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A partir de 1830, europeus, alemães, fran- ceses, holandeses, suecos, bem como norte- -americanos, voltaram-se para a conversão ao cristianismo das populações africanas, es- pecialmente na porção meridional do conti- nente. Foi nesse contexto de partilha do con- tinente africano e de violência colonial que se estabeleceram as atuais fronteiras da África. Ocupação da Ásia Houve presença europeia na Ásia desde o final do século XV, com os navegadores Bar- tolomeu Dias, em 1488 – quando ultrapas- sou o cabo da Boa Esperança –, e com Vasco da Gama – quando chegou a Calicute, entre 1488-1499. Assim como na África, também ocorreram viagens missionárias e criações de entrepostos comerciais europeus na Ásia, no contexto colonial do século XIX, especialmen- te após o fim das Guerras Napoleônicas, com um conjunto de investidas europeias rumo ao Oriente, particularmente em direção à Índia e à China. Índia Os ingleses já mantinham contatos comerciais com os indianos, desde o final do século XVI. A ocupação inglesa da Índia data do início do século XIX. Mesmo fazendo prevalecer aspectos importantes da cultura dos indianos, como o sistema de castas e a religião, a presença inglesa na Índia alterou profundamente a história da região. Após a dominação, a produção têxtil indiana sofreu com as importações de têx- teis ingleses, com os quais a concorrência era desproporcional em razão da produ- ção industrial na Inglaterra. Isso limitou os indianos à exportação de matéria-prima bruta, o algodão, fazendo avançar enormemente a pobreza da população local. China Em meados do século XIX, a China foi invadida por contrabandistas ingleses e franceses que buscavam chá, pressionando a abertura de seus portos para o comér- cio. O chá da China era trocado por ópio, um entorpecente produzido na Índia. A interrupção do contrabando conduziu a China a dois conflitos, conhecidos como as Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860). Nessas guerras, os chineses foram vencidos pela Inglaterra e forçados a abrir seus portos. Com a derrota, os chineses foram obrigados a assinar o Tratado de Nanquim, em 1842, por meio do qual deveriam ressarcir os ingleses das perdas com o comér- cio e a abrir os portos para atender aos interesses mercantis da Inglaterra. Além disso, tiveram que ceder a ilha de Hong Kong, que se tornaria uma nova colônia inglesa. Pelo tratado, abria-se caminho para que outras potências também pres- sionassem a China para a abertura de seus portos. Esse foi o primeiro de uma série de tratados similares, que também se estenderiam ao Japão, e que seriam firmados com os Estados Unidos, a França, a Alemanha e a Rússia. Todo mundo recebe a sua parte, publicada no jornal L’Ilustration, em 1885. Coleção particular. Na caricatura, o chanceler alemão Otto von Bismarck fatia um bolo com o nome de África, fazendo menção à Conferência de Berlim. Dica O Departamento de História da Universi- dade Federal de Minas Gerais disponibiliza um conjunto de indicações bibliográficas, textos e documentos on-line – mapas, fotos, ilustra- ções – que tratam da História da África nos séculos XIX e XX. Den- tre esses documentos, você encontrará, na íntegra, a ata geral da Conferência de Berlim, na qual são estabe- lecidos os termos da partilha do continente africano. Ata geral da Conferên- cia de Berlim (1884- -1885). UFMG, História de África (séculos XIX e XX). Disponível em: http://www.fafich.ufmg. br/~luarnaut/conf_ berlim.pdf. Acesso em: 31 ago. 2020. R e p ro d u • ‹ o /C o le • ‹ o p a rt ic u la r 99 V1_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap4_088-111.indd 99V1_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap4_088-111.indd 99 26/09/2020 12:3126/09/2020 12:31 1. O poema abaixo é de autoria de Rudyard Kipling (1865-1936), um poeta britânico, filho de uma fa- mília aristocrática de Bombaim, durante o período de dominação inglesa na Índia. Esse poema ilustra bem como era entendido o papel dos europeus colonizadores em relação aos povos colonizados. O fardo do homem branco Tomai o fardo do Homem Branco - Envia teus melhores filhos Vão, condenem seus filhos ao exílio Para servirem aos seus cativos; Para esperar, com arreios Com agitadores e selváticos Seus cativos, servos obstinados, Metade demônio, metade criança. [...] Tomai o fardo do Homem Branco - As guerras selvagens pela paz - Encha a boca dos Famintos, E proclama, das doenças, o cessar; E quando seu objetivo estiver perto (O fim que todos procuram) Olha a indolência e loucura pagã Levando sua esperança ao chão. [...] Tomai o fardo do Homem Branco - Sem a mão de ferro dos reis, Mas, sim, servir e limpar - A história dos comuns. As portas que não deves entrar As estradas que não deves passar Vá, construa-as com a sua vida E marque-as com a sua morte. KIPLING, Rudyard. O Fardo do Homem Branco. Estados Unidos: McClure’s, 1899. a) Explique qual a ideia central do poema de Kipling. b) Considerando o teor do poema, identifique: • Quem eram os colonizadores? • Quem eram os colonizados? • Como o colonialismo europeu era justificado no século XIX? 2. Reúna-se em grupo com colegas para discutir e re- fletir sobre as seguintes questões: a) As imagens que os povos africanos e asiáticos “colonizados” tinham de si eram as mesmas que os europeus tinham deles no século XIX? Justifi- quem sua resposta. b) De acordo com seus conhecimentos, expliquem que impactos o Imperialismo teve em algumas sociedades contemporâneas. Identifiquem que sociedades são essas. 3. Leia o texto abaixo e responda à questão. História das colonizações A colonização é associada à ocupação de uma terra estrangeira, à sua exploração agrícola, à ins- talação de colonos. Assim definido o termo colônia, o fenômeno data da época grega. Da mesma forma, fala-se de ‘imperialismo’ ateniense, e depois roma- no – terá a expressão mudado de sentido? A tradi- ção histórica ocidental data o fato colonial da épo- ca dos Grandes Descobrimentos. Assim, em L’histoire de la France coloniale, publicada em 1991, a ‘verdadei- ra aventura colonial’ começa com os exploradores do século XV, quando Jean de Béthencourt recebe de Henrique IV, rei de Castela [...]; a exploração e os descobrimentos da América, lê-se nessa obra, são mais tardios, já que a baía de Guanabara e a costa da Flórida foram ocupadas em meados do sé- culo XVI, antes que o rei da França Henrique IV, e graças a Champlain, desviasse o seu interesse para o Canadá. Tal maneira de ver também vale para Portugal, Espanha e Inglaterra: a tradição histórica associa a expansão desses países ao descobrimen- to de terras longínquas nas Índias Ocidentais, e, depois, à instalação de entrepostos ao longo das rotas para a África, para a Índia e para a Ásia. Portanto, termos como colono e colonização desa- parecem do vocabulário histórico durante o perío- do que vai da época romana ao século XV – a não ser que mencionemos, no decorrer desses doze sé- culos, as colônias ou entrepostos de Veneza e de Gênova no outro lado do Mediterrâneo e no mar Negro, mas sempre distantes. FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às independências – século XIII a XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p.17. • Com base na passagem anterior, como você de- finiria o conceito de colonização? Houve alguma mudança em seu sentido com o passar do tempo? Professor, no Manual você encontra orientações sobre estas atividades.Explorando NÃO ESCREVA NO LIVRO 100 V1_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap4_088-111.indd 100V1_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap4_088-111.indd 100 26/09/2020 12:3126/09/2020 12:31