expostas no documen- to 3, analise a representação que o autor do docu- mento 2 procurou fazer da Revolução Francesa. Retomar 6. Responda às questões-chave do início do capítulo. • O que é mudança social? Como se dão essas mu- danças? Quais são as principais reflexões sobre ela? Registre em seu caderno (BNCC) Competências específicas: 1, 2 e 5; Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS102 EM13CHS103 EM13CHS104 EM13CHS202 EM13CHS502 EM13CHS504 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 56 Laboratório de ciências humanas e sociais aplicadas (BNCC) Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9 e 10 Competências específicas: 1, 4 e 5 Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS103 EM13CHS104 EM13CHS106 EM13CHS403 EM13CHS501 EM13CHS502 EM13CHS503 EM13CHS504 Isso não durará para sempre, charge de 1789 que satiriza a relação entre os três estados da sociedade francesa. B IB LI O TE C A N A C IO N A L D A F R A N Ç A , P A R IS A França do Antigo Regime Às vésperas da revolução de 1789, a França apresentava um conjunto de caracterís- ticas sociais, políticas e econômicas que foram denominadas, no século XIX, de Antigo Regime. Com uma população de cerca de 25 milhões de habitantes, dos quais 80% vivendo no campo, a sociedade francesa se dividia em três ordens distintas: os estados. O primeiro estado era formado pelo clero, o segundo estado era constituído pela nobreza e o terceiro estado reunia a burguesia e os setores populares rurais e urbanos. O clero e a nobreza, juntos, representavam apenas 3% da população, mas exerciam o comando político e econômico do país. Além disso, estavam isentos da maior parte dos impostos e ocupavam os principais postos da administração pública. O primeiro estado se dividia entre alto clero e baixo clero. Os membros do alto clero geralmente tinham origem nobre e exerciam os principais cargos da hierarquia católica, como os de cardeal e bispo. Eles eram, também, os principais beneficiários do dízimo. O baixo clero (padres e monges) provinha em geral das camadas populares e enfrentava dificuldades semelhantes às dos trabalhadores pobres. O segundo estado reunia os grandes proprietários de terras, que moravam nas províncias e recebiam os direitos senhoriais; a nobreza palaciana, que vivia em torno do rei e da corte sediada no Palácio de Versalhes; e a nobreza togada, formada por burgueses enriquecidos que compravam títulos nobiliárquicos ou os recebiam do rei em troca de serviços prestados, passando, dessa forma, a desfrutar de benefícios e de privilégios exclusivos da aristocracia. O terceiro estado apresentava distinções internas mais profundas. A ordem reunia a alta burguesia, ligada ao comércio externo, às finanças e às grandes manufaturas; os pequenos burgueses (comerciantes locais, profissionais liberais, alguns artesãos e ar- tistas); e uma grande quantidade de trabalhadores: camponeses, operários, pequenos artesãos, empregados domésticos. A multidão de desempregados e de marginalizados sociais também pertencia ao terceiro estado. Dízimo: décima parte dos ganhos ou rendimentos de um indivíduo que obrigatoriamente era doada à Igreja. 57 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 6 C APÍTULO A Revolução Francesa Por que a Revolução Francesa é considerada um marco na destruição do Antigo Regime? Quais eram os principais grupos em disputa durante a revolução? Qual foi o papel das mulheres no processo revolucionário? (BNCC) Competências específicas: 1, 4 e 5 Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS103 EM13CHS104 EM13CHS403 EM13CHS502 Questões 1. Qual é a ideia principal exposta nesse texto sobre a sociedade do Antigo Regime? 2. Para o rei francês Francisco I, qual palavra tinha mais valor: a de um gentil-homem ou a de um rei? Por quê? 3. Descreva a charge reproduzida na página anterior. Que relação podemos estabelecer entre ela e o texto de Renato Janine? 4. Como fontes históricas, que diferenças há entre o texto e a charge? Registre em seu caderno “Na sociedade de corte [...], a honra está reservada aos nobres. Uma linha precisa cinde a sociedade em homens de honra e plebeus [...]