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1www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO PRINCÍPIOS E FONTES II O subprincípio da preservação da condição mais benéfica ou inalterabilidade contra- tual lesiva prevê que estabelecida uma determinada vantagem/condição na formação ou no curso do contrato de trabalho, as alterações posteriores apenas podem ocorrer validamente, como regra, se mais benéficas ao obreiro. Portanto, não pode haver uma alteração lesiva ao trabalhador. CLT: Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Exemplo: O regulamento da empresa prevê que todo trabalhador receberá um rádio de pilha todo mês. Em determinado momento, a empresa revoga essa previsão do regulamento. A empresa pode fazer essa revogação, mas esta não afetará o empregado que já recebia a vantagem. Súmula 51 do TST: NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. Exemplo relacionado a empregados públicos: O município X cria uma lei concedendo determinada vantagem trabalhista a seus empre- gados. Um tempo depois, o município X revoga a lei que concede a vantagem. A alteração de vantagem de empregado público por lei municipal superveniente configura alteração contratual ilícita. O art. 22, I, da CF prevê que compete privativamente à União legislar sobre Direito do Trabalho. O parágrafo único prevê que a União pode delegar aos Estados algumas matérias previstas no art. 22, porém não há previsão nesse sentido em relação aos Municípios. Assim, quando um município edita uma lei criando uma vantagem trabalhista, tecnicamente falando deve-se olhar para essa lei como um regulamento empre- www.grancursosonline.com.br 2www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO sarial, logo, lei posterior não poderia simplesmente revogar o direito dos trabalhadores que já tinham, apenas de futuros trabalhadores. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. REDUÇÃO. A Corte Regional consignou que a autora perma- neceu sob o regime da CLT e teve reduzido o valor do auxílio-alimentação com o advento da Lei Complementar Municipal n. 47/2011. Registrou também que o aumento do salário-base não pode ser compensado com a diminuição do valor pago a título de auxílio-alimentação, sob pena de haver ofensa ao disposto no art. 468 da CLT. A lei municipal se equipara, con- forme jurisprudência desta Corte, ao regulamento empresarial. Assim, tendo a alteração legislativa acarretado prejuízo à empregada, uma vez que já está incorporado ao con- trato de trabalho o parâmetro anteriormente estabelecido (art. 468 da CLT), conclui- -se que apenas poderia ser aplicada àqueles contratados após a vigência da lei, nos termos da Súmula 51, I, do TST. Desse modo, não se divisam a violação e a divergência apontadas, estando a decisão regional em plena consonância com a jurisprudência pacífica desta Corte Superior. Precedentes. Súmula n. 333/TST. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (AIRR-73-03.2017.5.12.0006, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 28/09/2018). Exemplo: Uma lei municipal estabeleceu que o trabalhador terá direito a certa vantagem se com- pletar oito anos de trabalho. Entretanto, antes que determinado trabalhador completasse oito anos de trabalho, essa lei foi revogada. Quando esse trabalhador completar oito anos de trabalho, portanto, ele não terá direito à vantagem. Esse trabalhador não poderá alegar que houve alteração lesiva no contrato. Se ainda não se adquiriu o direito, a supressão da vantagem por alteração legal não é considerada lesiva. MUNICÍPIO DE GRAVATAÍ. REVOGAÇÃO DA LEI MUNICIPAL QUE INSTITUIU A GRA- TIFICAÇÃO POR HORÁRIO INTEGRAL. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA. Na situação em análise, a Corte regional man- teve a sentença, pela qual se entendeu pela legalidade da revogação da lei municipal que instituiu a gratificação por horário integral, sob o fundamento de que, “quando a Lei Municipal 838/1993 foi expressamente revogada pela Lei Municipal 3.568/2014 (em 22-12-2014) a reclamante ainda não havia implementado o requisito temporal (10 anos) para aquisição do direito à pretendida gratificação por horário integral. No caso, diversamente ao alegado, havia sim mera expectativa de direito e não, direito adquirido” 5m www.grancursosonline.com.br 3www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO (grifou-se). A alteração promovida pelo Município reclamado não padece de nenhuma ilegalidade, uma vez que a aquisição futura de novas verbas não pode ser entendida como direito adquirido, mas apenas como mera expectativa de direito. E não se cogita que o pedido formulado na inicial - pagamento das diferenças daí advindas e respecti- vos reflexos - teria o amparo do artigo 468 da CLT, que, no caso específico, não é apli- cável. É certo que o contrato de trabalho da reclamante é regido pelas leis trabalhistas, fato incontroverso. Porém, não se pode olvidar que o reclamado, como ente público que é, sub- mete-se a princípios e normas constitucionais específicos, que não podem ser desprezados simplesmente porque durante um determinado período concedeu aos seus empregados uma vantagem, de modo que as modificações no pagamento da verba em análise se justificam em face do disposto na Lei Complementar n. 101/2000, a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal, que impõe ao administrador público a observância de certos limites nos gastos, entre outros, com pessoal, sob pena de crime de responsabilidade. Esta Corte já pacificou o enten- dimento de que a edição de lei que modifica critério de concessão de adicional por tempo de serviço não configura alteração contratual lesiva, uma vez que não há previsão legal de direito adquirido à integração definitiva do benefício. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR-20935-46.2016.5.04.0234, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 06/12/2019). Portanto, há diferença entre ter o direito a uma vantagem e esta ser suprimida posterior- mente, caso em que há alteração lesiva, e ter mera expectativa do direito e a regra ser revo- gada, caso em que não se tem o direito. O princípio da inalterabilidade contratual lesiva não pode ser fundamento para violação da proibição da ultratividade. Exemplo: Uma convenção coletiva de trabalho (CCT) tem validade do dia 10/05/2023 até 09/05/2024. Essa convenção prevê que cada trabalhador tem direito a receber uma cesta básica todo mês. Após 09/05/2024, esses trabalhadores não terão mais esse direito, pois isso seria ultra- tividade. As normas da convenção ficam limitadas ao período de vigência dela. CLT: Art. 614 (...) § 3º Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. 10m www.grancursosonline.com.br 4www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO Derivado do princípio da inalterabilidade contratual lesiva há o princípio da inalterabilidade contratual objetiva. Este está diretamente relacionado ao princípio da inalterabilidade contra- tual lesiva e centra-se na ideia de modificações subjetivas no polo passivo da relação de emprego não podem afetarnegativamente os aspectos objetivos dos contratos de trabalho. Exemplo 1: Determinada empresa tem os sócios João e Maria, e tem o empregado Danilo. Os sócios decidem vender suas cotas societárias para terceiros, Mariana e Joaquim. Isso não afetará o contrato de trabalho com Danilo. Exemplo 2: A empresa Empadinha Xexelenta LTDA tem o empregado Danilo. Essa empresa foi com- prada por uma empresa dinamarquesa multinacional, que incorporou a empresa Empadinha Xexelenta LTDA, fazendo com que ela deixasse de existir. O contrato de trabalho de Danilo continua o mesmo, ele apenas passará a ter como empregador a multinacional. Ou seja, as modificações subjetivas não alteraram os aspectos objetos do contrato de trabalho de Danilo. CLT: Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. (...) Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Exemplo: A empresa Empadinha Xexelenta LTDA tem o empregado Danilo. Essa empresa abriu o capital extranacional em sociedade anônima e se tornou Empadinha Xexelenta SA. Assim, a estrutura jurídica da empresa mudou, mas o contrato de Danilo não sofreu alterações. DIRETO DO CONCURSO 3. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/2017/ADAPTADA) Sobre os princípios norteadores do Direito do Trabalho, considere: IV – Em consonância com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, a mudança subjetiva perpetrada no sujeito empregador não se configura apta a produzir mudança no corpo do contrato, em seus direitos e obrigações. 15m www.grancursosonline.com.br 5www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO 4. (TRT 23ª REGIÃO - MT/TRT 23ª REGIÃO - MT/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITU- TO/2014/ADAPTADA) Segundo Miguel Reale, os princípios “são ‘verdades fundantes’, de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter opera- cional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da praxis’. Acerca dos princípios, assinale a alternativa INCORRETA: d. O princípio da proteção, no Direito do Trabalho, possui três vertentes, sendo elas: primazia da realidade sobre a forma, boa-fé objetiva e in dubio pro misero; COMENTÁRIO As três vertentes do princípio da proteção são: in dubio pro misero, norma mais favorável e preservação da condição mais benéfica. 2- Princípio da Irredutibilidade Salarial O salário não pode sofrer redução, excetuada a hipótese de norma coletiva. Previsão constitucional: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; Essa é uma forma de proteger o trabalhador. Trata-se da irredutibilidade nominal dos salários, ou seja, o valor. Por exemplo, se o trabalhador ganha R$ 6.000 por mês, o salário dele não pode ser reduzido para R$ 5.900, exceto se houver uma norma coletiva autori- zando. A redução aqui tratada não leva em consideração a inflação, ou seja, não se refere ao poder aquisitivo do salário. A redução salarial por negociação coletiva e garantia no emprego: CLT: Art. 611-A (...) § 2º A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negó- cio jurídico. 20m www.grancursosonline.com.br 6www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO Efetivamente, como regra, não precisaria haver contrapartida para a redução salarial quando há uma norma coletiva. § 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. Portanto, havendo um ACT ou uma CCT em que há o aceite da redução do salário, em contrapartida o trabalhador precisa ter uma garantia de proteção contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. Exemplo: Uma CCT tem prazo de duração de dois anos e reduz o salário em 10%. A contrapartida patronal é a garantia de não dispensar os empregados sem justa causa, de acordo com o que está previsto na norma coletiva. Obs.: Existem correntes doutrinárias que entendem que podem haver outras espécies de contrapartida. Ressalvas quanto ao salário-condição (verba salarial paga em virtude do trabalho exer- cido em determinadas condições, a exemplo do adicional de insalubridade e do adicio- nal noturno): • Súmula n. 248 do TST: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DIREITO ADQUIRIDO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade compe- tente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial. - Portanto, descaracterizada a insalubridade, o adicional deixa de ser devido. Quando a condição é eliminada, o adicional também é eliminado. • Súmula n. 265 do TST: 25m www.grancursosonline.com.br 7www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Princípios e Fontes II DIREITO DO TRABALHO ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. - O trabalhador que é transferido do período noturno para o diurno deixa de jus ao adicional noturno. GABARITO 3. C 4. E 30m ���������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor José Gervásio Meireles. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conte- údo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material. www.grancursosonline.com.br