. A cortesia reserva-se a quem tem honra, aos e às nobres. [...] A honra, finalmente, é privilégio da nobreza: na In- glaterra o plebeu deve jurar nos tribunais, mas não o aristocrata, cuja palavra bastava. ‘Palavra de rei não volta atrás’, já ouvimos dizer; mas é bom acrescentar que Francisco I da França dava mais valor à sua ‘pala- vra de gentil-homem’ que a de rei, considerando que o gentil-homem se honra por seu mérito, enquanto um rei pode revelar-se pessoalmente menos digno. [...] Por isso o plebeu inglês jura e o aristocrata não; aquele precisa saber que o perjúrio o levará ao inferno, o nobre já sabe que sua infidelidade lhe dará infâmia eterna.” RIBEIRO, Renato Janine. A etiqueta no Antigo Regime. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1998. (Coleção Polêmica) O Antigo Regime Criado por teóricos liberais, o conceito de Antigo Regime designava o modelo de sociedade que predo- minou na Europa ocidental, principalmente na França, entre os séculos XVI e XVIII. É também conhecido como sociedadede corte. Suas características fundamentais eram o absolutismo monárquico, a permanência de privilégios de origem feudal, desfrutados pela nobreza e pelo clero, e a política econômica mercantilista. FI N E A R T IM A G E S /A LB U M / FO TO A R E N A Gentil-homem: indivíduo nobre de nascimento. Um país em crise A condução da economia também gerava divergências entre burgueses e nobres. A partir da década de 1770, o governo de Luís XVI propôs a liberdade econômica e a redução dos privilégios aristocráticos como meio de impul- sionar a economia e reduzir os gastos públicos. A nobreza e o clero reagiram com violência ao plano do governo. As dificuldades enfrentadas pela França no final do sécu- lo XVIII se agravaram com a participação de tropas francesas, em apoio às treze colônias, na guerra de independência dos Estados Unidos. Os gastos militares envolvidos na campanha pioraram ainda mais a situação econômica do país. Os gastos do Estado francês cresciam, mas a arrecada- ção não acompanhava esse crescimento. A dívida pública representava metade das despesas e era 20% superior ao ingresso de recursos. Banqueiros recusavam novos em- préstimos, exigindo a realização de uma reforma fiscal para reduzir os gastos públicos. Os efeitos mais brutais da crise atingiam os setores populares. A alta dos preços dos cereais, provocada por uma sucessão de safras agrícolas ruins, gerava fome nos campos e nas cidades e aumento do desemprego. Um país em expansão Até a metade do século XVIII, a burguesia não via o absolutismo monárquico e a persistência de privilégios feudais como entraves ao seu crescimento. Para os burgue- ses, investir seus lucros na compra de terras ou de títulos nobiliárquicos representava uma oportunidade de penetrar nos círculos quase fechados da aristocracia e de ter acesso aos privilégios que eram exclusivos dos nobres. A economia francesa teve um grande crescimento en- tre 1720 e 1770: as manufaturas cresceram cerca de 60%, surgiram no país as primeiras fábricas têxteis, o volume do comércio internacional foi multiplicado por quatro e a circulação de capitais crescia no interior da França. Temendo a ascensão burguesa, a aristocracia passou a exigir mais privilégios e a exclusividade em carreiras públicas, como a militar e a diplomática. A burguesia, por sua vez, não havia abandonado seu desejo de ingressar na aristocracia, mas passou a reivindicar maior espaço nas decisões políticas. Os interesses dos dois segmentos sociais tornavam-se aos poucos inconciliáveis. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 58 Luís XV, pintura de Hyacinthe Rigaud, 1741. JE A N -P IE R R E L A U R E N T H O U Ë L - B IB LI O TE C A N A C IO N A L D A F R A N Ç A , P A R IS Queda da Bastilha, pintura de Jean-Pierre Laurent Houël, 1789. O dia 14 de julho é a data mais importante do calendário cívico francês. Começa a revolução: a queda da Bastilha Com o intuito de aprovar a reforma fiscal, em 1787 Luís XVI encaminhou a proposta à Assembleia de Notáveis e ao Parlamento, ambos controlados pela aristocracia, que a recusaram. Além disso, o Parlamento exigiu que o rei convocasse os Estados Gerais, assembleia que reunia os três estados. Convocados pelo rei, os Estados Gerais foram instalados em 5 de maio de 1789, em Versalhes. A primeira questão que dividiu os deputados foi o sistema de votação. Enquan- to o terceiro estado defendia o voto por cabeça, nobres e o clero insistiam no voto por estado. As discussões se estenderam até junho, quando o terceiro estado retirou-se e proclamou-se em assembleia nacional. O rei novamente cedeu e, em julho, transformou a reunião em Assembleia Nacional Constituinte. Ao mesmo tempo que os debates ocorriam na reunião em Versalhes, as camadas populares se mobilizavam em Paris. A partir de 12 de julho, a notícia de que a aristocra- cia, com o apoio estrangeiro, preparava o fechamento da Assembleia se espalhou e incitou a revolta. Após tomar vários pontos de Paris, em 14 de julho de 1789 populares tomaram a Bastilha, prisão, arsenal militar e símbolo do absolutismo na França. A queda da Bastilha é considerada o marco inicial da Revolução Francesa. Entre o final de julho e o início de agosto, uma onda de boatos se espalhou pelos campos. Dizia-se que grupos de bandidos vagavam pelas estradas e pelos bosques, amedrontando e atacando pessoas e terras. O pânico se disseminou. Muitas pessoas se armaram e milícias foram formadas. A França vivia o que foi denominado Grande Medo. Havia de fato grupos de errantes nas estradas e nos bosques, mas eles não eram bandidos nem estavam asso- ciados à aristocracia; eram camponeses pobres, trabalha- dores sem-terra e desempregados. O medo gerou, porém, reações bastante concretas: castelos foram incendiados e arquivos com encargos feudais foram destruídos. A Declaração de Direitos e a Constituição de 1791 Em agosto de 1789, enquanto os conflitos prosseguiam no campo e nas cidades, a Assembleia Nacional iniciava o trabalho de transformação constitucional do Estado francês. Uma de suas principais decisões foi a abolição das obrigações feudais e do dízimo eclesiástico. Ainda em agosto, os deputados aprovaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. A declaração reconheceu o direito dos indivíduos de se revoltar contra seus governantes e os direitos naturais do homem à igualdade, à liberdade, à segurança e à pro- priedade. Em outras palavras, o documento defendeu o princípio de que todos os homens nascem iguais e devem ser tratados da mesma forma pela lei. A Constituição, aprovada em setembro de 1791, ga- rantiu a livre iniciativa e a liberdade comercial, instituiu a liberdade de crença religiosa e a separação entre Igreja e Estado e definiu o confisco, sem indenização, dos bens da Igreja e sua venda em leilões públicos. No plano político, a Constituição estabeleceu o voto censitário, dividiu o poder em três instâncias independen- tes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e definiu a França como uma monarquia constitucional, hereditária e mascu- lina. Ou seja, o rei, figura sagrada e inviolável, mantinha-se em seu posto, mas devia obedecer à Constituição. As decisões da Constituinte expressavam os interesses da grande burguesia, que tinha o maior número de de- putados. Primeiro, o conteúdo moderado das mudanças mostrava a intenção de evitar o choque direto com a aristo- cracia e a Coroa, garantindo que o rei continuasse à frente do Estado francês, mas com poderes limitados. Segundo, revelava a preocupação em controlar a revolta popular.A revolução se espalha pelos campos As notícias dos acontecimentos em Paris chegaram às áreas rurais e estimularam várias revoltas camponesas. Embora a maioria dessas revoltas não fosse organizada nem tivesse objetivos claros, elas demonstravam como eram grandes a insatisfação e o desespero dos camponeses com a crise econômica e social. Assembleia de Notáveis: órgão com função de assessorar o rei, composto de representantes das três ordens, escolhidos pelo próprio monarca. Voto censitário: quando o direito ao voto é limitado ao indivíduo que tem renda igual ou superior a determinada quantia estabelecida na lei. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 (BNCC) Competência específica: 1; Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS103 EM13CHS104 EM13CHS106 Questões 1. Releia o texto do boxe acima e, com base nele, explique o gesto do sans- -culotte nessa gravura. 2. Que símbolo poderia ser usado no Brasil atual para representar as principais lutas da nossa sociedade? Pense e crie esse símbolo. Registre em seu caderno Sans-culotte: membro de um grupo radical urbano, composto predomi- nantemente de artesãos, operários e assalariados.O nome vinha do fato de que esses rebeldes abandonaram o uso de culottes (calções curtos, que ficavam presos à altura dos joelhos, usual entre os nobres) e passaram a vestir calças compridas. Jacobino: membro do Clube dos Ja- cobinos, que reunia representantes da pequena e da média burguesia e das camadas médias de Paris. Sentavam-se à esquerda da mesa diretora da Assembleia Constituinte e, em função disso, passaram a ser chamados de “esquerda”. Girondino: membro do Clube dos Girondinos, que reunia represen- tantes da alta burguesia comercial. Sentavam-se à direita da mesa di- retora da Assembleia Constituinte e, em função disso, passaram a ser chamados de “direita”. O barrete frígio O barrete frígio (ou barrete da liberdade), uma espécie de touca, foi usado como símbolo da liberdade pelos escravos libertos da Grécia e de Roma. No início da Revolução Francesa, ele foi adotado, na cor vermelha, como alegoria da liberdade e da república. Note que, na gravura ao lado, um sans-culotte entrega a Luís XVI um barrete frígio. Nele aparece a figura de uma pequena rosa nas cores do rei (branco) e da cidade de Paris (azul e vermelho), cores que mais tarde seriam adotadas pela bandeira da França e de vários outros países. Sans-culotte entrega a Luís XVI um barrete frígio, representação em gravura colorida de 1791. TA R K E R /A G B P H O TO L IB R A R Y /K E Y S TO N E B R A S IL - C O LE Ç Ã O P A R TI C U LA R A fuga e a prisão do rei Contrariando as expectativas da grande burguesia, o movimento tomou outro rumo. Muitos nobres e clérigos, insatisfeitos com as mudanças introduzidas pela Carta Magna, refugiaram-se em países vizinhos. O rei, mesmo aceitando formalmente a Constituição, iniciou negociações com países aliados para restaurar a antiga ordem. Em junho de 1791, Luís XVI tentou fugir da França para assumir, no exterior e com o apoio de outros monarcas, a liderança de um complô capaz de restabelecer seu poder absoluto. O plano, porém, fracassou. O rei foi preso antes de chegar à fronteira e levado de volta a Paris. Protegido pela alta burguesia, que temia a radicalização do processo revolucionário, Luís XVI foi mantido no trono. Em abril do ano seguinte, Áustria e Prússia entraram em guerra contra a França. Os vizinhos, temendo que o exemplo francês estimulasse movimentos semelhantes em seus territórios, buscaram conter a mobilização revolucionária. Dentro da França, Luís XVI passou a ser acusado de colaborar com os países rivais. Os revolucionários estimulavam o nacionalismo francês e a população reagia contra o que considerava uma traição do monarca. Em agosto, o monarca e a família real foram cercados em seu palácio e aprisionados. A Assembleia Legislativa se dissolveu e foram convocadas eleições para compor um novo Parlamento, denominado Convenção Nacional. Pouco mais de um mês após a prisão do rei, a república foi proclamada na França. Levado a julgamento, Luís XVI foi considerado culpado de traição, sentenciado à morte e executado na guilhotina em janeiro de 1793. Ao contrário do que pretendia a alta burguesia, a Constituição não encerrou o pro- cesso revolucionário. Os movimentos populares avançavam, e setores operários, arte- sãos e da pequena burguesia ansiavam tomar o poder. Novamente, os acontecimentos revelavam as profundas divisões sociais e políticas no interior da França. As disputas entre jacobinos, girondinos e outros setores expunham os diferentes interesses e projetos políticos para a França. 60 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 .